Prédios da Exposição Internacional do Centenário da Independência de 1922 que ainda existem

Ainda existem seis prédios que foram ocupados por atividades da Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada em 1922, no Rio de Janeiro. São eles o Petit Trianon, que abrigou o Pavilhão da França e é a atual sede da Academia Brasileira de Letras; o atual edifício do Museu Histórico Nacional, que foi ampliad e remodelado para abrigar o Pavilhão das Grandes Indústrias (O Paiz, 3 de outubro de 1922, terceira colunaExposição de 1922, dezembro de 1922); o Pavilhão da Estatística, atualmente o prédio do Centro Cultural do Ministério da Saúde (Fon-Fon, 28 de outubro de 1922); o de uma das atuais sedes do Museu da Imagem e do Som, que foi o Pavilhão da Administração e do Distrito Federal; e o prédio do Pavilhão das Indústrias Particulares, que depois sediou o restaurante Albamar, e que já existia antes da Exposição de 1922 e abrigava o Mercado Municipal. Em Lisboa, encontra-se o Pavilhão Carlos Lopes, que foi o Pavilhão das Indústrias de Portugal (Revista da Semana, 23 de maio de 1923).*

Exposição Internacional do Centenário da Independênciaum dos maiores eventos internacionais já realizados no Brasil, foi inaugurada no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1922 e terminou em 24 de julho do ano seguinte (O Paiz, 25 de julho de 1923). Seu fim estava previsto para março de 1923, mas como algumas construções não estavam concluídas na data de sua inauguração, foi prorrogada até julho.

 

Fotografias dos prédios construídos ou usados na Exposição Internacional do Centenário da Independência em 1922, que ainda existem

 

Petit Trianon, que abrigou o Pavilhão da França, edificado sob a chefia do arquiteto Emile Louis Viret (1882 – 1968). Seu adjunto era o também arquiteto Gabriel Marmorat (1882 – 1951). É a atual sede da Academia Brasileira de Letras.

 

 

Atual Museu Histórico Nacional, que abrigou o Pavilhão das Grandes Indústrias. Para integrar a Exposição de 1922, as edificações do antigo Arsenal de Guerra, a Casa do Trem e o Forte Santiago foram ampliadas e remodeladas, com uma decoração característica da arquitetura neocolonial.

 

Uma das atuais sedes do Museu da Imagem e do Som, que foi o Pavilhão da Administração e do Distrito Federal, projeto do arquiteto italiano Sylvio Rebecchi (1882 – 1950). 

 

 

O Pavilhão de Estatística, projetado pelo professor da Escola Nacional de Belas Artes, Gastão da Cunha Bahiana (1879-1959), é atualmente o prédio do Centro Cultural do Ministério da Saúde. Gastão Bahiana escolheu para o edificio a sobriedade do estilo Luís XVI, prejudicada pela cúpula desenhada por seu sócio Nereu Sampaio. Em 1930, a cúpula, após insistência de Gastão Bahiana, foi retirada.

 

 

 Prédio do Pavilhão das Indústrias Particulares, no Mercado Municipal . As obras para a construção do novo Mercado Municipal, todo metálico e construído na Inglaterra e na Bélgica, começaram em 1903 e faziam parte do plano de roformas urbanas do prefeito Pereira Passos. Seu projeto foi do engenheiro português Alfredo Azevedo Marques (18? – 19?) e foi inaugurado, em 14 de dezembro de 1907 (Gazeta de Notícias, 15 de dezembro de 1907, primeira coluna). O material do mercado, feito de ferro, veio da Bélgica. Recebeu, em 1922, um revestimento provisório em estilo neocolonial para integrar a Exposição do Centenário da Independência. A partir de 1933, sediou o restaurante Albamar. Foi demolido em 1962, porém, no mesmo ano, a torre nordeste, onde está o Albamar, havia sido tombada.

 

 

O Pavilhão das Indústrias de Portugal, atual Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. Foi idealizado pelos arquitetos Guilherme (1891 – 1969) e Carlos Rebello de Andrade (1887 – 1971) e Alfredo Assunção Santos (? – 1968). Construído no Brasil para a Exposição de 1922, o pavilhão foi reinaugurado em Lisboa, em 3 de outubro de 1932, com a Grande Esposição Industrial Portuguesa e batizado de Palácio das Exposições. Passou a chamar-se Pavilhão Carlos Lopes, em 1984, em homenagem ao atleta português. Foi fechado em 2003 e reabriu, em 2017, depois de obras de remodelação.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

* Este parágrafo foi reescrito em 10 de abril de 2023.

 

Fontes:

Blog Histórias e Monumentos

FRANÇA, Carolina Rebouças. O desaparecimento do Mercado Municipal Praça XV, fator na formação do espaço público da cidade do Rio de Janeiro. I Encontro Nacional da Associação Nacional e de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 29 de novembro a 3 de dezembro de 2010.

LEVY, Ruth. A exposição do centenário e o meio arquitetônico carioca no início dos anos 1920. Rio de Janeiro : EBA/UFRJ, 2010.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site Centro Cultural Ministério da Saúde

Site Museu Histórico Nacional

Site Rio Memórias

WANDERLEY, Andrea. Série 1922 – Hoje, há 100 anos” VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país in Brasiliana Fotográfica, 7 de setembo de 2022.

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” IX – O centenário do Museu Histórico Nacional

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” IX – O centenário do Museu Histórico Nacional

Publicamos o artigo Cem anos do Museu Histórico Nacional, de autoria da historiadora Maria Isabel Lenzi, o 9º da Série 1922 – Hoje, há 100 anos. O Museu Histórico Nacional é uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica e foi o primeiro museu voltado à história do país e também o primeiro a ter suas portas sempre abertas à visitação de qualquer pessoa, já que o Museu Nacional, mais antigo museu do Brasil, recebia somente pesquisadores agendados. Foi idealizado pelo escritor e jornalista Gustavo Barroso.

 

 

Acessando o link para as fotografias do Museu Histórico Nacional disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Cem anos do Museu Histórico Nacional 

Maria Isabel Ribeiro Lenzi*

 

 

Em 1922 o Brasil fazia 100 anos. Era preciso comemorar o centenário da nação e mostrar ao mundo civilizado a modernidade da Capital Federal que há alguns anos havia passado por grande reforma. Mas ainda havia um vestígio colonial que, na opinião dos que estavam no poder, deveria ser extirpado: o Morro do Castelo, outeiro que abrigava a cidadela fundadora do Rio de Janeiro. Assim se fez. Com terra arrancada da colina histórica, aterrou-se a ponta do Calabouço, no litoral do bairro da Misericórdia e, no local, foi estabelecida a Exposição Internacional de 1922, que celebrou o centenário da independência do Brasil.

 

 

O antigo arsenal de guerra, a Casa do Trem e o Forte de Santiago, prédios coloniais, foram preservados da demolição e adaptados para receber o Palácio das Grandes Indústrias. Duas salas contíguas deste Palácio receberam o Museu Histórico Nacional que foi criado em 2 de agosto pelo decreto nº 15.596 do presidente Epitácio Pessoa e aberto ao público em 12 de outubro de 1922.

 

 

Na ocasião de sua inauguração, foram expostas 643 peças museológicas. Foi o primeiro museu voltado à história do país e também o primeiro a ter suas portas sempre abertas à visitação de qualquer pessoa, já que o Museu Nacional, mais antigo museu do Brasil, recebia somente pesquisadores agendados.

 

 

O MHN foi idealizado por Gustavo Barroso, que preocupado com a reverência de um passado nacional, o idealizou baseado numa concepção monumental da história, na qual os grandes heróis e os grandes feitos coloniais e monárquicos seriam cultuados.  Gustavo Barroso dirigiu o MHN quase que ininterruptamente, até sua morte em 1959.  Em 1930 ele foi afastado do cargo por Getulio Vargas, mas retornou menos de dois anos depois.

 

 

 

Com o final da Exposição Internacional, o MHN começou a se expandir. Em 1923, o estado adquire o primeiro núcleo da coleção J. J. Raposo, com 357 objetos. No ano seguinte, o museu recebeu de Guilherme Guinle o primeiro núcleo do que veio a compor a coleção Guinle.  Também neste ano, foi aberto o primeiro circuito de exposições de longa duração, com as mostras “Arqueologia e História” e “Numismática”. Com o objetivo de divulgar o acervo do museu foi publicado o “Catálogo Geral da Primeira Seção – Arqueologia e História”.

Com a Revolução de 1930, Getulio Vargas nomeou Rodolfo Garcia para a direção do MHN. Neste ano, o museu passou por uma ampliação de sua área física e, em 1931, foi realizada a primeira exposição temporária: “Exposição Comemorativa do Centenário da Abdicação de D. Pedro I”.  Em 1932, estabeleceu-se, nas dependências do museu, o curso de Museus para formação de conservadores de museus, que em 1951 foi formalizado como curso universitário. Posteriormente, em 1979, é transferido para as Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Deste modo, o curso de Museologia que hoje está na Uni-Rio tem o MHN em sua origem.

Gustavo Barroso retorna à direção em 1932 e dois anos depois é criada a Inspetoria de Monumentos Nacionais como um departamento do Museu Histórico Nacional – extinta em 1937 com a criação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Em 1939, um importante acervo é adquirido pelo governo federal, a coleção Souza Lima, composta de 486 esculturas religiosas em marfim provenientes das índias portuguesas. Trata-se do maior conjunto deste gênero em uma instituição pública.

A partir de 1940, anualmente, até 1975 foram editados os Anais do MHN, que se tornaram uma das principais revistas de divulgação científica em Museologia. Em 1995, os Anais são retomados e ainda hoje a publicação é uma referência nas áreas de Museologia, Patrimônio, Colecionismo e História.

 

 

Em 1941, o governo federal arrematou em leilão a coleção de arte Djalma da Fonseca Hermes, cujo tema é o Brasil. O conjunto foi distribuído entre o MHN, Museu Imperial e o Palácio Guanabara. Coube ao MHN 168 objetos. No final da década de 1940, sete carruagens – berlindas e traquitanas – foram doadas à instituição pelo cidadão português Joaquim Ferreira Alves.  Passaram por uma importante restauração e hoje fazem parte da exposição “Do móvel ao Automóvel: transitando pela história”.

O MHN deu apoio técnico para a criação de importantes museus, como o Museu Imperial e o Museu da Inconfidência na década de 1940, o Museu do Folclore, o Museu Rodoviário de Paraibuna. Com o falecimento de Gustavo Barroso, em 1959, Josué Montello assumiu a direção do Museu e recebeu do presidente Juscelino Kubitschek o Palácio do Catete para que este viesse a abrigar o Museu da República como uma divisão do MHN. A partir de então, a maior parte do acervo referente à República foi transferido para o Museu da República. Inclusive o quarto onde ocorreu o suicídio do Getulio Vargas que até então estava montado no MHN. Em 1983, o Museu da República se desvinculou do MHN.

Em 1968, a coleção Sophia Jobim entra no acervo do MHN através de doação de seu irmão Danton Jobim. Esta é uma das coleções mais consultadas por pesquisadores, com 656 objetos além dos documentos e da biblioteca da feminista e primeira professora de indumentária histórica na Escola de Belas Artes.

 

 

Em 1969, novo circuito de exposição é inaugurado: doze salas com exposição organizada cronologicamente, de acordo com os regimes políticos de cada época. Neste ano, são iniciados os famosos cursos do MHN. Foram 21 realizados pela Sociedade de Desenvolvimento do MHN.

Sob a direção de Gerardo Câmara, em 1971, teve início o “Programa de Exposições Itinerantes”, que levava o MHN para outros estados do Brasil. Em 1974, com Rui Mourão dirigindo o MHN, é inaugurada a Reserva Técnica, em termos de Museologia, uma iniciativa pioneira no Brasil.

 

 

De 1985 a 1988, Solange Godoy assume a direção do museu, período em que foi vinculado à Fundação Pró-Memória. Neste triênio, tiveram lugar importantes realizações: recuperação do Pátio Minerva; lançamento do “Thesauros para Acervos Museológicos”; inauguração do primeiro módulo “Colonização e Dependência” na exposição de longa duração; criação da Associação de Amigos do Museu Histórico Nacional; início da restauração do carro Protos, usado pelo Barão do Rio Branco; inauguração da primeira exposição temporária internacional “Peru Arqueológico”. Em 1995, o indigenista Luiz Felipe Figueiredo Cipré doou  ao MHN sua “Coleção Etnográfica”, com 358 peças de sociedades indígenas.

Foi no período em que Heloísa Duncan estava na direção do museu (1989) que tiveram início as obras de restauração da Casa do Trem e que foi inaugurada a exposição “Farmácia Homeopática Teixeira Novaes”, doada ao MHN pela Fundação Roberto Marinho.

 

 

Os três anos da direção de Ecyla Brandão (1990 a 1993) foram marcados pela inauguração da exposição “Memória do Estado Imperial”; pela restauração e exposição da obra “Combate Naval do Riachuelo”, de Victor Meirelles; pela reforma do auditório e ampliação da Reserva Técnica do MHN.  Ainda em 1992, a instituição participou do evento internacional ECO 92 e abriu suas galerias para as exposições “Mestres do Ártico” e “Nossas Florestas, nossa herança”.

Vera Lúcia Bottrel Tostes foi a diretora mais longeva depois de Gustavo Barroso. Vera, que já era servidora do MHN, assume a direção em 1994, onde permanece até 2014. Em sua gestão o museu passou por uma grande reformulação e modernização nas exposições e nos produtos oferecidos ao público. Em 1995, a edição dos Anais do Museu Histórico é retomada. Dois anos depois, é realizado o primeiro Seminário Internacional, evento que se tornou tradicional no mês de outubro. Em 1996, foi criado o primeiro site do MHN na internet.

 

 

No ano 2000 o MHN participa ativamente das comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses à América com a exposição internacional “Carta de Caminha” e a inauguração do Centro de Referência Luso-Brasileira em parceria com o Ministério das Relações Exteriores de Portugal.

Em 15 de março de 2008, o museu recebe os presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Antônio Cavaco Silva, presidente de Portugal, para a inauguração da exposição “Um novo mundo, um novo império: a corte portuguesa no Brasil”. Naquele ano, o MHN coordenou as comemorações do bicentenário da chegada do príncipe regente D. João ao Brasil.

Em seu aniversário de 90 anos, em 2012, o MHN é reconhecido como uma instituição com contribuições relevantes à cultura brasileira e recebe do Ministério da Cultura a Ordem de Mérito Cultural. Neste mesmo ano, ofereceu ao público uma exposição com sua trajetória: “Museu Histórico Nacional: 90 anos de Histórias”.

 

 

Com aposentadoria de Vera Tostes no final de 2014, Ruth Beatriz Caldeira de Andrada dirigiu o museu interinamente até outubro de 2015. Neste período, o MHN apresentou aos cariocas a exposição “Tão importante e tão esquecido, o bairro da Misericórdia” no contexto das comemorações dos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro.

O Professor Paulo Knauss foi o primeiro diretor a passar por concurso para o cargo. Sua gestão, de outubro de 2015 a 2019, foi marcada por importantes realizações, entre elas, a aprovação do regimento interno do museu; a implantação do Plano Anual de patrocínio cultural por meio da Lei de Incentivo à Cultura; a criação da sala Tiradentes no módulo Cidadania da exposição permanente; o envolvimento do MHN na Olimpíada, recebendo três exposições mexicanas; o desenvolvimento do Projeto Curadoria Compartilhada com representantes de grupos sociais específicos – movimento negro, feministas, judeus, comunidade da Vila Autódromo.

Ainda neste quatriênio, pensando na formação de público, foi implementado o Programa Educativo-Cultural de visitação temática “Bonde da História” e “Bondinho da História”, além da criação do Centro de Referência de Educação Museal. Também na gestão de Paulo Knauss, a publicação dos Anais do MHN passou ao formato eletrônico. Outra realização relevante deste período foi a reforma da Reserva Técnica com aquisição de novos mobiliários, como estantes deslizantes ampliando a capacidade de armazenagem.

 

 

De 2019 até a atualidade o MHN está com direção interina. Vânia Bonelli, de 1º de janeiro de 2020 a 8 fevereiro de 2022, e Aline Montenegro Magalhães, de 9 de fevereiro de 2022 a 25 de julho de 2022. Tempo duro de pandemia, mas o museu não parou. Foram realizadas diversas lives e exposições on line neste período.  Atualmente, é dirigido, ainda interinamente, por Fernanda Castro e oferece ao público a exposição Rio 1922, sobre o Rio de Janeiro no ano da comemoração do centenário da independência e de sua fundação.

O Museu Histórico Nacional completa seu centenário em outubro de 2022. Nestes 100 anos muita coisa mudou na instituição.  Se, quando da sua fundação, o MHN se esmerava em guardar a cultura material da elite econômica e militar, a partir dos anos 80 com a entrada de artefatos indígenas, o acervo do MHN passou a representar outros segmentos sociais até que, em 1992, foi criada a Política de Aquisição de Acervo, para sistematizar esse esforço do MHN de representar efetivamente toda a sociedade.

 

*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/MTur)

 

Links para os artigos publicados da Série 1922 – Hoje, há 100 anos

Série 1922 – Hoje, há 100 anos I – Os Batutas embarcam para Paris, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 29 de janeiro de 2022

Série 1922 – Hoje, há 100 anos II- A Semana de Arte Moderna, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 13 de fevereiro de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos III – A eleição de Artur Bernardes e a derrota de Nilo Peçanha, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 1º de março de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IV – A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 17 de junho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos V – A Revolta do Forte de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 5 de julho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VI e série Feministas, graças a Deus XI – A fundação da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 9 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VII – A morte de Gastão de Orleáns, o conde d´Eu (Neuilly-sur-Seine, 28/04/1842 – Oceano Atlântico 28/08/1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 28 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 7 de setembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos X –  A morte do escritor Lima Barreto (1881 – 1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 1º denovembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos XI e série Feministas, graças a Deus XII 1ª Conferência pelo Progresso Feminino e o “bom” feminismo, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, antropóloga do Arquivo Nacional, publicado em 19 de dezembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

Hoje a Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia Nacional do Turismo, atividade muitíssimo atingida pela pandemia do coronavírus publicando um artigo sobre o Primeiro guia turístico do Brasil. Esse era o título da matéria que o criador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional, Gustavo Barroso (1888 – 1959), publicou na revista O Cruzeiro, de 1º de novembro de 1952, sobre o livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Forado fotógrafo francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), lançado em 1872. Além do artigo, publicamos um interessante comentário da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi sobre o original manuscrito do livro de Klumb que integra, desde 1924, as coleções do Museu Histórico Nacional.

 

 

A obra, escrita em português e em francês, descrevia o trajeto entre Petrópolis e Juiz de Fora, realizado entre seis horas da manhã e seis horas da tarde – duração padrão do percurso nas diligências da Companhia União e Indústria – e foi ilustrada com 31 estampas sendo: 1 retrato, 29 vistas em litografia e uma planta perfil e longitudinal da Estrada União Indústria.

O livro foi a única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa, Klumb, e também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente produzido, litografado e produzido no país. Segundo o próprio autor, a ideia de realizar um trabalho sobre a estrada União Indústria foi concebida em 1861, e, de 1863 a 1866, ele trabalhou no projeto. Entre 1867 e 1868, terminou de produzir as vistas e, em 1870, tratou da publicação que, finalmente, aconteceu dois anos depois.

 

livro

 

O fotógrafo dedicou o livro a sua protetora, a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889):

Quando concebi o projeto de escrever esse pequeno livro, meu primeiro pensamento foi que só a Vossa Majestade me era permitido dedicar este simples ensaio descritivo de uma das mais belas estradas do Império. Sou talvez muito presunçoso ousando oferecer a Vossa Majestade a dedicatória deste opusculo; no entanto ouso esperar que Vossa Majestade me fará a graça insigne de aceital-o, ainda que não fosse mais senão para servir ao sentimento que me inspirou“.

No prefácio, Klumb comentou:

…Num trabalho feito a galope, não se pode esperar encontrar estilo elegante e florido, mas sim uma ligeira descrição dos lugares notáveis, atravessados por uma estrada magnífica. Essa obra não tem o merecimento senão o de ser: o primeiro guia do viajante, feito no país, guia ilustrado de desenhos copiados da fotografia …

 

Último parágrafo do prefácio escrito por Klumb para o livro

Último parágrafo do prefácio escrito por Klumb para o livro Doze Horas em diligência

 

Klumb, um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil e conhecido como o preferido da família imperial brasileira, foi um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, tendo inaugurado seu estabelecimento fotográfico em 1855, na rua dos Ourives, 64 – atual rua Miguel Couto, no centro do Rio de Janeiro (Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna).

 

 

Em 1872, ano da publicação de Doze horas em diligência, foi anunciada a abertura da Photographia Franceza, de Klumb e de outros fotógrafos, na residência do sr. Figueira de Melo, na rua do Ouvidor, nº 49 ( Jornal do Commercio, 22 de maio de 1872, na última coluna ).

 

 

Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro. Em 1874, foi publicado o livro Petrópolis e seus arrabaldes, com fotografias produzidas por Klumb. Um ano depois houve uma exposição de suas fotografias em Petrópolis e o casal imperial visitou a mostra (O Mercantil, de 10 de janeiro de 1875, na terceira coluna). Entre 1875 e 1886, não há, até hoje, notícias sobre o fotógrafo. O que se sabe, até o momento, é que em 1886 ele estava em Paris e de lá escreveu para a imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil. O pedido foi deferido, e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir para o Brasil.

 

Acessando o link para as fotografias de Revert Henrique Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a ela. 

 

 

Sobre o Dia Nacional do Turismo 

Oficialmente, o Dia Nacional do Turismo passou a ser comemorado em 8 de maio pela Lei nº 12.625, de 9 de maio de 2012. A escolha desta data para celebrar a efeméride é uma homenagem ao pedido que o estado do Paraná fez em 8 de maio de 1916 para que as terras próximas às Cataratas do Iguaçu fossem desapropriadas, com o intuito de transformar a área numa zona pública para turismo.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BRITTO PEREIRA, Cecilia Duprat. Revert Henrique Klumb – Fotógrafo da Família Imperial BrasileiraRio de Janeiro: Anais da Biblioteca Nacional, 1982.

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

GUIMARÃES, Elione Silva Guimarães. Múltiplos viveres de afrodescendentes na escravidão e no pós-emancipação: Família, trabalho, terra de conflito.São Paulo ; Annablume Editora, 2006.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil(1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. ISBN 85-86707-07-4

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Os Fotógrafos do Império. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. 240p.:il

MORAES FILHO, Alexandre de Mello. Artistas do meu tempo. Rio de Janeiro: Garnier, 1905.

SCARRONE, Marcelo. Doze horas numa diligência. Rio de Janeiro: Revista de História, 14/06/2008.

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

Site do Instituto Moreira Salles

Site do Ministério do Turismo

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. Revert Henrique Klumb: um alemão na Corte Imperial brasileira. Apresentação Joaquim Marçal, Demosthenes Madureira de Pinho Filho; coordenação de coleção Pedro Corrêa do Lago; coordenação editorial Pedro Corrêa do Lago, Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos; design Victor Burton; fotografia César Barreot, Miguel Pacheco e Chaves; pesquisa Pedro Karp Vasquez; tradução Carlos Luís Brown Scavarda. Rio de Janeiro: Capivara, 2001 229p., il. p&b. (Visões do Brasil, 4). ISBN 85-86011-49-5.

 

 

O original manuscrito do primeiro guia de viagem impresso no Brasil (1)

Maria Isabel Ribeiro Lenzi*

 

Capa do original do livro, sob a guarda do Museu Histórico Nacional

Capa do original do livro Doze Horas em diligência, sob a guarda do Museu Histórico Nacional

 

O Museu Histórico Nacional preserva em seu Arquivo Histórico um documento que é uma jóia rara. A encadernação com a capa de couro com decoração dourada mostra o brasão e a coroa do Império do Brasil além da guardar o original do que viria a ser, dois anos depois, o primeiro guia de viagem impresso no Brasil, o famoso Doze horas em diligência – Guia de viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, publicação com fotografias litografadas, editado pelo fotógrafo franco-alemão Revert Henry Klumb.

O documento é todo manuscrito. Foi dedicado e presenteado à Imperatriz Tereza Cristina em 1870. O texto é em português e francês e as imagens são 20 fotografias em albumina coladas.

O guia, que foi impresso dois anos depois, é muito parecido com esse, porém traz algumas modificações: das fotografias que estão no original, dezessete foram litografadas para a edição de 1872, a qual apresenta 29 litografias. Nas paisagens litografadas nessa segunda versão, Klumb inseriu personagens desenhados – sugerindo figuras de possíveis turistas – que não aparecem nas fotografias originais. Nesta edição impressa, encontra-se referência ao Hotel Inglês e ao Palácio Imperial em Petrópolis, bem como são apresentados aos viajantes o Bosque da Imperatriz e a Colônia Pedro II, em Juiz de Fora.

Este precioso documento que pertenceu a Dona Teresa Cristina passou a integrar as coleções do Museu Histórico Nacional em 1924, vindo do Paço da Quinta de São Cristóvão.

 

*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/Secretaria de Cultura/Ministério do Turismo)

 

Acesse nos seguintes documentos na Biblioteca Virtual do Museu Histórico Nacional:

 

Primeiro guia turístico do Brasil, de Gustavo Barroso, publicado na revista O Cruzeiro, de 1º de novembro de 1952

O original manuscrito de Doze horas em Diligência, de Revert Henrique Klumb

 

(1) O comentário O original manuscrito do primeiro guia de viagem impresso no Brasil, de autoria da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi foi acrescido ao texto original em 14 de maio de 2020.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, em 15 de junho de 2022

 

 

Os cinco anos da Brasiliana Fotográfica

A Brasiliana Fotográfica, fundada pela Biblioteca Nacional e pelo Instituto Moreira Salles, em 17 de abril de 2015, completa cinco anos de existência buscando contribuir para uma escrita da história do Brasil onde as fotografias deixam de ser mera ilustração. A data seria comemorada com a realização do Seminário Brasiliana Fotográfica 5 anos – A imagem e a escrita da história, no auditório da Biblioteca Nacional que, devido à situação pela qual atravessa o Brasil e o mundo, foi adiado.

Decidimos então promover no contexto atual da pandemia de coronavírus um debate relacionando urbanismo, saúde pública e a história da cidade do Rio de Janeiro e das grandes metrópoles brasileiras, temas frequentes dos artigos semanais publicados no portal, dando visibilidade aos arquivos de imagem das instituições parceiras, ora disponibilizados na Brasiliana Fotográfica e também às pesquisas existentes sobre estes temas – elementos de reflexão sobre o momento presente. O encontro virtual será disponibilizado on-line ao vivo para o público, gratuitamente, no canal de facebook do Instituto Moreira Salles -  https://www.facebook.com/pg/institutomoreirasalles, no dia 17 de abril de 2020, às 17h30m.

 

 

Convidamos para este encontro e debate o historiador Jaime Benchimol, a pneumologista Margareth Dalcolmo – ambos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, instituição integrante do portal Brasiliana Fotográfica – e o arquiteto e urbanista Guilherme Wisnik, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. O debate será mediado pelos dois curadores da Brasiliana Fotográfica – Sérgio Burgi, Coordenador de Fotografia do Instituto Moreira Salles, e Joaquim Marçal, Coordenador da BN Digital -, e pela historiadora Aline Lopes de Lacerda, pesquisadora do Departamento de Arquivo da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz.

 

logo

 

Queremos também celebrar o aniversário do portal agracedendo a você, nosso leitor, que percorre nosso acervo fotográfico que, até o momento, possui 6.709 imagens de 11 instituições, e também lê nossas publicações semanais: já são 249! Ao longo desses cinco anos já tivemos 38.437.165 acessos!

Com uma rigorosa seleção e indexação das imagens que integram nosso acervo fotográfico, com o uso de uma linguagem simples e com a realização de uma pesquisa minuciosa, um dos objetivos da Brasiliana Fotográfica é atrair o interesse do maior número de leitores possível, de todas as faixas etárias e níveis de formação acadêmica, para assuntos relativos à história da fotografia, do Brasil e do mundo. Os artigos, semanais, são escritos por profissionais ligados às instituições integrantes do portal,  por curadores convidados como Cassio LoredanoElvia BezerraEucanaã FerrazLilia Moritz SchwarczMaria Isabela Mendonça dos SantosMillard SchislerPedro Karp Vasquez e Rubens Ribeiro Gonçalves da Silva e também pelos curadores do portal Sérgio Burgi (IMS) e Joaquim Marçal (FBN).

 

Acessando o link para as 6.709 fotografias publicadas ao longo desses cinco anos na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

A escolha dos temas é variado: pode ser baseada tanto em uma efeméride como em uma reflexão mais teórica, na beleza ou na importância histórica de uma imagem ou de um grupo delas ou pode, também, se relacionar com algum fato da atualidade como foi, por exemplo, a publicação do artigo E o ex e futuro presidente do Brasil morreu de gripe…a Gripe Espanhola de 1918, em 20 de março de 2020, quando o mundo e o Brasil enfrentavam (ainda enfrentam) a pandemia do coronavírus. O presidente em questão foi Rodrigues Alves (1848 – 1919), uma das milhões de vítimas da gripe espanhola.

 

 

A elaboração de perfis de fotógrafos acompanhados por galerias de suas fotografias disponíveis no acervo do portal e por cronologias é uma das marcas da Brasiliana Fotográfica. E uma das estrelas das pesquisas realizadas para esses artigos é, além da bibliografia disponível sobre os temas, a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, com os links para as notícias da época em que os fatos ocorreram. De abril de 2015 a março de 2020, foram publicados 44 perfis, o primeiro, Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905) e sua obra-prima, o “Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887″, em 24 de maio de 2015; e o último, As Camélias Japonesas no carnaval de Alagoas pelas lentes do fotógrafo amador Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966), em 21 de fevereiro de 2020.

 

 

Lista de todos os perfis de fotógrafos publicados na Brasiliana Fotográfica de abril de 2015 a março de 2020 

2015

 1 – Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905) e sua obra-prima, o “Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887″

2 – O alemão Alberto Henschel (1827 – 1882), o empresário da fotografia

3 O alagoano Augusto Malta, fotógrafo oficial do Rio de Janeiro entre 1903 e 1936

4Vincenzo Pastore (Casamassima, Itália 5 de agosto de 1865 – São Paulo, Brasil 15 de janeiro de 1918)

5 - Alagoas, Bahia, Minas Gerais e Sergipe por Augusto Riedel (1836 -?)

6 – Guerra de Canudos pelo fotógrafo Flavio de Barros

7 – O editor e fotógrafo suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892)

8 – Imagens do Espírito Santo por Albert Richard Dietze (Alemanha, 1838 – Brasil, 1906)

2016

9 – O fotógrafo francês Jean Victor Frond (1821 – 1881) e o “Brasil Pitoresco”

10 – O suicídio do fotógrafo Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903)

11 – Ipanema, que completa 122 anos, pelas lentes de José Baptista Barreira Vianna (1860 – 1925)

12 - Notícia da viagem do fotógrafo Albert Frisch (31/05/1840 – 30/05/1918) à Amazônia

13 - O fotógrafo Juan Gutierrez de Padilla (c.1860 – 28/6/1897)

14 – O fotógrafo paisagista Camillo Vedani (18?, Itália – c. 1888, Brasil)

15 - O fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966)

16 – Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil

17 – O retratista português Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 14 de outubro de 1912)

18 – O fotógrafo Augusto Stahl (Itália 23/05/1828 – França, 30/10/1877)

19 – O brilhante cronista visual Marc Ferrez (RJ, 07/12/1843 – RJ, 12/01/1923)

2017

20- São Paulo sob as lentes do fotógrafo Guilherme Gaensly (1843 – 1928)

21 – Os trinta Valérios, uma fotografia bem-humorada de Valério Vieira (1862 – 1941) 

22- Os índios sob as lentes de Walter Garbe, em 1909 

23 - Abram-Louis Buvelot (Suíça, 03/03/1814 – Austrália, 30/05/1888) 

24 – Um fotógrafo inglês na Bahia: Benjamin Robert Mulock (18/06/1829 – 17/06/1863) 

25 - “Sete de Setembro: uma ponte entre dois maurícios”, por Pedro Vasquez

26 – Lampião e outros cangaceiros sob as lentes de Benjamin Abrahão 

27 – O cronista visual de Diamantina: Chichico Alkmim, fotógrafo (1886 – 1978)

28 - O fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas e o construtor Ramos de Azevedo

29 –  O fotógrafo português Francisco du Bocage (14/04/1860 – 22/10/1919)

30- O fotógrafo Joaquim Pinto da Silva, o J. Pinto (1884-1951) e a Fundação Oswaldo Cruz

31 – O fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 30/01/1924)

 2018

 32 – A construção Madeira-Mamoré, a ferrovia da Morte”, pelas lentes de Dana B. Merrill (c. 1887 – 19?)

33- O fotógrafo, botânico e naturalista alemão George Huebner (1862 – 1935)

34 - O francês Hercule Florence (1804 – 1877), inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo

35 - Lunara (1864 – 1937), um fotógrafo amador e fotoclubista de Porto Alegre

36 - O fotógrafo açoriano Christiano Junior (1832 – 1902) e sua importante atuação no Brasil e na Argentina

37 - A prisão do fotógrafo e aviador britânico S.H. Holland (1883 – 1936) no Rio de Janeiro, em 1930

2019

38 - Carlos Bippus e as paisagens cariocas

39 - Nudez na Galeria Ducasble causa polêmica no Recife do século XIX

40 - João Ferreira Villela, um dos primeiros fotógrafos pernambucanos

41 - Imagens de Blumenau: por Bernardo Scheidemantel e em álbum do início do século XX

42 - A Colônia Dona Francisca, Joinville, por Louis Niemeyer

43 – Jorge Kfuri (1893 – 1965), autor das primeiras fotografias aéreas do Rio de Janeiro

2020

44 - As Camélias Japonesas no carnaval de Alagoas pelas lentes do fotógrafo amador Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966)

 

 

Dentre esses perfis está o do fotógrafo Marc Ferrez, O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), publicada em 7 de dezembro de 2016.

 

 

Sobre a obra de Ferrez, que é por muitos considerado o mais importante fotógrafo que atuou no Brasil no século XIX, foram escritos mais 13 artigos na Brasiliana Fotográfica: O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de Sérgio BurgiNo primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923)Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882)O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles DunlopUma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923)Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913 e Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb.

Outro objetivo do portal é divulgar mais questões ligadas à preservação digital, um assunto que toca não apenas às instituições de memória, mas a todos aqueles que produzem imagens digitais em seu dia a dia sem, no entanto, cuidar de sua preservação. Nesse sentido, já publicamos alguns artigos mas ainda temos muito a percorrer. Também desejamos ampliar a abrangência do portal com a adesão de instituições de todos os estados do Brasil.

Ainda em seu primeiro ano, no blog do portal, tivemos uma publicação de relevância histórica: a presença de Machado de Assis (1839 – 1908) na fotografia da Missa Campal pela comemoração da abolição da escravatura (de autoria de Antonio Luiz Ferreira), realizada em 17 de maio de 1888, no Campo de São Cristóvão, com a presença da princesa Isabel. A descoberta, realizada pela editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, Andrea Wanderley, foi saudada em outra publicação do blog pelo historiador José Murilo de Carvalho.

 

 

Os registros mais acessados pelos leitores nesses cinco anos foram as fotografias Missa campal celebrada em ação de graças pela Abolição da escravatura no Brasil, de Antonio Luiz Ferreira; Índios Botocudos, de Walter Garbe; Escola pública em Curytiba, de Marcos A. de Mello; A Família Imperial reunida, de Alberto Henschel; e Índios da Tribo Carajás, de autoria desconhecida.

 

 

Além das instituições fundadoras do portal, FBN e IMS, integram a Brasiliana Fotográfica o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, o Arquivo Nacional, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, a Fiocruz, a Fundação Joaquim Nabuco, o Leibniz-Institut fuer Laenderkunde, o Museu Aeroespacial, o Museu da República e o Museu Histórico Nacional. A gestão do portal é realizada por Roberta Zanatta (IMS) e por Vinicius Martins (FBN).

 

Mais uma vez, muito obrigada e vamos em frente!

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Uma homenagem da Casa Granado ao casal imperial sob as lentes de Marc Ferrez

 

A Brasiliana Fotográfica destaca um registro da fachada da Farmácia Granado produzido por Marc Ferrez (1843 – 1921). No topo da imagem há um quadro a óleo retratando dom Pedro II (1825 – 1891) e a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889), com o neto primogênito, Pedro Augusto de Saxe-Coburgo e Bragança (1866 – 1934). Foi encomendado pela farmácia ao artista alemão Frederico Steckel (c. 1834 -1921), em homenagem ao “feliz regresso” do casal ao Brasil, em 22 de agosto de 1888 (Gazeta de Notícias, 23 de agosto de 1888, primeira coluna). Em 1880, dom Pedro II havia concedido à drogaria o título de Farmácia Oficial da Família Imperial Brasileira. A Granado, uma das únicas marcas brasileiras que existe desde o reinado de dom Pedro II, completa 150 anos e é o tema da exposição “A história da botica mais tradicional do Brasil”, aberta em 15 de janeiro último, no Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras do portal. Ficará em cartaz até 3 de maio de 2020.

 

A farmácia dos senhores Granado, conhecido estabelecimento da rua Primeiro de Março, número 12, encomendou ao artista Frederico Antônio Steckel uma decoração especial. A pintura a óleo, reprodução de uma fotografia tirada depois do restabelecimento de D. Pedro, exibia em tamanho natural os avós e o neto: “o favorito”. No alto da grossa moldura, as armas imperiais. Em seda carmesim, tremulavam sobre o quadro os dizeres em letras douradas: “Feliz Regresso de Suas Majestades  Imperiais”. A novidade era a iluminação a gás que fazia brilhar as estrelas do Cruzeiro e as colunas do quadro. Embasbacados, os passantes se amontoavam na vitrine.”(1)

 

 

Acessando o link para a fotografia Pharmacia Drogaria Granado and Ca, produzida em 1888 por Marc Ferrez disponível na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar a imagem e verificar todos os dados referentes a ela.

 

Frederico Steckel, autor da decoração da fachada da Granado

Frederico Steckel, autor da decoração da fachada fotografada por Ferrrez /Acervo de Fernando Argeu Murta

 

 

O casal imperial havia viajado em 30 de junho de 1887 para a Europa. Estiveram inicialmente em Portugal e, de lá, seguiram para Paris. Aconselhado por médicos, dom Pedro II foi para Baden-Baden, e retornou a Paris, onde visitou intelectuais, entre eles, Louis Pasteur. Fez um cruzeiro pela Riviera italiana e foi para a estação de cura de Aix-les-Bains, na França. Também visitou, atendendo a um desejo de sua esposa, as ruínas de Pompeia (Gazeta de Notícias, 17 de junho de 1888, quarta coluna).

A Casa Granado foi fundada por José de Barros Franco e pelo português José Antônio Coxito Granado com o nome “Botica de Barros Franco” e ficava na então denominada rua Direita, uma das mais movimentadas do centro do Rio de Janeiro, atual rua Primeiro de Março, onde permanece até hoje. Em 1876, Barros Franco retirou-se da sociedade e Pedro Gonçalves Bastos tornou-se sócio até 1878 (A Reforma, 16 de setembro de 1876, primeira coluna; Gazeta de Notícias, 19 de maio de 1878, penúltima coluna). A loja tornou-se ponto de encontro de personalidades ilustres como o prefeito Pereira Passos (1836 – 1913) e Rui Barbosa (1849 – 1923). Em 1903, João Bernardo Granado, irmão de Coxito, criou um dos produtos mais populares da botica: o polvilho antisséptico, cuja fórmula teve registro aprovado pelo cientista Oswaldo Cruz. Em 1915, lançamento de outro produto pioneiro: o sabonete de glicerina.

 

(1) PRIORI, Mary del. O Príncipe Maldito. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

 

 

 

Fontes:

CARVALHO, José Murilo. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GIANETTI, Ricardo. Frederico Steckel: pintor-decorador do Império e da República. IV Colóquio Internacional. A Casa Senhorial: Anatomia dos Interiores, Universidade de Pelotas no Rio Grande do Sul, 2017

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

PRIORI, Mary del. O Príncipe Maldito. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Site da Granado

ilustração

Retratos de escravizados pelo fotógrafo Christiano Junior (1832 – 1902)

No Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, a Brasiliana Fotográfica publica o artigo As fotografias de escravizados de Christiano Junior conservadas no Museu Histórico Nacional, da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi. No século XIX, imagens de escravizados eram produzidas por artistas e fotógrafos e vendidas para os estrangeiros de passagem pelo Rio de Janeiro.  O fotógrafo açoriano Christiano Junior (1832 – 1902), aproveitando o filão, produziu “variada coleção de costumes e tipos de pretos, coisa muito própria para quem se retira para a Europa”. O álbum “Photographias de costumes brazileiros”, com 24 imagens, foi apresentada na Exposição Internacional do Porto de 1865. Pertenceu ao rei D. Fernando, de Portugal, e, em 1933,  foi doada por Jorge Olinto ao Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras do portal.

 

As fotografias de escravizados de Christiano Junior conservadas no Museu Histórico Nacional

Maria Isabel Ribeiro Lenzi *

 

O Brasil durante mais de 300 anos teve a escravidão na base da produção da economia. Escravizaram-se índios nos primeiros anos da colonização portuguesa e, posteriormente, verificou-se que o comércio negreiro era tão ou mais lucrativo do que a transação com o açúcar que era produzido nos engenhos, cuja mão de obra negra marcava a participação africana na política mercantilista.

No Império do Brasil, a escravidão continua sendo a principal fonte de renda, como nos é lembrado quando vemos fotografias de colheitas de café ou da mineração, onde os escravizados são protagonistas. O tráfico negreiro, até 1850, é um grande negócio para o capitalista brasileiro. A escravidão estava em toda parte e mesmo uma pessoa de pequenas posses possuía um escravo de ganho que lhe trazia diariamente o sustento. Deste modo, na capital do Império, circulavam pelas ruas diversos tipos de trabalhadores, a maioria absoluta, negra. Eram carregadores, aguadeiros, vendedores de frutas, cesteiros, barbeiros ambulantes, quituteiras, etc.

Acessando o link para as fotografias de escravizados de Christiano Junior conservadas no MHN disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

O que é muitas vezes esquecido é que da escravidão também advinham recursos indiretos: o comprador de escravizados pagava imposto ao município referente àquela compra; o senhor que gastou dinheiro para adquirir escravizados possuía uma apólice de seguro que garantia o investimento de seu capital; finalmente, devemos lembrar as imagens que eram produzidas por artistas e fotógrafos e vendidas para os estrangeiros de passagem pelo Rio de Janeiro. Provavelmente a pessoa retratada não recebia por direito de imagem, mas seu retrato, vendido como souvenir dos trópicos, respondia à demanda do consumo do exótico e enriquecia algumas pessoas.

 

 

O fotógrafo português Christiano Jr. aproveitou esse filão e produziu “variada coleção de costumes e tipos de pretos, coisa muito própria para quem se retira para a Europa”(1) . A coleção era composta de cerca de 77 fotografias tamanho cartes de visites com retratos de trabalhadores de corpo inteiro e retratos de rostos de pessoas de diferentes sociedades africanas – a função e o tipo de escravizados. Eram vendidas no estabelecimento de Christiano Jr. à Rua da Quitanda e também na Casa Leuzinger. As fotografias tomadas no estúdio de Christiano Jr., feitas para os estrangeiros, não mostram a paisagem, nem a cidade, nem as estradas. Exibem os escravizados. Provavelmente, essas pessoas, ao posarem com seus instrumentos de trabalho, ganharam algum trocado do fotógrafo. Com certeza eram escravizados, pois aqueles que aparecem de corpo inteiro estão, todos, descalços, o que marcava a condição escrava do trabalhador.

 

 

Em 1865, Christiano Jr. apresenta “Photographias de costumes brazileiros” na Exposição Internacional do Porto. São duas molduras, cada uma com 12 fotografias de escravizados das ruas do Rio de Janeiro. Essas 24 imagens foram, depois de expostas, oferecidas a D. Fernando, rei de Portugal pelo fotógrafo e podemos ler nas molduras a dedicatória: “a. s. m. El Rei D. Fernando, Christiano Junior, rua da Quitanda, 45, 2º andar”.

 

molduras

Molduras para as imagens do álbum Photografias de costumes brazileiros, de 1865

 

Das 24 fotografias escolhidas para a exposição, 12 são retratos de rostos africanos e as outras 12 são de trabalhadores de ganho. São cenas de trabalho recriadas no ateliê do fotógrafo, cujo objetivo é mostrar a atividade, não representar o indivíduo. Deste modo, encontramos cesteiros, quitandeiras, barbeiros, carregadores, vendedores de frutas, vendedores de cadeira. Quanto aos tipos, do mesmo modo não buscavam representar a pessoa em si, mas sua origem: Christiano Junior escreveu em baixo de cada rosto, a nação ou o porto africano que os embarcou: Mina Nagô, Cabinda, Angola, Moçambique, Monjolo, Congo.

 

 

 

Esta coleção que pertenceu ao rei D. Fernando foi doada ao Museu Histórico Nacional – MHN – em 1933, por Jorge Olinto, estando, desde então, sob a guarda do museu. Passou pelos cuidados do Centro de Conservação e Preservação da Funarte – CCPF, no final da década de 1980, quando, para melhor conservá-las, as fotografias foram retiradas das molduras (foram higienizadas, estabilizadas, acondicionadas e reproduzidas em negativo). Todavia, foram as molduras preservadas, pois além de guardarem a dedicatória do fotógrafo a D. Fernando revelando por onde essas fotografias passaram antes de vir para o museu, elas trazem consigo a estética de uma época em que as exposições internacionais eram o must no mundo ocidental, ávido para conhecer o exótico e o pitoresco sem precisar viajar para tão longe, o que era possibilitado pela fotografia.

 

(1) Almanaque Laemmert. Apud Gorender, Jacob, A face escrava da corte imperial brasileira. In Azevedo, Paulo César;Lissovsky, Maurício. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr. São Paulo: Ex Libres, 1988.

 

 

*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/MinC)

 

Fontes:

CUNHA, Manoela Carneiro da. Olhar Escravo, Ser Olhado. In: Lissovisky, Maurício; Azevedo, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: Ex-Libris, 1988

GORENDER, Jacob. A Face Escrava na Corte Imperial Brasileira. In: Lissovisky, Maurício; Azevedo, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: Ex-Libris, 1988

LEITE, Marcelo Eduardo. Typos de pretos: escravos na fotografia de Christiano Jr. Visualidade, Goiânia, V.9, jan-jun, 2011.

LISSOVISKY, Maurício; AZEVEDO, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: Ex-Libris, 1988

MAGALHÃES, Manuel. Christiano Junior, um açoriano, fotógrafo, na América do Sul. Revelar, Revista de Estudo de Fotografia e Imagem, Porto: Universidade do Porto, V. 1, out. 2016.

SODRÉ, Muniz. À Sombra do Retrato. In: Lissovisky, Maurício; Azevedo, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: ExLibris, 1988

TURAZZI, Maria Inez. A fotografia e as exposições na era do espetáculo (1839 – 1889). Rio de Janeiro: Funarte/Rocco, 1995.

 

 

 

Cronologia de Christiano Júnior 

Andrea C.T. Wanderley**

 

1832 – O português José Christiano de Freitas Henriques Junior nasceu na Ilha das Flores, no Arquipélago dos Açores, em 21 de julho de 1832.

1855 – Chegou ao Brasil com sua esposa, Maria Jacinta Fraga, e com os dois filhos do casal: os futuros fotógrafos José Virgílio (1851 -?) e Frederico Augusto (1853-?).

1862 – Christiano Junior anunciava, em Maceió, em Alagoas, seus retratos fotográficos sobre vidro, papel, pano e encerado.

Chegou no Rio de Janeiro e em anúncio ofereceu seus serviços de fotógrafo. Seus trabalhos estariam expostos na casa do sr. Bernasconi e chamados escritos deveriam ser enviados para o Hotel Brysson, na rua d´Ajuda, 57 B. Também aceitava pedidos de quadros e cestas de flores e frutas de cera, imitando perfeitamente o natural (Correio Mercantil, e Instrutivo, Político, Universal, 2 de dezembro de 1862, quinta coluna).

1864 - Era um dos proprietários da Photographia do Commercio, na rua São Pedro, 69. Seu sócio era Fernando Antônio de Miranda (Jornal do Commercio, 17 de julho de 1864).

 

1865 - O endereço do estabelecimento fotográfico de Christiano e Miranda mudou para rua da Quitanda, 53 (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1865).

Christiano mudou-se sozinho para a rua da Quitanda, 45. Anunciou que em seu estabelecimento, a Photographia e Pintura, fazia cartões de visita, ambrótipos, cenótipos, fotografias coloridas a óleo, aquarela ou pastel, além de retratos para broches e medalhas. Também anunciou a venda de coleções dos costumes dos pretos nessa corte e no interior da província, em cartões para álbuns, coisa muito própria para quem se retira para a Europa  (Jornal do Commercio, 2 de abril de 1865 e Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1866).

Exposição na Casa Bernasconi de quatro molduras contendo 48 fotografias de autoria de Christiano. Delas 12 costumes de pretos de ganho, vendilhões e outras 12 representam tipos de diferentes nações da raça africana. Essas 24 imagens foram oferecidas a d. Pedro II (1825 – 1891). As outras 24 foram enviadas à eExposição Internacional do Porto e oferecidas a d. Fernando, rei de Portugal (Correio Mercantil, 22 de julho de 1865, penúltima coluna).

Participou da Exposição Internacional do Porto e suas obras, assim como as do fotógrafo Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), foram expostas na seção de Belas-Artes (Jornal do Commercio, de 1865, terceira coluna).

Christiano Jr, identificado como fotógrafo bastante conhecido pelos excelentes trabalhos executados em sua oficina, doou 400 fotografias do falecido cônsul de Portugal, Antonio Emilio Machado Reis, para ajudar à família do diplomata. Houve uma exposição das fotos na sociedade Madrepora, instituída por Machado Reis (Correio Mercantil, 1º de novembro de 1865, terceira coluna).

1866 - Publicação de anúncio da Galeria Photographica e de Pintura na seção de “Notabilidades” do Almanaque Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro. Christiano Junior anunciava que havia reaberto seu estabelecimento fotográfico após uma reforma e oferecia timbres-postes, fotografias em diversas dimensões – até a natural -, podendo ser coloridas por várias técnicas, retratos em cenótipos, fotografias de homens célebres, além de uma variada coleção de costumes e tipos de pretos, coisa muito própria para quem se retira para a Europa.

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Estabelecido na rua da Quitanda, 45, Christiano fez uma exibição de retratos para cartas, uma nova e interessante aplicação da fotografia, realizada a partir de um instrumento que em 15 segundos dá 12 e 24 retratos, pequenos, mas nem por isso menos parecidos. Os retratos seriam usados para marcar o papel de carta, o que anteriormente era feito com a iniciais do remetente (Diário de São Paulo, 4 de fevereiro de 1866, segunda coluna).

 

No verso de uma de suas cartas de visita oferecia retratos em lenço, costumes e tipos de índios, cópias de gravuras de Morgado de Mateus reproduzidas de uma rara edição de Os Lusíadas, retratos em porcelana, e em marfim, retratos em vidro para ver por transparências, vistas para estereoscópios, retratos de homens célebres, monarcas, guerreiros, literatos, etc.

Participou da II Exposição Nacional e o que apresentou foi saudado como excelentes retratos e perfeitíssimas reproduções de uma dúzia de gravuras. Conquistou a medalha de bronze (Semana Ilustrada, 18 de novembro de 1866, segunda coluna e Diário do Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1867, última coluna).

Sobre ele, o pintor Victor Meirelles (1832 – 1903), que assinou em nome do júri do quarto grupo – onde se incluía a fotografia – comentou no Relatório da II Exposição Nacional do Rio de Janeiro:

‘Os trabalhos deste senhor não são menos dignos de atenção por algumas boas qualidades que contêm. As reproduções das gravuras da obra ilustrada: Os Lusíadas, de Camões, publicada em 1817, por D. José Maria de Souza Botelho – Morgado de Mateus, etc, etc, são bem copiadas, e não podemos deixar de louvar tão feliz lembrança, bem como o serviço que presta aos artistas e amadores das belas artes pela propagação dessas belas composições artísticas devidas ao lápis dos célebre pintores Gerard e  Fragonard.       

Christiano Junior participou que, a partir do dia 1º de dezembro de 1866, seu amigo Bernardo José Pacheco passaria a ser seu sócio em seu estabelecimento fotográfico, na rua da Quitanda, 45, que passaria a funcionar com a razão Christiano Junior & Pacheco (Jornal do Commercio, 3 de dezembro de 1866, quarta coluna e Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1867).

 

 

Em torno desse ano, realizou uma série de fotografias médicas.

 

1867 – Christiano Junior estava em Desterro, atual Florianópolis, e abriu um ateliê fotografico na rua Augusta, 26. Anunciou sua pretensão de fazer algumas vistas da cidade e também de vistas para estereoscopos, além de informar que pretendia ficar apenas por um mês na cidade porque estaria de passagem para o rio da Prata (O Despertador, 1º de fevereiro de 1867 e O Mercantil, 28 de fevereiro de 1867).

 

 

 

 

Abriu um ateliê fotográfico, em Mercedes, no Uruguai.

Christiano Junior começou a tentar expandir suas atividades na Argentina. Em 1º de dezembro, em Buenos Aires, inaugurou um bem sucedido estúdio de fotografia, na rua Florida, nº 159. Iniciou uma significativa produção de retratos e, segundo os pesquisadores argentinos Abel Alexander e Luis Priano, que examinaram os álbuns relativos ao seu trabalho que estão depositados no Archivo General de la Nación, estima-se que foram produzidos por ele mais de 4 mil retratos entre 1873 e 1875.

No censo de 1869 de Buenos Aires, constavam os nomes de Christiano e de seus dois filhos. O de sua esposa não, o que indica que provavelmente estavam separados ou ele tinha enviuvado.

1870 - Em um anúncio, Christiano Junior & Pacheco avisavam que à vista dos mesquinhos preços a que alguns de nossos colegas têm reduzido a fotografia, vemo-nos também obrigados a baixar nossos preços. Informava ainda que Christiano Junior havia trazido de sua casa, em Buenos Aires, um novo sistema, a imitação porcelana, por ele introduzida lá e aqui (Jornal da Tarde, 18 de agosto de 1870).

 

 

Em francês, anúncio da venda de um produto de combate à umidade na Maison Christiano Junior & Cia. O produto teria sido descoberto por um associado de Christiano em Paris, o pintor químico M. Regnault. A propaganda foi publicada outras vezes (Ba-Ta-clan, 27 de agosto de 1870).

Christiano Junior & Pacheco anunciavam uma novidade fotográfica, a imitação da porcelana – unicamente se fazem na rua da Quitanda, 45 (Jornal do Commercio, 28 de agosto de 1870, terceira coluna).

Christiano Junior montou um estúdio fotográfico voltado ao público infantil, a Fotografia de la Infancia, na rua de Las Artes, n. 118, em Buenos Aires.

Em torno desse ano, fotografou o Conde d´Eu(1842 – 1922), marido da princesa Isabel (1846 – 1921).

 

 

1871 – Recebeu a medalha de ouro na primeira Exposição Nacional da Argentina, na cidade de Córdoba, com a série de fotos Vistas y costumbres de la Republica Argentina. 

1873 - Publicação de um anúncio da Photographia de Christiano Junior & Pacheco no Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1873 .

 

 

1874 – Christiano Junior & Pacheco eram réus em uma ação movida por Olímpio Militão Vieira na Primeira Vara Cível (Diário do Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1874, primeira coluna).

1875 – O estabelecimento fotográfico de Christiano Junior & Pacheco foi anunciado pela última vez no Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1875, no endereço rua da Quitanda, 39 a 41.

Seu ateliê fotográfico voltado ao público infantil, a Fotografia de La Infância, era, segundo anúncio publicado no jornal La Prensa de 04 de fevereiro de 1875, possuidor de máquinas instantâneas que permitem tirar retratos de criaturas inquietas e travessas. O ateliê foi destruído por um incêndio em março de 1875, e foi reaberto pouco depois, à rua Victoria 296, agora gerenciado por seu filho José Virgílio, que havia sido seu ajudante.

Manoel Garcia Vidal, ex-sócio de Christiano Junior & Pacheco, anunciou a abertura de um estabelecimento fotográfico na rua Sete de Setembro, 76, esquina com Gonçalves Dias (Jornal do Commercio, 17 de março de 1875, sexta coluna).

Um incêndio destruiu o prédio número 41 da rua da Quitanda, de propriedade da Santa Casa de Misericórdia. No segundo andar ficava o estabelecimento Christiano Junior & Pacheco (Jornal de Recife, 29 de março de 1875, segunda coluna). Eles passaram a atender no ateliê do renomado fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924), na rua do Ourives, 38 (Jornal do Commercio, 21 de março de 1875).

A Photographia de Pacheco, Menezes e Irmão era anunciada como sucessora de Christiano Junior & Pacheco, na rua da Quitanda, 39 (Gazeta de Notícias, 10 de agosto de 1875, terceira coluna).

 

 

Christiano tornou-se fotógrafo oficial da Sociedade Rural Argentina e realizou sua primeira exposição pela entidade, da qual se desligaria em 1878.

1876 – Lançou o primeiro volume da coleção intitulada Album de Vistas e Costumes de La Republica Argentina, que trazia 16 imagens de Buenos Aires acompanhadas por textos explicativos em quatro idiomas. Primeiro trabalho com essas características produzido na Argentina, o material foi, em parte, formado pelo aproveitamento de vistas anteriormente colocadas à venda em seu ateliê. Christiano Júnior nesse trabalho mesclou imagens da Argentina colonial e pastoril com as de uma nova nação, representada sobretudo pelas novas construções.

Para introduzir o álbum afirmou: ‘Meu plano é vasto e quando estiver completo a República Argentina não haverá nem pedra nem árvore histórica, do Atlântico até os Andes, que não tenha sido submetido ao foco vivificador da câmara escura.’

 

 

Ganhou a medalha de ouro na segunda exposição anual da Sociedade Científica Argentina.

Participou da Exposição Universal da Filadélfia de 1876.

1877 - Foi lançado o segundo volume de seu trabalho, contando com doze retratos de tipos populares urbanos e com vistas de construções modernas e históricas.

Produziu uma série que retratava a nova penitenciária de Buenos Aires, trabalho que foi vendido de forma avulsa e em álbum encadernado.

No catálogo da primeira exposição do Club Industrial de Buenos Aires, em 1877, na qual participou, Christiano Junior escreveu acerca de suas fotos médicas, realizadas no Brasil, que segundo o parecer dos médicos nacionais e estrangeiros, nenhum fotógrafo, até aquela data [1866] havia tirado do natural um trabalho semelhante.

1878 - Vendeu seu estúdio em Buenos Aires para Witcomb & Mackern. Deixou no arquivo do ateliê um acervo de mais de 170 vistas.

Participou da Exposição Universal de Paris de 1878.

1879 a 1883 – Viajou pelo interior da Argentina, fotografando várias províncias do país, continuando a série de álbuns de Vistas e Costumes da República Argentina. Passou pelas cidades de Rosário, Córdoba, Río Cuarto, Mendoza, San Juan, San Luis, Catamarca, Tucumán, Salta e Jujuy. Antes de chegar às cidades, anuncia nos jornais locais que ali prestará seus serviços. Monta seu estúdio associado a um fotógrafo local e, em alguns casos, acompanhado de seu  filho. Uma vez instalado na localidade, dá início ao trabalho no ateliê e, paralelamente, desenvolve seu projeto maior: os álbuns de vistas.

1882 – Participou da Exposição Continental de Buenos Aires em 1882.

1883 – Anúncio do estabelecimento fotográfico de Menezes & Irmão, sucessores de Christiano Junior & Pacheco (Gazeta da Tarde, 5 de junho de 1883, última coluna).

Christiano Junior desvinculou-se de seu último ateliê, localizado na cidade de Corrientes. Abandonou temporariamente a fotografia, dedicando-se à produção e comércio de vinhos e licores, os quais vendia ao Brasil, à Argentina e ao Paraguai.

1890 – De Buenos Aires, Christiano Junior importou 382 fardos feno, que chegaram no vapor francês Bearn (Jornal do Commercio, 28 de janeiro de 1890, penúltima coluna).

De Buenos Aires, Christiano Junior importou quatro sacos de alpiste, 10 de cevada, 10 de linhaça, seis de milho e 40 caixas de passas e nove de vinho que chegaram no vapor francês Bretagne (Jornal do Commercio, 23 de abril de 1890, quarta coluna).

1892 – Pelo decreto de 21 de dezembro de 1892, foi concedida, por 15 anos, a Christiano Junior, a patente da invenção do processo aperfeiçoado de fabricar vinho de cana (Minas Gerais, Órgão Oficial dos Poderes do Estado, 24 de dezembro de 1992, terceira colunaJornal do Brasil, 26 de dezembro de 1892, quarta coluna, e Relatório do Ministério da Agricultura de 1993).

1899 – Publicação do livro de sua autoria,  Tratado prático de vinicultura, destilaria e licoreria, com prólogo do escritor argentino Eduardo L. Holmberg (1852 – 1937).

1901/1902 – Entre esses anos, Christiano Júnior escreveu ainda oito textos autobiográficos publicados no jornal La Provincia: Sueños raros (14/12/1901); Recuerdos de mi tierra, dedicado a seu neto Augusto (1/1/1902), Tempora mutantur (Buenos Aires de 1866 a 1900), dedicado a sua neta Telma (15, 18, 21, 25/1/1902); Un carnaval en mi tierra, dedicado a Pedro Benjamín Serrano ( 8/2/1902); En los Andes, dedicado a Félix M Gómez (1/3/1902); Informalidad y mentira, dedicado a Manuel V. Figuerero (26/3/1902); Brasil de 1855 a 1870, dedicado a Guillermo Rojas ( 5/4/1902), e De Corrientes (17/5/1902) (Recordando Christiano).

1902 – Christiano Junior faleceu em 19 de novembro, em Assunção, no Paraguai. Seu necrológio foi publicado, em 13 de dezembro de 1902, na revista argentina Caras Y Caretas, página 28 :

Em Assunção do Paraguai, onde vivia retirado há muitos anos pintando fotografias, faleceu na semana passada o velho fotógrafo don Christiano Junior, cuja arte para retratar a antiga família portenha era famosa em seu tempo. Junior foi o antecessor de Witcomb e diante de sua objetiva desfilaram as mais conhecidas damas e cavalheiros daquela época. Morreu pobre, privado quase por completo de sua visão, e deixa uma lembrança agradável em todos os que conheceram.’

 

anuncio12 Caras y Caretas, 13 de dezembro de 1902

 

Posteriormente, seus restos mortais foram levados para Buenos Aires e sepultados no cemitério de Olivos.

 

**Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Seguem os links dos artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica sobre a Abolição da Escravatura:

Dia da Abolição da Escravatura

Missa Campal de 17 de maio de 1888

Machado de Assis vai à missa, de autoria de José Murilo de Carvalho

Missa Campal de 17 de maio de 1888 – Novas identificações

Princesa Isabel (RJ, 29 de julho de 1846 – Eu, 14 de novembro de 1921)

Missa Campal de 17 de maio de 1888 – Mais identificações

A Brasiliana Fotográfica, o Dia da Abolição da Escravatura e Machado de Assis na Missa Campal

O Rio de Janeiro de Juan Gutierrez

Em homenagem à fundação do Rio de Janeiro, que completa hoje 454 anos, o portal publica o artigo O Rio de Janeiro de Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi, do Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica. O texto nos convida a fazer, a partir das fotografias do espanhol Juan Gutierrez de Padilla, um passeio pela cidade na última década do século XIX. Provavelmente nascido nas Antilhas, Gutierrez foi um dos mais importantes fotógrafos paisagistas do século XIX e um dos maiores cronistas visuais do Rio de Janeiro, tendo registrado a transição da cidade imperial para a cidade republicana. Entre 1892 e 1896, produziu a maior parte de suas fotografias de paisagens cariocas, que eram vendidas para estrangeiros que visitavam a cidade. Partiu para Canudos em 1897, onde, em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

 

O Rio de Janeiro de Juan Gutierrez

Maria Isabel Ribeiro Lenzi*

 

 

Pouco se sabe sobre o cidadão espanhol Juan Gutierrez de Padilla. Especula-se que tenha nascido nas Antilhas, talvez na ilha de Cuba. O certo é que nas décadas de 1880 e 1890 ele era um fotógrafo conhecido no Rio de Janeiro, onde havia se estabelecido. Não sabemos exatamente quando chegou por aqui, mas nos anos 1880 era proprietário da Cia. Photographica Brazileira e da Juan Gutierrez e Cia. União, ambas no Rio de Janeiro à Rua Gonçalves Dias, 40, e Rua da Carioca, 114. Ele recebeu de D. Pedro II o título de fotógrafo da Casa Imperial bem no ocaso do Império, em agosto de 1889.

Com a República, Gutierrez se naturalizou brasileiro e, em 1893,  foi contratado pelo exército para documentar as tropas na Revolta da Armada. Essas fotos são célebres, tendo inclusive recebido a chancela de Memória do Mundo, pela Unesco. Menos conhecido, entretanto, é o conjunto de imagens primorosas do Rio de Janeiro do final do século XIX fixadas pela câmera de Gutierrez.

Acessando o link para as fotografias do Rio de Janeiro de autoria de Juan Gutierrez do acervo fotográfico do Museu Histórico Nacional e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

Por meio delas o fotógrafo nos convida para um passeio pela cidade e seus arredores. Começamos pelo cais da Praça 15, antigo Largo do Paço. Vemos o mercado e uma grande construção redonda, a grande rotunda que, naqueles anos de 1890, Victor Meireles havia montado na praça para expor seus panoramas. Ali o pintor exibiu ao público carioca, em 1890, o panorama da Baía do Rio de Janeiro que um ano antes havia apresentado em Paris. Depois, provavelmente em 1896, Victor Meireles produziu o panorama Entrada da Esquadra Legal na Revolta da Armada: Ruínas da Fortaleza de Villegaignon, que viria a ser exposto no mesmo espaço. É, pois, esta rotunda – um must na vida cultural carioca de então – que Gutierrez nos mostra na praça.

 

 

Todavia também podemos ver o comércio popular, o lado africano da cidade. É possível quase sentir o cheiro e ouvir o burburinho do mercado de peixe com os barcos ancorados depois de trazer mercadorias do fundo da Baía da Guanabara. Os balaios, os panos usados pelas negras, os quais tomamos como turbantes, mas que serviam para acomodar a cesta de mercadoria sobre a cabeça. Os quiosques, que viriam a ser retirados da paisagem carioca nas reformas de Pereira Passos, aqui ainda se revelam um componente importante na vida quotidiana do trabalhador.

 

 

A cidade também é fotografada inteira, a partir dos seus diversos mirantes: da ilha das Cobras, Gutierrez aponta para o litoral até a ponta do Calabouço, para a cidade em frente em frente à ilha e, no outro lado, para o litoral da Prainha, Saúde e Gamboa. Aí é possível ver um Rio de Janeiro, ainda cidade portuguesa, com as torres de suas igrejas que dominavam o cenário. Os morros do Castelo, da Glória, de Santo Antônio, do Senado, as Docas de André Rebouças, as ilhas das Cobras e Fiscal também têm papel relevante no ensaio fotográfico que produziu do Rio de Janeiro.

 

 

A qualidade das fotografias em albumina de Gutierrez é tamanha que, ampliadas, revelam em detalhe os diversos trapiches do porto, bem como os trapiches e casas de banho da praia de Santa Luzia.

 

 

A Ilha Fiscal mereceu duas fotos só pra ela… Deviam estar na memória do povo as luzes elétricas que iluminaram a ilha no dia 9 de novembro de 1889. O último e mais luxuoso baile que o Império do Brasil promoveu foi naquela pequena ilha em frente ao litoral da Praça 15 e provavelmente, ainda era assunto nas conversas e no imaginário carioca. Não poderia, portanto, faltar nas lentes de nosso fotógrafo.

 

 

Os telhados e ruas da cidade são retratados do alto de muitos morros, três dos quais não existem mais: Senado, Castelo e Santo Antônio. Mas, naquela altura, eles eram integrados à cidade, abrigando chácaras, igrejas e, no caso do Castelo, a cidadela que deu origem ao Rio. No Castelo moravam muitas lavadeiras que a câmera de Gutierrez nos deixa ver suas roupas a serem alvejadas nos quaradouros de bambu…

 

 

 

 

Ele também fotografou as ruas. Assim vemos o antigo prédio da municipalidade que foi derrubado para a abertura da Avenida Presidente Vargas. Se ampliarmos a imagem, são reveladas as senhoras com suas sombrinhas para se proteger do sol. Era moda. Podemos também, se fizermos um zoom, contemplar na, Rua Primeiro de Março, à altura do Restaurante Carceller, os engraxates com suas caixas para trabalhar e os pormenores dos diversos transportes – charretes, vitórias, coupés, bondes – puxados a burro.

 

 

Podemos conhecer também o edifício da Imprensa Nacional, à Rua 13 de maio, projeto da Antônio Paula Freitas, inaugurado em 1877 e demolido em 1941. Ampliando a imagem, observamos um vendedor de pequenas mercadorias que hoje chamamos de camelô, bem como podemos notar, atrás do prédio da Imprensa Nacional, os primeiros barracos a serem construídos no Morro Santo Antônio, que abrigou uma grande favela no centro do Rio de Janeiro e que no final de década de 1950 foi arrasado.

 

 

Gutierrez também nos revela a existência de um plano inclinado entre as ruas Matacavalos (atual Riachuelo) e o Largo dos Guimarães, em Santa Teresa. O equipamento movido a vapor foi inaugurado em 1877 e permaneceu em funcionamento até por volta de 1894. A fotografia nos apresenta a entrada do grande viaduto de ferro do plano inclinado com o pequeno bondinho, no interior do qual podemos distinguir o condutor.

 

 

Outra imagem surpreendente é a da Praia da Saudade, pois muita gente não imagina que ali, onde hoje está o Iate Clube, havia uma linda praia emoldurada pelo Morro de Urca e o Morro do Pasmado. Ao fundo, o Pão de Açúcar que vez por outra virava ilha, quando a faixa de areia que o ligava ao continente era inundada pela maré cheia!

 

Finalmente, para terminar, Gutierrez registrou alguns lugares então afastados da cidade, mas muito frequentados por aqueles que buscavam ar fresco e uma maior proximidade com a natureza: a Floresta da Tijuca, Copacabana, a ilha de Paquetá, o Silvestre e o Jardim Botânico. E ainda hoje, esses locais são procurados pela população quando deseja usufruir um momento de lazer e de paz.

 

 

Gutierrez, em 1897, se dirigiu ao sertão baiano com a perspectiva de documentar a guerra de Canudos. Infelizmente, veio a falecer no conflito e, se sua câmera registrou imagens, até a atualidade não são conhecidas.

 

 

*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/MinC)

 

 

 

Cronologia de Juan Gutierrez de Padilla

Andrea C.T. Wanderley **

Verso do cartão-suporte do ateliê fotográfico J. Gutierrez, sucessor da Companhia Photographica do Brazil

Verso do cartão-suporte do ateliê fotográfico J. Gutierrez, sucessor da Companhia Photographica do Brazil

 

c. 1860 – o espanhol Juan Gutierrez de Padilla nasceu, provavelmente, nas Antilhas, na época, uma colônia espanhola. Porém, outras fontes afirmam que ele teria nascido em Cuba ou na África.

1885 / 1887 - Período provável de sua chegada ao Brasil, vindo da cidade do Porto, Portugal.

1889 – Trabalhava na Photographia União, localizada na rua da Carioca, nº 114. Em 3 de agosto, recebeu o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”.  Participou do movimento pela Proclamação da República como tenente da Guarda Nacional. Gutierrez naturalizou-se brasileiro, aproveitando o decreto de Deodoro da Fonseca (1827 – 1892), o primeiro presidente do Brasil, que concedeu aos estrangeiros que residiam no país na data de 15 de novembro, quando a República foi proclamada, a nacionalidade brasileira.

1890 – Foi concedida licença para que Gutierrez usasse as armas da República no seu estabelecimento, a Photographia União (Diário de Notícias, 18 de julho de 1890, na quinta coluna, sob o título “Armas da República”).

Em 29 de setembro, foi constituída uma sociedade anônima denominada Companhia Photographica Brazileira, com 31 acionistas. Gutierrez foi eleito diretor técnico do negócio. De um total de cinco mil ações, era proprietário de 100 ações do empreendimento (Jornal do Commercio, 30 de setembro de 1890, na primeira coluna). Agregou às atividades do estabelecimento, o comércio de produtos e equipamentos fotográficos. Foi anunciada a incorporação da Companhia Photographica Brazileira pelo Banco Constructor (Diário do Commercio, 25 de setembro de 1890). Foi publicada a ata da instalação da Companhia Photographica Brazileira (Gazeta da Tarde, 24 de outubro de 1894, na primeira coluna).

1891 – Gutierrez anunciou a venda da Photographia União (Jornal do Commercio, 17 de dezembro de 1891, na quarta coluna, sob o título “Photographia à venda“)

1892 – Em 1º de janeiro, foi inaugurado o edifício da Companhia Photographica Brazileira, na rua Gonçalves Dias, 40, sob a direção técnica de Juan Gutierrez (Jornal do Commercio, 2 de janeiro de 1892, na sétima coluna sob o título “Companhia Photographica” ). Foi noticiada a inauguração das oficinas de fototipia da Companhia Photographica Brazileira. De acordo com a notícia, pela primeira vez fotografias perfeitas eram produzidas no Rio de Janeiro e isso se devia ao talento e ao trabalho de Gutierrez (O Combate, 27 de fevereiro de 1892, na quinta coluna).

Em 17 de junho, a sociedade da Companhia Photographica Brazileira foi dissolvida e o maior credor da empresa, o conselheiro Francisco de Paula Mayrink recebeu os imóveis sociais e demais ativos do empreendimento.

Em 29 de setembro, Gutierrez solicitou à Junta Comercial do Rio de Janeiro permissão para a abertura de uma nova firma, chamada J. Gutierrez, no mesmo endereço da anterior.

1893 – Foi fundado o semanário O Álbum e Gutierrez tornou-se responsável pelos trabalhos fotográficos. Artur Azevedo (1855 – 1908) era o diretor literário da publicação. Na edição de maio, Castro Soromenho dedicou-lhe o poema “Desegaño”, no qual confessava seu amor pelo fotógrafo. Imediatamente o poeta foi impedido de frequentar a redação de O Álbum e, em 12 de junho, foi definitivamente afastado do periódico.

Em 6 de setembro, início da Revolta da Armada, comandada pelo almirante Custódio de Mello (1840 – 1902), amplamente fotografada por Gutierrez.

1894 – Em 13 de março, fim da Revolta da Armada.

Foi noticiada a exposição, no ateliê de Gutierrez, de um quadro fotográfico retratando o marechal Eneas Galvão (1832 – 1895) rodeado por seus ajudantes de ordem. O quadro seria ofertado ao marechal, que foi ministro da Guerra durante o governo de Floriano Peixoto (1839 – 1895) (O Paiz, 23 de maio de 1894, na segunda coluna).

O primeiro número da publicação quinzenal Illustração Sul-Americana trazia diversos retratos de autoria de Gutierrez: do marechal Floriano Peixoto (1839 – 1895), de Affonso Pena (1847 – 1909), do presidente da República Prudente de Moraes (1841 – 1902), do capitão-tenente José Carlos de Carvalho e do jornalista Artur Azevedo (1855 – 1908) (O Paiz, de 21 de julho de 1894, nas sexta e sétima colunas).

Em 17 de setembro, foi inaugurada a Confeitaria Colombo, ao lado do ateliê de Gutierrez, onde ele, além de trabalhar, residia. Logo a confeitaria tornou-se um dos pontos mais concorridos da cidade, contribuindo para o aumento do movimento em torno da casa fotográfica de Gutierrez.

Em novembro, Gutierrez foi o fotógrafo do álbum Recordação das festas nacionais, em homenagem aos cinco anos da proclamação da República brasileira. Registrou grandes manifestações populares em vários pontos da cidade: banquetes, desfiles militares , além de cerimônias cívicas e inaugurações de monumentos. Esse trabalho pode ser considerado um exemplo precursor da linguagem da fotografia jornalística.

Foi publicada uma propaganda dos cigarros Bouquet: “em cada carteira contem o retrato de uma das notabilidades brazileiras ou estrangeiras, perfeição, creditadas pela casa J. Gutierrez & C., sucessora da Companhia Photographica. A colecção completa comprehenderá 200 RETRATOS” (O Paiz, 14 de novembro de 1894).

1895 – O periódico A Cigarra, de 29 de agosto de 1895 elogiou a arte do fotógrafo: “Que homem este Gutierrez! Tenacidade, talento, amor e trabalho!”

1896 – Foi publicado um elogio às fotografias produzidas por Gutierrez  pela técnica da platinotipia: “…nada há mais perfeito do que o trabalho de Gutierrez…” (O Paiz, 3 de junho de 1896, na última coluna, sob o título “Commercio, Industria e Arte).

Eclodiu o conflito em Canudos e, após a derrota da expedição comandada pelo coronel Moreira César (1850 – 1897), Gutierrez decidiu incorporar-se como ajudante de ordens do general João da Silva Barbosa.

1897 – Antes de partir para Canudos, Gutierrez lavrou seu testamento e nomeou como testamenteiros e inventariantes Manoel Rodrigues Monteiro de Azevedo, Francisco de Paula Mayrink, José Carlos de Carvalho e José do Patrocínio (1853 – 1905). Suas beneficiárias foram sua mãe, Francisca Vicente Vandrel e a amiga viúva, Orlandina Aurora Rosani.

Juan Gutierrez foi promovido de tenente a capitão da Guarda Nacional (O Paiz, 19 de fevereiro de 1897, na sexta coluna).

Desembarcou em Salvador, em 2 de abril, e seguiu para  Canudos.

Sua ida para Canudos foi um dos assuntos da coluna “Semanaes”, de Anselmo Ribas (A Notícia, 10 e 11 de julho de 1897).

Em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

Sua morte foi também noticiada no O Paiz, de 14 de julho de 1897, na primeira página, com um artigo de Luiz Murat (1861 – 1929) em sua homenagem.  No livro Os Sertões, Euclides da Cunha (1866 – 1909) referiu-se a ele como um “Oficial honorário, um artista que fora até lá atraído pela estética sombria das batalhas”.

Foi publicado o que um dos amigos mais próximos de Gutierrez, o tenente Frederico Luiz da Costa, escreveu a respeito dele (O Paiz, de 23 de julho de 1897, na primeira coluna).

Foram realizadas na Igreja de São Francisco de Paula, as missas em sufrágio da alma de Juan Gutierrez. Foi celebrada pelo monsenhor Amorim, ajudado pelo cônego Polinca e pelos padres Teixeira, Colaço, Próspero, Guimarães e Pitta. Uma multidão lotou a igreja, onde a marcha fúnebre foi executada por uma banda militar. No dia anterior, na mesma igreja, havia sido celebrada uma missa na intenção de Gutierrez por Antônio Costa e Orlandina Aurora Rosani, que recebeu um terço dos bens do fotógrafo (O Paiz, 19 de agosto de 1897, na quarta coluna e 20 de agosto de 1897, na sexta coluna).

Fim da Guerra de Canudos, em 5 de outubro de 1897.

1898 – O ateliê fotográfico de Juan Gutierrez encontrava-se em processo de liquidação (O Paiz, 3 de janeiro de 1898, na última coluna). Havia uma disputa em torno do estabelecimento envolvendo Frederico Luiz da Costa, Alfredo Franco e Luiz Musso ( O Paiz, 12 de fevereiro de 1898, na quarta coluna).

A Associação dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro comprou o prédio da Gonçalves Dias, nº 40, onde havia funcionado o ateliê fotográfico de Gutierrez (O Paiz, 15 de junho de 1898, na quinta coluna).

 

**Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Link para o artigo O fotógrafo Juan Gutierrez de Padilla (c. 1860 – 28/6/1897), publicado na Brasiliana Fotográfica em 28 de junho de 2016.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em comemoração ao aniversário do Rio de Janeiro

A fundação do Rio de Janeiro, publicado em 1º de março de 2016, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Uma homenagem aos 452 anos do Rio de Janeiro: o Corcovado e o Pão de Açúcar, publicado em 1º de março de 2017, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

A Praça Paris no aniversário do Rio de Janeiro, publicado em 1º de março de 2023, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Parceiros e fundadores da Brasiliana Fotográfica no Programa Memória do Mundo da UNESCO

O Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da UNESCO, o MoWBrasil, reunido em sessão plenária com a maioria de seus membros, entre os dias 2 e 3 de outubro de 2017, em Belo Horizonte, escolheu 10 das 22 candidaturas recebidas ao Edital MoWBrasil 2017, para serem inscritas no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da UNESCO. Os registros iconográficos da Revolta da Armada (1893 – 1894), cuja inscrição foi proposta pelo Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, parceiro da Brasiliana Fotográfica, pelo Instituto Moreira Salles, um dos fundadores do portal, e pelo Museu Histórico Nacional, foi um dos selecionados. Uma publicação sobre a Revolta da Armada foi feita pela Brasiliana Fotográfica, em 6 de setembro de 2015.

Acessando o link para as fotografias da Revolta da Armada disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Os outros escolhidos para serem inscritos no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da UNESCO cujos proponentes são parceiros ou fundadores da Brasiliana Fotográfica foram o Arquivo Lima Barreto, da Fundação Biblioteca Nacional; a Coleção Família Passos, do Museu da República / IBRAM; a Correspondência original dos governadores do Pará com a corte. Cartas e anexos (1764-1807), do Arquivo Nacional; o Formulário médico manuscrito atribuídos aos jesuítas e encontrado em uma arca da igreja de São Francisco de Curitiba, da Fundação Oswaldo Cruz.

Também foram selecionados: as Atas do Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado – o início da Previdência no Brasil, da Mongeral Aegon Seguros e Previdência; a Coleção Tribunal de Segurança Nacional: a atuação do Supremo Tribunal Militar como instância revisional, 1936-1955, do Superior Tribunal Militar; a Coleção Vladimir Kozák: acervo iconográfico, filmográfico e textual de Povos Indígenas Brasileiros (1948 – 1978), do Museu Paranaense; os Livros de registros da Polícia Militar da Bahia, da Polícia Militar da Bahia; e o Testamento do senhor Martim Afonso de Souza e de sua mulher dona Ana Pimentel, da Universidade Federal de Minas Gerais.

A cerimônia de entrega dos certificados ocorrerá no dia 7 de dezembro de 2017, no Rio de Janeiro, no Forte de Copacabana.

 

 

Para saber mais sobre o Programa Memória do Mundo, acesse o site da Unesco.