Uma homenagem aos 150 anos da imigração italiana para o Brasil

Para celebrar o Dia Nacional do Imigrante Italiano, a Brasiliana Fotográfica já homenageou essa comunidade e seus descendentes destacando a obra de três talentosos fotógrafos italianos que atuaram no Brasil no século XIX e nas primeiras décadas do século XX: Camillo Vedani (18? – c. 1888)Nicola Maria Parente (1847 – 1911) e Vincenzo Pastore (1865 – 1918), que já foram temas de publicações do portal. Neste artigo, destacaremos as obras dos fotógrafos, também italianos, José Boscagli (1862 -1945) e Luis Terragno (c. 1831 – 1891)

 

Significado da Bandeira da Itália (cores, formato, história,...) -  Enciclopédia Significados

Bandeira da Itália

 

 

José Boscagli (1862 – 1945)

Na maior parte de sua vida, o italiano José Boscagli, nascido em Florença ou em Siena (as fontes variam), foi pintor e desenhista, mas foi também fotógrafo, tendo trabalhado no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre, onde passou a morar em torno de 1897. Foi o pintor oficial nas expedições do Marechal Rondon pelo interior do país. Retratou aspectos da fauna, flora, população e costumes locais, destacando-se, especialmente, as representações dos indígenas e aspectos de sua cultura.

 

Acessando o link para as fotografias de José Boscagli disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

Luis Terragno (c. 1831 – 1891)

Nascido em Gênova, Luis Terragno foi um dos pioneiros da fotografia no Rio Grande do Sul, onde já encontrava em torno de 1850. Dom Pedro II (1825 – 1891), fotografado por ele, outorgou a Terragno o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Foi o fundador da Loja Maçônica Paz e Ordem, em Porto Alegre, e inventou o fixador à base de mandioca, a pistola Terragno, um aparelho para tirar fotografias instantâneas; o Sinete-Terragno e uma máquina para conservar carnes. No período em que atuou no Rio Grande do Sul, do início da década de 1850 a 1891, Luis Terragno testemunhou o crescimento e desenvolvimento de Porto Alegre que, entre 1820 e 1890, passou de cerca de 12 mil habitantes para pouco mais de 52 mil. Os colonos alemães começaram a chegar a partir de 1824 e, os italianos, a partir de 1875. Foi, no estado, contemporâneo dos fotógrafos Justiniano José de Barros (18? -?), de Madame Reeckel (1837 – 19?), de Rafael Ferrari (18? -?) e de Thomas King, dentre outros. Este último também foi agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Ao longo de sua carreira de fotógrafo, Terragno ofereceu diversos serviços e produtos como, por exemplo, cursos e câmeras para amadores, além de ter investido em técnicas como a estereoscopia e, depois, a impressão fotográfica sobre superfícies diversas – borracha, mármore, porcelana, tecido etc. Teve estabelecimentos fotográficos em diversos endereços de Porto Alegre.

 

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Luis Terragno. [Pedro II, Imperador do Brasil : retrato], 1865. Porto Alegre, RS / Acervo FBN

Acessando o link para as fotografias de autoria de Luis Terragno disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Dia Nacional do Imigrante Italiano

 

A data remete à chegada ao Porto de Vitória, na então província do Espírito Santo, em 17 de fevereiro de 1874, do brigue barca La Sofia, trazendo, a bordo, 388 pessoas oriundas da península itálica, na maioria das regiões do Vêneto e de Trento, esta última ainda sob o domínio austro-húngaro. A La Sofia havia partido de Gênova, em 3 de janeiro de 1874. O desembarque aconteceu, em 21 de fevereiro que, pela  Lei nº 11.687, de 2 de junho de 2008, tornou-se a data oficial, no Brasil, do Dia Nacional do Imigrante Italiano.

 

 

A imigração, após as primeiras leis abolicionistas, tornou-se uma saída para suprir a falta de mão de obra barata. Certamente, esta decisão impactou fortemente o destino dos escravizados no Brasil. Esta expedição, trazendo trabalhadores para substituir a mão de obra escravizada, foi organizada pelo italiano Pietro Tabacchi (? – 1874), que já vivia no país, é considerada o marco do início do processo da migração em massa dos italianos para o Brasil. Foi um empreendimento privado estabelecido a partir de um acordo entre Tabacchi e o Ministério da Agricultura (O Espírito-Santense, 7 de janeiro de 1873, segunda coluna). Inicialmente os colonos trabalharam nas terras de Tabacchi, na colônia de Nova Trento, atual município de Santa Cruz, mas logo houve uma rebelião. Segundo eles, as condições de trabalho eram muito diferentes das combinadas (O Espírito-Santense, 7 de maio de 1874, primeira coluna; e 7 de maio de 1874, segunda coluna).

 

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Pietro Tabacchi (? – 1874)

 

Um grupo seguiu para as colônias do Sul do país. Outro, formado por 145 italianos, se instalou na Colônia Imperial de Santa Leopoldina. Chegando à colônia, foram para o Núcleo do Timbuy, hoje Santa Teresa, primeiro município fundado por italianos, na Região Serrana do Espírito Santo.

 

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Estima-se que, atualmente, aproximadamente 35 milhões de descendentes de italianos vivam no Brasil.

Uma curiosidade: A Hospedaria de Imigrantes do Brás, em São Paulo, inaugurada em 1887, e, desde 1993, local do Museu da Imigração, acolheu cerca de 800 mil imigrantes italianos durante o final do século XIX e início do século XX.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Brasiliana Fotográfica

Folha de São Paulo

G1

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site DW

Site Museu da Imigração

 

 

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878

Com uma fotografia produzida pelo português Felipe Augusto Fidanza (1844 – 1903), um dos mais importantes fotógrafos que atuaram no norte do Brasil no século XIX e no início do século XX, e com uma de autoria de um fotógrafo ainda não identificado, o portal conta um pouco da história do Theatro da Paz, primeira casa de espetáculos construída na Amazônia e um dos mais representativos exemplares da arquitetura neoclássica no Brasil. É um dos teatros-monumentos do país. Não deixem de usar a ferramenta zoom para apreciar os detalhes da edificação e espiar uma pessoa que passava na frente do prédio.

 

No romance Chove nos Campos de Cachoeira (1941), do escritor paraense Dalcídio Jurandir, o menino Alfredo sonha em partir da pequena Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, para ir estudar na capital do Pará. Alfredo cria uma Belém particular, na medida do seu desejo, e, para isso, muito contribuem as histórias contadas pela vizinha Rosália, que todos os meses ia à capital receber seu montepio. Ela havia trabalhado no Teatro da Paz, seu orgulho: “Eu, eu vesti muita artista. Cada roupagem! Era ver uma princesa. fui camareira do Teatro da Paz!”, dizia, para a desconfiança de todos. “Camareira do Teatro da Paz! pasmava Cachoeira. Os conterrâneos de Rosália achavam demasiado, até mesmo irritante, que ela chegasse a ser camareira do maior teatro do norte do Brasil!”

A ficção dimensiona o real significado do Teatro da Paz para os nortistas”.

Roseane Silveira de Souza

 

A construção e fundação do Theatro da Paz, em 15 de fevereiro de 1878, foi uma das consequências do enorme crescimento econômico que Belém, capital do Pará, experimentou na segunda metade do século XIX devido ao ciclo da borracha. Surgia então uma nova elite econômica, a dos seringalistas, que começou a transformar a cidade em um centro de divertimento, consumo e luxo. Belém, a Capital da Borracha, foi modernizada e quase toda a produção da Amazônia era escoada por seu porto.

 

 

Até hoje pouco se sabe da vida de Fidanza, autor da foto acima do Theatro da Paz, antes de sua chegada ao Brasil, em fins da década de 1860. Em 1º de janeiro de 1867, o Diario do Gram-Pará publicou o anúncio : “PHOTOGRAPHIA, ao largo das Mercez , nº. 5, Fidanza & Com”, o que prova que nessa época ele já estava estabelecido no Pará. A modernização de Belém e do Pará foram registradas nas coleções Álbum do Pará (1899) e Álbum de Belém (Correio da Manhã, de 22 de outubro de 1903, na quarta coluna sob o título “Intendência Municipal de Belém”). Fidanza não teve um final feliz.

 

Reprodução do retrato de Fidanza, Álbum do Pará em 1899

 

Jornal do Brasil de 31 de janeiro de 1903 noticiou seu suicídio: “Atirou-se ao mar, de bordo do vapor Christiannia, em viagem de Lisboa para esta capital (Belém), o conhecido photographo Felippe Fidanza” ( Jornal do Brasil, 31 de janeiro de 1903, na primeira coluna ). Ele havia se jogado ao mar na altura da ilha da Madeira quando retornava de Portugal com a mulher e os filhos. Havia viajado para cuidar de uma encomenda dos governos do Pará e do Amazonas de 10 mil álbuns de vistas destes estados. Parece que foi mal sucedido e já havia, inclusive, tentado se matar em Lisboa ( O Pharol, 6 de março de 1903, na quinta coluna).

A fotografia do Theatro da Paz produzida por um fotógrafo ainda não identificado pertence ao acervo do Museu da República, uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica. A imagem é de Nilo Peçanha (1867 – 1924), então candidato à presidência da República, discursando, em 1921, durante a  Reação Republicana, uma campanha política em torno da sucessão presidencial que mobilizou o Brasil, entre 1921 e 1922, cuja chapa oposicionista se opunha ao domínio de São Paulo e Minas Gerais na política nacional. Reuniu estados importantes – Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul, mais o Distrito Federal – que queriam construir um eixo alternativo de poder.  Os candidatos à presidência e à vice-presidência da Reação eram justamente o fluminense Nilo Peçanha e o baiano J.J. Seabra (1855 – 1942). Nas eleições de 1º de março de 1922, foram derrotados pelo mineiro Artur Bernardes (1875 – 1955) e pelo maranhense Urbano Santos (1859 – 1922), que morreu antes de tomar posse.

 

 

Voltando à história do Theatro da Paz. Em 1863, após a aprovação da Assembleia Provincial, o então presidente da província do Pará, Francisco de Araújo Brusque (1822 – 1886), sancionou a lei que autorizava a construção do teatro. Só cinco anos depois, em 1868, já na gestão de José Bento da Cunha Figueiredo (1818 – 1891), foi liberada a despesa para a obra. Inicialmente, por sugestão de dom Antônio de Macedo Costa (1830 – 1891), que lançou sua pedra fundamental, em 3 de março de 1869, se chamava Theatro Nossa Senhora da Paz, em referência à expectativa de término da Guerra do Paraguai, mas teve seu nome modificado, pois abrigaria apresentações mundanas (Diário de Belém, 4 de março de 1869, última coluna; Diário do Rio de Janeiro, 16 de março de 1869, segunda coluna; Diário de Pernambuco, 16 de março de 1869, quarta coluna).

O governo da província contratou o engenheiro militar pernambucano José Tibúrcio Pereira de Magalhães (1831 – 1886) para projetá-lo – foi inspirado no Teatro Scala de Milão – e para começar a construi-lo (Diário de Pernambuco, 16 de março de 1869, quarta coluna). Posteriormente, o engenheiro Antônio Augusto Calandrini de Chermont (1847 – 1907) fez alterações na planta e assumiu a obra. Foi construído, na Praça Pedro II, atual Praça da República, e devido a diversas brigas entre o governo e o arrematante das obras, o empresário português João Francisco Fernandes, só foi aberto em 1878, quando foi entregue apenas dois dias antes de sua inauguração, em 13 de fevereiro de 1878.

No período áureo do Ciclo da Borracha, o Theatro da Paz foi, finalmente, inaugurado, em 15 de fevereiro de 1878. A classe alta de Belém, referida pela imprensa da cidade como a gente escolhida, compareceu em peso ao evento. O povo ficou ao redor do teatro vendo a chegada dos convidados e o presidente da província, João Capistrano Bandeira de Melo Filho (1836 – 1905), foi saudado por uma banda de música e com foguetes. Dentro do teatro, a abertura aconteceu com a execução do Hino Nacional e da marcha Gram-Pará, de autoria do maestro maranhense Francisco Libânio Colás (c. 1831 – 1885). Foi apresentada a peça ópera As duas órfãs, do dramaturgo francês Adolphe d´Ennery (1811 – 1899), encenada pela companhia do pernambucano Vicente Pontes de Oliveira que teve até 1880 o monopólio da programação do Theatro da Paz. No palco: Manuela Lucci, Emília Câmara, Maria Bahia, Vicente Pontes de Oliveira, Joaquim Infante da Câmara, Xisto Bahia e Júlio Xavier de Oliveira, também ensaiador.

 

 

 

Possuía 1.100 lugares (hoje com 900), acústica perfeita, lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e teto, dezenas de obras de arte, gradis e outros elementos decorativos revestidos com folhas de ouro (Site do Theatro da Paz).

O jornalista e escritor José Veríssimo (1857 – 1916), um dos mais importantes idealizadores da Academia Brasileira de Letras, dedicou sua coluna do dia 17 de fevereiro no jornal O Liberal do Pará à inauguração do teatro (O Liberal do Pará15 de fevereiro, última colunacoluna “Folhetim”, de José Veríssimo, 17 de fevereiro de 1878; Publicador Maranhense, 22 de fevereiro de 1878, terceira coluna).

 

 

 

Em 7 de agosto de 1880, estreia da primeira temporada de ópera do Theatro da Paz, com a Companhia Lírica Italiana, dirigida pelo empresário Tomas Passini, com a apresentação de Ernani, de Giuseppe Verdi (1813 – 1901), trazendo a soprano Filomena Savio (18? – ?), estrela da companhia (O Liberal do Pará, 6 de agosto, segunda colunacoluna “Folhetim”, 7 de agosto de 1880).

 

 

Outras temporadas de ópera se seguiram, alternando-se com apresentações dramáticas, estações carnavalescas, números circenses e eventos políticos. Em 1882, a temporada lírica teve como convidado de honra o compositor e maestro Carlos Gomes, no auge da fama (Roseane Silveira de Souza, 2011). Carlos Gomes (1836 – 1996) foi o maior nome da música brasileira do Segundo Reinado. Chegou a Belém, em 24 de julho de 1882 (O Liberal do Pará, 25 de julho de 1882, penúltima coluna; 27 de julho de 1882, quarta coluna). Estreou no Theatro da Paz  regendo a abertura da ópera O Guarani, de sua autoria (O Liberal do Pará, 3 de agosto de 1882, primeira coluna). Alguns dias depois, apresentação da ópera O Salvador Rosa, também de sua autoria e ensaiada por ele (O Liberal do Pará, 10 de agosto de 1882, quinta coluna). A Companhia Lírica Italiana de Tomás Passini havia sido contratada pelo maestro paraense José Cândido da Gama Malcher (1853 – 1921). A presença de Carlos Gomes na cidade foi um acontecimento marcado por diversas homenagens e eventos sociais (O Liberal do Pará, 6 de agosto, quarta coluna).

O Theatro da Paz era considerado feio e foi assim descrito pelo jornalista José Veríssimo em sua noite de inauguração: No meio d’aquelle luxo, d’aquelle explendor, só uma cousa era feia, o theatro. Se exteriormente o theatro da Paz é desgeitoso e em contrario a todas as regras da architectura, interiormente é nú, sem arte, sem gosto, sem riquezas, sem luxo”. Uma reforma realizada no teatro entre 1887 e 1890, trouxe arte e beleza a seu interior. O versátil artista pernambucano Crispim do Amaral (1858 – 1911) e o pintor italiano Domenico De Angelis (c. 1852 – 1900) foram responsáveis pela decoração interna do edifício.

O pano de boca de cena, intitulado Alegoria da República, é de autoria de Crispim. Sua autoria é muitas vezes atribuída, erroneamente, ao cenógrafo francês Eugène Carpezat (1833 – 1912), que Crispim havia conhecido na França e em cujo ateliê parisiense o trabalho foi realizado.

 

“A alegoria do pano de boca reúne a figura de Marianne, uma síntese das representações de 1789 e 1848, ladeada por personagens da mitologia greco-romana, de elementos indígenas e caboclos, em meio a oficiais participantes do movimento republicano. Estudioso das representações republicanas, o historiador José Murilo de Carvalho ressalta que o baiano Manuel Lopes Rodrigues, autor de uma Alegoria da República, de 1896, só poderia tê-la concebido com os atributos da Segunda República porque vivia na Europa, onde esses elementos já haviam sido apropriados. Para ele, talvez não haja outra pintura de igualvalor. É lícito incluir Amaral nessa lista, pois sua pintura, além da qualidade estética, é a primeira representação republicana concebida no Pará e, provavelmente, no Brasil, além de integrar-se a um teatro-monumento”.

 

Nascido em Olinda, Crispim do Amaral (1858 – 1911), era pintor, caricaturista, decorador, ilustrador e cenógrafo e havia estudado no Recife com o pintor e cenógrafo francês Leon Chapelin, que possuia um estúdio fotográfico na cidade (Diário de Pernambuco, 23 de abril de 1867).  Em 1876, Crispim havia se fixado em Belém. Tudo indica que foi discípulo do também pernambucano Vicente Pontes de Oliveira que, além de ator, era decorador e cenógrafo. Crispim foi agraciado, por intermédio de De Angelis, em 1888, com uma bolsa de estudos do governo paraense para aperfeiçoar-se em pintura na Academia de San Luca, e provavelmente, entre alguns anos da década de 1880 e 1893, viveu entre a França e a Itália. Na Itália, teria se formado pela Academia San Lucca. Na França, colaborou em vários periódicos, dentre eles o Le Rire, e trabalhou como cenógrafo da Comedie Française. Trabalhou também no Teatro Amazonas, inaugurado, em Manaus, na virada do ano de 1896 para 1897. Foi morar no Rio de Janeiro em fins do século XIX. Ao longo de sua vida, editou e ilustrou o jornal O Estafeta (1879), sob o pseudônimo Puck, trabalhou na revista A Semana Illustrada (1887), foi o primeiro diretor artístico da revista O Malho (1902), e o fundador das revistas A Avenida (1903) e O Pau (1905). Trabalhava como caricaturista na revista O Século quando faleceu, em 1911.

 

 

O plafond (teto) e as pinturas decorativas das dependências da plateia são de autoria de Angelis.

“A obra de De Angelis no plafond é uma reunião de personagens mitológicos, a começar pelo deus Apolo, em uma versão multifacetada, com atributos greco-romanos e celtas. Ele abre caminho para as musas, representadas em três nichos da pintura elíptica. Essas figuras são entremeadas por representações indígenas e tapuias, sinalizando a natureza e a cultura da região amazônica, embora claramente o conjunto pictórico reitere a supremacia europeia sobre aquele mundo novo, desconhecido e exótico”.

Roseane Silveira de Souza, 2010

 

A pintura do teto do foyer do Theatro da Paz foi realizada no período desta reforma, mas foi perdida em um desabamento do teto na década de 30. Em uma das outras reformas realizadas no teatro, na década de 1960, uma nova pintura do teto do foyer, com temática amazônica, foi feita pelo artista Armando Ballon.

De Angelis havia chegado em Belém com seu sócio, o também italiano Giovanni Capranesi (1852 – 1921) e com o também pintor Sperindio Aliverti, em 1881, para trabalhar nas pinturas decorativas da Catedral de Belém.

 

 

Os artistas Adalberto de Andreis, Francesco Alegiani, Silvio Centofanti e José Gomes Corrêa de Faria colaboraram nesta reforma do teatro. Esses três primeiros trabalharam na decoração interna do Theatro Amazonas, de novo com Crispim e de Angelis, inaugurado na virada de 1896 para 1897.

O Theatro da Paz foi reinaugurado em 2 de julho de 1890 com a apresentação da ópera A Sonâmbula, de Vicenzo Bellini, encenada pela Companhia Lírica Italiana, empresariada pelo maestro Gama Malcher (Diário do Notícias (PA), 2 de julho de 1890, quarta coluna).

Durante a gestão do governador Augusto Montenegro (1867 – 1915), foi realizada uma nova reforma no teatro, entre 1904 e 1905. Foi reaberto em 3 de maio de 1905, com a estreia da Companhia Lírica Italiana, de Donato Rotolli, com a ópera Tosca, pela primeira vez executada no Pará.  Em 1918, na segunda quinzena de março, foi apresentada no Theatro da Paz espetáculos da companhia de balé da grande bailarina russa Anna Pavlova (1881 – 1931) (Estado do Pará, 16 de março de 1918, segunda coluna).

 

Programa do espetáculo de Ana Pavlowa, 1918 / Acervo “Em março de 1918 Ana Pavlowa deslumbrou Belém com sua arte. O casal Hydéa e Luiz Maximino de Miranda Corrêa (…), que haviam recepcionado Ana Pavlowa em Belém, realizou uma viagem à América do...

 

Em 21 de junho de 1963, o Theatro da Paz foi tombado pelo serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que o considera um dos teatros-monumentos do Brasil.

Na década de 1970, passou por uma nova reforma, tendo sido reaberto, em 15 de fevereiro de 1975, com a comemoração dos 70 anos do maestro paraense Waldemar Henrique (1905 – 1995), que dirigiu o teatro por mais de 10 anos entre as décadas 60 e 70. Em 1977, foi de novo fechado para restauro e sua reabertura aconteceu em 15 de fevereiro de 1978, data de seu centenário, com a apresentação do coral Ettore Bosio (Correio Braziliense, 5 de fevereiro de 1978).

 

 

Durante as décadas de 80 e 90, foram realizados vários melhoramentos. Em 1996, foi formada a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz.

Passou, durante dois anos, por uma meticulosa restauração, tendo sido reaberto em abril de 2002 com a realização do 1º Festival de Ópera do Theatro da Paz. Ganhou dois pianos novos – um Yamaha Grand Konzert e um Steinway – e seu palco tornou-se desmontável para atender a diferentes tipos de espetáculo (Folha de São Paulo, de 19 de agosto de 2002).

Ao longo de seus mais de 100 anos de existência, já passaram por seu palco, dentre várias outras atrações, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Bibi Ferreira, Bidu Sayão, Cacilda Becker, Fernanda Montenegro, Francisco Mignoni, Glauce Rocha, Guiomar Novaes, Henritte Morineau, Margarida Lopes de Almeida, Maria Della Costa, Maria Lucia Godoy, Miguel Proença, Natalia Thimberg, Nelson Freire, Paulo Autran, Procópio Ferreira, Renato Vianna, Tamara Taumonova, Tito Schipa, Tonia Carrero, Waldemar Henrique, além do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, do Ballet Kirov, dos Les Etoilles de l’Opera de Paris e do Ballet Stagium.

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Fontes:

Arquivo Público do Estado do Maranhão

BRITO, Maria. Arte no Theatro da Paz.

CABRAL, Luisa. Theatro da Paz e Waldemar Henrique. Portal LIV – Arte e Cultural, 15 de fevereiro de 2011.

Biblioteca do IBGE

Guia das Artes de Belém do Pará

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

SALLES, Vicente. A música e o tempo no Grão Pará. Belém: Cons. Est. de Cultura, 1980

SALLES, Vicente. Theatro da Paz – tempo e gente.

SILVA, Aline Costa da. José Veríssimo: seus anos de formação (1877 – 1891). Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras do Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará, para obtenção do grau de Doutorado em Letras (Área de Concentração: Estudos Literários), 2021.

SOUZA, Roseane Silveira de. Teatro da Paz: histórias invisíveis em Belém do grão-Pará. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, dezembro de 2010.

Site Fragmentos de Belém

Site IPatrimônio

Site Theatro da Paz

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas 

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 1921

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro, publicado em 27 de março de 2023

Dia do Cinema Brasileiro, publicado em 19 de junho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 5 de setembro de 2023

Crianças no carnaval carioca de 1933 por Guilherme Santos

Com uma estereoscopia divertida de crianças fantasiadas no carnaval carioca de 1933, produzida pelo fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966), a Brasiliana Fotográfica celebra a folia momesca e elenca para seus leitores sete artigos já publicados no portal sobre a festa, que é considerada, por muitos, como o maior show da Terra. Nos artigos, estão publicadas cenas de carnaval com imagens de foliões de diferentes décadas e estados do Brasil registrados por fotógrafos ainda não identificados, por Augusto Malta (1864 – 1957), Chichico Alkmin (1886 – 1978), Jean Manzon (1915 – 1990) e Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966). Evoé Momo! Salve o Carnaval!

 

 

Fotógrafo amador e colecionador, Guilherme Santos produziu mais de 20 mil imagens estereoscópicas entre os anos de 1906 e 1957, utilizando-se exclusivamente do sistema Verascope, um sistema de integração entre câmera e visor, que permitia ver imagens em 3D, produzidas a partir de duas fotos quase iguais, porém tiradas de ângulos um pouco diferentes. Eram impressas em uma placa de vidro e reproduziam a sensação de profundidade de maneira bem próxima da visão real. Antes dele, entre os anos de 1855 e 1862, o “Photographo da Casa Imperial”, Revert Henrique Klumb (1826 – c. 1886), favorito da imperatriz Teresa Christina e professor de fotografia da princesa Isabel, havia produzido vários registros utilizando a técnica da estereoscopia. A Casa Leuzinger também produziu fotografias estereoscópicas.

 

Links para artigos sobre carnaval já publicados na Brasiliana Fotográfica

 

Imagem relacionada

O carnaval nas primeiras décadas do século XX, publicado em 5 de fevereiro de 2016

 

 

O carnaval do Cordão da Bola Preta, publicado em 9 de fevereiro de 2018

 

 

As Camélias Japonesas no carnaval de Alagoas pelas lentes do fotógrafo amador Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966, publicado em 21 de fevereiro de 2020

 

 

Cenas da folia em Manaus em 1913, publicado em 28 de fevereiro de 2020

 

 

Baile de Carnaval em Santa Teresa – Di Cavalcanti, Klixto e Helios Seelinger, na casa de Raul Pederneiras, publicado em 25 de fevereiro de 2022

 

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Baile de Carnaval, c. 1921. Santa Teresa, Rio de Janeiro / Acervo FBN Anotação manuscrito no verso da foto “63”: “baile de carnaval em casa de Raul no Largo dos Neves em Sta Tereza. Da esquerda: sentados (3) primeira fila: Di Cavalcanti, Amaro e Claudio Manuel da Costa – sentados (2ª fila) Luis Peixoto, Mario, Kalixto, Raul, o ator Brandão o popularíssimo, e Helios Seelinger. Em pé atraz: [sic] miranda, 3 deusas, Marques Pinheiro e outra deusa 1923″. – “mulher do Raul Pederneiras (Wanda)”

 

 O Rei Momo por Jean Manzon e por outros fotógrafos dos Diários Associados, publicado em 3 de fevereiro de 2023

 

 

Foliões do Carnaval de Diamantina por Chichico Alkmim, publicado em 17 de fevereiro de 2023

 

 

Acessando o link para as fotografias de Carnaval disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas

 

Leia aqui Carnavais de outrora, de Guilherme Tauil, publicado no Portal da Crônica Brasileira em 15 de fevereiro de 2024

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

O fotógrafo alemão Theodor Preising (1883 – 1962), “o viajante incansável”

Destacando imagens produzidas por Theodor Preising (1883 – 1962) do Rio de Janeiro, que se encontram no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica, este artigo vai contar um pouco da trajetória deste fotógrafo alemão que chegou ao Brasil, em 1923, e, inicialmente, fixou-se no Guarujá e depois seguiu para São Paulo. Foi um dos pioneiros no país na utilização de câmeras pequenas como a Leica e a Contax. Viajante incansável, como o denominou Kariny Grativol em sua Dissertação de Mestrado, Preising com apurado senso estético e grande domínio técnico fotografou diversas regiões do Brasil e produziu álbuns e cartões postais voltados para o turismo.

Tinha um espírito aventureiro, próprio dos fotojornalistas. Considerava-se um repórter fotográfico tanto que se associou, em 1937, ao Sindicato de Jornalistas de São Paulo. Com a divulgação de seu trabalho fotográfico em publicações como a Revista S. Paulo, o jornal Brasil Novo e a revista Travel in Brazil, que visavam tanto ao público nacional como ao estrangeiro, Preising contribuiu para a formação de uma imagem do país. Trabalhou como fotógrafo no Touring Club do Brasil e também no Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo. Ao final do artigo, está publicada uma cronologia do fotógrafo, a 66ª produzida pelo portal.

 

“Enfim, vejo no trabalho de Theodor Preising mais diversidade imagética e uma estética diferenciada, pois seu compromisso maior era produzir e distribuir uma fotografia que fosse encantadora e sintetizasse a cidade de São Paulo, mesmo que de forma fragmentada, para o cidadão, os visitantes e os turistas que por aqui passavam. Sua obra ainda permanece pouco conhecida, mas seus cartões postais e seus álbuns entraram para história da iconografia paulistana. Podemos ainda ampliar para todo o Brasil, já que Preising registrou diversas cidades brasileiras com a mesma intenção de sensibilizar o cidadão e o turista diante de tanta beleza natural e arquitetônica”.

Rubens Fernandes Jr, pesquisador, curador e crítico de fotografia

 Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

Encontram-se no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica os seguintes registros produzidos por Theodor Preising: da Avenida Rio Branco, do Corcovado, do Pão de Açúcar, do Jardim Botânico, da Praia de Copacabana, além de belas vistas de paisagens cariocas. Há ainda uma fotografia da Basílica de São Bento, em São Paulo. Mais uma vez recomendamos que

 

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de Theodor Preising disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

 

 

 

 

 

Breve perfil do fotógrafo alemão Theodor Preising (1883 – 1962)

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Nascido em Hildeshein, na Alemanha, em 3 de janeiro de 1883, Theodor Preising era filho de Fridrich e Maria Preising. Seu interesse por fotografia e turismo surgiu a partir de viagens que fazia com seu pai, que era maquinista de trem. Em 1908, casou-se com Elizabeth Elfriede Koesewitz (1874 – 1956) com quem teve três filhos: Úrsula, Carlos Frederico e Sibylle.

 

 

Possuía um estabelecimento fotográfico na Alemanha , quando foi convocado para atuar como fotógrafo no front da Primeira Guerra Mundial. Em 1916, tornou-se proprietário de uma filial da empresa Samson & Co., em Berlim, rede que possuía estabelecimentos fotográficos na Alemanha e em outros países da Europa.

 

 

 

 

Para fugir do caos da Alemanha do pós-guerra, decidiu emigrar e foi, primeiramente, entre março e abril de 1923, para a Argentina Em dezembro do mesmo ano, aportou em Santos, no dia 23, a bordo do navio Cap Polônio.

Inicialmente, fixou no Guarujá e comercializava materiais fotográficos como as câmeras Zeiss Ikon e Agfa; além de cartões postais, no Grande Hotel. Produziu cartões postais até o início da Segunda Guerra Mundial, quando estrangeiros de países do Eixo foram proibidos de fotografar externamente as cidades.

Em 1924, ele se transferiu para São Paulo, onde se estabeleceu na Rua Augusto Tolle, 2, com sua família que já se encontrava Brasil. Seus filhos passaram a auxiliá-lo no laboratório que ele havia montado e onde ele editava e produzia seus próprios cartões postais e álbuns de fotografia. Os textos dos cartões postais eram escritos por sua filha, Sibile. Vendia suas imagens para papelarias e casas fotográficas, como a Fotóptica, fundada pelo pai do fotógrafo Thomaz Farkas (1924 – 2011). Registrou a chegada de imigrantes à cidade, seu carnaval de rua, o dia a dia dos cafezais no interior do estado e a vida praiana de cidades litorâneas como o já mencionado Guarujá e Santos.

Em 11 de março 1927, abriu seu ateliê em São Paulo, na Rua Voluntários da Pátria, nº506, em Santana, na zona norte da cidade (Almanak Laemmert, 1931, segunda coluna).

Preising expôs, na Casa Rosenhain, na Rua de São Bento, álbuns e folhinhas com aspectos da vida paulista, principalmente (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1928, terceira coluna).

 

Entre 1928 e 1940, realizou diversos trabalhos fotográficos para a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, registrando fazendas no interior do Estado.

 

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

 

Na década de 1930, colaborou com o jornal O Estado de São Paulo, que então publicava um suplemento em rotogravura.

Em 1930, uma fotografia da Rua XV de Novembro de sua autoria foi publicada no artigo Gigantic Brazil and its Glittering Capital, na edição de julho/dezembro da National Geographic Magazine.

 

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National Geographic Magazine, julho/dezembro de 1930

 

Em 1930, voltou a expor na Casa Rosenhein. Referido como o proprietário da Photo Rotativo de São Paulo, foi elogiado seu amor e admiração pela natureza americana e suas fotos das cataratas do Iguaçu foram consideradas empolgantes (A Gazeta (SP), 20 de novembro de 1930, primeira coluna).

 

 

É de 1930 o registro abaixo de autoria de Preising, Chegada de imigrantes asiáticos.

 

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Theodor Preising. Chegada de imigrantes asiáticos, 1930. Santos, São Paulo / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

Entre esse ano e 1931, documentou a colonização de Londrina, no Paraná, contratado pela Companhia Terras Norte do Paraná. Em 1933, esteve no Paraná fotografando vários aspectos do estado (O Dia (PR), 5 de maio de 1933, última coluna). Ainda neste ano, seis fotografias de sua autoria foram mostradas na A Capital de S. Paulo, publicação distribuída pela Secretaria de Agricultura.

 

“Propaganda pelo turismo para o Brasil”

Slogan escrito em seus álbuns de fotografia

 

Em 1934, a bordo do navio Almirante Jaceguai, participou do Segundo Cruzeiro Econômico Turístico do Touring Club do Brasil, empresa para a qual então trabalhava. Produziu, além de registros dos sócios do Touring durante a viagem, uma grande documentação fotográfica, a partir de viagens para o Norte e para o Nordeste (Diário da Manhã (PE), 16 de maio de 1934, quinta colunaDiário de Pernambuco, 20 de maio de 1934, penúltima coluna).

Ele e o fotógrafo Benedito Junqueira Duarte, conhecido como B.J. Duarte (1910 – 1995), pseudônimo Vamp, eram os fotógrafos da Revista S. Paulo. Segundo Junqueira, apesar de Preising ser bem mais velho que ele, tinha um espírito de moço e uma agilidade profissional de adolescente. A publicação mensal foi lançada em 31 de dezembro de 1935 e fazia propaganda do governo de Armando de Sales Oliveira (1887 – 1945), em São Paulo. Seu projeto gráfico articulava imagem e texto de modo inovador. Foi a primeira revista paulistana a ser feita em rotogravura, o que conferia uma maior qualidade à reprodução dos registros fotográficos. A publicação privilegiava a imagem sobre o texto. (Correio Paulistano, 1º de janeiro de 1936, quarta coluna; O Estado de São Paulo, 18 de março de 1978, segunda coluna).

 

 

Era dirigida por Cassiano Ricardo (1895 – 1974), Leven Vampré (c. 1891 – 1956) e Menotti Del Picchia (1892 – 1988). Os livros de memórias de Cassiano, Menotti e Benedito mencionam a presença de Livio Abramo (1903-1992) como ilustrador da revista. Apenas o primeiro, identifica-o como “mestre da gravura, da fotomontagem e das estatísticas ilustradas a rigor…” (A revista S.PAULO: a cidade nas bancas por Ricardo Mendes). A revista S. Paulo circulou em 1936: sua periodicidade foi mensal até o oitavo número, passando a ser bimestral nos dois últimos. Neste mesmo ano, ele entrou com o pedido de sua naturalização como brasileiro.

 

 

 

Links para todas as edições da Revista S. Paulo (1936):

Janeiro / Fevereiro / Março / Abril / Maio / Junho / Julho / Agosto / Setembro e Outubro / Novembro e Dezembro

Neste ano, fotografou o carnaval de rua paulistano e um zeppelin que sobrevoou São Paulo,o dirigível Hindenburg .

 

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Theodor Preising. Carnaval na Av. São João, 1936. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

Theodor Preising. Passeio do dirigível Hindenburg pelo centro de São Paulo, 1936. São Paulo, SP / Foto publicada em O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

 

Em 1937, aderiu ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e enviou uma solicitação para que seu nome passasse a constar do quadro social da entidade (Correio Paulistano, 14 de maio de 1937, quinta coluna).

 

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Carteira do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo de Theodor Preising, matrícula 162 / Publicada em O Viajante incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Também neste ano, expôs fotografias no Pavilhão Brasileiro, na Exposição Universal de Paris de 1937, realizada entre 25 de maio e 25 de novembro de 1937. Contou com a participação de 44 países e foi visitada por cerca de 31 milhões de pessoas.

No ano seguinte, em setembro de 1938, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo realizou uma exposição sobre a cultura do algodão com imagens produzidas por ele. As fotos expostas foram publicadas em um número especial do Suplemento em Rotogravura do jornal, em março de 1939.

 

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O Estado de São Paulo, 6 de setembro de 1938

 

Em 6 de novembro de 1938, entrou para o serviço público tendo sido nomeado fotógrafo do Departamento de Propaganda e Publicidade (DPP), criado pouco antes como Serviço de Publicidade e Propaganda do Estado de São Paulo, dirigido por Menotti del Picchia.

Em 1939, Preising mudou-se com a família para a Rua Cedro, em Jabaquara, vizinho do amigo Benedito Junqueira Duarte, e passou a trabalhar na revista Brasil Novo, criada por Cassiano Ricardo e lançada em 1º de junho do mesmo ano. Também em 1939, aproximadamente 20 fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Travel in Brazil, Brazilian representation New York’s World Fair, lançada durante a Feira Mundial de Nova York, que tinha o tema Construindo o mundo de amanhã. O pavilhão brasileiro foi projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer (1907 – 2012) e Lúcio Costa (1902 – 1998). Preising foi um dos fotógrafos cujas obras foram expostas em fotomurais do Departamento Nacional do Café e numa mostra de paisagens brasileiras ao lado de registros realizados por Erich Hess (1911 – 1995), Fernando Guerra Duval  (18? – 1959), Max Rosenfeld (? – 1962), Paulino Botelho (1879 – 1948), Renato G. Palmeira (? -?) e pelo Studio Rembrandt. Por sua participação Preising recebeu um diploma conferido pela direção do evento entregue pela Secretaria de Governo de São Paulo (Correio Paulistano, 3 de novembro de 1940, quinta coluna).

Ainda em 1939, foi criado do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e, pouco depois, cada estado possuía um Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP). Em São Paulo, o DEIP incorporou o Departamento de Publicidade e Propaganda, onde Preising trabalhava. Ele atuou na Divisão de Turismo e Diversões Públicas e na Divisão de Divulgação para o serviço de reportagem da Agência Nacional.

Em 1940, produziu esse belo registro do Parque do Anhangabaú e do Viaduto do Chá.

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Theodor Preising. Parque Anhangabaú e o novo Viaduto do Chá, 1940. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 27 de fevereiro de 2018

Naturalizou-se brasileiro em janeiro de 1941. Certamente o fato de ser um servidor público e o envio de uma carta de Menotti del Picchia, em papel timbrado da Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo , a qual dirigia na ocasião, ao ministro da Justiça e Negócios Interiores, Francisco Campos (1891 – 1968), em 5 de agosto de 1939, influenciaram na obtenção de sua naturalização (A Batalha, 7 de janeiro de 1941, penúltima coluna).

“Tenho a honra de enviar a Vossa Excelência, para os devido fins, o requerimento em que THEODOR PREISING, de nacionalidade alemã, fotógrafo desta Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo, nomeado por ato de 6 de Novembro de 1938, solicita de Vossa Excelência a sua naturalização como cidadão brasileiro, nos termos do artigo 40, parágrafo 3º, do Decreto-lei 1.202, de 8 de Abril de 1939 e de conformidade com a portaria 2.108, de 6 de Julho último, desse Ministério.

Peço vênia a Vossa Excelência para esclarecer que o interessado já tem o seu pedido de naturalização encaminhado a esse Ministério, desde 1936.

Com as minhas expressões de respeito e simpatia, subscrevo-me de Vossa Excelência, admirador obrdo.

Menotti del Picchia

DIRETOR”

Entre 1941 e 1942, diversas fotos de sua autoria foram publicadas na revista Travel in Brazil. 

 

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Revista Travel in Brazil, 1941, volume 1 do Ano I

Na primeira edição da revista, em janeiro de 1941, publicação de foto de Preising no artigo Brazil, this wonderful land, de Cecília Meirelles (1901 – 1964).

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Brazil Travels, janeiro de 1941 / Foto de Preising

Na segunda edição, de fevereiro de 1941, publicação de fotos nos artigos The jewel of plant life: the orchid e Curitiba and the Paraná railway.

 

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Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Na edição de março de 1941, registros realizados por ele foram publicados no artigo São Paulo:  city of tourists, de Menotti del Picchia (1892 – 1988) e Petrópolis: summer capital of Brazil, de Vera Kelsey (1892 – 1961); na edição de abril de 1941, 11 fotos no artigo Ouro Preto: the old Villa Rica, de Manoel Bandeira (1886 – 1968); e, na edição de janeiro de 1942, as fotos do artigo Poços de Caldas  Wings over Brazil, de Henry Albert Phillips (1880 – 1951). A revista era publicada mensalmente e editada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do Rio de Janeiro.

Em 6 fevereiro de 1942, esteve presente ao enterro da mãe de Cassiano Ricardo (1895 – 1974), realizado no Rio de Janeiro (A Manhã, 7 de fevereiro de 1942, penúltima coluna). Em torno deste ano, associou-se ao Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) – fundado em 1939 e celeiro da fotografia moderna no Brasil – e participou de vários Salões de Fotografia, nacionais e internacionais.

Em 1943, sua fotografia Força da Natureza, ganhou, na categoria Paisagem, o 4º prêmio no II Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante. O fotógrafo Thomas Farkas (1924 – 2011) ganhou o primeiro lugar na categoria Arquitetura e recebeu um menção honrosa na categoria Composição. Preising foi o organizador, pelo Departamento Estadual de Imprensa e Publicidade, de  um estande de fotografias documentais do progresso de São Paulo, em um anexo ao Salão (Correio Paulistano, 31 de agosto de 1943, primeira coluna; Correio Paulistano, 28 de setembro de 1943, terceira coluna).

 

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Ainda em 1943,  participou de uma exposição na Galeria Prestes Maia com as fotos Força da NaturezaRefúgio das Almas, Silêncio, Sombra e Luz e Vida do Mar. Esta última representou o Foto Clube Bandeirante no Salão de Londres em 1944. Também em 1944, fotos de sua autoria foram publicadas na Revista Industrial de São Paulo, dirigida por Honório de Sylos (1901 – 1993) e no Observador Econômico e Financeiro do Rio de Janeiro – registros de São Paulo, do porto de Santos, de cafezal, de agricultora e de bambuzal (Observador Econômico e Financeiro, janeiro de 1944 , janeiro de 1944, maio de 1944, maio de 1944, junho de 1944, junho de 1944, junho de 1944).

Em 1945, com o fim do Estado Novo o DEIP passou a chamar-se Departamento Estadual de Informações (DEI) e a a Divisão de Turismo e Diversões Públicas passou a chamar-se Divisão de Turismo e Expansão Social. A Divisão de Divulgação manteve o nome.

Preising participou do IV Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante, realizado entre novembro e dezembro de 1945, na Galeria Prestes Maia – primeira edição internacional -, com seis fotografias: Bicho de Seda, Contra Luz, Faíscas, Fornalha, Metal Líquido e Tropical. Seu ensaio fotográfico Jabaquara, com sete imagens, ficou entre os finalistas do 2º Prêmio Anchieta. (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1945, quinta coluna).

Na publicação São Paulo, realizada pelo DEI, em 1946, fotos de sua autoria não creditadas foram publicadas.

Em 1946 e 1947, respectivamente, suas fotografias Silêncio, Sombra e LuzMinha Terra tem Palmeiras representaram o FCCB. A primeira no V Salão de Santa Fé, na Argentina; e a segunda, no VI Salão de Barcelona, na Espanha.

No livro Gente e Terra do Brasil, documentário fotográfico organizado pelo livreiro austríaco naturalizado brasileiro Erich Eichner (1906 – 1974), quinto volume da Coleção de Temas Brasileiros da Livraria Kosmos Editora, lançado, provavelmente, em 1947, com síntese histórica e econômica de John Knox (? – ?) e prefácio do jornalista, político, professor e pesquisador Carlos Rizzini (1898 – 1972), das 128 imagens publicadas, 30 eram de autoria de Preising. Havia também fotos de Carlos Moskovics (1916 – 1988), Erich Hess (1911 – 1995), Hans Gunter Flieg (1923-), Hildegard Rosenthal (1913 – 1990), José Medeiros (1921 – 1990), Peter Scheier (1908 – 1979) e Thomaz Farkas (1924 – 2011), dentre outros. Algumas imagens eram provenientes do arquivo da Panair. O livro era traduzido para o inglês, francês e espanhol (Correio da Manhã, 2 de dezembro de 1947, quinta coluna).

 

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Foram de sua autoria as fotografias dos cadernos de turismo sobre Campos do Jordão, de 1947, e sobre Itanhaem, de 1948, produzidos por intermédio da Divisão de Turismo e Expansão Cultural do Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo. Os textos eram do jornalista e folclorista Helio Damante (1919 – 2002 ) e as ilustrações de Aldemir Martins (1922 – 2006), no de Campos do Jordão;  de Tarsila do Amaral (1883 – 1976), no de Itanhaem (Jornal de Notícias, 12 de novembro de 1947, quinta coluna). A reprodução desses dois álbuns está publicada entre as páginas 133 e 144 da dissertação Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de c.

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Em 1948, o DEI foi extinto e ele passou a ser o fotógrafo titular da Secretaria Estadual dos Negócios do Governo de São Paulo. Em torno deste ano começou a tirar licenças médicas devido ao Mal de Parkinson, que deu seus primeiros sinais em torno de 1945.

Foi nomeado, em maio de 1949, para trabalhar no Laboratório de Polícia Técnica da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Ainda neste ano foi trabalhar como fotógrafo do Departamento de Cultura e Ação Social da Reitoria da Universidade de São Paulo. Aposentou-se do serviço público estadual em 1954.

Nos álbuns de fotografias Isto é o Rio de Janeiro Isto é a Bahia, ambos da Editora Melhoramentos e publicados em 1955, com textos em inglês, francês, português, italiano e alemão, fotos de sua autoria assim como de Alice Brill (1920 – 2013), dentre outros, foram publicadas (O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955; Diário de Notícias, 11 de agosto de 1955, segunda coluna).

 

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

 

Faleceu em 24 de julho de 1962, em sua casa, em São Paulo.

Em 2003, fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Rio de Janeiro 1900 – 1930: uma crônica fotográfica, de George Ermakoff, G. Ermakoff Casa Editorial, Rio de Janeiro.

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No ano seguinte, integrou a exposição São Paulo 450 anos: a imagem e a memória da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles, realizada entre 23 de janeiro e 27 de junho de 2004, no Centro Cultural da Fiesp, em São Paulo, e teve fotos de sua autoria publicadas no Cadernos de Fotografia Brasileira São Paulo 450 anos, editado pelo IMS.

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Também em 2004, integrou a Coleção Pirelli-Masp de Fotografia, 13˚ edição, com sete fotografias, que foram incorporadas ao Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 2004).

Em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, em 2008, realização da exposição individual Uruguaiana de 1932 de Theodor Preising, no Centro Cultural Dr. Pedro Marini, com a curadoria de Douglas Aptekmann, seu bisneto.

Em 2010, no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com curadoria de Emanoel Araújo (1940 – 2022), realização da exposição São Paulo, Terra, Alma e Memória com fotos de Preising e de Guilherme Gaesnly (1843 – 1928) em comemoração ao aniversário de São Paulo (O Estado de São Paulo, 19 de março de 2010).

Em 2011, foi o tema da Dissertação de Mestrado Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de Kariny Grativol, orientada pelo professor Boris Kossoy, na Universidade de São Paulo. Voltou, em 2016, a ser tema de uma Dissertação de Mestrado realizada na USP, Fotografia Profissional, arquivo e circulação: a produção de Theodor Preising em São Paulo (1920 – 1940), de Eric Danzi Lemos, orientado pela professora Solange Ferraz de Lima. Estes trabalhos foram importantes fontes de pesquisa para a elaboração deste artigo.

Entre 8 de outubro de 2011 e 11 de março de 2012, foi um dos fotógrafos cujos trabalhos foram exibidos na exposição Percursos e Afetos. Fotografias 1928-2011 – Coleção Rubens Fernandes Junior, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com a curadoria de Diógenes Moura (19?-).

No Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2012, Preising foi um dos integrantes da exposição coletiva Um olhar sobre o Brasil a fotografia na construção da imagem da Nação 1833-2003 com curadoria de Boris Kossoy (1941-) e Lilia Schwarcz (1957-). Uma foto de sua autoria foi publicada no livro homônimo, editado pela Fundación Mafre, de Madrid; e pela Objetiva, do Rio de Janeiro.

 

 

Com curadoria de Paulo Herkenhoff, realização, na OCA, em São Paulo, da exposição Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, entre 25 de maio e 13 de agosto de 2017, com a participação de Preising. Outros conjuntos de fotografias expostos foram de Claudio Edinger (1952-), Cristiano Mascaro (1944-) e German Lorca (1922 – 2021). Também neste ano, fotos de sua autoria foram publicadas no livro História do Brasil em 100 fotografias, organizado por Ana Cecília Impellizieri (1978-) e editado pela Bazar do Tempo.

Entre 25 de janeiro e 25 de março de 2018, realização da exposição São Paulo: sinfonia de uma metrópole, com fotos de Theodor Preising, na Galeria de Fotos do Centro Cultural da Fiesp, sob a curadoria de Rubens Fernandes Jr. (1949-). O título da exposição é homônimo ao documentário dos húngaros Adalberto Kemeny (1901 – 1969) e Rudolf Lustig (1901 – 1970), de 1929, exibido durante a mostra, sobre o processo de modernização da paisagem social e urbana da capital paulistana, que tem como referência o filme Berlim – sinfonia da metrópole (1927), de Walter Ruttman (1887 – 1941) (O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018).

Em 2021, realização de duas exposições em torno da obra de Preising, ambas curadas por Rubens Fernandes Junior: entre 27 de julho e 28 de agosto, Theodor Preising Um Olhar Moderno – São Paulo, na Unibes Cultural, em São Paulo; entre 14 de agosto e 19 de setembro, Theodor Preising Um Olhar Moderno – Santos, na Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos.

A parte mais importante da obra de Preising, cerca de 15 mil fotografias, encontra-se sob a guarda de seu bisneto Douglas Aptekmann e Lucia Aptekmann. Um levantamento preliminar deste acervo está publicado na dissertação Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de Kariny Grativol, entre as páginas 120 e 126.

Há também fotos de sua autoria nos acervos do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, no Museu do Café, em Santos; em arquivos públicos de Cambé e Londrina, no Paraná, e Ribeirão Preto, em São Paulo; no Masp, e na Biblioteca Nacional, no Instituto Moreira Salles e na FGV CPDOC, no Rio de Janeiro.
Acesse aqui a Cronologia de Theodor Preising (1883 – 1962).

 

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Preising no Guarujá / Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Fontes:

Enciclopédia Itaú Cultural

FERNANDES JR, Rubens. Rubens Fernandes Jr, curador da exposição São Paulo: Sinfonia de uma metrópole, comenta a obra do fotógrafo Theodor PreisingRevista Zum, 27 de fevereiro de 2018.

GRATIVOL, Kariny. Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MENDES, Ricardo .A revista S. Paulo: a cidade nas bancas. IMAGENS, Unicamp, dezembro de 1994 (a partir de trabalho apresentado no V Congresso Brasileiro de História da Arte, 1993).

LEMOS, Eric Danzi. Fotografia profissional, arquivo e circulação: a produção de Theodor Preising em São Paulo (1920-1940). 2016. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

O Estado de São Paulo

Site Theodor Preising

Cronologia de Theodor Preising (1883 – 1962)

 

Cronologia de Theodor Preising (1883 – 1962)

 

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1883 - Theodor Preising nasceu em 3 de janeiro, em em Hildeshein, na Alemanha, filho de Fridrich e Maria Preising. Seu interesse por fotografia e turismo surgiu a partir de viagens que fazia com seu pai, que era maquinista de trem.

1908 – Casou-se com Elizabeth Elfriede Koesewitz (1874 – 1956) com quem teve três filhos: Úrsula, Carlos Frederico e Sibylle.

 

 

c. 1914 – Possuía um estabelecimento fotográfico na Alemanha , quando foi convocado para atuar como fotógrafo no front da Primeira Guerra Mundial.

1916 –  Tornou-se proprietário de uma filial da empresa Samson & Co., em Berlim, rede que possuía estabelecimentos fotográficos na Alemanha e em outros países da Europa.

 

 

1923 -  Para fugir do caos da Alemanha do pós-guerra, decidiu emigrar e foi, primeiramente, entre março e abril, para a Argentina. Em dezembro, no dia 23, aportou em Santos, a bordo do navio Cap Polônio.

Inicialmente, fixou no Guarujá e comercializava materiais fotográficos como as câmeras Zeiss Ikon e Agfa; além de cartões postais, no Grande Hotel. Produziu cartões postais até o início da Segunda Guerra Mundial, quando estrangeiros de países do Eixo foram proibidos de fotografar externamente as cidades.

1924 – Transferiu-se para São Paulo, onde se estabeleceu na Rua Augusto Tolle, 2, com sua família que já se encontrava Brasil. Seus filhos passaram a auxiliá-lo no laboratório que ele havia montado e onde ele editava e produzia seus próprios cartões postais e álbuns de fotografia. Os textos dos cartões postais eram escritos por sua filha, Sibile. Vendia suas imagens para papelarias e casas fotográficas, como a Fotóptica, fundada pelo pai do fotógrafo Thomaz Farkas (1924 – 2011). Registrou a chegada de imigrantes à cidade, seu carnaval de rua, o dia a dia dos cafezais no interior do estado e a vida praiana de cidades litorâneas como o já mencionado Guarujá e Santos.

1927 – Abriu seu ateliê em São Paulo, na Rua Voluntários da Pátria, nº506, em Santana, na zona norte da cidade (Almanak Laemmert, 1931, segunda coluna).

1928 – Preising expôs, na Casa Rosenhain, na Rua de São Bento, álbuns e folhinhas com aspectos da vida paulista, principalmente (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1928, terceira coluna).

 

 

Entre este ano e 1940, realizou diversos trabalhos fotográficos para a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, registrando fazendas no interior do Estado.

 

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

 

Década de 1930 – Colaborou com o jornal O Estado de São Paulo, que então publicava um suplemento em rotogravura.

1930 - Uma fotografia da Rua XV de Novembro de sua autoria foi publicada no artigo Gigantic Brazil and its Glittering Capital, na edição de julho/dezembro da National Geographic Magazine.

 

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National Geographic Magazine, julho/dezembro de 1930

 

Voltou a expor na Casa Rosenhein. Referido como o proprietário da Photo Rotativo de São Paulo, foi elogiado seu amor e admiração pela natureza americana e suas fotos das cataratas do Iguaçu foram consideradas empolgantes (A Gazeta (SP), 20 de novembro de 1930, primeira coluna).

 

 

É também deste ano o registro abaixo de autoria de Preising, Chegada de imigrantes asiáticos.

 

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Theodor Preising. Chegada de imigrantes asiáticos, 1930. Santos, São Paulo / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

Seis fotografias de sua autoria foram mostradas na A Capital de S. Paulo, publicação distribuída pela Secretaria de Agricultura.

Entre 1930 e 1931, documentou a colonização de Londrina, no Paraná, contratado pela Companhia Terras Norte do Paraná. Em 1933, esteve no Paraná fotografando vários aspectos do estado (O Dia (PR), 5 de maio de 1933, última coluna)

1934 - A bordo do navio Almirante Jaceguai, participou do Segundo Cruzeiro Econômico Turístico do Touring Club do Brasil, empresa para a qual então trabalhava. Produziu, além de registros dos sócios do Touring durante a viagem, uma grande documentação fotográfica, a partir de viagens para o Norte e para o Nordeste (Diário da Manhã (PE), 16 de maio de 1934, quinta colunaDiário de Pernambuco, 20 de maio de 1934, penúltima coluna).

1936 – Ele e o fotógrafo Benedito Junqueira Duarte, conhecido como B.J. Duarte (1910 – 1995), pseudônimo Vamp, eram os fotógrafos da Revista S. Paulo. Segundo Junqueira, apesar de Preising ser bem mais velho que ele, tinha um espírito de moço e uma agilidade profissional de adolescente. A publicação mensal foi lançada em 31 de dezembro de 1935 e fazia propaganda do governo de Armando de Sales Oliveira (1887 – 1945), em São Paulo. Seu projeto gráfico articulava imagem e texto de modo inovador. Foi a primeira revista paulistana a ser feita em rotogravura, o que conferia uma maior qualidade à reprodução dos registros fotográficos. A publicação privilegiava a imagem sobre o texto. (Correio Paulistano, 1º de janeiro de 1936, quarta colunaO Estado de São Paulo, 18 de março de 1978, segunda coluna).

 

 

Era dirigida por Cassiano Ricardo (1895 – 1974), Leven Vampré (c. 1891 – 1956) e Menotti Del Picchia (1892 – 1988). Os livros de memórias de Cassiano, Menotti e Benedito mencionam a presença de Livio Abramo (1903-1992) como ilustrador da revista. Apenas o primeiro, identifica-o como “mestre da gravura, da fotomontagem e das estatísticas ilustradas a rigor…” (A revista S.PAULO: a cidade nas bancas por Ricardo Mendes). A revista S. Paulo circulou em 1936: sua periodicidade foi mensal até o oitavo número, passando a ser bimestral nos dois últimos. Neste mesmo ano, ele entrou com o pedido de sua naturalização como brasileiro.

 

 

 

Links para todas as edições da Revista S. Paulo (1936):

Janeiro / Fevereiro / Março / Abril Maio / Junho / Julho / Agosto / Setembro e Outubro / Novembro e Dezembro

Fotografou o carnaval de rua paulistano e um zeppelin que sobrevoou São Paulo,o dirigível Hindenburg .

 

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Theodor Preising. Carnaval na Av. São João, 1936. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

Theodor Preising. Passeio do dirigível Hindenburg pelo centro de São Paulo, 1936. São Paulo, SP / Foto publicada em O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

 

1937 – Aderiu ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e enviou uma solicitação para que seu nome passasse a constar do quadro social da entidade (Correio Paulistano, 14 de maio de 1937, quinta coluna).

 

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Carteira do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo de Theodor Preising, matrícula 162 / Publicada em O Viajante incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Expôs fotografias no Pavilhão Brasileiro, na Exposição Universal de Paris de 1937, realizada entre 25 de maio e 25 de novembro de 1937. Contou com a participação de 44 países e foi visitada por cerca de 31 milhões de pessoas.

1938 – Em setembro, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo realizou uma exposição sobre a cultura do algodão com imagens produzidas por ele. As fotos expostas foram publicadas em um número especial do Suplemento em Rotogravura do jornal, em março de 1939.

 

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O Estado de São Paulo, 6 de setembro de 1938

 

Em 6 de novembro, entrou para o serviço público tendo sido nomeado fotógrafo do Departamento de Propaganda e Publicidade (DPP), criado pouco antes como Serviço de Publicidade e Propaganda do Estado de São Paulo, dirigido por Menotti del Picchia.

1939 - Preising mudou-se com a família para a Rua Cedro, em Jabaquara, vizinho do amigo Benedito Junqueira Duarte.

Passou a trabalhar na revista Brasil Novo, criada por Cassiano Ricardo e lançada em 1º de junho do mesmo ano.

Aproximadamente 20 fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Travel in Brazil, Brazilian representation New York’s World Fair, lançada durante a Feira Mundial de Nova York, que tinha o tema Construindo o mundo de amanhã. O pavilhão brasileiro foi projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer (1907 – 2012) e Lúcio Costa (1902 – 1998). Preising foi um dos fotógrafos cujas obras foram expostas em fotomurais do Departamento Nacional do Café e numa mostra de paisagens brasileiras ao lado de registros realizados por Erich Hess (1911 – 1995), Fernando Guerra Duval  (18? – 1959), Max Rosenfeld (? – 1962), Paulino Botelho (1879 – 1948), Renato G. Palmeira (? -?) e pelo Studio Rembrandt. Por sua participação Preising recebeu um diploma conferido pela direção do evento entregue pela Secretaria de Governo de São Paulo (Correio Paulistano, 3 de novembro de 1940, quinta coluna).

Foi criado do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e, pouco depois, cada estado possuía um Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP). Em São Paulo, o DEIP incorporou o Departamento de Publicidade e Propaganda, onde Preising trabalhava. Ele atuou na Divisão de Turismo e Diversões Públicas e na Divisão de Divulgação para o serviço de reportagem da Agência Nacional.

1940 - Produziu esse belo registro do Parque do Anhangabaú e do Viaduto do Chá.

 

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Theodor Preising. Parque Anhangabaú e o novo Viaduto do Chá, 1940. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 27 de fevereiro de 2018

 

1941 - Naturalizou-se brasileiro em janeiro. Certamente o fato de ser um servidor público e o envio de uma carta de Menotti del Picchia, em papel timbrado da Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo , a qual dirigia na ocasião, ao ministro da Justiça e Negócios Interiores, Francisco Campos (1891 – 1968), em 5 de agosto de 1939, influenciaram na obtenção de sua naturalização (A Batalha, 7 de janeiro de 1941, penúltima coluna).

 

“Tenho a honra de enviar a Vossa Excelência, para os devido fins, o requerimento em que THEODOR PREISING, de nacionalidade alemã, fotógrafo desta Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo, nomeado por ato de 6 de Novembro de 1938, solicita de Vossa Excelência a sua naturalização como cidadão brasileiro, nos termos do artigo 40, parágrafo 3º, do Decreto-lei 1.202, de 8 de Abril de 1939 e de conformidade com a portaria 2.108, de 6 de Julho último, desse Ministério.

Peço vênia a Vossa Excelência para esclarecer que o interessado já tem o seu pedido de naturalização encaminhado a esse Ministério, desde 1936.

Com as minhas expressões de respeito e simpatia, subscrevo-me de Vossa Excelência, admirador obrdo.

Menotti del Picchia

DIRETOR”

 

1941 / 1942 –  Diversas fotos de sua autoria foram publicadas na revista Travel in Brazil. 

 

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Revista Travel in Brazil, 1941, volume 1 do Ano I

 

Na primeira edição da revista, em janeiro de 1941, publicação de foto de Preising no artigo Brazil, this wonderful land, de Cecília Meirelles (1901 – 1964).

 

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Brazil Travels, janeiro de 1941 / Foto de Preising

 

Na segunda edição, de fevereiro de 1941, publicação de fotos nos artigos The jewel of plant life: the orchid e Curitiba and the Paraná railway.

 

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Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Na edição de março de 1941, registros realizados por ele foram publicados no artigo São Paulo:  city of tourists, de Menotti del Picchia (1892 – 1988) e Petrópolis: summer capital of Brazil, de Vera Kelsey (1892 – 1961); na edição de abril de 1941, 11 fotos no artigo Ouro Preto: the old Villa Rica, de Manoel Bandeira (1886 – 1968); e, na edição de janeiro de 1942, as fotos do artigo Poços de Caldas  Wings over Brazilde Henry Albert Phillips (1880 – 1951). A revista era publicada mensalmente e editada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do Rio de Janeiro.

Em 6 fevereiro de 1942, esteve presente ao enterro da mãe de Cassiano Ricardo (1895 – 1974), realizado no Rio de Janeiro (A Manhã, 7 de fevereiro de 1942, penúltima coluna). Em torno deste ano, associou-se ao Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) – fundado em 1939 e celeiro da fotografia moderna no Brasil – e participou de vários Salões de Fotografia, nacionais e internacionais.

1943 – Sua fotografia Força da Natureza, ganhou, na categoria Paisagem, o 4º prêmio no II Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante (FCCB). O fotógrafo Thomas Farkas (1924 – 2011) ganhou o primeiro lugar na categoria Arquitetura e recebeu um menção honrosa na categoria Composição. Preising foi o organizador, pelo Departamento Estadual de Imprensa e Publicidade, de  um estande de fotografias documentais do progresso de São Paulo, em um anexo ao Salão (Correio Paulistano, 31 de agosto de 1943, primeira colunaCorreio Paulistano, 28 de setembro de 1943, terceira coluna).

 

 

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Participou de uma exposição na Galeria Prestes Maia com as fotos Força da NaturezaRefúgio das AlmasSilêncioSombra e Luz e Vida do Mar. Esta última representou o Foto Clube Bandeirante no Salão de Londres em 1944.

Fotos de sua autoria foram publicadas na Revista Industrial de São Paulo, dirigida por Honório de Sylos (1901 – 1993) e no Observador Econômico e Financeiro do Rio de Janeiro – registros de São Paulo, do porto de Santos, de cafezal, de agricultora e de bambuzal (Observador Econômico e Financeirojaneiro de 1944 , janeiro de 1944maio de 1944maio de 1944, junho de 1944, junho de 1944junho de 1944).

1945 – Com o fim do Estado Novo o DEIP passou a chamar-se Departamento Estadual de Informações (DEI) e a a Divisão de Turismo e Diversões Públicas passou a chamar-se Divisão de Turismo e Expansão Social. A Divisão de Divulgação manteve o nome.

Preising participou do IV Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante, realizado entre novembro e dezembro de 1945, na Galeria Prestes Maia – primeira edição internacional -, com seis fotografias: Bicho de SedaContra Luz, Faíscas, Fornalha,  Metal Líquido e Tropical (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1945, quinta coluna).

Seu ensaio fotográfico Jabaquara, com sete imagens, ficou entre os finalistas do 2º Prêmio Anchieta.

1946 – Na publicação São Paulo, realizada pelo DEI, fotos de sua autoria não creditadas foram publicadas.

Sua fotografia Silêncio, Sombra e Luz representou o FCCB no V Salão de Santa Fé na Argentina.

1947 – Sua fotografia Minha Terra tem Palmeiras representou o FCCB, no VI Salão de Barcelona, na Espanha.

c. 1947 - No livro Gente e Terra do Brasil, documentário fotográfico organizado pelo livreiro austríaco naturalizado brasileiro Erich Eichner (1906 – 1974), quinto volume da Coleção de Temas Brasileiros da Livraria Kosmos Editora, lançado, provavelmente, em 1947, com síntese histórica e econômica de John Knox (? – ?) e prefácio do jornalista, político, professor e pesquisador Carlos Rizzini (1898 – 1972), das 128 imagens publicadas, 30 eram de autoria de Preising. Havia também fotos de Carlos Moskovics (1916 – 1988), Erich Hess (1911 – 1995), Hans Gunter Flieg (1923-), Hildegard Rosenthal (1913 – 1990), José Medeiros (1921 – 1990), Peter Scheier (1908 – 1979) e Thomaz Farkas (1924 – 2011), dentre outros. Algumas imagens eram provenientes do arquivo da Panair. O livro era traduzido para o inglês, francês e espanhol (Correio da Manhã, 2 de dezembro de 1947, quinta coluna).

 

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Foram de sua autoria as fotografias dos cadernos de turismo sobre Campos do Jordão, de 1947, e sobre Itanhaem, de 1948, produzidos por intermédio da Divisão de Turismo e Expansão Cultural do Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo. Os textos eram do jornalista e folclorista Helio Damante (1919 – 2002 ) e as ilustrações de Aldemir Martins (1922 – 2006), no de Campos do Jordão;  de Tarsila do Amaral (1883 – 1976), no de Itanhaem (Jornal de Notícias, 12 de novembro de 1947, quinta coluna). A reprodução desses dois álbuns está publicada entre as páginas 133 e 144 da dissertação Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de c.

 

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1948 – O DEI foi extinto e ele passou a ser o fotógrafo titular da Secretaria Estadual dos Negócios do Governo de São Paulo. Em torno deste ano começou a tirar licenças médicas devido ao Mal de Parkinson, que deu seus primeiros sinais em torno de 1945.

1949 - Em maio foi nomeado para trabalhar no Laboratório de Polícia Técnica da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Ainda neste ano foi trabalhar como fotógrafo do Departamento de Cultura e Ação Social da Reitoria da Universidade de São Paulo.

1954 – Aposentou-se do serviço público estadual.

1955 – Nos álbuns de fotografias Isto é o Rio de Janeiro Isto é a Bahia, ambos da Editora Melhoramentos com textos em inglês, francês, português, italiano e alemão, fotos de sua autoria assim como de Alice Brill (1920 – 2013), dentre outros, foram publicadas (O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955; Diário de Notícias, 11 de agosto de 1955, segunda coluna).

 

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

 

1962 - Faleceu em 24 de julho, em sua casa, em São Paulo.

2003 - Fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Rio de Janeiro 1900 – 1930: uma crônica fotográfica, de George Ermakoff, G. Ermakoff Casa Editorial, Rio de Janeiro.

 

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2004 - Integrou a exposição São Paulo 450 anos: a imagem e a memória da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles, realizada entre 23 de janeiro e 27 de junho de 2004, no Centro Cultural da Fiesp, em São Paulo, e teve fotos de sua autoria publicadas no Cadernos de Fotografia Brasileira São Paulo 450 anos, editado pelo IMS.

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Integrou a Coleção Pirelli-Masp de Fotografia, 13˚ edição, com sete fotografias, que foram incorporadas ao Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 2004).

2008 – Em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, realização da exposição individual Uruguaiana de 1932 de Theodor Preising, no Centro Cultural Dr. Pedro Marini, com a curadoria de Douglas Aptekmann, seu bisneto.

2010 – No Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com curadoria de Emanoel Araújo (1940 – 2022), realização da exposição São Paulo, Terra, Alma e Memória com fotos de Preising e de Guilherme Gaesnly (1843 – 1928) em comemoração ao aniversário de São Paulo (O Estado de São Paulo, 19 de março de 2010).

2011 - Foi o tema da Dissertação de Mestrado Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de Kariny Grativol, orientada pelo professor Boris Kossoy, na Universidade de São Paulo.

Entre 8 de outubro de 2011 e 11 de março de 2012, foi um dos fotógrafos cujos trabalhos foram exibidos na exposição Percursos e Afetos. Fotografias 1928-2011 – Coleção Rubens Fernandes Junior, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com a curadoria de Diógenes Moura (19?-).

2012 - No Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Preising foi um dos integrantes da exposição coletiva Um olhar sobre o Brasil a fotografia na construção da imagem da Nação 1833-2003 com curadoria de Boris Kossoy (1941-) e Lilia Schwarcz (1957-). Uma foto de sua autoria foi publicada no livro homônimo, editado pela Fundación Mafre, de Madrid; e pela Objetiva, do Rio de Janeiro.

 

 

2016 – Foi o tema de uma Dissertação de Mestrado realizada na USP, Fotografia Profissional, arquivo e circulação: a produção de Theodor Preising em São Paulo (1920 – 1940), de Eric Danzi Lemos, orientado pela professora Solange Ferraz de Lima.

2017 - Com curadoria de Paulo Herkenhoff, realização, na OCA, em São Paulo, da exposição Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, entre 25 de maio e 13 de agosto, com a participação de Preising. Outros conjuntos de fotografias expostos foram de Claudio Edinger (1952-), Cristiano Mascaro (1944-) e German Lorca (1922 – 2021). Também neste ano, fotos de sua autoria foram publicadas no livro História do Brasil em 100 fotografias, organizado por Ana Cecília Impellizieri (1978-) e editado pela Bazar do Tempo.

2018 - Entre 25 de janeiro e 25 de março, realização da exposição São Paulo: sinfonia de uma metrópole, com fotos de Theodor Preising, na Galeria de Fotos do Centro Cultural da Fiesp, sob a curadoria de Rubens Fernandes Jr. (1949-). O título da exposição é homônimo ao documentário dos húngaros Adalberto Kemeny (1901 – 1969) e Rudolf Lustig (1901 – 1970), de 1929, exibido durante a mostra, sobre o processo de modernização da paisagem social e urbana da capital paulistana, que tem como referência o filme Berlim – sinfonia da metrópole (1927), de Walter Ruttman (1887 – 1941) (O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018).

2021 – Realização de duas exposições em torno da obra de Preising, ambas curadas por Rubens Fernandes Junior: entre 27 de julho e 28 de agosto, Theodor Preising Um Olhar Moderno – São Paulo, na Unibes Cultural, em São Paulo; entre 14 de agosto e 19 de setembro, Theodor Preising Um Olhar Moderno – Santos, na Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos.

 

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Preising no Guarujá / Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica