Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta

O Morro do Castelo já foi tema de um artigo da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de abril de 2019, Série “O Rio de Janeiro desaparecido” VIII – A demolição do Morro do Castelo. Hoje o portal volta ao assunto com a publicação de 18 fotografias, recentemente inseridas no nosso acervo fotográfico, da conclusão do arrasamento do Morro do Castelo produzidas pelo alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro, de 1903 a 1936, e o principal fotógrafo da transformação urbana carioca nas primeiras décadas do século XX, período de grandes mudanças na cidade, dentre elas uma importante intervenção na paisagem natural carioca: justamente a demolição do Morro do Castelo.

 

 

O Morro do Castelo representava o passado colonial do Rio de Janeiro e era parte da história de sua própria fundação, ocorrida em 1565, no Morro Cara de Cão. A cidade foi reinstalada, dois anos depois, no Morro do Castelo, então denominado Morro do Descanso. A escolha do ponto, da onde se via a Baía de Guanabara, sua porta de entrada, foi estratégico para a defesa da cidade em caso de possíveis futuros ataques. Murado e fortificado, o Rio de Janeiro no Morro do Castelo passou a abrigar a Casa do Governador, a Casa da Câmara, a Cadeia, o Colégio dos Jesuítas, o Convento dos Capuchinhos, armazéns e igrejas, dentre elas a Igreja de São Sebastião, inaugurada, em 1583, mesmo ano em que os restos mortais de Estácio de Sá (1520 – 1567), fundador do Rio de Janeiro, foram trasladados para lá. A última missa na Igreja de São Sebastião foi celebrada em 1º de novembro de 1921. Esses prédios formavam um importante conjunto arquitetônico, destruído, entre 1921 e 1922, com o arrasamento do Morro do Castelo. O acesso ao morro era feito a partir da Ladeira da Misericórdia.

 

 

 

Acessando o link para as fotografias da conclusão do arrasamento do Morro do Castelo produzidas por Augusto Malta e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

O Morro do Castelo tinha 63 metros de altura, ocupava uma área de cento e oitenta e quatro mil metros quadrados e seus limites eram as atuais avenida Rio Branco (antiga avenida Central), as ruas Santa Luzia, Misericórdia e São José.

Já em 1838, os engenheiros militares Conrado Niemeyer (1831 – 1905) e Pedro Bellegarde (1807 – 1864) defendiam em um projeto o desmonte do Morro: “Edifícios nobres deverão um dia substituir aquele morro; e o navegante que demandar o importante porto capital do Brasil receberá na sua entrada a agradável impressão da vista de toda a cidade, até hoje encoberta a seus olhos pela massa informe do mesmo morro”.

Mas foi em 1904 que parte do Morro do Castelo foi demolida para a construção da Avenida Central, cuja abertura foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca. O morro passou a ter como limites os fundos da Biblioteca Nacional e a Escola de Belas Artes. Quando estavam se realizando as obras para a abertura da avenida, uma galeria foi descoberta e por ela se chegaria a túneis subterrâneos, onde os jesuítas, quando expulsos, em 1759, pelo Marques de Pombal (1699 – 1782), teriam escondido suas riquezas. Essa crença passou a existir no imaginário urbano do Rio de Janeiro, e seus habitantes passaram a temer que a demolição do morro dificultasse a descoberta desses supostos tesouros.

A segunda etapa de sua demolição foi determinada pelo prefeito Carlos Sampaio (1861 – 1930), em 17 de agosto de 1920, quando assinou um decreto que autorizava seu desmonte (Jornal do Brasil, 18 de agosto, quinta coluna). A decisão foi baseada, segundo o governo, na necessidade de higienização e modernização da cidade. O morro foi literalmente por água abaixo, demolido por incessantes jatos d´água. A terra do morro foi usada no aterro da Avenida Beira-Mar, levado até a Ilha de Villegaignon, onde depois foi construído o Aeroporto Santos Dumont; da Lagoa Rodrigo de Freitas e no aterro dos charcos e pântanos do Jardim Botânico.

 

 

A derrubada causou muita polêmica, tendo sido criticada por vários intelectuais como Monteiro Lobato (1882 – 1948) e Lima Barreto (1881 – 1922), porém saudada por personalidades importantes como o sanitarista Belisário Pena (1868 – 1939). Na área deixada por seu desmonte foram construídos pavilhões da Exposição Internacional do Centenário da Independência, aberta em 7 de setembro de 1922. Em setembro de 1921, havia no morro 4200 moradores distribuídos em 408 prédios. Eram trabalhadores e pobres e seriam instalados, inicialmente, em barracos na Praça da Bandeira.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BARROS, Paulo Cezar de. Onde nasceu a cidade do Rio de Janeiro? ( um pouco da história do Morro do Castelo)Revista geo-paisagem (online ) Vol. 1, número 2, julho/dezembro de 2002

Blog do Jornal do Brasil, 9 de março de 2011

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LOBATO, Monteiro. Onda Verde. São Paulo: Monteiro Lobato e C., 1921.

MENEZ, Alexssandro. Civilização versus barbárie: a destruição do Morro do Castelo no Rio de Janeiro (1905-1922). Revista Historiador Número 06. Ano 06. Janeiro de 2014.

MOTTA, Marly Silva da. A nação faz cem anos: a questão nacional no centenário da independência. Rio de Janeiro: Editora FGV: CPDOC, 1992.

NONATO, José Antônio Era uma vez o Morro do Castelo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000.

PAIXÃO, Cláudia Míriam Quelhas. O Rio de Janeiro e o morro do Castelo: populares, estratégias de vida e hierarquias sociais (1904-1922). Dissertação de mestrado. Niterói: UFF, 2008.

Site do Diário do Rio

Site do CPDOC

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

 

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” X – A morte do escritor Lima Barreto (1881 – 1922)

Com uma imagem do acervo da Fundação Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras da Brasiliana Fotográfica, produzida por um fotógrafo ainda não identificado, o portal publica o décimo artigo da Série 1922 – Hoje, há 100 anos sobre a morte do jornalista e escritor Lima Barreto, em 1º de novembro de 1922, de gripe toráxica e colapso cardíaco, em sua casa, na rua Major Mascarenhas, 26, em Todos os Santos, no Rio de Janeiro. Faleceu lendo um exemplar da revista francesa Revue de Deux Mondes. Lima Barreto foi, nas palavras do escritor Monteiro Lobato (1882 – 1948), “o criador de uma nova fórmula de romance. O romance de  crítica social sem doutrinarismo dogmático”. *

 

 

A mesma foto destacada acima foi publicada na notícia de sua morte, na capa da edição do jornal A Noite, de 2 de novembro de 1922.

 

 

Os dois centenários que inspiraram a Série 1922, Hoje, há 100 anos, cujos artigos têm sido publicados na Brasiliana Fotográfica ao longo de 2022, foram o da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922; e o da Exposição Internacional do Centenário da Independência da República, inaugurada em setembro de 1922. E os dois eventos foram temas que interessaram Lima Barreto.

Por exemplo, o escritor criticou a ligação dos intelectuais paulistas do Modernismo com o artista italiano Filippo Marinetti (1876 – 1944), em um texto publicado na revista Careta (Careta, 22 de julho de 1922). 

 

 

Foi chamado de “escritor de bairro” na resposta à critica, publicada na coluna Luzes & Refrações, da revista Klaxondivulgadora do Modernismo no Brasil, que foi editada entre 15 de maio de 1922 e janeiro de 1923 (Klaxon, 15 de agosto de 1922).

 

 

O último artigo de Lima Barreto publicado na revista Careta, após sua morte, na edição de 11 de novembro de 1922, foi justamente sobre a Exposição Internacional do Centenário da Independência da República: Uma sorpreza da exposição.

 

 

Também foi um crítico do desmonte do Morro do Castelo, realizado justamento devido à realização da Exposição do Centenário, e escreveu sobre o assunto. Destacamos aqui o artigo Megalomania (Careta, 28 de agosto de 1920). Em 1905, havia escrito a crônica O subterrâneo do Morro do Castelo (Correio da Manhã de 28 de abril de 1905, terceira coluna).

 

 

Sua preocupação com a destruição e o desrespeito pelo patrimônio histórico e pela cultura brasileira fica evidente em seu conto O Moleque, publicado no livro Histórias e Sonhos, em 1920, do qual destacamos um trecho:

“Há, parece, na fatalidade destas terras, uma necessidade de não conservar impressões das sucessivas camadas de vida que elas deviam ter presenciado o desenvolvimento e o desaparecimento. Estes nomes tupaicos mesmo tendem a desaparecer, e todos sabem que, quando uma turma de trabalhadores, em escavações de qualquer natureza, encontra uma igaçaba, logo se apressam em parti-la, em destruí-la como coisa demoníaca ou indigna de ficar entre os de hoje. A pobre talha mortuária dos tamoios é sacrificada impiedosamente.

Frágeis eram os artefatos dos índios e todas as suas outras obras; frágeis são também as nossas de hoje, tanto assim que os mais antigos monumentos do Rio são de século e meio; e a cidade vai já para o caminho dos quatrocentos anos.

O nosso granito vetusto, tão velho quanto a terra, sobre o qual repousa a cidade, capricha em querer o frágil, o pouco duradouro. A sua grandeza e a sua antiguidade não admitem rivais.

Ainda hoje esse espírito do lugar domina a construção dos nossos edifícios públicos e particulares, que estão a rachar e a desabar, a todo instante. E como se a terra não deseje que fiquem nela outras criações, outras vidas, senão as florestas que ela gera, e os animais que nestas vivem.

Ela as faz brotar, apesar de tudo, para sustentar e ostentar um instante, vidas que devem desaparecer sem deixar vestígios. Estranho capricho…

Quer ser um recolhimento, um lugar de repouso, de parada, para o turbilhão que arrasta a criação a constantes mudanças nos seres vivos; mas só isto, continuando ela firme, inabalável, gerando e recebendo vidas, mas de tal modo que as novas que vierem não possam saber quais foram as que lhes antecederam.

Desde que as suas rochas surgiram, quantas formas de vida ela já viu? Inúmeras, milhares; mas de nenhuma quis guardar uma lembrança, uma relíquia, para que a Vida não acreditasse que podia rivalizar com a sua eternidade.

Mesmo os nomes índios, como já foi observado, se apagam, vão se apagando, para dar lugar a nomes banais de figurões ainda mais banais, de forma que essa pequena antiguidade de quatro séculos desaparecerá em breve, as novas denominações talvez não durem tanto.

Nenhum testemunho, dentro em pouco, haverá das almas que eles representam, dessas consciências tamoias que tentaram, com tais apelidos, macular a virgindade da incalculável duração da terra. Sapopemba é já um general qualquer, e tantos outros lugares do Rio de janeiro vão perdendo insensivelmente os seus nomes tupis”.

 

Brevíssimo perfil de Lima Barreto (1881 – 1922)

 

“Passemos além: mais do que nenhuma outra arte, mais fortemente possuindo essa capacidade de sugerir em nós o sentimento que agitou o autor ou que ele simplesmente descreve, a arte literária se apresenta com um verdadeiro poder de contágio que a faz facilmente passar de simples capricho individual, em traço de união, em força de ligação entre os homens, sendo capaz, portanto, de concorrer para o estabelecimento de uma harmonia entre eles, orientada para um ideal imenso em que se soldem as almas, aparentemente mais diferentes, reveladas, porém, por elas, como semelhantes no sofrimento da imensa dor de serem humanos”.

O destino da literatura, por Lima Barreto,

Revista Sousa Cruz, outubro e novembro de 1921

 

 

“Espírito forte, observador preciso, de estilo próprio, Lima Barreto tem o temperamento integral do artista”.

Fon-Fon, 22 de janeiro de 1910

 

Carioca, Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881, exatamente sete anos antes da assinatura da Lei Áurea. Filho do tipógrafo Joaquim Henriques de Lima Barreto (1853 – 1922) e da professora primária Amália Augusta (1862 – 1887), que haviam se casado em 1878.  O casal teve mais quatro filhos:  Nicomedes, que nasceu, em 1879, mas viveu apenas oito dias; Evangelina, nascida em 1882; Carlindo, em 1884; e Eliézer, em 1886. Foi afilhado do senador Afonso Celso (1836 – 1912), o Visconde de Ouro Preto.

 

 

Lima Barreto era negro e neto de escravizados e sua vida foi fortemente marcada pelo preconceito racial, como fica evidenciado em sua crônica O Pecado (1904) (Revista Souza Cruz, agosto de 1924).

 

 

Esteve presente, com seu pai, tanto no Largo do Paço para testemunhar a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, como, alguns dias depois, em 17 de maio, na Missa Campal do Campo de São Cristóvão.

Sobre o Dia da Abolição da da Missa Campal escreveu uma crônica, Maio, publicada na Gazeta da Tarde, de 4 de maio de 1911.

 

 

Maio

Estamos em maio, o mês das flores, o mês sagrado pela poesia. Não é sem emoção que o vejo entrar. Há em minha alma um renovamento; as ambições desabrocham de novo e, de novo, me chegam revoadas de sonhos. Nasci sob o seu signo, a treze, e creio que em sexta-feira; e, por isso, também à emoção que o mês sagrado me traz, se misturam recordações da minha meninice.

Agora mesmo estou a lembrar-me que, em 1888, dias antes da data áurea, meu pai chegou em casa e disse-me: a lei da abolição vai passar no dia de teus anos. E de fato passou; e nós fomos esperar a assinatura no Largo do Paço.

Na minha lembrança desses acontecimentos, o edifício do antigo paço, hoje repartição dos Telégrafos, fica muito alto, um sky-scraper; e lá de uma das janelas eu vejo um homem que acena para o povo.

Não me recordo bem se ele falou e não sou capaz de afirmar se era mesmo o grande Patrocínio.

Havia uma imensa multidão ansiosa, com o olhar preso às janelas do velho casarão. Afinal a lei foi assinada e, num segundo, todos aqueles milhares de pessoas o souberam. A princesa veio à janela. Foi uma ovação: palmas, acenos com lenço, vivas…

Fazia sol e o dia estava claro. Jamais, na minha vida, vi tanta alegria. Era geral, era total; e os dias que se seguiram, dias de folganças e satisfação, deram-me uma visão da vida inteiramente festa e harmonia.

Houve missa campal no Campo de São Cristóvão. Eu fui também com meu pai; mas pouco me recordo dela, a não ser lembrar-me que, ao assisti-la, me vinha aos olhos a “Primeira Missa”, de Vítor Meireles. Era como se o Brasil tivesse sido descoberto outra vez… Houve o barulho de bandas de música, de bombas e girândolas, indispensável aos nossos regozijos; e houve também préstitos cívicos. Anjos despedaçando grilhões, alegorias toscas passaram lentamente pelas ruas. Construíram-se estrados para bailes populares; houve desfile de batalhões escolares e eu me lembro que vi a princesa imperial, na porta da atual Prefeitura, cercada de filhos, assistindo àquela fieira de numerosos soldados desfiar devagar. Devia ser de tarde, ao anoitecer.

Ela me parecia loura, muito loura, maternal, com um olhar doce e apiedado. Nunca mais a vi e o imperador nunca vi, mas me lembro dos seus carros, aqueles enormes carros dourados, puxados por quatro cavalos, com cocheiros montados e um criado à traseira.

Eu tinha então sete anos e o cativeiro não me impressionava. Não lhe imaginava o horror; não conhecia a sua injustiça. Eu me recordo, nunca conheci uma pessoa escrava. Criado no Rio de Janeiro, na cidade, onde já os escravos rareavam, faltava-me o conhecimento direto da vexatória instituição, para lhe sentir bem os aspectos hediondos.

Era bom saber se a alegria que trouxe à cidade a lei da abolição foi geral pelo país. Havia de ser, porque já tinha entrado na consciência de todos a injustiça originária da escravidão.

Quando fui para o colégio, um colégio público, à rua do Resende, a alegria entre a criançada era grande. Nós não sabíamos o alcance da lei, mas a alegria ambiente nos tinha tomado.

A professora, Dona Teresa Pimentel do Amaral, uma senhora muito inteligente, a quem muito deve o meu espírito, creio que nos explicou a significação da coisa; mas com aquele feitio mental de criança, só uma coisa me ficou: livre! livre!

Julgava que podíamos fazer tudo que quiséssemos; que dali em diante não havia mais limitação aos propósitos da nossa fantasia.

Parece que essa convicção era geral na meninada, porquanto um colega meu, depois de um castigo, me disse: “Vou dizer a papai que não quero voltar mais ao colégio. Não somos todos livres?”

Mas como ainda estamos longe de ser livres! Como ainda nos enleamos nas teias dos preceitos, das regras e das leis!

Dos jornais e folhetos distribuídos por aquela ocasião, eu me lembro de um pequeno jornal, publicado pelos tipógrafos da Casa Lombaerts. Estava bem impresso, tinha umas vinhetas elzevirianas, pequenos artigos e sonetos. Desses, dois eram dedicados a José do Patrocínio e o outro à princesa. Eu me lembro, foi a minha primeira emoção poética a leitura dele. Intitulava-se “Princesa e Mãe” e ainda tenho de memória um dos versos:

“Houve um tempo, senhora, há muito já passado…”

São boas essas recordações; elas têm um perfume de saudade e fazem com que sintamos a eternidade do tempo.

Oh! O tempo! O inflexível tempo, que como o Amor, é também irmão da Morte, vai ceifando aspirações, tirando presunções, trazendo desalentos, e só nos deixa na alma essa saudade do passado às vezes composta de coisas fúteis, cujo relembrar, porém, traz sempre prazer.

Quanta ambição ele não mata! Primeiro são os sonhos de posição: com os dias e as horas e, a pouco e pouco, a gente vai descendo de ministro a amanuense; depois são os do Amor – oh! como se desce nesses! Os de saber, de erudição, vão caindo até ficarem reduzidos ao bondoso Larousse. Viagens… Oh! As viagens! Ficamos a fazê-las nos nossos pobres quartos, com auxílio do Baedecker e outros livros complacentes.

Obras, satisfações, glórias, tudo se esvai e se esbate. Pelos trinta anos, a gente que se julgava Shakespeare, está crente que não passa de um “Mal das Vinhas” qualquer; tenazmente, porém, ficamos a viver, esperando, esperando… o quê? O imprevisto, o que pode acontecer amanhã ou depois. Esperando os milagres do tempo e olhando o céu vazio de Deus ou deuses, mas sempre olhando para ele, como o filósofo Guyau.

Esperando, quem sabe se a sorte grande ou um tesouro oculto no quintal?

E maio volta… Há pelo ar blandícias e afagos; as coisas ligeiras têm mais poesia; os pássaros como que cantam melhor; o verde das encostas é mais macio; um forte flux de vida percorre e anima tudo…

O mês augusto e sagrado pela poesia e pela arte, jungido eternamente à marcha da Terra, volta; e os galhos da nossa alma que tinham sido amputados – os sonhos, enchem-se de brotos muito verdes, de um claro e macio verde de pelúcia, reverdecem mais uma vez, para de novo perderem as folhas, secarem, antes mesmo de chegar o tórrido dezembro.

E assim se faz a vida, com desalentos e esperanças, com recordações e saudades, com tolices e coisas sensatas, com baixezas e grandezas, à espera da morte, da doce morte, padroeira dos aflitos e desesperados…

 

 

Lima Barreto frequentou a Escola Pública Municipal da rua do Rezende, o Liceu Popular Niteroiense, o Ginásio Nacional (antigo Colégio Pedro II) e o internato do Colégio Paula Freitas.

 

Acervo da Fundação Biblioteca Nacional

Acervo da Fundação Biblioteca Nacional

 

Ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro onde iniciou o curso de Engenharia, que teve que abandonar, em 1903, devido à necessidade de sustentar seus irmãos, já que seu pai teve um diagnóstico de neurastenia. No mesmo ano, passou no concurso de amanuense da Secretaria da Guerra.

 

 

Boêmio, foi um crítico contundente da mentalidade burguesa de sua época. Amava e criticava o Rio de Janeiro, sua cidade natal, de onde nunca saiu. Segundo a crítica literária Beatriz Resente: “O Rio de Janeiro das crônicas de Lima Barreto é a cidade dos contrastes, das revoltas, das ruínas sob o vento do progresso, mas é também a expressão de uma paixão tão forte que a outras, mais humanas, não deixa espaço”.

 

“Lima Barreto foi com efeito a figura mais original de boêmio que teve nos últimos tempos a intelectualidade carioca”.

José Garcia Margiocco (18? – 1923), escritor e jornalista

(Careta, 11 de novembro de 1922)

 

Colaborou em diversos jornais e revistas, dentre eles Careta, Fon-FonGazeta da TardeFloreal (dirigida por ele).

 

 

Seu romance de estreia foi Recordações do Escrivão Isaías Caminha, cujo personagem central foi inspirado em Edmundo Bittencourt (1866 – 1943), dono do Correio da Manhã (Careta, 5 de fevereiro de 1910). É considerada sua obra-prima o livro Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915), publicado inicialmente em folhetins, entre agosto e outubro de 1911, na edição da tarde do Jornal do Commercio (Correio Paulistano, 29 de junho de 1916, primeira coluna; A Noite, 1º de outubro de 1916, primeira coluna). Outros de seus livros foram o Cemitério dos VivosHistórias e Sonhos, o último publicado enquanto estava vivo; Os BruzundangasClara dos Anjos e Diário Íntimo. Seus temas, como a denúncia da discriminação racial, a defesa dos excluídos da sociedade, a luta pelos direitos civis e a crítica aos políticos, dentre outros, continuam muito atuais.

Sobre Lima Barreto, o escritor Monteiro Lobato (1882 – 1948) escreveu, em 1º de outubro de 1916, numa carta para o também escritor Godofredo Rangel (1884 – 1851):

“Conheces Lima Barreto? Li dele, na Águia, dois contos, e pelos jornais soube do triunfo do Policarpo Quaresma, cuja segunda edição já lá se foi. A ajuizar pelo que li, este sujeito me é romancista de deitar sombras em todos os seus colegas coevos e coelhos, inclusive o Neto. Facílimo na língua, engenhoso, fino, dá impressão de escrever sem torturamento – ao modo das torneiras que fluem uniformemente a sua corda-d’água”.

Livraria da Universidade de Santa Maria

 

Ao longo de sua vida, foi internado duas vezes no Hospício Nacional de Alienados, originalmente Hospício de Pedro II, devido ao alcoolismo: em 1914, quando ficou lá durante dois meses; e, no Natal de 1919 – ficou até fevereiro de 1920. Durante esta segunda internação começou a escrever o romance inacabado Cemitério dos Vivos.

“Voltei para o pátio. Que coisa, meu Deus! Estava ali que nem um peru, no meio de muitos outros, pastoreado por um bom português, que tinha um ar rude, mas doce e compassivo, de camponês transmontano. Ele já me conhecia da outra vez. Chamava-me você e me deu cigarros. Da outra vez, fui para a casa-forte e ele me fez baldear a varanda, lavar o banheiro, onde me deu um excelente banho de ducha de chicote. Todos nós estávamos nus, as portas abertas, e eu tive muito pudor. Eu me lembrei do banho de vapor de Dostoiévski, na Casa dos Mortos. Quando baldeei, chorei; mas lembrei de Cervantes, do próprio Dostoiévski, que pior deviam ter sofrido em Argel e na Sibéria. Ah! A Literatura ou me mata ou me dá o que eu peço dela”.

 

 

Como já mencionado, Lima Barreto faleceu, em 1º de novembro de 1922, Dia de Todos os Santos (Jornal do Brasil, 3 de novembro de 1922).

Poucos dias após sua morte, o escritor Coelho Neto (1864 – 1934) escreveu sobre ele na edição do Jornal do Brasil de 5 de novembro de 1922:

 

 

Na edição da revista Careta, de 11 de novembro de 1922, foi publicado o artigo O bohemio immortal, do jornalista e escritor gaúcho José Garcia Margiocco (18? – 1923).

 

 

O escritor Enéas Ferraz (1896 – 1977), autor de A História de João Crispim, uma biografia romanceada de Lima Barreto, prestou uma homenagem ao escritor na crônica A Morte do Mestre (O Paiz, 20 de novembro de 1922). Sobre o livro de Ferraz, Lima Barreto havia escrito a crítica História de um Mulato, publicada em O Paiz, 17 de abril de 1922.

Lima Barreto ficou invisibilizado durante décadas talvez devido à ascenção, no Brasil, da eugenia, uma espécie de racismo científico. Sobre o tema ele havia escrito a crônica Considerações Oportunas, publicada no ABC, em 16 de agosto de 1919. Dez anos depois, realizou-se o Primeiro Congresso Brasileiro de Eugenia, no Rio de Janeiro, entre 30 de junho e 7 de julho de 1929. O evento integrava as comemorações do centenário da Academia Nacional de Medicina (Correio da Manhã, 31 de maio, sétima coluna; e 2 de julho, primeira coluna; de 1929).

A obra de Lima Barreto foi resgatada nos anos 50, quando foi publicado o livro A vida de Lima Barreto 1881-1922 (1952), de Francisco Assis Barbosa (1914 – 1991). Em 1953, foi inaugurada a Biblioteca Lima Barreto, em Madureira; e, em 1956, sob a organização de Assis Barbosa, foi iniciada a publicação, pela Editora Brasiliense, de sua obra completa, em 17 volumes. Em 1982, foi o homenageado pela Escola de Samba Unidos da Tijuca, cujo enredo foi Lima Barreto – Mulato, pobre, mas livre. Já no século XXI, o escritor foi o homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2017.

Uma curiosidade: foi um dos 40 escritores que elegeu Olavo Bilac (165 – 1918) O Príncipe dos Poetas Brasileiros em um concurso promovido pela revista Fon-Fon, em 1913 (Fon-Fon, 4 de janeiro de 1919).

 

 

Outra curiosidade: J. Caminha, Leitor, Aquele, Amil, Eran, Jonathan, Inácio Costa foram pseudônimos usados por Lima Barreto e identificados pelo pesquisador Felipe Botelho Corrêa, que resultou na descoberta de 164 textos inéditos em livro e que foram reunidos na obra Sátiras e outras subversões, publicado em 2016. Lima Barreto também usou os pseudônimos Alfa Z, Phileas Fogg, Puck, Rui de Pina e S. Holmes. 

Uma última curiosidade: O jornalista Irineu Marinho (1876 – 1925), que foi colega de Lima no Liceu Niteroiense, batizou seu jornal, fundado em 1925, como O GLOBO, nome do jornal fictício criado pelo escritor no livro Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

Fontes:

BARBOSA, Francisco de Assis. A vida de Lima Barreto (1881- 1922). São Paulo : Autêntica Editora, 2017.

Blog Lobato com você

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

O GLOBO, 28 de julho de 2016

RESENDE, Beatriz. Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos. São Paulo : Autêntica Editora, 1993.

SANTOS, André Luiz dos. Caminhos de alguns ficcionistas brasileiros após as Impressões de Leitura de Lima Barreto. Rio de Janeiro, 2007. Tese (Doutorado em Letras – Área de Concentração: Literatura Brasileira) – Faculdade de Letras. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

SCHWARCZ, Lilia. Lima Barreto, triste visionário. São Paulo : Companhia das Letras, 2017.

Portal Literafro

Portal O Tempo

 

Ouça aqui o podcast lançado pela Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles, em comemoração ao centenário de morte do escritor: Lima Barreto: o negro é a cor mais cortante.

 

Leia aqui o artigo A pena engajada de Lima Barreto, de Guilherme Tauil, publicado no portal Crônica Brasileira, do Instituto Moreira Salles.

* O primeiro parágrafo do artigo foi modificado em 12 de novembro de 2022.

 

Links para os artigos já publicados da Série 1922 – Hoje, há 100 anos

Série 1922 – Hoje, há 100 anos I – Os Batutas embarcam para Paris, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 29 de janeiro de 2022

Série 1922 – Hoje, há 100 anos II- A Semana de Arte Moderna, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 13 de fevereiro de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos III – A eleição de Artur Bernardes e a derrota de Nilo Peçanha, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 1º de março de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IV – A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 17 de junho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos V – A Revolta do Forte de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 5 de julho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VI e série Feministas, graças a Deus XI – A fundação da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 9 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VII – A morte de Gastão de Orleáns, o conde d´Eu (Neuilly-sur-Seine, 28/04/1842 – Oceano Atlântico 28/08/1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 28 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 7 de setembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IX – O centenário do Museu Histórico Nacional, de autoria de Maria Isabel Lenzi, historiadora do Musseu Histórico Nacional, publicado em 12 de outubro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos XI e série Feministas, graças a Deus XII 1ª Conferência pelo Progresso Feminino e o “bom” feminismo, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, antropóloga do Arquivo Nacional, publicado em 19 de dezembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.