Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – “Alguma coisa acontece no meu coração”, a Avenida São João nos 469 anos de São Paulo

“Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João”. Assim começa Sampa, do compositor Caetano Veloso, uma das mais belas canções sobre a São Paulo – foi lançada no álbum Muito – Dentro da Estrela Azulada, em 1978. Então, para homenagear os 469 anos de fundação da cidade, a Brasiliana Fotográfica destaca uma foto aérea da Avenida São João, do acervo do Museu Aeroespacial, uma de suas instituições parceiras, além de registros da cidade realizados por Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905) e Guilherme Gaensly (1843 – 1948) na publicação do 16º artigo da Série “Avenidas e ruas do Brasil”.

Destacamos também artigos já publicados no portal sobre a cidade, que foi fundada em 25 de janeiro 1554 com a celebração de uma missa que oficializou a criação de um colégio jesuíta, no alto de uma colina entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, por 12 padres, dentre eles José de Anchieta (1834 – 1597) e Manoel da Nóbrega (1517 – 1590). É onde fica o Pátio do Colégio.

 

 

São Paulo é o principal centro corporativo, financeiro e mercantil da América do Sul assim como a cidade mais populosa do Brasil.

 

 

Muitos fotógrafos registraram diversos aspectos da cidade de São Paulo desde o século XIX, dentre eles Alfredo Krausz (18? – 19?), Claude Lévi-Strauss (1908 – 2009), Edgard Egydio de Souza (1867 – 1956), Frédéric Manuel (18? – 19?), Guilherme Gaensly (1843 – 1928), Marc Ferrez (1843 – 1923), Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905), Otto Rudolf Quaas (c. 1862 – c. 1930), Valério Vieira (1862 – 1941), Vincenzo Pastore (1865 – 1918) e fotógrafos ainda não identificados, cujas imagens podem ser apreciadas nos artigos listados a final desta publicação.

Militão e Gaensly são considerados os fotógrafos que mais cultuaram São Paulo. Militão produziu o Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887, sua obra-prima, que foi o primeiro realizado com o objetivo de mostrar as mudanças ocorridas na capital paulista, devido ao progresso. O álbum evidencia o valor que Militão dava à fotografia como documento de época inserido em projeto artístico que sugere um passeio pela cidade no período de 1862 a 1887. O trabalho do fotógrafo muito contribuiu para a formação da imagem moderna de São Paulo.

 

 

Gaensly fotografou a cidade em plena transição para a modernidade, tendo registrado todos os aspectos urbanos da nova metrópole que surgia, como a inauguração dos bondes elétricos que substituíram as carroças, o Jardim da Luz, a agitação do comércio na região do entorno da Praça da Sé, o crescimento da Avenida Paulista, além de palacetes, chácaras, edifícios públicos, igrejas, escolas, teatros e hospitais. Essas vistas de São Paulo foram comercializadas em álbuns impressos na Suíça a partir de fotografias em papel albuminado e de colotipias. Fotografou também a chegada de imigrantes italianos em Santos e em São Paulo. Dentre os prêmios que recebeu, está uma medalha de prata conquistada na Exposição Universal de Saint Louis, em 1904.

 

 

Artigos sobre a cidade de São Paulo já publicados na Brasiliana Fotográfica

 

 

Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905) e sua obra-prima, o “Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887″, publicado em 24 de maio de 2015

Vincenzo Pastore, um fotógrafo entre dois mundos (Casamassima, Itália 5 de agosto de 1865 – São Paulo, Brasil 15 de janeiro de 1918), publicado em 5 de agosto de 2015

São Paulo sob as lentes do fotógrafo Guilherme Gaensly (1843 – 1928), publicado em 25 de janeiro de 2017

Os trinta Valérios, uma fotografia bem-humorada de Valério Vieira (1862 – 1941), publicado em 21 de março de 2017

O fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas e o construtor Ramos de Azevedo, publicado em 28 de setembro de 2017

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – Rua 25 de março em São Paulo, publicado em 1º de setembro de 2020

A cidade de São Paulo e Tebas (1721 – 1811), reconhecido como arquiteto, em 2018, mais de 100 anos após sua morte, pubicado em 25 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, publicado em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, publicado em 21 de janeiro de 2022.

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” II – A Semana de Arte Moderna, publicado em 13 de fevereiro de 2022.

O Edifício Martinelli, antigo referencial e símbolo de São Paulo, publicado em 16 de maio de 2022

 

 

Assinaturas dos membros do 1º Governo de São Paulo, 1555

Assinaturas dos membros do 1º Governo de São Paulo, 1555 / São Paulo Antigo e São Paulo Moderno

Sampa

Caetano Veloso

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Brasiliana Fotográfica

São Paulo Antigo e São Paulo Moderno – 1554-1904. São Paulo : Editores Vanorden & Cia, 1905.

 

Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”

 Série “Avenidas e ruas do Brasil” I – Avenida Central, atual Rio Branco, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 7 de setembro de 2016

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 26 de junho de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” III – A Rua do Bom Jesus, no Recife, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 6 de agosto de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – A Rua 25 de Março, em São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 1º de setembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 22 de outubro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VI  – Rua Augusto Ribas e outras, em Ponta Grossa, no Paraná, pelo fotógrafo Luiz Bianchi, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 16 de novembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VII – A Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 23 de dezembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil VIII – A Rua da Carioca por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 20 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IX – Ruas e panoramas do bairro do Catete, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de julho de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” X – A Rua da Ajuda, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 9 de novembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 21 de janeiro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIII – A Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 19 de julho de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIV – A Avenida Presidente Vargas,, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 31 de agosto de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XV – Misericórdia: rua, largo e ladeira, no Rio de Janeiro, por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 8 de dezembro de 2022

 

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923)

Hoje se completam 100 anos da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), que foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais. A Brasiliana Fotográfica destaca neste artigo as publicações no portal em torno da obra de Ferrez e as imagens de sua autoria disponíveis em seu acervo fotográfico.

 

 

Acessando o link para as fotografias de Marc Ferrez disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Marc Ferrez faleceu em 12 de janeiro de 1923, na casa de seu filho Luciano e sua nora Malia Frucht Ferrez (1890 – 1953), no Rio de Janeiro, cidade que ele eternizou com sua arte. Residia na rua Joaquim Murtinho, 177, e foi enterrado no cemitério São João Batista (A Rua, 13 de janeiro de 1923O Paiz, 14 de janeiro de 1923, última notícia da sexta coluna, Gazeta de Notícias, 16 de janeiro de 1923, na última coluna e Fon-Fon, 20 de janeiro de 1923).

Sua missa de sétimo dia foi celebrada na Igreja São Francisco de Paula, em 19 de janeiro, foi muito concorrida e contou com a presença dos engenheiros André Gustavo Paulo de Frontin (1860 – 1933) e Alfredo de Paula Freitas (1855 – 1931); dos cientistas Henrique Morize (1860 – 1930), dos médicos Camillo Fonseca e Rodolpho e José Chapot-Prevost; artistas, como o escultores Benevenuto Berna (1865 – 1940) e Rodolpho Bernardelli (1852 – 1931), além de jornalistas, exibidores e donos das empresas cinematográficas (O Paiz, 20 de janeiro de 1923, na última coluna).

 

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de Sérgio Burgi, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), publicada em 29 de junho de 2018

O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, publicado em 

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, publicado em 28 de abril de 2022

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

A inauguração da rotunda de Victor Meirelles no Rio de Janeiro, em 3 de janeiro de 1891

A Brasiliana Fotográfica destaca quatro imagens da rotunda na Praça XV onde Victor Meirelles (1832 – 1903) expôs, no Rio de Janeiro, dois panoramas ao longo da década de 1890. Expôs um terceiro panorama, em 1900, porém em outra rotunda. São dois registros do fotógrafo Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), um dos Editores & propriedade de Rodrigues & Co. e um de Marc Ferrez (1843 – 1923). Victor Meirelles é considerado um dos mais importantes pintores brasileiros do século XIX (Jornal do Commercio, 23 de fevereiro de 1903, na terceira coluna). São de sua autoria quadros icônicos da história das artes plásticas no Brasil como A Primeira Missa no Brasil (1861),  Moema (1866)Juramento de Princesa Isabel (1875), Passagem do Humaitá (1869)A Batalha dos Guararapes (1879).

 

Um pouco sobre os fotógrafos que registraram a rotunda da Praça XV

O espanhol Juan Gutierrez de Padilla nasceu, provavelmente, nas Antilhas, em torno de 1860, e foi um dos mais importantes fotógrafos paisagistas do século XIX, um dos maiores cronistas visuais do Rio de Janeiro, tendo registrado a transição da cidade imperial para a cidade republicana. Entre 1892 e 1896, a maior parte de suas fotografias foi de paisagens cariocas, que eram vendidas para estrangeiros que visitavam a cidade. Também registrou a a Revolta da Armada ( 1893 – 1894), tornando-se um dos pioneiros da fotografia dos conflitos armados no Brasil. Partiu para Canudos, em 1897, onde, em 28 de junho, foi mortalmente ferido. Sua trágica morte o tornou, talvez, o primeiro repórter fotográfico morto durante um trabalho de campo, no Brasil, apesar de, até hoje, não se conhecer nenhum registro fotográfico que ele tenha feito do conflito.

 

 

O carioca Marc Ferrez (1843 – 1923) foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

 

 

A empresa Rodrigues & Co., estabelecida, em 1890, na rua dos Ourives, nº57,  produziu coleções significativas sobre o Rio de Janeiro, tendo realizado várias fotografias estereoscópicas.

 

Acessando o link para as fotografias da rotunda de Victor Meirelles disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

Os Panoramas e Victor Meirelles

 

 

Foi Victor Meirelles que introduziu no Brasil o panorama, uma das primeiras formas de difusão, para multidões, de entretenimento ligado à cultura. Havia sido inventado no final do século XVIII pelo pintor irlandês Robert Barker (1739 – 1806), que o patenteou em 19 de junho de 1787. Inicialmente, chamava-se la nature a coup d´oeil ou a natureza num golpe de vista. Foi Barker que cunhou a palavra panorama: do grego pan (“tudo”) horama (“vista”), para descrever suas pinturas.

 

A primeira rotunda de Baker

A primeira rotunda de Robert Barker / O Panorama: da representação pictórico-espaciais às experiências digitais, pág. 8, de Thomaz Leitão de Souza.

 

“O cerne do espetáculo consistia nos efeitos ópticos provocados pela luz natural (ou artificial, conforme o caso), que atravessava a tela. As linhas de delimitação superior e inferior,na junção da tela com o edifício, eram mascaradas para dar a ilusão de uma paisagem real. Este era o objetivo. A confusão entre ilusão e realidade é a base do espetáculo…”

Heloisa Barbuy (1994)

 

Os panoramas ofereciam, para além da apreciação de uma pintura, uma nova experimentação espacial, uma fruição plástica numa espécie de imersão do observador. Era, segundo Eliane Considera, um novo meio de se representação da realidade, que utilizava uma nova visualidade. O gênero fez sucesso até 1830, saiu de moda, e foi mantido, principalmente pelo trabalho de Jean-Charles Langlois (1789 – 1870), um ex-combatente e pintor que retratava cenas de batalhas

 

 

Os panoramas voltaram a ter popularidade, a partir da década de 1880, principalmente na França, tendo-se espalhado por países europeus como a Alemanha e a Bélgica. O sucesso culminou na Exposição Universal em 1889, em Paris, quando foram grandes atrações. As exposições universais – a primeira foi realizada em Londres, em 1851 -, eram eventos disseminadores da modernidade, dos avanços da indústria, do comércio e do cosmopolitismo.

Os temas mais recorrentes dos panoramas eram batalhas, paisagens urbanas e temas religiosos. As rotundas foram especialmente projetadas para abrigá-los. Tinham uma arquitetura de interior redondo que possibilitava um tipo de observação onde o espectador podia se movimentar em várias direções, olhando do alto, a partir de um ponto central. O observador instalava-se no interior da pintura, ficando imerso na obra. Segundo o historiador Mario Cesar Coelho: Pintura e arquitetura faziam parte de um conjunto que associava ainda fotografia, figuras de cera e uma economia voltada para o entretenimento do público cada vez mais numeroso das grandes cidades. Porém, devido à invenção do cinema, o panorama entrou em decadência, em fins do século XIX, perdendo tanto o seu apelo comercial como sua atração como espetáculo.

 

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Fonte: Os Panoramas perdidos de Victor Meirelles: aventuras de um pintor acadêmico nos caminhos da modernidade, de Mario Cesar Coelho, página 30

 

“O espectador é como um convidado a fruir, com seu olhar, essa variedade de sensações e passagens. Com sua técnica que tende a uma sensibilidade impressionista, Victor Meirelles pretendeu contestar o realismo visual da crescente fotografia”.

Anna Maria Fausto Monteiro de Carvalho em O panorama no Brasil

 

“…as imagens são mais vivas que no cinema, porque elas permitem ao olhar o repouso que (ela) tem na reaidade. O cinema empresta aos objetos que ele mostra a inquietude de seu movimento, a imobilidade do olhar me parece mais importante.”

Franz Kafka (1883 – 1924), escritor tcheco, sobre o Kaiserpanorama,

um meio de entretenimento estereoscópico,em Journal d´un Voyage a Friedland et Reichenberg (jan/fev 1911)

 

Foi construída no centro do Rio de Janeiro, no antigo Largo do Paço Imperial, Praça XV de Novembro, perto do cais do porto, uma rotunda para a exibição dos panoramas de Victor Meirelles, com 36,66 metros de diâmetro, uma tela de de 115 metros de comprimento e 14,5 metros de altura.

 

Mapa do Rio de Janeiro com a localização da rotund na Praça XV

Mapa do Rio de Janeiro com a localização da rotunda na Praça XV, 1896 / Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

 

Foi aberta à imprensa, em 2 de janeiro, e inaugurada para o público, com a presença do presidente Deodoro da Fonseca (1827 – 1892), em 3 de janeiro de 1891, com a exibição do Panorama do Rio de Janeiro e, no primeiro ano, foi visitada por cerca de 80 mil pessoas, o que correspondia, aproximadamente, a 17 por cento da população carioca na época (Novidades, 3 de janeiro de 1891, penúltima coluna; Diário do Commercio, 4 de janeiro de 1891, segunda colunaGazeta de Notícias, 5 de janeiro de 1891, quarta coluna).

 

 

Posteriormente, foram mostrados, no Rio de Janeiro, mais dois panoramas de autoria de Meirelles: em 1896, o Panorama da Entrada da Esquadra Legal na Revolta da Armada: Ruínas da Fortaleza de Villegaignon; e, em 1900, o Panorama do Descobrimento do Brasil. Este último foi exibido em outra rotunda, na Rua de Santa Luzia, nº 60, já que a Municipalidade da cidade ordenou que a rotunda original fosse retirada da Praça XV, em 1898 (Gazeta de Notícias19 de agosto de 1898, sexta coluna; e 12 de junho de 1900, última coluna).

 

 

O Panorama do Rio de Janeiro (1888 – 1896)

Victor Meirelles e Henri Langerock

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Victor Meirelles conheceu o pintor belga Henri Charles Langerock (1830 – 1915) durante uma exposição do artista estrangeiro, no Rio de Janeiro, em 1885.

 

 

Em abril, foi noticiada a chegada de Langerock à cidade e também a exposição de dois quadros de sua autoria, O jogo de bola e A Pesca ou A Pescaria, na Casa Martins. Em junho, a exposição de três vistas da Europa e três do Rio de Janeiro realizadas pelo belga, na Academia Imperial de Belas Artes, foi visitada por Dom Pedro II (1825 – 1891). Pouco depois, na Glace Elegant, Langerock expôs dois quadros retratando os príncipes filhos da Princesa Isabel (1846 – 1921) e do Conde d´Eu (1842 – 1922), feitos a partir de fotografias de Marc Ferrez (1843 – 1923). Em 1886, deu aulas de pinturas, desenhos e aquarelas, na rua do Passeio, nº 36 (Gazeta de Notícias, 29 de abril de 1885, última coluna; Gazeta de Notícias, 5 de maio de 1885, segunda colunaJornal do Commercio, 20 de junho de 1885, última coluna; Jornal do Commercio, 24 de junho de 1885, quinta colunaO Paiz, 4 de agosto de 1885, quarta colunaJornal do Commercio, 20 de agosto de 1885, primeira coluna; Jornal do Commercio, 19 de fevereiro de 1886, última coluna).

Os estudos iniciais do Panorama do Rio de Janeiro foram feitos por Meirelles, entre 1885 e 1886 com a colaboração de Langerock, que se encantou com a natureza carioca. Dom Pedro II (1825 – 1891) chegou a apreciar os referidos estudos durante uma exposição no ateliê de Meirelles, na Rua do Sacramento.

 

“Isto é o paraíso dos paisagistas”

Henri Langerock, 1885

Artigo do pintor e jornalista Joaquim José de França Júnior (1838 – 1890)

O Paiz, 27 de julho de 1885, sexta coluna

 

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Victor Meirelles. Estudo para Panorama do Rio de Janeiro: Entrada da Barra , c. 1885 / Acervo Museu Nacional de Belas Artes

 

Segundo Meirelles:“A vista foi tirada do morro de Santo Antônio…A cidade e a baía são representadas no panorama à hora do crepúsculo, o sol poente, em uma tarde do mês de Julho…”. 

Fundaram a empresa Meirelles & Langerock, a Empreza do Panorama da Cidade do Rio de Janeiro, estabelecida, em torno de junho de 1886. Em 15 de junho de 1886, Meirelles encaminhou à Junta Comercial da Corte do Rio de Janeiro um documento para fundá-la com o objetivo de angariar fundos para a realização do Panorama da Cidade do Rio de Janeiro(Revista Illustrada, 11 de abril de 1885, primeira coluna; e 17 de outubro de 1885, primeira coluna; Jornal do Commercio, 20 de junho de 1885, última colunaJornal do Commercio, 24 de junho de 1885, quinta colunaO Paiz, 21 de junho de 1885, quinta colunaO Paiz, 4 de julho de 1886, antepenúltima coluna; Jornal do Commercio, 10 de julho de 1886, quinta coluna).

 

 

Langerock voltou para a Europa com sua mulher e dois filhos, em 6 de outubro de 1886, no paquete francês Gironde (Jornal do Commercio, 6 outubro de 1886, última coluna). Meirelles partiu para a Europa, em 24 de dezembro de 1886, um dia após seu casamento com Rosália Cândida Ferreira França (? – 1903) (Jornal do Commercio, 24 de dezembro de 1886, penúltima colunaDiário de Notícias, 24 de dezembro de 1886, primeira coluna).

 

 

O Panorama do Rio de Janeiro na Bélgica e na França (1888 – 1889)

Meirelles e Langerock executaram a pintura do panorama, provavelmente, entre 1887 e 1888, no ateliê do belga, em Ostende, na Bélgica. Tentaram expô-lo em Londres e Victor Meirelles tinha, inclusive, o dia 2 de dezembro de 1887 como possível data de inauguração do panorama na Inglaterra, mas não havia rotundas disponíveis na ocasião (Jornal do Commercio, 26 de julho de 1887, terceira coluna).

Segundo uma Notícia explicativa, de março de 1888, que está na Biblioteca de Bruxelas, sobre o Panorama do Rio de Janeiro:

O Panorama é obra de dois artistas; o lado oriental é pintado pelo Sr, Langerock; o lado ocidental é pintado pelo Sr. Meirelles, a partir da grande palmeira até o aqueduto. 

 

 

Panorama do Rio de Janeiro foi exibido em Bruxelas, entre abril e outubro de 1888, com uma visitação de aproximadamente 50 mil pessoas em uma rotunda localizada no antigo Boulevard du Hainault, atual Boulevard Lemmonier, no edifício da Sociedade Internacional dos Panoramas. Na inauguração, contou com a presença dos reis da Bélgica, Leopoldo II (1835 – 1909) e Maria Henriqueta Ana da Áustria (1836 – 1902).

 

 

O panorama “pode ser um grande elemento de propaganda em favor do Brasil, mais proveitoso do que os dinheiros que o governo imperial despende auxiliando agentes mais ou menos ostensivos, tendo quase sempre mais em vista os sentimentos filantrópicos dos seus ministros, do que os interesses nacionais” (Gazeta de Notícias, 14 de abril de 1888, sexta colunaJornal do Commercio, 26 de abril de 1888, última coluna).

 

 

 

Panorama do Rio de Janeiroapós sua exibição na capital belga, seguiu para Paris, ficou depositado em uma contrução na Avenue de la Motte-Picquet e foi inaugurad0, em 14 de março de 1889, na Avenida Suffren, nº 80, próxima ao Campo de Marte, em frente ao Palácio de Máquinas. A data foi escolhida em homenagem ao aniversário da imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889). O panorama integrou a Exposição Universal de 1889, realizada entre 5 de maio e 31 de outubro de 1889. Nesta ocasião, Meirelles já havia desfeito sua sociedade com Langerock na Empresa Meirelles & Langerock. Segundo o pintor brasileiro, o belga queria receber mais do que havia sido especificado no contrato (Jornal do Commercio, 15 de março de 1889, terceira coluna).

 

A seta aponta para a rotunda onde o Panorama do Rio de Janeiro foi exposto em Paris / Fonte: Mario Cesar Coelho

A seta aponta para a rotunda onde o Panorama do Rio de Janeiro foi exposto em Paris, em 1889 / Fonte: Mario Cesar Coelho

 

Nos primeiros meses, a exposição do Panorama do Rio de Janeiro atingiu uma média de 200 a 500 pessoas por dia, mas, após a abertura oficial da Exposição Universal, a média de frequentadores caiu para cerca de 50 a 60 pessoas por dia. Lembramos que a rotunda onde era exibido o Panorama do Rio de Janeiro ficava perto, mas não dentro do espaço da exposição, fato que provavelmente prejudicou sua visitação.

 

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                                                     Jornal do Commercio, 14 de abril de 1889

 

A Exposição Universal de 1889 foi realizada em uma superfície de 96 hectares envolvendo as regiões da Esplanada dos Inválidos e do Trocadero, além do Campo de Marte. Trinta e cinco países participaram da festa do progresso, que reuniu 61.722 expositores, atraindo aproximadamente 32 milhões de visitantes. Outros panoramas foram exibidos no evento, dentre eles o Panorama Transatlantique, do francês Théophile Poilpot (1848 – 1915), onde os visitantes eram recebidos por atores fantasiados de tripulantes de um navio; o Panorama a História do Século, do belga Alfred Stevens (1823 – 1906) e do francês Henri Gerveux (1852 – 1929), que narrava um século da história da França a partir da Revolução Francesa de 1789, o mais visitado da exposição; e o Panorama de Tout Paris, do belga Charles Castellani (1838 – 1913).

Pelo Panorama do Rio de Janeiro, Meirelles e Langerock conquistaram a Medalha de Ouro na Exposição Universal de 1889.

 

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Fonte: Os Panoramas perdidos de Victor Meirelles: aventuras de um pintor acadêmico nos caminhos da modernidade, de Mario Cesar Coelho, página 118

 

O jornalista, escritor e diplomata Domício da Gama (1862 – 1925) publicou um artigo sobre a exibição do Panorama do Rio de Janeiro na capital francesa (Gazeta de Notícias, 19 de abril de 1889, penúltima coluna).

Tanto na Bélgica como na França o Panorama do Rio de Janeiro fez sucesso: era como se um pedaço da cidade, celebrada por sua beleza, estivesse ao alcance daqueles que o visitassem.

Foi também na exposição universal de 1889 que foi apresentado o Album de vues du Brésil, considerada a última peça para a promoção do Brasil imperial, representando um resumo iconográfico do país e de suas riquezas. Foi um dos livros que inaugurou a ilustração fotográfica do Brasil e é considerado por muitos uma espécie de balanço final do período imperial. Nas palavras do Barão do Rio Branco (1845 – 1912), responsável pela publicação, o álbum pretendia mostrar a fisionomia atual das principais cidades do Brasil e seus arredores. Sob esse aspecto, a presente coleção é a mais completa publicada até hoje. Trazia fotografias produzidas por Augusto Riedel (1836 -?)Joaquim Insley Pacheco (c.1830 – 1912)Marc Ferrez (1843 – 1923) e Rodolpho Lindemann (c. 1852 – 19?), dentre outros. A Primeira Missa no Brasil, de Meirelles, integrava a obra. Fazia parte da segunda edição de Le Brésil, extrato da Grande Enciclopédia, trabalho dirigido pelo geógrafo Émile Levasseur  (1828-1911), para o qual o Rio Branco havia colaborado (Jornal do Commercio, 17 de março de 1889, segunda colunaGazeta de Notícias, 19 de março de 1889, quinta colunaJornal do Commercio, 22 de novembro de 1889, antepenúltima coluna).

Os fotógrafos brasileiros ou que atuavam no Brasil Albert Richard Dietze (1838 – 1906)Alfredo Ducasble (18? – 19?)Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903)Marc Ferrez (1843 – 1923), Rodolpho Lindemann (c. 1852 – ?), Nicholson & Ferreira (18? -?), José Thomaz Sabino (18? -?), Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) e José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) participaram da Exposição de 1889. Ducasble foi premiado com uma Medalha de Prata; Ferrez e Fidanza, com medalhas de bronze. Georges Leuzinger (1813 – 1892) esteve presente com impressos e livros e Paulo Robin & Cia com gravuras e litogravuras.

 

 O Panorama no Rio de Janeiro (1890 – 1896)

Victor Meirelles retornou ao Brasil com sua mulher, em 22 de agosto de 1889, no vapor francês Ville de Pernambuco (Gazeta de Notícias, 23 de agosto de 1889, última coluna) e em 10 de outubro requereu à prefeitura do Rio de Janeiro autorização para contruir uma rotunda. Voltou à Europa, em novembro, de onde viria com o Panorama do Rio de Janeiro (Gazeta de Noticias, 10 de novembro de 1889, terceira coluna; Novidades, 21 de março de 1890, terceira coluna).

Em 1890, foi jubilado de seu cargo de pintor de paisagens da antiga Academia Imperial de Belas Artes, que, com a proclamação da República, passou a se chamar Escola Nacional de Belas Artes. Na época estava sob a direção do escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931). Meirelles era muito identificado com o Império tanto por suas bolsas de estudos e viagens assim como por encomendas feitas a ele pelo antigo regime.

Panorama do Rio de Janeiro ficou depositado no Arsenal de Guerra, onde sofreu avarias, tendo que ser novamente pintada nos pontos onde havia se deteriorado (O Paiz, 4 de setembro de 1890, quarta coluna).

 

 

A rotunda da Praça XV foi inaugurada com o Panorama do Rio de Janeiro, em 3 de janeiro de 1891. Foi exibido até 1896 (Gazeta de Notícias, 5 de janeiro de 1896, terceira coluna).

 

 

 

Nele a exuberância da paisagem urbana do Rio de Janeiro era devolvida para seus habitantes como num espelho, porém sem os  problemas da cidade como as condições precárias de habitação, saúde e saneamento. O panorama propiciava ao espectador um passeio por um Rio de Janeiro bonito e civilizado, flanando seu olhar, por exemplo, pelo Pão de Açúcar, pela Baía de Guanabara, pela Candelária, pelo Teatro São Pedro de Alcântara, pelo Real Gabinete Português de Leitura e também pela Tijuca (Gazeta de Notícias, 5 de janeiro de 1891Diário do Commercio, 17 de maio de 1891, última coluna).

 

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 Gazeta de Notícias, 5 de janeiro de 1891

 

A popularidade da rotunda e de seu panorama era tão grande que nela foi ambientada a peça do importante dramaturgo Arthur Azevedo (1855 – 1908), O Tribofe, que estreou no Theatro Appolo, em 16 de junho de 1892 (O Paiz, 16 de junho de 1892, última coluna). Sob o pseudônimo de Elói, o herói, Arthur Azevedo deixou claro ser um entusiasta da realização do Panorama do Rio de Janeiro em um artigo publicado na Gazeta de Notícias, do dia 23 de outubro de 1885.

 

 

ATO PRIMEIRO 

QUADRO PRIMEIRO 

O interior da rotunda em que se acha o panorama do Rio de Janeiro, na Praça 15 de Novembro. No centro, um duplo alçapão por onde os visitantes entram e saem. Um álbum, folhetos e binóculos. Cadeiras.

 CENA PRIMEIRA 

O Comendador, Eusébio, Dona Fortunata, Quinota, Benvinda, Juca, 1º visitante, 2º visitante, visitantes. 

(Uns apreciam o panorama, outros conversam, outros escrevem as suas impressões no álbum dos visitantes. Cena muito animada.)

 CORO

 Oh! que belo panorama!

Que trabalho! que primor!

Ganhará dinheiro e fama

O senhor comendador!

Comendador

Venham ver uma obra-prima

Que louvores mil desperta!

Ninguém dela se aproxima

Sem ficar de boca aberta!

 CORO

 Vejam, vejam como é bela!

Desde França, está provado

Que defronte desta tela

Fica tudo estatelado!

 

Victor Meirelles franqueou a entrada de alunos de escolas municipais ao Panorama do Rio de Janeiro e reverteu a renda de dois dias de sua visitação para os familiares das vítimas do naugrágio do Solimões (Diário do Commercio, 31 de maio de 1892, quarta coluna).

O maestro Electo Tavares (? – 1892) compôs a valsa Panorama do Rio de Janeiro, provavelmente em homenagem à obra de Meirelles. (O Paiz, 16 de fevereiro de 1894, segunda coluna).

Sobre o Panorama do Rio de Janeiro:

 

 

Do Panorama do Rio de Janeiro existem somente seis estudos originais e eles representam seis pontos de vistas diferentes do Morro de Santo Antônio.

Uma curiosidade: o Panorama do Rio de Janeiro de Victor Meirelles foi o terceiro de quatro panoramas cujo tema era a paisagem carioca. Em 1824, o primeiro foi exibido numa rotunda de Pierre Prévost (1764 – 1823), em Paris, realizado a partir de um desenho original de Félix Émile Taunay (1795 – 1881) (O Spectador Brasileiro23 de agosto de 1824, primeira coluna; e 29 de outubro de 1824, primeira coluna).

 

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Fonte: Os Panoramas perdidos de Victor Meirelles: aventuras de um pintor acadêmico nos caminhos da modernidade, de Mario Cesar Coelho, página 34

 

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As duas rotundas de Prévosta na Boulevard Montmartre, em Paris / O Panorama: da representação pictórico-espaciais às experiências digitais, pág. 10, de Thomaz Leitão de Souza.

 

Em 1828, o segundo, chamado Panorama da Cidade de São Sebastião e a baía do Rio de Janeiro, do pintor inglês Robert Burford (1791 – 1861), foi apresentado em Leicester Square, em Londres, na dupla rotunda do já mencionado pintor irlandês Robert Barker (1739 – 1806). A Leicester Square Panorama foi a primeira construção com o objetivo de ser um panorama – foi inaugurada em 14 de maio de 1793  e exibiu, até seu encerramento, em 1864, 126 panoramas.

 

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Description of a view of the city of St. Sebastian, and the Bay of Rio Janeiro: now exhibiting in the Panorama, Leicester-Square; painted by the proprietor, Robert Burford, from drawings taken in the year 1823, London, Printed by J. and C. Adlard, 1828. Evening Mail. June 25th, 1827

 

 

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Dupla rotunda de Barker, em Londres / O Panorama: da representação pictórico-espaciais às experiências digitais, pág. 10, de Thomaz Leitão de Souza.

 

O quarto, denominado Panorama da cidade e baía do Rio de Janeiro em 1910, de autoria do pintor francês Louis Jules Dumoulin (1860 – 1924), foi apresentado na Exposição Universal de Bruxelas, que ocorreu entre 23 de abril e 1º de novembro de 1910.

 

 

Panorama da Entrada da Esquadra Legal na Revolta da Armada: Ruínas da Fortaleza de Villegaignon ou Panorama da Revolta da Armada (1896 – 1898)

 

 

No segundo panorama de Victor Meirelles exibido na rotunda carioca da Praça XV, o pintor retratou a Revolta da Armada, ocorrida entre 1892 e 1895, mais especificamente o episódio da entrada das Forças Legais na Baía de Guanabara, em 23 de junho de 1894. Registrava-se, então, um evento contemporâneo, ocorrido já durante a vigência da então jovem República brasileira.

 

 

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 Panorama da Entrada das Forças Legais na Revolta da Armada: ruínas da Fortaleza de Villegaignon foi inaugurado em 20 de setembro de 1896 (Jornal do Commercio, 17 de setembro de 1896, quinta colunaO Paiz, 21 de setembro de 1896, primeira coluna). 

 

 

Note-se a semelhança de um dos estudos para a realização do panorama e de uma fotografia de autoria de Juan Gutierrez, evidenciando o uso de fotos para atingir-se o realismo nos panoramas. A fotografia era, de fato, um recurso explícito na elaboração dos panoramas.

 

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Victor Meirelles. Estudo para o Parnorama da Entrada a Esquadra Legal, c. 1894/1895

 

 

Este segundo panorama de Victor Meirelles ficou em exposição até 12 de setembro de 1898. Ele tentou que a obra fosse exibida na Exposição Universal de 1900, mas não teve sucesso.

 

 

O Panorama do Descobrimento do Brasil (1900- 1902)

 

O decreto nº 646, de 12 de dezembro de 1898 assinado pelo presidente do Conselho Municipal do Rio de Janeiro isentou de impostos o panorama que representaria a Descoberta do Brasil que integraria as comemorações do 4º centenário do evento histórico.

 

 

A inspiração para o Panorama do Descobrimento do Brasil foi o quadro A Primeira Missa no Brasil, realizado por Meirelles em 1861, e considerado sua obra-prima.

 

A Primeira Missa do Brasil (1861), óleo de Victor Meirelles / Acervo do Museu Nacional de Belas Artes

 

A celebração religiosa fica no centro do panorama e a faixa de areia é cercada por mar dos dois lados. Assim como no quadro que inspirou o panorama, os índios aparecem contemplando a celebração como se aprovassem a integração entre os portugueses e os habitantes originais do Brasil. Meirelles relaciona, desta forma, a descoberta do Brasil a um ato religioso.

 

 

 

 

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Foto da fachada de entrada para o Panorama do Descobrimento do Brasil / Fonte: Os Panoramas perdidos de Victor Meirelles: aventuras de um pintor acadêmico nos caminhos da modernidade, de Mario Cesar Coelho

 

Com a presença do presidente Campos Salles (1841 – 1913), o Panorama do Descobrimento do Brasil foi inaugurado, em 11 de junho de 1900, dentro das comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Brasil, em uma nova rotunda, também no centro da cidade, na Rua Santa Luzia, nº 60, perto do Morro do Castelo, com os fundos para o Convento do Carmo (Gazeta de Notícias, 12 de junho de 1900, última coluna). Lembramos que a Municipalidade havia ordenado, em 1898, a demolição da rotunda da Praça XV (Gazeta de Notícias, 19 de agosto de 1898, sexta coluna).

 

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Este último panorama de Victor Meirelles ficou exposto até 4 de maio de 1902, sem obter muito sucesso como evidencia o artigo Abandonado!, de Carlos Nunes, que se referia tanto à pouca frenquência de visitantes ao panorama como à situação do pintor (Cidade do Rio, 8 de outubto de 1900Jornal do Brasil, 4 de maio de 1902, sexta coluna).

O Congresso Nacional concedeu ao artista 50 mil réis como auxílio a seu trabalho do Panorama do Descobrimento do Brasil (Jornal do Brasil, 7 de outubro de 1902, segunda coluna).

 

 

Meirelles doou os três panoramas ao governo, em 1902, com a promessa de que seriam eventualmente reexibidos, porém eles foram vistos, em 1910, pela última vez, abandonados no pátio do Museu Nacional, na Quinta da Boavista. Duarte Homem de Mattos pediu para expô-los por um período de cinco anos mas teve seu pedido indeferido pelo ministro do Interior (Jornal do Brasil, 18 de julho de 1902, terceira colunaO Paiz, 24 de julho de 1910, quarta coluna).

Há algumas cartas trocadas entre 26 de março e 31 de outubro de 1910 entre os diretores da Escola de Belas Artes e do Museu Nacional, o restaurador João José da Silva, o inspetor sanitário Luna Freire, Rodolpho Miranda, do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio; e Esmeraldino Olympio de Tores Bandeira, ministro da Justiça e Negócios Interiores; em que por acaso os panoramas voltaram a ser assunto porque durante as obras de embelezamento e reforma do Palácio e dos Jardins da Quinta da Boa Vista foram encontrados encaixotados e em péssimo estado. Atrapalhavam as obras!

Segundo o pintor Manoel Santiago (1897 – 1987), apodreceram nos porões da Escola de Belas Artes (A Nação, 27 de agosto de 1933, quarta coluna). Não se sabe ao certo o que aconteceu aos panoramas, mas o fato é que foram perdidos (A Noticia (RJ), 29 e 30 de outubro de 1912, segunda coluna).

Victor Meirelles faleceu, em 22 de fevereiro de 1903, num domingo de carnaval. Morreu na miséria, esquecido e marginalizado pela arte oficial. Foi um fim indigno para um dos maiores pintores brasileiros de todos os tempos (Jornal do Commercio, 23 de fevereiro, terceira coluna).

 

 

Victor Meirelles e a fotografia

 

 

‘A descoberta da fotografia, importante auxiliar das artes e ciências, e que há mais de meio século preocupava o espírito de doutos tornando-se objeto de estudo de alguns sábios da Inglaterra e da França, só nesses últimos tempos atingiu ao grande aperfeiçoamento que apresenta e que bem pouco deixa a desejar’.

Foi com essas palavras que o pintor Victor Meirelles iniciou o capítulo “Fotografia”, que constou no Relatório sobre a II Exposição Nacional de 1866, realizada no Palácio da Moeda do Rio de Janeiro entre 19 de outubro e 16 de dezembro de 1866. Segundo o professor Tadeu Chiarelli, com esse texto, o pintor traçou …aquela que talvez seja a primeira história da fotografia escrita no Brasil (talvez a primeira em língua portuguesa)…

Victor Meirelles, jurado da seção “Fotografia”, da referida exposição, deixou claro seu amplo conhecimento sobre o assunto, desde sua história até as peculiaridades dos processos fotográficos já desenvolvidos. Mostrou-se também entusiasmado com as aplicações da fotografia. Seu julgamento das obras expostas expressava rigor crítico e admiração. Usou em sua avaliação valores e parâmetros que eram, tradicionalmente, utilizados na crítica de pinturas como, por exemplo, os efeitos de luz e a nitidez das imagens. Com sua apreciação, Meirelles incentivou o diálogo entre a fotografia e a pintura.

 

Assista aqui Os Panoramas perdidos de Victor Meirelles – Por Mário César Coelho, programa realizado pelo Panorama Escola de Artes, em 26 de abril de 2022.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

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DALTO, João José de Maracajá. Um estranho prédio redondo em pleno Largo do Paço. Universidade do Estado de Santa Catarina.

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FRANZ, Teresinha Sueli. Victor Meirelles: Biografia e legado artístico. Florianópolis: Caminho de Dentro, 2014.
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Série “1922 – Hoje, há 100 anos” VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país

 

“Uma exposição universal era um inventário das regiões do mundo e do conhecimento humano, contemplava o ‘novo’ e também o ‘exótico’. Participar da exposição era como existir sobre a face da Terra; percorrê-la era como dar uma volta ao mundo”.

Portal da Biblioteca Nacional

 

A Exposição Internacional do Centenário da Independência, um dos maiores eventos internacionais já realizados no Brasil, é o assunto do oitavo artigo da Série 1922 – Hoje, há 100 anos. Foi uma espécie de vitrine do progresso nacional e mundial. Essa era a tradição característica das exposições universais, cuja primeira foi realizada, em 1851, em Londres: eram espetáculos da civilização industrial e do trabalho, feiras de negócios e de estímulo à cultura, que colocavam os centros urbanos como os pólos da modernidade.

 

A Exposição de 1922 foi a primeira exposição universal realizada após a Primeira Guerra Mundial e o mundo estava mobilizado por uma vontade de renovação. Mobilização evidenciada pelo envolvimento da população em geral e também da intelectualidade brasileira com o evento. Avaliações sobre os cem anos do Brasil como país independente eram feitas e havia a percepção de que o país ainda não havia se constituido como nação. Formava-se então a geração intelectual dos anos 20 cujo compromisso era criar a nação, forjar a identidade nacional e construir o Brasil moderno (APUD MOTTA, 1992:18).

 

“O Centenário de nossa Independência veio  encontrar-nos com a máscara do século em nosso rosto”

Careta, 9 de setembro de 1922

 

Foi a primeira exposição universal sediada no Brasil, cuja primeira participação nessas exposições aconteceu em 1862, em Londres, com o apoio e subsídio de dom Pedro II (1825 – 1891) como forma de colocar o país, a partir da exibição de avanços científicos e de sua estabilidade política, no patamar dos países civilizados.

 

 

A Exposição de 1922 foi inaugurada no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1922, há exatos 100 anos, e terminou em 24 de julho do ano seguinte (O Paiz, 25 de julho de 1923). Seu fim estava previsto para 31 de março de 1923, mas foi prorrogada até julho. Segundo o último número da revista A Exposição de 1922, órgão de divulgação do evento, entre 7 de setembro de 1922 e 2 de julho de 1923, foi visitada por 3.626.402 pessoas, uma média de  12.723 visitantes por dia (A Exposição de 1922, edições 17 e 18). Por tudo o que aconteceu no Rio de Janeiro durante a Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, ela é considerada um marco do encontro do Brasil com a modernidade.

Com fotografias realizadas ao longo do evento foi produzido o Álbum Internacional do Centenário da Independência  de autoria de Carlos Bippus, Thiele & Kollien e Lopes. 

 

 

Muitos anos depois, em 1987, um dos exemplares deste álbum foi apresentado ao Conselho Deliberativo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, durante uma homenagem ao presidente da White Martins, Félix de Bulhões, que havia feito uma doação de 200 mil dólares à instituição para a compra de, além do álbum citado, mais três – um sobre Salvador, de 1933; um sobre a Estrada de Ferro Sorocabana, com fotos do suíço Guilherme Gaensly (1843 – 1928), de 1908; e um com fotos do Rio de Janeiro, produzidas por Marc Ferrez (1843 – 1923), no início do século XX -, 11 quadros, uma escultura e uma sequência de fotos que forma o Panorama 360º da cidade de Petrópolis, de autoria do alemão Jorge Henrique Papf (1863 – 1920), de 1898 (Jornal do Brasil, 23 de outubro de 1987, última coluna).

 

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Acessando o link para as fotografias do Álbum Internacional do Centenário da Independência disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Em algumas fotografias do Álbum Internacional do Centenário da Independência pode-se admirar a iluminação feérica do evento, organizada pelo engenheiro inglês W. D´Arcy Ryan (1870 – 1934), que havia sido o responsável pela iluminação da Exposição de São Francisco, na Califórnia, em 1916. Esteve no Rio de Janeiro, em dezembro de 1921, quando expôs seu plano de iluminação para a Exposição de 1922 (Correio da Manhã, 14 de dezembro de 1921, quarta coluna). A execução da instalação foi realizada pela General Electric, com a supervisão de um engenheiro da empresa, J. W. Shaffer. O Engenheiro Chefe Eletricista da Comissão Organizadora, Roberto Marinho de Azevedo, e seu auxiliar, o engenheiro Eugênio Hime, também participaram da instalação. “Essa iluminação é reputada igual senão superior a tudo que se tem feito de mais grandioso até hoje” (Revista da Exposição de 1922, outubro de 1922).

 

 

Destacamos também imagens realizadas por Augusto Malta (1864 – 1957), fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro, pelo amador Guilherme Santos (1871 – 1966), por Jorge Kfuri (1893 – 1965), autor das primeiras fotos aéreas do Rio de Janeiro; por Marc Ferrez (1843 – 1923), com registros coloridos e em preto e branco; e por fotógrafos ainda não identificados.

 

 

São imagens dos pavilhões dos Estados e dos países, do Chalé Moça, da Nestlé; do Pavilhão Matarazzo, do Parque de Diversões, do Palácio das Festas, do Palácio do Calabouço, do Bar da Cervejaria Antártica, do restaurante, de marinheiros do navio de guerra norte-americano Nevada, de aspectos da demolição do Morro do Castelo, e do Hotel Glória, primeiro hotel cinco estrelas do Brasil e também o primeiro prédio em concreto armado da América do Sul, projetado pelos arquitetos francês Joseph Gire (1872 – 1933) e alemão Sylvio Riedlinger e construído pela família Rocha Miranda especialmente para a ocasião.

 

 

Dois outros hotéis de grande porte foram construídos devido à realização da exposição: o Hotel Sete de Setembro ou Hotel do Centenário, na Avenida do Contorno do Morro da Viúva, atual Avenida Rui Barbosa e inaugurado em 15 de julho de 1922; e o Hotel Copacabana Palace, cuja inauguração, em 13 de agosto de 1923, aconteceu após o término da exposição. Foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933) e construído por Otávio Guinle. Um hotel de menor porte, também construído na época, foi o Hotel Regina, inaugurado em 3 de setembro de 1922, na rua Ferreira Vianna, nº 29, onde funciona até os dias atuais.

 

 

 

 

 

Acessando o link para as fotografias da Exposição do Centenário da Independência produzidas por Augusto Malta, Guilherme Santos, Jorge Kfuri, Marc Ferrez e por fotógrafos ainda não identificados disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

Fotos do mesmo pavilhão realizadas por diferentes fotógrafos:

 

Palácio das Festas por Carlos Bippus, Guilherme Santos e Marc Ferrez

Parque de Diversões por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão da Inglaterra por Guilherme Santos, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão da Itália por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão da Tchecoslováquia por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão de Caça e Pesca e Pavilhão de Estatística por Augusto Malta e Marc Ferrez

Pavilhão de Portugal por Guilherme Santos e Photo Lopes

Pavilhão do Japão por Guilherme Santos e Thiele & Kollien

Pavilhão do México por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão ou Palácio dos Estados por Augusto Malta, Carlos Bippus e Marc Ferrez 

Pavilhão Matarazzo por Marc Ferrez e Thiele & Kollien

 

Breve perfil da Exposição Internacional do Centenário da Independência

 

 

“Qualquer coisa de grande nos levanta o peito ao arfar das esperanças novas e muita coisa de ingênuo, de cândido, de infantil nos toca as fibras mais íntimas adoçando-nos a alma no seguir com os olhos o caminho do passado”.

O Paiz, 7 de setembro de 1922

 

 

Já no primeiro número da Revista do Brasil, em janeiro de 1916, chamava-se atenção para a necessidade de se comemorar o centenário da independência, classificado como o primeiro marco glorioso da existência nacional. Na edição de setembro de 1917 do periódico Eu sei tudo foi publicado o artigo Noventa e cinco anos de independência, de Mario Bhering, onde o autor afirmava que com “a aproximação do Centenário da nossa Independência parece que se afervora o culto cívico, o ardor patriótico pelo 7 de setembro, ganhando de intensidade ano para ano”.

 

 

“…que momento poderia ser mais adequado do que este em que festejamos o centenário da nossa independência política? Precisamos demarcar as fronteiras do espírito nacional como já se fixaram as do território”.

Francisco Pontes de Miranda (1892 – 1979), jurista e intelectual brasileiro

 

 

A grandiosa Exposição Internacional do Centenário da Independência foi imaginada bem antes de sua realização. Em maio de 1920,  o representante de um grupo de capitalistas estrangeiros no Brasil, Ralph Cobham, sugeriu ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio que se realizasse no país em terrenos de Copacabana uma exposição internacional de comércio e indústria para a comemoração do Centenário da Independência. Em outubro, ele foi nomeado cônsul em Durban, na África do Sul (Correio Paulistano, 30 de maio de 1920, quarta coluna; O Paiz, 18 de outubro de 1920, terceira coluna). O deputado Paulo de Frontin (1860 – 1933) propôs, em julho do mesmo ano, que o governo liberasse uma verba de 100 mil contos de réis para o evento (Jornal do Brasil, 16 de julho de 1920, penúltima colunaRevista da Semana, 1º de janeiro de 1921).

O Decreto nº 4.175, de 11 de novembro de 1920, determinou a realização de uma Exposição Nacional na Capital da República integrando o programa de comemorações do Centenário da Independência.

 

Decreto nº 4.175, de 11 de novembro de 1920

 

Autoriza o Poder Executivo a promover, conforme melhor convier aos interesses nacionaes, a commemoração do Centenario da Independencia Politica do Brasil

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil:
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a resolução seguinte:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a promover desde já e conforme melhor convier aos interesses nacionaes, a commemoração do Centenario da Independencia Politica do Brasil, acceitando a cooperação ou concurso de todas classes sociaes, observadas as seguintes condições: 1ª Constituição de uma commissão idonea, que ficará directamente subordinada ao Presidente da Republica, para organizar o programma que resultar do exame e coordenação dos projectos que forem formulados pelos membros e commissões do Congresso, Ministros, Prefeitura do Districto Federal, Estados, municipalidades ou particulares; 2ª Observação do criterio de preferencia para a realização de uma Exposição Nacional na Capital da Republica.

Art. 2º O Governo organizará o programma da commemoração, submettendo-o ao conhecimento do Congresso, com o pedido de credito necessario para a execução da presente lei.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrario.

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1920, 99º da Independencia e 32º da Republica.

EPITACIO PESSÔA.
Alfredo Pinto Vieira de Mello.

 

A regulamentação oficial das atividades comemorativas foi determinada pelo Decreto nº 15.066, de 24 de outubro de 1921. O Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, sob a chefia do engenheiro José Pires do Rio (1880 – 1950), foi o responsável pela organização da exposição, que, segundo o programa para a comemoração do 1º Centenário da Independência Política do Brasil, deveria compreender as principais modalidades do trabalho no Brasil, atinentes à lavoura, à pecuária, à pesca, à indústria extrativa e fabril, ao transporte marítimo, fluvial, terrestre e aéreo, aos serviços de comunicação telegráficos e postais ao comércio, às ciências e às belas artes (apud MOTTA, 1992: 67).

 

Decreto nº 15.066, de 24 de outubro de 1921

 

Dá execução ao Decreto Legislativo n. 4.175, de 11 de novembro de 1920.

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, tendo em vista o que dispõe o Decreto Legislativo n. 4.175, de 11 de novembro de 1920,

DECRETA:

Art. 1º A Commissão, de que trata o n. 1 do art. 1º do citado decreto, ficará constituida do Ministro da Justiça e Negocios Interiores, do Ministro da Agricultura, Industria e Commercio e do Prefeito do Districto Federal.

Art. 2º A Commissão providenciará para a execução do programma da Commemoração do Centenario da Independencia Politica do Brasil, já organizado, com as modificações que se tornarem necessarias.

Art. 3º As attribuições dos membros da Commissão e a discriminação dos serviços a cargo de cada um delles, serão reguladas pelo Regimento Interno que, para esse fim, deverá ser organizado pela mesma Commisão.

Art. 4º Revogam-se as disposições em contrario.

Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1921, 100º da Independencia e 33º da Republica.

EPITACIO PESSÔA.
Joaquim Ferreira Chaves.

 

 

A realização de uma “Exposição Universal” no Rio de Janeiro, então capital federal, destacou-se como a mais ambiciosa das atividades comemorativas então programadas. Desde a primeira exposição internacional em Londres (1851), cujo símbolo foi o Palácio de Cristal, as chamadas “vitrines do progresso” sempre apresentaram alguns aspectos em comum, entre os quais se destacavam, entre outros, as motivações comerciais, o afluxo de divisas e turistas, o impacto sobre a infraestrutura urbana, e a difusão de valores e de padrões de conduta. O mais importante, e ainda hoje é assim, era a afirmação do prestígio nacional, representado pelos pavilhões de cada país que constituíam a ossatura das exposições.

Atlas Histórico do Brasil – FGV – CPDOC

 

 

 

 

Em julho de 1922, foi lançada pelo Órgão da Comissão Organizadora da Exposição do Centenário a revista A Exposição de 1922, dirigida por Antônio Assis de Pádua Rezende. Foram publicados 18 edições (Revista da Exposição de 1922, julho de 1922).  A comissão Organizadora era presidida pelo ministro interino da Agricultura Indústria e Comércio e também ministro da Viação e Obras Públicas, José Pires do Rio (1880 – 1950), sendo Antônio Olintho dos Santos Pires (1860 – 1925) o primeiro vice-presidente e Antônio Assis de Pádua Rezende o segundo vice-presidente. Delfim Carlos da Silva era o secretário-geral e Mário Barbosa Carneiro, tesoureiro.

 

 

No dia 7 de setembro de 1922, as comemorações do centenário foram abertas. O presidente da República, Epitácio Pessoa (1865 – 1942), assistiu na Praça Deodoro o desfile das tropas, vendo-se em primeiro lugar os contingentes estrangeiros em fraternal solidariedade com as forças nacionais. Depois o presidente assistiu ao Juramento da Bandeira, realizado pelos alunos das escolas públicas municipais, na Prefeitura.

Às 14 horas, no Palácio do Catete, Epitácio Pessoa recebeu os cumprimentos das Embaixadas Estrangeiras, do Corpo Diplomático, de Comissários Gerais, de membros do Congresso Nacional, de oficiais de terra e mar, e do alto funcionalismo público.

Finalmente, às 16h, no Palácio das Festas, Epitácio inaugurou solenemente a exposição. O evento ocupou uma grande área – do Passeio Público à Ponta do Calabouço e, de lá, se estendia pelo espaço aberto com a demolição do Morro do Castelo (O Paiz, 8 e 9 de setembro de 1922).

 

“Nenhuma linhagem falará melhor do que o certame que hoje inauguramos. Ele não se realiza como pretexto para festins, mas como demonstração de esforços extraordinários de inteligência consumidos num século de atividade, em quase todos os ramos de trabalho. Haverá aí mostras desse passado. Umas servirão para acentuar como os povos devem guardar certos patrimônios legados por seus maiores; outras servirão para  abrir os olhos aos que se aferram à rotina, e hão de constituir, pela comparação com os produtos aperfeiçoados aqui expostos, benéfico estímulo para melhorar e progredir”.

Trecho do discurso proferido por Joaquim Ferreira Chaves (1852 – 1937),ministro da Justiça,

na inauguração oficial da Exposição de 1922

 

 

 

À noite, o presidente recebeu convidados, dentre eles todos os membros das representações oficiais no Theatro Municipal, onde foi apresentada a ópera O Guarany, de autoria de Carlos Gomes (1836 – 1896).

 

 

 

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 O Paiz, 8 de setembro de 1922

 

Dentre as comemorações civis do Centenário teve um destaque sem par a inauguração da Exposição.

Do que é, ou melhor, do que vae ser esse certamen internacional póde-se ter uma idéia pelo qual já está prompto. Num esforço colossal, cuja gloria cabe ao governador da cidade, conquistou-se á Guanabara o alargamento da Avenida Wilson e derrubou-se boa parte do innominavel bairro da Misericórdia, para se fazer surgir em todo esse terreno um conjunto suprehendente de palácios e pavilhões , que, uma vez concluídos com todos os seus detalhes fará a maior honra á nossa engenharia civil. E não se trata de construções ligeiras. A maioria do que está ali existe é para ficar: é para fazer parte do novo bairro – que o arrasamento do Morro do Castelo ampliará até o coração da cidade.

Sem falar nos pavilhões estrangeiros, quasi todos muito notáveis, temos o Palácio das Festas que é verdadeiramente grandioso, e o Palácio das Industrias, que é um assombro de transformação e aproveitamento do velho Arsenal de Guerra – obra que, sem favor, se pode chamar genial. Todo aquelle antigo aspecto sinistro da penitenciaria e convento, parece-nos agora numa feição architetonica severa, mas risonha, relembrando a origem colonial, mas com requintes de arte, que se torna encantadora. E a Torre das Jóias corôa essa obra de maneira deslumbranteDentro de algumas semanas, quando tudo estiver concluído e nos seus logares, veremos confirmado o juízo que alguém já externou de ser a Exposição do Centenário e mais bella desses últimos tempos. E será também o attestado mais evidente do nosso arrojo e da nossa capacidade de trabalho, subordinada aos dictames da arte.”

 

 

O objetivo da Exposição de 1922 era exibir um país moderno, atualizado em termos de ciência, avanços industriais e tendência das artes e da moda. Para tal, o Congresso liberou uma verba considerada exorbitante. Mais de 20 chefes de Estado e, acredita-se, em torno de 3,5 milhões de pessoas a visitaram ao longo de seus quase 11 meses de celebrações. Cerca de cinco mil pessoas trabalharam no evento. Foram realizadas as primeiras exibições de cinema durante uma exposição com filmes elaborados para a ocasião. O de maior sucesso foi No país das Amazonas (1922), do português Silvino Santos (1886 – 1970), que louvava as belezas da região e recebeu a medalha de ouro do júri da Exposição.

Segundo a historiadora Marly Motta, “Se as reluzentes máquinas eram o orgulho maior dos expositores do século XIX, no século XX, quem dava as cartas era a ciência, expressa na confiabilidade dos dados estatísticos, nas maravilhas da química e nas luzes da eletricidade”. Esse seria era o traço que diferenciava as exposições universais do século XIX das do século XX, incluindo a de 1922, no Rio de Janeiro. Se nas exposições do século XIX o objetivo principal era a venda de produtos e a conquista de novos mercados, no século XX o objetivo principal desses eventos passou a ser a difusão e venda de idéias que, além de expostas, eram debatidas a partir da realização de conferências e congressos sobre diversos temas e a exibição de filmes.

 

 

Sua inauguração, com o comparecimento de cerca de 200 mil pessoas, contou com a realização de paradas militares e discursos do presidente da República e das maiores autoridades do país. A área da exposição estava, como já mencionado, feericamente iluminada por luz elétrica.

A área da exposição possuia 2.500 metros de extensão e seu percurso tinha duas partes. A percorrida a partir do portão na Praça Floriano Peixoto e que correspondia à Avenida das Nações e “que abrigava os pavilhões de honra de treze nações estrangeiras (Portugal tinha ali também seu Pavilhão Industrial) 3 , o parque de diversões, o cinema, bares de cervejarias, lanchonetes, restaurante oficial, pavilhões de indústrias independentes, além de vários pequenos quiosques de produtos alimentícios. A segunda parte era a área da Praça do Mercado, onde os onze pavilhões nacionais foram localizados. O acesso a esta área se dava pelo portão neocolonial, sendo também neocoloniais os pavilhões da Fiação, da Caça e Pesca, das Pequenas Indústrias e o das Grandes Indústrias, onde seria inaugurado, ainda durante a exposição, o Museu Histórico Nacional” (Reconstituição Histórico Temporal da Exposição Internacional do Centenário da Independência).

“A Exposição Nacional exibiu 25 seções relacionadas a educação e ensino; letras, ciências e artes; mecânica; eletricidade; engenharia civil e transporte; agricultura; horticultura e arboricultura; florestas e colheitas; indústria alimentar; indústrias extrativas e metalurgia; decoração e mobiliário; fios, tecidos e vestuários; indústria química; indústrias diversas; economia social; higiene e assistência; ensino prático, instituições econômicas e trabalho manual da mulher; comércio; economia geral; estatística; forças de terra e esportes. Em paralelo, foram oferecidas atividades como exibição de filmes e conferências” (Fiocruz – Brasiliana – a divulgação científica no Brasil).

A Porta Monumental do evento ficava ao lado do Palácio Monroe, no final da avenida Rio Branco. As reações em relação à abertura da exposição variaram: foi considerada um sucesso por alguns períódicos e, já outros, criticaram o acontecimento. Na verdade, na ocasião, poucos pavilhões estavam abertos ao público. A revista  Careta chamou atenção para o fato antes e depois da inauguração.

 

 

 

 

 

 

Além do Brasil, os seguintes países montaram pavilhões – Argentina, Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Japão, México, Noruega, Portugal, Suécia e Tchecoslováquia. Ficavam na avenida das Nações. Uma curiosidade: Portugal possuía dois pavilhões e o maior foi transferido e reconstruído em Lisboa.

 

 

Foram construídos especialmente para a ocasião e instalados em uma extensa área proveniente de aterros e outras intervenções, dentre as quais o desmonte do Morro do Castelo, iniciativa saudada por personalidades importantes como o sanitarista Belisário Pena e criticada por outras, dentre elas, os escritores Monteiro Lobato (1882 – 1948) e Lima Barreto (1881 – 1922). 

 

 

O desmonte integrava a reforma urbana implementada, entre 1920 e 1922, pelo prefeito Carlos Sampaio (1861 – 1930).

 

 

Surgia então a nova Esplanada do Castelo, onde foram edificados os pavilhões da Exposição. No fim do evento, a área tornou-se muito valorizada e foi loteada. Mas antes, algumas revistas ironizaram a escolha do local para a realização da Exposição de 1922 devido ao perigo de ressacas e alagamentos.

 

 

Sobre o estilo dos prédios, a arquiteta e museóloga Nina Levy escreveu:

“Entre as principais construções nacionais na Exposição que seguem a linguagem do ecletismo teríamos a Porta Principal (Mario Fertin e Edgar Viana), o Pavilhão do Distrito Federal (Silvio Rebecchi), o Pavilhão da Estatística (Gastão Bahiana) o Palácio dos Estados (H . Pujol Junior), o Palácio das Festas (Archimedes Memória e Francisque Cuchet), o Pavilhão da Música e a Fachada do Pavilhão das Indústrias Particulares (Nestor de Fi gueiredo) e a Fachada do Parque de Diversões (Morales de Los Rios).

Já dentro do espírito neocolonial estariam a Porta Norte (Raphael Galvão), o Palácio da Fiação (Morales de Los Rios Filho), o Pavilhão de Caça e Pesca (Armando de Oliveira), o Pavilhão das Pequenas Indústrias (Nestor de Figueiredo e C. S. San Juan) e a curiosa obra de restauração e adaptação do antigo Arsenal de Guerra, da Casa do Trem e do Forte do Calabouço para compor o Palácio das Grandes Indústrias (Archimedes Memória e Francisque Cuchet)”.

 

Augusto Malta, Sentados, da esquerda para a direita: Nestor de Figueiredo, Adollpho Morales de los Rios (pai) e Francisco Cuchet. Em pé, na mesma ordem: Arquimedes Memoria, Adolpho Morales de los /rios (filho), Celestino Severo de Juan e Edgar Vianna, de 7 de setembro de 1922. Rio de Janeiro, RJ / Rio antigo, por Charles Dunlop.

Augusto Malta. Sentados, da esquerda para a direita: Nestor de Figueiredo, Adolpho Morales de los Rios (pai) e Francisque Cuchet. Em pé, na mesma ordem: Archimedes Memória, Adolpho Morales de los Rios (filho), Celestino Severo de Juan e Edgar Viana, 7 de setembro de 1922. Rio de Janeiro, RJ / Rio Antigo, por Charles Dunlop.

 

 

Somente seis prédios da Exposição de 1922 ainda existem: no Rio de Janeiro, o Pavilhão da Administração e do Distrito Federal, atual Museu da Imagem e do Som; o Palácio da França, uma réplica do Petit Trianon, residência de campo de Maria Antonieta em Versalhes, atual Academia Brasileira de Letras; o Palácio das Indústrias, atual Museu Histórico Nacional; o Pavilhão de Estatística, órgão do Ministério da Saúde; o do Pavilhão das Indústrias Particulares, o restaurante Albamar – que já existia antes da exposição e abrigava o Mercado Municipal; e o do Pavilhão das Indústrias de Portugal, que foi transferido para Lisboa.

 

 

 

 

 

 

“Foram mais de seis mil expositores, entre nacionais e estrangeiros, que disputavam em muitas categorias a preferência da comissão encarregada de julgar os produtos e atribuir as cobiçadas medalhas e diplomas de Grande Prêmio, Medalha de Ouro e Prata, que valorizariam seus artigos, seus nomes e as marcas de suas firmas. Durante o evento, também foram realizadas várias conferências e palestras sobre temáticas afins e, no curso do ano de 1922, foram ainda lançados diversos tipos de publicações, periódicos, programas, revistas, edições comemorativas de jornais, o Livro de Ouro, o Guia da Exposição (catálogo), cronogramas de atividades, publicações de outros estados e outras que não versavam sobre a exposição em si, mas que foram preparadas para a ocasião de celebrar a Independência do Brasil, como a Carta Geográfica do Brasil ao Milionésimo, elaborada pelo Clube de Engenharia para integrar a Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo”.

O Rio do morro ao mar – A Exposição de 1922: Memória e Civilização

 

Ficha de identificação dos produtos expostos na Exposição de 1922. NO alto, à esquerda, o brasão imperial; e, à direita, o brasão da República

Ficha de identificação dos produtos da Seção Brasileira da Exposição de 1922. No alto, à esquerda, o brasão imperial; e, à direita, o brasão da República

 

A Exposição Nacional exibiu 25 seções relacionadas a educação e ensino; letras, ciências e artes; mecânica; eletricidade; engenharia civil e transporte; agricultura; horticultura e arboricultura; florestas e colheitas; indústria alimentar; indústrias extrativas e metalurgia; decoração e mobiliário; fios, tecidos e vestuários; indústria química; indústrias diversas; economia social; higiene e assistência; ensino prático, instituições econômicas e trabalho manual da mulher; comércio; economia geral; estatística; forças de terra e esportes. Em paralelo, foram oferecidas atividades como exibição de filmes e conferências.

 

Foi oferecido aos visitantes da exposição um serviço de passeios aéreos sobre a Baía de Guanabara em hidroplanos de dois passageiros, partindo da Ponta do Calabouço, perto do restaurante da exposição, onde foi construída uma ponte flutuante para embarque e desembarque.

 

 

Também na Baía de Guanabara fundearam diversos navios estrangeiros: o Moreno, da Argentina; o Maryland e o Nevada, dos Estados Unidos; o Hood e o Repulse, da Inglaterra; o Azuma, o Isuno e o Iwate, do Japão; o República e o Carvalho Araújo, de Portugal; e o Uruguai, do país homônimo.

No estande do Exército foi exposta a Carta Topográfica do Distrito Federal, hoje Município do Rio de Janeiro, na escala de 1:50.000, impressa em sete cores e contendo curvas de nível, cujo levantamento foi o primeiro trabalho do Serviço Geográfico Militar.

 

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Outro destaque da Exposição de 1922 foi a mostra de Saúde Pública do Departamento Nacional de Saúde Pública, que já foi tema de um artigo da Brasiliana Fotográfica.

 

 

Foi durante a realização da exposição que, por iniciativa da Câmara de Comércio Norte-Americana no Brasil, foram angariados cerca de 40 mil dólares para a confecção de um monumento que simbolizasse a amizade entre o Brasil e os Estados Unidos. Foi presenteada ao Brasil uma escultura de bronze de uma mulher, em pé, sustentando na mão esquerda os pavilhões norte-americano e brasileiro ornados com folhas de louro e, na direita, uma palma de louros, inaugurada em 4 de julho de 1931.

 

 

Uma série de outros eventos aconteceram durante a exposição, dentre eles uma missa campal, diversos congressos, dentre eles o Congresso Internacional de História da América, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; e o primeiro Congresso Feminista no país, que será tema de um artigo aqui na Brasiliana Fotográfica, em dezembro; uma sessão solene no Congresso Nacional, um desfile de cerca de 4.600 alunos na avenida Rio Branco, a inauguração do monumento de Cuauhtemoc, oferecido pelo México; além de inúmeros bailes, banquetes, conferências, corridas de cavalo, excursões, recepções e até uma festa veneziana na Enseada de Botafogo (Gazeta de Notícias, 14 de setembro de 1922; O Paiz, 16 de setembro de 1922, terceira coluna; Fon-Fon, 23 de setembro de 1922).

 

 

Em setembro de 1923, foi publicado o Livro de Ouro da Exposição do Centenário, editado pela casa editorial Almanak Laemmert, criada em 1844, pelos irmãos Eduard e Heinrich Laemmert (Correio da Manhã, 25 de novembro de 1923, primeira coluna).

 

 

 

A primeira grande transmissão pública de rádio do Brasil

 

 

Na abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência, foi realizada a primeira grande transmissão pública de rádio do Brasil. Outras transmissões radiofônicas já haviam sido realizadas no país – pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura (1861 – 1928), em 16 de julho de 1899, em São Paulo (Commercio de São Paulo, 17 de julho de 1899, terceira coluna); e pela Rádio Clube de Pernambuco, fundada em 6 de abril de 1919 (Jornal do Recife, 25 de abril de 1919, última coluna).

 

 

 

Mas esta, realizada em 7 de setembro de 1922, é considerada a primeira transmissão radiofônica oficial brasileira.

Em maio de 1922, a Delegação dos Estados Unidos para a Exposição de 1922 já anunciava as demonstrações que seriam realizadas por empresas norte-americanas (A Noite, 20 de maio de 1922, terceira coluna). Uma estação de 500 watts, montada no alto do Corcovado pela Westinghouse Eletric International em combinação com a Companhia Telefônica Brasileira, irradiou o discurso do presidente Epitácio Pessoa  (1865 – 1942), surpreendendo os visitantes da Exposição Internacional do Rio de Janeiro, através de 80 receptores vindos dos Estados Unidos, instalados em pontos centrais da cidade. A transmissão também foi realizada para Niterói, Petrópolis e São Paulo. Pelo mesmo sistema, à noite, a ópera O Guarany, de Carlos Gomes, encenada no Teatro Municipal, também foi irradiada (Correio da Manhã, 8 de setembro de 1922, quinta coluna; A União (RJ), 14 de setembro de 1922, quarta coluna).

 

 

A Western Electric Company em colaboração com a Companhia Telefônica também esteve presente à exposição onde fez demonstrações do telefone Alto-Falante que funcionando em comum com a radiofonia possibilitava ouvir-se trechos de música e de óperas executados a considerável distância (Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1922, sexta coluna).

 

 

Pixinguinha (1897 – 1973), em entrevista, disse que havia tocado também durante as primeiras transmissões radiofônicas oficiais no Brasil. “Toquei num estudiozinho que havia lá e a Zaíra de Oliveira cantou”. O estúdio foi montado no pavilhão dos Estados Unidos.

Segundo Edgar Roquette Pinto (1884 – 1954), considerado o pai da radiofusão no Brasil, durante a Exposição de 1922:

“… muito pouca gente se interessou pelas demonstrações experimentais de radiotelefonia então realizadas pelas companhias norte-americanas Westinghouse, na estação do Corcovado, e Western Electric, na Praia Vermelha. […]. Creio que a causa desse desinteresse foram os alto-falantes instalados na exposição. Ouvindo discurso e música reproduzidos no meio de um barulho infernal, tudo distorcido, arranhando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores consequências”. (BBC, 1988).

 

 

O fato é que no ano seguinte foi fundada, em 20 de abril de 1923, aquela que é considerada a primeira emissora radiofônica do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, cujo principal idealizador foi justamente Edgar Roquette-Pinto. Seu o slogan era “Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”. Em caráter experimental, a primeira transmissão da Rádio Sociedade aconteceu em 1º de maio de 1923, Dia do Trabalho, utilizando o prefixo PR1– A e, após, PRA-A e PRA-2. Em 1936 a Rádio Sociedade passou a se chamar Rádio Ministério da Educação.

 

Uma curiosidade: neste mesmo dia, 7 de setembro de 1922, nascia, no Rio de Janeiro, o ator Paulo Autran (1922 – 2007), que se tornaria um dos ícones da cultura brasileira.

 

Links para publicações sobre a Exposição de 1922

Links para as edições da Revista da Semana dedicadas à comemoração do Centenário da Independência:  9 de setembro16 de setembro23 de setembro30 de setembro; 7 de outubro14 de outubro; 21 de outubro; e 28 de outubro de 1922.

 

 

 

Link para o Álbum da Cidade do Rio de Janeiro comemorativo do  1ºCentenário da Independência do Brasil, cuja iniciativa da publicação foi do engenheiro Luiz Raphael Vieira Souto (1849 – 1922)

 

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Link para o Guia Official Exposição Internacional do Rio de Janeiro 1922

 

 

Link para o número do centenário da revista Fon-Fon, 7 de setembro de 1922

 

 

Link para o filme 1922 – A Exposição da Independência (1970), filme com imagens resgatadas do documentário realizado por Silvino Santos (1893 – 1970), em 1922,  dirigido por Roberto Kahane e Domingos Demasi.

 

Cena do filme

Cena do filme 1922 – A Exposição da Independência

 

Link para 60 fotos de aspectos da Exposição de 1922 que fazem parte do álbum Exposição Internacional do Centenário da Independência – Rio de Janeiro – Brasil – 1922/1923, do acervo iconográfico do Acervo Público Mineiro.

 

 

Link para o artigo A apresentação do Departamento Nacional de Saúde Pública na Exposição Internacional do Centenário da Independência, de autoria de Ricardo Augusto dos Santos, publicada na Brasiliana Fotográfica, em 13 de abril de 2020.

 

 

 

Link para o artigo A independência do Brasil pelos olhos de Debret, publicado no portal Brasiliana Iconográfica, em 31 de agosto de 2022.

 

 

Link para o programa Os 100 (ou mais) anos do rádio no Brasil, com roteiro e apresentação da jornalista Helena Aragão, publicado em 2 de setembro de 2020, na Rádio Batuta.

 

Os 100 (ou mais) anos do rádio no Brasil

 

 

Link para o artigo BRAVA GENTE: NA VOZ DE VICENTE CELESTINO, UM ‘HIT’ BICENTENÁRIO DE D. PEDRO I E EVARISTO DA VEIGA, de Pedro Paulo Malta. Discografia Brasileira / Instituto Moreira Salles.

 

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Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALMEIDA, Hamilton. Padre Landell: o brasileiro que inventou o wireless. Santa Catarina: Editora Insular, 2022.

Atlas Histórico do Brasil – FGV – CPDOC

Biblioteca Nacional. A Exposição Universal de Londres de 1851 e o Palácio de Cristal, 1º de maio de 2020.

BRITISH BROADCASTING CORPORATION. O rádio no Brasil. Londres: Serviço Brasileiro da BBC, 1988. Série de programas de rádio.

CÂMARA, Renato Phaelante da. Fragmentos da história do Rádio Clube de Pernambuco. 2.ed. Recife: Cepe, 1998.

Correio do Cidadão, 1º de junho de 2022.

COSTA, Júlia Fúria. O “Culto da Saudade” nas Comemorações do Centenário da Independência do Brasil: A Criação do Museu Histórico Nacional, 1922Em Tempo de Histórias – Publicação do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília PPG-HIS, nº. 18, Brasília, jan/jul. 2011. ISSN 1517-1108.

DRAGO, Niuxa; VILAS BOAS, Naylor; GUEDES, Sebastião. Reconstituição Histórico Temporal da Exposição Internacional do Centenário da Independência. VI Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2020.

DUNLOP, Charles. Rio Antigo, volume III. Rio de Janeiro : Editra Rio Antigo Ltda, 1960.

FERRARETTO, Luiz Artur. De 1919 a 1923, os primeiros momentos do rádio no BrasilRevista Brasileira de História da Mídia (RBHM) – v.3, n.1, jan.2014-jun/2014.

FERREIRA ROSA. O Centenário.

Fiocruz – Brasiliana – a divulgação científica no Brasil

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

HEYNEMANN, Claudia B. Café Brasil: o Império na Exposição Internacional de Filadélfia in Brasiliana Fotográfica, 4 de dezembro de 2019.

JUNQUEIRA, Julia Ribeiro. As comemorações do Sete de Setembro em 1922: uma re(leitura) da História do Brasil.  Versão modificada de um dos capítulos apresentados na dissertação Jornal do Commercio: cronista da História do Brasil em 1922, defendida, em maio de 2010, no Programa de Pós-Graduação em História Política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

LEVY, Ruth. A exposição do centenário e o meio arquitetônico carioca no início dos anos 1920. Rio de Janeiro : EBA/UFRJ, 2010.

MARTINS, Angela Maria Moreira. A Exposição Internacional de 1922 no Rio de Janeiro: um espaço urbano turístico na jovem república brasileira. In: DEL RIO, Vicente (Org.). Arquitetura: pesquisa e projeto. Rio de Janeiro: UFRJ, FAU; São Paulo: ProEditores, 1998. (Coleção PROARQ). p.121-146.

MOTTA, Marly Silva da. A nação faz cem anos: a questão nacional no centenário da independência. Rio de Janeiro: Editora FGV: CPDOC, 1992.

MOTTA, Marly Silva da. Ante-sala do paraíso”, “vale de luzes”, “bazar de maravilhas” – a Exposição Internacional do Centenário da Independência (Rio de Janeiro – 1922). Rio de Janeiro: CPDOC, 1992. 22f. Trabalho apresentado no Seminário “Cenários de 1922″, promovido pelo CPDOC, Rio de Janeiro, 19-20 nov. 1992.

MOURÃO, Alda; GOMES, Ângela de Castro. A experiência da Primeira República no Brasil e em Portugal. Rio de Janeiro : Editora FGV, 2011.

RIBEIRO, Fernanda de Azevedo. A Exposição Internacional do Centenário da Independência de 1922: processo de modernização e legado para a cidade do Rio de Janeiro. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, 2014.

RIBEIRO, Fernanda de Azevedo. Representações da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil de 1922 e da cidade do Rio de Janeiro nas mídias19&20, Rio de Janeiro, v. XV, n. 2, jul.-dez. 2020.

ROBICHON, François. Les panoramas en France au XIXe siecle. Paris/Nanterre, 1982. Tese de Doutorado – Universidade de Paris X-Nanterre.

SANTOS, Araci Alves do. Terra encantada – A Ciência na Exposiçao do Centenário da Independência do Brasil. Dissertação de Mestrado apresentada ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação de História da Ciência, das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

SILVA, Eliane Alves da. 90 Anos da Missão Cartográfica Imperial Militar Austríaca no Exército Brasileiro – Relato Histórico da Fotogrametria (1920-2010). 1º Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica. Parati, 10 a 13 de maio de 2012.

Site Empresa Brasileira de Comunicação

Site Exposições Virtuais – Arquivo Nacional – O RIO DO MORRO AO MAR A Exposição de 1922: Memória e Civilização

Site Histórias e Monumentos

Site IHGB

VAZ FILHO, Pedro Serico. A centenária Rádio Clube de Pernambuco Registros em meios impressos documentam a origem da emissora pernambucana em 06 de abril de 1919. XII Encontro Nacional de História da Mídia, Rio Grande do Norte, junho de 2019.

 

 

Links para os artigos publicados da Série 1922 – Hoje, há 100 anos

Série 1922 – Hoje, há 100 anos I – Os Batutas embarcam para Paris, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 29 de janeiro de 2022

Série 1922 – Hoje, há 100 anos II- A Semana de Arte Moderna, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 13 de fevereiro de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos III – A eleição de Artur Bernardes e a derrota de Nilo Peçanha, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 1º de março de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IV – A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 17 de junho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos V – A Revolta do Forte de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 5 de julho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VI e série Feministas, graças a Deus XI – A fundação da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 9 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VII – A morte de Gastão de Orleáns, o conde d´Eu (Neuilly-sur-Seine, 28/04/1842 – Oceano Atlântico 28/08/1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 28 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IX – O centenário do Museu Histórico Nacional, de autoria de Maria Isabel Lenzi, historiadora do Musseu Histórico Nacional, publicado em 12 de outubro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos X –  A morte do escritor Lima Barreto (1881 – 1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 1º denovembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos XI e série Feministas, graças a Deus XII 1ª Conferência pelo Progresso Feminino e o “bom” feminismo, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, antropóloga do Arquivo Nacional, publicado em 19 de dezembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

 

Links para os artigos sobre exposições nacionais ou internacionais publicados na Brasiliana Fotográfica

O pintor Victor Meirelles e a fotografia na II Exposição Nacional de 1866, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 17 de agosto de 2017.Motr

A festa do progresso: o Brasil na Exposição Continental, Buenos Aires, 1882, de autoria de Maria do Carmo Rainho, Arquivo Nacional, publicado em 29 de março de 2018.

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, Museu da República, publicado em 5 de abril de 2018.

Marc Ferrez, a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de junho de 2018.

Paris, 1889: o álbum da exposição universal, de autoria de Claudia B. Heynemann, Arquivo Nacional,publicado em 27 de julho de 2018.

Café Brasil: o Império na Exposição Internacional de Filadélfia, de autoria de Claudia B. Heynemann, Arquivo Nacional, publicada em 4 de dezembro de 2019.

Festa das Artes e da Indústria Segunda Exposição Nacional, 1866, de autoria de Claudia Beatriz Heynemann e Maria Elizabeth Brêa Monteiro, Arquivo Nacional, em 5 de abril de 2020.

A apresentação do Departamento Nacional de Saúde Pública na Exposição Internacional do Centenário da Independência, de Ricardo Augusto dos Santos, Fiocruz, publicado em 13 de abril de 2020.

A Exposição Internacional de Higiene de Dresden, de Cristiane d´Avila, Fiocruz, publicado em 5 de janeiro de 2022.

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb

A Serra dos Órgãos faz parte da Serra do Mar, na Região Serrana do Rio de Janeiro e sua beleza não passou despercebida por grandes fotógrafos do século XIX. A Brasiliana Fotográfica reuniu 16 imagens realizadas pelos europeus Georges Leuzinger (1813 – 1892) e Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886); e pelo carioca filho de franceses Marc Ferrez (1843 – 1923)  Foram produzidas entre as décadas de 1860 e 1890 e pertencem aos acervos da Biblioteca Nacional e do Instituito Moreira Salles, instituições fundadoras do portal. Há ainda uma fotografia aérea, de 1935, do acervo do Museu Aeroespacial, uma de nossas instituições parceiras. Convidamos nossos leitores a um agradável passeio por essa exuberante paisagem cujo um dos principais monumentos geológicos é o Dedo de Deus, pico com 1.692 metros de altitude.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Serra dos Órgãos de autoria de Ferrez, Leuzinger e Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Foi criado, em 30 de novembro de 1939, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), uma Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral, subordinada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (Gazeta de Notícias, 22 de novembro, quarta coluna; e 8 de dezembro, penúltima coluna; de 1939). É o terceiro parque mais antigo do Brasil.  O grupo responsável por seu projeto e por seu decreto de criação era formado por Armando José Vieira, Edgar de Chagas Dória, pelos irmãos Arnaldo e Carlos Guinle, Hungria Machado, Franklin Sampaio, Egon Prates e pelo próprio presidente Getúlio Vargas.

 

 

É considerado um dos melhores locais do país para a prática de esportes de montanha, além de abrigar cachoeiras. Tem a maior rede de trilhas do Brasil e entre as escaladas destacam-se o Dedo de Deus, considerado o marco inicial da escalada no país. São 20.024 hectares protegidos nos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim. Segundo o Site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: abriga mais de 2.800 espécies de plantas catalogadas pela ciência, 462 espécies de aves, 105 de mamíferos, 103 de anfíbios e 83 de répteis, incluindo 130 animais ameaçados de extinção e muitas espécies endêmicas.

 

Uma curiosidade: a Serra dos Órgãos foi uma das paisagens que inspirou o grande músico brasileiro Heitor Villas-Lobos (1887-1959) a compor melodias para as montanhas brasileiras – A melodia das montanhas, por Julio Pires (O Cruzeiro, 4 de maio de 1940).

 

 

Georges Leuzinger (1813-1892) 

 

 

Georges Leuzinger (1813-1892) nasceu em Mollis, cidade do cantão de Glarus, na Suíça, e foi um dos mais importantes fotógrafos e difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país. Grande empreendedor, montou um sofisticado e diversificado complexo editorial, a Casa Leuzinger, que se tornaria um polo de publicações e de produções fotográficas, alçando o Brasil ao mesmo nível da produção europeia do setor.

A Casa Leuzinger era formada por oficinas de litografia, encadernação e fotografia, além de papelaria, tipografia e estamparia de livros e gravuras. Foi referência em artes gráficas, impressão e divulgação de gravuras e fotografias.  Além de produzir suas próprias imagens, o estabelecimento comercializava obras de fotógrafos como Marc Ferrez (1843 – 1923) e Albert Frisch (1840 – 1918) , entre outros.

Como fotógrafo, Leuzinger realizou, durante a década de 1860, apenas cerca de 20 anos após a invenção da daguerreotipia, um importante e pioneiro trabalho de documentação do Rio de Janeiro, incluindo cenas urbanas, vistas de Niterói, da Serra dos Órgãos e de Teresópolis.

 

Marc Ferrez (1843 – 1923)

 

 

Marc Ferrez (1843 – 1923) foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

Outro segmento de sua obra iconográfica registrou as várias regiões do Brasil – ele foi o único fotógrafo do século XIX que percorreu todas as regiões do país, tendo sido, no referido século, o principal responsável pela divulgação da imagem do país no exterior. Em meados dos anos 1870, integrou a Comissão Geológica do Império. Tornou-se nos anos 1870 Fotógrafo da Marinha Imperial.

 

Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

 

 

Um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil, Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) foi o fotógrafo preferido da família imperial brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, inaugurou seu estabelecimento fotográfico em 1855 ( Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna ). Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.

Foi também o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Dois exemplares estão conservados na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), 8 de maio de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, em 15 de junho de 2022

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, publicada em 30 de junho de 2015

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de Sérgio Burgi, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), publicada em 29 de junho de 2018

O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, publicada em 24 de junho de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), publicado em 4 de dezembro de 2019 

Uma homenagem da Casa Granado ao casal imperial sob as lentes de Marc Ferrez, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral e Marc Ferrez, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, publicada em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, publicado em 28 de abril de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), publicado em 12 de janeiro de 2023

 

No Dia Mundial do Meio Ambiente, velas abertas na Baía da Guanabara

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a Brasiliana Fotográfica destaca belíssimas imagens de barcos com suas velas abertas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, produzidas entre as décadas de 1880 e 1930. Seu autores são os fotógrafos Alfredo Krausz (? – 19?), Guilherme Santos (1871 – 1966), Marc Ferrez (1843 – 1923) e Torres (18? -?) – provavelmente Eugenio Francisco Magarinos Torres. O portal lembra a seus leitores da ferramenta zoom. Com ela pode-se ver cada detalhe das fotografias, trazendo-as para mais perto e tendo acesso a uma diferente exploração e observação das imagens. Apreciem!

 

Thumbnail

 

Acessando o link para as fotografias de barcos com as velas abertas disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

 

 

 

O Dia Mundial do Meio Ambiente começou a ser comemorado em 1972. A data foi escolhida porque a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente foi realizada em Estocolmo, na Suécia, entre 5 e 16 de junho de 1972. Seu secretário-geral foi o canadense Maurice Strong (1929 – 2015). Considerada a iniciativa mais importante tomada até então no campo da conservação do meio ambiente e da luta contra a poluição,

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Artigos publicados na Brasiliana Fotográfica no Dia Mundial do Meio Ambiente

 

A Floresta da Tijuca no Dia Mundial do Meio Ambiente, publicado em 5 de junho de 2019

Bambus, por Marc Ferrez, publicado em 5 de junho de 2020

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez

Hoje, quando é comemorado o Dia da Sogra, a Brasiliana Fotográfica destaca imagens da modista e comerciante francesa Pauline Caroline Lefebvre (18?- 1911), mãe de Marie Lefebvre (c. 1849 – 1914), com quem o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923) casou-se, em 16 de agosto de 1873. Além de registros de Pauline, publicamos também outras fotografias da família de Ferrez, onde aparecem, além dele e de sua mulher, seus filhos Julio Marc (1881 – 1946) e Luciano José André (1884 – 1955); a casa onde moraram, na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo; e o túmulo da família, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

 

 

Acessando o link para as fotografias da família de Marc Ferrez, da casa onde moraram na rua Voluntários da Pátria e do túmulo da família disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de Sérgio Burgi, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), publicada em 29 de junho de 2018

O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, publicado em 

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, publicado em 21 de setembro de 2021

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), publicado em 12 de janeiro de 2023

 

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos

No 17º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido o tema é a Igreja São Pedro dos Clérigos. As fotografias são de Marc Ferrez (1843 – 1923), o mais importante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX; e do alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro de 1903 a 1936. O cargo foi criado para ele pelo prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913).

Foi em 1733 que a Igreja São Pedro dos Clérigos começou a ser construída na região central do Rio de Janeiro, na esquina das ruas São Pedro, que na época chamava-se rua dos Carneiro, e dos Ourives, atual rua Miguel Couto. Utilizando a ferramenta zoom, o leitor poderá magnificar a imagem abaixo e ver claramente as placas indicando a rua do Ourives e a Drogaria Araújo Freitas & Cia, além do calçamento e dos detalhes arquitetônicos da igreja. Há ainda pedestres na rua e uma charrete.

 

 

O terreno onde foi construída a Igreja São Pedro dos Clérigos ou Igreja do Príncipe dos Apóstolos foi doado pelo irmão Franciso Barreto de Menezes, em 9 de outubro de 1732. Foi edificada pelo bispo dom Antonio Guadalupe, que também realizou uma doação particular. Ficou pronta em 1738 e era considerada uma jóia do barroco. Seu interior era decorado por um rico trabalho do mineiro Mestre Valentim (1745 – 1813), um dos principais artistas do Brasil colonial. Era propriedade da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos de São Pedro.

 

 

 

A autoria de seu projeto é controversa. Segundo a tese de doutorado de Luís Alberto Ribeiro Freire, A Talha Neoclássica na Bahia, Universidade do Porto, 2001:

O livro de tombo não nos informa, assim como nenhum outro documento encontrado nos arquivos da irmandade, da autoria do projeto da igreja. No entanto, Moreira de Azevedo cita o engenheiro militar Tenente-Coronel José Cardoso Ramalho como o autor do risco, baseando-se, para tanto, na tradição oral e numa informação que teria recebido diretamente de descendentes do referido militar, que teriam afirmado ser dele a autoria da igreja de São Pedro, assim como também a de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Souza Viterbo contestou esta autoria comprovando que o Tenente-Coronel somente teria se instalado na capitania do Rio de janeiro em 1738, portanto ao final já da construção. Apesar disso, constatou-se posteriormente que o tenente-coronel poderia, ainda assim, ter sido o autor do risco, pois durante dez anos antes de ter tomado posse de seu posto no Rio de Janeiro, a serviço do rei, escoltava constantemente as frotas que da metrópole vinham ao Brasil.”  

A igreja tinha uma planta elíptica, hoje só encontrada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Ouro Preto, Minas Gerais. É também uma das igrejas brasileiras que se enquadram na tipologia curvilínea barroca, assim como a da Lapa dos Mercadores, no Rio de Janeiro, e outras igrejas em Minas Gerais, dentre elas a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto; e a de São Pedro dos Clérigos, em Mariana.

 

 

 

 

 

O mineiro Manoel Vieira dos Santos tornou-se o benfeitor da igreja quando doou, em 1764, 42,000 cruzados para o estabelecimento de um coro de seis sacerdotes na igreja. No mesmo ano, o bispo Antonio do Desterro (1694 – 1773) concedeu a licença, declarando que a irmandade jamais poderia dispor do patrimônio e do rendimento para despesas estranhas àquela instituição.

Foi uma das primeiras igrejas tombadas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN -, criado em  em 13 de janeiro de 1937. O SPHAN é o atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. O tombamento deveria ser a garantia para sua conservação e permanência, porém a Igreja São Pedro dos Clérigos foi demolida, em 1944, durante o Estado Novo, devido à construção da avenida Presidente Vargas, um projeto de modernidade do governo de Getúlio Vargas (1882 – 1954) que promulgou, em 29 de novembro de 1941, o Decreto-Lei 3866 de destombamento de bens do patrimônio histórico. Havia, na época, um pensamento segundo o qual resolver os problemas da cidade era solucionar seus problemas de tráfego.

 

 

DECRETO-LEI Nº 3.866, DE 29 DE NOVEMBRO DE 1941

Dispõe sobre o tombamento de bens no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional      

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,

       DECRETA:

       Artigo único. O Presidente da República, atendendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto pôr qualquer legítimo interessado, seja cancelado o tombamento de bens pertencentes à União, aos Estados, aos municípios ou a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, feito no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de acordo com o decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937.

       Rio de Janeiro, 29 de novembro de 1941, 120º da Independência e 53º da República.

Getúlio Vargas
Gustavo Capanema

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 31.12.1941

Foi publicada a reportagem Vestígios da arte grega nos templos cariocas, com uma breve história e uma descrição da Igreja de São Pedro dos Clérigos e de suas raridades artísticas (Diário da Noite, 23 de julho de 1943).

 

 

Rodrigo de Melo Franco Andrade (1898–1969), diretor do SPHAN, tentou evitar a demolição. Houve uma grande polêmica, protestos de fiéis, de engenheiros, de historiadores e de arquitetos. O então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), pensou na possibilidade de deslocar o prédio da igreja para a lateral da avenida Presidente Vargas, utilizando-se, para este fim, rolos de concreto de 60 cm de diâmetro (Illustração Brasileira, agosto de 1943A Noite, 21 de setembro de 1943).

 

 

 

“O projeto consistia em substituir a parte inferior das paredes da igreja por concreto. Sob o concreto seriam colocados rolos que serviriam para deslocar a igreja até o outro lado da avenida. A Franki, uma empresa de fundações e infra-estrutural tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço. Mas aqui no Brasil surgiu a idéia de usar rolos de concreto, cujos estudos foram realizados pelo Prof. Fernando Lobo Carneiro”. 

Coisas da Arquitetura

 

 

 

 

Foi publicada uma matéria sobre as demolições já concluídas e as que ainda seriam realizadas para a abertura da avenida Presidente Vargas, dentre elas a da Igreja de São Pedro dos Clérigos (A Noite, 5 de novembro de 1943, primeira página, penúltima coluna página 3, sexta coluna). Instalou-se uma polêmica em torno da remoção (Diário da Noite, 1º de dezembro de 1943).

 

 

Dodsworth (1895 – 1975), começou a ser ridicularizado devido a esse projeto de deslocamento da igreja. Consultou a Franki, empresa de fundações e infra-estruturas, que tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço, sobre a garantia do transporte do prédio da igreja e o diretor da empresa disse que não poderia dar essa garantia devido à  heterogeneidade das paredes. Havia a possibilidade de um acidente que poderia causar o desmoronamento do igreja. Diante disso, Dodsworth optou pela demolição (Diário da Noite, 11 de fevereiro de 1944).

 

 

 

O nascimento da avenida condenou ao desaparecimento de outras três igrejas que estavam em seu caminho: a de São Domingos, de 1791, que ficava no largo de mesmo nome, na altura da Avenida Passos; a de Bom Jesus do Calvário, de 1719, na esquina da Rua Bom Jesus do Calvário com a da Vala, onde hoje é a Rua Uruguaiana; e a de de Nossa Senhora da Conceição, de 1757, na altura da atual Rua da Conceição. Uma curiosidade: o grande músico brasileiro, padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), considerado o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do XIX; e o poeta Manuel Ignácio Silva Alvarenga (1749 – 1814) foram sepultados na Igreja São Pedro dos Clérigos.

“Antes da demolição, foram retirados todo o mobiliário, o altar e as talhas de Mestre Valentim, além de portas, janelas e partes da construção que poderiam ser usadas numa futura recomposição do templo, o que nunca aconteceu. Por esse motivo, pedaços da bela São Pedro dos Clérigos foram distribuídos por museus, fundações e outras paróquias. A imagem do altar-mor e a portada principal foram reutilizadas na nova Igreja de São Pedro, na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Duas cabeças de anjos e uma parte do retábulo estão no Museu de Arte Sacra da Arquidiocese do Rio de Janeiro. E uma das portas foi parar no Palácio Assunção, no Sumaré”.

O GLOBO, 7 de setembro de 2014

 

 

O desmonte da igreja e a dispersão das suas peças por acervos públicos e coleções particulares alimentou durante anos o mercado de artes. A imagem venerada no altar-mor de São Pedro, representado em trajes pontificiais e assentado em sua cátedra; e a portada principal da capela se encontram na Igreja de São Pedro, construída no Rio Comprido.

A rua de São Pedro, onde ficava a igreja e que havia sido aberta antes de 1620, também desapareceu para dar passagem à avenida Presidente Vargas. Havia se chamado rua Antônio Vaz Viçoso e rua do Carneiro, mas durante a construção da igreja passou a ser conhecida como rua de São Pedro. Em 1817, passou a ser, oficialmente denominada rua Desembargador Antonio Cardoso, mas permaneceu sendo designada São Pedro.

Todas as peças históricas da Igreja de São Pedro dos Clérigos foram fotografadas pelo SPHAN, atual IPHAN, para facilitar os trabalhos de uma futura reconstrução, que nunca aconteceu. Foram divulgadas no livro Réquiem pela Igreja de São Pedro: um patrimônio perdido e exibidas durante a exposição homônima, comemorativa do cinquentenário da SPHAN, em 1987, realizada pelo SPHAN e pela Casa de Rui Barbosa. Algumas estão publicadas no Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro, com notas de aula de Eduardo C.S Thomas, entre as páginas 73 e 91.

 

 

Igreja de São Pedro dos Clérigos (1733 – demolida em 1944) *

Cássio Loredano

Com que dor escreveria Sandra Alvim a palavra demolida – tantas dezenas de vezes em sua monumental Arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro -, toda vez que trata da igreja de São Pedro dos Clérigos. “Traçado primoroso”, diz ela, formado pela interseção de arcos de circunferência, resultado de “elevado grau de elaboração formal”; inestimável documento da incipiente independência e formação da identidade do mestre-de-obras brasileiro em relação à Metrópole, superando as “rígidas limitações estéticas lusas”; primeira igreja da colônia a ter cobertura em cúpula coroada por zimbório com lanternim. Demolida em 1944. Ficava na velha rua de São Pedro, igualmente atropelada pela abertura da avenida Presidente Vargas.

Dois anos antes, já tinham sido postas abaixo a pequenina ermida de São Domingos (1706, reconstruída em 1791) e a igreja do Bom Jesus do Calvário, de 1796, todas no caminho da violência poluente, inclemente, que vai da Candelária à Praça da Bandeira. “Demolidas em 1942″, escreve a professora Sandra. Demolidas. As fotos são de cortar o coração.

*Esse texto, acompanhado de fotografias do acervo dos Diários Associados do Rio de Janeiro, adquirido pelo Instituto Moreira Salles, foi publicado em 13 de setembro de 2018 na seção Por dentro dos acervos, do site do IMS

 

 

 

Link para o samba Bom dia Avenida!, sobre a avenida Presidente Vargas, composição de Herivelto Martns e Grande Otelo, interpretada pelo Trio de Ouro, formado por Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas.

 

“Lá vem a nova avenida 

Remodelando a cidade

Rompendo prédios e ruas

Os nossos patrimônios de saudade

É o progresso!

E o progresso é natural

Lá vem a nova avenida

Dizer à sua rival

Bom dia Avenida Central!

A União das Escolas de Samba

Respeitosamente fez o seu apelo

Três e duzentos de selo!

Requereu e quer saber

Se quem viu Praça Onze acabar

Tem direito à Avenida

Em primeiro lugar

Nem que seja depois de inaugurar!

Nem que seja depois de inaugurar!”

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALVIM, Sandra. Arquitetura Religiosa Colonial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ; IPHAN, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 1999.

AZEVEDO, Moreira de. A Igreja de São Pedro  in O Rio de Janeiro: Sua História, Monumentos, Homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877. 2 v.

BARATA, Cau. Rio Antigo - Igreja de São Pedro dos Clérigos. Youtube, 2010.

Blog Rio Curioso

BURY, John. Arquitetura e Arte no Brasil Colonial. IPHAN/Monumenta. Brasília, 2006.

Coisas da Arquitetura

FREIRE, Luiz Alberto Ribeiro. A Talha Neoclássica na Bahia. Rio de Janeiro : Versal Editores, 2006.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

HOLLANDA, Daniela Maria Cunha de. A barbárie legitimada: A demolição da Igreja de São Pedro dos Clérigos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : EDUERJ, 2014.

Música Brasilis

OLIVEIRA, Myriam A. R.; JUSTINIANO, Fátima. Barroco e Rococó nas Igrejas do Rio de Janeiro. Roteiros do Patrimônio, IPHAN/Monumenta. Brasília,2006.

PEREIRA, André Luiz T. Notas Sobre o Patrimônio Artístico das Irmandades de São Pedro dos Clérigos. I Encontro de História da Arte, São Paulo, 2005.

O Globo, 7 de setembro de 2014

Rio de Antigamente

Rio Memórias

Secretária das Culturas/ Arquivo da Cidade. Memória da Destruição: Rio – Uma história que se perdeu. Prefeitura do Rio de Janeiro, 2002.

Site José Maurício Nuno Garcia

THOMAS, Eduardo C.S. Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

 

 

 

 

 

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes

A Brasiliana Fotográfica, no 16º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, destaca a importância da arte e da cultura com uma imagem do prédio da Academia Imperial de Belas Artes, considerado um dos primeiros edifícios neoclássicos construídos no Brasil, produzida pelo fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), em torno de 1885. Ficava na Travessa das Belas Artes, próximo a avenida Passos, no centro da cidade. Projetada pelo professor de arquitetura Grandjean de Montigny (1776 – 1850), membro da Missão Artística Francesa, a Academia Imperial de Belas Artes foi inaugurada, em 5 de novembro de 1826, e demolida, em 1938, durante o governo de Henrique de Toledo Dodsworth Filho (1895- 1975), interventor do então Distrito Federal entre 1937 e 1945. Já não era, desde 1908, a sede da Escola Nacional de Belas Artes – como foi renomeada a academia em 1890. O pórtico do edifício, cujos ornamentos de terracota das cinco colunas são creditados a Zépherin Ferrez (1797 – 1851), pai de Marc Ferrez, foi levado para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, durante a década de 1940. No local do prédio demolido, existe, atualmente, um estacionamento.

 

 

 

 

Um pouco da história da Escola de Belas Artes e do Museu Nacional de Belas Artes

 

Quando foi criada, em 12 de agosto de 1816, por um decreto-lei de dom João VI (1767 – 1826), a atual Escola de Belas Artes chamava-se Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Foi um projeto da Missão Artística Francesa, que chegou ao Brasil naquele ano, com o arquiteto francês Grandjean de Montigny (1776 – 1850), o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) , o gravador suíço Charles Simon Pradier (1786 – 1947), entre outros, incluindo artesãos, chefiados pelo intelectual e administrador francês Joachim Lebreton (1760 – 1819) (Correio Official, 29 de dezembro de 1834, terceira coluna).

Lebreton foi administrador das obras de arte do Museu do Louvre, em Paris, e secretário perpétuo da classe de Belas Artes do Institut de France. Foi demitido de suas funções,em 1815, devido a seu apoio a Napoleão (1769 – 1821) e também por seu discurso proferido no Institut contra o desmembramento das coleções do Louvre. Veio para o Brasil como exilado.

 

 

Uma curiosidade: em 1817, juntaram-se ao grupo o escultor Marc Ferrez (1788-1850) e o gravador de medalhas Zépherin Ferrez (1797 – 1851), tio e pai, respectivamente, do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), autor da imagem da Academia Imperial de Belas Artes destacada nessa publicação e um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo.

Voltando à Escola de Belas Artes. O decreto de 1816 não chegou a ser cumprido e a escola não funcionou, levando os profissionais a ensinarem para um pequeno número de estudantes ou a procurarem outras atividades sob proteção da Coroa.

A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios passou a chamar-se Academia Imperial de Belas Artes, pelo decreto de 23 novembro de 1820.

 

 

Foi apresentada então uma relação com as pessoas empregadas, em que apareciam, como lente de desenho e encarregado das aulas, o retratista português Henrique José da Silva, em substituição a Joaquim Lebreton, falecido em 1819; como secretário, Luís Rafael Soyer; como lente de pintura de paisagem, Nicolas-Antoine Taunay; como lente de pintura histórica, Jean-Baptiste Debret; de escultura, Auguste Taunay; de arquitetura, Henri-Victor Grandjean de Montigny; e de mecânica, François Ovide. Na lista de pensionários de desenho e pintura, figuravam Simplício Rodrigues da Silva, José de Christo Moreira e Francisco Pedro do Amaral; de escultura, Marc Ferrez; e de gravura, Zephérin Ferrez (CAMARGO, 2012).

Mais uma vez, a Academia das Artes ficou no papel. Finalmente, a sede da Academia Imperial de Belas Artes, projetada por Montigny, foi inaugurada em 5 de novembro de 1826, quando seu corpo acadêmico foi instalado na presença de dom Pedro I (1798 – 1934) e da família imperial, e passou a funcionar efetivamente. Na inauguração a escola já tinha 38 alunos. O secretário da Academia, Luiz Rafael Soyé (1760 – 1831) e o ministro dos Negócios do Império fizeram discursos. O diretor da Academia era o pintor português Henrique José da Silva (1772-1834)  (Almanach do Rio de Janeiro, 1824Império do Brasil – Diário Fluminense, 31 de julho de 1826, primeira colunaImpério do Brasil – Diário Fluminense, 7 de novembro de 1826, segunda colunaCorreio Official, 29 de dezembro de 1834, terceira coluna).

 

 

O já mencionado Zépherin, pai de Marc Ferrez, pensionista de gravura da Academia, cunhou a medalha comemorativa do evento.

 

 

 

Ali foi realizada, em 1829, por iniciativa de Debret (1768-1848), a I Exposição da Classe de Pintura Histórica, a primeira exposição de artes do Brasil. Na ocasião, foram exibidos 115 trabalhos de 33 de professores e de 82 de alunos (O Espelho Diamantino, 21 de janeiro de 1828A Aurora Fluminense, 10 de dezembro de 1829, segunda coluna; e 11 de janeiro de 1830, segunda coluna).

Pelo decreto de 30 de dezembro de 1831,  um novo regulamento para a Academia foi aprovado, ainda na gestão de Henrique José da Silva. Ela passava a dedicar-se exclusivamente às artes; as atividades relativas às ciências naturais, físicas e exatas já não integravam mais seu curso. O ensino dividia-se nas especialidades de pintura histórica, paisagem, arquitetura e escultura. Além dessas quatro divisões havia também aulas de desenho, anatomia e fisiologia, funcionando como disciplinas complementares aos quatro cursos da escola (GABLER, 2015).

Novos estatutos, idealizados pelo diretor da instituição, entre 1854 e 1857, Manuel de Araujo Porto Alegre (1806 – 1879), foram aprovados pelo decreto n. 1.603, de 14 de maio de 1855 – a academia passava a ter cinco especializações – arquitetura, ciências acessórias, escultura, música e pintura.

 

 

Alguns anos depois, o decreto n. 2.424, de 25 de maio de 1859, modificou alguns regulamentos de 1855, dividindo as aulas em um curso diurno e outro noturno, voltado para lições artísticas e dedicado à formação prática, respectivamente.

Em 8 de novembro de 1890, o decreto n. 983 aprovou os novos estatutos da instituição, que foi nomeada Escola Nacional de Belas Artes. No início do século XX, em 1908, sua sede foi transferida para um edifício na avenida Rio Branco, projetado pelo arquiteto Adolfo Morales de Los Rios y Garcia de Pimentel (1858 – 1928). Em 1931, a Escola Nacional de Belas Artes foi incorporada à Universidade do Rio de Janeiro, futura Universidade do Brasil.

A partir de 1937, a Escola Nacional de Belas Artes dividiu o prédio com o Museu Nacional de Belas Artes, criado em 13 de janeiro de 1937, que hoje completa 85 anos.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Escola de Belas Artes e do Museu Nacional de Belas Artes disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Em 1965, a Universidade do Brasil foi renomeada Universidade Federal do Rio de Janeiro e, no mesmo ano, a Escola Nacional de Belas Artes passou a chamar-se Escola de Belas Artes. Entre 1974 e 1975, foi transferida para o campus do Fundão.

Segundo o site da Escola de Belas Artes, sua missão é:

a formação artística, cultural, técnica e científica dos estudantes, com ênfase na intersecção entre as atividades didáticas e os vários setores profissionais ligados aos campos da arte, do design e da cultura. Sua atual estrutura equilibra legados artísticos e culturais com abordagens da arte contemporânea e técnicas inovadoras. Orientada pelos conceitos de inter e transdisciplinaridade, a Escola oferece formas múltiplas de aprendizagem, visando a qualidade e a diversidade da produção artística e acadêmica.

 

Fontes:

Arquivo Nacional – MAPA – Memória da Administração Pública Brasileira – Academia Imperial de Belas Artes, por Louise Gabler, em 19 de outubro de 2015 e Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, por Angelica Ricci Camargo, fevereiro de 2012

BANDEIRA, Julio; MARTINS, Pedro; CONDURU, Roberto. A Missão Francesa. Rio de Janeiro : Sextante, 2014.

BANDEIRA, Julio; LAGO, Pedro Corrêa do. Debret e o Brasil: obra completa (1816-1831). Rio de Janeiro: Capivara, 2007, 720 p.

BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos – Um Haussmann tropical: as transformações urbanas na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Coleção Biblioteca Carioca, v. 11, 1991.

BITTENCOURT, Gean Maria; GAUTHEROT, Marcel. A missão artística francesa de 1816. Petrópolis: Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1967.

CERON, Ileana Pradilla Ceron. Marc Ferrez – uma cronologia da vida e da obra. São Paulo : Instituto Moreira Salles, 2018.

CAMARGO, Angélica Ricci. Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, 2012. Arquivo Nacional – Mapa Memória da História Administrativa Brasileira, 10 de novembro de 2016 .

DIAS, Elaine. Correspondências entre Joachim Le Breton e corte portuguesa na Europa: o nascimento da missão artística de 1816. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 14, n. 2, jul-dez. 2006.

GABLER, Louise. Academia Imperial de Belas Artes, 2015. Arquivo Nacional – Mapa Memória da História Administrativa Brasileira, 10 de novembro de 2016 .

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARQUES, Maria Eduarda. A Missão Artística Francesa no Brasil e Seus Discípulos. Rio de Janeiro : Editora Pinakotheke, 2016.

PECHMAN, Robert. Henrique Dodsworth. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, s.d.

PEREIRA, Sônia Gomes. Henrique José da Silva, um pintor português na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade.

Portal Dezenovevinte.net

Portal G-1

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Site Enciclopédia Cultural Itaú

Site Escola de Belas Artes

TRINDADE, Mauro. A construção da ruína: a demolicção da Academia Imperial de Belas Artes e o iconoclatismo modernista através da imprensa in Histórias da Escola de Belas Artes: Revisão crítica de sua trajetória. Rio de Janeiro : Editora Nau, 2016.

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XV – A praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão

No 15º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado no primeiro dia do verão de 2021, o tema é a praia de Santa Luzia, que ficava em frente à igreja homônima, no Centro da cidade e era uma das preferidas dos banhistas cariocas. A mais antiga imagem dessa praia disponível no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica foi produzida em torno de 1866 pelo fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892).

 

 

Há ainda registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957)Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897)Marc Ferrez (1843 – 1923)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Rodrigues & C°. Editores e Proprietários. A grande maioria das fotografias são da paisagem, mas há uma, de autoria de Gutierrez, de uma trincheira montada durante a Revolta da Armada, entre 1893 e 1894. Uma curiosidade: foi justamente durante uma outra revolta ocorrida no Brasil, a Guerra de Canudos, que Gutierrez faleceu. Em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praia de Santa Luzia disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Voltando à praia de Santa Luzia. Em suas margens foi construída a Santa Casa da Misericórdia, em meados do século XVI.

 

 

Em 1898,  um dos pioneiros do cinema no Brasil, o ítalo-brasileiro Affonso Segreto (1875 – 19?), filmou o documentário A Praia de Santa Luzia, um de seus primeiros registros cinematográficos do Rio de Janeiro.

 

 

Até o início do século XX, a praia de Santa Luzia era uma opção de lazer no Rio de Janeiro, mas sua descaracterização começou, em 1905, quando o então prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) mandou construir barracões que funcionariam como garagens para os barcos dos clubes de remo.

 

 

 

Durante o seu mandato, entre 1902 e 1906, Pereira Passos realizou uma extensa reforma urbana, tendo ordenado diversas demolições, conhecidas como a política do “bota-abaixo”, que contribuíram para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Entre as obras dessa época, foi aberta a avenida Beira Mar, que estendeu  a linha litoral do entroncamento da praia de Santa Luzia até o Largo da Glória.

 

 

Em 1922, com a derrubada do Morro do Castelo, foi construída a Esplanada do Castelo, diminuindo muito a faixa de areia da Praia de Santa Luzia. Foi substituída na preferência dos banhistas pela Praia das Virtudes, que ficava na altura da avenida Beira Mar entre a avenida Presidente Antônio Carlos e a rua Marechal Câmara, ao lado da praia de Santa Luzia (Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1931, penúltima coluna).

 

O Globo, 12 de janeiro de 1931

O Globo, 12 de janeiro de 1931

 

Foi na década de 1930, que o que restava da praia de Santa Luzia e da Ponta do Calabouço desapareceram em consequência da ampliação do aterro, feito com entulho do desmanche do Morro do Castelo, para a construção do Aeroporto Santos Dumont, inaugurado oficialmente em 30 de novembro de 1936 com a presença do presidente da República, Getúlio Vargas (1882 – 1954). Chamava-se anteriormente Aeroporto do Calabouço e teve seu nome alterado por ordem de Getúlio para homenagear o Pai da Aviação (Diário Carioca, 20 de outubro de 1936, última coluna). O terminal de passageiros, projeto dos arquitetos Marcelo Roberto (1908-1964) e Milton Roberto (1914-1953), que venceram um concurso realizado pelo Ministério da Aeronáutica, ficou pronto em 1945.

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDREATTA, Verena; CHIAVARI, Maria Pace; e REGO, Helena. O Rio de Janeiro e a sua orla: história, projetos e identidade carioca. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, dezembro de 2009.

Diário do Rio de Janeiro

MELO, Victor Andrade. Remo, modernidade e Pereira Passos: primórdios das políticas públicas de esporte no Brasil. Revista do Núcleo de Estudos e Pequisas sobre Esporte e Sociedade – Universidade Federal Fluminense, julho/outubro de 2006

Rio Memórias

Site Infraero

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022.