Na semana da premiação do Oscar pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, nos Estados Unidos, a Brasiliana Fotográfica destaca quatro antigas salas de cinema localizadas no Rio de Janeiro: o Pathé Palace e os cinemas Capitólio, Íris e Pathé. São fotografias produzidas pelos mais importantes fotógrafos da cena urbana carioca no século XIX – Marc Ferrez (1843 – 1923) – e nas primeiras décadas do século XX – Augusto Malta (1864 – 1957). O Pathé Palace e o Cine Pathé eram de propriedade da família do fotógrafo Marc Ferrez, que teve participação destacada na introdução do cinema no Brasil.
Ferrez, que havia conhecido em Paris as fotografias animadas dos irmãos Lumière, decidiu investir na novidade. Apoiado pelos filhos, inaugurou , em 18 de setembro 1907, o Cinematographo Pathé, na então novíssima Avenida Central. Em sua propaganda de estreia, anunciava “projeções animadas perfeitas, interessantes e maravilhosas” (Jornal do Brasil, 18 de setembro de 1907, no pé da página). Julio Ferrez, filho do fotógrafo, firmou um contrato com a Maison Pathé-Frères, de Paris, para o fornecimento de filmes e de equipamentos para montagem de salas de cinema (Jornal do Brasil, 15 de agosto de 1907, na terceira coluna). Em 1928, após a morte do fotógrafo, a Casa Marc Ferrez inaugurou, na Cinelândia, o Pathé Palace, em de abril de 1928, com a exibição de uma extensa programação, que incluía o filme “Paga para amar” (O Paiz, de 18 de março, na primeira coluna; de 23 de março, na terceira coluna; e de 9 e 10 de abril de 1928).
O Cinema Capitólio, também na Praça Floriano, na Cinelândia, foi inaugurado em 23 de abril de 1925 (Jornal do Brasil, 22 de abril de 1925) com a exibição do filme “A voz do minarete” e também com a execução do “Guarany” por uma orquestra. Foi construído pela Companhia Brasil Cinematographica e foi descrita pela imprensa como “uma casa de diversões que honra o grau de desenvolvimento e de cultura no Rio de Janeiro e representa, como os demais em construção, o esforço considerável de um homem de extraordinária energia, o senhor Francisco Serrador, e a sua fé viva nos negócios cinematográficos” (Jornal do Brasil, 23 de abril de 1925, na quinta coluna).
Das três salas, a única que ainda existe é o Cine Íris, fundado em outubro de 1909 como Cinematographo Soberano com a exibição de diversos filmes, dentre eles “A cidade das flores “ e “Lili Borboleta” (Jornal do Brasil, de 30 de outubro de 1909, na sétima coluna). O nome da sala de cinema foi uma homenagem de seu fundador, João Cruz Junior, a um de seus cavalos. Localizado na rua da Carioca, no centro do Rio de Janeiro, em 1914, foi reformado por Jerônimo Cruz, filho do fundador, e passou a se chamar Íris (Jornal do Brasil, de 24 de agosto de 1989). Em 1982, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O prédio foi construído no estilo art-nouveau e seu interior é decorado com azulejaria e mármores portugueses, escadarias de ferro, lustres e espelhos de cristais franceses.
O título deste artigo foi alterado de Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XX para Série O Rio de Janeiro desaparecido I – Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XX, em 16 de setembro de 2021.
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido
Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.
Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.
Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.
Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruz, de autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruz, publicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.
Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.
Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.
Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.
Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.
Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023
Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas
Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016
A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017
O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021
O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro, publicado em 27 de março de 2023
A fotografia sem dúvidas é uma das partes mais importantes do cinema. Paticularmente, filmes com uma fotografia espetacular já ganham meu gosto desde os instantes iniciais
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Vcs não tem foto do Cinema Rio Branco? Ficava na Praça Onze ao lado da cervejaria . Quase em frente ao prédio do balança mais não cai.
Boa tarde! Infelizmente, não.