CPDOC – FGV

Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC

O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), a Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas, criado no dia 25 de junho de 1973, é pioneiro na preservação e organização de arquivos privados de cunho pessoal no Brasil. Num contexto em que poucas instituições se dedicavam aos arquivos pessoais, o CPDOC sistematizou uma metodologia para o tratamento de documentos históricos sob sua custódia com o objetivo de facilitar o acesso às informações de seu acervo.

Atualmente, a Coordenação de Documentação do CPDOC se subdivide em: Programa de Arquivos Pessoais (PAP), Programa de História Oral (PHO), Núcleo de Audiovisual e Documentário (NAD) e Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (DHBB).

O Programa de Arquivos Pessoais foi criado em 1973 com a missão de abrigar arquivos de personagens relevantes para a história recente do país e desenvolver pesquisas históricas, tendo seu próprio acervo como fonte privilegiada de consulta. O arquivo do ex-presidente Getúlio Vargas foi o primeiro a integrar o acervo do CPDOC. Esse conjunto documental foi doado no momento da fundação por sua filha Alzira Vargas do Amaral Peixoto que, posteriormente, doou o próprio arquivo. A partir de outubro do mesmo ano, com a doação do arquivo pessoal de Oswaldo Aranha e de outros arquivos que giravam em torno da figura de Vargas, o CPDOC passou a se constituir no mais relevante lugar de guarda de arquivos privados pessoais da história contemporânea brasileira. Em junho de 2023, o acervo é composto por 238 arquivos.

O CPDOC foi uma das primeiras instituições a custodiar arquivos pessoais e a disponibilizá-los para consulta pública no Brasil. Essa atividade tem sido desenvolvida por uma equipe que se dedica a aplicar a metodologia de organização da instituição aos arquivos pessoais que estão sob sua responsabilidade. Cabe ao Programa realizar as tarefas de captação, organização, preservação e difusão desse conjunto constituído por documentos textuais, visuais, sonoros e audiovisuais.

Em 1974 foi criado o Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (DHBB).  Publicado pela primeira vez em 1984, o DHBB compreendia quatro volumes contendo 4.493 verbetes. Hoje os cerca de 7,8 mil verbetes do DHBB podem ser consultados online no Portal CPDOC. Em 1975, foi criado o Programa de História Oral (PHO), que introduziu no Brasil a metodologia da história oral para a criação de fontes de pesquisa sobre os mais variados temas referentes à história contemporânea brasileira. Inicialmente, o foco dos projetos desenvolvidos pelo PHO eram trajetórias de vida de homens e mulheres que tiveram uma atuação marcante no cenário político nacional, como ministros, embaixadores, representantes do poder público, entre outros. Ao longo dos anos, a natureza dos projetos desenvolvidos pelo PHO foi se diversificando, abrangendo novos temas como cultura, movimentos sociais, esporte, trajetórias de vida de intelectuais brasileiros etc. Atualmente o PHO possui cerca de 2.500 entrevistas em seu acervo, reunindo quase 8 mil horas de gravação.  Em 2006 ocorreu uma mudança na metodologia utilizada nas entrevistas do PHO, com a introdução da gravação em formato audiovisual.

Em 2006 foi criado do Núcleo de Audiovisual e Documentário (NAD), que exerce um papel fundamental na difusão do acervo, realizando uma série de produções e atividades com os documentos históricos do CPDOC. Entre as principais iniciativas, destacamos a edição e disponibilização online de entrevistas de história oral de projetos como “Memória das Ciências Sociais no Brasil”, “Memória do Cinema Documentário Brasileiro” e “Futebol, Memória e Patrimônio”, entre outros. O NAD também produziu documentários como “Magia e Poder: fronteiras entre o sagrado e o profano”, feito a partir do arquivo da antropóloga Yvonne Maggie, que se encontra no CPDOC. O filme utiliza o arquivo de Maggie para apresentar um novo olhar sobre a sua experiência de trabalho de campo em terreiros de umbanda e candomblé.

No início dos anos 2000, foi implementada a base de dados ACCESSUS, que possibilitou a informatização da organização, da descrição e da consulta às informações contidas nos arquivos organizados, nas entrevistas liberadas e nos verbetes do DHBB. Posteriormente, a partir de projetos de digitalização, além das informações, os usuários foram tendo acesso às imagens dos registros fotográficos como documentos textuais de diversos arquivos. Em 2016, o CPDOC alcançou uma grande conquista com a abertura da Casa Acervo. A Casa, localizada no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, passou a abrigar os arquivos salvaguardados pelo CPDOC. O prédio possui quatro depósitos climatizados voltados para a preservação dos documentos históricos em seus diferentes suportes.

Em 2015, o CPDOC resolveu alterar a política de acervo do CPDOC, reforçando seu interesse na captação de arquivos de mulheres. Essa mudança tornou-se um marco para as reflexões sobre gênero e arquivos, realizadas no CPDOC. Desde então, o Programa de Arquivos Pessoais recebeu nove novos arquivos de mulheres e desenvolveu algumas iniciativas sobre o tema, com destaque para o Projeto de Digitalização dos Arquivos de Mulheres e para a criação da Rede Arquivos de Mulheres (RAM).

A partir de 2017, através do projeto de Difusão e Educação Patrimonial, o Centro passou a desenvolver produtos e atividades voltadas, principalmente, para o público escolar, com o objetivo de ampliar o acesso e os usos do acervo e promover a inclusão social através da educação patrimonial. Além da exposição virtual “Saio da Vida para entrar para a História: Getúlio Vargas e a Propaganda Política”, que conta com mais de 85 mil visualizações, e da Oficina de Uso de Fontes em Sala de Aula, o projeto realiza desde 2020, a iniciativa Escola no Acervo. Devido à pandemia, inicialmente a iniciativa ofereceu, a estudantes do ensino básico, visitas temáticas virtuais, pelos arquivos pessoais que integram o acervo histórico do CPDOC. Já em meados de 2022, a Escola no Acervo começou a receber as visitas escolares presenciais na Casa Acervo. Estudantes e profissionais da educação, de escolas públicas e privadas, são recebidos na sala do projeto que conta com atividades educativas, lúdicas e interativas sobre arquivos pessoais, história e política. O CPDOC oferece ainda transporte para que as escolas públicas possam se deslocar até o local, garantindo assim a participação desse público.  No ano seguinte lançamos o game educativo, Casa Acervo, que convida os jogadores a experimentar uma pesquisa nos arquivos pessoais do CPDOC,  incentivando os estudantes a conhecerem as fontes históricas de forma divertida. O game pode ser baixada gratuitamente nas lojas de aplicativos.

Em 2023, ano da celebração de seus 50 anos, o CPDOC reafirma seu compromisso com a preservação da memória nacional, assegurando o acesso público e gratuito a seu significativo acervo documental.