Série “O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série “Os arquitetos do Rio de Janeiro” V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920)

A Brasiliana Fotográfica publica hoje o 27º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, sobre os prédios do Jockey Club e do Derby Club, na Avenida Rio Branco, demolidos na década de 1970; e o 5º da série Os arquitetos do Rio de Janeiro, sobre Heitor de Mello (1875 – 1920), autor do projeto dos dois edifícios. Com um registro de autoria de um fotógrafo ainda não identificado e duas estereoscopias de Guilherme Santos (1871 – 1966), o portal vai contar um pouco da história destas construções e de seu arquiteto, além de traçar um pequeno histórico dos dois clubes e do início do turfe no Brasil.

 

 

O fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1896) foi um entusiasta da fotografia estereoscópica, tendo sido um dos pioneiros dessa técnica no Brasil, ao adquirir, em 1905, na França, o Verascope, um sistema de integração entre câmera e visor, que permitia ver imagens em 3D, produzidas a partir de duas fotos quase iguais, porém tiradas de ângulos um pouco diferentes. Eram impressas em uma placa de vidro e reproduziam a sensação de profundidade de maneira bem próxima da visão real. Antes dele, entre os anos de 1855 e 1862, o “Photographo da Casa Imperial”, Revert Henrique Klumb (1826 – c. 1886), favorito da imperatriz Teresa Christina (1822 – 1889) e professor de fotografia da princesa Isabel (1846 – 1921), havia produzido vários registros utilizando a técnica da estereoscopia. A Casa Leuzinger também produziu fotografias estereoscópicas.

 

Acessando o link para as fotografias do edifício do Jockey Club e do Derby Club, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas

 

As sedes do Jockey Club e do Derby Club

 

 

O Jockey Club foi fundado, em 16 de julho de 1868, nos salões da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional com o fim de dar corridas de cavallo no Prado Fluminense. Seu primeiro presidente foi o comendador Mariano Procopio Ferreira Lage (1821 – 1872), empresário mineiro e diretor da Companhia União e Indústria.

 

 

 

Em 1911, foi iniciada a construção de seu edifício-sede, na Avenida Rio Branco, nº 193,  inaugurado em 1913. A festa dos 45 anos do Jockey Club foi realizada, em 16 de julho de 1913, já na nova sede. Seu projeto foi do arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920). Como construtores, destacaram-se os engenheiros João Pradatzky e Francisco Peixoto. Foi durante décadas o ponto de encontro do mundanismo elegante e sofisticado da cidade.

O Derby Club, clube de turfe, esportes equestres e atividades sociais, foi fundado, em 6 de março de 1885, sob a organização do engenheiro Paulo de Frontin (1860 – 1933).

 

 

 

Seu hipódromo era o Prado do Itamaraty, onde hoje encontra-se o Estádio do Maracanã

 

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Localização dos antigos prados do Derby Club e do Jockey Club

 

 

Em 6 de março de 1916, foi dada uma bênção ao segundo edifício-sede do Derby Club, também na Avenida Rio Branco e também projeto de Heitor de Mello. Ficava ao lado do prédio do Jockey Club (O Paiz, 7 de março de 1916, penúltima coluna).

 

A fusão do Jockey e do Derby originando o Jockey Club Brasileiro

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Em 1932, os dois principais clubes turfísticos da cidade do Rio de Janeiro, o Jockey e o Derby, fundiram-se, constituindo o Jockey Club Brasileiro. O conjunto dos dois imóveis na Avenida Rio Branco transformou-se na sede da nova entidade (Jornal dos Sports, 6 de fevereiro de 1932, sexta coluna).

 

 

 

No ano seguinte, o Hipódromo da Gávea, que havia sido inaugurado pelo Jockey Club, em 11 de julho de 1926, uma réplica do antigo Hipódromo de Longchamps no Bois de Boulogne e o palco mais tradicional do turfe brasileiro, sediou pela primeira vez a maior corrida de cavalo nacional, o GP Brasil, sacramentando a união das duas instituições. Foi disputado no primeiro domingo de agosto de 1933, no dia 6, e vencido pelo cavalo brasileiro Mossoró, montado por Justiniano Mesquita (Fon-Fon, 12 de agosto de 1933).

 

 

A atual sede social do Jockey Club Brasileiro ocupa um quarteirão formado pela Avenida Amtônio Carlos, Nilo Peçanha, Almirante Barroso e Rua Debret, no Centro da cidade, e foi inaugurada em 16 de julho de 1974. Seu projeto foi justamente do arquiteto Lúcio Costa (1902 – 1998), um dos principais defensores da demolição dos antigos prédios do Jockey e do Derby na Avenida Rio Branco (Manchete, edição especial, 1974; Diário de Notícias, 16 de julho de 1974).

 

 

Pequeno histórico da demolição

 

Em julho de 1972, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) propôs ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) o tombamento do conjunto arquitetônico remanescente da antiga Avenida Central, atual Rio Branco, composto pelo Obelisco, pelo Tribunal de Justiça, pela Biblioteca Nacional, pela Escola Nacional de Belas Artes, pelo Derby Clube, pelo Jockey Club, pelo Clube Naval, pelo Teatro Municipal, pelo Palácio Monroe e pela Assembleia. O parecer do relator do processo, o arquiteto Paulo Santos (1904 – 1988), foi favorável à preservação. Cerca de dois meses depois, o arquiteto e urbanista Lúcio Costa, que havia sido estagiário de Heitor de Mello, apresentou ao IPHAN, de onde era aposentado, o texto Problema Mal Posto, rebatendo o parecer de Paulo Santos, por não reconhecer mérito artístico nestes prédios. Em fevereiro de 1973,  o conselho superior do IPHAN realizou a sessão final sobre o processo de tombamento, quando a proposta de Lúcio Costa de avaliar, em separado, os prédios foi aprovada. Não entraram no livro de tombamento o Jockey Club, o Derby Club e o Palácio Monroe, todos demolidos ao longo da década de 1970. No lugar dos prédios do Jockey e do Derby foi erguido um edifício de 40 pavimentos. No lugar do Palácio Monroe, existe hoje o maior chafariz do Rio de Janeiro – com 10 metros de altura -, comprado na Áustria pelo governo imperial brasileiro, em 1878.  Em homenagem ao palácio, é chamado de Chafariz do Monroe. No estilo Napoleão III,  é uma obra de Mathurin Moreau, que foi executada na fundição francesa Societé Anonyme des Hauts-Fourneaux & Fonderies du Val d’Osne.

Curiosamente, Lúcio Costa, no artigo Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, de 1951, declarou a respeito da arquitetura brasileira do período entre final do novecentos e início do século XX (Correio da Manhã, de 15 de junho de 1951, segunda coluna):

 

 

 

Breve perfil do arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920)

 

“Não podemos deixar, neste primeiro número da revista “Architectura no Brasil”, de rendermos a nossa homenagem à memória desse ilustre e inolvidável cultor da architectura pátria. A ele devemos sem dúvida os primeiros passos para o embelezamento de nossa cidade, que estão sendo brilhantemente continuados pela pleiade de artistas que ele preparou”. Assim começava o artigo, publicado em outubro de 1921,  que lembrava o primeiro ano de morte do arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920).

 

 

Heitor de Mello foi um destacado arquiteto da segunda fase do ecletismo carioca, influenciado predominantemente pela École des Beaux Arts de Paris, via Escola de Belas Artes do Rio do Janeiro. Segundo Maria Lúcia Pinheiro Ramalho: Heitor de Mello especializou-se no emprego dos estilos classicizantes da renascença francesa, utilizando-os de acordo com a função do edifício, numa forma bastante personalista do ecletismo tipológico. 

 

 

Nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1875, filho do almirante Custódio de Mello (1840 – 1902), um dos líderes da Revolta da Armada e, posteriormente, ministro da Marinha, da Guerra, e ministro interino das Relações Exteriores do governo do presidente Floriano Peixoto (1839 – 1895); e de Edelvira Pereira Pinto de Mello. Casou-se com Silvia Peixoto de Mello e tiveram duas filhas: Maria Cecília Mello Freeman e Maria Luiza Mello Sertório.

Segundo o crítico de arte José Mariano Carneiro da Cunha Filho (1881 – 1946): não era um caçador de amigos, voluntarioso, áspero, incisivo, não poupava os medíocres, nem se apiedava dos incapazes. Combatido não deu trégua aos invejosos. Os inimigos temiam-lhe os epigramas, os invejosos a elegância de maneiras, as boas roupas talhadas nos alfaiates de Londres.

 

 

Iniciou seus estudos no Rio de Janeiro e passou um período na Europa. Heitor formou-se em Arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), onde estudou entre 1895 e 1900, sob a direção do escultor Rodolfo Bernadelli (1851-1931). Foi aluno de Adolfo Morales de Los Rios (1858 – 1928) e de Ernesto da Cunha de Araújo Vianna (1852-1920) e contemporâneo dos pintores Lucilio de Albuquerque (1877 – 1939), Theodoro Braga (1872 – 1953) e João Timotheo da Costa (1878 – 1932), do escultor José Otávio Correa Lima (1878 – 1974) e do arquiteto Aluisio Stahlembrecher (18? – 19?), dentre outros (Gazeta de Notícias, 23 de junho de 1899, penúltima coluna; O Paiz, 18 de janeiro de 1900, última coluna).

 

 

Em 1900, participou da exposição da Escola Nacional de Belas Artes (O Paiz, 2 de setembro de 1900, penúltima coluna). Mais tarde, em 1913, Heitor tornou-se professor da instituição e lecionava Composições de Arquitetura, seu Desenho e Orçamentos. Em 1918, passou a professor catedrático.

 

 

A importância da ENBA e de Heitor de Mello na formação de arquitetos foi ressaltada no artigo O renascimento da Architectura no Brasil (Architectura no Brasil, outubro de 1921):

“Inaugurada a nova Escola Nacional de Bellas Artes. Formaram-se os primeiros arquitetos brasileiros tendo à frente Heitor de Mello. Daí para cá, todos os anos, têm-se sucedido novas turmas de jovens artistas, os pugnadores do ressurgimento arquitetonico do Brasil. Até hoje, todavia, eles não puderam ainda ser compreendidos, ou talvez não tivessem ainda número suficiente para vencer a onda invasora dos deturpadores da estética das nossas cidades. Heitor de Mello, entretanto impôs-se, nesse meio árido, pelo seu talento, sua cultura artística e sua coragem. Os que o acompanharam, os que souberam aproveitar as suas lições, tornaram-se grandes arquitectos, e, assim, possui, hoje o Rio de Janeiro, um grupo já numeroso, que assombrosamente vem se impondo á admiração do governo e do povo”.

Em 1º de julho de 1901, Heitor foi admitido como sócio do Club de Engenharia. Ainda na década de 1910, recebeu o Grande Prêmio de Arquitetura da Exposição Nacional de 1908, da qual foi responsável pela perspectiva.

 

 

Segundo o historiador da arquitetura Yves Bruand (1926 – 2011), o Escritório Técnico Heitor de Mello, fundado em 1898, foi a primeira organização comercial de arquitetura no Brasil dedicada ao desenvolvimento de projetos, acompanhamento e fiscalização de obras.

Em 1905, a autoria de um de seus projetos, uma construção na Avenida Central, estava sendo atribuida a outro arquiteto. Heitor de Mello prontamente reagiu. A abertura da avenida foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca. Sob um temporal, a avenida foi aberta oficialmente, em 15 de novembro de 1905 (O Paiz, 16 de novembro de 1905, na quinta coluna, sob o título “15 de Novembro”).

 

 

Em 1906, o edifício do Club de Engenharia, projeto de Raphael Rebecchi (1844 – 1922), que estava em construção na Avenida Central, sob a responsabilidade de Heitor de Mello, desabou causando a morte de dois operários, mas ele foi impronunciado pela Justiça (O Paiz, 15 de fevereiro de 1906; O Paiz, 7 de junho de 1908, quarta coluna). Cerca de um ano depois, participou da Exposição da Escola Nacional de Belas Artes com a exibição do projeto dele e de Francisco de Oliveira Passos (1878 – 1958), filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), para o novo prédio do Congresso Nacional (O Paiz, 31 de agosto de 1907, primeira coluna).

Em 1908, casou-se com Sylvia Rodrigues Peixoto (O Paiz, 25 de junho de 1908, última coluna).

Quando Heitor de Mello faleceu, em 15 de agosto de 1920, aos 44 anos, de uma nevrite cardíaca (Gazeta de Notícias, 16 de agosto de 1920, quarta coluna), Archimedes Memória (1893 – 1960), um de seus discípulos, que já trabalhava com ele desde 1918, passou a ser sócio do escritório com o franco-suíço Francisque Couchet (18? – 19?). Memória também, em 1920, sucedeu Heitor como professor de desenho de ornatos e elementos de arquitetura e composição de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes. Em um artigo publicado em 1924, Memória e Cuchet referiram-se a Heitor de Mello como …Genuíno gênio nacional que foi o arquiteto Heitor de Mello cuja atividade e proficiência dotaram o Rio de Janeiro de belos e grandiosos edifícios como o Jockey Club, Derby Club...(Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1924, quarta coluna).

 

 

Por iniciativa do já mencionado José Mariano Carneiro da Cunha Filho foi instituído, em 1921, o Prêmio Heitor de Mello, que seria anual, conferido em concurso público e julgado pelo Instituto Brasileiro de Arquitetos (Architectura Brasileira, outubro de 1921, segunda coluna).

Em 18 de dezembro, foi aberta na Escola Nacional de Belas Artes uma exposição com os trabalhos realizados por Heitor de Mello (Correio da Manhã, 16 de dezembro de 1920, penúltima coluna).

 

 

No artigo Um archictecto, de Adalberto Mattos, publicado, em março de 1921, na Illustração Brasileira, várias imagens de projetos de Heitor de Mello foram publicadas.

 

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Lista dos principais trabalhos realizados por Heitor de Mello ao longo de 22 anos de vida profissional:

 

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Errata da listagem publicada no número seguinte da revista: o projeto do prédio de Antônio Maria da Costa, à Avenida Rio Branco, é de Morales de los Rios. A execução foi de Heitor de Mello (Illustração Brasileira, março de 1921Archictectura no Brasil, novembro de 1921, segunda coluna).

A Brasiliana Fotográfica já publicou dois artigos sobre projetos de Heitor de Mello:

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria da pesquisadora e editora do portal, Andrea C. T. Wanderley, publicado em 4 de julho de 2023

O centenário do Palácio Pedro Ernesto, de autoria da pesquisadora e editora do portal, Andrea C. T. Wanderley, publicado em 21 de julho de 2023

 

O início do turfe do Brasil e pequeno histórico do Jockey Club e do Derby Club

Início do turfe no Brasil 

Cavalo de corrida jokey. desenho de tinta preto e branco | Foto Premium

 

O mais antigo registro da realização de corridas de cavalo no Rio de Janeiro é de 25 de maio de 1814 e foi publicado na Gazeta do Rio de Janeiro. As carreiras aconteciam na Praia de Botafogo e eram organizadas por um grupo de comerciantes ingleses estabelecidos na cidade.

 

 

Há o registro das presenças de dom Pedro I (1798 – 1934) e de dona Leopoldina (1797 – 1924) em uma dessas corridas, realizada no dia 31 de julho de 1825, na Praia de Botafogo (Diário Fluminense, 2 de agosto de 1925, primeira coluna).

 

 

No dia 6 de março de 1847, foi publicado no Jornal do Commercio, um tipo de convocação para a instituição mais regular das atividades turfísticas no Brasil, origem da fundação do Club de Corridas, uma sociedade anônima. Os subscritores da iniciativa foram convidados para uma reunião no dia 15 de julho do mesmo ano, em uma sala da assembleia do Cassino, defronte do Passeio Público, quando foi instalada a associação, discutido seus estatutos e eleita sua diretoria (Jornal do Commercio, 6 de março de 1847, segunda coluna; e 14 de julho de 1847, segunda coluna). O grupo do Club de Corridas era formado por Luis Alves de Lima e Silva (1803 – 1880), futuro Duque de Caxias, o coronel Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão (1802 – 1879), o cirurgião Antonio da Costa, o corretor de fundos Henry Harper, o agricultor e capitalista comendador Teles, o major João Guilherme Suckow, Alexander Reed e o Barão do Rio Bonito. O secretário da nova sociedade, João Pereira Darrigue Faro (1803 – 1856), segundo barão e primeiro visconde  do Rio Bonitoem nome de seu primeiro presidente, Luís Alves de Lima e Silva (1803 – 1880)futuro Duque de Caxias, convocou os diretores do Club de Corridas à uma reunião, no dia 6 de dezembro, para tratar-se da comprar de um terreno (Jornal do Commercio, 5 de dezembro de 1847, primeira coluna).

 

 

 

Reuniram-se em maio de 1848 para discutir seus estatutos e deliberar mais uma vez sobre a compra de um terreno (Correio Mercantil, 26 de maio de 1848, última coluna).

Em  janeiro de 1849, foi eleita uma nova diretoria para o Club de Corridas, sob a presidência do Barão do Rio Bonito. O secretário era Marianno Procópio Ferreira Lage (1821 – 1872), que veio a ser, como já mencionado, o primeiro presidente do Jockey Club. Tomaram posse em 5 de fevereiro  de 1849 (Jornal do Commercio, 10 de junho de 1849, primeira coluna).

 

 

Começaram a construir  um prado em São Francisco Xavier, o Prado Fluminense, que ficava na área onde hoje se encontra a UERJ. Em 1º de novembro de 1850, foi realizada a única corrida no Prado Fluminense patrocinada pelo Club de Corridas. Curiosamente, um dos regulamentos da prova era: matar-se-ha qualquer cachorro que ali apparecer. O primeiro páreo disputado foi vencido pelo cavalo Malacarinha, propriedade de Manoel Rocha Maia, montado pelo jóckei D. Thomaz (Jornal do Commercio, 21 de outubro de 1850, última coluna1º de novembro de 1850, penúltima coluna).

 

 

Ainda em 1850,  uma nova reunião foi convocada pelo Club de Corridas para que fosse realizada a revisão dos estatutos e a tomada de decisão sobre a melhor forma de levantar-se recursos para a conclusão das obras do Prado Fluminense. Decidiu-se pelo arrendamento (Correio Mercantil, 19 de novembro de 1950, terceira coluna; 29 de novembro de 1950, quarta coluna).

 

 

Em 3 de fevereiro de 1851, o major alemão João Guilherme Suckow (1797 – 1869) e David Stevenson foram formalizados como os  arrendatários do prado (Correio Mercantil, 1º de abril de 1951, primeira coluna).

 

 

O Prado Fluminense tinha 1.056 metros e tinha o formato de uma ferradura. Ao seu lado foi construída uma arquibancada para 800 pessoas e um pavilhão destinado à família imperial. Em 13 de junho de 1851, foi inaugurado (Jornal do Commercio, 13 de junho de 1851, última coluna; 14 de março de 1851, quarta coluna). Foi um evento de sucesso com o comparecimento de cerca de quatro mil pessoas, dentre eles dom Pedro II e dona Teresa Cristina, que foram recebidos com a execução do Hino Nacional. Os páreos foram vencidos pelos cavalos OrestesNeptunoMalacarinhaSultão, LoteriaKaleb (Jornal do Comercio, 15 de junho de 1851, terceira coluna; A Marmota na Corte, 17 de junho de 1851)

 

 

A segunda corrida aconteceu em 14 de setembro do mesmo ano e também contou com a presença de Pedro II (A Marmota na Corte, 16 de setembro de 1851, segunda colunaO Liberal, 24 de setembro de 1851, primeira coluna).

As corridas prosseguiram sem interrupção até 1854, ano em que um dos empregados de Suckow ateou fogo à arquibancada, destruindo-a. Este fato somado ao prejuízo causado pela última corrida realizada no prado levou à liquidação do Jockey Club Fluminense e à decretação de venda em hasta pública de todos do seus bens móveis e imóveis, só concluída em 1865.

 

 

Como Suckov não podia mais arcar sozinho com os custos do Prado Fluminense, em 9 de junho de  1854, foi fundado o Jockey Club Fluminense, segunda entidade dedicada ao turfe no Rio de Janeiro, sob a presidência do general Polydoro da Fonseca Quintanilha Jordão (1802 – 1879), futuro Visconde de Santa Thereza.  Entre 1854 e 1865, Suckow tornou-se um dos três acionistas do Jockey Club Fluminense e em 7 de setembro de 1865 tornou-se o dono de toda a propriedade. Mudou o traçado do Prado Fluminense, construiu uma nova arquibancada e começaram a se realizar corridas de cavalos, principalmente, de amadores (Gazeta de Notícias, 17 de julho de 1904).

 

 

 

Polydoro da Fonseca Quintanilha Jordão havia sido um dos fundadores do Club de Corridas e esteve, em 1868, presente à assembleia de inauguração do Jockey Club. Foi condecorado por mérito e bravura por sua participação na Guerra do Paraguai. Foi ministro da Guerra, em 1862. A primeira corrida promovida pela nova associação, no Prado Fluminense, aconteceu em 17 de setembro de 1854 com a presença de dom Pedro II (1825 – 1891) e cerca de 1500 pessoas. As corridas foram vencidas pelos cavalos Bonjardim e Hummel. O evento foi um dos temas do Folhetim do Jornal do Commercio e também da crônica Ao correr da Penna, da Gazeta Mercantil (Jornal do Commercio31 de agosto de 1854, última coluna; 18 de setembro de 1854, penúltima coluna24 de setembro de 1854; Correio Mercantil, 24 de setembro de 1854, primeira coluna).

 

 

Os prejuízos acumulados e a queda do interesse do público levaram à extinção do Jockey Club Fluminense após ter sido realizado esse único evento (Correio Mercantil, 18 de fevereiro de 1855, última colunaDiário do Rio de Janeiro, 2 de junho de 1856, última coluna).

Em 23 de agosto de 1957, foram realizadas as primeiras corridas de cavalos promovidas pelo Jockey Club de Petrópolis, no Prado do Fragoso, construído com 500 braças de extensão, no fim da Estrada de Ferro de Mauá. Não foram muito concorridas. Os cavalos ganhadores foram Tebiriça, de José Basílio Teixeira Pires; Crioulo, de Luiz Pinheiro de Siqueira;  Malcreado, de Guilherme de Suckov; Locomotiva, do Barão de Mauá; Fulminante, de Antônio Fernando da Piedade; e Relâmpago, montado por seu proprietário, Manuel da Silva Torres (Correio Mercantil, 23 de julho de 1857, terceiro colunaDiário do Rio de Janeiro, 6 de agosto de 1857, quinta coluna; 16 e 17 de agosto de 1857, penúltima coluna; 24 de agosto de 1857, segunda coluna; 30 de agosto de 1857, primeira coluna; e A Pátria, 6 de agosto de 1857, terceira coluna).

Em Pernambuco, no Hotel Inglez, no Recife, em 12 de novembro, foi instalada uma sociedade denominada Jockey Club (Correio Mercantil, 26 de novembro de 1859, quarta coluna).

Em 27 de maio de 1866, foi fundado, no Rio de Janeiro, o Club Jacome, no picadeiro da rua do Areal. O nome foi uma homenagem ao mestre de equitação Luiz Jacome de Abreu Souza (1828 – 1903). Ele havia promovido, com grande sucesso, no ano anterior, em 26 de novembro de 1865, a primeira corrida de Stepple-Chase – cavalos com obstáculos -, realizada no Brasil. Aconteceu no Campo de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Foram incumbidos pela organização dos estatutos do Club Jacome, além do próprio Jacome, Francisco da Costa Ferraz, Joaquim José da França Junior, Pedro Dias Gordilles Paes Leme e Manoel da Motta Teixeira. Os estatutos foram aprovados pelo governo em 28 de janeiro de 1867 e o Decreto 3.794, de 30 de janeiro de 1867, autorizou a organização da nova entidade (Diário das Leis). Este foi o primeiro ato público relativo a corridas de cavalos no Brasil.

O Clube Jacome chegou a comemorar um ano de existência com a realização de um segundo Stepple-Chase, mas logo desapareceu devido a divergências em relação à localização de seu prado (Novo e Completo Índice Chronologico da História do Brasil, 1854 e 1866; Correio Mercantil, 28 de maio de 1866, primeira colunaBazar Volante, 11 de novembro de 1867; Gazeta de Notícias, 17 de julho de 1904A Noite, 21 de julho de 1951). Foi o tema da comédia teatral escrita por França Júnior, Entrei para o Clube Jacome, que estreou em 12 de janeiro de 1867, no Theatro Gymnasio (Diário do Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1867, última coluna). Luiz Jacome escreveu cinco livros sobre hipologia, tornou-se sócio honorário do Jockey Club, em 1875, e foi o idealizador do que hoje conhecemos como photochart.

 

 

 

Em 15 de julho de 1861, no Rio de Janeiro, uma sociedade denominada Jockey Club promoveu suas primeiras corridas de cavalos na Praia Vermelha (Correio Mercantil, 17 de julho de 1861, terceira coluna).

 

Pequeno histórico do Jockey Club

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O novo Jockey Club foi fundado em 16 de julho de 1868, nos salões da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional com o fim de dar corridas de cavallo no Prado Fluminense, sob a presidência do comendador Mariano Procopio Ferreira Lage (1821 – 1872), empresário mineiro e diretor da Companhia União e Indústria.

 

 

A decisão de fundação da nova entidade foi tomada em duas reuniões.

 

Modelo dos primeiros títulos de sócio emitidos pelo Jockey Club

Modelo dos primeiros títulos de sócio emitidos pelo Jockey Club

 

A primeira foi realizada, em 7 de junho de 1868, na casa do Conde de Herzberg (1822 – 1899), sita no Prado Fluminense. Ele era um capitão reformado do exército prussiano e marido de Leopoldine, filha do major Suckow. Compareceram a esse encontro aqueles que são considerados os dez sócios fundadores do Jockey Club: além do anfitrião, estavam presentes Felisberto Paes Leme (1794 -1887), João Guilherme Suckow (1797 – 1869), Joaquim José Teixeira (1811 – 1885), Henrique Germarck Possolo (18?-1903), Henrique José Teixeira (? -?), Henrique Lambert (?-?), Henrique Moller  (?-?), Luiz de Suckow (1845 – 1878) e Fernando Francisco da Costa Ferraz  (1838 – 1907). À segunda, realizada em 20 de junho, na rua do Conde, nº 37, na casa de Costa Ferraz, médico mineiro, antigo secretário do Club Jacome, que tornou-se um dos diretores do Jockey Club e foi seu presidente entre 1899 e 1903, compareceram 17 pessoas (Revista da Sociedade Jockey Club, 1870).

Na época, o Prado Fluminense pertencia ao major Suckow, um dos fundadores do extinto Jockey Club Fluminense. Foi arrendado pela diretoria do Jockey Club que, em 16 de junho de 1873, sob a presidência de Felisberto Caldeira Brant Potes, o Visconde de Barbacena, adquiriu dos herdeiros de Suckow a propriedade do terreno e das benfeitorias (Diário do Rio de Janeiro, 17 de julho de 1868, segunda coluna).

 

 

Imagens de alguns dos fundadores do Jockey Club

 

 

 

 

 

Houve uma tentativa de fusão entre o Club Jacome e o novo Jockey Club , porém houve divergências. Na ocasião, o presidente honorário do Club Jacome era o conde d´Eu (1842 – 1922), marido da princesa Isabel (1846 – 1921). Na ata da 2ª sessão da Assembleia do Jockey Club, realizada em 30 de janeiro de 1869, foram relatados os procedimentos da tentativa de fusão do Club Jacome, extinto nos primeiros anos da década de 1870 e refundado em novembro de 1909. Nesta mesma assembleia, o Conde d´Eu tornou-se o primeiro agraciado com o título de sócio honorário do Jockey Club (Jornal do Commercio, 27 de setembro de 1868, penúltima coluna; A Vida Fluminense, 3 de outubro de 1868Jornal do Commercio, 31 de outubro de 1868, penúltima colunaSemana Illustrada, 8 de novembro de 1868, segunda coluna; Revista da Sociedade do Jockey Club, 1870; Correio da Manhã, 24 de novembro de 1909, terceira coluna).

 

 

 

No ano seguinte, em 19 de janeiro de 1869, foi outorgado o Decreto nº 4.323, autorizando a incorporação do Jockey Club e aprovando os estatutos. Em 16 de maio de 1869, foi realizada, com a presença de  d. Pedro II (1825 – 1891) e dona Teresa Cristina (1822 – 1889), a primeira corrida do Jockey Club, no Prado Fluminense (Novo e Completo Índice Chronologico da História do Brasil, 1869). A presença constante da família imperial nas corridas foi fundamental para atrair a sociedade chique e elegante para os páreos.

 

 

Programa das corridas do dia 16 de maio de 1869

Programa das corridas do dia 16 de maio de 1869

 

Em 20 de maio de 1911, foi lançada a pedra fundamental do edifício-sede do Jockey Club, foi inaugurado em 1913,  projeto do arquiteto Heitor de Mello. Ficava na esquina das avenidas Rio Branco e Almirante Barroso e foi um dos centros político e mundano do Rio de Janeiro por mais de 60 anos.

 

 

Pequeno histórico do Derby Club

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Guilherme Santos. Alberto I, rei da Bélgica, durante o Grande Prêmio no Derby Club, 26 de setembro 1920. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS Com a presença de Epitácio Pessoa e do casal real, realização no Derby Club de um páreo com o nome de Alberto I (O Paiz, 27 de setembro de 1920).

 

A origem do Derby Club é o Club de Corridas Villa Isabel, cujo hipódromo, o segundo do Rio de Janeiro, foi erguido por moradores do bairro de Vila Isabel em terrenos cedidos pela Cia. Architectônica, do Barão de Drummond (1825-1897), que havia sido presidente do Jockey Club, em 1874.

 

 

A corrida inaugural aconteceu em 22 de maio de 1884 (Gazeta da Tarde, 23 de maio de 1884, terceira coluna). Em 17 de outubro do mesmo ano, o Club de Corridas Villa Isabel passou a se denominar Derby Fluminense (Gazeta da Tarde, 24 de outubro de 1884, quinta coluna). Sob a presidência do engenheiro Paulo de Frontin  (1860 – 1933) e, sob esta nova razão social, a entidade patrocinou apenas quatro reuniões, entre novembro e dezembro de 1884.

 

 

 

O Derby Fluminense foi liquidado e seu acervo foi rateado. Os 242 membros que acompanharam o presidente na fundação do Derby Club utilizaram o valor de 56 mil réis, que coube a cada membro do extinto Derby Fluminense, e a isso acrescentaram uma jóia de 100 mil réis para a subscrição de suas respectivas cotas na nova sociedade (Gazeta de Notícias, 2 de março de 1885, terceira coluna; 15 de março de 1885, última coluna).

Surgia, assim, o Derby Clube, clube de turfe, esportes equestres e atividades sociais da cidade do Rio de Janeiro, foi, como já mencionado, fundado em 6 de março de 1885,  sob a organização de Paulo de Frontin (O Paiz, 7 de março de 1885, primeira coluna).

 

Placa comemorativa da inauguração do Derby Club, que ficava no pavilhão central do Prado do Itamaraty / Jockey Club Brasileiro 130 anos

Placa comemorativa da inauguração do Derby Club, que ficava no pavilhão central do Prado do Itamaraty / Jockey Club Brasileiro 130 anos

 

 

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Annuarios das Estações Sportivas de 1885 a 1890: Derby Club

 

Sua corrida inaugural aconteceu em 2 de agosto de 1885, com 82 animais inscritos em nove páreos. Foi o grande acontecimento social do ano e a ele estiveram presentes Suas Majestades Imperiais, dom Pedro II e dona Thereza Christina e mais 10.000 pessoas, aproximadamente. O cavalo Aymoré, de propriedade da Coudelaria Aliança e montado por Arthur Oliveira foi o vencedor da primeira prova disputada no Derby Club. Os outros páreos foram vencidos pelos cavalos Cosmos, Progresso, Excelsior, Rio de Janeiro, Seis de Março, Derby Club, Lemgruber e 26 de Julho. Inovador e à frente do seu tempo, logo em sua primeira corrida fez funcionar um cronógrafo elétrico, destinado a marcar com precisão o tempo de cada páreo (Diário do Rio de Janeiro, 3 de agosto de 1885, quarta coluna; 4 de agosto de 1885, segunda coluna).

 

 

Seu hipódromo era o Prado Itamaraty, onde fica atualmente o Estádio do Maracanã (Annuario das estações Sportivas, 1885 – 1890).

 

 

Sua primeira sede foi inaugurada em junho de 1889, na Praça da Constituição, atual Praça Tiradentes.  Em 6 de março de 1916, foi inaugurado seu segundo edifício-sede, na avenida Rio Branco.

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Pesquisadora e editora da Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Facebook

FERNANDES, Neusa; COELHO,Olino Gomes P. Efemérides Cariocas. Rio de Janeiro, 2016.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MATTOS, Adalberto. Um archicteto. Ilustração Brasileira, março 1921.

MELO, Victor Andrade. “Temos apaixonados para o mar e para a terra”: representações do esporte nos folhetins (Rio de Janeiro; 1851-1855).  Rev Bras Educ Fís Esporte, (São Paulo) 2013, Out-Dez.

Portal Clube de Engenharia

Portal Domínio Público

RAMALHO, Maria Lúcia Pinheiro. Da beaux-arts ao bungalow: uma amostragem da arquitetura eclética no Rio de Janeiro e em São Paulo, 1989. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo.

Site Academia Nacional de Medicina

Site Arch Daily

Site Estilos arquitetônicos

TERRA, Alcione. HEITOR DE MELLO: Trajetória e Contribuição Profissional na cidade do Rio de Janeiro no período da Primeira República. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2004.

WANDERLEY, Andrea C. T. O fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1965) in Brasiliana Fotográfica, de 28 de julho de 2016.

 

Outros artigos da série Os arquitetos do Rio de Janeiro

Série “Os arquitetos do Rio de Janeiro” I – Porto D´Ave e a moderna arquitetura hospitalar, de autoria de Cristiane d´Avila – Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz, publicado em 14 de janeiro de 2021.

Série “Os arquitetos do Rio” II – No Dia Nacional da Saúde, o Desinfetório de Botafogo e um breve perfil do arquiteto português Luiz de Moraes Junior, responsável pelo projeto, de autoria de Cristiane d´Avila, Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, publicado em 5 de agosto de 2023

Série “Os arquitetos do Rio de Janeiro” III – O centenário do Copacabana Palace, quintessência do “glamour” carioca, e seu criador, o arquiteto francês Joseph Gire, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 13 de agosto de 2023

Série “Os arquitetos do Rio de Janeiro” IV – Archimedes Memória (1893 – 1960), o último dos ecléticos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 1º de dezembro de 2023

 

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXV – O Theatro Phenix

Com imagens produzidas por um fotógrafo ainda não identificado e por N. Viggiani, a Brasiliana Fotográfica conta um pouco da história do Theatro Phenix, tema do 25º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido. O escritório Januzzi e Irmão foi responsável pelo projeto aprovado, em 14 de novembro de 1906, do Palace Hotel, que já foi tema de um artigo do portal; e do Theatro Phenix – ambos empreendimentos da família Guinle. Mais uma vez convidamos nossos leitores a explorar as fotografias com a ferramenta zoom e, a partir daí, fazer um passeio pela cidade nas primeiras décadas do século XX, observando mais de perto a paisagem urbana carioca e seus personagens.

 

 

No Álbum da Avenida Central, lançado, em 1907, pelo fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), havia desenhos das fachadas do Palace Hotel, que ficava na Avenida Central, e do Teatro Phenix, contiguo ao hotel, na Rua Barão de São Gonçalo, posteriormente rebatizada como Avenida Almirante Barroso. Nenhum dos dois estava construído quando o álbum foi produzido, portanto, logicamente, não puderam ser fotografados. Esse álbum é um importante registro da reforma da principal via da então capital federal, onde ele contrapôs reproduções das plantas às fotografias das fachadas de cada edifício documentado. Esse tipo de fotografia foi fundamental para a construção e para a difusão de uma nova imagem do Rio de Janeiro, uma imagem associada aos ideais de civilização e progresso.

 

Um pouco da história do Theatro Phenix

 

 

O nome do Theatro Phenix foi uma homenagem ao Theatro Phenix Dramática, que existia nos jardins do Hotel Brissac. Eduardo Balassin Guinle (1846 – 1912), patriarca de sua abastada e influente família, foi obrigado a construí-lo. A Prefeitura do Rio de Janeiro, sob a gestão de Francisco Pereira Passos (1836 – 1913)  desapropriou, demoliu e reurbanizou a área onde ficava o Phenix Dramática, localizado na Rua da Ajuda, nº 57, no processo da construção da Avenida Central, em 1904. Ele havia sido inaugurado, em 1863, com o nome de El Dorado. Foi renomeado Phenix Dramática, em 1868. Bem, o terreno foi adquirido pelo empresário Eduardo Guinle e, segundo a lei, seria obrigatória a construção de um novo teatro no lugar do demolido. Num gesto de afirmação cultural, ele ofereceu ao Rio de Janeiro uma sala de espetáculos imponente com capacidade para 1200 espectadores, cuja natureza e dimensões só eram comparáveis aos teatros Municipal e de São Pedro. Seu projeto seguia o modelo clássico dos teatros italianos com a platéia rodeada por camarotes (Última Hora, 28 de fevereiro de 1955, primeira coluna).

Segundo Augusto Mauricio:

“…e essa casa de espetáculos, que é uma das que melhor possui o Rio de Janeiro quer como platéia, camarotes, mobiliário confortável com cadeiras estofadas, sala suntuosa, e corredores amplos, revestido todo de mármore trabalhado de diversas cores, colunas de diferentes ordens, grandes espelhos e ainda instalações internas para os artistas, que contam com camarotes magníficos – custou ao proprietário àquele recuado tempo, pouco mais de dois mil contos de réis”.

O novo Teatro Phenix,  cuja construção terminou em 1908, 1912 ou 1913 –  as fontes variam -, ficava na Rua Barão de São Gonçalo, logo transformada em Avenida Almirante Barroso, em um terreno contíguo ao Palace Hotel. Sua fachada foi inspirada na Ópera Garnier, em Paris.

Desde o início foi arrendado a terceiros – o primeiro foi Angelo Balloni, principal sócio da H. Balloni e Cia, que concedeu uma entrevista ao jornal Imparcial de 26 de fevereiro de 1914, data da inauguração do teatro. Na reportagem, é ressaltado o aspecto mais inclusivo do teatro, comparando-o ao Theatro Municipal: “No Phenix achar-se-á bem instalada tanto a sociedade chic como a classe operária. É que seu ambiente é artístico sem ser solene. Nele há um único atrativo, a simplicidade artística, cuja ação se estende por todas as pessoas, sejam elas quais forem, Isso, aliás, é pouco comum em nosso meio. Haja vista, por exemplo, o Municipal” (O Imparcial, 26 de fevereiro de 1914, antepenúltima coluna).

 

 

Anunciado como a mais ampla e luxuosa sala de espetáculos da América do Sul, antes de sua inauguração oficial, lá foram realizados bailes de carnaval nos dias 21, 22, 23 e 24 de fevereiro de 1914 (Correio da Manhã, 23 de fevereiro de 1914, primeira colunaO Paiz, 19 de fevereiro de 1914, sexta colunaO Paiz, 23 de fevereiro de 1914, primeira colunaO Paiz, 9 de março de 1914).

 

 

 

 

 

Foi reaberto como teatro, arrendado a Luiz Alonso, em novembro de 1915, com a peça Champignol à força, um vaudeville em três atos dos dramaturgos franceses Georges Feydeau (1862 – 1921) e Maurice Desvallières (1857 – 1926), encenada pela Companhia Leopoldo Froes e estrelada pela atriz Lucilia Peres (1881 – 1962) (O Paiz, 3 de novembro de 1915).

 

 

Funcionou também como teatro, cinema, cassino e dancing, quando o arrendatário era, desde 1916, Djalma Moreira.  Em 1921, a Casa dos Artistas protestou contra a transformação do Theatro Phenix em tavolagem. Provavelmente, Djalma arrendou o teatro até 1923 (Correio da Manhã, 27 de outubro de 1916, penúltima colunaO Jornal, 4 de abril de 1920Revista da Semana, 31 de dezembro de 1921, primeira colunaO Jornal, 4 de abril de 1922, terceira colunaA Noite, 15 de fevereiro de 1923, primeira coluna; Crítica, 2 de dezembro de 1928, segunda coluna).

 

 

 

Voltou a ser um teatro, arrendado pelo calabrês Jácomo Rosário Staffa (c. 1867 – 1927), e foi reinaugurado em 30 de abril de 1926 com a revista Excelsior, do pernambucano Manuel Bastos Tigre (1882 – 1957). Uma curiosidade: Bastos Tigre era cunhado do fotógrafo Louis Piereck (1880 – 1931) e foi o responsável pelo slogan da Bayer que se tornou famoso em todo o mundo: “Se é Bayer é bom“. É também o autor da letra da música Chopp em Garrafa, com música de Ary Barroso (1903 – 1964), que foi interpretada por Orlando Silva (1915 – 1978). Foi inspirada no produto que a Brahma passou a engarrafar. Sucesso do carnaval de 1934, é considerado o primeiro jingle  publicitário do Brasil. Foi também o autor do livro Meu Bebê: livro das mamães para anotações sobre o bebê desde seu nascimento. O Dia do Bibliotecário, 12 de março, dia de seu nascimento, foi instituído, em 1980, em sua homenagem. (Correio da Manhã, 12 de julho de 1925, quinta coluna; Correio da Manhã, 10 de fevereiro de 1926, quinta colunaCorreio da Manhã, 16 de abril de 1926, antepenúltima colunaCorreio da Manhã, 30 de abril de 1926).

 

 

Voltando ao Phenix. Lembramos aqui que Staffa era o proprietário do Grande Cinematographo Pariziense, o segundo cinema do Rio de Janeiro, inaugurado em 9 de agosto de 1907. O primeiro foi o Chic, inaugurado em 1º de agosto do mesmo ano. O terceiro foi o cinema Pathé, do fotógrafo Marc Ferrez e Arnaldo Gomes de Souza. A firma de Arnaldo e Ferrez chamava-se Arnaldo & Cia, omitindo a participação de Ferrez, porque Charles Pathé (1863 – 1957), um dos proprietários da Pathé Frères, proibia que seus distribuidores e representantes possuíssem cinematógrafos e Ferrez era um de seus representantes. Staffa denunciou o fato em 1908. Foi também o proprietário do Palace Hotel de Caxambu (Correio da Manhã, 8 de maio de 1926, segunda coluna).

 

 

O Phenix foi palco de muitas peças e bailados, esses últimos criações da coreógrafa e bailarina russa Maria Oleneva (1896 – 1985) que, posteriomente, foi uma das fundadoras da Escola de Dança do Teatro Municipal.

Em seu prédio foi sediado, na década de 1920, o Partido Democrático (Correio da Manhã, 24 de julho de 1927, quarta colunaCrítica, 7 de dezembro de 1928, última coluna).

Em 1929, passou a exibir quadros de Nu Artístico e era proibida a entrada de menores e de senhoritas (Crítica18 de abril23 de abril18 de maio de 1929).

 

 

Em 31 de maio, estreia do vaudeville musicado A Ilha dos Prazeres, uma peça do gênero livre com quadros de nu artístico, tendo como estrela a atriz  Theda Diamant (Crítica, 31 de maio de 1929, segunda coluna).

 

 

Em junho, Carlos Machado (1908 – 1992), que ficou conhecido como o Rei da Noite, foi anunciado diretor artístico do Phenix (Crítica, 21 de junho de 1929, terceira coluna). Ainda em 1929, foi o palco da temporada das Operetas Vienenses e voltou a exibir filmes(Crítica, 21 de julho de 1929Crítica, 12 de setembro de 1929, terceira coluna).

Ficou fechado por um breve período, tendo sido reaberto, após uma reforma, em janeiro de 1930, como Cine Theatro Phenix , sob a direção da Empresa S. Kauffman apresentando espetáculos puramente familiares (Crítica, 26 de dezembro de 1929). Passou a ter “uma orquestra de 30 professores que darão vida e palavras às cintas mudas por intermédio da linguagem universal – a Música”. Lembramos aqui que o cinema sonoro estava ocupando o lugar dos filmes silenciosos (Correio da Manhã, 27 de dezembro de 1929, terceira colunaO Paiz, 29 de dezembro de 1929, quinta colunaJornal do Brasil, 9 de janeiro de 1930 e O Imparcial (MA), 17 de janeiro de 1930, quarta coluna).

 

 

 

Entre as décadas de 1930 e 1940, voltou a funcionar ora como teatro ora como cinema. Abrigou também conferências, bailes de carnaval e recitais de música. Pelo teor dos filmes lá exibidos, “verdadeiros atentados à moral e ao decoro públicos”, foi censurado (A Batalha, 17 de março 1931, terceira coluna).

 

 

Em 1937, arrendado por Vital Ramos de Castro (1879 – 1958), cineasta e empresário do ramo cinematográfico, o Phenix foi inaugurado como Ópera, uma nova casa de diversões. Ainda em 1937 passou a chamar-se Cine Theatro Ópera (Correio da Manhã, 15 de junho de 1937, penúltima coluna; Beira- Mar, 14 de agosto de 1937Diário Carioca, 19 de setembro de 1937, antepenúltima coluna; penúltima colunaA Nação, 9 de outubro de 1937, segunda colunaCorreio da Manhã, 27 de março de 1938). Não seria a primeira vez que os caminhos de Vital e Staffa se encontravam: em 1927, o Cine Parisiense, que era, como já mencionado, de Staffa, foi comprado por ele.

 

 

Vital foi o proprietário do Circuito independente Vital Ramos de Castro,  que chegou a ter vinte salas de cinema no Rio de Janeiro, entre eles o Cine Plaza, na Cinelândia, o Cinema Olinda, na Praça Sans Penha, que foi a maior sala de cinema que já existiu no Rio de Janeiro; o Cinema Colonial, futura Sala de Teatro Cecília Meirelles e o Cine Ritz, em Copacabana.

 

 

Em 1944, com o apoio do então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), voltou a ser teatro e foi reaberto com a encenação pela companhia de Bibi Ferreira (1922 – 2019) da peça Sétimo Céu, do dramaturgo norte-americano Austin Stroug (1881 – 1952) (Gazeta da Manhã, 15 de abril de 1943, quarta colunaJornal do Commercio, 20 de maio de 1944, terceira colunaGazeta da Manhã, 15 de julho de 1944, penúltima coluna; Jornal do Commercio, 17 e 18 de julho de 1944, quarta colunaJornal do Commercio, 20 de de julho de 1944). Nele se apresentaram, dentre outros, o Teatro do Estudante, de Paschoal Carlos Magno (1906 – 1980); Sandro Apolônio (1921 – 1995), Maria Della Costa (1926 – 2015) e Henriette Morineau (1908 – 1990).

Em 1948, Vital Ramos de Castro entrou com uma ação de despejo contra o grupo teatral de Sandro Apolônio que se apresentava no Phenix com a peça Estrada do Tabaco (A Scena Muda, 15 de junho de 1948, página 3 e página 24A Scena Muda, 8 de março de 1949).

 

 

Foi fechado, em 1951, e totalmente demolido entre 1957 e 1958. Assim se encerrava um capítulo da história do teatro no Rio de Janeiro (Jornal, 2 de dezembro de 1950, segunda colunaJornal do Commercio, 15 e 16 de janeiro de 1951, penúltima colunaJornal, 2 de dezembro de 1950, segunda coluna; Correio da Manhã, 6 de dezembro de 1957, quarta colunaJornal do Commercio, 27 de dezembro de 1957, sétima colunaCorreio da Manhã, 8 de julho de 1958, última coluna).

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BULCÃO, Clóvis. Os Guinle: a história de uma dinastia. Rio de Janeiro : Intrínseca, 2015.

BATISTA, Antonio José de Sena. Arquitetos sem halo: a ação dos escritórios M.M.M.Roberto e Henrique Mindlin Arquitetos Associados. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social da Cultura, do Departamento de História da PUC-Rio, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História, março de 2013.

CATTAN, Roberto Correia de Mello. A Família Guinle e a Arquitetura do Rio de Janeiro Um capítulo do ecletismo carioca nas duas primeiras décadas do novecentos. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História do Departamento de História da PUC-Rio, novembro de 2013.

CAVALCANTI, Lauro, org., Quando o Brasil Era Moderno Artes plásticas no Rio de Janeiro 1905-1960, Rio de Janeiro : Aeroplano Editora, 2001.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARCHESAN, Luiz Gonzaga. Antonio Cândido na revista Texto.

MORAES, Frederico. Cronologia das Artes Plásticas no Brasil 1816-1994. Rio de Janeiro : Topbooks, 2001.

Site Clube Naval

Site Estilos Arquitetônicos

Site Inepac

Veja Rio

Youtube – O LUXUOSO PALACE HOTEL DOS PRESIDENTES E ARTISTAS MODERNISTAS

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 2021

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro, publicado em 27 de março de 2023

Dia do Cinema Brasileiro, publicado em 19 de junho de 2023

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 15 de fevereiro de 2024

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro

Com imagens produzidas por Antônio Caetano da Costa Ribeiro (18? – 19?), Augusto Malta (1864 – 1957), Guilherme Santos (1871 – 1966) e por um fotógrafo ainda não identificado, a Brasiliana Fotográfica conta um pouco da história do luxuoso Palace Hotel, tema do 24º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido. Diversas exposições de fotografia e de pintura foram realizadas no Palace, tornando-o um pólo da vanguarda artística do Brasil, tema da poesia Rondó do Palace Hotel, de Manoel Bandeira.  O escritório Januzzi e Irmão foi responsável por seu projeto e também pelo do Teatro Phenix – aprovado em 14 de novembro de 1906 -, dois empreendimentos da família Guinle. O Teatro Phenix, contiguo ao Palace, será tema de um futuro artigo do portal.

 

 

Convidamos nossos leitores a explorar as fotografias com a ferramenta zoom e, a partir daí, fazer um passeio pelo Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX, observando mais de perto a paisagem urbana carioca e seus personagens.

Acessando o link para as fotografias do Palace Hotel, na avenida Rio Branco, disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Um pouco da história do Palace Hotel

 

 

Localizado na Avenida Central , número 185, esquina com a rua Almirante Barroso, o Palace Hotel ficava na espinha dorsal do mundo das compras e do lazer dos elegantes, dos negócios e da cultura da então capital federal. Ficava no ponto mais nobre da avenida, onde também estavam situados os prédios do Jockey Club, projeto do arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), inaugurado em 1913 e demolido na década de 1970; e do Clube Naval, projetado pelo italiano Tommaso Bezzi (1844 – 1915), executado por Heitor de Mello, inaugurado em 1910, e tombado em 1987 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.

A linha central da avenida havia sido inaugurada pelo presidente Rodrigues Alves (1848 – 1919), em 7 de setembro de 1904 (O Paiz, 8 de setembro de 1904, na sexta coluna, sob o título “Avenida Central” e Gazeta de Notícias, de 8 de setembro de 1904, na última coluna). No ano seguinte, 1905, sob um temporal, a avenida foi aberta oficialmente, em 15 de novembro (O Paiz, 16 de novembro de 1905, na quinta coluna, sob o título “15 de Novembro”).

 

 

A abertura da avenida foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca, que tornou o Rio uma cidade cosmopolita, moderna. A Avenida Central inaugurou um novo eixo da cidade em direção ao mar, a orla foi embelezada com a Avenida Beira-Mar, aberta em 1906, e a cidade, antes portuária, incorporou à sua vida urbana as praias de CopacabanaIpanema e Leblon.

 

 

O nome da Avenida Central foi mudado, por decreto, em 15 de fevereiro de 1912, para Avenida Rio Branco, uma homenagem ao diplomata e ministro das Relações Exteriores do Brasil, o barão de Rio Branco ( 1845 – 1912), que havia falecido cinco dias antes (O Paiz, 16 de fevereiro de 1912, sob o título “Barão do Rio Branco”).

No Álbum da Avenida Central, lançado em 1907 pelo fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), havia desenhos das fachadas do Palace, que ficava na avenida, e do Teatro Phenix, contiguo ao hotel, na Almirante Barroso, ainda Barão de São Gonçalo. Tanto o hotel como o teatro chamavam-se Avenida e fazian m parte do prédio 1885-187-189-191. Nenhum dos dois estava construído quando o álbum foi produzido, portanto não puderam ser fotografados. Quando foram construídos passaram a chamar-se Palace Hotel e Theatro Phenix. Esse álbum é um importante registro da reforma da principal via da então capital federal, onde ele contrapôs reproduções das plantas às fotografias das fachadas de cada edifício documentado. Esse tipo de fotografia foi fundamental para a construção e para a difusão de uma nova imagem do Rio de Janeiro, uma imagem associada aos ideais de civilização e progresso.

 

 

 

O Palace Hotel pertencia a Eduardo Palassin Guinle (1846 – 1912), patriarca de sua influente e abastada família. As obras do hotel foram concluídas em torno de 1915 e ele foi inaugurado, em julho de 1919. Foi o ponto de encontro da elite carioca, de celebridades nacionais e internacionais, além de ter sido o palco de diversos e importantes eventos culturais e mundanos. Na época, o Rio de Janeiro era tanto pólo de atração como modelo para as capitais estaduais.

 

 

Foi o primeiro empreendimento da família Guinle gerenciado pelo empresário Octávio Guinle (1886 – 1968), filho de Eduardo. O negócio contava com a sociedade do barão de Saavedra (1890 – 1956) e de Francisco Castro e Silva (18? – 19? que juntos comandavam a Companhia Hotéis Palace, fundada em 1919, mesmo ano da inauguração do Palace. Marcou o início de uma nova fase da indústria hoteleira no Rio de Janeiro. Eles também construíram o Copacabana Palace Hotel, quintessência do glamour carioca, inaugurado em 13 de agosto de 1923.

 

 

Pouco depois da inauguração do Palace Hotel foi realizado um grande banquete em um dos seus salões para autoridades que estavam no Rio de Janeiro para a posse do presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942) (O Paiz11 de julho de 1919, primeira coluna20 de julho de 1919, segunda colunaCorreio da Manhã, 30 de julho de 1919, antepenúltima coluna). Antes de se instalarem no Palácio do Catete, muitos  presidentes da República eleitos se hospedavam lá até o dia da posse. Washington Luis (1896 – 1957) esteve, em 1926, no quarto 309, e para o mesmo quarto voltou depois de seu exílio, 15 anos depois.

O Palace possuía 8 andares, servidos por seis elevadores, com 250 quartos de dormir. Sua imagem está mais próxima dos modelos dos palácios urbanos italianos, do barroco ou mesmo de exemplos maneiristas, inspirados na matriz renascentista de Florença. Sofreu uma intervenção do arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933), provavelmente durante a década de 20. Gire foi o responsável pelos projetos dos hoteis Gloria (1922) Copacabana Palace (1923), dentre vários outros emprendimentos no Rio de Janeiro.

 

 

“Todos os quartos tem água quente e fria e o estylo do mobiliário é de muito bom gosto. A Empresa fez ligar para todos os quartos 10 linhas principaes de telephones. A sala de jantar, situada no sétimo andar, esta ricamente decorada, podendo conter 500 pessoas. As suas grandes janellas de sacada conduzem a grandes terraços com vista para a cidade e Bahia, tocando durante todas as refeições uma orchestra de primeira classe. O estabelecimento é dirigido segundo systema europeu, e tem serviço de cozinha irreprehnsível. O hotel tem ainda espaçosos salões de leitura, de visitas, recepção, baile, sala de concertos, bibliotheca, barbeiro, etc., etc. Na cave do edifício há grande stocks dos melhores vinhos. A Companhia emprega 230 pessoas. Todo o pessoal em contacto com os hospedes falla portuguez, inglez, francez, italiano, espanhol e allemão. Para o serviço de cosinha emprega 60 cosinheiros. A direção do hotel está entregue ao Snr. Jean Paul, da Dinamarca, tendo este senhor uma larga experiência nos hotéis das principaes cidades de Europa e dos Estados Unidos da América do Norte”.

Enciclopédia Comercial, Globe Encyclopedia Company, 1924, London.

 

Segundo o diplomata Maurício Nabuco (1891 – 1979) em seu livro Reflexões e reminiscências, o Palace Hotel teria sido a primeira grande hospedaria do Brasil e se tornado o centro de jovens casais. Em seu bar teria nascido o hábito de se tomar um aperitivo elegante à hora do jantar.  Ainda sobre o bar: sua entrada independente teria atraido, segundo Lucia Meira Lima, as mais formosas “francesas” que aqui aportaram e despertavam paixões entre a jeunesse dorée e os balzaqueanos das décadas de 1920 e 1930. Outros ambientes requintados do hotel eram o Salão Nobre, o Salão de Leitura e o Jardim de Inverno, que antecedia o salão que mais tarde abrigaria as exposições promovidas pela Associação dos Artistas Brasileiros (AAB), localizado ao fundo.

Várias homenagens, chás dançantes, recitais, almoços e jantares, bailes de carnaval eram realizados em seus salões. Foi no Palace Hotel que a poetisa gaúcha Iveta Ribeiro  (1886 – 1962) apresentou a revista Brasil Feminino, que dirigia (Revista da Semana, 6 de fevereiro de 1932).

 

 

 

 

 

 

Funcionou até 15 de setembro de 1950, quando o gerente sr. Rubens Bokel de Freitas mandou que fosse cerrada em definitivo a porta principal daquele estabelecimento, conforme informado no artigo O fim de uma época, de João Martins, publicado na revista O Cruzeiro, 7 de outubro de 1950. Teve seus bens leiloados. Foi demolido entre 1950 e 1951 (O Jornal, 17 de setembro de 1950, primeira coluna; Jornal do Brasil, 24 de setembro de 1950Jornal do Brasil, 5 de novembro de 1950, penúltima colunaJornal do Brasil, 20 de janeiro de 1951).

 

 

Em seu lugar foi erguido o Edifício Condomínio Marquês do Herval, projeto do escritório MMM Roberto, dos irmãos arquitetos Maurício, Marcelo e Milton; e uma das principais construções de arquitetura modernista do Rio de Janeiro. Foi inaugurado, em 1956,  com 36 andares, 35 mil metros quadrados de área construída e 600 unidades, incluindo as lojas e sobrelojas.

 

Edifício Marquês do Herval

Edifício Marquês do Herval

 

 

O Palace Hotel como referência de vanguarda artística

 

Foi uma referência da vanguarda artística desde os primeiros anos da década de 1920. Diversas exposições de pintura e fotografia aconteceram em seus salões.

 

Algumas exposições de fotografia realizadas no Palace Hotel

 

Algumas importantes exposições de fotografia aconteceram no Palace Hotel, dentre elas, o Salão do Branco e Preto, e uma de águas- fortes photographicas de Fernando Guerra Duval (18? – 1959), em outubro de 1932 (Revista da Semana, 8 de outubro de 1932O Malho, 15 de outubro de 1932).

 

 

 

Em outubro de 1933, realizou-se outra exposição de Fernando Guerra Duval (18? – 1959), um dos fundadores, em 1923, do Photo Club Brasileiro, uma associação de fotógrafos, no Rio de Janeiro, formada pelos associados do Photo Club do Rio de Janeiro, fundado em 1910, que se juntaram a fotógrafos de arte para debater as relações entre fotografia e arte. O Photo Club Brasileiro promovia cursos, concursos, exposições e excursões. Publicou as revistas Photo Revista do Brasil (1925 – 1926) e Photogramma (1926 – 1931). Também organizava salões anuais, o primeiro deles inaugurado em 4 de julho de 1924, no Liceu de Artes e Ofícios (Artigo de Fernando Guerra Duval, na Gazeta de Notícias, 9 de julho de 1924), além de divulgar novas técnicas e estéticas, mantendo correspondência com sociedades internacionais de fotografia. Até o fim da década de 1940, foi uma instituição fundamental na difusão da ideia da fotografia como arte. Uma matéria da revista Para Todos, de 17 de setembro de 1927, sobre a quarta exposição anual do Photo Club, ilustrava essa função primordial da associação. Alguns de seus membros de destaque foram Alberto Friedmann, Barroso Neto, Herminia Borges, João Nogueira Borges, Oscar de Teffé e Silvio Bevilacqua. Foi um reduto do pictorialismo.

 

 

Fernando, símbolo de elegância e frequentador dos mais requintados e intelectualizados salões cariocas desde as primeiras décadas do século XX, foi também poeta, ator e barítono. Foi casado com Stella de Carvalho Guerra Duval (1879 – 1971), fundadora da Pró-Matre e também da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, ao lado de Bertha Lutz  (1894 – 1976) e Jerônima Mesquita (1880 – 1972), dentre outras. Em 1939, era o presidente da Associação dos Artistas Brasileiros, cuja sede era o Palace Hotel. Em 1942, era seu coordenador-geral. Faleceu em novembro de 1959 (A Rua, 25 de outubro de 1916, última coluna; Vida Doméstica, junho de 1927O Paiz, 22 e 23 de setembro de 1930, penúltima colunaRevista da Semana, 7 de outubro de 1933; O Imparcial, 31 de julho de 1935, terceira colunaFon Fon, 2 de dezembro de 1939; O Malho, novembro de 1942; Correio da Manhã, 5 de dezembro de 1959, penúltima coluna).

 

 

Em 1935, foi realizada a Exposição Fotográfica do Touring Club do Brasil (Revista da Semana, 14 de dezembro de 1935).

 

 

Em 1937, realizou-se o Salão Pinturial Fotográfico (Revista da Semana, 30 de outubro 1937).

 

 

Em 1938, foram as seguintes as exposições de fotografia no Palace:

 

 

Em outubro de 1939, realização de mais um Salão em Preto e Branco.

 

 

No mês seguinte, no dia 4, foi inaugurada a exposição fotográfica de Jorge de Castro (? – 19?) intitulada Clichês, no Palace Hotel.  Foram exibidas imagens de paisagens rurais, de árvores, de habitações, de recantos poéticos do Rio de Janeiro, além de retratos de pessoas anônimas e também de registros do maestro Villa-Lobos, dos poetas Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Murilo Nery e Oswald de Andrade;, dos escritores Anibal Machado, Jorge Amado e José Lins do Rego; da pintora Adagisa Nery, do ministro Gustavo Capanema, dentre outros (Correio da Manhã, 4 de novembro de 1939, primeira coluna; Revista da Semana, 18 de novembro de 1939).

 

 

“Fundamentalmente realista, amando as visões da vida, ele as interpreta, porém, captando o momento e o ângulo rico ou compondo o ambiente em que a realidade capitula diante da luz e se converte numa expressão sugestiva e bela”.

Mário de Andrade sobre Jorge de Castro na crônica O homem que se achou,

1940

 

Algumas exposições de pinturas realizadas no Palace Hotel

 

 

… como a de artistas da Escola de Paris, trazida ao Brasil, em 1930 por Vicente do Rego Monteiro e Géo-Charle; a exposição de Arquitetura Tropical, em 1933; o Salão dos Novos, em 1926; o Salão de Maio, em 1936; Além das primeiras individuais de Cícero Dias, em 1928; Ismael Nery, Portinari e Tarcila do Amaral, em 1929; Bruno Lechovski, em 1931; e outras de Scliar, Segall, Armando Viana, Waldemar da Costa, Kaminagai, Nivouliés de Pierrefort, Manuel Constantino, Colette Pujol, Dimitri Ismailovitch etc. Na década de 50, o Palace Hotel seguia realizando exposições, porém menos significativas e provavelmente sem o aval da Associação dos Artistas Brasileiros.

Cronologia das Artes Plásticas no Brasil 1816-1994

 

 

De Ismael Nery, Exposição Foujita no Palace Hotel - 1931

De Ismael Nery, Exposição Foujita no Palace Hotel – 1931

 

O primeiro registro de uma exposição realizada no Palace é de 1923 quando Sylvia Meyer (1889 – 1955) mostrou, em um de seus salões, retratos em pastel que foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público. Foi sua primeira exposição individual. Voltou a expor no Palace Hotel, em 1932, e a poetisa e feminista Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971), uma das organizadoras do I Salão de Arte Feminina, em 1931, escreveu uma crítica muito favorável à artista (Diário de Notícias, 9 de outubro de 1932, primeira coluna).

 

 

A partir de 1929, o Palace Hotel sediou muitas exposições sob o patrocínio da Associação dos Artistas Brasileiros (AAB), fundada por iniciativa dos artistas plásticos e irmãos Armando e Mário Navarro Costa, e pelo jornalista, escritor, dramaturgo, professor, historiador e crítico de arte Celso Kelly (1906 – 1979). A Associação dos Artistas Brasileiros surgiu a partir do convívio de artistas plásticos dos mais variados ramos durante o 1º Salão dos Artistas Brasileiros, sediado no salão nobre da Biblioteca Nacional, em 1928. Sua sede, após passar pelo Liceu e Artes e Ofícios e pelo Teatro Cassino, passou a ser, em fins de 1929, o Palace Hotel, onde promoveu exposições antológicas.

Além das já citadas exposições, o Palace Hotel também recebeu, em 1927, uma exposição conjunta de Oswaldo Goeldi (1895 – 1961) com o príncipe russo Paulo Gagarin (1885 – 1980); de Tarsila do Amaral (1886 – 1973), em 1929; de Gilberto Trompovski (1908 – 1982), em 1930; de Levino Fânzeres (1884 – 1956), em 1931; de Haydéa (1896 – 1980) e Manoel Santiago (1897 – 1987) e de Eugenio Latour (1874 – 1942), em 1932; de Hernani do Irajá (1895 – 1969), de Georgina de Albuquerque (1895 – 1962), de Olga Mary (1891 – 1963) e Raul Pedrosa (1892 – 1962), de Oswaldo Teixeira (1905 – 1974) e do francês Marcel Féguide (1888 – 1968), em 1933; do retratista português Henrique Medina (1901 – 1988), do polonês Konstanty Brandel (1880 – 1970), do italiano José Boscagly (1862 – 1945), em 1935; de alunos de Cândido Portinari (1903 – 1962), em 1936; de Alberto da Veiga Guignard (1896 – 1962), de Sarah Villela de Figueiredo (1903 – 1958), em 1938; dentre inúmeras outras.

 

 

A já mencionada exposição organizada por Vicente do Rego Monteiro (1899 – 1970), foi a primeira mostra de arte moderna europeia na América do Sul e congregou obras de artistas do calibre de Fernand Léger (1881 – 1955), Georges Braque (1882 – 1963), Pablo Picasso (1881 – 1973) e Raoul Dufy (1877 – 1953).

 

 

 

 

Foi também no Palace Hotel que o mundialmente famoso arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright (1867 – 1959) proferiu sua  última palestra da temporada que passou no Rio de Janeiro, entre 2 e 24 de outubro de 1931.

Segundo Adriana Marta Irigoyen de Toucedo:

arquiteto

 

O Palace Hotel foi personagem de uma das poesias do grande Manuel Bandeira (1886 – 1968) que revelou, em uma entrevista ao cronista Paulo Mendes Campos (1922 – 1991), publicada na Revista Província de São Pedro, em 1949, que ela referia-se à Lembrança de uma farra de Carnaval com Cícero Dias no saguão do Palace HotelRondó do Palace Hotel foi publicada no livro Estrela da Manhã (1936).

 

 

 

Rondó do Palace Hotel

por Manuel Bandeira

No hall do Palace o pintor
Cícero Dias entre o Pão
De Açúcar e um caixão de enterro
(É um rei andrógino que enterram?)
Toca um jazz de pandeiro com a mão que o Blaise Cendrars perdeu na guerra.

Deus do céu, que alucinação!
Há uma criatura tão bonita
Que até os olhos parecem nus:
Nossa Senhora da Prostituição!
-“Garçom, cinco martínis!” Os
Adolescentes cheiram éter
No hall do Palace.

Aqui ninguém dá atenção aos préstitos
(Passa um clangor de clubes lá fora):
Aqui dança-se, canta-se, fala-se
E bebe-se incessantemente
Para esquecer a dor daquilo
Por alguém que não está presente
No hall do Palace.

 

 

 

Andrea C.T. Wanderley

Editora e Pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

 

BULCÃO, Clóvis. Os Guinle: a história de uma dinastia. Rio de Janeiro : Intrínseca, 2015.

BATISTA, Antonio José de Sena. Arquitetos sem halo: a ação dos escritórios M.M.M.Roberto e Henrique Mindlin Arquitetos Associados. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social da Cultura, do Departamento de História da PUC-Rio, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em História, março de 2013.

CATTAN, Roberto Correia de Mello. A Família Guinle e a Arquitetura do Rio de Janeiro Um capítulo do ecletismo carioca nas duas primeiras décadas do novecentos. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História do Departamento de História da PUC-Rio, novembro de 2013.

CAVALCANTI, Lauro, org., Quando o Brasil Era Moderno Artes plásticas no Rio de Janeiro 1905-1960, Rio de Janeiro : Aeroplano Editora, 2001.

COSTA, Helouise. Pictorialismo e Imprensa: O Caso da Revista O Cruzeiro (1928-1932). In: FABRIS, Annateresa (org.). Fotografia:  Usos e Funções no Século XIX. 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. (Texto & Arte, 3).

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARCHESAN, Luiz Gonzaga. Antonio Cândido na revista Texto.

MENDES, Ricardo org. Pensamento crítico em fotografia – Antologia Brasil – 1890 – 1930. FUNARTE, 2013.

MORAES, Frederico. Cronologia das Artes Plásticas no Brasil 1816-1994. Rio de Janeiro : Topbooks, 2001.

Site Clube Naval

Site Estilos Arquitetônicos

Site Inepac

SOARES, Débora Poncio. ENTRE APAGAMENTOS E LEMBRANÇAS: A artista Sylvia Meyer (1889 – 1955). Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de bacharel em História da Arte, 2021.

TOUCEDO, Adriana Marta Irigoyen de. Frank Lloyd Wright e o Brasil.  Dissertação de Mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, 2000.

XAVIER, Roger Ferreira. Os comediantes: da gênese à formulação do teatro do futuro (1938-1942). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Título de Mestre em Artes Cênicas. Linha de Pesquisa: História e Historiografia do Teatro e das Artes

Youtube – O LUXUOSO PALACE HOTEL DOS PRESIDENTES E ARTISTAS MODERNISTAS

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre hotéis

 

Hotéis do século XIX e do início do século XX no Brasil, publicado em 5 de novembro de 2015 , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O Hotel Glória – antes e depois, publicado em 21 de dezembro de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

Copacabana Palace, símbolo do glamour carioca, publicado em 13 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, publicado em 15 de junho de 2022, publicado em 13 de agosto de 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O centenário do Copacabana Palace, quintessência do “glamour” carioca, e seu criador, o arquiteto francês Joseph Gire, publicado em 13 de agosto de 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXI – O Chafariz do Largo da Carioca

 

 

Com registros dos fotógrafos Augusto Malta (1864 – 1957)Guilherme Santos (1871 – 1966) e Marc Ferrez (1843 – 1923), o Chafariz do Largo da Carioca é o tema do 21º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido. Teve sua pedra fundamental lançada em 5 de fevereiro de 1832 e começou a funcionar em 7 abril de 1834 (Brasil, Ministério do Império, 1833 e  1834Jornal do Commercio, 8 de abril de 1834, última coluna). Seu projeto é quase sempre atribuido exclusivamente ao arquiteto francês Grandjean de Montigny (1776 – 1850), membro da Missão Artística Francesa. Porém, segundo Brasil Gerson, o autor principal do projeto do chafariz teria sido o coronel e engenheiro lisboeta Joaquim Cândido Guilhobel (1787 – 1859), que havia sido aluno de Montigny no curso de Arquitetura da Academia Imperial de Belas Artes e que, em 1831, tornou-se professor de Desenho da Academia Militar (Império do Brasil: Diário Fluminense, 31 de maio de 1931, última coluna).

 

 

 

Tinha 35 bicas para o abastecimento de água da população, tanques para as lavadeiras e um bebedouro de animais. Foi demolido entre 1925 e 1926, na administração do prefeito Alaor Prata (1882 – 1964) (O Imparcial, 19 de agosto de 1925, terceira coluna).

 

 

Acessando o link para as fotografias do Chafariz do Largo da Carioca disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Foi o terceiro chafariz do Largo da Carioca: o primeiro, com 12 bicas de bronze, foi inaugurado, em 1723, durante o governo de Aires de Saldanha e Albuquerque (1681 – 1756); e, o segundo, provisório e de madeira, com 40 bicas, em 1830 (Jornal do Commercio, 24 de maio de 1830, primeira coluna).

 

 

Sob a alegação de motivos de trânsito que determinariam a necessidade de alargamento do Largo da Carioca, foi realizada a demolição do Chafariz de Grandjean de Montigny, iniciada em 11 de setembro de 1925. Foi informado que o chafariz seria rearmado em um recanto da Quinta da Boa Vista de acordo com suas disposições antigas (O Imparcial, 12 de setembro de 1925, última coluna). A demolição começou sob a supervisão do engenheiro Ângelo Barata, da Prefeitura do Rio de Janeiro. Segundo artigo da advogada e jornalista feminista Orminda Ribeiro Bastos (1899 – 1971), publicado em O Paiz, de 28 de outubro de 1927, a demolição foi dirigida por Maria Esther Correia Ramalho, uma das primeiras engenheiras do Brasil, da turma de 1922 da Escola Politécnica da Universidade do Brasil.

 

 

Houve reações contrárias como a do escritor e crítico de arte e arquitetura, José Marianno Filho (1881 – 1946), na época presidente da Associação Nacional de Belas Artes; e dos escritores Coelho Netto (1864 – 1934) e Escragnolle Doria (1869 – 1948). A demolição chegou a ser suspensa devido a uma ação impetrada pelos padres do Convento de Santo Antônio (O Imparcial20 de agosto21 de agosto26 de setembro, 9 de outubro de 1925; 2 de abril de 1926; O Paiz, 25 de outubro de 1925, sexta coluna; Correio da Manhã, 15 de janeiro de 1926, quarta coluna; Revista da Semana, 26 de setembro de 1925; Universal, 26 de agosto de 1925).

 

“O passado é o pesadelo do presente. Os artistas de hoje temem-lhe o confronto”. 

José Marianno Filho sobre a demolição do Chafariz do Largo da Carioca

 

 

 

 

 

 

Já o professor Raul Lessa de Saldanha da Gama (1882 – 1945), da Escola Nacional de Belas Artes, foi a favor da decisão do prefeito Alaor Prata (Gazeta de Notícias, 24 de novembro de 1925).

 

 

Segundo editorial de O Imparcial, a demolição do chafariz não melhorou o trânsito no local e deixou uma área sem calçamento, inútil e horrivelmente feia (O Imparcial, 2 de abril de 1926).

 

 

Sua demolição causou falta de água para os trabalhadores (O Imparcial, 6 de março de 1927).

 

 

 

 

Andrea C.T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Blog As Histórias dos Monumentos do Rio

Dunlop, Charles Julius. Rio Antigo. Rio de Janeiro: Editora Rio Antigo, 1963.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

ROSA, Francisco Ferreira da. Rio de Janeiro em 1922-1924. Rio de Janeiro: Typographia do Annuario do Brasil (Almanak Laemmert), 1924. 222 p. (Coleção Memória do Rio 3 – Reprodução).

Site Biblioteca do IBGE

Site Enciclopédia Itaú Cultural

Site Mulher 500 anos atrás dos panos

Site Multirio

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura

No 20º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido, o tema é o prédio que abrigou o Ministério da Agricultura, construído em 1922 para sediar o Pavilhão dos Estados, na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, realizado no Rio de Janeiro. Localizava-se na Praça XV, ao lado do Museu Histórico Nacional, entre o Largo da Misericórdia e a Ladeira da Misericórdia. As fotografias são de Carlos Bippus (18? – 19?) e do alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro entre 1903 e 1936.

De traço eclético, o estilo do edifício foi inspirado na Renascença Francesa e seu projeto foi do escritório do arquiteto Hippolyto Pujol Júnior (1880 – 1952). Tinha cinco andares, uma área aproveitável de 6.192 metros quadrados para os expositores dos estados e uma torre de 45 metros, onde aconteceu uma exposição de jóias. Apesar de se chamar Pavilhão dos Estados, a maior parte dos produtos exibidos era procedente de São Paulo.  Na época de sua inauguração causou deslumbramento em seus visitantes (Jornal do Brasil, 22 de dezembro de 1921, sexta coluna;  Jornal do Commercio, 26 de outubro de 1922, quarta coluna).

 

 

“…a atenção é despertada pelo belo edifício construido em alvenaria, sobre ossatura de cimento armado, destinado ao Palácio dos Estados: projeto e execução do conhecido arquiteto paulista H. Pujol Junior. É um edifício de linhas severas, obedecendo ao mesmo estilo antigo e que no conjunto dá no seu autor mais uma vitória na vida incerta do artista” (Jornal do Brasil, 13 de agosto de 1922, penúltima coluna).

 

 

Um ano após a realização da exposição, o prédio foi cedido ao Ministério de Agricultura. Com a transferência, em 1960, da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, o edifício ficou cerca de 15 anos esquecido. Arquitetos modernistas, dentre eles Lucio Costa (1902 – 1998), se engajaram, na década de 1970, em uma campanha para a demolição de diversas edificações do Rio Antigo e o eifício do Ministério da Agricultura foi um dos alvos. Segundo um parecer de Lúcio Costa, de 1972, a demolição daquela almanjarra de concreto lhe seria do maior agrado. Em outro parecer, de 1978, afirmava que Por sua falta de estilo, por sua desproporção, por sua feiura congênita, já nasceu bastardo. Finalmente, em julho de 1978, o prédio começou a ser demolido (Revista Época, 2 de março de 2005Jornal do Brasil, 6 de julho de 1978, última coluna).

 

 

O arquiteto e engenheiro Hippolyto Gustavo Pujol Junior nasceu em 7 de maio de 1880, em Mendes, no estado do Rio, e formou-se na Escola Politécnica de São Paulo, aonde foi, posteriomente, professor.

 

 

Fundou com os engenheiros engenheiros Paulo Cavalheiro e Alcides Barbosa, em 24 de junho de 1899, um laboratório anexo à Escola Politécnica, que se tornaria o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo.

 

 

Participou da Revolução Constitucionalista de 1924. Faleceu em 26 de agosto de 1952 (O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1952, página 18; e 9 de julho de 1957, página 24).

 

O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1952

O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1952

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

História dos Monumentos

MEDEIROS, Luana Ladislau. A Exposição Internacional do Rio de Janeiro de 1922: José Mariano Filho e sua reinvenção das tradições. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto Multidisciplinar Departamento de História e Economia, 2014.

O Estado de São Paulo

Revista Época, 2 de março de 2005

RIBEIRO, Fernanda Azevedo. A Exposição Internacional do Centenário da Independência de 1922: processo de modernização e legado para a cidade do Rio de Janeiro. Universidade Federal Fluminense– UFF Escola de Arquitetura e Urbanismo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2014.

Site Arquivo Arq

Site Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Site Rio Memória

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XIX – A Igrejinha de Copacabana

o 19º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido, o tema é a bucólica e bela Igrejinha de Copacabana, que ficava no topo de um morro no Posto 6, e deu nome a uma das mais famosas praias do mundo. Foi desapropriada e demolida, entre 1918 e 1919. As fotografias são de autoria do alagoano Augusto Malta (1864 – 1957) e de um fotógrafo ainda não identificado, que retratou o promontório em que ficava a igreja e onde atualmente se encontra o Forte de Copacabana. Mais uma vez, lembramos do zoom, ferramenta oferecida pelo portal, que proporciona ao leitor uma possibilidade de se aproximar da imagem e explorá-la mais detalhadamente.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Igrejinha de Copacabana disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Sabe-se que a Igrejinha de Copacabana já existia na primeira metade do século XVIII. Segundo Charles Julius Dunlop (1908–1987), escritor e entusiasta do Rio Antigo, em 1746:

“Regressava o bispo frei Antônio do Desterro de uma viagem a angola, quando, à entrada da baía, o nvaio que o conduzia, colhido por uma forte tempestade, foi impelido até fora da barra. No momento do perigo, vendo de longe a Igrejinha, em destroços, o bispo implorou o amparo de Nossa Senhora de Copacabana, prometendo restaurá-la se o mar enfurecido não o tragasse. Salvou-se e cumriu a promessa, reconstruindo o santuário.”

 

 

Na segunda metade do século XVIII, foi novamente restaurada e, no início do século XX, sua Missa do Galo era muito concorrida. Como já mencionado, a Igrejinha de Copacabana ficava no promontório onde hoje se encontra o Forte de Copacabana, cuja pedra fundamental foi lançada em 5 de janeiro de 1908, quando o presidente do Brasil era Afonso Pena (1847 – 1909) e o ministro da Guerra, o marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923), que já era o presidente da República na inauguração do Forte, em 28 de setembro de 1914 (Correio da Manhã, 6 de janeiro de 1908, terceira coluna; Correio da Manhã, 29 de setembro de 1914, quinta coluna) .

Cerca de quatro anos depois da inauguração do Forte, a Igrejinha de Copacabana foi adquirida pelo Ministério da Guerra, conforme publicado no Decreto nº 12.924, de 20 de março de 1918, que a identificou como igreja de Ipanema. 

 

Decreto nº 12.924, de 20 de março de 1918

 

Abre ao Ministerio da Guerra o credito especial de 80:000$, para a acquisição da igreja de Ipanema, perto do forte de Copacabana.

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, usando da autorização contida na alinea IX do art. 52 da lei n. 3.454, de 6 de janeiro do corrente anno, resolve abrir ao Ministerio da Guerra o credito especial de 80:000$, para a acquisição da igreja de Ipanema, perto do forte de Copacabana.

Rio de Janeiro, 20 de março de 1918, 97º da Independencia e 30º da Republica.

WENCESLAU BRAZ P. GOMES.
José Caetano de Faria.

 

Foi publicado que o Ministério da Guerra pretendia destruir o pequeno templo e fazer construir em seus terrenos uma fortificação militar (O Paiz, 9 de julho de 1918, segunda coluna). A Igrejinha de Copacabana foi demolida entre 1918 e 1919. Segundo Dunlop, a imagem de Nossa Senhora de Copacabana foi recolhida pela família Tefé e levada à sua residência em Corrêas, Petrópolis.

 

 

Algumas imagens e um texto sobre a Igrejinha de Copacabana publicadas na imprensa do início do século XX

 

 

Sobre a imagem abaixo, o pesquisador Agenor Araújo Filho informou à Brasiliana Fotográfica ser de autoria do fotógrafo francês André-Charles Armeilla (c. 1853 – 1913). Encontra-se reproduzida na página 43 do livro Armeilla: um mestre esquecido da paisagem carioca. Armeilla chegou ao Brasil em torno de 1903, após trabalhar por cerca de 10 anos em Montevidéu, no Uruguai. No Rio de Janeiro, vendia fotos para a imprensa e foram publicadas em revistas como a Kosmos e a Careta. Algumas fotos de sua autoria da Biblioteca Nacional, do Jardim Botânico e do Teatro Municipal foram publicadas, em 1912, sem crédito, no livro Brasilien, Ein Land Der Zukunft (Brasil, Um País do Futuro). Segundo Agenor, no dia 15 de maio de 1913, o fotógrafofoi encontrado morto por um policial na rua Bento Lisboa, no Catete. Foi sepultado como indigente no cemitério de São Francisco Xavier, tendo morrido de uma moléstia não determinada. *

 

 

 

 

 

Texto sobre a Igrejinha de Copacabana, de autoria de Alice Lassance (18? – 19?), segundo o qual a pompa solene das catedrais não é tão comovente nem tão enternecedora como a singela poesia dessa igreja de pescadores (O Copacabana, 4 de julho de  1909)

 

 

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O Copacabana, 1909

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

* Esse parágrafo foi acrescentado ao artigo em 2 de maio de 2023.

 

Fontes:

Dunlop, Charles Julius. Rio Antigo. Rio de Janeiro: Editora Rio Antigo, 1963.

Editora Rio Antigo

FAZENDA, José Vieira. A Igrejinha de Copacabana in Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1919.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LAGO, Pedro Corrêa. Armeilla: um mestre esquecido da paisagem carioca. Rio de Janeiro : Capivara, 2020.

MOTA, Isabela; PAMPLONA, Patricia. Vestígios da paisagem carioca: 50 lugares desaparecidos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro ; Mauad X, 2019.

Site Ministério da Defesa – Exército Brasileiro

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XVIII – A Praça Onze

Devido à pandemia da Covid-19, o Carnaval carioca de 2022 foi adiado para abril e começa hoje. E a Praça Onze, um dos berços do samba, é o tema do 18º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido com  imagens tanto do Instituto Moreira Salles como da Fundação Biblioteca Nacional, fundadoras da Brasiliana Fotográfica, além de uma foto aérea do local pertencente ao Museu Aeroespacial, instituição parceira do portal.

 

 

Três delas foram produzidas por fotógrafos ainda não identificados, duas pelo fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966) – do chafariz e do monumento em homenagem a Getúlio Vargas -, e duas por Augusto Malta (1864 – 1957) – um panorama da praça e outra do cortejo fúnebre do prefeito Pereira Passos (1846 – 1913). Malta foi, de 1903 a 1936, o fotógrafo oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praça Onze disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

Conhecida como Praça Onze, seu nome oficial é Praça 11 de junho, uma homenagem à data em que foi travada a decisiva Batalha do Riachuelo, em 1865, na Argentina, durante a Guerra do Paraguai. Inicialmente, nas primeiras décadas do século XIX, em torno da época em que dom João VI chegou ao Brasil, era chamada de Largo do Rocio Pequeno.

 

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Em fins do século XIX, era o local da casa da lendária Tia Ciata (1854 – 1924), Hilária Batista de Almeida; na região da Pequena África do Brasil, expressão baseada numa afirmação do cantor e pintor Heitor dos Prazeres (1898 – 1966) se referindo à área que começava no Porto do Rio de Janeiro e abrangia os atuais bairros da Saúde, Estácio, Santo Cristo, Gamboa e Cidade Nova, até a Praça Onze de Junho. Foi lá que, a partir da década de 1870, a comunidade baiana se estabeleceu no Rio de Janeiro, fazendo da área um local de concentração de diversas manifestações da cultura afro-brasileira. Foi também na Pequena África que a Deixa Falar, considerada a primeira escola de samba, foi fundada, em 12 de agosto de 1928, pelos sambistas Bide, Mano Edgar, Brancura, Baiaco, dentre outros, além de Ismael Silva, que reivindicava a autoria da expressão escola de samba.

O músico João da Baiana (1887 – 1974) era filho de Prisciliana Maria Constança, e o também músico Donga (1871 – 1974), era filho de Amélia Silvana de Araújo, tias baianas da Pequena África. Eras irmãs-de-santo de Tia Ciata, no terreiro de João Alabá, um dos principais babalorixás do candomblé  no Rio de Janeiro. Havia também as tias Bebiana, Carmen e Mônica, dentre outras, que fizeram de suas casas pontos de referência e de convívio, que garantiram a manutenção das tradições africanas na cidade. Nessas casas eram cultuadas a música e a religiosidade afro-brasileira. Essas casas, principalmente a de Tia Ciata, foram espaços fundamentais para o florescimento da música popular carioca. Segundo depoimento de João da Baiana: “os velhos ficavam na parte da frente cantando partido-alto…os jovens ficavam no quarto cantando samba corrido. E no terreiro ficava o pessoal que gostava de batucada”.

Também no entorno da Praça Onze se instalaram imigrantes judeus – entre 1925 e 1935, principalmente – além de portugueses, espanhóis e italianos, tornando a região bastante cosmopolita.

 

 

Obras de modernização realizadas na região pela Prefeitura do Rio de Janeiro, nos anos 30, reduziram muito a Praça Onze de Junho. Logo no início da década de 40, durante o Estado Novo, o então presidente Getúlio Vargas (1882 – 1954) decidiu construir a avenida Presidente Vargas e, pelo projeto, os quarteirões entre as ruas Visconde de Itaúna e Senador Eusébio desapareceriam para sua abertura (O Malho, dezembro de 1941). Começaram as demolições. Inúmeras famílias foram desalojadas, prédios foram derrubados, dentre eles algumas construções históricas, como a Igreja de São Pedro dos Clérigos, que já foi tema de um dos artigos da série O Rio de Janeiro desaparecido. O segundo trecho da nova avenida foi concluído em 10 de novembro de 1942; e, em 10 de novembro de 1943, foi batizada de Presidente Vargas. Finalmente, em 7 de setembro de 1944, foi inaugurada (O Malho, dezembro de 1942, abril de 1943, dezembro de 1943; O País, 10 de novembro de 1943; Jornal do Brasil, 8 de setembro de 1944).

Na época da demolição, a Praça Onze não era apenas um logradouro carioca, mas uma espécie de bairro, pois englobava todas as ruas das imediações. Hoje, esta importante referência na história da formação do Rio de Janeiro, da cultura brasileira e da criação do samba, não existe mais, porém sua região continua sendo importante para o samba: o Sambódromo e o Terreirão do Samba, inaugurados em 1984 e 1991, respectivamente, estão localizados na área. Da Praça Onze resta um pequeno jardim, onde foi instalado um monumento em homenagem a Zumbi, em 1986.

 

Ouça aqui a música Praça Onze, de Herivelto Martins e Grande Otelo

Praça Onze

Herivelto Martins e Grande Otelo

Não vai haver mais Escola de Samba, não vai
Chora o tamborim
Chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro
Mangueira, Estação Primeira
Guardai os vossos pandeiros, guardai
Porque a Escola de Samba não sai

Adeus, minha Praça Onze, adeus
Já sabemos que vais desaparecer
Leva contigo a nossa recordação
Mas ficarás eternamente em nosso coração
E algum dia nova praça nós teremos
E o teu passado cantaremos

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

 

BUENO, Eduardo. TIA CIATA E A PRAÇA ONZE: COMO SURGIRAM AS ESCOLAS DE SAMBA

Diário do Rio – Avenida Presidente Vargas

Diário do Ri0 – Praça Onze

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

www.letras.mus.br/

MALAMUD, Samuel. Recordando a Praça Onze. 1ª edição, Rio de Janeiro, Editora Kosmos, 1988

MOURA, Roberto. Tia Ciata e a pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.

SILVA, Beatriz Coelho. Negros e Judeus na Praça Onze. A História que não ficou na memória. Rio de Janeiro : Bookstart, 2015.

Site Biblioteca Nacional

Site MultiRio

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Links para artigos sobre carnaval já publicados na Brasiliana Fotográfica

Imagem relacionada

 

O carnaval nas primeiras décadas do século XX, publicado em 5 de fevereiro de 2016

 

 

O carnaval do Cordão da Bola Preta, publicado em 9 de fevereiro de 2018

 

 

As Camélias Japonesas no carnaval de Alagoas pelas lentes do fotógrafo amador Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966, publicado em 21 de fevereiro de 2020

 

Cenas da folia em Manaus em 1913, publicado em 28 de fevereiro de 2020

 

 

Baile de Carnaval em Santa Teresa – Di Cavalcanti, Klixto e Helios Seelinger, na casa de Raul Pederneiras

 

 

Acessando o link para as fotografias de Carnaval disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos

No 17º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido o tema é a Igreja São Pedro dos Clérigos. As fotografias são de Marc Ferrez (1843 – 1923), o mais importante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX; e do alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro de 1903 a 1936. O cargo foi criado para ele pelo prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913).

Foi em 1733 que a Igreja São Pedro dos Clérigos começou a ser construída na região central do Rio de Janeiro, na esquina das ruas São Pedro, que na época chamava-se rua dos Carneiro, e dos Ourives, atual rua Miguel Couto. Utilizando a ferramenta zoom, o leitor poderá magnificar a imagem abaixo e ver claramente as placas indicando a rua do Ourives e a Drogaria Araújo Freitas & Cia, além do calçamento e dos detalhes arquitetônicos da igreja. Há ainda pedestres na rua e uma charrete.

 

 

O terreno onde foi construída a Igreja São Pedro dos Clérigos ou Igreja do Príncipe dos Apóstolos foi doado pelo irmão Franciso Barreto de Menezes, em 9 de outubro de 1732. Foi edificada pelo bispo dom Antonio Guadalupe, que também realizou uma doação particular. Ficou pronta em 1738 e era considerada uma jóia do barroco. Seu interior era decorado por um rico trabalho do mineiro Mestre Valentim (1745 – 1813), um dos principais artistas do Brasil colonial. Era propriedade da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos de São Pedro.

 

 

 

A autoria de seu projeto é controversa. Segundo a tese de doutorado de Luís Alberto Ribeiro Freire, A Talha Neoclássica na Bahia, Universidade do Porto, 2001:

O livro de tombo não nos informa, assim como nenhum outro documento encontrado nos arquivos da irmandade, da autoria do projeto da igreja. No entanto, Moreira de Azevedo cita o engenheiro militar Tenente-Coronel José Cardoso Ramalho como o autor do risco, baseando-se, para tanto, na tradição oral e numa informação que teria recebido diretamente de descendentes do referido militar, que teriam afirmado ser dele a autoria da igreja de São Pedro, assim como também a de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Souza Viterbo contestou esta autoria comprovando que o Tenente-Coronel somente teria se instalado na capitania do Rio de janeiro em 1738, portanto ao final já da construção. Apesar disso, constatou-se posteriormente que o tenente-coronel poderia, ainda assim, ter sido o autor do risco, pois durante dez anos antes de ter tomado posse de seu posto no Rio de Janeiro, a serviço do rei, escoltava constantemente as frotas que da metrópole vinham ao Brasil.”  

A igreja tinha uma planta elíptica, hoje só encontrada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Ouro Preto, Minas Gerais. É também uma das igrejas brasileiras que se enquadram na tipologia curvilínea barroca, assim como a da Lapa dos Mercadores, no Rio de Janeiro, e outras igrejas em Minas Gerais, dentre elas a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto; e a de São Pedro dos Clérigos, em Mariana.

 

 

 

 

 

O mineiro Manoel Vieira dos Santos tornou-se o benfeitor da igreja quando doou, em 1764, 42,000 cruzados para o estabelecimento de um coro de seis sacerdotes na igreja. No mesmo ano, o bispo Antonio do Desterro (1694 – 1773) concedeu a licença, declarando que a irmandade jamais poderia dispor do patrimônio e do rendimento para despesas estranhas àquela instituição.

Foi uma das primeiras igrejas tombadas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN -, criado em  em 13 de janeiro de 1937. O SPHAN é o atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. O tombamento deveria ser a garantia para sua conservação e permanência, porém a Igreja São Pedro dos Clérigos foi demolida, em 1944, durante o Estado Novo, devido à construção da avenida Presidente Vargas, um projeto de modernidade do governo de Getulio Vargas (1882 – 1954) que promulgou, em 29 de novembro de 1941, o Decreto-Lei 3866 de destombamento de bens do patrimônio histórico. Havia, na época, um pensamento segundo o qual resolver os problemas da cidade era solucionar seus problemas de tráfego.

 

 

DECRETO-LEI Nº 3.866, DE 29 DE NOVEMBRO DE 1941

Dispõe sobre o tombamento de bens no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional      

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,

       DECRETA:

       Artigo único. O Presidente da República, atendendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto pôr qualquer legítimo interessado, seja cancelado o tombamento de bens pertencentes à União, aos Estados, aos municípios ou a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, feito no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de acordo com o decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937.

       Rio de Janeiro, 29 de novembro de 1941, 120º da Independência e 53º da República.

Getulio Vargas
Gustavo Capanema

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 31.12.1941

Foi publicada a reportagem Vestígios da arte grega nos templos cariocas, com uma breve história e uma descrição da Igreja de São Pedro dos Clérigos e de suas raridades artísticas (Diário da Noite, 23 de julho de 1943).

 

 

Rodrigo de Melo Franco Andrade (1898–1969), diretor do SPHAN, tentou evitar a demolição. Houve uma grande polêmica, protestos de fiéis, de engenheiros, de historiadores e de arquitetos. O então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), pensou na possibilidade de deslocar o prédio da igreja para a lateral da avenida Presidente Vargas, utilizando-se, para este fim, rolos de concreto de 60 cm de diâmetro (Illustração Brasileira, agosto de 1943A Noite, 21 de setembro de 1943).

 

 

 

“O projeto consistia em substituir a parte inferior das paredes da igreja por concreto. Sob o concreto seriam colocados rolos que serviriam para deslocar a igreja até o outro lado da avenida. A Franki, uma empresa de fundações e infra-estrutural tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço. Mas aqui no Brasil surgiu a idéia de usar rolos de concreto, cujos estudos foram realizados pelo Prof. Fernando Lobo Carneiro”. 

Coisas da Arquitetura

 

 

 

 

Foi publicada uma matéria sobre as demolições já concluídas e as que ainda seriam realizadas para a abertura da avenida Presidente Vargas, dentre elas a da Igreja de São Pedro dos Clérigos (A Noite, 5 de novembro de 1943, primeira página, penúltima coluna página 3, sexta coluna). Instalou-se uma polêmica em torno da remoção (Diário da Noite, 1º de dezembro de 1943).

 

 

Dodsworth (1895 – 1975), começou a ser ridicularizado devido a esse projeto de deslocamento da igreja. Consultou a Franki, empresa de fundações e infra-estruturas, que tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço, sobre a garantia do transporte do prédio da igreja e o diretor da empresa disse que não poderia dar essa garantia devido à  heterogeneidade das paredes. Havia a possibilidade de um acidente que poderia causar o desmoronamento do igreja. Diante disso, Dodsworth optou pela demolição (Diário da Noite, 11 de fevereiro de 1944).

 

 

 

O nascimento da avenida condenou ao desaparecimento de outras três igrejas que estavam em seu caminho: a de São Domingos, de 1791, que ficava no largo de mesmo nome, na altura da Avenida Passos; a de Bom Jesus do Calvário, de 1719, na esquina da Rua Bom Jesus do Calvário com a da Vala, onde hoje é a Rua Uruguaiana; e a de de Nossa Senhora da Conceição, de 1757, na altura da atual Rua da Conceição. Uma curiosidade: o grande músico brasileiro, padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), considerado o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do XIX; e o poeta Manuel Ignácio Silva Alvarenga (1749 – 1814) foram sepultados na Igreja São Pedro dos Clérigos.

“Antes da demolição, foram retirados todo o mobiliário, o altar e as talhas de Mestre Valentim, além de portas, janelas e partes da construção que poderiam ser usadas numa futura recomposição do templo, o que nunca aconteceu. Por esse motivo, pedaços da bela São Pedro dos Clérigos foram distribuídos por museus, fundações e outras paróquias. A imagem do altar-mor e a portada principal foram reutilizadas na nova Igreja de São Pedro, na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Duas cabeças de anjos e uma parte do retábulo estão no Museu de Arte Sacra da Arquidiocese do Rio de Janeiro. E uma das portas foi parar no Palácio Assunção, no Sumaré”.

O GLOBO, 7 de setembro de 2014

 

 

O desmonte da igreja e a dispersão das suas peças por acervos públicos e coleções particulares alimentou durante anos o mercado de artes. A imagem venerada no altar-mor de São Pedro, representado em trajes pontificiais e assentado em sua cátedra; e a portada principal da capela se encontram na Igreja de São Pedro, construída no Rio Comprido.

A rua de São Pedro, onde ficava a igreja e que havia sido aberta antes de 1620, também desapareceu para dar passagem à avenida Presidente Vargas. Havia se chamado rua Antônio Vaz Viçoso e rua do Carneiro, mas durante a construção da igreja passou a ser conhecida como rua de São Pedro. Em 1817, passou a ser, oficialmente denominada rua Desembargador Antonio Cardoso, mas permaneceu sendo designada São Pedro.

Todas as peças históricas da Igreja de São Pedro dos Clérigos foram fotografadas pelo SPHAN, atual IPHAN, para facilitar os trabalhos de uma futura reconstrução, que nunca aconteceu. Foram divulgadas no livro Réquiem pela Igreja de São Pedro: um patrimônio perdido e exibidas durante a exposição homônima, comemorativa do cinquentenário da SPHAN, em 1987, realizada pelo SPHAN e pela Casa de Rui Barbosa. Algumas estão publicadas no Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro, com notas de aula de Eduardo C.S Thomas, entre as páginas 73 e 91.

 

 

Igreja de São Pedro dos Clérigos (1733 – demolida em 1944) *

Cássio Loredano

Com que dor escreveria Sandra Alvim a palavra demolida – tantas dezenas de vezes em sua monumental Arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro -, toda vez que trata da igreja de São Pedro dos Clérigos. “Traçado primoroso”, diz ela, formado pela interseção de arcos de circunferência, resultado de “elevado grau de elaboração formal”; inestimável documento da incipiente independência e formação da identidade do mestre-de-obras brasileiro em relação à Metrópole, superando as “rígidas limitações estéticas lusas”; primeira igreja da colônia a ter cobertura em cúpula coroada por zimbório com lanternim. Demolida em 1944. Ficava na velha rua de São Pedro, igualmente atropelada pela abertura da avenida Presidente Vargas.

Dois anos antes, já tinham sido postas abaixo a pequenina ermida de São Domingos (1706, reconstruída em 1791) e a igreja do Bom Jesus do Calvário, de 1796, todas no caminho da violência poluente, inclemente, que vai da Candelária à Praça da Bandeira. “Demolidas em 1942″, escreve a professora Sandra. Demolidas. As fotos são de cortar o coração.

*Esse texto, acompanhado de fotografias do acervo dos Diários Associados do Rio de Janeiro, adquirido pelo Instituto Moreira Salles, foi publicado em 13 de setembro de 2018 na seção Por dentro dos acervos, do site do IMS

 

 

 

Link para o samba Bom dia Avenida!, sobre a avenida Presidente Vargas, composição de Herivelto Martns e Grande Otelo, interpretada pelo Trio de Ouro, formado por Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas.

 

“Lá vem a nova avenida 

Remodelando a cidade

Rompendo prédios e ruas

Os nossos patrimônios de saudade

É o progresso!

E o progresso é natural

Lá vem a nova avenida

Dizer à sua rival

Bom dia Avenida Central!

A União das Escolas de Samba

Respeitosamente fez o seu apelo

Três e duzentos de selo!

Requereu e quer saber

Se quem viu Praça Onze acabar

Tem direito à Avenida

Em primeiro lugar

Nem que seja depois de inaugurar!

Nem que seja depois de inaugurar!”

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALVIM, Sandra. Arquitetura Religiosa Colonial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ; IPHAN, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 1999.

AZEVEDO, Moreira de. A Igreja de São Pedro  in O Rio de Janeiro: Sua História, Monumentos, Homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877. 2 v.

BARATA, Cau. Rio Antigo - Igreja de São Pedro dos Clérigos. Youtube, 2010.

Blog Rio Curioso

BURY, John. Arquitetura e Arte no Brasil Colonial. IPHAN/Monumenta. Brasília, 2006.

Coisas da Arquitetura

FREIRE, Luiz Alberto Ribeiro. A Talha Neoclássica na Bahia. Rio de Janeiro : Versal Editores, 2006.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

HOLLANDA, Daniela Maria Cunha de. A barbárie legitimada: A demolição da Igreja de São Pedro dos Clérigos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : EDUERJ, 2014.

Música Brasilis

OLIVEIRA, Myriam A. R.; JUSTINIANO, Fátima. Barroco e Rococó nas Igrejas do Rio de Janeiro. Roteiros do Patrimônio, IPHAN/Monumenta. Brasília,2006.

PEREIRA, André Luiz T. Notas Sobre o Patrimônio Artístico das Irmandades de São Pedro dos Clérigos. I Encontro de História da Arte, São Paulo, 2005.

O Globo, 7 de setembro de 2014

Rio de Antigamente

Rio Memórias

Secretária das Culturas/ Arquivo da Cidade. Memória da Destruição: Rio – Uma história que se perdeu. Prefeitura do Rio de Janeiro, 2002.

Site José Maurício Nuno Garcia

THOMAS, Eduardo C.S. Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

 

 

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes

A Brasiliana Fotográfica, no 16º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, destaca a importância da arte e da cultura com uma imagem do prédio da Academia Imperial de Belas Artes, considerado um dos primeiros edifícios neoclássicos construídos no Brasil, produzida pelo fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), em torno de 1885. Ficava na Travessa das Belas Artes, próximo a avenida Passos, no centro da cidade. Projetada pelo professor de arquitetura Grandjean de Montigny (1776 – 1850), membro da Missão Artística Francesa, a Academia Imperial de Belas Artes foi inaugurada, em 5 de novembro de 1826, e demolida, em 1938, durante o governo de Henrique de Toledo Dodsworth Filho (1895- 1975), interventor do então Distrito Federal entre 1937 e 1945. Já não era, desde 1908, a sede da Escola Nacional de Belas Artes – como foi renomeada a academia em 1890. O pórtico do edifício, cujos ornamentos de terracota das cinco colunas são creditados a Zépherin Ferrez (1797 – 1851), pai de Marc Ferrez, foi levado para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, durante a década de 1940. No local do prédio demolido, existe, atualmente, um estacionamento.

 

 

 

 

Um pouco da história da Escola de Belas Artes e do Museu Nacional de Belas Artes

 

Quando foi criada, em 12 de agosto de 1816, por um decreto-lei de dom João VI (1767 – 1826), a atual Escola de Belas Artes chamava-se Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Foi um projeto da Missão Artística Francesa, que chegou ao Brasil naquele ano, com o arquiteto francês Grandjean de Montigny (1776 – 1850), o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) , o gravador suíço Charles Simon Pradier (1786 – 1947), entre outros, incluindo artesãos, chefiados pelo intelectual e administrador francês Joachim Lebreton (1760 – 1819) (Correio Official, 29 de dezembro de 1834, terceira coluna).

Lebreton foi administrador das obras de arte do Museu do Louvre, em Paris, e secretário perpétuo da classe de Belas Artes do Institut de France. Foi demitido de suas funções,em 1815, devido a seu apoio a Napoleão (1769 – 1821) e também por seu discurso proferido no Institut contra o desmembramento das coleções do Louvre. Veio para o Brasil como exilado.

 

 

Uma curiosidade: em 1817, juntaram-se ao grupo o escultor Marc Ferrez (1788-1850) e o gravador de medalhas Zépherin Ferrez (1797 – 1851), tio e pai, respectivamente, do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), autor da imagem da Academia Imperial de Belas Artes destacada nessa publicação e um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo.

Voltando à Escola de Belas Artes. O decreto de 1816 não chegou a ser cumprido e a escola não funcionou, levando os profissionais a ensinarem para um pequeno número de estudantes ou a procurarem outras atividades sob proteção da Coroa.

A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios passou a chamar-se Academia Imperial de Belas Artes, pelo decreto de 23 novembro de 1820.

 

 

Foi apresentada então uma relação com as pessoas empregadas, em que apareciam, como lente de desenho e encarregado das aulas, o retratista português Henrique José da Silva, em substituição a Joaquim Lebreton, falecido em 1819; como secretário, Luís Rafael Soyer; como lente de pintura de paisagem, Nicolas-Antoine Taunay; como lente de pintura histórica, Jean-Baptiste Debret; de escultura, Auguste Taunay; de arquitetura, Henri-Victor Grandjean de Montigny; e de mecânica, François Ovide. Na lista de pensionários de desenho e pintura, figuravam Simplício Rodrigues da Silva, José de Christo Moreira e Francisco Pedro do Amaral; de escultura, Marc Ferrez; e de gravura, Zephérin Ferrez (CAMARGO, 2012).

Mais uma vez, a Academia das Artes ficou no papel. Finalmente, a sede da Academia Imperial de Belas Artes, projetada por Montigny, foi inaugurada em 5 de novembro de 1826, quando seu corpo acadêmico foi instalado na presença de dom Pedro I (1798 – 1934) e da família imperial, e passou a funcionar efetivamente. Na inauguração a escola já tinha 38 alunos. O secretário da Academia, Luiz Rafael Soyé (1760 – 1831) e o ministro dos Negócios do Império fizeram discursos. O diretor da Academia era o pintor português Henrique José da Silva (1772-1834)  (Almanach do Rio de Janeiro, 1824Império do Brasil – Diário Fluminense, 31 de julho de 1826, primeira colunaImpério do Brasil – Diário Fluminense, 7 de novembro de 1826, segunda colunaCorreio Official, 29 de dezembro de 1834, terceira coluna).

 

 

O já mencionado Zépherin, pai de Marc Ferrez, pensionista de gravura da Academia, cunhou a medalha comemorativa do evento.

 

 

 

Ali foi realizada, em 1829, por iniciativa de Debret (1768-1848), a I Exposição da Classe de Pintura Histórica, a primeira exposição de artes do Brasil. Na ocasião, foram exibidos 115 trabalhos de 33 de professores e de 82 de alunos (O Espelho Diamantino, 21 de janeiro de 1828A Aurora Fluminense, 10 de dezembro de 1829, segunda coluna; e 11 de janeiro de 1830, segunda coluna).

Pelo decreto de 30 de dezembro de 1831,  um novo regulamento para a Academia foi aprovado, ainda na gestão de Henrique José da Silva. Ela passava a dedicar-se exclusivamente às artes; as atividades relativas às ciências naturais, físicas e exatas já não integravam mais seu curso. O ensino dividia-se nas especialidades de pintura histórica, paisagem, arquitetura e escultura. Além dessas quatro divisões havia também aulas de desenho, anatomia e fisiologia, funcionando como disciplinas complementares aos quatro cursos da escola (GABLER, 2015).

Novos estatutos, idealizados pelo diretor da instituição, entre 1854 e 1857, Manuel de Araujo Porto Alegre (1806 – 1879), foram aprovados pelo decreto n. 1.603, de 14 de maio de 1855 – a academia passava a ter cinco especializações – arquitetura, ciências acessórias, escultura, música e pintura.

 

 

Alguns anos depois, o decreto n. 2.424, de 25 de maio de 1859, modificou alguns regulamentos de 1855, dividindo as aulas em um curso diurno e outro noturno, voltado para lições artísticas e dedicado à formação prática, respectivamente.

Em 8 de novembro de 1890, o decreto n. 983 aprovou os novos estatutos da instituição, que foi nomeada Escola Nacional de Belas Artes. No início do século XX, em 1908, sua sede foi transferida para um edifício na avenida Rio Branco, projetado pelo arquiteto Adolfo Morales de Los Rios y Garcia de Pimentel (1858 – 1928). Em 1931, a Escola Nacional de Belas Artes foi incorporada à Universidade do Rio de Janeiro, futura Universidade do Brasil.

A partir de 1937, a Escola Nacional de Belas Artes dividiu o prédio com o Museu Nacional de Belas Artes, criado em 13 de janeiro de 1937, que hoje completa 85 anos.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Escola de Belas Artes e do Museu Nacional de Belas Artes disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Em 1965, a Universidade do Brasil foi renomeada Universidade Federal do Rio de Janeiro e, no mesmo ano, a Escola Nacional de Belas Artes passou a chamar-se Escola de Belas Artes. Entre 1974 e 1975, foi transferida para o campus do Fundão.

Segundo o site da Escola de Belas Artes, sua missão é:

a formação artística, cultural, técnica e científica dos estudantes, com ênfase na intersecção entre as atividades didáticas e os vários setores profissionais ligados aos campos da arte, do design e da cultura. Sua atual estrutura equilibra legados artísticos e culturais com abordagens da arte contemporânea e técnicas inovadoras. Orientada pelos conceitos de inter e transdisciplinaridade, a Escola oferece formas múltiplas de aprendizagem, visando a qualidade e a diversidade da produção artística e acadêmica.

 

Fontes:

Arquivo Nacional – MAPA – Memória da Administração Pública Brasileira – Academia Imperial de Belas Artes, por Louise Gabler, em 19 de outubro de 2015 e Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, por Angelica Ricci Camargo, fevereiro de 2012

BANDEIRA, Julio; MARTINS, Pedro; CONDURU, Roberto. A Missão Francesa. Rio de Janeiro : Sextante, 2014.

BANDEIRA, Julio; LAGO, Pedro Corrêa do. Debret e o Brasil: obra completa (1816-1831). Rio de Janeiro: Capivara, 2007, 720 p.

BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos – Um Haussmann tropical: as transformações urbanas na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Coleção Biblioteca Carioca, v. 11, 1991.

BITTENCOURT, Gean Maria; GAUTHEROT, Marcel. A missão artística francesa de 1816. Petrópolis: Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1967.

CERON, Ileana Pradilla Ceron. Marc Ferrez – uma cronologia da vida e da obra. São Paulo : Instituto Moreira Salles, 2018.

CAMARGO, Angélica Ricci. Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, 2012. Arquivo Nacional – Mapa Memória da História Administrativa Brasileira, 10 de novembro de 2016 .

DIAS, Elaine. Correspondências entre Joachim Le Breton e corte portuguesa na Europa: o nascimento da missão artística de 1816. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 14, n. 2, jul-dez. 2006.

GABLER, Louise. Academia Imperial de Belas Artes, 2015. Arquivo Nacional – Mapa Memória da História Administrativa Brasileira, 10 de novembro de 2016 .

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARQUES, Maria Eduarda. A Missão Artística Francesa no Brasil e Seus Discípulos. Rio de Janeiro : Editora Pinakotheke, 2016.

PECHMAN, Robert. Henrique Dodsworth. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, s.d.

PEREIRA, Sônia Gomes. Henrique José da Silva, um pintor português na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade.

Portal Dezenovevinte.net

Portal G-1

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Site Enciclopédia Cultural Itaú

Site Escola de Belas Artes

TRINDADE, Mauro. A construção da ruína: a demolicção da Academia Imperial de Belas Artes e o iconoclatismo modernista através da imprensa in Histórias da Escola de Belas Artes: Revisão crítica de sua trajetória. Rio de Janeiro : Editora Nau, 2016.

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XV – A praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão

No 15º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado no primeiro dia do verão de 2021, o tema é a praia de Santa Luzia, que ficava em frente à igreja homônima, no Centro da cidade e era uma das preferidas dos banhistas cariocas. A mais antiga imagem dessa praia disponível no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica foi produzida em torno de 1866 pelo fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892).

 

 

Há ainda registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957)Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897)Marc Ferrez (1843 – 1923)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Rodrigues & C°. Editores e Proprietários. A grande maioria das fotografias são da paisagem, mas há uma, de autoria de Gutierrez, de uma trincheira montada durante a Revolta da Armada, entre 1893 e 1894. Uma curiosidade: foi justamente durante uma outra revolta ocorrida no Brasil, a Guerra de Canudos, que Gutierrez faleceu. Em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praia de Santa Luzia disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Voltando à praia de Santa Luzia. Em suas margens foi construída a Santa Casa da Misericórdia, em meados do século XVI.

 

 

Em 1898,  um dos pioneiros do cinema no Brasil, o ítalo-brasileiro Affonso Segreto (1875 – 19?), filmou o documentário A Praia de Santa Luzia, um de seus primeiros registros cinematográficos do Rio de Janeiro.

 

 

Até o início do século XX, a praia de Santa Luzia era uma opção de lazer no Rio de Janeiro, mas sua descaracterização começou, em 1905, quando o então prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) mandou construir barracões que funcionariam como garagens para os barcos dos clubes de remo.

 

 

 

Durante o seu mandato, entre 1902 e 1906, Pereira Passos realizou uma extensa reforma urbana, tendo ordenado diversas demolições, conhecidas como a política do “bota-abaixo”, que contribuíram para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Entre as obras dessa época, foi aberta a avenida Beira Mar, que estendeu  a linha litoral do entroncamento da praia de Santa Luzia até o Largo da Glória.

 

 

Em 1922, com a derrubada do Morro do Castelo, foi construída a Esplanada do Castelo, diminuindo muito a faixa de areia da Praia de Santa Luzia. Foi substituída na preferência dos banhistas pela Praia das Virtudes, que ficava na altura da avenida Beira Mar entre a avenida Presidente Antônio Carlos e a rua Marechal Câmara, ao lado da praia de Santa Luzia (Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1931, penúltima coluna).

 

O Globo, 12 de janeiro de 1931

O Globo, 12 de janeiro de 1931

 

Foi na década de 1930, que o que restava da praia de Santa Luzia e da Ponta do Calabouço desapareceram em consequência da ampliação do aterro, feito com entulho do desmanche do Morro do Castelo, para a construção do Aeroporto Santos Dumont, inaugurado oficialmente em 30 de novembro de 1936 com a presença do presidente da República, Getulio Vargas (1882 – 1954). Chamava-se anteriormente Aeroporto do Calabouço e teve seu nome alterado por ordem de Getulio para homenagear o Pai da Aviação (Diário Carioca, 20 de outubro de 1936, última coluna). O terminal de passageiros, projeto dos arquitetos Marcelo Roberto (1908-1964) e Milton Roberto (1914-1953), que venceram um concurso realizado pelo Ministério da Aeronáutica, ficou pronto em 1945.

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDREATTA, Verena; CHIAVARI, Maria Pace; e REGO, Helena. O Rio de Janeiro e a sua orla: história, projetos e identidade carioca. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, dezembro de 2009.

Diário do Rio de Janeiro

MELO, Victor Andrade. Remo, modernidade e Pereira Passos: primórdios das políticas públicas de esporte no Brasil. Revista do Núcleo de Estudos e Pequisas sobre Esporte e Sociedade – Universidade Federal Fluminense, julho/outubro de 2006

Rio Memórias

Site Infraero

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024