Crianças no carnaval carioca de 1933 por Guilherme Santos

Com uma estereoscopia divertida de crianças fantasiadas no carnaval carioca de 1933, produzida pelo fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966), a Brasiliana Fotográfica celebra a folia momesca e elenca para seus leitores sete artigos já publicados no portal sobre a festa, que é considerada, por muitos, como o maior show da Terra. Nos artigos, estão publicadas cenas de carnaval com imagens de foliões de diferentes décadas e estados do Brasil registrados por fotógrafos ainda não identificados, por Augusto Malta (1864 – 1957), Chichico Alkmin (1886 – 1978), Jean Manzon (1915 – 1990) e Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966). Evoé Momo! Salve o Carnaval!

 

 

Fotógrafo amador e colecionador, Guilherme Santos produziu mais de 20 mil imagens estereoscópicas entre os anos de 1906 e 1957, utilizando-se exclusivamente do sistema Verascope, um sistema de integração entre câmera e visor, que permitia ver imagens em 3D, produzidas a partir de duas fotos quase iguais, porém tiradas de ângulos um pouco diferentes. Eram impressas em uma placa de vidro e reproduziam a sensação de profundidade de maneira bem próxima da visão real. Antes dele, entre os anos de 1855 e 1862, o “Photographo da Casa Imperial”, Revert Henrique Klumb (1826 – c. 1886), favorito da imperatriz Teresa Christina e professor de fotografia da princesa Isabel, havia produzido vários registros utilizando a técnica da estereoscopia. A Casa Leuzinger também produziu fotografias estereoscópicas.

 

Links para artigos sobre carnaval já publicados na Brasiliana Fotográfica

 

Imagem relacionada

O carnaval nas primeiras décadas do século XX, publicado em 5 de fevereiro de 2016

 

 

O carnaval do Cordão da Bola Preta, publicado em 9 de fevereiro de 2018

 

 

As Camélias Japonesas no carnaval de Alagoas pelas lentes do fotógrafo amador Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966, publicado em 21 de fevereiro de 2020

 

 

Cenas da folia em Manaus em 1913, publicado em 28 de fevereiro de 2020

 

 

Baile de Carnaval em Santa Teresa – Di Cavalcanti, Klixto e Helios Seelinger, na casa de Raul Pederneiras, publicado em 25 de fevereiro de 2022

 

Thumbnail

Baile de Carnaval, c. 1921. Santa Teresa, Rio de Janeiro / Acervo FBN Anotação manuscrito no verso da foto “63”: “baile de carnaval em casa de Raul no Largo dos Neves em Sta Tereza. Da esquerda: sentados (3) primeira fila: Di Cavalcanti, Amaro e Claudio Manuel da Costa – sentados (2ª fila) Luis Peixoto, Mario, Kalixto, Raul, o ator Brandão o popularíssimo, e Helios Seelinger. Em pé atraz: [sic] miranda, 3 deusas, Marques Pinheiro e outra deusa 1923″. – “mulher do Raul Pederneiras (Wanda)”

 

 O Rei Momo por Jean Manzon e por outros fotógrafos dos Diários Associados, publicado em 3 de fevereiro de 2023

 

 

Foliões do Carnaval de Diamantina por Chichico Alkmim, publicado em 17 de fevereiro de 2023

 

 

Acessando o link para as fotografias de Carnaval disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas

 

Leia aqui Carnavais de outrora, de Guilherme Tauil, publicado no Portal da Crônica Brasileira em 15 de fevereiro de 2024

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta

O Morro do Castelo já foi tema de um artigo da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de abril de 2019, Série “O Rio de Janeiro desaparecido” VIII – A demolição do Morro do Castelo. Hoje o portal volta ao assunto com a publicação de 18 fotografias, recentemente inseridas no nosso acervo fotográfico, da conclusão do arrasamento do Morro do Castelo produzidas pelo alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro, de 1903 a 1936, e o principal fotógrafo da transformação urbana carioca nas primeiras décadas do século XX, período de grandes mudanças na cidade, dentre elas uma importante intervenção na paisagem natural carioca: justamente a demolição do Morro do Castelo.

 

 

O Morro do Castelo representava o passado colonial do Rio de Janeiro e era parte da história de sua própria fundação, ocorrida em 1565, no Morro Cara de Cão. A cidade foi reinstalada, dois anos depois, no Morro do Castelo, então denominado Morro do Descanso. A escolha do ponto, da onde se via a Baía de Guanabara, sua porta de entrada, foi estratégico para a defesa da cidade em caso de possíveis futuros ataques. Murado e fortificado, o Rio de Janeiro no Morro do Castelo passou a abrigar a Casa do Governador, a Casa da Câmara, a Cadeia, o Colégio dos Jesuítas, o Convento dos Capuchinhos, armazéns e igrejas, dentre elas a Igreja de São Sebastião, inaugurada, em 1583, mesmo ano em que os restos mortais de Estácio de Sá (1520 – 1567), fundador do Rio de Janeiro, foram trasladados para lá. A última missa na Igreja de São Sebastião foi celebrada em 1º de novembro de 1921. Esses prédios formavam um importante conjunto arquitetônico, destruído, entre 1921 e 1922, com o arrasamento do Morro do Castelo. O acesso ao morro era feito a partir da Ladeira da Misericórdia.

 

 

 

Acessando o link para as fotografias da conclusão do arrasamento do Morro do Castelo produzidas por Augusto Malta e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

O Morro do Castelo tinha 63 metros de altura, ocupava uma área de cento e oitenta e quatro mil metros quadrados e seus limites eram as atuais avenida Rio Branco (antiga avenida Central), as ruas Santa Luzia, Misericórdia e São José.

Já em 1838, os engenheiros militares Conrado Niemeyer (1831 – 1905) e Pedro Bellegarde (1807 – 1864) defendiam em um projeto o desmonte do Morro: “Edifícios nobres deverão um dia substituir aquele morro; e o navegante que demandar o importante porto capital do Brasil receberá na sua entrada a agradável impressão da vista de toda a cidade, até hoje encoberta a seus olhos pela massa informe do mesmo morro”.

Mas foi em 1904 que parte do Morro do Castelo foi demolida para a construção da Avenida Central, cuja abertura foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca. O morro passou a ter como limites os fundos da Biblioteca Nacional e a Escola de Belas Artes. Quando estavam se realizando as obras para a abertura da avenida, uma galeria foi descoberta e por ela se chegaria a túneis subterrâneos, onde os jesuítas, quando expulsos, em 1759, pelo Marques de Pombal (1699 – 1782), teriam escondido suas riquezas. Essa crença passou a existir no imaginário urbano do Rio de Janeiro, e seus habitantes passaram a temer que a demolição do morro dificultasse a descoberta desses supostos tesouros.

A segunda etapa de sua demolição foi determinada pelo prefeito Carlos Sampaio (1861 – 1930), em 17 de agosto de 1920, quando assinou um decreto que autorizava seu desmonte (Jornal do Brasil, 18 de agosto, quinta coluna). A decisão foi baseada, segundo o governo, na necessidade de higienização e modernização da cidade. O morro foi literalmente por água abaixo, demolido por incessantes jatos d´água. A terra do morro foi usada no aterro da Avenida Beira-Mar, levado até a Ilha de Villegaignon, onde depois foi construído o Aeroporto Santos Dumont; da Lagoa Rodrigo de Freitas e no aterro dos charcos e pântanos do Jardim Botânico.

 

 

A derrubada causou muita polêmica, tendo sido criticada por vários intelectuais como Monteiro Lobato (1882 – 1948) e Lima Barreto (1881 – 1922), porém saudada por personalidades importantes como o sanitarista Belisário Pena (1868 – 1939). Na área deixada por seu desmonte foram construídos pavilhões da Exposição Internacional do Centenário da Independência, aberta em 7 de setembro de 1922. Em setembro de 1921, havia no morro 4200 moradores distribuídos em 408 prédios. Eram trabalhadores e pobres e seriam instalados, inicialmente, em barracos na Praça da Bandeira.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BARROS, Paulo Cezar de. Onde nasceu a cidade do Rio de Janeiro? ( um pouco da história do Morro do Castelo)Revista geo-paisagem (online ) Vol. 1, número 2, julho/dezembro de 2002

Blog do Jornal do Brasil, 9 de março de 2011

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LOBATO, Monteiro. Onda Verde. São Paulo: Monteiro Lobato e C., 1921.

MENEZ, Alexssandro. Civilização versus barbárie: a destruição do Morro do Castelo no Rio de Janeiro (1905-1922). Revista Historiador Número 06. Ano 06. Janeiro de 2014.

MOTTA, Marly Silva da. A nação faz cem anos: a questão nacional no centenário da independência. Rio de Janeiro: Editora FGV: CPDOC, 1992.

NONATO, José Antônio Era uma vez o Morro do Castelo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000.

PAIXÃO, Cláudia Míriam Quelhas. O Rio de Janeiro e o morro do Castelo: populares, estratégias de vida e hierarquias sociais (1904-1922). Dissertação de mestrado. Niterói: UFF, 2008.

Site do Diário do Rio

Site do CPDOC

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

 

Três álbuns fotográficos da Exposição Nacional de 1908 no Museu Histórico Nacional: Boscagli, Malta e Musso

No mês em que a Exposição Nacional de 1908 completa 115 anos – foi inaugurada em 11 de agosto e encerrada em 15 de novembro de 1908 -, a Brasiliana Fotográfica publica o artigo A Exposição Nacional de 1908 no Museu Histórico Nacional, de autoria da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi, do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras do portal, com três álbuns fotográficos produzidos na ocasião pelos fotógrafos Augusto Malta (1864 – 1957), José Boscagli (1862 – 1945) e Luis Musso (18? – 19?). Cada álbum tem sua característica: o de Malta parece ter sido realizado especialmente para presentear o seu amigo, o ministro Miguel de Calmon; o de Boscagli retratou a mostra do Rio Grande do Sul; e, finalmente, tudo indica que o produzido por Musso tenha sido encomendado pelo governo federal para o registro oficial do evento.

 

Acessando o link para as fotografias do álbum de autoria de Augusto Malta sobre a Exposição Nacional de 1908 pertencentes ao Museu Histórico Nacional disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

Acessando o link para as fotografias do álbum de autoria de José Boscagli sobre a Exposição Nacional de 1908 pertencentes ao Museu Histórico Nacional disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

Acessando o link para as fotografias do álbum de autoria de Luis Musso sobre a Exposição Nacional de 1908 pertencentes ao Museu Histórico Nacional disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

A Exposição Nacional de 1908 no Museu Histórico Nacional

Maria Isabel Ribeiro Lenzi*

 

 

Era 1907. O Rio de Janeiro, então Distrito Federal, acabara de ser remodelado ao gosto das nações ditas civilizadas, pelo governo de Rodrigues Alves com a participação do prefeito Pereira Passos e do sanitarista Oswaldo Cruz. No ano seguinte, faria 100 anos que o Brasil abrira seus portos às nações amigas. Foi esse o mote para que fosse organizada a Exposição Nacional de 1908, oportunidade de o país exibir sua produção a si próprio.  A ideia havia sido lançada pela Associação Comercial, apoiada pela imprensa e acatada pelo Congresso Nacional, que votou em 1907 orçamento para promover, no ano seguinte, o evento destinado a ser um panorama da agricultura, da indústria, da pecuária e das artes liberais desenvolvidas no país.

 

 

Depois de muito debate, foi escolhida a várzea entre as praias da Saudade e Vermelha, no vale formado entre os morros da Urca, Pão de Açúcar e Babilônia, para a construção do que viria a ser a Exposição Nacional de 1908.  O país promovera anteriormente exposições nacionais, mas aquela foi a primeira em que foram construídos pavilhões especialmente para a ocasião. O lugar escolhido, além de apresentar uma bonita paisagem, tinha a vantagem de já abrigar dois edifícios públicos – a antiga Escola Militar e a fundação do prédio para a Universidade do Brasil – que poderiam ser aproveitados depois de reforma.  O presidente da República era Afonso Penna. Seu Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, Miguel Calmon Du Pin e Almeida, nomeou o engenheiro José Mattoso Sampaio Corrêa para chefiar a comissão construtora que estaria encarregada de produzir uma “pequenina cidade de palacetes no areal da Urca”,[1] onde se faria um inventário do Brasil com função pedagógica, para que os próprios brasileiros conhecessem o país. O cronista João do Rio fala sobre isso:

 

A exposição vai abrir-se. É a grande mostra do Brasil. Cada estado expõe suas riquezas… e os tentamens da sua indústria o estrangeiro admirará, aproveitará… o brasileiro descobrirá. Estou a ver o pasmo… dos cariocas diante do ouro, das pedras, das madeiras, dos tecidos e dos aproveitamentos da natureza assombrosa pelo homem vagaroso. Isso é Paraná?… Isso é Amazonas? Ora, diga-me, onde fica o Mato Grosso? Quando o brasileiro descobrirá o Brasil?[2]

 

A exposição, inaugurada no dia 11 de agosto, ficou aberta até 15 de novembro de 1908. De janeiro a junho, a área que hoje corresponde à Praia Vermelha e parte da Av. Pasteur era um canteiro de obras com muitos operários que fizeram surgir aqueles palácios em arquitetura efêmera que logo desapareceriam da vida carioca. Era como um sonho aquela cidadela iluminada pela luz elétrica, mas, como nos sonhos, uma alegria fugaz.

O edifício da Universidade do Brasil foi adaptado para abrigar o Palácio dos Estados e a Escola Militar, depois da reforma, se transformou no Palácio das Indústrias, com um grande chafariz em sua fachada – o Chateau d’Eau.  Quatro estados e o Distrito Federal construíram seus próprios pavilhões. Os de Minas Gerais, de São Paulo, da Bahia e do Distrito Federal, opulentos, simbolizando o poder de suas elites, contrastavam com a simplicidade do Pavilhão de Santa Catariana, que apresentou aos visitantes uma casa de colono feita de madeira e em seu interior, 150 tábuas de diferentes espécies de árvores catarinenses.

 

 

As demais unidades da federação ocuparam o Palácio dos Estados com seus produtos.  Portugal foi o único país estrangeiro a participar do certame com um pavilhão em estilo manuelino oferecido pelo governo brasileiro àquele país. Porém, os produtos portugueses excederam aquele espaço e Portugal construiu, então, um anexo a seu pavilhão onde foram expostas telas e esculturas de seus artistas.

 

 

 

 

Algumas instituições também se fizeram representar, como a Fábrica de Tecidos Bangu, com seu pavilhão, à época descrito como “uma pequena mesquita mourisca”; a Sociedade Nacional de Agricultura com pavilhão em estilo renascença; a Fábrica de Chocolate Bhering, com o Pavilhão Café e Cacau. O Jardim Botânico participou com uma estufa envidraçada onde o público podia admirar várias espécies de plantas e ao seu redor, muitas mudas que, provavelmente, o público poderia adquirir.

 

 

Os divertimentos não faltavam na exposição. Para quem gostava da arte dramática, havia dois teatros. O Teatro João Caetano, grande, inspirado no Teatro Municipal que estava prestes a ser inaugurado, era dirigido por Artur Azevedo. Havia também, por iniciativa do empresário Paschoal Segreto, um pequeno teatro de variedades, um cinematógrafo e uma pista de patinação. Pinturas, esculturas, desenhos de artistas nacionais foram expostos no Pavilhão das Artes Liberais.

 

 

Os amantes da música podiam assistir a concertos no Pavilhão Egípcio – nome este devido à estética egípcia daquele espaço dedicado às apresentações das orquestras. E para abrigar as bandas militares e civis, diversos coretos foram distribuídos pela exposição.

 

 

Os visitantes entravam na Exposição pela Porta Monumental.  Muito deles vindos de barca que saía do Cais Pharoux para o ancoradouro construído especialmente para recebê-los. Alguns serviços eram oferecidos nos pavilhões dos Correios e Telégrafo, da Assistência Municipal, da Imprensa e dos Bombeiros. O visitante também contava com opções entre quiosques de cerveja e de refrescos, além de cafés e restaurantes.

No Pavilhão da Imprensa, Olavo Bilac editava o Jornal da Exposição, onde se encontrava a programação e as notícias do evento. Em suas crônicas, Bilac fazia críticas e elogios à exposição. Ele lembra em um de seus textos que sem a “fada de eletricidade”, as noites não seriam tão espetaculares!

 

 

Muitos fotógrafos registraram esse evento do início do século XX. Certamente, diversos visitantes levavam sua Kodak na bolsa, mas foi o trabalho de profissionais que chegou até os nossos dias, nos dando uma ideia do que foi a comemoração do centenário da abertura dos portos brasileiros às nações amigas.

Na coleção Miguel Calmon do Museu Histórico Nacional, existem três álbuns da Exposição Nacional de 1908.  Um deles é do fotógrafo Augusto Malta, que parece feito especialmente para presentear o ministro Miguel de Calmon. Nele, temos acesso à imagem da área antes da construção dos pavilhões, mas a maioria das fotografias nos mostra a exposição em seu auge, com muita gente perambulando entre os edifícios. É visível o caráter único deste álbum, pois Augusto Malta recortou algumas fotografias em formas inusuais, muitas vezes privilegiando retratar o ministro Calmon e o presidente Afonso Pena.  Destacamos o balão que Augusto Malta clica com sua lente na hora em que ele é lançado do Pavilhão de São Paulo, bem como as fotografias noturnas nas quais a luz elétrica protagoniza as imagens…

 

 

O álbum de Luis Musso nos parece um trabalho encomendado pelo governo federal para o registro oficial do evento. As fotografias são todas da mesma dimensão e com muito poucas pessoas no entorno. São retratos dos prédios, como se o fotógrafo quisesse catalogar a arquitetura do evento. A capa traz o brasão da República, o que nos sugere seu caráter oficial.

 

 

 

Por fim, temos um álbum produzido pelo governo do Rio Grande do Sul, onde é possível ver os produtos exibidos por este estado.  A maioria absoluta das fotografias é de autoria de José Boscagli (com exceção da primeira foto, que é de Augusto Malta e apresenta o Palácio dos Estados, onde o Rio Grande do Sul expunha seus produtos). A importância deste álbum está na possibilidade dele nos oferecer uma ideia de como eram expostos os produtos na mostra.

 

 

 

 

Cabe lembrar ainda fato curioso ocorrido na exposição, embora não registrado por nenhum fotógrafo: a visita da banda de música dos indígenas Bororo. Eles lá estiveram, tocaram no Pavilhão de São Paulo e no Teatro João Caetano. Mas não chegou até nós nenhuma imagem deles no evento. Quem quiser saber mais sobre o assunto, veja a postagem da Brasiliana Fotográfica: Novos acervos: Museu Histórico Nacional .

 

 

*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/MTur)

 

Bibliografia:

Levy, Ruth. Entre Palácios e Pavilhões. A arquitetura efêmera da Exposição Nacional de 1908. Rio de Janeiro: EBA Publicações, 2008.

Neves, Margarida de Souza. As vitrines do progresso. Rio de Janeiro: PUC-RIo, FINEP, PNPq, 1986

Pereira, Margareth da Silva. A Exposição Nacional de 1908 ou O Brasil visto por dentro. In: Pereira, Margareth da Silva (org). 1908, um Brasil em exposição. São Paulo: Caixa Cultural, 2011

Mariani, Luiza Helena. Bilac, João do Rio e a Exposição Nacional de 1908. In: Pereira, Margareth da Silva (org). 1908, um Brasil em exposição. São Paulo: Caixa Cultural, 2011

Revista Kosmos. Ano V, julho de 1908, nº 7

 

[1] Revista Kosmos, ano  V, nº7, julho de 1908, p.1

[2] Apud:  Levy  Ruth, Palácios e Pavilhões. A arquitetura efêmera da Exposição Nacional de  1908. p.73

 

Nota da editora:

Uma curiosidade: foi durante a Exposição Nacional de 1908 que o engenheiro fluminense Augusto Ferreira Ramos (1860 – 1939), um dos coordenadores do Pavilhão de São Paulo, teve a ideia de construir o Bondinho do Pão de Açúcar. Para saber mais sobre essa história, acesse o artigo A construção do Bondinho do Pão de Açúcar sob as lentes de Theresio Mascarenhas, de minha autoria, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 27 de outubro de 2022.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Links para os artigos sobre exposições nacionais ou internacionais publicados na Brasiliana Fotográfica

O pintor Victor Meirelles e a fotografia na II Exposição Nacional de 1866, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 17 de agosto de 2017.Motr

A festa do progresso: o Brasil na Exposição Continental, Buenos Aires, 1882, de autoria de Maria do Carmo Rainho, Arquivo Nacional, publicado em 29 de março de 2018.

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, Museu da República, publicado em 5 de abril de 2018.

Marc Ferrez, a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de junho de 2018.

Paris, 1889: o álbum da exposição universal, de autoria de Claudia B. Heynemann, Arquivo Nacional,publicado em 27 de julho de 2018.

Café Brasil: o Império na Exposição Internacional de Filadélfiade autoria de Claudia B. Heynemann, Arquivo Nacional, publicada em 4 de dezembro de 2019.

Festa das Artes e da Indústria Segunda Exposição Nacional, 1866, de autoria de Claudia Beatriz Heynemann e Maria Elizabeth Brêa Monteiro, Arquivo Nacional, em 5 de abril de 2020.

A apresentação do Departamento Nacional de Saúde Pública na Exposição Internacional do Centenário da Independência, de Ricardo Augusto dos Santos, Fiocruz, publicado em 13 de abril de 2020.

A Exposição Internacional de Higiene de Dresden, de Cristiane d´Avila, Fiocruz, publicado em 5 de janeiro de 2022.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 7 de setembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

 

 

 

Dia Internacional da Fotografia, uma retrospectiva de artigos

A invenção do daguerreótipo e seu anúncio, em 1839, transformou de forma definitiva e radical a linguagem e a cultura visual nestes últimos 184 anos. Com a publicação de uma imagem do fotógrafo Augusto Malta (1864 – 1957), do acervo do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, e também com uma retrospectiva dos artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica sobre o Dia Internacional da Fotografia, o portal, voltado para a pesquisa e reflexão sobre a fotografia como fonte primária e essencial para a escrita da nossa história, homenageia mais uma vez a data comemorativa.

 

Thumbnail

Augusto Malta (1864 – 1957), s/d. Rio de Janeiro, RJ / Acervo AGCRJ

 

Em 1903, Malta foi contratado pela Prefeitura do Rio de Janeiro como fotógrafo oficial, cargo criado para ele. Passou a documentar a radical mudança urbanística promovida pelo então prefeito da cidade, Francisco Pereira Passos (1836-1913), período que ficou conhecido como o “bota-abaixo”. Augusto Malta trabalhou na Prefeitura até 1936, quando se aposentou.

 

O Dia Internacional da Fotografia

 

 

A data escolhida para a comemoração do Dia Internacional da Fotografia tem sua origem no ano de 1839, quando, em 7 de janeiro, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Cerca de sete meses depois, em 19 de agosto, durante um encontro realizado no Instituto da França, em Paris, com a presença de membros da Academia de Ciências e da Academia de Belas-Artes, o cientista François Arago, secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comunicou que o governo francês havia adquirido o invento, colocando-o em domínio público e, dessa forma, fazendo com que o “mundo inteiro” tivesse acesso à invenção. Em troca, Louis Daguerre e o filho de Joseph Niépce, Isidore, passaram a receber uma pensão anual vitalícia do governo da França, de seis mil e quatro mil francos, respectivamente.

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: cerca de 4 meses depois do anúncio da descoberta, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839.

O Dia Internacional da Fotografia foi instituído em 1991. Com o incentivo do fotógrafo indiano O.P. Sharma (1937-), a Sociedade de Fotógrafos de Mídia da América (American Society of Media Photographers – ASMP) e A Sociedade Real Fotográfica (The Royal Photographic Society – RPS) declararam o Dia Internacional da Fotografia na data de 19 de agosto.

 

Leia aqui os artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica sobre o Dia Internacional da Fotografia:

 

Dia Internacional da Fotografia – 19 de agosto, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2015

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Pequeno histórico e sua chegada no Brasil, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2019

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2019

Autorretratos de fotógrafos – Uma homenagem no Dia Internacional da Fotografia, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2021

No Dia Internacional da Fotografia, fotógrafas pioneiras no Brasil, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2022

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Digital Camera World

Foto em Foco

O Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro

A Brasiliana Fotográfica destaca imagens produzidas pelo alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), em 1926, ano da inauguração do Hipódromo do Jockey Club do Brasil (Jornal do Commercio, 26 de setembro de 1926, terceira coluna). Malta foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro, de 1903 a 1936. Há também mais dois registros do Hipódromo: uma foto aérea tomada do Cristo Redentor, de autoria de Alfredo Krausz (? – 19?) e outro, da recepção ao príncipe de Gales, Eduardo VIII (1894 – 1972), feito pelo fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966), ambos realizados no início da década de 30.

 

 

Acessando o link para as fotografias do Jockey Club Brasileiro disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Construído às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, sua pedra fundamental foi lançada pelo presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942), em 12 de novembro de 1922 (O Paiz, 12 de novembro de 1922, quinta coluna). Foi projetado pelos arquitetos cearense Archimedes Memória (1893 – 1960) e o franco-suíço Francisque Cuchet (18? – 19?), responsáveis também por outros importantes projetos como o do Palácio das Festas e do Palácio das Grandes Indústrias, na Exposição Internacional do Centenário da Independência (1922) e o do Palácio Tiradentes (1926). Eles se tornaram sócios do “Escriptorio Technico Heitor de Mello – A. Memória & F. Couchet, architectos”, após a morte de Heitor de Mello (1875 – 1920), em 14 de setembro de 1920. Originalmente´, os sócios do escritório eram Heitor e Cuchet.

 

memoria1

 

Sobre o Hipódromo da Gávea: O complexo é composto por cinco edificações projetadas sob inspiração neoclássica da escola francesa Luís XVI, cuja rígida simetria marca tanto as plantas quanto as fachadas (ALENCAR, 2010)Está integrado a uma área de 640 mil m² e conta com clube social, escola primária, escola de profissionais do turfe, restaurantes, além de ser palco de diversos eventos. Foi inaugurado, em 11 de julho de 1926, com excepcional brilhantismo (O Paiz, 12 e 13 de julho de 1926). Na época, o presidente de honra e efetivo do Jockey Club era Linneu de Paula Machado (1880 – 1942).

 

 

 

Segundo o arquiteto e historiador Paulo Santos (1904 – 1988), diante das arrojadas marquises de concreto armado engastadas na arquibancada Luís XVI, o renomado arquiteto norte-americano Frank Loyd Wright (1867 – 1959), em viagem pelo Brasil, em 1931, teria dito: É o futuro ancorado no passado. Loyd Wright estava no Brasil integrando o juri do concurso que escolheu o projeto para a construção do Farol de Colombo na entrada do porto de São Domingos, capital da República Dominicana (Revista da Semana, 24 de outubro de 1931). Também fez uma conferência na Escola Nacional de Belas Artes (Diário de Notícias, 21 de outubro 1931, sétima coluna).

 

 

 

O Hipódromo da Gávea, uma réplica do antigo Hipódromo de Longchamps no Bois de Boulogne, é o palco mais tradicional do turfe brasileiro e sede da maior corrida de cavalo nacional, o GP Brasil, disputado pela primeira vez no primeiro domingo de agosto de 1933, no dia 6, e vencido pelo cavalo brasileiro Mossoró, montado por Justiniano Mesquita (Fon-Fon, 12 de agosto de 1933).

 

 

 

 

Veja aqui um filme sobre a inauguração do Hipódromo da Gávea

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALENCAR, Aurélia Tâmisa Silvestre de. Archimedes Memória: o futuro ancorado no passado. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências da Arquitetura, Linha de pesquisa Teoria, História e Crítica, junho de 2010.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

JB em Folhas

Rio de Janeiro aqui

SANTOS, Paulo. Quatro séculos de arquitetura. Rio de Janeiro: Instituto de Arquitetos do Brasil, 1981.

 

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro

No Dia Mundial do Teatro, a Brasiliana Fotográfica traz para seus leitores registros da mais antiga casa de espetáculos do Rio de Janeiro, o Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, antigo Largo do Rocio, onde floresceu uma dramaturgia genuinamente brasileira, liderada pelo ator João Caetano (1808 – 1863), que dá nome ao teatro desde 1923. As imagens foram produzidas, já no século XX, por Augusto Malta (1864 – 1957), pelo fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966) e por fotógrafos ainda não identificados. Não confundir nem com o Teatro João Caetano, construído na ocasião da Exposição Nacional de 1908, nem com o Teatro João Caetano de Niterói.

Vários ícones da cultura brasileira já se apresentaram no palco do João Caetano, dentre eles, Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Dercy Gonçalves (1907 – 2008), Dulcina de Moraes (1908 – 1996), Fernanda Montenegro (1929-), Fernanda Torres (1965-), Gal Costa (1945-), Grande Otelo (1915 – 1993), Maria Bethânia (1946-), Marco Nanini (1948-), Marilia Pera (1943- 2015), Paulo Autran (1922 – 2007), Paulo Gracindo (1911 – 1995) e Procópio Ferreira (1898 – 1979). Em seu palco também foram realizados shows históricos do Projeto Seis e Meia, idealizado por Albino Pinheiro (1934 – 1999), em 1976, além das séries de grandes musicais como Rua Azusa e Sassaricando.

As fotos realizadas por Guilherme Santos são estereoscopias. Ele era um entusiasta desta técnica fotográfica, tornando-se um de seus pioneiros no Brasil, ao adquirir, em 1905, na França, o Verascope, um sistema de integração entre câmera e visor, que permitia ver imagens em 3D, produzidas a partir de duas fotos quase iguais, porém tiradas de ângulos um pouco diferentes. Eram impressas em uma placa de vidro e reproduziam a sensação de profundidade de maneira bem próxima da visão real. Antes dele, entre os anos de 1855 e 1862, o “Photographo da Casa Imperial”, Revert Henrique Klumb (1826 – c. 1886), favorito da imperatriz Teresa Christina e professor de fotografia da princesa Isabel, havia realizado vários registros utilizando a técnica da estereoscopia. A Casa Leuzinger também produziu fotografias estereoscópicas.

 

 

Acessando o link para as fotografias do Teatro João Caetano disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a ela. 

 

O alagoano Augusto Malta (1864 – 1937) foi contratado, em 1903, pela Prefeitura do Rio de Janeiro como fotógrafo oficial, cargo criado para ele. Passou a documentar a radical mudança urbanística promovida pelo então prefeito da cidade, Francisco Pereira Passos (1836-1913), período que ficou conhecido como o “bota-abaixo”. Trabalhou na Prefeitura até 1936, quando se aposentou. Foi o mais importante cronista fotográfico do Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX, autor de um importante legado iconográfico.

 

 

O Dia Mundial do Teatro foi  instituido, em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro, organização não-governamental fundada pela UNESCO e por profissionais da dança e do teatro, em 1948.

 

teatro

 

Um pouco da história do Teatro João Caetano

 

O  Teatro João Caetano foi inaugurado, em 12 outubro de 1813, por dom João VI, com o nome de Real Theatro de São João, com a peça lírica O Juramento dos Nunes, de autoria do escritor e dramaturgo português dom Gastão Fausto da Câmara Coutinho (1772 – 1852), com música do também português Bernardo José de Souza e Queiroz (1865 – 1837), compositor oficial do teatro (O Patriota, outubro de 1813Gazeta do Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 1814). Suas bases foram alicerçadas com pedras destinadas à construção da catedral do Rio de Janeiro. Para os supersticiosos, isso foi a causa dos diversos incêndios ocorridos ao longo da existência do teatro.

 

 

A construção do teatro foi determinada por um decreto, de 28 de maio de 1810, assinado por dom João VI (1767 – 1826):

“Fazendo-se absolutamente necessario nesta Capital que se erija um Theatro decente, e proporcionado á população, e ao maior gráo de elevação e grandeza em que hoje se acha pela minha residencia nella, e pela concurrencia de estrangeiros, e de outras pessoas que vêm das extensas Provincias de todos os meus Estados: fui servido encarregar ao doutro Pau’o Fernandes Vianna, do Meu Conselho e Intendente Geral da Polícia, do cuidado e diligencia de promover todos os meios para elle se erigir, e conservar sem dispendio das rendas publicas, e sem ser por meio de alguma nova contribuição que grave maios ou meus fieis vassallos, a quem antes desejo alliviar de todas ellas; e havendo-me propsoto o mesmo Intendente que grande parte dos Meus vassallos residentes nesta Còrte me haviam já feito conhecer que por ser esta obra do meu real agrado, e de notoria necessidade, se prestavam de boa vontade e dar-me mais uma prova de seu amor, e distincta fidelidade, concorrendo por meio de acções a fazer o fundo conveniente, principalmente si eu houvesse por bem de tomar o dito Theatro debaixo de minha protecção, e de permittir que com realação ao meu real nome se denominasse Real Theatro de S. João (…)”..

Foi edificado em um terreno adquirido por Fernando José de Almeida e o responsável pelo projeto, neoclássico, foi o engenheiro João Manuel da Silva. Sua fachada assemelhava-se a do Real Theatro de São Carlos, em Lisboa, de autoria de José da Costa e Silva (18? -1819), que teria vindo para o Rio de Janeiro, em 1812, e que, em agosto deste ano, havia sido empossado como Arquiteto Geral de todas as obras Reais no Brasil.

“O projeto arquitetônico com sua volumetria dominava a paisagem e enobrecendo o Largo do Rossio, obedecendo ao estilo da cena italiana, seguia hierarquicamente os espaços internos do edifício teatral, separando os limites entre o palco e a plateia, com sua forma aproximada de ferradura, apresentava a curvatura dos balcões em forma de “U” alongado, definindo os foyers, o proscênio e o fosso da orquestra. Seguindo o modelo de arquitetura teatral europeia, o teatro possuía um pórtico ao corpo frontal do edifício, para proteção dos espectadores que chegavam de carruagem. Um estilo de fachada próprio para um teatro de grande importância cultural e social…Havia um terraço, ou varanda na frente do edifício que serviu de palco para importantes pronunciamentos históricos.”.

José Dias em Teatros do Rio: do século XVIII ao século XX

 

Dom João VI era um assíduo frequentador do teatro assim como pessoas de destaque da sociedade carioca, o que tornou o Real Teatro de São João, além de centro da vida artística da capital, o ponto de encontro da vida política e social da cidade.

Cerca de um ano depois do casamento por procuração de dom Pedro I (1798 – 1834) com a arquiduquesa austríaca Leopoldina (1797 – 1926), realizado, em 13 de maio de 1817, o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768- 1848), um dos cenógrafos do Real Theatro de São João, criou um cenário povoado de figuras mitológicas e alegóricas, para um baile, que aconteceu no teatro, em 18 de maio de 1818. Posteriormente, foi o autor do pano de boca inaugurado nas festas de coroação de d. Pedro I, em 1822.

 

 

 

Debret chegou ao Brasil, em 1816, integrando um grupo de artistas que ficou conhecido como Missão Artística Francesa, do qual faziam parte o arquiteto francês Grandjean de Montigny (1776 – 1850), o gravador suíço Charles Simon Pradier (1786 – 1947), entre outros, incluindo artesãos e o músico austríaco Sigismund von Neukomm (1778 – 1858), chefiados pelo intelectual e administrador francês Joachim Lebreton (1760 – 1819), que havia sido administrador das obras de arte do Museu do Louvre, em Paris, e secretário perpétuo da classe de Belas Artes do Institut de France. Foi demitido de suas funções, em 1815, devido a seu apoio a Napoleão (1769 – 1821) e também por seu discurso proferido no Institut contra o desmembramento das coleções do Louvre. Veio para o Brasil como exilado (Gazeta do Rio de Janeiro, 6 de abril de 1816, segunda coluna; Correio Official, 29 de dezembro de 1834, terceira coluna).

Em 1821, foi feita uma reforma, o teatro foi pintado interna e externamente, forrados os camarotes, de cujos parapeitos pendiam sanefas de veludo e ouro, festões de flores, bandeiras e troféus; foi estendido um tablado que, encobrindo os camarotes da primeira ordem, corria até o soalho do proscênio. Do teto pendia grande quantidade de lustres de cristal, iluminados com velas de cera (José Dias, 2012).

Alguns momentos importantes da história do Brasil aconteceram no teatro: a leitura, pelo futuro imperador D. Pedro I, do decreto de 24 de fevereiro de 1821, pelo qual D. João VI aprovava a Constituição elaborada pelas Cortes de Lisboa. Em 5 de junho do mesmo ano, também no teatro, reuniu-se a assembleia perante a qual D. Pedro jurou as bases da futura Constituição de Portugal. Ao retornar de São Paulo, em 15 de setembro de 1822, D. Pedro surgiu num dos camarotes do São João mostrando, no braço, uma faixa verde e amarela, onde estava escrito “Independência ou Morte”, sendo ovacionado pelo público e pela multidão que irrompeu a sala (José Dias, 2012).

O Real Theatro de São João sofreu seu primeiro incêndio ao final da representação do drama sacro Vida de Santo Hermenegildo, em 25 de março de 1824, data em que se comemorava o juramento da Constituição do Império do Brasil. Aconteceu pouco depois que dom Pedro I havia deixado o recinto. O fogo se espalhou e o prédio ficou reduzido a quatro paredes (Diário do Rio de Janeiro, 24 de março de 1824, primeira colunaAbelha do Itacolomy, 13 de abril de 1824Diário do Rio de Janeiro, 20 de abril de 1824, primeira coluna).

 

 

Seu proprietário, Fernando José de Almeida, já mencionado, conseguiu um empréstimo no Banco do Brasil, estabeleceu acionistas de camarotes e obteve a concessão de loterias. Durante as obras de reconstrução, foi preparado em um salão da frente, junto à varanda, o Theatrinho Constitucional, inaugurado em 1º de dezembro de 1824, para festejar a coroação e sagração de D. Pedro I. Tinha um pequeno palco, 24 camarotes e uma plateia para 150 pessoas. Na estreia, apresentação do Hino, composto pelo Imperador e tocado pela orquestra; de um discurso recitado pela atriz Estela Joaquina de Moraes e da ópera de Rossini, O engano feliz.
O teatro foi reedificado e reinaugurado com o nome de Imperial Theatro de São Pedro de Alcântara, com a ópera Tancredo, de Giochanino Rossini (1792 – 1868), em 22 de janeiro de 1826, data de aniversário da imperatriz dona Leopoldina (1797 – 1826) (O Spectador Brasileiro, 23 de janeiro de 1826, segunda coluna). Foi em seguida fechado para a conclusão da reforma e reaberto em 4 abril do mesmo ano, aniversário da princesa dona Maria da Glória (1819 – 1853) (O Spectador Brasileiro, 12 de abril de 1826, primeira coluna).

“O Imperial Theatro de São Pedro de Alcântara conservou todas as características do projeto anterior (Real Theatro de São João, 1813).”  “O teatro possuía 100 camarotes, distribuídos em quatro ordens, com capacidade para umas 300 pessoas, separadas por um gradil dourado da platéia que acomodava aproximadamente 600 espectadores. Ao centro ficava o camarote imperial, ornado com o brasão do império, com lindos trabalhos de talha dourada e guarnecido de cortinas de seda azul, bordadas a ouro (essa decoração deve ter sido substituída por verde e ouro, cores a que se refere Carlos Seidler). A iluminação era feita por 220 velas de cera, resguardadas em mangas de vidro. A não ser no camarote imperial, onde havia um grande lustre e várias arandelas, do teto não pendia nenhum candelabro para não prejudicar a visão. O edifício era bastante arejado, atendendo aos rigores do clima. À entrada havia um buffet.”

Teatros do Centro Histórico do Rio de Janeiro

 

O teatro ficou temporariamente fechado em 1831 e José Fernando de Almeida, filho do antigo proprietário, arrendou o teatro ao Banco do Brasil. Reabriu, no mesmo ano, em 3 de maio, com o nome de Theatro Constitucional Fluminense com a apresentação da peça Tolita ou O Império das Leis (Jornal do Commercio, 3 de junho de 1831, primeira coluna). Após o distúrbio ocorrido no teatro, em 28 de setembro de 1831, iniciado por uma briga entre o tenente brasileiro Antônio Caetano e o oficial português Paiva, do Estado-Maior do Exército, que tomou proporções maiores, deixando dois feridos e três mortos, o teatro foi novamento fechado (Distúrbios no Theatro Constitucional FluminenseJornal do Commercio, 1º de outubro de 1931, segunda coluna).

 

 

Foi reaberto em 02 de dezembro de 1831, com a representação do drama O aldeão magistrado, encenado por uma companhia constituida pelo arrendatário do teatro. Em 3 de maio de 1832, foi encenado no teatro o drama A reconciliação das duas tribos pelo poder da inocência (Correio Mercantil, 2 de maio de 1832, segunda coluna). João Caetano dos Santos (1808 – 1863), o mais importante ator brasileiro do século XIX, fazia parte do elenco.

 

Para liquidação total da dívida, o Banco do Brasil, em 1838, levou o imóvel à praça, sendo arrematado por Manuel Maria Bregaro e Joaquim Valério Tavares que formaram uma sociedade por ações, composta por quarenta acionistas, um dos quais, o ator João Caetano dos Santos.

A representação da tragédia Antônio José ou o Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães (1811-1882) , em 13 de março de 1838, no Teatro Constitucional Fluminense, é considerada fundamental para a definição individual do teatro brasileiro. O drama foi apresentado pela companhia de João Caetano, composta exclusivamente de atores brasileiros (Jornal do Commercio, 6 de março de 1838, primeira coluna).

Em outubro de 1838,  foi novamente fechado, dessa vez para uma reforma, quando foi construído o segundo andar, o teto foi pintado pelo artista Olivier e, o pano de boca, pintado por Manuel Araújo Porto Alegre (1806-1879), discípulo do já mencionado Grandjean de Montigny. Em 7 de setembro de 1839, foi reaberto com seu antigo nome: Theatro de São Pedro de Alcântara. Em cena, João Caetano na peça Olgiato, de J. G. de Magalhães (Diário do Rio de Janeiro, 3 de setembro de 1839, primeira coluna).

João Caetano tornou-se seu principal acionista, tomando a si a empresa do Teatro Constitucional Fluminense, em 1843.

O segundo incêndio no teatro aconteceu em 9 de agosto de 1851, após de uma representação de O cativo de Fez, de João Antônio da Costa.

“Ardeu o arquivo das companhias líricas e dramáticas, avaliado em mais de 12.000$; vestimentas, cenário, instrumentos de música, tudo o fogo devorou. Salvaram-se somente os livros do escritório, uma mesa com algum dinheiro e os móveis da sala de entrada do camarote particular do Imperador”

Henrique Marinho em O teatro brasileiro…(1904)

 

João Caetano, então diretor e empresário do teatro, decidiu reconstrui-lo e o Theatro São Pedro de Alcântara foi reinaugurado, com a presença de dom Pedro II (1825 – 1891) e da imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889), em 18 de agosto de 1852, com o espetáculo O Livro Negro, protagonizado por João Caetano. Os arquitetos Olivier e Hosxe participaram da reconstrução e o cenógrafo Joaquim Lopes de Barros Cabral foi o responsável pela pintura (Diário do Rio de Janeiro, 20 de agosto, terceira coluna; 21 de agosto, primeira coluna; e 25 de agosto de 1852, penúltima coluna). 

 

 

Em 26 de janeiro de 1856, outro incêndio, ocorrido após a apresentação do drama de Mendes Leal, D. Maria de Alencastro, em benefício da atriz Isabel Maria Nunes, que reduziu a cinzas todo aquele edificio (Correio Mercantil, 27 de janeiro de 1856, última coluna). Cerca de um ano depois, em 3 de janeiro de 1857, foi, com a presença do imperador Pedro II (1825 – 1891), mais uma vez reinaugurado, com o drama Affonso Pietro, protagonizado por João Caetano, e o vaudeville Ketly ou A volta à Suiça. A reforma foi comandada pelo ator José Romualdo de Noronha, que idealizou um teatro com todas as características das salas de espetáculos da Europa. Entretanto, as condições técnicas ainda e a acústica eram insatisfatórias.

 

caetano1

 

“O teatro com efeito corresponde à expectação de todos. Ornado com simplicidade e elegância, todo branco com flores de ouro, forrados os seus camarotes de papel azul e branco fabricados no país, apresenta algumas inovações muito bem entendidas. O fundo dos camarotes tem a forma circular aconselhada pelas leis da acústica; a quarta ordem apresenta um avarandado de muito bom gosto, a abóbada do forro em vez de começar na linha em que terminam os camarotes, começa na linha em que estes principiam, e assim erguendo- -se o forro, dá a essa quarta ordem uma elevação que perfeitamente contrasta com o acachapado das nossas torrinhas. Reduzindo a menores proporções a tribuna imperial, o construtor do teatro ganhou espaço para mais dois camarotes em cada ordem, ao mesmo tempo que estabelecendo a orquestra no vão por baixo do arco do proscênio deu mais extensão ao espaço destinado às cadeiras”.

Jornal do Commercio, 5 de janeiro de 1857

 

Mesmo com o falecimento de João Caetano, em 24 de agosto de 1963, o teatro continuou  a ser o mais frequentado da Corte.

Na década de 1880, apresentaram-se em seu palco duas das maiores atrizes do século XIX: a italiana Eleonora Duse (1858 – 1924), em 1885; e a francesa Sarah Bernhartd (1844 – 1923), em 1886, quando sua atuação em Fedra, de Jean Racine (1639 – 1699) arrebatou a plateia (Jornal do Commercio, 29 de junho de 1885, última colunaA Semana, 17 de julho de 1885Diario do Brazil, 7 de agosto de 1885, primeira coluna; Gazeta de Notícias, 3 de junho de 1886, última coluna).

Em 1885 foi feita realizada outra reforma desta vez por iniciativa dos diretores do Banco Industrial e Mercantil, que eram, na ocasião, proprietários do teatro. O projeto arquitetônico foi de Pedro Leonardo Lamberti. As condições de visibilidade e acústica foram melhoradas e a instalação da iluminção a gás foi supervisionada pelo próprio imperador Pedro II. A pintura das paredes se assemelhava à mármore e as cadeiras ficaram mais espaçosas. O pano de boca foi pintado pelo cenógrafo Rossi, baseado em uma ideia de Ângelo Agostini (1843 – 1910). Em 1888, foi novamente reformado.

Com a Proclamação da República, o teatro foi atingido pela crise econômica que afetou atividades artísticas. Passou a abrigar companhias circenses e de variedades.

Em 3 de maio de 1891, foi inaugurada numa praça que existia defronte ao edifício da antiga Academia Imperial de Belas-Artes, hoje Museu de Belas-Artes, uma estátua em tamanho natural de João Caetano como o protagonista da peça Oscar, filho de Ossion, de Antoine-Vincent Arnault (1766 – 1834), de autoria do escultor carioca Francisco Manuel Chaves Pinheiro (1822 – 1884) e fundida em Roma.

 

 

Por escritura pública datada de 14 de junho de 1898, passada no Cartório do Tabelião Evaristo, o Banco do Brasil, mais uma vez, passou a ser o proprietário do imóvel, por permuta feita com o Conde de Santa Marinha, Comendador Antônio Teixeira Rodrigues, e sua esposa.

Em 1916, a estátua de João Caetano foi transladada do Campo de Santana – onde estava desde 1909 – para a Praça Tiradentes, diante do Teatro de São Pedro de Alcântara (O Paiz, 3 de setembro de 1909, primeira colunaO Paiz, 20 de agosto de 1916, última colunaO Paiz, 6 de outubro de 1916, segunda coluna).

 

 

O Teatro de São Pedro de Alcântara foi remodelado, em dezembro de 1916. Custou mais de 300 contos ao Banco do Brasil e foi executada pelo engenhero Silveira da Mota com a firma construtora Andrade Lima & Cia. Os encarregados pela iluminação e pelos aparelhos elétricos, foi a firma F. R. Moreira & Cia e a decoração e o pano de boca foram realizados pelos irmãos Timóteo.

Por escritura lavrada em Notas do 18º Ofício, Cartório do Tabelião Álvaro Borgert Teixeira, no Livro n. 23, folhas 2, em 22 de dezembro de 1920, o teatro tornou-se propriedade da Prefeitura do Distrito Federal.

Finalmente, a partir de 24 de agosto de 1923, pelo Decreto nº 1891 do prefeito Alaor Prata (1882 – 1964), o teatro passou a chamar-se Teatro João Caetano, em homenagem ao ator, considerado o pai do teatro brasileiro (O Paiz, 25 de agosto de 1923, quarta colunaRevista da Semana, 1º de setembro de 1923, primeira coluna).

Durante a gestão do prefeito Antônio da Silva Prado Junior (1880 – 1955), em 15 de junho de 1928, realizava-se o último espetáculo do antigo teatro pela companhia Margarida Max, com a revista Rio nu, de autoria de Moreira Sampaio. Foi demolido, reconstruído e o prédio atual foi inaugurado em 28 de junho de 1930, com a opereta Rose Marie, com música de Rudolf Friml (1879 – 1972) e Herbert Stothart (1885 – 1949), e livro e letra de Otto Harbach (1873 – 1963) e Oscar Hammerstein II (1895 – 1960), apresentado por uma companhia francesa do Morgadu, com Jane Marney como estrela. Devido à apresentação, as músicas da opereta, já conhecidas, voltaram a fazer muito sucesso (O Imparcial, 29 de novembro de 1928O Paiz, 27 de junho de 1930; O Cruzeiro, 21 de junho de 1930; e O Malho, 19 de julho de 1930, coluna do meio). Foi essa obra que deu ao teatro a estrutura que mantém até os dias de hoje, sem o pórtico por onde passavam as carruagens (Correio da Manhã, 24 de junho e 20 de julho de 1930).

 

 

Houve uma acirrada polêmica entre o arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933) que tinha um projeto de remodelar e modernizar o Teatro João Caetano, mantendo a estrutura original e o urbanista francês Alfred Agache (1875 – 1959), convidado, em 1927, para trabalhar em um projeto de remodelação urbana do Rio de Janeiro a convite de Prado Júnior. Agache venceu e viabilizou a proposta do projeto de Alejandro Baldassini, que demoliu o imóvel. Nos primeiros anos da década de 1930, Baldassini foi editor da revista Forma juntamente com o engenheiro teuto brasileiro Emilio Baumgart, calculista de suas principais obras.

O projeto e sua execução ficaram a cargo da empresa Gusmão, Dourado & Baldassini. Com uma fachada futurista e com sua volumetria purista, em um estilo bem moderno, o novo edifício, considerado um ícone art déco do Rio de Janeiro, não agradou a todos (Fon-Fon, 24 de maio de 1930O Malho, 7 de junho de 1930; O Jornal, 13 de julho de 1930, penúltima colunaO Cruzeiro, 9 de agosto de 1930; Jornal do Brasil, 21 de dezembro de 2008).

 

 

“Conquanto os principais teatros do mundo sejam considerados obras de arte do primeiro renascimento arquitetônico, o nosso é, no século atual, um monumento de época. Como construção, encarado sob o ponto de vista técnico, é a última palavra no arrojo a que tem chegado a engenharia moderna, utilizando-se do concreto armado, heterogêneo e monolítico. Assim, observa-se na estrutura óssea do novel edifício, como no indumento arquitetônico, a ausência absoluta de arcos. E as poucas vigas que se vêem apresentam originalidades de perfis. Os camarotes, balanceados em quase quatro metros, não são suportados por nenhuma coluna que embarace a vista nem vigas ou consolos, o que no campo da lógica dá  a pensar até onde chegaremos. A questão da acústica foi baseada nos métodos modernos análogos aos usados na construção do grande Salão de Música Pleyel, em Paris.”

 

 

Os painéis de temática musical, Samba e Carnaval, que foram pintados a óleo diretamente sobre a parede do foyer superior do Teatro João Caetano são de autoria do pintor Emiliano Di Cavalcanti (1897 – 1976). Foram projetados em 1929.

 

 

As datas 1931 e 1964 grafadas sob a assinatura do artista referem-se, respectivamente, ao ano da pintura e ao da intervenção feita pelo próprio artista. A obra é considerada o primeiro mural modernista brasileiro e foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro – Inepac -, em 27 de outubro de 1967.

 

dicavalcanti

 

dicavalcanti1

 

 

 

Nas décadas de 40 e 50, o João Caetano foi o palco de diversas revistas musicais e também de bailes de carnaval como os registrados nas matérias Dalva, a rainha – Baile do Rádio – Texto de Josué Guimarães e fotos de José Medeiros e Flávio Damm (O Cruzeiro, 17 de fevereiro de 1951); Paz e alegria no Baile das Atrizes – Texto de Arlindo Silva e fotos de João Martins, Flávio Damm e Jorge Audi (O Cruzeiro, 13 de março de 1954), Rainha do Rádio – Texto de Ary Vasconcelos e fotos de Jorge Audi, Mário de Moraes e José Medeiros (O Cruzeiro, 25 de fevereiro de 1956), Baile das Atrizes – Texto de Mário de Moraes e fotos de Walter Luiz, Antônio Ronek, José Medeiros, Jorge Audi e Hélio Passos (O Cruzeiro, 25 de fevereiro de 1956).

 

 

Na década de 1960, durante três anos, no governo de Carlos Lacerda (1914 – 1977), foi realizada uma reforma no teatro, cujo responsável pelas obras foi o engenheiro Stélio de Morais, diretor do Departamento de Prédios e Aparelhamentos Escolares. O projeto foi de Roberto Thompson Motta e a inspeção da execução ficaram a cargo de Celso Torreão Campos.

Sobre a reforma, João Bethencourt (1924 – 2006), então Diretor do Serviço de Teatro, comentou:

“…além da nova pintura geral, assoalhos, ladrilhos, espelhos, lustres etc., as 650 poltronas da plateia serão estofadas; as frisas e camarotes terão novo acabamento; o palco, os camarins e os sanitários serão totalmente remodelados; além do pano de boca e das passadeiras. Só o pano de boca, em veludo, custou 4 milhões de cruzeiros e as obras totais custarão cerca de 30 milhões. É sabido que uma das muitas deficiências do Teatro João Caetano sempre foi a acústica, considerada péssima por quantos ali têm atuado. Sobre tal problema dos mais importantes, disse-nos o diretor do Serviço de Teatros que, segundo a opinião do engenheiro Piragibe, técnico no assunto, além de Administrador Regional do Centro, as pequenas reformas e melhoramentos por que está passando o teatro serão suficientes para modificar completamente a acústica da casa. Se, porém, tal não se der, o problema será atacado futuramente, com novas verbas especiais para atendê-lo, pois se trata de dispositivo caríssimo”.

A Noite, 28 de janeiro de 1964

 

O João Caetano reabriu suas portas em 7 de setembro de 1965. Na programação: execução do Hino Nacional; concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira, regida pelo maestro Eleazar de Carvalho (1912 – 1996), apresentando a Sétima Sinfonia de Beethoven; os Choros nº 10 de Villa-Lobos e um concerto de Schumann (1810 – 1856), com a pianista Guiomar Novaes (1894 -1979) (Jornal do Brasil, 8 de setembro de 1965, penúltima coluna).

Ainda nos anos 60, foram montados no João Caetano grandes musicais como, Hello Dolly! (1938), do escritor norte-americano Thornton Wilder (1897 – 1975), estrelado por Bibi Ferreira (1922 – 2019), que contracenou com o barítono Paulo Fortes (1923 – 1997) , em março de 1966. Também no elenco: Augusto César Vanucci (1934 – 1992), Lisia Demôro (19?- ?), Hilton Prado (1935 – 2021), Marly Tavares (1940-) e Milton Carneiro (1923 – 1999), entre outros (Jornal do Brasil, 2 de março de 1966, segunda coluna). Aliás, foi no Teatro João Caetano que Bibi esteve pela primeira vez em um palco: com apenas 24 dias de nascida entrou em cena no colo da mãe, a atriz espanhola Aida Izquierdo Ferreira (1903 – 1985).

De março de 1978 até março de 1979, passou por uma nova remodelação. Adolfo Bloch era o presidente da Fundação dos Teatros do Rio e Rafael Peres foi o responsável pelo projeto arquitetônico. Roberto Thompson Motta ficou ccom o projeto acústico e Fernando Pamplona ficou encarregado parte cênica, de iluminação e mecânica do palco. A  supervisão foi do engenheiro Carlos Lafayette.

 

 

O Teatro João Caetano foi reinaugurado com a comédia protagonizada por Paulo Gracindo (1911 – 1995), O Rei de Ramos, de Dias Gomes (1922 – 1999), em 11 de março de 1979 (Jornal do Brasil, 11 de março de 1979). A direção foi de Flavio Rangel (1934 – 1988) e a música de Chico Buarque de Holanda (1944-) e Francis Hime (1939-).

 

 

Nas décadas de 1970 e 80, o João Caetano teve seu nome associado a shows musicais. Em 1980, o teatro vinculou-se à Funarj – Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro ou Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro.

Em julho de 1989, o forro do telhado no segundo balcão do Teatro João Caetano caiu sobre as cadeiras durante um show do cantor Belchior (1946 – 2017). A causa do desabamento foi a infiltração generalizada no telhado e a má conservação do prédio (Jornal do Brasil, 15 de julho de 1989, quinta coluna).

Em abril de 1992, o teatro entrou em uma nova reforma. Nesta ocasião, o painel Samba, pintado por Di Cavalcanti, foi restaurado (O Fluminense, 2 de abril de 1991, primeira coluna; Jornal do Commercio, 2 de abril de 1992, primeira coluna).

Em 22 de abril de 1994, foi inaugurado o Sótão do Teatro João Caetano com a encenação da peça Casa de Prostituição Anaïs Nin, de Francisco Azevedo, dirigido por Ticiana Studart (Jornal do Brasil, 18 de abril de 1994, quarta coluna). A sala, por não ter tido uma boa aceitação, deixou de funcionar. No ano seguinte, o João Caetano passou por outra reforma.

Em 2009, foram realizadas novas intervenções que incluíram a restauração dos dois painéis de Di Cavalcanti, tratamento cênico de Gringo Cardia (1957-) e reforma de foyers, plateia e balcões. Foram adquiridos um novo carpete e novas poltronas.

Para comemorar seus 200 anos, em outubro de 2013, houve apresentações gratuitas do balé , de Deborah Colker. A Orquestra Sinfônica, o Coro e Orquestra de Música Popular da Escola de Música Villa-Lobos, além do grupo Chorando Baixinho e da Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros, participaram da programação do aniversário realizada no Largo Albino Pinheiro, ao lado do teatro. Houve também um evento fechado para convidados, no dia 12 de outubro, quando foi lançada uma medalha comemorativa pela Casa da Moeda e realizada uma homenagem ao ator Rogério Fróes (1934-), representando a classe artística. No foyer do teatro, realização de uma exposição com peças raras da história do João Caetano como programas do século XIX e a ata de reinauguração do teatro, em 1930, com as assinaturas do presidente Washington Luís (1869 – 1957) e do prefeito do Distrito Federal, Prado Junior (1880 – 1955).

 

 

Em 2022, os dois painéis, Samba e Carnaval, de Di Cavalcanti, foram restaurados por uma equipe de técnicos, alguns que haviam participado do restauro o mural Guerra e Paz, de Cândido Portinari (1903 – 1962), na sede da ONU. A equipe foi liderada pelo professor Edson Motta Júnior, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (O GLOBO, 16 de julho de 2022).

 

joaocaetano

 

O Teatro João Caetano da Exposição de 1908

 

Em 1908, por ocasião da Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, no Rio de Janeiro, o então Teatro Constitucional ergueu, no local do evento, um pavilhão temporário para apresentar peças e concertos para o público. Vários espetáculos foram montados num espaço confortável, batizado de Teatro João Caetano, organizado em platéia, galeria e camarotes.

 

 

A exposição foi inaugurada, em 11 de agosto de 1908, na região da Urca, no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas, decretada em 28 de janeiro de 1808, pelo então príncipe regente de Portugal, dom João de Bragança, futuro dom João VI (1767 – 1926)(O Paiz, 11 de agosto de 1908). A exposição exibiu um “inventário” do Brasil através de seus produtos industriais, agrícolas, pastoris e artísticos. Promovida pelo governo federal, apresentou a cidade do Rio de Janeiro, recém urbanizada e saneada pelo então prefeito Francisco Pereira Passos (1936 – 1913) e pelo cientista Oswaldo Cruz (1872 – 1917), respectivamente. O evento foi encerrado em 15 de novembro de 1908 (O Paiz, 16 de novembro de 1908, sexta coluna).

 

 

Com projeto de Francisco Isidro Monteiro, o Teatro João Caetano da Exposição de 1908 foi construído em madeira revestida de estuque ocupando uma área de 870 m² com capacidade para 800 espectadores. A decoração interna em tons de verde e com capitéis dourados foi realizada pelo caricaturista Raul Pederneiras (1874 – 1953) e equipe.

Foi inaugurado, em 12 de agosto de 1908, no dia seguinte à abertura da Exposição Nacional, com a apresentação das peças O Noviço, de Martins Penna (1815 – 1848); e Não consultes médico, de Machado de Assis (1839 – 1908) (O Paiz, 13 de agosto de 1908, terceira coluna). Nos meses da exposição, foram apresentadas diversas peças, dentre elas Vida e morte, de Artur Azevedo (1855 – 1908); e Romance de uma moça rica, de Pinheiro Guimarães (1832 – 1877) (Revista da Semana, 27 de setembo de 1908).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Arquivo Nacional e a história luso-brasileira

CABOT, Roberto. Joseph Gire: a construção do Rio de Janeiro moderno/RobertoCabot, – 1. ed – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.

COSTA, Carla. Série “O Rio de Janeiro desaparecido” II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos in Brasiliana Fotográfica, 5 de abril de 2018.

DIAS, José da Silva Dias. Teatros do Rio: do século XVIII ao século XX. Fundação Nacional de Artes, FUNARTE, 2012, p. 87.

Edarc – Arquivo Nacional

Entretextos

Facebook – Museu da Música Mariana

GOUVEIA, Viviane. Vida artística no período joanino in O Arquivo Nacional e a História Luso Brasileira, agosto 2018.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LISBOA  JUNIOR, Luiz Américo. Teatro português no Brasil: do Império à Primeira República. Tese orientada pelo Prof. Doutor Jose Damião Rodrigues, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em História. Especialidade em História e Cultura do Brasil. Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2020.

MARINHO, Henrique. O teatro brasileiro… Rio de Janeiro: H. Garnier, 1904.

GLOBO, 5 de outubro de 2013 – João Caetano, uma história em cena há 200 anos, por Nani Rubin 

PAIXÃO, Mucio da. O teatro no Brasil. Editora Brasília Rio. Rio de Janeiro, 1936.

PRADO, Décio de Almeida. João Caetano: o ator, o empresário, o repertório. São Paulo : Perspectiva, Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.

Site As Histórias dos Monumentos do Rio

Site Bolsa de Arte – Paralelo

Site Elenco Brasileiro

Site Funarj

Site Inepac

Site Jusbrasil

Site Paulo Fortes

Site Rio Memórias

Site SP Escola de Teatro

Site Teatros do Centro Histórico do Rio de Janeiro

Site World Theatre Day

Veja Rio, 26 de outubro de 2022

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 2021

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

Dia do Cinema Brasileiro, publicado em 19 de junho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 5 de setembro de 2023

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 15 de fevereiro de 2024

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país

 

“Uma exposição universal era um inventário das regiões do mundo e do conhecimento humano, contemplava o ‘novo’ e também o ‘exótico’. Participar da exposição era como existir sobre a face da Terra; percorrê-la era como dar uma volta ao mundo”.

Portal da Biblioteca Nacional

 

A Exposição Internacional do Centenário da Independência, um dos maiores eventos internacionais já realizados no Brasil, é o assunto do oitavo artigo da Série 1922 – Hoje, há 100 anos. Foi uma espécie de vitrine do progresso nacional e mundial. Essa era a tradição característica das exposições universais, cuja primeira foi realizada, em 1851, em Londres: eram espetáculos da civilização industrial e do trabalho, feiras de negócios e de estímulo à cultura, que colocavam os centros urbanos como os pólos da modernidade.

 

A Exposição de 1922 foi a primeira exposição universal realizada após a Primeira Guerra Mundial e o mundo estava mobilizado por uma vontade de renovação. Mobilização evidenciada pelo envolvimento da população em geral e também da intelectualidade brasileira com o evento. Avaliações sobre os cem anos do Brasil como país independente eram feitas e havia a percepção de que o país ainda não havia se constituido como nação. Formava-se então a geração intelectual dos anos 20 cujo compromisso era criar a nação, forjar a identidade nacional e construir o Brasil moderno (APUD MOTTA, 1992:18).

 

“O Centenário de nossa Independência veio  encontrar-nos com a máscara do século em nosso rosto”

Careta, 9 de setembro de 1922

 

Foi a primeira exposição universal sediada no Brasil, cuja primeira participação nessas exposições aconteceu em 1862, em Londres, com o apoio e subsídio de dom Pedro II (1825 – 1891) como forma de colocar o país, a partir da exibição de avanços científicos e de sua estabilidade política, no patamar dos países civilizados.

 

 

A Exposição de 1922 foi inaugurada no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1922, há exatos 100 anos, e terminou em 24 de julho do ano seguinte (O Paiz, 25 de julho de 1923). Seu fim estava previsto para 31 de março de 1923, mas foi prorrogada até julho. Segundo o último número da revista A Exposição de 1922, órgão de divulgação do evento, entre 7 de setembro de 1922 e 2 de julho de 1923, foi visitada por 3.626.402 pessoas, uma média de 12.723 visitantes por dia (A Exposição de 1922, edições 17 e 18) Na edição do Jornal do Commercio, de 2 e 3 de julho de 1923, foi publicado um artigo intitulado As lições da exposição.

Por tudo o que aconteceu no Rio de Janeiro durante a Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, ela é considerada um marco do encontro do Brasil com a modernidade.

Também em 2 de julho de 1923, comemorou-se o centenário da independência da Bahia (Jornal do Commercio, 2 e 3 de julho de 1923, penúltima coluna).

 

 

Com fotografias realizadas ao longo do evento foi produzido o Álbum Internacional do Centenário da Independência  de autoria de Carlos Bippus, Thiele & Kollien e Lopes. 

 

 

Muitos anos depois, em 1987, um dos exemplares deste álbum foi apresentado ao Conselho Deliberativo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, durante uma homenagem ao presidente da White Martins, Félix de Bulhões, que havia feito uma doação de 200 mil dólares à instituição para a compra de, além do álbum citado, mais três – um sobre Salvador, de 1933; um sobre a Estrada de Ferro Sorocabana, com fotos do suíço Guilherme Gaensly (1843 – 1928), de 1908; e um com fotos do Rio de Janeiro, produzidas por Marc Ferrez (1843 – 1923), no início do século XX -, 11 quadros, uma escultura e uma sequência de fotos que forma o Panorama 360º da cidade de Petrópolis, de autoria do alemão Jorge Henrique Papf (1863 – 1920), de 1898 (Jornal do Brasil, 23 de outubro de 1987, última coluna).

 

nações8

 

Acessando o link para as fotografias do Álbum Internacional do Centenário da Independência disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Em algumas fotografias do Álbum Internacional do Centenário da Independência pode-se admirar a iluminação feérica do evento, organizada pelo engenheiro inglês W. D´Arcy Ryan (1870 – 1934), que havia sido o responsável pela iluminação da Exposição de São Francisco, na Califórnia, em 1916. Esteve no Rio de Janeiro, em dezembro de 1921, quando expôs seu plano de iluminação para a Exposição de 1922 (Correio da Manhã, 14 de dezembro de 1921, quarta coluna). A execução da instalação foi realizada pela General Electric, com a supervisão de um engenheiro da empresa, J. W. Shaffer. O Engenheiro Chefe Eletricista da Comissão Organizadora, Roberto Marinho de Azevedo, e seu auxiliar, o engenheiro Eugênio Hime, também participaram da instalação. “Essa iluminação é reputada igual senão superior a tudo que se tem feito de mais grandioso até hoje” (Revista da Exposição de 1922, outubro de 1922).

 

 

Destacamos também imagens realizadas por Augusto Malta (1864 – 1957), fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro, pelo amador Guilherme Santos (1871 – 1966), por Jorge Kfuri (1893 – 1965), autor das primeiras fotos aéreas do Rio de Janeiro; por Marc Ferrez (1843 – 1923), com registros coloridos e em preto e branco; e por fotógrafos ainda não identificados.

 

 

São imagens dos pavilhões dos Estados e dos países, do Chalé Moça, da Nestlé; do Pavilhão Matarazzo, do Parque de Diversões, do Palácio das Festas, do Palácio do Calabouço, do Bar da Cervejaria Antártica, do restaurante, de marinheiros do navio de guerra norte-americano Nevada, de aspectos da demolição do Morro do Castelo, e do Hotel Glória, primeiro hotel cinco estrelas do Brasil e também o primeiro prédio em concreto armado da América do Sul, projetado pelos arquitetos francês Joseph Gire (1872 – 1933) e alemão Sylvio Riedlinger e construído pela família Rocha Miranda especialmente para a ocasião.

 

 

Dois outros hotéis de grande porte foram construídos devido à realização da exposição: o Hotel Sete de Setembro ou Hotel do Centenário, na Avenida do Contorno do Morro da Viúva, atual Avenida Rui Barbosa e inaugurado em 15 de julho de 1922; e o Hotel Copacabana Palace, cuja inauguração, em 13 de agosto de 1923, aconteceu após o término da exposição. Foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933) e construído por Otávio Guinle. Um hotel de menor porte, também construído na época, foi o Hotel Regina, inaugurado em 3 de setembro de 1922, na rua Ferreira Vianna, nº 29, onde funciona até os dias atuais.

 

 

 

 

 

Acessando o link para as fotografias da Exposição do Centenário da Independência produzidas por Augusto Malta, Guilherme Santos, Jorge Kfuri, Marc Ferrez e por fotógrafos ainda não identificados disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

Fotos do mesmo pavilhão realizadas por diferentes fotógrafos:

 

Palácio das Festas por Carlos Bippus, Guilherme Santos e Marc Ferrez

Parque de Diversões por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão da Inglaterra por Guilherme Santos, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão da Itália por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão da Tchecoslováquia por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão de Caça e Pesca e Pavilhão de Estatística por Augusto Malta e Marc Ferrez

Pavilhão de Portugal por Guilherme Santos e Photo Lopes

Pavilhão do Japão por Guilherme Santos e Thiele & Kollien

Pavilhão do México por Augusto Malta, Marc Ferrez e Thiele & Kollien

Pavilhão ou Palácio dos Estados por Augusto Malta, Carlos Bippus e Marc Ferrez 

Pavilhão Matarazzo por Marc Ferrez e Thiele & Kollien

 

Breve perfil da Exposição Internacional do Centenário da Independência

 

 

“Qualquer coisa de grande nos levanta o peito ao arfar das esperanças novas e muita coisa de ingênuo, de cândido, de infantil nos toca as fibras mais íntimas adoçando-nos a alma no seguir com os olhos o caminho do passado”.

O Paiz, 7 de setembro de 1922

 

 

Já no primeiro número da Revista do Brasil, em janeiro de 1916, chamava-se atenção para a necessidade de se comemorar o centenário da independência, classificado como o primeiro marco glorioso da existência nacional. Na edição de setembro de 1917 do periódico Eu sei tudo foi publicado o artigo Noventa e cinco anos de independência, de Mario Bhering, onde o autor afirmava que com “a aproximação do Centenário da nossa Independência parece que se afervora o culto cívico, o ardor patriótico pelo 7 de setembro, ganhando de intensidade ano para ano”.

 

 

“…que momento poderia ser mais adequado do que este em que festejamos o centenário da nossa independência política? Precisamos demarcar as fronteiras do espírito nacional como já se fixaram as do território”.

Francisco Pontes de Miranda (1892 – 1979), jurista e intelectual brasileiro

 

 

A grandiosa Exposição Internacional do Centenário da Independência foi imaginada bem antes de sua realização. Em maio de 1920,  o representante de um grupo de capitalistas estrangeiros no Brasil, Ralph Cobham, sugeriu ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio que se realizasse no país em terrenos de Copacabana uma exposição internacional de comércio e indústria para a comemoração do Centenário da Independência. Em outubro, ele foi nomeado cônsul em Durban, na África do Sul (Correio Paulistano, 30 de maio de 1920, quarta coluna; O Paiz, 18 de outubro de 1920, terceira coluna). O deputado Paulo de Frontin (1860 – 1933) propôs, em julho do mesmo ano, que o governo liberasse uma verba de 100 mil contos de réis para o evento (Jornal do Brasil, 16 de julho de 1920, penúltima colunaRevista da Semana, 1º de janeiro de 1921).

O Decreto nº 4.175, de 11 de novembro de 1920, determinou a realização de uma Exposição Nacional na Capital da República integrando o programa de comemorações do Centenário da Independência.

 

Decreto nº 4.175, de 11 de novembro de 1920

 

Autoriza o Poder Executivo a promover, conforme melhor convier aos interesses nacionaes, a commemoração do Centenario da Independencia Politica do Brasil

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil:
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a resolução seguinte:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a promover desde já e conforme melhor convier aos interesses nacionaes, a commemoração do Centenario da Independencia Politica do Brasil, acceitando a cooperação ou concurso de todas classes sociaes, observadas as seguintes condições: 1ª Constituição de uma commissão idonea, que ficará directamente subordinada ao Presidente da Republica, para organizar o programma que resultar do exame e coordenação dos projectos que forem formulados pelos membros e commissões do Congresso, Ministros, Prefeitura do Districto Federal, Estados, municipalidades ou particulares; 2ª Observação do criterio de preferencia para a realização de uma Exposição Nacional na Capital da Republica.

Art. 2º O Governo organizará o programma da commemoração, submettendo-o ao conhecimento do Congresso, com o pedido de credito necessario para a execução da presente lei.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrario.

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1920, 99º da Independencia e 32º da Republica.

EPITACIO PESSÔA.
Alfredo Pinto Vieira de Mello.

 

A regulamentação oficial das atividades comemorativas foi determinada pelo Decreto nº 15.066, de 24 de outubro de 1921. O Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, sob a chefia do engenheiro José Pires do Rio (1880 – 1950), foi o responsável pela organização da exposição, que, segundo o programa para a comemoração do 1º Centenário da Independência Política do Brasil, deveria compreender as principais modalidades do trabalho no Brasil, atinentes à lavoura, à pecuária, à pesca, à indústria extrativa e fabril, ao transporte marítimo, fluvial, terrestre e aéreo, aos serviços de comunicação telegráficos e postais ao comércio, às ciências e às belas artes (apud MOTTA, 1992: 67).

 

Decreto nº 15.066, de 24 de outubro de 1921

 

Dá execução ao Decreto Legislativo n. 4.175, de 11 de novembro de 1920.

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, tendo em vista o que dispõe o Decreto Legislativo n. 4.175, de 11 de novembro de 1920,

DECRETA:

Art. 1º A Commissão, de que trata o n. 1 do art. 1º do citado decreto, ficará constituida do Ministro da Justiça e Negocios Interiores, do Ministro da Agricultura, Industria e Commercio e do Prefeito do Districto Federal.

Art. 2º A Commissão providenciará para a execução do programma da Commemoração do Centenario da Independencia Politica do Brasil, já organizado, com as modificações que se tornarem necessarias.

Art. 3º As attribuições dos membros da Commissão e a discriminação dos serviços a cargo de cada um delles, serão reguladas pelo Regimento Interno que, para esse fim, deverá ser organizado pela mesma Commisão.

Art. 4º Revogam-se as disposições em contrario.

Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1921, 100º da Independencia e 33º da Republica.

EPITACIO PESSÔA.
Joaquim Ferreira Chaves.

 

 

A realização de uma “Exposição Universal” no Rio de Janeiro, então capital federal, destacou-se como a mais ambiciosa das atividades comemorativas então programadas. Desde a primeira exposição internacional em Londres (1851), cujo símbolo foi o Palácio de Cristal, as chamadas “vitrines do progresso” sempre apresentaram alguns aspectos em comum, entre os quais se destacavam, entre outros, as motivações comerciais, o afluxo de divisas e turistas, o impacto sobre a infraestrutura urbana, e a difusão de valores e de padrões de conduta. O mais importante, e ainda hoje é assim, era a afirmação do prestígio nacional, representado pelos pavilhões de cada país que constituíam a ossatura das exposições.

Atlas Histórico do Brasil – FGV – CPDOC

 

 

 

 

Em julho de 1922, foi lançada pelo Órgão da Comissão Organizadora da Exposição do Centenário a revista A Exposição de 1922, dirigida por Antônio Assis de Pádua Rezende. Foram publicados 18 edições (Revista da Exposição de 1922, julho de 1922).  A comissão Organizadora era presidida pelo ministro interino da Agricultura Indústria e Comércio e também ministro da Viação e Obras Públicas, José Pires do Rio (1880 – 1950), sendo Antônio Olintho dos Santos Pires (1860 – 1925) o primeiro vice-presidente e Antônio Assis de Pádua Rezende o segundo vice-presidente. Delfim Carlos da Silva era o secretário-geral e Mário Barbosa Carneiro, tesoureiro.

 

 

No dia 7 de setembro de 1922, as comemorações do centenário foram abertas. O presidente da República, Epitácio Pessoa (1865 – 1942), assistiu na Praça Deodoro o desfile das tropas, vendo-se em primeiro lugar os contingentes estrangeiros em fraternal solidariedade com as forças nacionais. Depois o presidente assistiu ao Juramento da Bandeira, realizado pelos alunos das escolas públicas municipais, na Prefeitura.

Às 14 horas, no Palácio do Catete, Epitácio Pessoa recebeu os cumprimentos das Embaixadas Estrangeiras, do Corpo Diplomático, de Comissários Gerais, de membros do Congresso Nacional, de oficiais de terra e mar, e do alto funcionalismo público.

Finalmente, às 16h, no Palácio das Festas, Epitácio inaugurou solenemente a exposição. O evento ocupou uma grande área – do Passeio Público à Ponta do Calabouço e, de lá, se estendia pelo espaço aberto com a demolição do Morro do Castelo (O Paiz, 8 e 9 de setembro de 1922).

 

“Nenhuma linhagem falará melhor do que o certame que hoje inauguramos. Ele não se realiza como pretexto para festins, mas como demonstração de esforços extraordinários de inteligência consumidos num século de atividade, em quase todos os ramos de trabalho. Haverá aí mostras desse passado. Umas servirão para acentuar como os povos devem guardar certos patrimônios legados por seus maiores; outras servirão para  abrir os olhos aos que se aferram à rotina, e hão de constituir, pela comparação com os produtos aperfeiçoados aqui expostos, benéfico estímulo para melhorar e progredir”.

Trecho do discurso proferido por Joaquim Ferreira Chaves (1852 – 1937),ministro da Justiça,

na inauguração oficial da Exposição de 1922

 

 

 

À noite, o presidente recebeu convidados, dentre eles todos os membros das representações oficiais no Theatro Municipal, onde foi apresentada a ópera O Guarany, de autoria de Carlos Gomes (1836 – 1896).

 

 

 

nações nações1 nações2 nações3 nações4

 O Paiz, 8 de setembro de 1922

 

Dentre as comemorações civis do Centenário teve um destaque sem par a inauguração da Exposição.

Do que é, ou melhor, do que vae ser esse certamen internacional póde-se ter uma idéia pelo qual já está prompto. Num esforço colossal, cuja gloria cabe ao governador da cidade, conquistou-se á Guanabara o alargamento da Avenida Wilson e derrubou-se boa parte do innominavel bairro da Misericórdia, para se fazer surgir em todo esse terreno um conjunto suprehendente de palácios e pavilhões , que, uma vez concluídos com todos os seus detalhes fará a maior honra á nossa engenharia civil. E não se trata de construções ligeiras. A maioria do que está ali existe é para ficar: é para fazer parte do novo bairro – que o arrasamento do Morro do Castelo ampliará até o coração da cidade.

Sem falar nos pavilhões estrangeiros, quasi todos muito notáveis, temos o Palácio das Festas que é verdadeiramente grandioso, e o Palácio das Industrias, que é um assombro de transformação e aproveitamento do velho Arsenal de Guerra – obra que, sem favor, se pode chamar genial. Todo aquelle antigo aspecto sinistro da penitenciaria e convento, parece-nos agora numa feição architetonica severa, mas risonha, relembrando a origem colonial, mas com requintes de arte, que se torna encantadora. E a Torre das Jóias corôa essa obra de maneira deslumbranteDentro de algumas semanas, quando tudo estiver concluído e nos seus logares, veremos confirmado o juízo que alguém já externou de ser a Exposição do Centenário e mais bella desses últimos tempos. E será também o attestado mais evidente do nosso arrojo e da nossa capacidade de trabalho, subordinada aos dictames da arte.”

 

 

O objetivo da Exposição de 1922 era exibir um país moderno, atualizado em termos de ciência, avanços industriais e tendência das artes e da moda. Para tal, o Congresso liberou uma verba considerada exorbitante. Mais de 20 chefes de Estado e, acredita-se, em torno de 3,5 milhões de pessoas a visitaram ao longo de seus quase 11 meses de celebrações. Cerca de cinco mil pessoas trabalharam no evento. Foram realizadas as primeiras exibições de cinema durante uma exposição com filmes elaborados para a ocasião. O de maior sucesso foi No país das Amazonas (1922), do português Silvino Santos (1886 – 1970), que louvava as belezas da região e recebeu a medalha de ouro do júri da Exposição.

Segundo a historiadora Marly Motta, “Se as reluzentes máquinas eram o orgulho maior dos expositores do século XIX, no século XX, quem dava as cartas era a ciência, expressa na confiabilidade dos dados estatísticos, nas maravilhas da química e nas luzes da eletricidade”. Esse seria era o traço que diferenciava as exposições universais do século XIX das do século XX, incluindo a de 1922, no Rio de Janeiro. Se nas exposições do século XIX o objetivo principal era a venda de produtos e a conquista de novos mercados, no século XX o objetivo principal desses eventos passou a ser a difusão e venda de idéias que, além de expostas, eram debatidas a partir da realização de conferências e congressos sobre diversos temas e a exibição de filmes.

 

 

Sua inauguração, com o comparecimento de cerca de 200 mil pessoas, contou com a realização de paradas militares e discursos do presidente da República e das maiores autoridades do país. A área da exposição estava, como já mencionado, feericamente iluminada por luz elétrica.

A área da exposição possuia 2.500 metros de extensão e seu percurso tinha duas partes. A percorrida a partir do portão na Praça Floriano Peixoto e que correspondia à Avenida das Nações e “que abrigava os pavilhões de honra de treze nações estrangeiras (Portugal tinha ali também seu Pavilhão Industrial) 3 , o parque de diversões, o cinema, bares de cervejarias, lanchonetes, restaurante oficial, pavilhões de indústrias independentes, além de vários pequenos quiosques de produtos alimentícios. A segunda parte era a área da Praça do Mercado, onde os onze pavilhões nacionais foram localizados. O acesso a esta área se dava pelo portão neocolonial, sendo também neocoloniais os pavilhões da Fiação, da Caça e Pesca, das Pequenas Indústrias e o das Grandes Indústrias, onde seria inaugurado, ainda durante a exposição, o Museu Histórico Nacional” (Reconstituição Histórico Temporal da Exposição Internacional do Centenário da Independência).

“A Exposição Nacional exibiu 25 seções relacionadas a educação e ensino; letras, ciências e artes; mecânica; eletricidade; engenharia civil e transporte; agricultura; horticultura e arboricultura; florestas e colheitas; indústria alimentar; indústrias extrativas e metalurgia; decoração e mobiliário; fios, tecidos e vestuários; indústria química; indústrias diversas; economia social; higiene e assistência; ensino prático, instituições econômicas e trabalho manual da mulher; comércio; economia geral; estatística; forças de terra e esportes. Em paralelo, foram oferecidas atividades como exibição de filmes e conferências” (Fiocruz – Brasiliana – a divulgação científica no Brasil).

A Porta Monumental do evento ficava ao lado do Palácio Monroe, no final da avenida Rio Branco. As reações em relação à abertura da exposição variaram: foi considerada um sucesso por alguns períódicos e, já outros, criticaram o acontecimento. Na verdade, na ocasião, poucos pavilhões estavam abertos ao público. A revista  Careta chamou atenção para o fato antes e depois da inauguração.

 

 

 

 

 

 

Além do Brasil, os seguintes países montaram pavilhões – Argentina, Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Japão, México, Noruega, Portugal, Suécia e Tchecoslováquia. Ficavam na avenida das Nações. Uma curiosidade: Portugal possuía dois pavilhões e o maior foi transferido e reconstruído em Lisboa.

 

 

Foram construídos especialmente para a ocasião e instalados em uma extensa área proveniente de aterros e outras intervenções, dentre as quais o desmonte do Morro do Castelo, iniciativa saudada por personalidades importantes como o sanitarista Belisário Pena e criticada por outras, dentre elas, os escritores Monteiro Lobato (1882 – 1948) e Lima Barreto (1881 – 1922). 

 

 

O desmonte integrava a reforma urbana implementada, entre 1920 e 1922, pelo prefeito Carlos Sampaio (1861 – 1930).

 

 

Surgia então a nova Esplanada do Castelo, onde foram edificados os pavilhões da Exposição. No fim do evento, a área tornou-se muito valorizada e foi loteada. Mas antes, algumas revistas ironizaram a escolha do local para a realização da Exposição de 1922 devido ao perigo de ressacas e alagamentos.

 

 

Sobre o estilo dos prédios, a arquiteta e museóloga Nina Levy escreveu:

“Entre as principais construções nacionais na Exposição que seguem a linguagem do ecletismo teríamos a Porta Principal (Mario Fertin e Edgar Viana), o Pavilhão do Distrito Federal (Sylvio Rebecchi), o Pavilhão da Estatística (Gastão Bahiana) o Palácio dos Estados (H . Pujol Junior), o Palácio das Festas (Archimedes Memória e Francisque Cuchet), o Pavilhão da Música e a Fachada do Pavilhão das Indústrias Particulares (Nestor de Fi gueiredo) e a Fachada do Parque de Diversões (Morales de Los Rios).

Já dentro do espírito neocolonial estariam a Porta Norte (Raphael Galvão), o Palácio da Fiação (Morales de Los Rios Filho), o Pavilhão de Caça e Pesca (Armando de Oliveira), o Pavilhão das Pequenas Indústrias (Nestor de Figueiredo e C. S. San Juan) e a curiosa obra de restauração e adaptação do antigo Arsenal de Guerra, da Casa do Trem e do Forte do Calabouço para compor o Palácio das Grandes Indústrias (Archimedes Memória e Francisque Cuchet)”.

 

Augusto Malta, Sentados, da esquerda para a direita: Nestor de Figueiredo, Adollpho Morales de los Rios (pai) e Francisco Cuchet. Em pé, na mesma ordem: Arquimedes Memoria, Adolpho Morales de los /rios (filho), Celestino Severo de Juan e Edgar Vianna, de 7 de setembro de 1922. Rio de Janeiro, RJ / Rio antigo, por Charles Dunlop.

Augusto Malta. Sentados, da esquerda para a direita: Nestor de Figueiredo, Adolpho Morales de los Rios (pai) e Francisque Cuchet. Em pé, na mesma ordem: Archimedes Memória, Adolpho Morales de los Rios (filho), Celestino Severo de Juan e Edgar Viana, 7 de setembro de 1922. Rio de Janeiro, RJ / Rio Antigo, por Charles Dunlop.

 

 

Somente seis prédios da Exposição de 1922 ainda existem: no Rio de Janeiro, o Pavilhão da Administração e do Distrito Federal, atual Museu da Imagem e do Som; o Palácio da França, uma réplica do Petit Trianon, residência de campo de Maria Antonieta em Versalhes, atual Academia Brasileira de Letras; o Palácio das Indústrias, atual Museu Histórico Nacional; o Pavilhão de Estatística, órgão do Ministério da Saúde; o do Pavilhão das Indústrias Particulares, o restaurante Albamar – que já existia antes da exposição e abrigava o Mercado Municipal; e o do Pavilhão das Indústrias de Portugal, que foi transferido para Lisboa.

 

 

 

 

 

 

“Foram mais de seis mil expositores, entre nacionais e estrangeiros, que disputavam em muitas categorias a preferência da comissão encarregada de julgar os produtos e atribuir as cobiçadas medalhas e diplomas de Grande Prêmio, Medalha de Ouro e Prata, que valorizariam seus artigos, seus nomes e as marcas de suas firmas. Durante o evento, também foram realizadas várias conferências e palestras sobre temáticas afins e, no curso do ano de 1922, foram ainda lançados diversos tipos de publicações, periódicos, programas, revistas, edições comemorativas de jornais, o Livro de Ouro, o Guia da Exposição (catálogo), cronogramas de atividades, publicações de outros estados e outras que não versavam sobre a exposição em si, mas que foram preparadas para a ocasião de celebrar a Independência do Brasil, como a Carta Geográfica do Brasil ao Milionésimo, elaborada pelo Clube de Engenharia para integrar a Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo”.

O Rio do morro ao mar – A Exposição de 1922: Memória e Civilização

 

Ficha de identificação dos produtos expostos na Exposição de 1922. NO alto, à esquerda, o brasão imperial; e, à direita, o brasão da República

Ficha de identificação dos produtos da Seção Brasileira da Exposição de 1922. No alto, à esquerda, o brasão imperial; e, à direita, o brasão da República

 

A Exposição Nacional exibiu 25 seções relacionadas a educação e ensino; letras, ciências e artes; mecânica; eletricidade; engenharia civil e transporte; agricultura; horticultura e arboricultura; florestas e colheitas; indústria alimentar; indústrias extrativas e metalurgia; decoração e mobiliário; fios, tecidos e vestuários; indústria química; indústrias diversas; economia social; higiene e assistência; ensino prático, instituições econômicas e trabalho manual da mulher; comércio; economia geral; estatística; forças de terra e esportes. Em paralelo, foram oferecidas atividades como exibição de filmes e conferências.

 

Foi oferecido aos visitantes da exposição um serviço de passeios aéreos sobre a Baía de Guanabara em hidroplanos de dois passageiros, partindo da Ponta do Calabouço, perto do restaurante da exposição, onde foi construída uma ponte flutuante para embarque e desembarque.

 

 

Também na Baía de Guanabara fundearam diversos navios estrangeiros: o Moreno, da Argentina; o Maryland e o Nevada, dos Estados Unidos; o Hood e o Repulse, da Inglaterra; o Azuma, o Isuno e o Iwate, do Japão; o República e o Carvalho Araújo, de Portugal; e o Uruguai, do país homônimo.

No estande do Exército foi exposta a Carta Topográfica do Distrito Federal, hoje Município do Rio de Janeiro, na escala de 1:50.000, impressa em sete cores e contendo curvas de nível, cujo levantamento foi o primeiro trabalho do Serviço Geográfico Militar.

 

centenário2

 

Outro destaque da Exposição de 1922 foi a mostra de Saúde Pública do Departamento Nacional de Saúde Pública, que já foi tema de um artigo da Brasiliana Fotográfica.

 

 

Foi durante a realização da exposição que, por iniciativa da Câmara de Comércio Norte-Americana no Brasil, foram angariados cerca de 40 mil dólares para a confecção de um monumento que simbolizasse a amizade entre o Brasil e os Estados Unidos. Foi presenteada ao Brasil uma escultura de bronze de uma mulher, em pé, sustentando na mão esquerda os pavilhões norte-americano e brasileiro ornados com folhas de louro e, na direita, uma palma de louros, inaugurada em 4 de julho de 1931.

 

 

Uma série de outros eventos aconteceram durante a exposição, dentre eles uma missa campal, diversos congressos, dentre eles o Congresso Internacional de História da América, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; e o primeiro Congresso Feminista no país, que será tema de um artigo aqui na Brasiliana Fotográfica, em dezembro; uma sessão solene no Congresso Nacional, um desfile de cerca de 4.600 alunos na avenida Rio Branco, a inauguração do monumento de Cuauhtemoc, oferecido pelo México; além de inúmeros bailes, banquetes, conferências, corridas de cavalo, excursões, recepções e até uma festa veneziana na Enseada de Botafogo (Gazeta de Notícias, 14 de setembro de 1922; O Paiz, 16 de setembro de 1922, terceira coluna; Fon-Fon, 23 de setembro de 1922).

 

 

Em setembro de 1923, foi publicado o Livro de Ouro da Exposição do Centenário, editado pela casa editorial Almanak Laemmert, criada em 1844, pelos irmãos Eduard e Heinrich Laemmert (Correio da Manhã, 25 de novembro de 1923, primeira coluna).

 

 

 

A primeira grande transmissão pública de rádio do Brasil

 

 

Na abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência, foi realizada a primeira grande transmissão pública de rádio do Brasil. Outras transmissões radiofônicas já haviam sido realizadas no país – pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura (1861 – 1928), em 16 de julho de 1899, em São Paulo (Commercio de São Paulo, 17 de julho de 1899, terceira coluna); e pela Rádio Clube de Pernambuco, fundada em 6 de abril de 1919 (Jornal do Recife, 25 de abril de 1919, última coluna).

 

 

 

Mas esta, realizada em 7 de setembro de 1922, é considerada a primeira transmissão radiofônica oficial brasileira.

Em maio de 1922, a Delegação dos Estados Unidos para a Exposição de 1922 já anunciava as demonstrações que seriam realizadas por empresas norte-americanas (A Noite, 20 de maio de 1922, terceira coluna). Uma estação de 500 watts, montada no alto do Corcovado pela Westinghouse Eletric International em combinação com a Companhia Telefônica Brasileira, irradiou o discurso do presidente Epitácio Pessoa  (1865 – 1942), surpreendendo os visitantes da Exposição Internacional do Rio de Janeiro, através de 80 receptores vindos dos Estados Unidos, instalados em pontos centrais da cidade. A transmissão também foi realizada para Niterói, Petrópolis e São Paulo. Pelo mesmo sistema, à noite, a ópera O Guarany, de Carlos Gomes, encenada no Teatro Municipal, também foi irradiada (Correio da Manhã, 8 de setembro de 1922, quinta coluna; A União (RJ), 14 de setembro de 1922, quarta coluna).

 

 

A Western Electric Company em colaboração com a Companhia Telefônica também esteve presente à exposição onde fez demonstrações do telefone Alto-Falante que funcionando em comum com a radiofonia possibilitava ouvir-se trechos de música e de óperas executados a considerável distância (Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1922, sexta coluna).

 

 

Pixinguinha (1897 – 1973), em entrevista, disse que havia tocado também durante as primeiras transmissões radiofônicas oficiais no Brasil. “Toquei num estudiozinho que havia lá e a Zaíra de Oliveira cantou”. O estúdio foi montado no pavilhão dos Estados Unidos.

Segundo Edgar Roquette Pinto (1884 – 1954), considerado o pai da radiofusão no Brasil, durante a Exposição de 1922:

“… muito pouca gente se interessou pelas demonstrações experimentais de radiotelefonia então realizadas pelas companhias norte-americanas Westinghouse, na estação do Corcovado, e Western Electric, na Praia Vermelha. […]. Creio que a causa desse desinteresse foram os alto-falantes instalados na exposição. Ouvindo discurso e música reproduzidos no meio de um barulho infernal, tudo distorcido, arranhando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores consequências”. (BBC, 1988).

 

 

O fato é que no ano seguinte foi fundada, em 20 de abril de 1923, aquela que é considerada a primeira emissora radiofônica do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por inúmeros associados influenciador pelo engenheiro e astrônomo Henrique Morize (1860 -1930), com quem o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923) havia no final do século XIX realizado experiências cinematográficas e radiográficas; e por seu principal idealizador, justamente Edgar Roquette-Pinto. Seu o slogan era “Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”. Em caráter experimental, a primeira transmissão da Rádio Sociedade aconteceu em 1º de maio de 1923, Dia do Trabalho, utilizando o prefixo PR1– A e, após, PRA-A e PRA-2. Em 1936, foi doada ao governo por Roquette-Pinto e, em 1953, virou Rádio Ministério da Educação, com a criação da pasta.

 

Uma curiosidade: neste mesmo dia, 7 de setembro de 1922, nascia, no Rio de Janeiro, o ator Paulo Autran (1922 – 2007), que se tornaria um dos ícones da cultura brasileira.

 

Links para publicações sobre a Exposição de 1922

Links para as edições da Revista da Semana dedicadas à comemoração do Centenário da Independência:  9 de setembro16 de setembro23 de setembro30 de setembro; 7 de outubro14 de outubro; 21 de outubro; e 28 de outubro de 1922.

 

 

 

Link para o Álbum da Cidade do Rio de Janeiro comemorativo do  1ºCentenário da Independência do Brasil, cuja iniciativa da publicação foi do engenheiro Luiz Raphael Vieira Souto (1849 – 1922)

 

nações14

 

Link para o Guia Official Exposição Internacional do Rio de Janeiro 1922

 

 

Link para o número do centenário da revista Fon-Fon, 7 de setembro de 1922

 

 

Link para o filme 1922 – A Exposição da Independência (1970), filme com imagens resgatadas do documentário realizado por Silvino Santos (1893 – 1970), em 1922,  dirigido por Roberto Kahane e Domingos Demasi.

 

Cena do filme

Cena do filme 1922 – A Exposição da Independência

 

Link para 60 fotos de aspectos da Exposição de 1922 que fazem parte do álbum Exposição Internacional do Centenário da Independência – Rio de Janeiro – Brasil – 1922/1923, do acervo iconográfico do Acervo Público Mineiro.

 

 

Link para o artigo A apresentação do Departamento Nacional de Saúde Pública na Exposição Internacional do Centenário da Independência, de autoria de Ricardo Augusto dos Santos, publicada na Brasiliana Fotográfica, em 13 de abril de 2020.

 

 

 

Link para o artigo A independência do Brasil pelos olhos de Debret, publicado no portal Brasiliana Iconográfica, em 31 de agosto de 2022.

 

 

Link para o programa Os 100 (ou mais) anos do rádio no Brasil, com roteiro e apresentação da jornalista Helena Aragão, publicado em 2 de setembro de 2020, na Rádio Batuta.

 

Os 100 (ou mais) anos do rádio no Brasil

 

 

Link para o artigo BRAVA GENTE: NA VOZ DE VICENTE CELESTINO, UM ‘HIT’ BICENTENÁRIO DE D. PEDRO I E EVARISTO DA VEIGA, de Pedro Paulo Malta. Discografia Brasileira / Instituto Moreira Salles.

 

hino

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALMEIDA, Hamilton. Padre Landell: o brasileiro que inventou o wireless. Santa Catarina: Editora Insular, 2022.

Atlas Histórico do Brasil – FGV – CPDOC

Biblioteca Nacional. A Exposição Universal de Londres de 1851 e o Palácio de Cristal, 1º de maio de 2020.

BRITISH BROADCASTING CORPORATION. O rádio no Brasil. Londres: Serviço Brasileiro da BBC, 1988. Série de programas de rádio.

CÂMARA, Renato Phaelante da. Fragmentos da história do Rádio Clube de Pernambuco. 2.ed. Recife: Cepe, 1998.

Correio do Cidadão, 1º de junho de 2022.

COSTA, Júlia Fúria. O “Culto da Saudade” nas Comemorações do Centenário da Independência do Brasil: A Criação do Museu Histórico Nacional, 1922Em Tempo de Histórias – Publicação do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília PPG-HIS, nº. 18, Brasília, jan/jul. 2011. ISSN 1517-1108.

DRAGO, Niuxa; VILAS BOAS, Naylor; GUEDES, Sebastião. Reconstituição Histórico Temporal da Exposição Internacional do Centenário da Independência. VI Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2020.

DUNLOP, Charles. Rio Antigo, volume III. Rio de Janeiro : Editra Rio Antigo Ltda, 1960.

FERRARETTO, Luiz Artur. De 1919 a 1923, os primeiros momentos do rádio no BrasilRevista Brasileira de História da Mídia (RBHM) – v.3, n.1, jan.2014-jun/2014.

FERREIRA ROSA. O Centenário.

Fiocruz – Brasiliana – a divulgação científica no Brasil

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

HEYNEMANN, Claudia B. Café Brasil: o Império na Exposição Internacional de Filadélfia in Brasiliana Fotográfica, 4 de dezembro de 2019.

JUNQUEIRA, Julia Ribeiro. As comemorações do Sete de Setembro em 1922: uma re(leitura) da História do Brasil.  Versão modificada de um dos capítulos apresentados na dissertação Jornal do Commercio: cronista da História do Brasil em 1922, defendida, em maio de 2010, no Programa de Pós-Graduação em História Política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

LEVY, Ruth. A exposição do centenário e o meio arquitetônico carioca no início dos anos 1920. Rio de Janeiro : EBA/UFRJ, 2010.

MARTINS, Angela Maria Moreira. A Exposição Internacional de 1922 no Rio de Janeiro: um espaço urbano turístico na jovem república brasileira. In: DEL RIO, Vicente (Org.). Arquitetura: pesquisa e projeto. Rio de Janeiro: UFRJ, FAU; São Paulo: ProEditores, 1998. (Coleção PROARQ). p.121-146.

MOTTA, Marly Silva da. A nação faz cem anos: a questão nacional no centenário da independência. Rio de Janeiro: Editora FGV: CPDOC, 1992.

MOTTA, Marly Silva da. Ante-sala do paraíso”, “vale de luzes”, “bazar de maravilhas” – a Exposição Internacional do Centenário da Independência (Rio de Janeiro – 1922). Rio de Janeiro: CPDOC, 1992. 22f. Trabalho apresentado no Seminário “Cenários de 1922″, promovido pelo CPDOC, Rio de Janeiro, 19-20 nov. 1992.

MOURÃO, Alda; GOMES, Ângela de Castro. A experiência da Primeira República no Brasil e em Portugal. Rio de Janeiro : Editora FGV, 2011.

RIBEIRO, Fernanda de Azevedo. A Exposição Internacional do Centenário da Independência de 1922: processo de modernização e legado para a cidade do Rio de Janeiro. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, 2014.

RIBEIRO, Fernanda de Azevedo. Representações da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil de 1922 e da cidade do Rio de Janeiro nas mídias19&20, Rio de Janeiro, v. XV, n. 2, jul.-dez. 2020.

ROBICHON, François. Les panoramas en France au XIXe siecle. Paris/Nanterre, 1982. Tese de Doutorado – Universidade de Paris X-Nanterre.

SANTOS, Araci Alves do. Terra encantada – A Ciência na Exposiçao do Centenário da Independência do Brasil. Dissertação de Mestrado apresentada ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação de História da Ciência, das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

SILVA, Eliane Alves da. 90 Anos da Missão Cartográfica Imperial Militar Austríaca no Exército Brasileiro – Relato Histórico da Fotogrametria (1920-2010). 1º Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica. Parati, 10 a 13 de maio de 2012.

Site Empresa Brasileira de Comunicação

Site Exposições Virtuais – Arquivo Nacional – O RIO DO MORRO AO MAR A Exposição de 1922: Memória e Civilização

Site Histórias e Monumentos

Site IHGB

VAZ FILHO, Pedro Serico. A centenária Rádio Clube de Pernambuco Registros em meios impressos documentam a origem da emissora pernambucana em 06 de abril de 1919. XII Encontro Nacional de História da Mídia, Rio Grande do Norte, junho de 2019.

 

 

Links para os artigos publicados da Série 1922 – Hoje, há 100 anos

Série 1922 – Hoje, há 100 anos I – Os Batutas embarcam para Paris, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 29 de janeiro de 2022

Série 1922 – Hoje, há 100 anos II- A Semana de Arte Moderna, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 13 de fevereiro de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos III – A eleição de Artur Bernardes e a derrota de Nilo Peçanha, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 1º de março de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IV – A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 17 de junho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos V – A Revolta do Forte de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 5 de julho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VI e série Feministas, graças a Deus XI – A fundação da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 9 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VII – A morte de Gastão de Orleáns, o conde d´Eu (Neuilly-sur-Seine, 28/04/1842 – Oceano Atlântico 28/08/1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 28 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IX – O centenário do Museu Histórico Nacional, de autoria de Maria Isabel Lenzi, historiadora do Musseu Histórico Nacional, publicado em 12 de outubro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos X –  A morte do escritor Lima Barreto (1881 – 1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 1º denovembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos XI e série Feministas, graças a Deus XII 1ª Conferência pelo Progresso Feminino e o “bom” feminismo, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, antropóloga do Arquivo Nacional, publicado em 19 de dezembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

 

Links para os artigos sobre exposições nacionais ou internacionais publicados na Brasiliana Fotográfica

O pintor Victor Meirelles e a fotografia na II Exposição Nacional de 1866, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 17 de agosto de 2017.Motr

A festa do progresso: o Brasil na Exposição Continental, Buenos Aires, 1882, de autoria de Maria do Carmo Rainho, Arquivo Nacional, publicado em 29 de março de 2018.

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, Museu da República, publicado em 5 de abril de 2018.

Marc Ferrez, a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de junho de 2018.

Paris, 1889: o álbum da exposição universal, de autoria de Claudia B. Heynemann, Arquivo Nacional,publicado em 27 de julho de 2018.

Café Brasil: o Império na Exposição Internacional de Filadélfia, de autoria de Claudia B. Heynemann, Arquivo Nacional, publicada em 4 de dezembro de 2019.

Festa das Artes e da Indústria Segunda Exposição Nacional, 1866, de autoria de Claudia Beatriz Heynemann e Maria Elizabeth Brêa Monteiro, Arquivo Nacional, em 5 de abril de 2020.

A apresentação do Departamento Nacional de Saúde Pública na Exposição Internacional do Centenário da Independência, de Ricardo Augusto dos Santos, Fiocruz, publicado em 13 de abril de 2020.

A Exposição Internacional de Higiene de Dresden, de Cristiane d´Avila, Fiocruz, publicado em 5 de janeiro de 2022.

Três álbuns fotográficos da Exposição Nacional de 1908 no Museu Histórico Nacional: Boscagli, Malta e Musso, de autoria de Maria Isabel Ribeiro Lenzi, historiadora do Museu Histórico Nacional, publicado em 25 de agosto de 2023, na Brasiliana Fotográfica.

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura

No 20º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido, o tema é o prédio que abrigou o Ministério da Agricultura, construído em 1922 para sediar o Pavilhão dos Estados, na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, realizado no Rio de Janeiro. Localizava-se na Praça XV, ao lado do Museu Histórico Nacional, entre o Largo da Misericórdia e a Ladeira da Misericórdia. As fotografias são de Carlos Bippus (18? – 19?) e do alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro entre 1903 e 1936.

De traço eclético, o estilo do edifício foi inspirado na Renascença Francesa e seu projeto foi do escritório do arquiteto Hippolyto Pujol Júnior (1880 – 1952). Tinha cinco andares, uma área aproveitável de 6.192 metros quadrados para os expositores dos estados e uma torre de 45 metros, onde aconteceu uma exposição de jóias. Apesar de se chamar Pavilhão dos Estados, a maior parte dos produtos exibidos era procedente de São Paulo.  Na época de sua inauguração causou deslumbramento em seus visitantes (Jornal do Brasil, 22 de dezembro de 1921, sexta coluna;  Jornal do Commercio, 26 de outubro de 1922, quarta coluna).

 

 

“…a atenção é despertada pelo belo edifício construido em alvenaria, sobre ossatura de cimento armado, destinado ao Palácio dos Estados: projeto e execução do conhecido arquiteto paulista H. Pujol Junior. É um edifício de linhas severas, obedecendo ao mesmo estilo antigo e que no conjunto dá no seu autor mais uma vitória na vida incerta do artista” (Jornal do Brasil, 13 de agosto de 1922, penúltima coluna).

 

 

Um ano após a realização da exposição, o prédio foi cedido ao Ministério de Agricultura. Com a transferência, em 1960, da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, o edifício ficou cerca de 15 anos esquecido. Arquitetos modernistas, dentre eles Lucio Costa (1902 – 1998), se engajaram, na década de 1970, em uma campanha para a demolição de diversas edificações do Rio Antigo e o eifício do Ministério da Agricultura foi um dos alvos. Segundo um parecer de Lúcio Costa, de 1972, a demolição daquela almanjarra de concreto lhe seria do maior agrado. Em outro parecer, de 1978, afirmava que Por sua falta de estilo, por sua desproporção, por sua feiura congênita, já nasceu bastardo. Finalmente, em julho de 1978, o prédio começou a ser demolido (Revista Época, 2 de março de 2005Jornal do Brasil, 6 de julho de 1978, última coluna).

 

 

O arquiteto e engenheiro Hippolyto Gustavo Pujol Junior nasceu em 7 de maio de 1880, em Mendes, no estado do Rio, e formou-se na Escola Politécnica de São Paulo, aonde foi, posteriomente, professor.

 

 

Fundou com os engenheiros engenheiros Paulo Cavalheiro e Alcides Barbosa, em 24 de junho de 1899, um laboratório anexo à Escola Politécnica, que se tornaria o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo.

 

 

Participou da Revolução Constitucionalista de 1924. Faleceu em 26 de agosto de 1952 (O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1952, página 18; e 9 de julho de 1957, página 24).

 

O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1952

O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1952

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

História dos Monumentos

MEDEIROS, Luana Ladislau. A Exposição Internacional do Rio de Janeiro de 1922: José Mariano Filho e sua reinvenção das tradições. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto Multidisciplinar Departamento de História e Economia, 2014.

O Estado de São Paulo

Revista Época, 2 de março de 2005

RIBEIRO, Fernanda Azevedo. A Exposição Internacional do Centenário da Independência de 1922: processo de modernização e legado para a cidade do Rio de Janeiro. Universidade Federal Fluminense– UFF Escola de Arquitetura e Urbanismo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2014.

Site Arquivo Arq

Site Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Site Rio Memória

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos

No 17º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido o tema é a Igreja São Pedro dos Clérigos. As fotografias são de Marc Ferrez (1843 – 1923), o mais importante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX; e do alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro de 1903 a 1936. O cargo foi criado para ele pelo prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913).

Foi em 1733 que a Igreja São Pedro dos Clérigos começou a ser construída na região central do Rio de Janeiro, na esquina das ruas São Pedro, que na época chamava-se rua dos Carneiro, e dos Ourives, atual rua Miguel Couto. Utilizando a ferramenta zoom, o leitor poderá magnificar a imagem abaixo e ver claramente as placas indicando a rua do Ourives e a Drogaria Araújo Freitas & Cia, além do calçamento e dos detalhes arquitetônicos da igreja. Há ainda pedestres na rua e uma charrete.

 

 

O terreno onde foi construída a Igreja São Pedro dos Clérigos ou Igreja do Príncipe dos Apóstolos foi doado pelo irmão Franciso Barreto de Menezes, em 9 de outubro de 1732. Foi edificada pelo bispo dom Antonio Guadalupe, que também realizou uma doação particular. Ficou pronta em 1738 e era considerada uma jóia do barroco. Seu interior era decorado por um rico trabalho do mineiro Mestre Valentim (1745 – 1813), um dos principais artistas do Brasil colonial. Era propriedade da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos de São Pedro.

 

 

 

A autoria de seu projeto é controversa. Segundo a tese de doutorado de Luís Alberto Ribeiro Freire, A Talha Neoclássica na Bahia, Universidade do Porto, 2001:

O livro de tombo não nos informa, assim como nenhum outro documento encontrado nos arquivos da irmandade, da autoria do projeto da igreja. No entanto, Moreira de Azevedo cita o engenheiro militar Tenente-Coronel José Cardoso Ramalho como o autor do risco, baseando-se, para tanto, na tradição oral e numa informação que teria recebido diretamente de descendentes do referido militar, que teriam afirmado ser dele a autoria da igreja de São Pedro, assim como também a de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Souza Viterbo contestou esta autoria comprovando que o Tenente-Coronel somente teria se instalado na capitania do Rio de janeiro em 1738, portanto ao final já da construção. Apesar disso, constatou-se posteriormente que o tenente-coronel poderia, ainda assim, ter sido o autor do risco, pois durante dez anos antes de ter tomado posse de seu posto no Rio de Janeiro, a serviço do rei, escoltava constantemente as frotas que da metrópole vinham ao Brasil.”  

A igreja tinha uma planta elíptica, hoje só encontrada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Ouro Preto, Minas Gerais. É também uma das igrejas brasileiras que se enquadram na tipologia curvilínea barroca, assim como a da Lapa dos Mercadores, no Rio de Janeiro, e outras igrejas em Minas Gerais, dentre elas a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto; e a de São Pedro dos Clérigos, em Mariana.

 

 

 

 

 

O mineiro Manoel Vieira dos Santos tornou-se o benfeitor da igreja quando doou, em 1764, 42,000 cruzados para o estabelecimento de um coro de seis sacerdotes na igreja. No mesmo ano, o bispo Antonio do Desterro (1694 – 1773) concedeu a licença, declarando que a irmandade jamais poderia dispor do patrimônio e do rendimento para despesas estranhas àquela instituição.

Foi uma das primeiras igrejas tombadas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN -, criado em  em 13 de janeiro de 1937. O SPHAN é o atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. O tombamento deveria ser a garantia para sua conservação e permanência, porém a Igreja São Pedro dos Clérigos foi demolida, em 1944, durante o Estado Novo, devido à construção da avenida Presidente Vargas, um projeto de modernidade do governo de Getulio Vargas (1882 – 1954) que promulgou, em 29 de novembro de 1941, o Decreto-Lei 3866 de destombamento de bens do patrimônio histórico. Havia, na época, um pensamento segundo o qual resolver os problemas da cidade era solucionar seus problemas de tráfego.

 

 

DECRETO-LEI Nº 3.866, DE 29 DE NOVEMBRO DE 1941

Dispõe sobre o tombamento de bens no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional      

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,

       DECRETA:

       Artigo único. O Presidente da República, atendendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto pôr qualquer legítimo interessado, seja cancelado o tombamento de bens pertencentes à União, aos Estados, aos municípios ou a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, feito no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de acordo com o decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937.

       Rio de Janeiro, 29 de novembro de 1941, 120º da Independência e 53º da República.

Getulio Vargas
Gustavo Capanema

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 31.12.1941

Foi publicada a reportagem Vestígios da arte grega nos templos cariocas, com uma breve história e uma descrição da Igreja de São Pedro dos Clérigos e de suas raridades artísticas (Diário da Noite, 23 de julho de 1943).

 

 

Rodrigo de Melo Franco Andrade (1898–1969), diretor do SPHAN, tentou evitar a demolição. Houve uma grande polêmica, protestos de fiéis, de engenheiros, de historiadores e de arquitetos. O então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), pensou na possibilidade de deslocar o prédio da igreja para a lateral da avenida Presidente Vargas, utilizando-se, para este fim, rolos de concreto de 60 cm de diâmetro (Illustração Brasileira, agosto de 1943A Noite, 21 de setembro de 1943).

 

 

 

“O projeto consistia em substituir a parte inferior das paredes da igreja por concreto. Sob o concreto seriam colocados rolos que serviriam para deslocar a igreja até o outro lado da avenida. A Franki, uma empresa de fundações e infra-estrutural tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço. Mas aqui no Brasil surgiu a idéia de usar rolos de concreto, cujos estudos foram realizados pelo Prof. Fernando Lobo Carneiro”. 

Coisas da Arquitetura

 

 

 

 

Foi publicada uma matéria sobre as demolições já concluídas e as que ainda seriam realizadas para a abertura da avenida Presidente Vargas, dentre elas a da Igreja de São Pedro dos Clérigos (A Noite, 5 de novembro de 1943, primeira página, penúltima coluna página 3, sexta coluna). Instalou-se uma polêmica em torno da remoção (Diário da Noite, 1º de dezembro de 1943).

 

 

Dodsworth (1895 – 1975), começou a ser ridicularizado devido a esse projeto de deslocamento da igreja. Consultou a Franki, empresa de fundações e infra-estruturas, que tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço, sobre a garantia do transporte do prédio da igreja e o diretor da empresa disse que não poderia dar essa garantia devido à  heterogeneidade das paredes. Havia a possibilidade de um acidente que poderia causar o desmoronamento do igreja. Diante disso, Dodsworth optou pela demolição (Diário da Noite, 11 de fevereiro de 1944).

 

 

 

O nascimento da avenida condenou ao desaparecimento de outras três igrejas que estavam em seu caminho: a de São Domingos, de 1791, que ficava no largo de mesmo nome, na altura da Avenida Passos; a de Bom Jesus do Calvário, de 1719, na esquina da Rua Bom Jesus do Calvário com a da Vala, onde hoje é a Rua Uruguaiana; e a de de Nossa Senhora da Conceição, de 1757, na altura da atual Rua da Conceição. Uma curiosidade: o grande músico brasileiro, padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), considerado o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do XIX; e o poeta Manuel Ignácio Silva Alvarenga (1749 – 1814) foram sepultados na Igreja São Pedro dos Clérigos.

“Antes da demolição, foram retirados todo o mobiliário, o altar e as talhas de Mestre Valentim, além de portas, janelas e partes da construção que poderiam ser usadas numa futura recomposição do templo, o que nunca aconteceu. Por esse motivo, pedaços da bela São Pedro dos Clérigos foram distribuídos por museus, fundações e outras paróquias. A imagem do altar-mor e a portada principal foram reutilizadas na nova Igreja de São Pedro, na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Duas cabeças de anjos e uma parte do retábulo estão no Museu de Arte Sacra da Arquidiocese do Rio de Janeiro. E uma das portas foi parar no Palácio Assunção, no Sumaré”.

O GLOBO, 7 de setembro de 2014

 

 

O desmonte da igreja e a dispersão das suas peças por acervos públicos e coleções particulares alimentou durante anos o mercado de artes. A imagem venerada no altar-mor de São Pedro, representado em trajes pontificiais e assentado em sua cátedra; e a portada principal da capela se encontram na Igreja de São Pedro, construída no Rio Comprido.

A rua de São Pedro, onde ficava a igreja e que havia sido aberta antes de 1620, também desapareceu para dar passagem à avenida Presidente Vargas. Havia se chamado rua Antônio Vaz Viçoso e rua do Carneiro, mas durante a construção da igreja passou a ser conhecida como rua de São Pedro. Em 1817, passou a ser, oficialmente denominada rua Desembargador Antonio Cardoso, mas permaneceu sendo designada São Pedro.

Todas as peças históricas da Igreja de São Pedro dos Clérigos foram fotografadas pelo SPHAN, atual IPHAN, para facilitar os trabalhos de uma futura reconstrução, que nunca aconteceu. Foram divulgadas no livro Réquiem pela Igreja de São Pedro: um patrimônio perdido e exibidas durante a exposição homônima, comemorativa do cinquentenário da SPHAN, em 1987, realizada pelo SPHAN e pela Casa de Rui Barbosa. Algumas estão publicadas no Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro, com notas de aula de Eduardo C.S Thomas, entre as páginas 73 e 91.

 

 

Igreja de São Pedro dos Clérigos (1733 – demolida em 1944) *

Cássio Loredano

Com que dor escreveria Sandra Alvim a palavra demolida – tantas dezenas de vezes em sua monumental Arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro -, toda vez que trata da igreja de São Pedro dos Clérigos. “Traçado primoroso”, diz ela, formado pela interseção de arcos de circunferência, resultado de “elevado grau de elaboração formal”; inestimável documento da incipiente independência e formação da identidade do mestre-de-obras brasileiro em relação à Metrópole, superando as “rígidas limitações estéticas lusas”; primeira igreja da colônia a ter cobertura em cúpula coroada por zimbório com lanternim. Demolida em 1944. Ficava na velha rua de São Pedro, igualmente atropelada pela abertura da avenida Presidente Vargas.

Dois anos antes, já tinham sido postas abaixo a pequenina ermida de São Domingos (1706, reconstruída em 1791) e a igreja do Bom Jesus do Calvário, de 1796, todas no caminho da violência poluente, inclemente, que vai da Candelária à Praça da Bandeira. “Demolidas em 1942″, escreve a professora Sandra. Demolidas. As fotos são de cortar o coração.

*Esse texto, acompanhado de fotografias do acervo dos Diários Associados do Rio de Janeiro, adquirido pelo Instituto Moreira Salles, foi publicado em 13 de setembro de 2018 na seção Por dentro dos acervos, do site do IMS

 

 

 

Link para o samba Bom dia Avenida!, sobre a avenida Presidente Vargas, composição de Herivelto Martns e Grande Otelo, interpretada pelo Trio de Ouro, formado por Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas.

 

“Lá vem a nova avenida 

Remodelando a cidade

Rompendo prédios e ruas

Os nossos patrimônios de saudade

É o progresso!

E o progresso é natural

Lá vem a nova avenida

Dizer à sua rival

Bom dia Avenida Central!

A União das Escolas de Samba

Respeitosamente fez o seu apelo

Três e duzentos de selo!

Requereu e quer saber

Se quem viu Praça Onze acabar

Tem direito à Avenida

Em primeiro lugar

Nem que seja depois de inaugurar!

Nem que seja depois de inaugurar!”

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALVIM, Sandra. Arquitetura Religiosa Colonial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ; IPHAN, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 1999.

AZEVEDO, Moreira de. A Igreja de São Pedro  in O Rio de Janeiro: Sua História, Monumentos, Homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877. 2 v.

BARATA, Cau. Rio Antigo - Igreja de São Pedro dos Clérigos. Youtube, 2010.

Blog Rio Curioso

BURY, John. Arquitetura e Arte no Brasil Colonial. IPHAN/Monumenta. Brasília, 2006.

Coisas da Arquitetura

FREIRE, Luiz Alberto Ribeiro. A Talha Neoclássica na Bahia. Rio de Janeiro : Versal Editores, 2006.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

HOLLANDA, Daniela Maria Cunha de. A barbárie legitimada: A demolição da Igreja de São Pedro dos Clérigos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : EDUERJ, 2014.

Música Brasilis

OLIVEIRA, Myriam A. R.; JUSTINIANO, Fátima. Barroco e Rococó nas Igrejas do Rio de Janeiro. Roteiros do Patrimônio, IPHAN/Monumenta. Brasília,2006.

PEREIRA, André Luiz T. Notas Sobre o Patrimônio Artístico das Irmandades de São Pedro dos Clérigos. I Encontro de História da Arte, São Paulo, 2005.

O Globo, 7 de setembro de 2014

Rio de Antigamente

Rio Memórias

Secretária das Culturas/ Arquivo da Cidade. Memória da Destruição: Rio – Uma história que se perdeu. Prefeitura do Rio de Janeiro, 2002.

Site José Maurício Nuno Garcia

THOMAS, Eduardo C.S. Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

 

 

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XV – A praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão

No 15º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado no primeiro dia do verão de 2021, o tema é a praia de Santa Luzia, que ficava em frente à igreja homônima, no Centro da cidade e era uma das preferidas dos banhistas cariocas. A mais antiga imagem dessa praia disponível no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica foi produzida em torno de 1866 pelo fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892).

 

 

Há ainda registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957)Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897)Marc Ferrez (1843 – 1923)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Rodrigues & C°. Editores e Proprietários. A grande maioria das fotografias são da paisagem, mas há uma, de autoria de Gutierrez, de uma trincheira montada durante a Revolta da Armada, entre 1893 e 1894. Uma curiosidade: foi justamente durante uma outra revolta ocorrida no Brasil, a Guerra de Canudos, que Gutierrez faleceu. Em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praia de Santa Luzia disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Voltando à praia de Santa Luzia. Em suas margens foi construída a Santa Casa da Misericórdia, em meados do século XVI.

 

 

Em 1898,  um dos pioneiros do cinema no Brasil, o ítalo-brasileiro Affonso Segreto (1875 – 19?), filmou o documentário A Praia de Santa Luzia, um de seus primeiros registros cinematográficos do Rio de Janeiro.

 

 

Até o início do século XX, a praia de Santa Luzia era uma opção de lazer no Rio de Janeiro, mas sua descaracterização começou, em 1905, quando o então prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) mandou construir barracões que funcionariam como garagens para os barcos dos clubes de remo.

 

 

 

Durante o seu mandato, entre 1902 e 1906, Pereira Passos realizou uma extensa reforma urbana, tendo ordenado diversas demolições, conhecidas como a política do “bota-abaixo”, que contribuíram para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Entre as obras dessa época, foi aberta a avenida Beira Mar, que estendeu  a linha litoral do entroncamento da praia de Santa Luzia até o Largo da Glória.

 

 

Em 1922, com a derrubada do Morro do Castelo, foi construída a Esplanada do Castelo, diminuindo muito a faixa de areia da Praia de Santa Luzia. Foi substituída na preferência dos banhistas pela Praia das Virtudes, que ficava na altura da avenida Beira Mar entre a avenida Presidente Antônio Carlos e a rua Marechal Câmara, ao lado da praia de Santa Luzia (Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1931, penúltima coluna).

 

O Globo, 12 de janeiro de 1931

O Globo, 12 de janeiro de 1931

 

Foi na década de 1930, que o que restava da praia de Santa Luzia e da Ponta do Calabouço desapareceram em consequência da ampliação do aterro, feito com entulho do desmanche do Morro do Castelo, para a construção do Aeroporto Santos Dumont, inaugurado oficialmente em 30 de novembro de 1936 com a presença do presidente da República, Getulio Vargas (1882 – 1954). Chamava-se anteriormente Aeroporto do Calabouço e teve seu nome alterado por ordem de Getulio para homenagear o Pai da Aviação (Diário Carioca, 20 de outubro de 1936, última coluna). O terminal de passageiros, projeto dos arquitetos Marcelo Roberto (1908-1964) e Milton Roberto (1914-1953), que venceram um concurso realizado pelo Ministério da Aeronáutica, ficou pronto em 1945.

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDREATTA, Verena; CHIAVARI, Maria Pace; e REGO, Helena. O Rio de Janeiro e a sua orla: história, projetos e identidade carioca. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, dezembro de 2009.

Diário do Rio de Janeiro

MELO, Victor Andrade. Remo, modernidade e Pereira Passos: primórdios das políticas públicas de esporte no Brasil. Revista do Núcleo de Estudos e Pequisas sobre Esporte e Sociedade – Universidade Federal Fluminense, julho/outubro de 2006

Rio Memórias

Site Infraero

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024