Inauguração da estátua equestre de dom Pedro I, na atual Praça Tiradentes

A estátua equestre de dom Pedro I (1798 – 1834), primeira escultura pública do Brasil, foi inaugurada na Praça da Constituição, atual Praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro, em 30 de março de 1862 (Diário do Rio de Janeiro, 31 de março de 1862), e uma grande festa cívica aconteceu na cidade para celebrar o evento. Segundo Paulo Knauss, “Esta inauguração consagrou a afirmação da escultura pública no Brasil e instalou uma tradição que atravessou os tempos até os dias de hoje“. A inauguração estava programada para se realizar no dia 25 de março, data da ratificação da Constituição Brasileira de 1824, mas fortes chuvas adiaram o evento para o dia 30 de março (Diário do Rio de Janeiro, 26 de março e 31 de março de 1862). O monumento foi colocado de frente para a Rua da Imperatriz em direção a então sede da Academia Imperial de Belas Artes. Do outro lado, a Rua Sete de Setembro levava até a praça da estátua, estabelecendo a ligação com a sede do governo, que ficava no Largo do Paço.

A ideia do projeto de construção de uma estátua em homenagem a dom Pedro I havia surgido, por iniciativa da Câmara Municipal, em 1825, 38 anos antes da inauguração do monumento. A Brasiliana Fotográfica lembra a efeméride com a publicação de três fotografias da estátua: uma de Augusto Stahl (1828 – 1877), uma de Manoel Banchiere, que nessa época possuía um estabelecimento fotográfico na Rua do Hospício, 104; e uma de Micheles. Na estátua, esculpida pelo francês Louis Rochet (1813 – 1878), que foi agraciado com a comenda Ordem de Cristo, dom Pedro I está proclamando a Independência do Brasil com o Manifesto às Nações na mão (Diário do Rio de Janeiro, 1º de abril de 1862, na primeira coluna).

No monumento, as principais datas da vida do homenageado estão inscritas no gradil: 12 de outubro de 1798 (nascimento) – 6 de novembro de 1817 (casamento com dona Leopoldina) – 9 de janeiro de 1822 (Dia do Fico) – 13 de maio de 1822 (tornou-se Defensor Perpétuo do Brasil) – 12 de outubro de 1822 (aclamação como imperador do Brasil) – 1 de dezembro de 1822 (coroação) – 25 de março de 1824 (ratificação da primeira Constituição Brasileira) – 17 de outubro de 1829 (casamento com dona Amélia). No pedestal, há imagens de animais e indígenas em quatro alegorias dos rios nacionais. A do rio São Francisco traz um indígena sentado perto de uma capivara e de um tamanduá bandeira; a do rio Madeira, é representada por um indígena com arco e flexa em um movimento de disparo junto a uma ave, um peixe e uma tartaruga; a do rio Amazonas mostra uma indígena com uma criança nas costas, um indígena com os pés sobre um jacaré e uma arara; e, finalmente, a do rio Paraná, tem como alegoria um indígena segurando uma flexa e uma indígena. Os brasões das vintes províncias imperiais também estão representados. Abaixo da estátua está escrito “D. Pedro I, gratidão dos brasileiros”.

 

Acessando o link para as fotografias da estátua equestre de dom Pedro I disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

A Câmara Municipal, centro político do movimento de independência no Brasil, lançou o projeto da construção de uma estátua equestre de dom Pedro I, em 1825 (Diário do Rio de Janeiro11 de maio14 de julho17 de outubro8 de novembro  e 9 de novembro de 1925; O Despertador Constitucional, 24 de maio de 1825) .

No dia 13 de maio de 1825, foi solicitada a dom Pedro I permissão para levá-la a efeito:

“Senhor – O Senado da Câmara desta muito leal e heroica cidade do Rio de Janeiro, tendo sido até aqui fiel intérprete dos sentimentos da nação brasileira e executor dos seus desejos em todas as épocas memoráveis da sua feliz emancipação, sondando atualmente a opinião pública, tem penetrado ser sua vontade que a muito leal e poderosa pessoa de V. M. I. se inaugurasse um monumento público que, fazendo recordar a presente e futuras gerações à memória dos altos feitos de V. M., possa ao mesmo tempo servir de eterno padrão da sua sensibilidade e de sua gratidão.

Neste sentir, pois, Senhor, o Senado da Câmara se apressa a rogar a V. M. I. queira benigno permitir-lhe a faculdade de poder dar o primeiro passo para tão augusta e magnânima empresa, lisonjeando-se de a pedir neste feliz aniversário já tão memorável nos fastos da nação.

Digne-se, pois, V. M., acolhendo benignamente a súplica do Senado desta cidade, anuir aos ardentes desejos dele, do povo por quem representa e, sem receio de errar, se pode dizer de todo o povo do Império. – O presidente, Lúcio Soares Teixeira de Gouveia. – Os vereadores, Manuel Frazão de Sousa Rondon, Antônio Gomes de Brito, Lourenço Antônio do Rego. – Procurador interino, José Agostinho Barbosa.”

O Imperador respondeu:

“Acato a lembrança do Senado e agradeço”.

O pintor Jean-Baptiste Debret (1768 – 1848) e o arquiteto Grandjean de Montigny (1776 – 1850), membros da Missão Francesa que havia chegado no Rio de Janeiro em 1816, faziam parte da comissão formada para encarregar-se do plano da estátua equestre. Os artistas e irmãos franceses Zeferino (1797 – 1851) e Marcos Ferrez (1788 – 1850) fizeram parte da lista de subscritos para a construção da estátua do imperador (Diário do Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1825). O homenageado autorizou o projeto e o Campo de Santana, onde ele havia sido aclamado, em 1822, foi escolhido para abrigar o monumento. Porém, a situação política que levou à abdicação do monarca, em 1831, deu fim ao empreendimento, para o qual Grandjean de Montigny (1776 – 1850) já havia preparado dois projetos (Aurora Fluminense, de 11 de abril de 1831).

No fim da década, em 1839, houve uma reunião na casa de Francisco Vilela Barbosa, o marquês de Paranaguá (1769 – 1946), quando formou-se uma comissão para a retomada do projeto da estátua equestre. Além do anfitrião, faziam parte da comissão Paulo José de Mello (1779 – 1848), José Antonio Lisboa (1777 – 1850), Cornélio Ferreira (1802 – 1878), Maciel Monteiro (1804 – 1868) e Manoel Manoel de Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879). Este último proferiu um discurso, em 23 de abril de 1839, sobre a necessidade de construir-se uma estátua em homenagem a dom Pedro I e para esse fim continuar a subscrição para o projeto e arrecadar o produto da antiga, que estaria depositado no Tesouro Nacional.  Foi encaminhada à regência uma petição com esse objetivo. O senador Bernardo Pereira de Vasconcellos (1795 – 1850) nomeou José Antonio Lisboa (1777 – 1850) presidente da comissão, mas, devido às circunstâncias políticas, após uma viagem à Europa, Lisboa adiou as providências para o desenvolvimento do projeto.

Em 1840, um leitor do Diário de Rio de Janeiro, que se identificou como Um do povo, enviou uma carta ao jornal cobrando a realização da estátua (Diário do Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 1840, na primeira coluna). Outro, que se identificou como O Curioso, perguntava para onde havia ido o produto da subscrição aberta nesta corte e em melhores tempos para a a estátua equestre do FUNDADOR DO IMPÉRIO, o sr. Dom Pedro 1º (Diário do Rio de Janeiro, 29 de julho de 1842, na primeira coluna). Em 1844, Porto Alegre conversou com o senador José Clemente (1787 – 1854) que revelou o desejo de retomar o plano de construção da estátua. Para isso, pediu toda a documentação e também encomendou um desenho a Porto Alegre. Mais uma vez as circunstâncias políticas desviaram a atenção ao projeto. Em 1846, um leitor, Um brasileiro de 1822, felicitava o sr. Dias da Motta por ter feito uma proposta à Câmara de Deputados, uma moção pedindo a execução do monumento (Diário do Rio de Janeiro, 28 de julho de 1846, na primeira coluna).

Finalmente, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro deliberou, em sessão extraordinária de 7 de setembro de 1854, sob a presidência de Francisco Lopes da Cunha (? – 1874) e por proposta de Roberto Jorge Haddock Lobo (1817 – 1869), a retomada da intenção da construção da estátua e foi aberta uma subscrição pública para esse fim (Diário do Rio de Janeiro, 23 de outubro de 1854, na penúltima coluna e 24 de outubro de 1854, na primeira coluna). Em 24 de setembro de 1854, aconteceu a primeira sessão da comissão nomeada pela Câmara Municipal para a construção da estátua equestre de dom Pedro I, na casa do conselheiro Eusébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara (1812 -1868), presidente da comissão – ele passou para a história como o autor da Lei Eusébio de Queiroz, que reprimia o tráfico de escravos, e do Código Comercial, ambos de 1850. Faziam parte da comissão o barão do Bonfim (1790 – 1873), Manoel de Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879), João Antonio de Miranda (1805 – 1861), Polydoro Jordão (1802 – 1879), João Affonso Lima Nogueira, Joaquim Norberto de Souza e Silva (1820-1891) e Roberto Jorge Haddock Lobo (1817 – 1869). Foi divulgada a convocação de artistas nacionais e estrangeiros a apresentarem em concurso um pensamento para a execução de uma estátua equestre em bronze (Diário do Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1854, na terceira coluna). No mesmo ano, 1854, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro passou a apoiar a iniciativa e foi justamente Manuel de Araújo Porto-Alegre, um de seus membros e também professor da Academia Imperial de Belas Artes, quem defendeu, no jornal O Guanabara, a opção pela estátua equestre associada ao gesto que traduz o ato da Independência.

Em 2 de janeiro de 1855, foi enviada a proposta do artista francês Louis Rouchet (1813 – 1878) ao presidente da comissão, Eusébio de Queiroz Coutinho Mattoso Câmara (Diário do Rio de Janeiro, 19 de junho de 1855, na quarta coluna). Foi realizada, na Academia de Belas Artes, a entrega dos projetos para a escolha do escultor da estátua (Diário do Rio de Janeiro, 11 de março de 1855, na segunda coluna). De 27 de junho a 11 de julho de 1855, os desenhos e projetos apresentados para a escultura ficaram expostos na Academia (Diário do Rio de Janeiro, 27 de junho de 1855, na quinta coluna). Uma coluna foi dedicada à crítica aos projetos, e, segundo a crítica, nenhum deles era satisfatório (Diário de Rio de Janeiro, 4 de julho de 1855, na primeira coluna). Três dos 35 inscritos para o projeto da escultura foram premiados e o professor substituto de Pintura Histórica da Academia Imperial das Belas Artes, o brasileiro João Maximiano Mafra (1823 – 1908), ficou em primeiro lugar. O artista alemão Ludwig Georg Bappo (Luiz Jorge Bappo), em segundo, e o francês Louis Rochet (1813 – 1878), em terceiro. Estavam subscritos com os pseudônimos de “Independência ou Morte”, “Dem berten strebe nack” e “Vivere arbitratu suo”, respectivamente. Na ocasião não ficou decidido o artista que executaria o monumento (Diário do Rio de Janeiro, 30 de agosto de 1855, na segunda coluna e Jornal do Commercio, 2 de setembro de 1856, na sexta coluna). Porém, em artigo de Porto Alegre, na segunda edição da Revista Popular de 1859, ele afirmava que Rochet havia ficado em primeiro lugar no concurso e João Maximiano Mafra em segundo. De acordo com o historiador Paulo Knauss, foi devido a dificuldades técnicas para a confecção da obra no Brasil que coube ao francês Louis Rochet (1813 – 1878) a tarefa de desenvolver em seu ateliê parisiense o projeto de Mafra reorganizado por ele (Diário do Rio de Janeiro, 21 de abril de 1856, na terceira coluna).

 

 

Em 12 de outubro de 1855, data de aniversário de dom Pedro I, aconteceu a primeira cerimônia pública dos trabalhos no monumento. O malhete que bateu a primeira estaca foi guardado no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (Diário do Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1855, na quarta coluna e Jornal do Commercio, 13 de outubro de 1855, na segunda coluna). Cerca de um ano depois, dom Pedro II foi à Academia de Belas Artes para ser apresentado aos riscos e modelos da estátua equestre de seu pai (Diário do Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1856, na primeira coluna).

Em 8 de julho de 1856, o escultor Louis Rochet chegou ao Brasil (Correio Mercantil, 9 de julho de 1856, na segunda coluna). Retornou à Europa em 29 de outubro de 1856 (Diário do Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1956, na terceira coluna). Em 19 de outubro de 1861, a bordo do navio Reine du Monde, vindo do Havre, na França, chegaram ao Rio a estátua equestre e o pedestal do monumento (Diário de Pernambuco, 21 de outubro de 1861, na última coluna). Rochet voltou ao Brasil, a bordo do navio francês Bearn, em 17 de novembro de 1861 (Courrier du Brésil, 24 de novembro de 1861, na primeira coluna) para fazer o levantamento do monumento. Sua pedra fundamental foi lançada em 1º de janeiro de 1862 (Diário do Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1862, na primeira coluna).

Como já mencionado, a inauguração estava programada para acontecer no dia 25 de março de 1862, mas fortes chuvas adiaram o evento para o dia 30 de março (Diário do Rio de Janeiro, 26 de março e 31 de março de 1862). Rochet partiu do Rio de Janeiro em abril de 1862 (Diário do Rio de Janeiro, 25 de abril de 1862, na segunda coluna). A estátua foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, em 26 de setembro de 1978.

Um pequeno histórico do monumento foi publicado no Diário de Notícias de 5 de setembro de 1943. Há uma história curiosa sobre as imagens dos indígenas que estão nas laterais do monumento. Durante algum tempo, acreditou-se que eram obras do célebre escultor francês Auguste Rodin (1840 – 1917), mas, segundo a biografia de Louis Rochet, escrita por seu sobrinho, André Rochet, a informação de que Rodin teria trabalhado no ateliê do do tio surgiu no Brasil, de uma “opinião puramente pessoal” formulada pelo colecionador Djalma Hermes da Fonseca (Época, 27 de outubro de 2016).

 

 

A estátua foi reformada pela prefeitura do Rio para a comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, em setembro de 2022.  No início de dezembro do mesmo ano foi vandalizada: teve pelo menos oito estrelas de ferro instaladas na parte superior de um gradil que a protege furtadas e cinco pedaços do gradeamento, em forma de seta e instalados na parte inferior, também foram levados.**

 

Intervenção na estátua equestre de dom Pedro I proposta por Diambe da Silva, realizada em janeiro de 2020*

 

“Em janeiro de 2020,  por volta das dez horas da noite, um grupo de vinte pessoas chegou à praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro, carregando roupas, tonéis de gasolina e palitos de fósforo. Era o dia de “Devolta” uma proposição artística de Diambe da Silva que buscou intervir no território onde hoje está a estátua equestre de Dom Pedro I.”

Assim Pollyana Quintela inicia o texto Dom Pedro I sitiado: contrausos para a primeira escultura pública do Brasilpublicado na revista Palavra Solta, em 22 de junho de 2020, onde a autora propõe uma reflexão em torno, imagem, poder, memória e iconoclastia a partir de uma intervenção artística realizada por Diambe da Silva com a participação de Agrade Camíz, Agripina Manhattan, Ana Almeida, Carla Villa Lobos, Clara Tito, Camilla Braga, Daniel Sepulveda, Derrete, Gilson Plano, Julia Quimera, Laís Amaral, Lorena Pini, Mayara Velozo, Nel da Silva, Pamella Magno, Raphael Cruz, Rodrigo Rosm, Sophia Pinheiro e Walla Capelobo. O grupo foi acompanhado pelos advogados Lucas van Hombeeck e Marianna Borges Soares. A intervenção em imagens públicas podem recriá-las e ressignificá-las.

Naquela noite de janeiro, o grupo de artistas circundou o monumento com peças de roupas, em seguida rasgadas, cuidadosamente embebidas de gasolina e incendiadas. A ação aconteceu ao som de “Resplandescente”, de Ventura Profana, enquanto alguns integrantes faziam fotos e vídeos. Laminas lascivas, nossa brasa é fogo ardente, entoava a música da cantora negra, travesti e nordestina. Tudo não durou mais de 30 minutos. Quando a polícia chegou, o grupo, como a fumaça, já havia se dispersado sem confronto.

Nesse momento da história, depois da morte do norte-americano George Floyd (1973 – 2020), covardemente assassinado, em 25 de maio de 2020, por um policial em Mineápolis, cujas últimas palavras foram “Eu não posso respirar”, diversos monumentos considerados racistas foram derrubados em diferentes países como, por exemplo, a estátua do comerciante de escravizados, Edward Colston (1636 – 1721), em Bristol, na Inglaterra; e, na Bélgica, um busto do rei Leopoldo II (1835 – 1909), colonizador do Congo. Que destino seria dado a essas imagens?

A questão está posta e a discussão em torno do tema apresenta soluções bastante divergentes…”deslocá-las para museus, onde poderão ser recontextualizadas e debatidas criticamente; acompanhá-las de texto explicativo que pondere sobre o que representam; transformá-las a partir de apropriações e reconfigurações contemporâneas, com a colaboração de artistas e outros agentes, ou mesmo destruí-las. O que fazer com elas?

História é matéria viva e sempre reescrita.

Ainda segundo Pollyana Quintela: Aliás, a cada estátua derrubada, atualizamos a constatação de que o passado está vivo no modo como construímos nossas memórias coletivas.

 

*Esse trecho do artigo foi acrescentado no dia 15 de julho de 2020.

** Este parágrafo foi acrescentado em 2 de dezembro de 2022.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

KNAUSS, Paulo. A festa da imagem: a afirmação da escultura pública no Brasil do século XIX. 19&20, Rio de Janeiro, v.V, n.4, out/dez. 2010.

KNAUSS, Paulo. Às margens do pedestal. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, julho de 2016.

QUINTELA, Pollyana. Dom Pedro I sitiado: contrausos para a primeira escultura pública do Brasil in Revista Palavra Solta, 22 de junho de 2020.

RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros. “Memória em Bronze: A estátua equestre de D. Pedro I”. In: Knauss, Paulo (org.). Cidade Vaidosa. Imagens Urbanas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Sete Letras, 1999.

Site Instituto Estadual do Patrimônio Cultural

Site Inventário dos Monumentos

Site Palácio Nacional de Queluz

Veja Rio, 2 de dezembro de 2022

A Brasiliana Fotográfica fez também uma extensa pesquisa na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Os trinta Valérios, uma fotografia bem-humorada de Valério Vieira (1862 – 1941)

O fotógrafo, pianista e compositor Valério Vieira (1862 – 1941) apresentou na Exposição Universal de Saint Louis, nos Estados Unidos, realizada entre de 30 de abril e 1 de dezembro de 1904, a curiosa e bem-humorada fotografia Os trinta Valérios, que lhe valeu a medalha de prata. O original autorretrato realizado por Valério, uma combinação de dois gêneros da fotografia – o retrato e a fotomontagem – tem caráter teatral e humorístico e é um marco na história da fotografia brasileira. Na imagem, vê-se a apresentação de uma orquestra, onde todos os músicos, além das figuras da plateia, dos garçons, do busto em cima do móvel e dos quadros pendurados na parede são retratos do fotógrafo. Ao todo, são 30 imagens de Valério Vieira.

 

 

Segundo Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica:

“O retrato é um dos mais antigos gêneros de fotografia produzidas no mundo. O francês Daguerre , inventor do daguerreótipo (1839), e o inglês Fox Talbot, inventor do calótipo (1841), – considerados os pais da fotografia – já apontavam esse caminho, entre muitos outros, através de seus retratos. O surgimento de novos processos e formatos nos anos 1850 populariza a produção de retratos fotográficos, num processo crescente e ininterrupto que vem até os nossos dias.

A  fotomontagem é um gênero de fotografia que surge também nessa mesma década. O sueco radicado na Inglaterra Oscar Rejlander apresentou numa exposição, em 1857, uma alegoria intitulada ‘Two Way of Life’, resultado da composição de trinta negativos em papel fotográfico, num trabalho que durou seis semanas para ser realizado; obteve grande sucesso e acabou sendo adquirido pela rainha Vitória.

A combinação desses dois gêneros, o retrato e a fotomontagem, ocorre também nessa época… No Brasil, o fotógrafo Valério Octaviano Rodrigues Vieira se destacou nessa combinação de gêneros…” (Preciosidades do acervo – “Os trinta Valérios”, p. 218, in Anais da Biblioteca Nacional, vol 114, 1994).

Inicialmente, a fotografia Os trinta Valérios, produzida em torno de 1901, chamava-se Valerio Fregoli, possivelmente uma referência ao ator italiano Leopoldo Fregoli (1867 – 1936), que representava diferentes papéis numa mesma encenação, com rápida troca de caracterização.

Nascido em Angra dos Reis, em 16 de novembro de 1862, Valério Otaviano Rodrigues Vieira ficou conhecido por seu senso de humor, inventividade e pela manipulação das imagens fotográficas de sua autoria. Na década de 1880, Valério estabeleceu-se como fotógrafo e atuou em cidades do Vale do Paraíba e em Ouro Preto, após um período de estudo no Rio de Janeiro. Na década seguinte, fixou-se em São Paulo, onde formou uma representativa clientela e tornou-se popular entre os paulistanos. Frequentemente, são identificados retratos de sua autoria em álbuns de família. Elegante e requintado, o estúdio de Valério, na rua Quinze de Novembro nº 19, em São Paulo, era muito frequentado por artistas, políticos e mecenas da sociedade paulistana. Foi, segundo o professor Boris Kossoy (1941 – ), o responsável pelo lançamento, em São Paulo, da moda dos retratos de formatura (O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1998, pagina 141).

Dedicou-se aos portraits e à exploração das possibilidades técnicas e criativas da fotografia como a fotomontagem e os painéis de grandes dimensões. Foi, ao lado de Guilherme Gaensly (1843 – 1928) e Militão Augusto de Azevedo (1837-1905), um dos mais conhecidos e importantes fotógrafos ativos em São Paulo no final do século XIX. Segundo Ricardo Mendes, as imagens realizadas por eles integram o principal núcleo de fotografias remanescentes sobre a cidade de então, registrando uma transformação dramática dos aspectos físicos e humanos.

Além de aplicar a técnica da fotomontagem também em cartões de boas festas, produziu os retratos bouquet, que são fotografias mostrando o rosto da mesma pessoa em sete poses diferentes. Também inventou o Degradador Valério. Apresentou na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, realizada entre 11 de agosto e 15 de novembro de 1908, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos, o Panorama de São Paulo, anunciado como a maior fotografia do mundo, com 11 x 1.43 metros. Mereceu grande atenção do público e da crítica e obteve o Grande Prêmio do Grupo de Fotografia do estado de São Paulo (Almanak Laemmert, 1909 e O Commercio de São Paulo, 23 de novembro de 1908, na quarta coluna).

Valério era também compositor e pianista. Suas partituras foram editadas por Buschmann & Guimarães, no Rio de Janeiro, e pela Casa Levy, em São Paulo, onde se apresentava em saraus. Dentre suas composições mais famosas estão as valsas Vivi, Adamastor e As tuas lágrimas, as polcas Ai! Ai!Catita, Polca-Tango e Paulista, além da cake walk Capoeira. Na capa da partitura desta última, Valério aparecia representado várias vezes, como na fotomontagem “Os trinta Valérios”. Não raramente dedicava suas composições a seus amigos e esposas e algumas de suas músicas têm títulos relacionados à fotografia: Photographica, Photovalsa e Retratista.

 

 

 

Cronologia de Valério Vieira (1862 – 1941)

 

 

1862 - Em 16 de novembro, nascimento de Valério Octaviano Rodrigues Vieira, em Angra dos Reis, filho dos imigrantes portugueses Octaviano, fazendeiro de café, e Anna Rodrigues Vieira.

1869 / 1874 – Provavelmente, estudou na Escola do Convento do Carmo, em Angra dos Reis.

1875 – Transferiu-se para o Rio de Janeiro com seu único irmão, Luiz Delfino, vinte anos mais velho e médico na Corte Imperial. De acordo com o catálogo da mostra Memória Paulistana, realizada no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, em 1975, fez isso contra a vontade de seus pais.

1876 / 1884 – Provavelmente, frequentou nesse período a Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, como aluno ouvinte.

Década de 1880 – Casou-se com Irene Maria Moura e trabalhou como assistente no estúdio do fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924), profissional de muito prestígio, agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Real, em 13 de setembro de 1866.

1886 - Falecimento de sua esposa Irene Maria, no Rio de Janeiro. Foi enterrada no cemitério São João Batista. A ela, Valério dedicou, no ano seguinte, a composição La Irenita (Diário de Notícias, 27 de setembro de 1887, na segunda coluna).

1887 –  Valério mudou-se para Pindamonhangaba, onde abriu seu primeiro estúdio fotográfico, especializado em retratos.

A habanera La Irenita, composição de Valério, foi anunciada como uma das novidades musicais à venda na Casa Buschmann & Guimarães, no número 52, na rua do Ourives, atual rua Miguel Couto, no Rio de Janeiro (O Programma Avisador, 16 de outubro de 1887). O anúncio foi repetido diversas vezes ao longo do ano.

Pelos mesmos editores, foi publicada a polca Catita, de autoria de Valério (Jornal do Commercio, 27 de outubro de 1887, na penúltima coluna).

1889 – Casou-se em Taubaté com Carmen Augusta Vieira, em 16 de maio. O casal teve quatro filhos: José do Patrocínio (26/04/1891 – 12/07/1911), Maria Catarina (02/09/1892 – 1918), Roque (1893 – 03/1977) e Francisco (1900 – 1971).

 

 

O casal mudou-se para Ouro Preto, onde Valério montou a Photographia União, em sociedade com Riberi, na rua Bobadela, posteriormente rua Direita.

Fotografou a inauguração do início dos trabalhos do traçado final da ferrovia entre Ubatuba e Taubaté. Estavam presentes na cerimônia o concessionário da ferrovia, Francisco de Moura Escobar, e os senadores Leão Veloso (1828 – 1902) e Joaquim Floriano de Godoy (1826 – 1907), dentre outros (Gl´Italiani in San Paulo, 21/22 de março de 1889, na última coluna).

Década de 1890 – Valério fixou-se em São Paulo, onde formou uma representativa clientela e tornou-se popular entre os paulistanos. Frequentemente são identificados retratos de sua autoria em álbuns de famílias da cidade.

1890 – Os editores Buschmann & Guimarães enviaram para o periódico A Republica a polca tango Ai!Ai!, de autoria de Valério Vieira (A Republica, 24 de novembro de 1890, na última coluna).

1891 – Já era o único proprietário da Photographia União, em Ouro Preto.

Em 26 de abril, nascimento do primeiro filho do casal, José do Patrocínio, batizado em homenagem ao abolicionista de mesmo nome.

Por volta desse ano, tornou-se muito amigo do jornalista e artista francês Émile Rouéde (1848 – 1908), que viveu em Ouro Preto entre 1890 e 1894. Rouéde foi também amigo dos escritores e irmãos Aluísio (1857 – 1913) e Artur Azevedo (1865 -1908), de Coelho Netto (1864 – 1934), José do Patrocínio (1854 – 1905) e Olavo Bilac (1865 – 1918).

Anunciou que, após uma viagem a Caxambu e ao Rio de Janeiro, estava de volta ao seu estabelecimento fotográfico, a Photographia União (Jornal de Minas, 20 de abril de 1891).

Os editores Buschmann & Guimarães enviaram para o periódico O Vassourense a valsa Tuas Lágrimas, de autoria de Valério Vieira (O Vassourense, 1º de fevereiro de 1891, na última coluna).

 

 

Foi o autor do quadro com todos os membros do Congresso Mineiro (A Ordem, 11 de julho de 1891, na primeira coluna).

Seu pedido de exoneração do cargo de professor de desenho do Externato do Ginásio Mineiro foi concedido, em 1º de setembro (Minas Gerais, 2 de julho de 1892, na segunda coluna).

1892 – Em 2 de setembro, nascimento da única filha do casal, Maria Catarina (O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1910, página 7, na sétima coluna).

Em um dos artigos da série “Na terra do ouro”, a Photographia União foi citada como um dos estabelecimentos que atestavam o adiantamento da cidade de Ouro Preto, sendo dirigido com muita perícia e gosto pelo sr. Valério Vieira (O Paiz, 15 de janeiro de 1892, na terceira coluna).

 

 

Foi noticiado que ele se encontrava em São Paulo e que na casa Aguiar, na rua São Bento, estava exposto um grande quadro da cidade mineira de Caxambu de sua autoria. Mencionava-se que Valério gostaria de se fixar em São Paulo (Diário Popular, 24 de julho de 1892, página 2).

1893 – Nascimento de Roque, o terceiro filho do casal.

1894 - Com a mudança de sua família, estabeleceu-se definitivamente em São Paulo.

1895 - No salão do periódico O Paiz, exposição de uma fotografia do ator baiano Xisto Bahia (1841 – 1894) em seu leito de morte, produzida por Valério Vieira, em Caxambu. O retrato foi oferecido ao jornalista e dramaturgo Artur de Azevedo (1855 – 1908) por Paulo da Fonseca (O Paiz, 16 de janeiro de 1895, na sexta coluna).

Valério fotografou a decoração do refeitório do Colégio de Ytu na ocasião da festa realizada em homenagem ao padroeiro do estabelecimento, São Luiz Gonzaga (Jornal do Brasil, 10 de julho de 1895, na terceira coluna).

Abertura de seu estúdio fotográfico na rua Quinze de Novembro, nº 19, em São Paulo. Essa data é baseada em uma notícia, reproduzida abaixo, publicada no O Estado de São Paulo, de 30 de outubro de 1909, na página 7, na sétima coluna, informando sobre a comemoração dos 14 anos do ateliê de Valério em São Paulo. Algumas fontes apontam 1892 ou 1893 como os anos de fundação do ateliê de Valério.

 

!4 anos do atelê de Valério em São Paulo / O Estado de São Paulo, 30 de outubro de 1909.

Notícia sobre a comemoração dos 14 anos do ateliê de Valério Vieira em São Paulo / O Estado de São Paulo, 30 de outubro de 1909.

 

1896 – Iniciou a sociedade com Aguiar, no estúdio Photographia Valério & Aguiar.

1897 – Foi publicado o seguinte anúncio na edição de janeiro de 1897, da revista A Música para todos:

“Photographia. – Valerio e Aguiar, na rua Quinze de Novembro, 19 – Casa de primeira ordem – Recomendamos esta casa pela elegância e solicitude dos trabalhos. Todos os artistas antes de irem em qualquer outro lugar, devem visitar o elegante atelier do simpático sr. Valério, que há poucos dias acabou o grande tableau alegórico do Veloce Club Olympico Paulista.”

Estavam em exposição na vitrine do escritório do jornal Correio Paulistano algumas fotografias da passagem do 1º Batalhão de Polícia pelas ruas de São Paulo e da missa campal que se realizou na Praça da República, produzidas pelos sócios Valério e Aguiar. O trabalho exposto se recomenda por sua nitidez e perfeição (Correio Paulistano, 30 de outubro de 1897, na quarta coluna).

1898 – Valério participou da inauguração do Hotel Internacional, em Santos (Correio Paulistano, 4 de outubro de 1898, na primeira coluna).

Em novembro de 1898, Valério & Aguiar expuseram no pavimento térreo do Banco União sete quadros executados por diferentes processos. Fora muito elogiados, principalmente os quadros da srta. Bulcão e a do sábio Vastecer e a matéria termina com a afirmação: já temos photographias em São Paulo (Correio Paulistano, 19 de novembro de 1898, na última coluna). A senhorita Bulcão era Isabel Bulcão, que havia vencido um concurso de beleza em São Paulo, realizado pela Revista do Brasil.

Foi noticiado o falecimento de Antonio Ribeiro Netto, concunhado do distinto fotógrafo Valério Vieira (Correio Paulistano, 1º de dezembro de 1898, na sexta coluna).

Durante um almoço no salão nobre da Rotisserie, oferecido aos oficiais do cruzador português Adamastor, Valério tocou ao piano sua valsa homônima e foi muito aplaudido (O Commercio de São Paulo, 8 de dezembro de 1898, na quarta coluna).

1899 – Provavelmente, a sociedade Valério & Aguiar terminou nesse ano como indica a nota sobre uma exposição na Charutaria Neumann de “um grande quadro com retratos dos membros da câmara dos deputados do Estado.”, obra que “muito recomenda a Photographia Valerio…” (Diário Popular, 05 de agosto de 1899, página 1). Alguns autores indicam 1900 como o ano do fim da sociedade.

Valério foi um dos participantes da reunião para deliberar sobre a realização de homenagens ao pintor José Ferraz de Almeida Júnior (1850 – 1899), no Club Internacional, em São Paulo. O pintor havia sido vítima de um crime passional (Cidade do Rio, 18 de novembro de 1899, na quinta coluna). Valério ofereceu-se para fotografar gratuitamente todos os quadros de Almeida Júnior (Jornal do Commercio, 21 de novembro de 1899, na segunda coluna ).

1900 – Nascimento de seu quarto filho, Raymundo Nonato.

Realizou um painel retratando os membros que formavam o senado no Congresso Paulista.

Valério estava na folha de pagamento da Secretaria do Interior de São Paulo (Lavoura e Commercio, 20 de março de 1900, na primeira coluna).

Expôs na rua Quinze de Novembro, nº 44, vários trabalhos de sua autoria, dentre eles um retrato da senhorita Edith Reis, belo trabalho de miniatura a ponto, pintado com lente, segundo o processo de Meissonier, fotografias aquareladas (fotocromia), entre as quais uma da senhorita Bulcão, vários retratos em tamanho natural pelo processo de platinotipia e bem assim variada coleção de retratos bebés, última novidade no gênero... (Correio Paulistano, 21 de março de 1900, na quarta coluna).

Foram enviadas pela Casa Levy & Irmão à redação do jornal O Estado de São Paulo as partituras das polcas Photographica e Paixão recolhida , ambas de Valério Vieira (O Estado de São Paulo, 5 de abril de 1900, página 2, na quinta coluna).

Em Rio Claro, no interior do estado de São Paulo, Valério fotografou um almoço oferecido pela Companhia Elétrica com a presença de políticos e autoridades da cidade (O Estado de São Paulo, 4 de junho de 1900, página 1, na sétima coluna).

Mostrou no salão do jornal O Paiz, no Rio de Janeiro, fotografias em relevo, que no dia seguinte poderiam ser vistas em exposição no Liceu de Artes e Ofícios. Eram fotografias pintadas a aquarela e diversos tipos de retratos (O Paiz, 26 de julho de 1900, na terceira coluna).

Fotografou a abertura da Galeria de Cristal, em São Paulo, inaugurada com uma exposição de seus trabalhos e com as presenças do governador de São Paulo, Rodrigues Alves (1848 – 1919), e de outras autoridades. A galeria, de Christiano Webendorf, ligava a rua Quinze de Novembro à Boa Vista (O Paiz, 15 de novembro de 1900, na quarta colunaA Imprensa, 16 de novembro de 1900, na primeira coluna).

O seu estúdio, que passou a chamar-se Photographia Valério, continuava à rua Quinze de Novembro, nº 19. Oferecia  retratos convencionais, além de imagens coloridas com aquarela e pastel, ou ampliadas em materiais como espelho, porcelana e marfim. No número 28 da mesma rua, havia o ateliê de Guilherme Gaensly (1843 – 1928). O estabelecimento de Valério era um dos estúdios mais frequentados por artistas, políticos e intelectuais, dentre eles o deputado Rodolfo Miranda (1882 – 1954), o político Lins de Vasconcelos (1853 – 1916), o fotógrafo Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) e o mecenas José Freitas do Valle (1870 – 1958) (Almanak Laemmert, 1901).

1901 – Em torno desse ano, realizou a fotomontagem “Os trinta Valérios”, inicialmente batizada de “Valerio Fregoli”. É também dessa época a fotomontagem Tribunal de Justiça de São Paulo, na qual foi retratado o conselheiro Duarte de Azevedo (1831 – 1912) discursando na tribuna. 

Nascimento de seu filho caçula, Francisco.

No atelier de Valério, exposição de um quadro de todos os senadores do estado de São Paulo (Commercio de São Paulo, 30 de junho de 1901, na segunda coluna).

Na Galeria Cristal, foi inaugurada uma exposição de trabalhos fotográficos do conceituado artista Valério Vieira, que ali expôs, além de alguns retratos à aquarela, que são primorosamente trabalhados, dois grandes quadros de admirável confecção artística – um com os retratos dos bacharelando em Direito de nossa Faculdade, e outro, do Senado Paulista (O Commercio de São Paulo, 13 de agosto de 1901, na quinta coluna).

Foi noticiado que João Berniles e A. Bueno, representantes da Photographia Valerio Vieira, haviam seguido para o interior (O Commercio de São Paulo, 21 de setembro de 1901, na quarta coluna).

Fotografou a conclusão das obras na Estação da Luz e exibiu a imagem na porta de seu estúdio fato que, segundo Boris Kossoy, gerou uma confusão matrimonial : …Um senhor que por ali passava, ao examinar a fotografia reconheceu sua esposa presente à inauguração de mãos dadas com um estranho. Pode se prever o que se seguiu, procura de satisfações e grande pancadaria… (Artigo de Boris Kossoy publicado no O Estado de São Paulo, 4 de março de 1973, na página 5 do “Suplemento Literário”)

Conforme descrito por Antônio Francisco Bandeira Junior no livro A Indústria de São Paulo em 1901, páginas 116 e 117, Valério havia inventado o Degradador Valério: um pequeno aparelho que se adapta em qualquer máquina, sendo sua principal qualidade abreviar 8 procedimentos dando maior realce à fotografia, saindo a chapa da máquina quase concluída. Esse invento trouxe um grande aperfeiçoamento à arte da fotografia.

1902 – Valério era aguardado na Pensão Mineira, em Caxambu (Gazeta de Notícias, 7 de março de 1902, na penúltima coluna).

Na notícia da reabertura do estabelecimento de Valério, na rua Quinze de Novembro, em 8 de março, há uma longa descrição dos trabalhos expostos e menções às obras Fé, esperança e caridade e Os trinta Valérios, sob o nome de Valério Fregoli – possivelmente uma referência ao ator italiano Leopoldo Fregoli (1867 – 1936), que representava diferentes papéis numa mesma encenação com rápida troca de caracterização. Na ocasião, estavas expostas esplêndidos processos como sejam a l´Art Noveau, fototipia, aquarelas, pastel, óleo, carvão, miniaturas, alto relevo e geminatura, novidade em São Paulo, isto é: gravação de retratos sobre cristal de espelho (O Commercio de São Paulo, 9 de março de 1902, na sétima coluna).

Valério anunciou que estava estudando um novo processo de fotografia sobre porcelana e que tinha a intenção de fazer uma exposição com os frutos desses estudos e também com o Álbum de fotografias, de paisagens, marinhas, panoramas e curiosidades artísticas do estado de São Paulo, que estava em execução (O Commercio de São Paulo, 11 de setembro de 1902, na quinta coluna).

O sr. Valério Vieira, proprietário da Photographia Artística exibiu na redação de O Estado de São Paulo retratos produzidos por grapho photo, processo inteiramente novo, que o hábil artista conseguiu aplicar a photographia, de modo a dar-lhe um aspecto lindíssimo (O Estado de São Paulo, 4 de novembro de 1902, página 2, na quinta coluna).

Valério comemorou seu aniversário com um reunião em sua residência (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 1902, página 3, na quinta coluna).

Uma comissão de redatoras do periódico Educação escolheu as mais interessantes fotografias tiradas de crianças entre 1 e 7 anos durante o ano de 1902 dos seguintes estúdios fotográficos do centro de São Paulo: o de Valério, o de José Vollsack, o de Rodolfo Neuhaus, o de Giovanni Sarracino e o Quaas & Cia (O Commercio de São Paulo, 22 de dezembro de 1902, na segunda coluna).

1903 – Foi noticiada a intenção de Valério de mandar construir uma câmara de 1 metro e 50 centímetros por 80 centímetros, a primeira que nessas condições se tem até hoje fabricado. Com ela pretendia fotografar vistas do Brasil para apresentá-las no exterior (Correio Paulistano, 5 de maio de 1903, na última coluna).

Anunciou ter regressado da Europa, tendo trazido novos aparelhos e materiais. Anunciou também uma liquidação em seu estabelecimento (O Commercio de São Paulo, 6 de outubro de 1903, na quarta coluna). Seu retorno foi registrado com uma charge na revista Vida Paulista, de 10 de outubro de 1903.

 

 

Valério foi um dos subscritos para participar da exposição preparatória de Saint Louis (Correio Paulistano, 29 de outubro de 1903, na sexta coluna).

Distribuiu um cartão de Boas Festas para seus clientes, onde seu rosto aparecia no lugar das flores em um buquê.

 

  

1904 – Notícia sobre a Exposição Universal de Saint Louis, nos Estados Unidos (O Commercio de São Paulo, 21 de janeiro de 1904, na primeira coluna). Com sua obra mais conhecida, Os trinta Valérios, ganhou a medalha de prata. Na mesma exposição, o pintor Eliseu Visconti (1866 – 1944) ganhou a medalha de ouro na Seção de Arte – Pintura e Desenho (Almanak Laemmert, 1905).

Nas vitrines do Mundo Elegante, exposição de duas fotografias de autoria de Valério Vieira, uma do deputado Eugenio Egas (1863 – 1956) e outra do coronel Argemiro Sampaio. As fotografias seriam posteriormente colocadas na sala da música da banda da força policial de São Paulo (O Estado de São Paulo, 3 de março de 1904, página 2, na quarta coluna).

Era anunciada a venda da partitura do cakewalk Capoeira, em elegante edição, composição de Valério, na Casa di Franco, em São Paulo (Correio Paulistano, 3 de dezembro de 1904, na primeira coluna).

No artigo “A Fotografia em São Paulo”, o jornalista Múcio Teixeira (1857 -1926) elogiou a obra de Valério:

“…Esse moço é uma das mais completas organizações artísticas da atualidade; apto para os mais arrojados cometimentos, de uma coragem heróica, de uma tenacidade japonesa, não trepida em sacrificar os haveres e a própria saúde numa elaboração perseverante e prolongada, no intuito exclusivo de desbravar caminhos por outros não trilhado…”(Correio Paulistano, 18 de dezembro de 1904, na segunda coluna).

1905 – Na edição de 8 de janeiro do Correio Paulistano foi publicado um clichê tirado de uma fotografia do conselheiro Antônio da Silva Prado (1840 – 1929), de autoria de Valério (Correio Paulistano, 9 de janeiro de 1905, na primeira coluna).

A colônia síria de São Paulo ofereceu ao prefeito de São Paulo, conselheiro Antônio da Silva Prado (1840 – 1929), um retrato a óleo pintado por Valério Vieira (O Paiz, 9 de janeiro de 1905, na quarta coluna). Dias depois, Valério foi um dos convidados do baile em homenagem ao prefeito (O Commercio de São Paulo, 15 de janeiro de 1905, na quarta coluna).

Valério foi um dos retratados na edição comemorativa do primeiro aniversário da Folha Nova (A Republica, 18 de janeiro de 1905, na última coluna).

Em São Paulo, era discutida a fundação de uma nova revista sob a direção artística de Valério Vieira e direção literária de Múcio Teixeira (1857 -1926) (O Pharol, 19 de janeiro de 1905, na terceira coluna).

O atelier dos fotógrafo Guilherme Gaensly (1843 – 1928) era vizinho do de Valério. Ficava na rua Quinze de Novembro, nº 28 (Correio Paulistano, 4 de fevereiro de 1905, na sétima coluna).

No Teatro Sant´Anna, como parte das homenagens ao trigésimo dia de morte de José do Patrocínio (1853 – 1905), foi exposta uma alegoria do abolicionista, de autoria do artista fotógrafo Valério Vieira (O Commercio de São Paulo, 25 de fevereiro de 1905, na quarta coluna). O filho primogênito de Valério chamava-se José do Patrocínio em homenagem ao abolicionista.

A fotomontagem Tribunal de Justiça de São Paulo, na qual foi retratado o conselheiro Duarte de Azevedo (1831 – 1912) discursando na tribuna, foi publicada na segunda edição de 1905 do periódico Archivo Illustrado e seus integrantes foram nomeados.

Em um dos intervalos do vaudeville O Lambe Feras, em cartaz no Teatro Polytheama, era executada a valsa Aeronave, de autoria de Valério (O Commercio de São Paulo, 29 de março de 1905).

Foi anunciado na “Crônica social” o aniversário de José do Patrocínio, primogênito de Valério (Correio Paulistano, 26 de abril de 1905, na última coluna).

A fotografia do Panorama de São Paulo foi tirada em 1º de julho em um esplêndido dia de sol a 1 hora da tarde, a partir do Santuário do Sagrado Coração de Jesus. Foram cinco chapas perfeitas (O Commercio de São Paulo, 19 de novembro de 1905).

Requereu à Câmara Municipal de São Paulo uma ajuda de seis contos de réis para a conclusão do grande painel fotográfico que estava realizando da cidade de São Paulo (O Pharol, 5 de agosto de 1905, na primeira coluna).

Valério foi nomeado um dos peritos em um caso de investigação de falsificação de dinheiro no bairro de Perdizes, em São Paulo (Jornal do Commercio, 12 de novembro de 1905, na segunda coluna).

Em entrevista, Valério Vieira explicou a realização do Grande Panorama de São Paulo, anunciada como a maior fotografia do mundo, com 11 x 1.43 metros, batendo o recorde anterior que pertenceria a um registro de um fotógrafo alemão. Este sucesso extraordinário, este notável acontecimento na arte fotográfica deve 0 São Paulo aos esforços, à perícia, à coragem e ao apaixonado sentimento artístico de um distinto conterrâneo nosso, o exímio fotógrafo sr. Valério Vieira (O Commercio de São Paulo, 19 de novembro de 1905).

Lauro Müller (1863 – 1926), ministro da Indústria, em visita a São Paulo, foi ver o panorama da cidade que estava sendo executado por Valério (Correio Paulistano, 30 de novembro de 1905, na segunda coluna).

Um leitor rebateu a informação de que o Panorama de São Paulo fosse a maior fotografia do mundo. Segundo ele, havia sido apresentado na Exposição de Saint Louis um registro do Panorama da Baía de Nápoles, produzida pela Companhia Fotográfica de Hamburgo, com 12 metros por 1 metro e 50 (O Commercio de São Paulo, 14 de dezembro de 1905, na última coluna).

Valério promoveu uma exposição individual no Salão Progredior, de propriedade do conde de Prates (1860 – 1928), e o mais elegante da belle époque paulistana. A inauguração contou com cerca de quatro mil visitantes e foi um grande acontecimento social e cultural. Os convidados recebiam, ao chegar, o catálogo da exposição, um exemplar do cakewalk Capoeira, composição de Valério, e cartões postais com os retratos do governador e dos secretários do estado de São Paulo. Entre 10 de dezembro e 06 de janeiro, foram expostos 54 trabalhos, dentre eles o Panorama da Fazenda Santa Gertrudes, em Rio Claro, propriedade do conde de Prates,  Os trinta Valérios, José do Patrocínio, Palácio do Governo e a primeira versão do Panorama de São Paulo, com cerca de de 11 metros de comprimento por 2 metros de largura, o clou da exposição. A exposição deste panorama foi autorizado pela prefeitura de São Paulo (Correio Paulistano, 8 de dezembro de 1905, na quinta coluna). A imagem havia sido realizada em maio de 1905,  tomada da torre da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no bairro dos Campos Elíseos, e cobria um amplo arco indo do Bom Retiro, a leste, até Higienópolis, a oeste (Correio Paulistano, 11 de dezembro de 1905, na última coluna).

 

Exposição do 'Panorama nº 1' de Valério Vieira no Salão Progredior, em São Paulo, no ano de 1905 (Foto: Reprodução/Revista Santa Cruz, VI (4), São Paulo, 1906)

Exposição do ‘Panorama nº 1 de Valério Vieira no Salão Progredior, em São Paulo, 1905 / Reprodução de fotografia publicada na edição de janeiro de 1906 da Revista Santa Cruz

 

Foi noticiado que Valério estava planejando a execução de um panorama do Rio de Janeiro nos moldes do que realizou de São Paulo (Jornal do Brasil, 20 de dezembro de 1905, sétima coluna).

Foi noticiado que iria figurar na próxima exposição de Milão de 1906 um panorama de São Paulo, a maior cópia fotográfica que se tem feito no mundo. Para a realização da obra, seu autor, Valério Vieira, pediu à prefeitura de São Paulo uma ajuda financeira (A Federação, 23 de dezembro de 1905, na quinta coluna)

O ministro do Interior e da Justica, J.J. Seabra (1855 – 1942), e outras autoridades visitaram a exposição de Valério no Salão Progredior (O Commercio de São Paulo, 27 de dezembro de 1905, na quarta coluna). No dia seguinte o governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), visitou a exposição (Gazeta de Notícias, 28 de dezembro de 1905, na terceira coluna).

1906 – A edição de janeiro da revista Santa Cruz trazia um extenso artigo, assinado por Vera-Cruz, sobre a exposição no Salão Progredior. Relacionava as obras e as técnicas empregadas, além de trazer, segundo Ricardo Mendes, o mais antigo registro visual conhecido de uma exposição fotográfica em São Paulo.

 

Fotógrafo não identificado. Exposição  de Valério Vieira no Salão Progredior, 1905. São Paulo, SP /

Fotógrafo não identificado. Exposição de Valério Vieira no Salão Progredior, 1905. São Paulo, SP / Reprodução de fotografia publicada na edição de janeiro de 1906 da Revista Santa Cruz

 

O sucesso da exposição do Salão Progredior foi tão grande que foi prorrogada até dia 6 de janeiro (Correio Paulistano, 1º de janeiro de 1906, na quarta coluna). Foi anunciado que o conde de Prates havia feito um bom donativo para que o artista realizasse outras mostras (O Commercio de São Paulo, 6 de janeiro de 1906). Na mesma data, o Correio Paulistano publicou a matéria O Panorama e o Valério, de autoria de Hilário Freire, que o classificou como uma poderosa síntese fotográfica de quase todo São Paulo.

Foi noticiada a exposição, no Rio de Janeiro, de um grande panorama fotográfico de São Paulo feito pelo sr. Valério Vieira por encomenda do governo daquele estado para figurar na próxima exposição de Milão (Jornal do Commercio, 13 de fevereiro de 1906, na oitava coluna).

No Rio de Janeiro, Valério convidou o ministro do Interior e da Justica, J.J. Seabra (1855 – 1942), para ir à inauguração da exposição do Panorama de São Paulo na Avenida Central, nº 133 (A Notícia, 16 de fevereiro de 1906, na terceira coluna). Foi noticiada a inauguração da exposição: alguns dos trabalhos era feitos por processos inventados por ele, ainda não conhecidos. Apesar da chuva, muitas pessoas compareceram ao evento, inclusive um representante do presidente da República, o capitão-tenente César de Mello. Dentre os 57 quadros expostos estavam o Panorama de São Paulo e Os trinta Valérios. Esse último, segundo a reportagem, já havia sido reproduzido em vários jornais da Inglaterra. Encontravam-se também expostos quadros do presidente da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848 – 1919), e do governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928) (Jornal do Commercio, 18 de fevereiro de 1906, na última coluna). O presidente da República visitou a exposição ( Correio Paulistano, 25 de fevereiro de 1906, na quarta coluna).

Retornou a São Paulo em 29 de março, tendo quase concluído o contrato para a organização do grande panorama do Rio de Janeiro (Correio Paulistano, 30 de março de 1906, na segunda coluna).

O Panorama de São Paulo embarcou para a Europa (Correio Paulistano, 1º de abril de 1906, na sexta coluna).

Valério visitou o sr. Carlos Botelho (1855 – 1942), secretário de Agricultura de São Paulo, para quem mostrou diversas fotografias de fazendas e de estabelecimentos públicos. Anunciou sua breve partida para uma viagem pela Europa (O Commercio de São Paulo, 10 de abril de 1906, na terceira coluna). Na mesma ocasião, apresentou o processo fotográfico a gelo-albuminite de platina que dá a reprodução exata da chapa, conservando com fidelidade absoluta todos os traços fisionômicos da pessoa fotografada (Correio Paulistano, 10 de abril de 1906, na última coluna).

Participou da Exposição Universal de 1906, também conhecida como Exposição Internacional del Sempione, em Milão, realizada entre 28 de abril a 31 de outubro de 1906.

O Cardeal Arcoverde (1850 – 1930) celebrou uma missa na capela do Paço Episcopal de São Paulo, seguida de uma recepção. Em um ateliê improvisado, representando o fundo da vista o interior de uma das dependências do Vaticano, Valério Vieira fotografou o religioso (O Estado de São Paulo, 29 de junho de 1906, página 3, na terceira coluna).

Valério participou da cerimônia de formatura da turma de Engenharia da Escola Politécnica de São Paulo (Correio Paulistano, 30 de junho de 1906, na terceira coluna).

Acompanhou o primeiro cardeal da América Latina, o Cardeal Arcoverde (1850 – 1930), em  Itu, onde se realizavam festejos em torno do religioso (Correio Paulistano, 1º de julho de 1906, na última coluna).

Foi inaugurado, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, um retrato em tamanho natural do governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), de autoria de Valério (Correio Paulistano, 23 de julho de 1906, na penúltima coluna).

Valério fotografou em seu ateliê o presidente da República eleito, Afonso Pena (1847 – 1909) (Correio Paulistano, 2 de agosto de 1906, na última coluna).

Foi noticiado que Valério publicaria em breve o Cicerone Paulista, pequeno guia da capital, que seria editado em uma gráfica alemã (Correio Paulistano, 24 de agosto de 1906, na primeira coluna).

O diplomata Joaquim Nabuco (1849 – 1910), em visita a São Paulo, foi fotografado no ateliê de Valério (Correio Paulistano, 18 de setembro de 1906, na quarta coluna).

Na Casa Bonilha, na rua Quinze de Novembro, exposição de um quadro de Valério Vieira que havia conquistado o primeiro lugar no último garden party realizado no Jardim da Luz. O quadro representava o menino Nonô, filho do sr. Francisco de Castro Júnior (Correio Paulistano, 24 de setembro de 1906, na quinta coluna).

Foi realizada no estúdio de Valério a exposição individual do artista plástico José Joaquim Monteiro França(1876 – 1944) (Correio Paulistano, 24 de novembro de 1906, na sexta coluna).

Exposição na Câmara de Deputados de São Paulo de uma fotografia de autoria de Valério Vieira retratando os deputados da legislatura corrente (O Commercio de São Paulo, 16 de dezembro de 1906, na segunda coluna).

Valério dedicou a composição Valériopolka à imprensa paulista.

No livro Il Brasil e gli Italiani, publicado pelo jornal Fanfulla, em 1906, no segmento Arti e Artistici, metade do espaço foi dedicado à obra de Valério. O Fanfulla, fundado em 1893, era um famoso periódico de imigrantes italianos de São Paulo.

 

Il Brasil e gli Italiani, 1906.

 

1907 - No Salão Progredior, foi inaugurado um gabinete para a exposição permanente da obra de Valério (Correio Paulistano, 5 de maio de 1907, na última coluna).

O tenente La Brousse, da missão francesa, foi levado pelo oficial de gabinete da Secretaria de Justiça e Segurança de São Paulo, Sebastião Pereira Sobrinho, ao atelier de Valério Vieira que, sob a supervisão do tenente, fotografou um cabo do 1º  Batalhão para ilustrar e dar um caráter mais prático às instruções aos soldados da Força Pública (O Commercio de São Paulo, 7 de junho de 1907, na primeira coluna).

Valério expôs no Salão Progredior um retrato do poeta Olavo Bilac (1865 – 1918), de grande tamanho que muito justamente prendeu a atenção do público (Correio Paulistano, 31 de julho de 1907, na segunda coluna).

Foi noticiado que o quadro da turma dos bacharelandos em Ciências e Letras do Ginásio Paulista seria realizado por Valério Vieira (Correio Paulistano, 20 de agosto de 1907, na última coluna).

Os participantes do Sexto Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia foram fotografados por Valério, na Escola Normal (O Commercio de São Paulo, 7 de setembro de 1907, na quarta coluna). Doutorandos de 1885, que participavam do congresso, também foram fotografados por ele (Correio Paulistano, 14 de setembro de 1907, na quarta coluna). Os congressistas membros da seção de Farmacologia, ofereceram, no Parque Antártica, uma recepção a seu presidente, o farmacêutico Vicente Werneck, e Valério fotografou o evento (O Estado de São Paulo, 14 de setembro de 1907, página 1, na última coluna). Foi publicada na primeira página do Correio Paulistano de 15 de setembro de 1907 uma fotografia de autoria de Valério de participantes do congresso médico.

Valério Vieira foi um dos vários que foram ver o vulto imponente do Barão do Rio Branco (1845 – 1912), que estava visitando São Paulo (Correio Paulistano, 5 de outubro de 1907, na quarta coluna).

Valério Vieira assistiu a um concerto de violino de Celina Branco, realizado no salão do jornal Correio Paulistano (Correio Paulistano, 7 de novembro de 1907, na primeira coluna).

O aniversário de Valério foi registrado na coluna “Crônica Social”, do Correio Paulistano de 16 de novembro de 1907.

Valério Vieira estava na folha de pagamentos da Secretaria da Fazenda (O Commercio de São Paulo, 28 de novembro de 1907, na primeira coluna).

1908 – Valério foi o idealizador do quadro que seria executado por Oscar Pereira da Silva (1867 – 1939) simbolizando o estado de São Paulo recebendo Portugal, que seria ofertado pela colônia portuguesa paulista ao rei de Portugal, dom Carlos (1863 – 1908), durante sua visita a São Paulo (A Notícia (PR), 21 de janeiro de 1908, na quarta coluna). A viagem não se realizou devido ao assassinato do monarca.

Foi inaugurado no atelier de Valério um novo salão de exposições. O anfitrião recebeu os convidados com uma composição musical de sua lavra e um copo de cerveja (O Commercio de São Paulo, 23 de fevereiro de 1908, na terceira coluna).

Participou da solenidade promovida pelo Centro de Ciências e Artes de Campinas em homenagem ao cinquentenário da fundação da imprensa campinense (O Commercio de São Paulo, 7 de abril de 1908, na segunda coluna).

No Salão Steinway, foi realizada a quarta audição orquestral da escola de violino do professor Giulio Bastiani, italiano que havia se estabelecido em São Paulo por volta de 1882. Uma composição de Valério Vieira fazia parte do programa (O Commercio de São Paulo, 9 de abril de 1908, na quinta coluna).

Valério estava na folha de pagamentos da Secretaria de Agricultura de São Paulo pelo fornecimento de fotografias para a Exposição preparatória da Exposição Nacional em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos, realizada no Rio de Janeiro (O Commercio de São Paulo, 21 de junho de 1908, na quarta coluna).

Foi noticiada a participação de Valério com seu Panorama de São Paulo na Exposição Nacional do Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 26 de julho de 1906, na sexta coluna).

Apresentou na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, realizada entre 11 de agosto e 15 de novembro de 1908, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos, o Panorama de São Paulo, que mereceu grande atenção do público e da crítica.

Antonio de Barros Barreto, presidente da comissão executiva do estado de São Paulo na Exposição Nacional recepcionou o ministro da Indústria, Miguel Calmon du Pin e Almeida (1879 – 1935), o secretário de Fazenda de São Paulo, Olavo Egydio (1862 – 1928), outras autoridades e jornalistas em uma visita às seções do estado de São Paulo na exposição. Na ocasião, Valério ofereceu aos visitantes vários quadros fotográficos (Jornal do Commercio Jornal do Brasil, 3 de setembro de 1908, Correio Paulistano, 4 de setembro de 1908, na quinta coluna). O adido da legação argentina no Rio de Janeiro, Ricardo Sollá, visitou a seção paulista da exposição e considerou os trabalhos fotográficos de Valério esplêndidos (A Imprensa, 6 de setembro de 1908, na quinta coluna).

Publicação de uma excelente crítica sobre os trabalhos de Valério Vieira exibidos na Exposição Nacional (O Subúrbio, 3 de outubro de 1908, na última coluna).

Valério obteve o Grande Prêmio do Grupo de Fotografia do estado de São Paulo (Almanak Laemmert, 1909, e O Commercio de São Paulo, 23 de novembro de 1908, na terceira coluna). Foi publicada lista dos premiados do estado de São Paulo. Na categoria Arte Fotográfica, além de Valério, foi premiado o italiano Giovanni Sarracino que apresentou retratos de Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926), Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), Washington Luís (1869 – 1957) e Olavo Egydio (1862 – 1928), Carlos Botelho (1855 – 1942) e Siqueira Campos (1898 – 1930), entre outros (Correio Paulistano, 24 de novembro de 1908, na sexta coluna).

Diogo José da Silva, a Companhia Clark, Isidoro Nardelli, Dallo & Filhos, Marino del Favero, Francisco Pitoresi e Valério, todos expositores paulistas da Exposição Nacional de 1908, convidavam para uma reunião para deliberações sobre a recepção a Barros Barreto e para a comissão executiva do estado de São Paulo na Exposição Nacional de 1908.  A reunião aconteceu no ateliê de Valério, que foi um dos secretários da assembleia (O Estado de São Paulo, 20 de dezembro de 1908, página 12, na quarta coluna, e Correio Paulistano, 27 de dezembro de 1908, na quarta coluna). A contribuição dos expositores para a compra de um presente e para a realização da recepção deveria ser entregue no ateliê de Valério, na rua Quinze de Novembro, nº 19, sede da comissão formada para organizar os festejos (O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 1909, página 5, na última coluna).

1909 – Valério ofereceu ao secretário da Agricultura, Cândido Rodrigues (1850 – 1934), um quadro representando o pavilhão de São Paulo, na Exposição nacional de 1908 (O Estado de São Paulo, 8 de janeiro de 1909, página 1, na quinta coluna).

Foi enviado à diretoria do Povoamento do Solo um requerimento de Valério Vieira solicitando o envio de algumas fotografias de seu atelier para a Europa a título de propaganda. Elas haviam feito parte da Exposição Nacional (O Paiz, 24 de janeiro de 1909, na terceira coluna).

Foi noticiado que Valério iria contratar com a União o fornecimento de colossais panoramas de vistas de várias cidades do Brasil destinados à propaganda no estrangeiro (Jornal do Brasil, 5 de fevereiro de 1909, na quinta coluna e Gazeta de Notícias, 5 de fevereiro de 1909, na última coluna).

Iria encontrar-se com o ministro da Indústria, Miguel Calmon du Pin e Almeida (1879 – 1935), no Hotel dos Estrangeiros (O Século, 16 de fevereiro de 1909, na quarta coluna). Valério Vieira propôs ao então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, Miguel Calmon (1879 – 1935), a quem visitou no Rio de Janeiro, uma plano para a exposição de panoramas do Brasil na Europa (O Século, 17 de fevereiro, na quarta coluna, e O Commercio de São Paulo, 17 de fevereiro de 1909, na segunda coluna).

Valério foi uma das dezenas de pessoas que foi a gare do Norte, em São Paulo, para recepcionar Antonio de Barros Barreto, presidente da comissão executiva do estado de São Paulo na Exposição Nacional, e seus auxiliares (O Commercio de São Paulo, 8 de fevereiro de 1909, na segunda coluna).

Valério levou ao escritório do ministro da Indústria, Miguel Calmon du Pin Almeida (1879 – 1935), várias ampliações de fotografias, medindo 3 metros de comprimento por 1 de largura, dentre elas da Avenida Beira- Mar e do Pavilhão da Bahia na Exposição Nacional (Jornal do Commercio, 18 de fevereiro de 1909, na sexta coluna e O Paiz, 18 de fevereiro de 1909, na terceira coluna).

Valério foi o fotógrafo oficial da visita do presidente da República, Afonso Penna (1847 – 1909), a São Paulo (Correio Paulistano, 1º de abril de 1909, e Jornal do Commercio, 2 de abril de 1909, na sexta coluna).

Estava no Rio de Janeiro, hospedado no Hotel Avenida (Correio da Manhã, 14 de junho de 1909, na quinta coluna).

Valério foi um dos convidados para participar da viagem de trem do presidente da República, Afonso Penna (1847 – 1909), ao Paraná (Gazeta de Notícias, 9 de maio de 1909, na quarta coluna).

Foi inaugurada uma exposição para comemorar os 14 anos do atelier de Valério (O Commercio de São Paulo, 30 de outubro de 1909, na terceira coluna).

Foi noticiado que Valério fotografaria Rui Barbosa (1849 – 1923) e sua comitiva (O Século, 14 de dezembro de 1909, na primeira coluna). O fotógrafo anunciou que colocaria na frente de seu estabelecimento a fotografia do jurista medindo dois metros e cinquenta centímetros (O Commercio de São Paulo, 14 de dezembro de 1909, na terceira coluna).

Foi noticiado que Valério havia enviado ao Correio Paulistano um criativo cartão de Boas Festas: estampando a pauta musical onde, à guisa de notas, se vêem os retratos do talentoso artista e dos membros de sua exma família (Correio Paulistano, 3 de janeiro de 1910, na quarta coluna).

1910 – No Rio de Janeiro, Valério visitou o ministro da Agricultura, Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda (1862 – 1943). Estava hospedado no Hotel Avenida (A Imprensa, 11 de janeiro de 1910, na penúltima coluna e Gazeta de Notícias, 11 de janeiro de 1910, na terceira coluna). Foi contratado, meses depois, por Rocha Miranda para confeccionar seis grandes panoramas da cidade do Rio de Janeiro e um grande número de cartões postais de várias cidades do Brasil para figurarem nas exposições de Turim e Roma (A Republica, 1º de julho de 1910, na quarta coluna).

Como parte das comemorações do centenário de morte do poeta português Alexandre Herculano (1810 – 1877), foram expostos na Casa Garraux, em São Paulo, retratos do homenageado, primoroso trabalho de Valério Vieira. Seu ateliê era um dos locais onde foram distribuídos os convites para a aula magna em homenagem a Alexandre Herculano, realizada na Faculdade de Direito de São Paulo (Correio Paulistano, 23 de abril de 1909, na segunda coluna, e A Imprensa, 29 de abril de 1910, na quinta coluna). Retratos do homenageado, de autoria de Valério, foram distribuídos na faculdade (Correio Paulistano, 27 de abril de 1910, na quinta coluna). 

Valério chegou ao Rio de Janeiro para permanecer alguns dias e foi saudado pelo jornal A Imprensa como …uma figura finamente cavalheiresca e o mais completo feitor da arte fotográfica em todo o Brasil…  (A Imprensa, 21 de junho de 1910, na última coluna)

A Secretaria de Agricultura de São Paulo comunicou a aceitação da proposta de Valério para a confecção de um panorama de São Paulo para a Exposição Internacional de Roma e recusando a proposta de realização de cartões-postais e pequenos álbuns com o mesmo fim (Correio Paulistano, 22 de julho de 1910, na primeira coluna).

Quando soube da visita do rei de Portugal, dom Carlos (1863 – 1908), ao Brasil, Valério fez um croquis de sua chegada no Rio de Janeiro e por isso recebeu o título de Comendador de Portugal. A visita não aconteceu porque o rei foi assassinado em 1º de fevereiro de 1908 (Artigo de Boris Kossoy publicado no O Estado de São Paulo, 4 de março de 1973, na página 5 do “Suplemento Literário”). Valério ofertou ao rei de Portugal, dom Manuel (1889 – 1932), o croquis da aquarela que deveria ter sido executada na ocasião da visita do rei dom Carlos ao Brasil, algumas fotografias e uma composição, a valsa “Adamastor”, de sua autoria. Recebeu uma carta de agradecimento do camareiro do rei, o conde de São Lourenço (Jornal de Recife, 19 de agosto de 1910, na quarta coluna). 

Durante o Segundo Congresso Brasileiro de Geografia, o Centro Acadêmico Onze de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, ofereceu ao professor José Lobo D´Ávila Lima (1885 – 1957?), da Universidade de Coimbra, uma fotografia de autoria de Valério, retratando a diretoria da agremiação (Correio Paulistano, 17 de setembro de 1910, na sexta coluna).

Valério fotografou os bispos que participaram da Conferência do Episcopado Sul-Americano para realizar um quadro artístico comemorativo do evento, realizado em São Paulo (O Estado de São Paulo, 8 de outubro de 1910, página 6, na segunda coluna).

Valério comunicou ao ministro da Agricultura, Pedro Manuel de Toledo (1860 – 1935), que o panorama do Rio de Janeiro, que seria exibido na Exposição Internacional de Turim, já estava pronto (O Estado de São Paulo, 14 de dezembro de 1910, página 2, sétima coluna).

1911 - Foi noticiado que Valério havia entregue ao ministro da Agricultura, Pedro Manuel de Toledo (1860 – 1935) o panorama do Rio de Janeiro que seria apresentado na Exposição Internacional de Turim. O panorama seria exposto nos salões do Museu Comercial antes de embarcar para a Itália (O Século, 27 de janeiro de 1911, na sexta coluna).

Valério esteve no Rio de Janeiro (O Estado de São Paulo, 5 de março de 1911, página 1, na segunda coluna)

A Câmara Municipal de São Paulo mandou arquivar o pedido de auxílio feito por Valério Vieira com o fim de confeccionar um grande panorama de São Paulo para a Exposição Internacional de Roma (Correio Paulistano, 20 de abril de 1911, na sexta coluna).

Quatro retratos a óleo, do governador de São Paulo, Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926), do secretário do Interior, Carlos Guimarães (1862 – 1927), do deputado Mario Tavares (1874 – 1958) e do senador Antônio de Lacerda Franco (1853 – 1936), de autoria de Valério e de E. Távola, foram expostos no salão do jornal Correio Paulistano. Foram realizados por encomenda da Câmara Municipal de Pirassununga, para onde serão levados (Correio Paulistano, 27 de abril de 1911, na segunda coluna).

Para distribuição durante as exposições de Roma e Turim, Valério Vieira mandou imprimir, por ordem do Ministério da Agricultura, 776 mil cartões postais de paisagens e edifícios públicos brasileiros. Também por encomenda do governo federal, Valério produziu seis telas reproduzindo aspectos da Exposição Nacional de 1908, da baía de Guanabara, das avenidas Beira-Mar e Central (A Imprensa, 25 de abril de 1911, na quinta colunaO Pharol, 29 de abril de 1911, na quinta coluna). Foram pagos a Valério 12 contos de réis (O Estado de São Paulo, 14 de dezembro de 1911, página 2, sétima coluna).

Segundo artigo de Boris Kossoy, publicado no O Estado de São Paulo, de 4 de março de 1973, Valério participou da Exposição Universal de Turim, realizada entre 29 de abril e 19 de novembro de 1911, durante a qual foi agraciado com a comenda de Cavaleiro da Coroa, concedida pelo rei da Itália, por sua defesa da causa da imigração italiana para o Brasil.

A Câmara Municipal de Bauru encomendou de Valério três retratos para sua sala de honra: do governador de São Paulo, Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926); do secretário da Justiça e da Segurança Pública, Washington Luís (1869 – 1957); e do senador Bernardino José de Campos Júnior (1841 – 1915) (Correio Paulistano, 20 de maio de 1911, na terceira coluna).

Em 12 de julho, seu primogênito, José do Patrocínio, faleceu repentinamente. Sua missa de sétimo dia foi celebrada na igreja de São Gonçalo (Correio Paulistano, 13 de julho de 1911, na terceira coluna e 19 de julho de 1911, na última coluna).

Foi julgada por sentença a desistência requerida por José Paulino Nogueira Filho da ação executiva que movia contra Valério (Correio Paulistano, 5 de agosto de 1911, na segunda coluna).

Foi noticiado que o senhor João de Barros estaria interessado em abrir uma filial do ateliê fotográfico de Valério Vieira no Rio de Janeiro (Diário da Tarde, 31 de agosto de 1911, na quarta coluna). Valério apresentou queixa à polícia contra ele, que também esteve no interior de São Paulo e no Paraná, apresentando-se, falsamente, como representante da Photographia Valério (Correio Paulistano, 7 de setembro de 1911, na quarta coluna).

1912 – Valério fazia parte de um grupo de artistas que fotografou, em Pindamonhangaba, a chegada do governador de São Paulo, Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926), e de seus secretários à estação de trem da cidade. A comitiva foi inaugurar o Haras Paulista e o Posto Zootécnico Dr. Francisco Romeiro, além de outros melhoramentos na cidade. Valério também participou do baile oferecido a eles pela Câmara Municipal de Pindamonhangaba, no palacete de Elói Bicudo Varela Lessa (1844 – 1922), o barão de Lessa (Correio Paulistano, 28 de abril, na sexta coluna e 29 de abril, na quarta coluna).

Foi publicado no Correio Paulistano, ao longo de 1912, o seguinte endereço de Valério: Largo de São Paulo, nº 71 (Correio Paulistano, 18 de maio de 1912, na terceira coluna).

Valério esteve em Uberaba (MG), hospedado do Hotel do Comércio e em Igarapava(SP) (O Estado de São Paulo, 23 de setembro de 1912,  página 2, na terceira coluna, e Correio Paulistano, 29 de setembro de 1912, na segunda coluna). Recebeu diversas encomendas de retratos que seriam colocados nos salões do grupo escolar e do Fórum de Igarapava. Para o fórum, seriam fotografias de todos os juízes de Direito da comarca, desde sua instalação. Para o grupo escolar, retratos do ex-deputado Francisco Martins, e de outros políticos (Correio Paulistano, 8 de outubro de 1912, na quarta coluna).

1913 – Valério Vieira estava em Igarapava (SP)(Correio Paulistano, 16 de maio de 1913, na última coluna).

Participou da inauguração da estátua do Regente Feijó (1784 – 1843), na Praça da Liberdade, em São Paulo (Correio Paulistano, 25 de maio de 1913).

1914 – Valério estava visitando Barretos (SP)(Correio Paulistano, 23 de janeiro de 1914, na última coluna). De volta a Barretos, expôs no salão do Central Hotel, onde estava hospedado, vários retratos de pessoas proeminentes da sociedade da cidade (Correio Paulistano, 13 de março de 1914, na quarta coluna).

Foi exposta na Casa Alemã, em Campinas, uma fotografia realizada por Valério dos professorandos de 1914 da Escola Normal da cidade (Correio Paulistano, 12 de dezembro de 1914, na primeira coluna).

1915 - Reabertura do ateliê fotográfico de Valério na rua Quinze de Novembro, nº 43 montado segundo todas as exigências da arte moderna (Correio Paulistano, 11 de fevereiro de 1915, na primeira coluna e 13 de fevereiro, na quinta coluna).

Valério ofereceu uma prenda à barraca da Bélgica, dirigida por Gladys Nisseus de Saint Remy, na quermesse realizada no Jardim da Luz em prol dos flagelados do Norte e dos desamparados da Bélgica (Correio Paulistano, 2 de outubro de 1915, na quarta coluna).

1916 – O ateliê fotográfico de Valério ficava na rua Quinze de Novembro, porém no número 43 (Almanak Laemmert, 1917).

Havia uma letra de câmbio em um cartório na rua da Boa Vista, 58, em São Paulo sacada à vista contra Valério Vieira (O Estado de São Paulo, 28 de fevereiro de 1916, página 9, na quinta coluna).

Fotografou o polêmico médium Carlos Mirabelli (1899 – 1951) (Correio Paulistano, 18 de junho de 1916).

Recebeu pagamento da Secretaria da Fazenda de São Paulo (Correio Paulistano, 6 de julho de 1916, na segunda coluna).

1917 – Realizou o quadro dos bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo de 1917 (Correio Paulistano, 16 de outubro de 1917, na quarta coluna).

Falecimento de Antonio Marjues Teixeira, pai de Augusta, esposa de Valério. Ele era professor público e um dos mais antigos guarda-livros nesta capital (O Estado de São Paulo, 18 de outubro de 1917, página 3, na penúltima coluna).

1918 – Foi representado por seu filho, Roque, no enterro do italiano Vincenzo Pastore (1865 – 1918), fotógrafo que assim como Valério produzia retratos de múltipla exposição, revelando um traço de humor (Correio Paulistano, 19 de janeiro de 1918, na terceira coluna).

Com 26 anos, falecimento da única filha de Valério, Maria Catarina. Deixou uma filha, Lydia (1914 – 1993), que passou a morar com Valério e Augusta.

1921 - Pediu à Prefeitura de São Paulo auxílio para a confecção de uma nova versão do Panorama de São Paulo, apresentado na Exposição de 1908. O trabalho seria exibido na Exposição do Centenário da Independência, em 1922, no Rio de Janeiro (Correio Paulistano, 20 de janeiro de 1921, na quarta coluna30 de janeiro, na segunda coluna, 2 de fevereiro, na segunda coluna). O pedido foi autorizado pelo prefeito Firmiano de Moraes Pinto (1861- 1938) (Correio Paulistano, 18 de fevereiro de 1921).

Valério esteve no Rio de Janeiro (O Estado de São Paulo, 20 de março de 1921, página 4, na sétima coluna)

1922 - Foi inaugurada a exposição provisória do Panorama de São Paulo, na rua São Bento , nº 24, anunciada como a maior fotografia já realizada no mundo, com 16 metros (Correio Paulistano, 6 de setembro de 1922, na segunda coluna e 7 de setembro, na quarta coluna). O trabalho foi apresentado na Exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, realizada entre 7 de setembro de 1922 e 24 de julho de 1923. Foi Conrado Wessel (1891 – 1993) que possibilitou a impressão da foto fornecendo a fórmula da emulsão química, uma solução de brometo de sais de prata que foi aplicada sob luz vermelha, para evitar que a emulsão fosse velada. Amigos e parentes de Vieira providenciaram a água necessária para a revelação do panorama, trazida em baldes e bacias para o antigo cineteatro São Paulo. As imagens do panorama foram obtidas do alto da torre da igreja do Liceu Sagrado Coração de Jesus, em Campos Elíseos. Com um ângulo visual de 180 graus, o registro foi realizado entre 1919 e 1921. Depois de pronta, as imagens em preto-e-branco foram pintadas para destacar os planos entre as ruas e as casas e para dar maior durabilidade da tela (Folha de São Paulo, 2 de março de 1995O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1998, página 140).

O ateliê fotográfico de Valério na rua Quinze de Novembro, nº 43, foi anunciado pela última vez no Almanak Laemmert de 1922.

1923 – Inauguração do Estabelecimento Modelo, novo ateliê e uma escola para fotógrafos amadores de Valério Vieira, na rua Quinze de Novembro, nº 3 (Correio Paulistano, 17 de março de 1923, na sexta coluna e A Gazeta, 19 de março de 1923, na quarta coluna).

Mudou seu estúdio para o Largo São Paulo, 16, no Cambuci.

1924 - De tuberculose, falecimento de seu filho, Raymundo Nonato (Correio Paulistano, 25 de janeiro de 1924, na terceira coluna).

Propôs à Câmara Municipal de São Paulo a execução de um quadro artístico com as fotografias dos vereadores em alto relevo (Correio Paulistano, 23 de setembro de 1924, na quarta coluna).

1925 – Realizou um painel com a legislatura de 1923 a 1926 da Câmara Municipal de São Paulo.

Fechamento definitivo de seu estúdio.

1925 / 1940 – Continuou fotografando São Paulo e estâncias próximas à cidade como Águas de Lindóia e Caxambu.

1929 – Recebeu pagamentos das secretarias da Fazenda e da Agricultura de São Paulo (Correio Paulistano, 2 de julho de 1929, na primeira coluna, e 6 de setembro de 1929, na quinta coluna).

1941 – Valério Vieira faleceu, aos 79 anos, em 26 de julho, de colapso cardíaco, e foi enterrado no cemitério da Consolação (Correio Paulistano, 29 de julho de 1941, na terceira coluna e Estado de São Paulo, 27 de julho de 1941, página 5, na quinta coluna).

1949 – Numa carta enviada por Augusto Nunes, que na época trabalhava no Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, para o compositor, ator e cantor carioca Almirante (1908 – 1980), datada de 18 de fevereiro de 1949, ele se referia a Valério como um ótimo pianista e compositor… solicitado em todos os salões

1971 – Falecimento de seu filho, Francisco.

1972 – O Panorama de São Paulo, de sua autoria, foi exposto nas comemorações do cinquentenário da Semana de Arte Moderna, no Museu de Arte de São Paulo.

1975 – Suas obras foram expostas na mostra Memórias Paulistanas, realizada pelo Museu da Imagem e do Som de São Paulo, entre 26 de fevereiro e 6 de março.

1977 - Em março, falecimento de seu filho Roque (O Estado de São Paulo, 6 de março de 1977, página 56).

1999 – O Panorama de São Paulo foi o grande destaque do 4º mês Internacional da Fotografia realizado no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, entre 19 de maio e 15 de julho de 1999. A exposição Valério Vieira foi organizada pelo fotógrafo Fausto Chermont (1961 -) (O Estado de São Paulo, de 19 de abril de 1999, página D5 do “Caderno 2″).

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDRADE, Joaquim Marçal Ferreira de. Preciosidades do acervo – Os trinta Valérios, in Anais da Biblioteca Nacional, vol. 114, p. 218. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1994.

BALADY, Sonia Umburanas. Valério Vieira: um dos pioneiros da experimentação fotográfica no Brasil (dissertação de mestrado). São Paulo:USP, 2012

BANDEIRA JUNIOR, Antonio Francisco. A industria no Estado de São Paulo em 1901 / estudo de Antonio Francisco Bandeira Junior. São Paulo: Typ. do Diario Official, 1901. xxix, 227 p.

G 1 – Valério Vieira e a fotografia no início do século XX

G 1 – G1 recria a ‘maior photographia do mundo’ em 1922, feita no Brasil

GUARIGLIA, Ana Maria. Imagens contam histórias do Rio e de São Paulo. São Paulo, 1993.

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

KOSSOY, Boris. Origens e Expansão da fotografia no Brasil: século XIX. Rio de Janeiro:Funarte, 1980.

O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1998

MENDES, Ricardo. O Valério cumprimenta-vos: persona e invenção na virada do século. Museu da Imagem e do Som – SP, 2006.

POLETTO, Ana Julia. Escritas de luz: o “noivado” entre palavras e imagens de Osman Lins (dissertação de mestrado). Santa Catarina:Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

Revista da Faculdade de Comunicação da Faap, 2º semestre de 2002.

Site de Alberto de Sampaio

Site do CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de HistóriaContemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas

VALÉRIO Vieira, Rio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7

Para a elaboração desse texto, a Brasiliana Fotográfica também fez uma extensa pesquisa na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

O prefeito Pereira Passos (1836 – 1913) e o fotógrafo Augusto Malta (1864 -1957)

Foi na gestão do engenheiro Francisco Pereira Passos como prefeito do Rio de Janeiro que, pela primeira vez, a prefeitura contratou um fotógrafo, o alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), para documentar as obras da cidade. Na imagem abaixo, do ateliê de Malta, há um retrato de Pereira Passos, um senhor de cabelo, barba e bigode brancos, na parede à esquerda do fotógrafo.

 

 

Em 30 de dezembro de 1902, por decreto, Francisco Pereira Passos (29 de agosto de 1836 – 2 de março de 1913) foi nomeado prefeito do então Distrito Federal, o Rio de Janeiro, pelo presidente Rodrigues Alves (1848 – 1919) e assumiu no mesmo dia (Gazeta de Notícias, 31 de dezembro de 1902, na sexta coluna), sucedendo Carlos Leite Ribeiro (1858 – 1945). Ocupou o cargo até 16 de novembro de 1906, quando foi sucedido por Francisco Marcelino de Sousa Aguiar (1855 – 1935) (O Paiz, 17 de novembro de 1906, na sexta coluna). Durante seu mandato, o prefeito Passos realizou uma significativa reforma urbana na cidade. Para saneá-la e modernizá-la realizou diversas demolições, conhecidas popularmente como a política do “bota-abaixo”, que contribuiu fortemente para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca. Figueiredo Pimentel tornou sua coluna a mais lida e popular da imprensa carioca, um oráculo de boas maneiras. Foi dele a ideia de criar o corso de automóveis na Praia de Botafogo, um desfile carnavalesco de carros enfeitados realizado no inverno (Fon-Fon!, 14 de fevereiro de 1914; A Notícia, 19 e 20 de outubro de 1912, segunda coluna, e 6 e 7 de fevereiro de 1914, segunda coluna).

 

 

 

Sobre Pereira Passos:

“O ex-prefeito imortal, rompendo todos os embaraços da chamada tradição e surdo às ameaças da rotina, conseguiu no seu governo essa coisa estupenda: fez o carioca mudar-se de uma velha cidade tortuosa e colonial para uma opulenta e encantadora capital sem que esse arredasse o pé do Rio de Janeiro” (Correio da Manhã, de 3 de março de 1913).

 

 

Alguns meses após a nomeação de Pereira Passos como prefeito, o alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), foi contratado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, em junho de 1903, como fotógrafo oficial, cargo criado para ele e que ocupou até 1936. Pereira Passos precisava de um fotógrafo para registrar as obras e os imóveis a serem desapropriados para posteriores pagamentos de indenizações e Malta passou a documentar a radical mudança urbanística promovida por ele. Sobre sua contratação, Malta declarou na entrevista “Malta – o que fotografou Passos e Rio Branco”, feita por Raymundo de Athayde e publicada pela Revista da Semana, edição de Natal de 16 de dezembro de 1944:

“Confesso que sentia grande sensação quando via surgirem no papel as belas e surpreendentes imagens que o sal de prata revelava e o hipossulfito fixava a meus olhos, na câmara escura improvisada em minha casa. E vivia assim nesse ingênuo amadorismo, quando um fornecedor da Prefeitura, meu amigo (o empreiteiro Antônio Alves da Silva Júnior), levou-me para tirar fotografias das obras que então o grande Pereira Passos realizara em 1903. Na época, o Rio começava a mudar a indumentária e remoçar. Por acaso o insuperável Prefeito viu as fotografias que eu tirava por esporte e gostou. Propôs-me um emprego na Prefeitura e eu, sem relutâncias, aceitei”

Passos e Malta tornaram-se muito próximos, tendo o prefeito sido padrinho de uma das filhas do fotógrafo, Aristocléa (1903-1934).

Anos depois, os filhos de Malta, Aristógiton (1904 – 1954) e Uriel (1910 – 1994), também trabalharam como fotógrafos da prefeitura.

Acessando o link para as fotografias de autoria de Augusto Malta e de seus filhos Aristógiton e Uriel disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Uma das marcas da reforma urbana realizada por Pereira Passos foi a abertura da avenida Central e da avenida Beira-Mar. Segundo a publicação virtual Coleção Estudos Cariocas, abrigada no portal de informações do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos da Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura do Rio de Janeiro, as principais obras realizadas durante a gestão do prefeito Passos foram:

 

 

“1903: inauguração do Pavilhão da Praça 15 (21/6); prolongamento da Rua do Sacramento – atual Avenida Passos, até a Rua Marechal Floriano (27/06); inauguração do Jardim do Alto da Boa Vista (11/10); início do alargamento da antiga Rua da Prainha (atual Rua do Acre);

1904: término do alargamento da antiga Rua da Prainha – atual Rua do Acre (fevereiro); demolições do Morro do Castelo (8/03); construção do aquário do Passeio Público (18/9); melhoramento da Rua 13 de Maio.

1905: início da construção do Theatro Municipal (03/01); inauguração da nova estrada de rodagem da Tijuca (4/1); alargamento e prolongamento da Rua Marechal Floriano até o Largo de Santa Rita (2/2); decreto de alargamento da Rua do Catete (28/4); alargamento e prolongamento da Rua Uruguaiana (setembro); decreto de construção da Avenida Atlântica, em Copacabana (4/11); inauguração da Avenida Central (atual Av. Rio Branco), marco da administração Pereira Passos (15/11); inauguração da Escola-Modelo Tiradentes (24/11); decreto de abertura da Rua Gomes Freire de Andrade, entre a Rua Riachuelo e a do Núncio (29/12); decreto de abertura da Avenida Maracanã (30/12).

1906: alargamento da Rua da Carioca (janeiro e fevereiro); inauguração da fonte do Jardim da Glória (24/2); inauguração da nova Fortaleza na Ilha de Lage (28/6); inauguração do palácio da exposição permanente de São Luiz (futuro Palácio do Monroe), para os trabalhos da 3ª Conferência Pan-Americana (22/7); inauguração do alargamento da Rua 7 de Setembro no trecho entre a Av. Central e 1º de Março (6/9); conclusão das obras de melhoramento do porto do Rio de Janeiro e do Canal do Mangue (9/11); inauguração das obras de melhoramento e embelezamento do Campo de São Cristóvão – jardim e escola pública (11/11); inauguração da Avenida Beira-Mar (23/11); melhoramento do Largo da Carioca; inaugurações dos quartéis do Méier, da Saúde, São Cristóvão e Botafogo; aterramento das praias do Flamengo e Botafogo, com construção de jardins; construção do Pavilhão Mourisco, em Botafogo; construção do Restaurante Mourisco, próximo à estação das barcas, no Centro; melhorias no abastecimento de água para a capital.

Além destas, merecem registro: melhoramentos da zona suburbana do DF; saneamento da cidade; arborização de diversas áreas da cidade; renovação do calçamento da cidade; e inauguração de calçamento asfáltico; alargamento da Rua Camerino; abertura da Avenida Salvador de Sá; canalização do Rio Carioca (da Praça José de Alencar ao Cosme Velho); construção da Avenida Atlântica; inauguração da Escola-Modelo Rodrigues Alves, no Catete; liberação de verbas para a construção da Biblioteca Nacional; início da construção do novo edifício da Escola Nacional de Belas Artes; início das obras do edifício do Congresso Nacional; criação do novo Mercado Municipal.

Além disso, promoveu a renovação do porto e instituiu a vacinação obrigatória, posta em prática pelo sanitarista Oswaldo Cruz (1872 – 1917), fato que desencadeou a Revolta da Vacina, em novembro de 1904, reação popular à campanha (Gazeta de Notícias, 14, 1516, 17, 18 de novembro de 1904).

Acessando o link para as fotografias de Pereira Passos e de seu cortejo fúnebre disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Em 19 de fevereiro de 1913, Pereira Passos partiu para a Europa, no navio inglês Araguaia (O Paiz, 20 de fevereiro de 1913, na terceira coluna) e faleceu a bordo, em 2 de março de 1913 (O Paiz e Correio da Manhã, 3 de março de 1913). Pereira Passos teve uma “syncope cardíaca” fulminante em seu camarote e foi assistido pelo médico Victor Godinho, que nada pode fazer. Seu esquife chegou em Lisboa, em 5 de março, foi para o Posto de Desinfecção e seguiu para o cemitério dos Prazeres (Correio da Manhã, 6 de março de 1913, na penúltima coluna).

 

Em 30 de maio de 1913, chegaram ao Rio de Janeiro, a bordo do Cap Finistere, os despojos de Pereira Passos, que foram transportados para terra no vapor D. João VI. A banda do Corpo de Bombeiros executou a marcha fúnebre de Chopin e foi grande a manifestação popular em torno da chegada da urna funerária do ex-prefeito, que, do arsenal de Marinha, foi levada para a Prefeitura (O Paiz, 31 de maio de 1913). No dia seguinte, um grande cortejo fúnebre com a participação de autoridades e da população carioca  aconteceu entre a Prefeitura e o cemitério São Francisco Xavier, onde Pereira Passos foi enterrado (O Paiz, 1º de junho de 1913).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos: um Haussmann tropical. Rio de Janeiro, SMCTT, 1990.

DEL BRENNA, Giovanna Rosso (org.). O Rio de Janeiro de Pereira Passos: Uma cidade em questão II. Rio de Janeiro:Index, 1985

DE LOS RIOS FILHO, Adolfo Morales. Dois Notáveis Engenheiros: Pereira Passos e Vieira Souto. Rio de Janeiro: Editora A Noite, 1991.

LENZI, Maria Isabel Ribeiro. Pereira Passos: Notas de Viagens. Rio de Janeiro:Editora Sextante, 2000.

OLIVEIRA REIS, José de. O Rio de Janeiro e seus prefeitos, evolução urbanística da cidade. vol.3, Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1977.

PINHEIRO, Manoel Carlos;FIALHO JR, Renato. Pereira Passos: vida e obra in coleção Estudos Cariocas. Rio de Janeiro:IPP/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1996.

Portal Augusto Malta do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Site do Instituto Pereira Passos

Além das fontes supracitadas, a Brasiliana Fotográfica fez uma ampla pesquisa na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

Uma homenagem aos 452 anos do Rio de Janeiro: o Corcovado e o Pão de Açúcar

 

A beleza e a vocação exibicionista fez do Rio de Janeiro personagem constante de muitas fotografias desde o século XIX, quando, em 1843, o abade Conte chegou à cidade trazendo um daguerreótipo (Jornal do Commercio, 17 de janeiro de 1843, na primeira coluna). Na data de aniversário de sua fundação, a Brasiliana Fotográfica presta uma homenagem à cidade maravilhosa com uma seleção de registros dos morros do Corcovado, onde fica o Cristo Redentor, e do Pão de Açúcar, onde, desde 1912, funciona o bondinho. São seus principais pontos turísticos e marcas registradas da cidade. As imagens são de autoria de Alberto Henschel (1827 – 1882), Antonio Caetano da Costa Ribeiro, Augusto Malta (1864 – 1957), Augusto Stahl(1828 – 1877), F. Antunes, Georges Leuzinger (1813 – 1892), Jorge Kfuri (1892/3? – 1965), José Augusto de Paiva Meira, José Baptista Barreira Vianna (1860 – 1925), Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), Marc Ferrez (1843 – 1923), Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), Thiele, do aviador Sidney Henry Holland (1883 – 1936) e da firma LTM.

 

 

Acessando o link para as fotografias do Corcovado e do Pão de Açúcar disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Um dos mais importantes símbolos e pontos turísticos do Rio de Janeiro e do Brasil, o Cristo Redentor é um dos maiores e mais famosos monumentos em estilo art déco do mundo. Localizado no morro do Corcovado, a 710 metros de altitude, a estátua tem 38 metros de altura e pesa 1.145 toneladas. Foi inaugurada pelo presidente Getulio Vargas (1882-1954) e por Pedro Ernesto (1884-1942), interventor do Distrito Federal (Diário de Notícias, 13 de outubro de 1931 e O Cruzeiro, 17 de outubro de 1931).

 

Em 27 de outubro de 1912, foi inaugurado um caminho aéreo no Rio de Janeiro, entre a Praia Vermelha e o Morro da Urca, que se tornaria o mundialmente famoso Bondinho do Pão de Açúcar (Careta, 5 de outubro de 1912). Alguns dias antes, houve uma visita da imprensa às obras (Correio da Manhã, 10 de outubro de 1912). Em 1º de dezembro, foi inaugurada a iluminação elétrica no caminho aéreo (Jornal do Brasil, 1º de dezembro de 1912, na última coluna). O bondinho no segundo trecho, entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, numa extensão de 750 metros e 396 metros de altura, começou a funcionar no dia 18 de janeiro de 1913, completando a ligação até o alto do pico do Pão de Açúcar (O Paiz, 19 de janeiro, na quarta coluna).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em comemoração ao aniversário do Rio de Janeiro

A fundação do Rio de Janeiro, publicado em 1º de março de 2016, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

O Rio de Janeiro de Juan Gutierrez, publicado em 1º de março de 2019, de autoria de Maria Isabel Ribeiro Lenzi, Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional ; e de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

A Praça Paris no aniversário do Rio de Janeiro, publicado em 1º de março de 2023, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

O Rio de Janeiro nos cartões-postais da Papelaria e Typographia Botelho, publicado em 1° de março de 2024, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica