Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVIII – Avenida Beira-Mar

Hoje publicamos o 18º artigo da série Avenidas e ruas do Brasil, sobre a Avenida Central, considerada a considerada a mais bela via corso do mundo. Após cerca de dois anos de obras, sob a direção do engenheiro Mário Roxo, seu primeiro trecho foi inaugurado, em 12 de novembro de 1906, pelo presidente da República, Rodrigues Alves (1848 – 1919), cujo mandato terminou três dias depois; e pelo prefeito do Rio de Janeiro, Francisco Pereira Passos (1836 – 1913). Foi o engenheiro André Rebouças (1838 – 1898) que, ainda no século XIX , projetou  a construção de uma avenida monumental à beira-mar, do Passeio Público até a Praia da Saudade, atual Praia Vermelha. O diretor-geral de Obras Municipais, Luiz Rafael Vieira Souto (1849 – 1922), em 1894, relembrou a ideia a Henrique Valadares (1852 – 1930), então prefeito do Rio de Janeiro. Em 7 de setembro do mesmo ano, as obras foram iniciadas, porém, com a saída de Vieira Souto e de Valadares de seus cargos, foram interrompidas, em 31 de dezembro de 1894.

 

 

O portal convida o leitor a uma passeio pela avenida a partir de imagens produzidas por fotógrafos ainda não identificados, por Antônio Caetano da Costa Ribeiro (18? – 19?), Augusto (1864 – 1957) e Aristógeton Malta (1904 – 1954), pai e filho, respectivamente; Carlos Bippus (18? – 19?), Felipe Augusto Fidanza (1844 – 1903), Guilherme Santos (1871 – 1966), Jorge Kfouri (1893 – 1965), Leonar (18? – 19?), Luiz Musso (18? -1908), Marc Ferrez (1843 – 1923) e Torres (18? – 19?). São cenas de sua bela paisagem da Avenida Beira-Mar, de ressacas, de suas obras, de pessoas passeando ou aguardando a passagem de visitas ilustres; de construções em suas proximidades e da inauguração de monumentos, dentre outras.

Acessando o link para as fotografias da Avenida Beira-Mar disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

O primeiro trecho tinha aproximadamente três quilômetros, partindo da Avenida Central, atual Rio Branco, e indo até Botafogo (Gazeta de Notícias, 13 de novembro de 1906). Foi construído pela Construtora da Avenida Central e pela Empresa Construtora da Avenida Beira-Mar, sob a direção técnica do já citado Mário Roxo, auxiliado pelos engenheiros Adolfo Costa da Cunha Lima, Antônio de Barros Vieira Cavalcante e José Inácio da Rocha Werneck. As aberturas das duas avenidas, a Beira-Mar e a Central, que havia sido inaugurada, em 7 de setembro de 1904, foram destaques na reforma urbana realizada por Pereira Passos, que ficou popularmente conhecida como o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro.

 

 

“No curto prazo de 23 meses foi construído em terreno quase exclusivamente conquistado ao mar um dos mais extenso e lindos passeios do mundo”

Gazeta de Notícias, 13 de novembro de 1906

 

 

“Em toda a extensão do cais, formado de oito fiadas de cantaria, emregaram-se pedras de mais de quatro toneladas, num total de 1.000.000 de metros cúbicos de alvenaria. O consumo de cimento foi de 25.000 barricas de 180 quilos, e o aterro atingiu a 3.000.000 de metros cúbicos. Custou a Avenida Beira-Mar, inclusive o enrocamento do cais, cerca de oito mil contos de réis”

Charles Julius Dunlop

 

 

Foi finalizada em outubro de 1907. Contornava a orla desde a antiga Praia de Santa Luzia, passando em frente à Cinelândia (antiga Praia da Ajuda), Praia do Boqueirão (em frente ao Passeio Público), Lapa, Glória, Russel e Flamengo, até chegar em Botafogo. Estas praias foram aterradas para sua construção. Uma estreita faixa de areia continuou a existir no Flamengo, permitindo o banho de mar.

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Dunlop, Charles Julius. Rio Antigo. Rio de Janeiro: Editora Rio Antigo, 1963.

FERNANDES, Neusa; COELHO,Olino Gomes P. Efemérides Cariocas. Rio de Janeiro, 2016.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site IHGB

Site MultiRio

Site Passeio Público

Site Rio de Janeiro aqui

 

Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”

Série “Avenidas e ruas do Brasil” I– A Avenida Central, atual Rio Branco, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 7 de setembro de 2016

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 26 de junho de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” III – A Rua do Bom Jesus, no Recife, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 6 de agosto de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – A Rua 25 de Março, em São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 1º de setembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 22 de outubro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VI  – Rua Augusto Ribas e outras, em Ponta Grossa, no Paraná, pelo fotógrafo Luiz Bianchi, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 16 de novembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VII – A Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 23 de dezembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil VIII – A Rua da Carioca por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 20 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IX – Ruas e panoramas do bairro do Catete, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de julho de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” X – A Rua da Ajuda, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 9 de novembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 21 de janeiro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIII – A Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 19 de julho de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIV – A Avenida Presidente Vargas,, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 31 de agosto de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XV – Misericórdia: rua, largo e ladeira, no Rio de Janeiro, por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 8 de dezembro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – “Alguma coisa acontece no meu coração”, a Avenida São João nos 469 anos de São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 25 de janeiro de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVII  e série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIII – A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta

O Morro do Castelo já foi tema de um artigo da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de abril de 2019, Série “O Rio de Janeiro desaparecido” VIII – A demolição do Morro do Castelo. Hoje o portal volta ao assunto com a publicação de 18 fotografias, recentemente inseridas no nosso acervo fotográfico, da conclusão do arrasamento do Morro do Castelo produzidas pelo alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro, de 1903 a 1936, e o principal fotógrafo da transformação urbana carioca nas primeiras décadas do século XX, período de grandes mudanças na cidade, dentre elas uma importante intervenção na paisagem natural carioca: justamente a demolição do Morro do Castelo.

 

 

O Morro do Castelo representava o passado colonial do Rio de Janeiro e era parte da história de sua própria fundação, ocorrida em 1565, no Morro Cara de Cão. A cidade foi reinstalada, dois anos depois, no Morro do Castelo, então denominado Morro do Descanso. A escolha do ponto, da onde se via a Baía de Guanabara, sua porta de entrada, foi estratégico para a defesa da cidade em caso de possíveis futuros ataques. Murado e fortificado, o Rio de Janeiro no Morro do Castelo passou a abrigar a Casa do Governador, a Casa da Câmara, a Cadeia, o Colégio dos Jesuítas, o Convento dos Capuchinhos, armazéns e igrejas, dentre elas a Igreja de São Sebastião, inaugurada, em 1583, mesmo ano em que os restos mortais de Estácio de Sá (1520 – 1567), fundador do Rio de Janeiro, foram trasladados para lá. A última missa na Igreja de São Sebastião foi celebrada em 1º de novembro de 1921. Esses prédios formavam um importante conjunto arquitetônico, destruído, entre 1921 e 1922, com o arrasamento do Morro do Castelo. O acesso ao morro era feito a partir da Ladeira da Misericórdia.

 

 

 

Acessando o link para as fotografias da conclusão do arrasamento do Morro do Castelo produzidas por Augusto Malta e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

O Morro do Castelo tinha 63 metros de altura, ocupava uma área de cento e oitenta e quatro mil metros quadrados e seus limites eram as atuais avenida Rio Branco (antiga avenida Central), as ruas Santa Luzia, Misericórdia e São José.

Já em 1838, os engenheiros militares Conrado Niemeyer (1831 – 1905) e Pedro Bellegarde (1807 – 1864) defendiam em um projeto o desmonte do Morro: “Edifícios nobres deverão um dia substituir aquele morro; e o navegante que demandar o importante porto capital do Brasil receberá na sua entrada a agradável impressão da vista de toda a cidade, até hoje encoberta a seus olhos pela massa informe do mesmo morro”.

Mas foi em 1904 que parte do Morro do Castelo foi demolida para a construção da Avenida Central, cuja abertura foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca. O morro passou a ter como limites os fundos da Biblioteca Nacional e a Escola de Belas Artes. Quando estavam se realizando as obras para a abertura da avenida, uma galeria foi descoberta e por ela se chegaria a túneis subterrâneos, onde os jesuítas, quando expulsos, em 1759, pelo Marques de Pombal (1699 – 1782), teriam escondido suas riquezas. Essa crença passou a existir no imaginário urbano do Rio de Janeiro, e seus habitantes passaram a temer que a demolição do morro dificultasse a descoberta desses supostos tesouros.

A segunda etapa de sua demolição foi determinada pelo prefeito Carlos Sampaio (1861 – 1930), em 17 de agosto de 1920, quando assinou um decreto que autorizava seu desmonte (Jornal do Brasil, 18 de agosto, quinta coluna). A decisão foi baseada, segundo o governo, na necessidade de higienização e modernização da cidade. O morro foi literalmente por água abaixo, demolido por incessantes jatos d´água. A terra do morro foi usada no aterro da Avenida Beira-Mar, levado até a Ilha de Villegaignon, onde depois foi construído o Aeroporto Santos Dumont; da Lagoa Rodrigo de Freitas e no aterro dos charcos e pântanos do Jardim Botânico.

 

 

A derrubada causou muita polêmica, tendo sido criticada por vários intelectuais como Monteiro Lobato (1882 – 1948) e Lima Barreto (1881 – 1922), porém saudada por personalidades importantes como o sanitarista Belisário Pena (1868 – 1939). Na área deixada por seu desmonte foram construídos pavilhões da Exposição Internacional do Centenário da Independência, aberta em 7 de setembro de 1922. Em setembro de 1921, havia no morro 4200 moradores distribuídos em 408 prédios. Eram trabalhadores e pobres e seriam instalados, inicialmente, em barracos na Praça da Bandeira.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BARROS, Paulo Cezar de. Onde nasceu a cidade do Rio de Janeiro? ( um pouco da história do Morro do Castelo)Revista geo-paisagem (online ) Vol. 1, número 2, julho/dezembro de 2002

Blog do Jornal do Brasil, 9 de março de 2011

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LOBATO, Monteiro. Onda Verde. São Paulo: Monteiro Lobato e C., 1921.

MENEZ, Alexssandro. Civilização versus barbárie: a destruição do Morro do Castelo no Rio de Janeiro (1905-1922). Revista Historiador Número 06. Ano 06. Janeiro de 2014.

MOTTA, Marly Silva da. A nação faz cem anos: a questão nacional no centenário da independência. Rio de Janeiro: Editora FGV: CPDOC, 1992.

NONATO, José Antônio Era uma vez o Morro do Castelo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000.

PAIXÃO, Cláudia Míriam Quelhas. O Rio de Janeiro e o morro do Castelo: populares, estratégias de vida e hierarquias sociais (1904-1922). Dissertação de mestrado. Niterói: UFF, 2008.

Site do Diário do Rio

Site do CPDOC

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIII e Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVII – A Praia e a Rua do Russel, na Glória

A Brasiliana Fotográfica publica o 23º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido e o 17º da série Avenidas e ruas do Brasil, com o tema Praia e Rua do Russel, na Glória. Grande parte da Praia do Russel foi aterrada, em meados da década de 1900, para a construção da Avenida Beira-Mar, inaugurada, em 1906, cuja abertura foi, assim como a execução da Avenida Central, uma das grandes obras realizadas durante a gestão do prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) (Gazeta de Notícias, 13 de novembro de 1906). A Praia do Russel desapareceu completamente com a criação do Aterro do Flamengo, na década de 1960. A Rua do Russel será durante os próximos quatro anos o local da sede carioca do Instituto Moreira Salles, uma das instituições fundadoras do portal.

 

 

A publicação traz imagens produzidas pelos fotógrafos amadores Archanjo Sobrinho (18? – 19?) e Guilherme Santos (1871 – 1966), por Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), um dos mais importantes fotógrafos paisagistas dos oitocentos, no Brasil; pelo alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), fotógrafo da Prefeitura do Rio de Janeiro entre 1903 e 1937; por Jorge Kfuri (1893 – 1965), autor das primeiras fotografias aéreas do Rio de Janeiro, por Georges Leuzinger (1813 – 1892), um dos mais importantes difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país; por Antônio Caetano da Costa Ribeiro (18? – 19?) e por Marc Ferrez (1843 – 1923), cuja vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo.

 

“Russel, a praia é do Russel em nome, porque propriamente falando ela é de El-Rei, do seu povo e dos poetas que ali vão inspirar-se. é uma praia parnaso”.

Diário do Rio de Janeiro, de 12 de setembro de 1871

 

 

O prefeito Pereira Passos promoveu uma significativa reforma urbana no Rio de Janeiro, realizando diversas demolições, conhecidas popularmente como a política do “bota-abaixo”, que contribuiu fortemente para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praia do Russel selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

 

Voltando à Praia do Russel. Até os primeiros anos da década de 1860, chamava-se Praia de Pedro I, mas com o início das operações da primeira empresa responsável pelo tratamento do esgoto da cidade, a Rio de Janeiro City Improvements Limited, mudou de nome (Correio Mercantil, 30 de janeiro de 1863, terceira colunaDiário do Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1869, terceira coluna).

 

“O leitor conhece a formosa praia que circunda a pitoresca colina da Glória; chamam-na praia do Russel. Aí se vai banhar crescido número de pessoas”. 

Diário do Rio de Janeiro, 6 de abril de 1871

 

A lei n. 719, de 28 de setembro de 1853, aprovada pelo decreto n. 1.929, de 29 de abril de 1857, autorizou o contrato estabelecido entre o governo imperial e os empresários Joaquim Pereira Viana de Lima Júnior e João Frederico Russell (18? – 1888), cujo sobrenome acabou dando nome à praia e a um pequeno bairro entre a Glória e o Flamengo. Ele era engenheiro, filho de ingleses, e morava numa casa, na Praia do Russel, demolida em 1920 para a construção do Hotel Glória, inaugurado em 15 de agosto de 1922. Russel foi o presidente da Companhia Melhoramentos da Cidade de Santos (Correio Mercantil, 30 de janeiro de 1863, terceira coluna).

 

 

 

 

Segundo o contrato, os empresários teriam a exclusividade, durante noventa anos, sobre o serviço de limpeza das casas e do esgoto das águas pluviais da cidade do Rio de Janeiro. A obras começaram em 1862, ano em que o Decreto n. 3.004, de 21 de novembro estabeleceu as condições para a execução de itens presentes no mencionado contrato de 1857, que admitiu a constituição de uma empresa fora do país para realizar as obras de implantação do sistema de esgotamento sanitário. Coube ao membro do Instituto de Engenheiros Civis de Londres, Eduardo Gotto, a elaboração do projeto do sistema contratado, bem como a constituição de uma empresa de capital inglês, a The Rio de Janeiro City Improvements Company Limited, conhecida depois como City, para a qual o contrato de Russel e Lima Junior foi transferido, em maio de 1863 (Correio da Manhã, 15 de novembro de 1940).

 

 

A Rua do Russel teve aprovada essa denominação em 1868. Ficava no prolongamento da Praia do Flamengo e terminava junto às obras do esgoto (Correio Mercantil, 29 de janeiro de 1868, sexta coluna).

 

 

 

 

Uma das primeiras casas construídas no local foi a do hotel-balneário Grand Chalet, do comendador Domingos Moitinho, importante industrial brasileiro (c. 1825 – 1895), que morava num casarão ao lado que foi, posteriorente, transformado no Hotel Russel.

 

 

Também moraram no Russel o poeta Francisco Otaviano (1825 – 1899) e Hugo A. Gruber, autor do livro Método de Ahn, ensino prático de aprender com facilidade a língua francesa (O Sexo Feminino, 6 de junho de 1874).

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agenda Bafafá

Arquivo Nacional

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Portal da Cedae

Revista de Engenharia, 14 de março de 1888

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”

 Série “Avenidas e ruas do Brasil” I – Avenida Central, atual Rio Branco, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 7 de setembro de 2016

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 26 de junho de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” III – A Rua do Bom Jesus, no Recife, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 6 de agosto de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – A Rua 25 de Março, em São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 1º de setembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 22 de outubro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VI  – Rua Augusto Ribas e outras, em Ponta Grossa, no Paraná, pelo fotógrafo Luiz Bianchi, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 16 de novembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VII – A Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 23 de dezembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil VIII – A Rua da Carioca por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 20 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IX – Ruas e panoramas do bairro do Catete, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de julho de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” X – A Rua da Ajuda, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 9 de novembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 21 de janeiro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIII – A Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 19 de julho de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIV – A Avenida Presidente Vargas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 31 de agosto de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XV – Misericórdia: rua, largo e ladeira, no Rio de Janeiro, por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 8 de dezembro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – Alguma coisa acontece no meu coração, a Avenida São João nos 469 anos de São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 25 de janeiro de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVIII – Avenida Beira-Mar, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 22 de janeiro de 2024

 

 

 

 

São Sebastião, o santo padroeiro do Rio de Janeiro

 

 

Com uma seleção de registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957), Guilherme Santos (1871 – 1966), Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e também por fotógrafos ainda não identificados, a Brasiliana Fotográfica celebra o Dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. São fotos de uma imagem do próprio santo, de procissões, e do Largo, da Igreja e do Convento de São Sebastião ou Capuchinhos, no Morro do Castelo – a mais antiga, da década de 1860 e, a mais recente, de ruínas da igreja, demolida em 1922.  A maior parte das fotos selecionadas são de autoria do alagoano Augusto Malta, fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro entre 1903 e 1936, testemunha ocular da transformação urbana carioca nas primeiras décadas do século XX, período de grandes mudanças na cidade.

 

Acessando o link para fotografias referentes a São Sebastião selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.  

 

 

A Igreja de Sebastião foi a primeira catedral do Rio de Janeiro e começou a ser construída, em 1568, apenas três anos após a fundação da cidade, ocorrida em 1º de março de 1565.

“Com a fundação da Cidade sob o Titulo de S, Sebastião do Rio de Janeiro, teve origem a do primeiro Templo dedicado ao mesmo Santo Mártir por Estacio de Sá, construindo-lhe na Villa Velha uma Casa de páo à pique, e coberta de palha, que Salvador Corrêa de Sá substituiu, levantando num monte da nova Cidade outro edifício mais decente, e de grossa taipa [“parede feita de terra piçarrenta, ou barro de certa qualidade calcado à piloens de ponta acunhada entre dous tabooens. parallelos, à cuja distancia he proporcionada a grossura da parede”], como permittiam as circunstancias do tempo, para se adorar alli o Supremo Autor das Conquistas, e ministrar os tantos Sacramentos aos povoadores portuguezes, cujo numero, à maneira de plantas novas, e bem cultivadas, crescia cada dia, e pulava com o dos Cathecumenos.” 

José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo (1820)

 

Foi inaugurada, em 1583, e no mesmo ano os restos mortais de Estácio de Sá (1520 – 1567), fundador do Rio de Janeiro, foram trasladados para lá. Formava com o Convento dos Capuchinhos, o Colégio dos Jesuítas e outros prédios um importante conjunto arquitetônico, destruído, entre 1920 e 1922, com o arrasamento do Morro do Castelo. A última missa na Igreja de São Sebastião foi celebrada em 1º de novembro de 1921. Os restos mortais de Estácio de Sá foram transferidos para a Capela da Ajuda, residência provisória dos monges capuchinhos, na rua Conde de Bonfim, na Tijuca, em 20 de janeiro de 1922 e, desde 1931, estão na Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos, na rua Haddock Lobo, também na Tijuca (Jornal, 21 de janeiro de 1922; O Jornal, 18 de agosto de 1931).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thumbnail

Morro do Castelo – Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos; transladação dos restos mortais de Estácio de Sá, 20 de janeiro de 1922. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ARAÚJO. José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil.  Imprensa Régia, 1820.

BARROS, Paulo Cezar de. Onde nasceu a cidade do Rio de Janeiro? ( um pouco da história do Morro do Castelo)Revista geo-paisagem (online ) Vol. 1, número 2, julho/dezembro de 2002

Arquivo Nacional

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Histórias e Monumentos

MENEZ, Alexssandro. Civilização versus barbárie: a destruição do Morro do Castelo no Rio de Janeiro (1905-1922). Revista Historiador Número 06. Ano 06. Janeiro de 2014.

NONATO, José Antônio Era uma vez o Morro do Castelo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000.

Site MultiRio

 

Hanseníase em Jacarepaguá

Ricardo Augusto dos Santos, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz, uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica, é o autor do artigo Hanseníase em Jacarepaguá, no qual nos conta um pouco da história do Hospital Colônia de Curupaiti, inaugurado, em 1928, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Lá os portadores da doença conhecida popularmente como lepra, que era considerada um castigo divino, viviam afastados da sociedade. Na época, essa era considerada uma medida de obstáculo à propagação da doença e também um tratamento. O isolamento compulsório foi abolido em meados dos anos 1980.

 

 

Hanseníase em Jacarepaguá

Ricardo Augusto dos Santos*

 A doença conhecida popularmente como lepra, era considerada um castigo divino. Temida pelas populações, a hanseníase não inspirava nenhuma solidariedade. A internação compulsória e o isolamento foram práticas obrigatórias durante décadas. Encarcerados em hospitais, os doentes eram separados de suas famílias e amigos; o afastamento social era considerado tratamento e obstáculo à propagação da doença.

Durante o século XX, hospitais colônias espalharam-se pelo Brasil, segregando as pessoas contaminadas. Era característico destes espaços o longo período de internação, resultando em separação perpétua da vida social. Estigmatizados, milhares de enfermos passaram vidas inteiras nos leprosários. Assim, aqueles que porventura saíam das colônias de hansenianos tornavam-se eternamente excluídos da sociedade.

 

 

No Brasil, inúmeros fugiram da hospitalização, mas muitos permaneceram confinados. Alguns ficaram enclausurados por mais de 60 anos. Mesmo após o término do isolamento compulsório, abolido em meados dos anos 1980, os pacientes – por vários motivos – continuaram nesses hospitais.

Neste texto, apresentamos imagens do Hospital Colônia de Curupaiti. A pedra fundamental foi lançada em 1922 e a inauguração ocorreu somente em 1928. Localizado em Jacarepaguá, bairro da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, seus prédios foram projetados para o isolamento obrigatório dos portadores de hanseníase.

 

Acessando o link para as imagens do Hospital Colônia de Curupaiti disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Desde meados do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro vinha passando por uma série de transformações urbanísticas. Habitações coletivas dos pobres, os cortiços foram sendo demolidos, levando os habitantes a viverem em favelas próximas ao centro da cidade ou em zonas suburbanas afastadas do núcleo citadino. Funcionários públicos, comerciantes e militares começaram a construir suas residências na zona sul, distante das “classes perigosas” e suas doenças. Procurava-se produzir uma cidade organizada de acordo com as ideias hegemônicas no pensamento médico e social.

No auge das demolições dos velhos prédios coloniais, intelectuais, políticos e médicos pensavam a futura “Cidade Maravilhosa” como um corpo doente que necessitava ser alvo de intervenção sanitarista/urbanística.

Tratar as doenças em locais distantes dos bairros populosos fazia parte de uma estratégia sanitária. Logo, diversos argumentos foram utilizados para implantar um determinado modelo de cuidado clínico. Ao retirar os doentes do convívio social, a ciência pretendia proteger os sãos e os doentes, impedindo a circulação das pessoas. Construídos como conjuntos independentes dentro das cidades, os hospitais de isolamento possuíam cinemas, lojas e espaços para recreação. Havia acomodações para solteiros e habitações para casais doentes sem dificuldades de locomoção.

 

 

No Rio de Janeiro, Jacarepaguá, situado na zona rural do município e cercado por fazendas produtoras de alimentos, foi o local escolhido para a criação dos hospitais de isolamento para tratamento das doenças. Nesta região da cidade, foram erguidos hospitais para apartar da sociedade os atingidos pela tuberculose, lepra e doença mental.

Nas primeiras décadas do século XX, a estação de trem mais próxima localizava-se em Cascadura, bairro da zona norte da cidade. Pensava-se que o exílio e o clima seriam adequados para a assistência necessária.

Entre as décadas de 1920 e 1950, a construção dos prédios obedeceu a este critério: segregação para tratamento das doenças. As instituições de atendimento aos portadores de lepra, doença mental e tuberculose – Hospital Colônia de Curupaiti, Colônia Juliano Moreira e o Sanatório de Curicica – estavam de acordo com as premissas do conceito de Hospital-Colônia: terrenos de grande extensão territorial e afastados dos centros urbanos. Comércio, entretenimento e práticas de esportes faziam parte das atividades recomendadas. Além das terapias medicamentosas, deveria existir um espaço de sociabilidade controlado pela equipe médica.

As fotografias que ilustram o presente artigo pertencem ao acervo do médico Heráclides César de Souza Araújo. Nascido em 24 de junho de 1886, em Imbituva (PR), era filho de Júlio César de Souza Araújo e Manoela Alves de Souza Araújo. Em 1912, concluiu o curso de farmácia pela Escola de Farmácia de Ouro Preto. No ano seguinte, transferiu-se e ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, depois, no Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), quando foi aluno de Adolpho Lutz (1855-1940) e trabalhou com doenças sexualmente transmissíveis.

 

 

Nesse período, por indicação de Lutz, especializou-se em dermatologia na Universidade de Berlim, onde apresentou um trabalho sobre a lepra no Brasil. Em 1924, retornou ao IOC e ao grupo de pesquisa coordenado por Lutz, e no mesmo ano iniciou sua viagem de três anos por vários países. Na época, inaugurou o Laboratório de Leprologia, que dirigiu até sua aposentadoria em 1956.

 

 

Após a criação do Serviço Nacional de Lepra, em 1941, ministrou cursos para leprologistas pelo Departamento Nacional de Saúde. Entre 1941 e 1956, foi editor das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e exerceu a chefia da Seção de Bacteriologia e da Divisão de Microbiologia e Imunologia do IOC. No ano seguinte e até sua morte, foi perito da Organização Mundial da Saúde em leprologia. Participou de associações acadêmicas e profissionais em todo o mundo, tendo contribuído para a criação da Sociedade Internacional de Leprologia, em que ocupou o cargo de vice-presidente no período compreendido entre 1932 e 1956. Após a aposentadoria, continuou seu trabalho no IOC. Morreu em 10 de agosto de 1962, no Rio de Janeiro.

 

 

 

 

 

*Ricardo Augusto dos Santos é Pesquisador Titular da Fundação Oswaldo Cruz

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos

No 17º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido o tema é a Igreja São Pedro dos Clérigos. As fotografias são de Marc Ferrez (1843 – 1923), o mais importante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX; e do alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), que foi o fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro de 1903 a 1936. O cargo foi criado para ele pelo prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913).

Foi em 1733 que a Igreja São Pedro dos Clérigos começou a ser construída na região central do Rio de Janeiro, na esquina das ruas São Pedro, que na época chamava-se rua dos Carneiro, e dos Ourives, atual rua Miguel Couto. Utilizando a ferramenta zoom, o leitor poderá magnificar a imagem abaixo e ver claramente as placas indicando a rua do Ourives e a Drogaria Araújo Freitas & Cia, além do calçamento e dos detalhes arquitetônicos da igreja. Há ainda pedestres na rua e uma charrete.

 

 

O terreno onde foi construída a Igreja São Pedro dos Clérigos ou Igreja do Príncipe dos Apóstolos foi doado pelo irmão Franciso Barreto de Menezes, em 9 de outubro de 1732. Foi edificada pelo bispo dom Antonio Guadalupe, que também realizou uma doação particular. Ficou pronta em 1738 e era considerada uma jóia do barroco. Seu interior era decorado por um rico trabalho do mineiro Mestre Valentim (1745 – 1813), um dos principais artistas do Brasil colonial. Era propriedade da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos de São Pedro.

 

 

 

A autoria de seu projeto é controversa. Segundo a tese de doutorado de Luís Alberto Ribeiro Freire, A Talha Neoclássica na Bahia, Universidade do Porto, 2001:

O livro de tombo não nos informa, assim como nenhum outro documento encontrado nos arquivos da irmandade, da autoria do projeto da igreja. No entanto, Moreira de Azevedo cita o engenheiro militar Tenente-Coronel José Cardoso Ramalho como o autor do risco, baseando-se, para tanto, na tradição oral e numa informação que teria recebido diretamente de descendentes do referido militar, que teriam afirmado ser dele a autoria da igreja de São Pedro, assim como também a de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Souza Viterbo contestou esta autoria comprovando que o Tenente-Coronel somente teria se instalado na capitania do Rio de janeiro em 1738, portanto ao final já da construção. Apesar disso, constatou-se posteriormente que o tenente-coronel poderia, ainda assim, ter sido o autor do risco, pois durante dez anos antes de ter tomado posse de seu posto no Rio de Janeiro, a serviço do rei, escoltava constantemente as frotas que da metrópole vinham ao Brasil.”  

A igreja tinha uma planta elíptica, hoje só encontrada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Ouro Preto, Minas Gerais. É também uma das igrejas brasileiras que se enquadram na tipologia curvilínea barroca, assim como a da Lapa dos Mercadores, no Rio de Janeiro, e outras igrejas em Minas Gerais, dentre elas a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto; e a de São Pedro dos Clérigos, em Mariana.

 

 

 

 

 

O mineiro Manoel Vieira dos Santos tornou-se o benfeitor da igreja quando doou, em 1764, 42,000 cruzados para o estabelecimento de um coro de seis sacerdotes na igreja. No mesmo ano, o bispo Antonio do Desterro (1694 – 1773) concedeu a licença, declarando que a irmandade jamais poderia dispor do patrimônio e do rendimento para despesas estranhas àquela instituição.

Foi uma das primeiras igrejas tombadas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN -, criado em  em 13 de janeiro de 1937. O SPHAN é o atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. O tombamento deveria ser a garantia para sua conservação e permanência, porém a Igreja São Pedro dos Clérigos foi demolida, em 1944, durante o Estado Novo, devido à construção da avenida Presidente Vargas, um projeto de modernidade do governo de Getulio Vargas (1882 – 1954) que promulgou, em 29 de novembro de 1941, o Decreto-Lei 3866 de destombamento de bens do patrimônio histórico. Havia, na época, um pensamento segundo o qual resolver os problemas da cidade era solucionar seus problemas de tráfego.

 

 

DECRETO-LEI Nº 3.866, DE 29 DE NOVEMBRO DE 1941

Dispõe sobre o tombamento de bens no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional      

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,

       DECRETA:

       Artigo único. O Presidente da República, atendendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto pôr qualquer legítimo interessado, seja cancelado o tombamento de bens pertencentes à União, aos Estados, aos municípios ou a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, feito no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de acordo com o decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937.

       Rio de Janeiro, 29 de novembro de 1941, 120º da Independência e 53º da República.

Getulio Vargas
Gustavo Capanema

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 31.12.1941

Foi publicada a reportagem Vestígios da arte grega nos templos cariocas, com uma breve história e uma descrição da Igreja de São Pedro dos Clérigos e de suas raridades artísticas (Diário da Noite, 23 de julho de 1943).

 

 

Rodrigo de Melo Franco Andrade (1898–1969), diretor do SPHAN, tentou evitar a demolição. Houve uma grande polêmica, protestos de fiéis, de engenheiros, de historiadores e de arquitetos. O então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), pensou na possibilidade de deslocar o prédio da igreja para a lateral da avenida Presidente Vargas, utilizando-se, para este fim, rolos de concreto de 60 cm de diâmetro (Illustração Brasileira, agosto de 1943A Noite, 21 de setembro de 1943).

 

 

 

“O projeto consistia em substituir a parte inferior das paredes da igreja por concreto. Sob o concreto seriam colocados rolos que serviriam para deslocar a igreja até o outro lado da avenida. A Franki, uma empresa de fundações e infra-estrutural tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço. Mas aqui no Brasil surgiu a idéia de usar rolos de concreto, cujos estudos foram realizados pelo Prof. Fernando Lobo Carneiro”. 

Coisas da Arquitetura

 

 

 

 

Foi publicada uma matéria sobre as demolições já concluídas e as que ainda seriam realizadas para a abertura da avenida Presidente Vargas, dentre elas a da Igreja de São Pedro dos Clérigos (A Noite, 5 de novembro de 1943, primeira página, penúltima coluna página 3, sexta coluna). Instalou-se uma polêmica em torno da remoção (Diário da Noite, 1º de dezembro de 1943).

 

 

Dodsworth (1895 – 1975), começou a ser ridicularizado devido a esse projeto de deslocamento da igreja. Consultou a Franki, empresa de fundações e infra-estruturas, que tinha tido sucesso na Europa no transporte de construções sobre rolos de aço, sobre a garantia do transporte do prédio da igreja e o diretor da empresa disse que não poderia dar essa garantia devido à  heterogeneidade das paredes. Havia a possibilidade de um acidente que poderia causar o desmoronamento do igreja. Diante disso, Dodsworth optou pela demolição (Diário da Noite, 11 de fevereiro de 1944).

 

 

 

O nascimento da avenida condenou ao desaparecimento de outras três igrejas que estavam em seu caminho: a de São Domingos, de 1791, que ficava no largo de mesmo nome, na altura da Avenida Passos; a de Bom Jesus do Calvário, de 1719, na esquina da Rua Bom Jesus do Calvário com a da Vala, onde hoje é a Rua Uruguaiana; e a de de Nossa Senhora da Conceição, de 1757, na altura da atual Rua da Conceição. Uma curiosidade: o grande músico brasileiro, padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), considerado o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do XIX; e o poeta Manuel Ignácio Silva Alvarenga (1749 – 1814) foram sepultados na Igreja São Pedro dos Clérigos.

“Antes da demolição, foram retirados todo o mobiliário, o altar e as talhas de Mestre Valentim, além de portas, janelas e partes da construção que poderiam ser usadas numa futura recomposição do templo, o que nunca aconteceu. Por esse motivo, pedaços da bela São Pedro dos Clérigos foram distribuídos por museus, fundações e outras paróquias. A imagem do altar-mor e a portada principal foram reutilizadas na nova Igreja de São Pedro, na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Duas cabeças de anjos e uma parte do retábulo estão no Museu de Arte Sacra da Arquidiocese do Rio de Janeiro. E uma das portas foi parar no Palácio Assunção, no Sumaré”.

O GLOBO, 7 de setembro de 2014

 

 

O desmonte da igreja e a dispersão das suas peças por acervos públicos e coleções particulares alimentou durante anos o mercado de artes. A imagem venerada no altar-mor de São Pedro, representado em trajes pontificiais e assentado em sua cátedra; e a portada principal da capela se encontram na Igreja de São Pedro, construída no Rio Comprido.

A rua de São Pedro, onde ficava a igreja e que havia sido aberta antes de 1620, também desapareceu para dar passagem à avenida Presidente Vargas. Havia se chamado rua Antônio Vaz Viçoso e rua do Carneiro, mas durante a construção da igreja passou a ser conhecida como rua de São Pedro. Em 1817, passou a ser, oficialmente denominada rua Desembargador Antonio Cardoso, mas permaneceu sendo designada São Pedro.

Todas as peças históricas da Igreja de São Pedro dos Clérigos foram fotografadas pelo SPHAN, atual IPHAN, para facilitar os trabalhos de uma futura reconstrução, que nunca aconteceu. Foram divulgadas no livro Réquiem pela Igreja de São Pedro: um patrimônio perdido e exibidas durante a exposição homônima, comemorativa do cinquentenário da SPHAN, em 1987, realizada pelo SPHAN e pela Casa de Rui Barbosa. Algumas estão publicadas no Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro, com notas de aula de Eduardo C.S Thomas, entre as páginas 73 e 91.

 

 

Igreja de São Pedro dos Clérigos (1733 – demolida em 1944) *

Cássio Loredano

Com que dor escreveria Sandra Alvim a palavra demolida – tantas dezenas de vezes em sua monumental Arquitetura religiosa colonial no Rio de Janeiro -, toda vez que trata da igreja de São Pedro dos Clérigos. “Traçado primoroso”, diz ela, formado pela interseção de arcos de circunferência, resultado de “elevado grau de elaboração formal”; inestimável documento da incipiente independência e formação da identidade do mestre-de-obras brasileiro em relação à Metrópole, superando as “rígidas limitações estéticas lusas”; primeira igreja da colônia a ter cobertura em cúpula coroada por zimbório com lanternim. Demolida em 1944. Ficava na velha rua de São Pedro, igualmente atropelada pela abertura da avenida Presidente Vargas.

Dois anos antes, já tinham sido postas abaixo a pequenina ermida de São Domingos (1706, reconstruída em 1791) e a igreja do Bom Jesus do Calvário, de 1796, todas no caminho da violência poluente, inclemente, que vai da Candelária à Praça da Bandeira. “Demolidas em 1942″, escreve a professora Sandra. Demolidas. As fotos são de cortar o coração.

*Esse texto, acompanhado de fotografias do acervo dos Diários Associados do Rio de Janeiro, adquirido pelo Instituto Moreira Salles, foi publicado em 13 de setembro de 2018 na seção Por dentro dos acervos, do site do IMS

 

 

 

Link para o samba Bom dia Avenida!, sobre a avenida Presidente Vargas, composição de Herivelto Martns e Grande Otelo, interpretada pelo Trio de Ouro, formado por Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas.

 

“Lá vem a nova avenida 

Remodelando a cidade

Rompendo prédios e ruas

Os nossos patrimônios de saudade

É o progresso!

E o progresso é natural

Lá vem a nova avenida

Dizer à sua rival

Bom dia Avenida Central!

A União das Escolas de Samba

Respeitosamente fez o seu apelo

Três e duzentos de selo!

Requereu e quer saber

Se quem viu Praça Onze acabar

Tem direito à Avenida

Em primeiro lugar

Nem que seja depois de inaugurar!

Nem que seja depois de inaugurar!”

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALVIM, Sandra. Arquitetura Religiosa Colonial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ; IPHAN, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 1999.

AZEVEDO, Moreira de. A Igreja de São Pedro  in O Rio de Janeiro: Sua História, Monumentos, Homens Notáveis, Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877. 2 v.

BARATA, Cau. Rio Antigo - Igreja de São Pedro dos Clérigos. Youtube, 2010.

Blog Rio Curioso

BURY, John. Arquitetura e Arte no Brasil Colonial. IPHAN/Monumenta. Brasília, 2006.

Coisas da Arquitetura

FREIRE, Luiz Alberto Ribeiro. A Talha Neoclássica na Bahia. Rio de Janeiro : Versal Editores, 2006.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

HOLLANDA, Daniela Maria Cunha de. A barbárie legitimada: A demolição da Igreja de São Pedro dos Clérigos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : EDUERJ, 2014.

Música Brasilis

OLIVEIRA, Myriam A. R.; JUSTINIANO, Fátima. Barroco e Rococó nas Igrejas do Rio de Janeiro. Roteiros do Patrimônio, IPHAN/Monumenta. Brasília,2006.

PEREIRA, André Luiz T. Notas Sobre o Patrimônio Artístico das Irmandades de São Pedro dos Clérigos. I Encontro de História da Arte, São Paulo, 2005.

O Globo, 7 de setembro de 2014

Rio de Antigamente

Rio Memórias

Secretária das Culturas/ Arquivo da Cidade. Memória da Destruição: Rio – Uma história que se perdeu. Prefeitura do Rio de Janeiro, 2002.

Site José Maurício Nuno Garcia

THOMAS, Eduardo C.S. Ensaio de Compressão Diametral Prof. Fernando Lobo Carneiro

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

 

 

 

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XV – A praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão

No 15º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado no primeiro dia do verão de 2021, o tema é a praia de Santa Luzia, que ficava em frente à igreja homônima, no Centro da cidade e era uma das preferidas dos banhistas cariocas. A mais antiga imagem dessa praia disponível no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica foi produzida em torno de 1866 pelo fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892).

 

 

Há ainda registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957)Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897)Marc Ferrez (1843 – 1923)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Rodrigues & C°. Editores e Proprietários. A grande maioria das fotografias são da paisagem, mas há uma, de autoria de Gutierrez, de uma trincheira montada durante a Revolta da Armada, entre 1893 e 1894. Uma curiosidade: foi justamente durante uma outra revolta ocorrida no Brasil, a Guerra de Canudos, que Gutierrez faleceu. Em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praia de Santa Luzia disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Voltando à praia de Santa Luzia. Em suas margens foi construída a Santa Casa da Misericórdia, em meados do século XVI.

 

 

Em 1898,  um dos pioneiros do cinema no Brasil, o ítalo-brasileiro Affonso Segreto (1875 – 19?), filmou o documentário A Praia de Santa Luzia, um de seus primeiros registros cinematográficos do Rio de Janeiro.

 

 

Até o início do século XX, a praia de Santa Luzia era uma opção de lazer no Rio de Janeiro, mas sua descaracterização começou, em 1905, quando o então prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) mandou construir barracões que funcionariam como garagens para os barcos dos clubes de remo.

 

 

 

Durante o seu mandato, entre 1902 e 1906, Pereira Passos realizou uma extensa reforma urbana, tendo ordenado diversas demolições, conhecidas como a política do “bota-abaixo”, que contribuíram para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Entre as obras dessa época, foi aberta a avenida Beira Mar, que estendeu  a linha litoral do entroncamento da praia de Santa Luzia até o Largo da Glória.

 

 

Em 1922, com a derrubada do Morro do Castelo, foi construída a Esplanada do Castelo, diminuindo muito a faixa de areia da Praia de Santa Luzia. Foi substituída na preferência dos banhistas pela Praia das Virtudes, que ficava na altura da avenida Beira Mar entre a avenida Presidente Antônio Carlos e a rua Marechal Câmara, ao lado da praia de Santa Luzia (Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1931, penúltima coluna).

 

O Globo, 12 de janeiro de 1931

O Globo, 12 de janeiro de 1931

 

Foi na década de 1930, que o que restava da praia de Santa Luzia e da Ponta do Calabouço desapareceram em consequência da ampliação do aterro, feito com entulho do desmanche do Morro do Castelo, para a construção do Aeroporto Santos Dumont, inaugurado oficialmente em 30 de novembro de 1936 com a presença do presidente da República, Getulio Vargas (1882 – 1954). Chamava-se anteriormente Aeroporto do Calabouço e teve seu nome alterado por ordem de Getulio para homenagear o Pai da Aviação (Diário Carioca, 20 de outubro de 1936, última coluna). O terminal de passageiros, projeto dos arquitetos Marcelo Roberto (1908-1964) e Milton Roberto (1914-1953), que venceram um concurso realizado pelo Ministério da Aeronáutica, ficou pronto em 1945.

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDREATTA, Verena; CHIAVARI, Maria Pace; e REGO, Helena. O Rio de Janeiro e a sua orla: história, projetos e identidade carioca. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, dezembro de 2009.

Diário do Rio de Janeiro

MELO, Victor Andrade. Remo, modernidade e Pereira Passos: primórdios das políticas públicas de esporte no Brasil. Revista do Núcleo de Estudos e Pequisas sobre Esporte e Sociedade – Universidade Federal Fluminense, julho/outubro de 2006

Rio Memórias

Site Infraero

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vncenzo Pastore

Na décima primeira publicação da Série “Avenidas e ruas do Brasil”, destacamos fotos do casario da Rua da Esperança, em São Paul,o em dois tempos: erguido e demolido. As imagens foram produzidas pelo fotógrafo italiano Vincenzo Pastore (1865 – 1918), que, da segunda metade do século XIX ao início do século XX, foi um importante cronista visual de São Paulo. Com sua câmara, Pastore capturava tipos e costumes de um cotidiano ainda pacato da cidade que logo, com o desenvolvimento econômico, mudaria de perfil. Captava as transformações urbanas e humanas de São Paulo, que passava a ser a metrópole do café.

Com seu olhar sensível, o imigrante italiano flagrava trabalhadores de rua como, por exemplo, feirantes, engraxates, vassoureiros e jornaleiros, além de conversas entre mulheres e brincadeiras de crianças. Pastore, ao retratar pessoas simples do povo, realizou, na época, um trabalho inédito na história da fotografia paulistana. Registrou cenas de ruas, de demolições em São Paulo com uma câmara de pequeno formato, produzindo imagens diferentes das realizadas, durante o século XIX, com câmeras de grande formato sobre tripés. Foi um dos pioneiros da nova linguagem da fotografia do século XX. Com a ferramenta zoom os leitores podem observar as imagens com detalhes.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Rua da Esperança disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

A antiga igreja da Sé começou a ser demolida em 1912, e também em torno desse período foi realizada toda a reurbanização do local com a demolição de alguns quarteirões, sendo alguns da Rua da Esperança, necessários para se abrir uma esplanada diante do edifício religioso (Correio Paulistano, 3 de fevereiro de 1912, terceira coluna; Correio Paulistano, 22 de janeiro de 1913, penúltima coluna; Correio Paulistano, 25 de abril de 1913, terceira coluna).

 

 

Opinião de uma nonagenária sobre São Paulo

O progressão da Rua da Esperança é mencionado

O Pirralho, 25 de janeiro de 1913

 

O projeto da nova catedral foi do arquiteto alemão radicado no Brasil, Maximiliano Hehl (1861 – 1916), e, em 06 de julho de 1913, foi realizada a cerimônia de lançamento da pedra fundamental (Correio Paulistano, 7 de julho de 1913, segunda coluna). Porém a inauguração da Catedral Metropolitana de São Paulo só aconteceria em 1954 por ocasião do IV Centenário de São Paulo, porém foi simbólica, já que o prédio ainda não estava concluído (Correio Paulistano, 22 de janeiro de 1954, primeira coluna). As torres só  foram inauguradas em 15 de novembro de 1969.

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Dicionário de Ruas de São Paulo

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

 

Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”

 Série “Avenidas e ruas do Brasil” I – Avenida Central, atual Rio Branco, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 7 de setembro de 2016

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 26 de junho de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” III – A Rua do Bom Jesus, no Recife, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 6 de agosto de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – A Rua 25 de Março, em São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 1º de setembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 22 de outubro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VI  – Rua Augusto Ribas e outras, em Ponta Grossa, no Paraná, pelo fotógrafo Luiz Bianchi, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 16 de novembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VII – A Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 23 de dezembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil VIII – A Rua da Carioca por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 20 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IX – Ruas e panoramas do bairro do Catete, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de julho de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” X – A Rua da Ajuda, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 9 de novembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 21 de janeiro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIII – A Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 19 de julho de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIV – A Avenida Presidente Vargas,, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 31 de agosto de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XV – Misericórdia: rua, largo e ladeira, no Rio de Janeiro, por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 8 de dezembro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – “Alguma coisa acontece no meu coração”, a Avenida São João nos 469 anos de São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 25 de janeiro de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVII  e série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIII – A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVIII – Avenida Beira-Mar, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 22 de janeiro de 2024

 

 

 

Mercado Público de São José por Manoel Tondella (1861 – 1921)

Com um belo registro produzido pelo fotógrafo Manoel Tondella (1861 – 1921) do Mercado Público de São José no Recife, monumento tombado, em 1973, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a Brasiliana Fotográfica festeja o aniversário de fundação da cidade, ocorrida em 12 de março de 1537.  Recife é a mais antiga capital dos estados brasileiros. Tondella, de ascendência portuguesa, foi um dos mais importantes fotógrafos de Pernambuco da segunda metade do século XIX, período a partir do qual Recife tornou-se referência histórica para a fotografia no Brasil. Documentou em imagens as transformações da cidade, entre os anos 1890 e as duas primeiras décadas do século XX.

 

 

O Mercado Público de São José, localizado em frente à Igreja Nossa Senhora da Penha, no bairro de São José, um dos mais antigos da cidade, ficou no lugar do antigo Mercado da Ribeira de Peixes. Inaugurado em 7 de setembro de 1875 (Diário de Pernambuco, 9 de setembro de 1875, última coluna), foi inspirado no Mercado Público de Grenelle, em Paris, projeto de A. Normand, e sua arquitetura em ferro é típica do século XIX.

 

 

 

 

É o mais antigo edifício pré-fabricado em ferro no Brasil e seu estilo conferia status ao Recife, que crescia e perseguia o caráter da modernidade, que passava pelos conceitos de higiene e de melhorias urbanas (Diário de Pernambuco, 12 de novembro de 1870, quarta coluna). Os locais de comércio de alimentos teriam que atender a essas novas diretrizes a partir da retirada das ruas de mascates, ambulantes e feiras. Assim, a construção do mercado “representaria o ideal de organização e padronização de um comércio que, antes, se encontrava disperso em forma de comércio ambulante, realizado por negros forros, escravos e trabalhadores livres.” (GUILLEN; GRILLO; FARIAS, 2010).

 

 

A encomenda do projeto do Mercado de São José pela Câmara Municipal do Recife foi feita ao engenheiro pernambucano João Luiz Victor Lieutier (c. 1819 – 1883), que havia feito seus estudos em Paris (Diário Novo, 12 de agosto de 1845, primeira coluna Diário de Pernambuco, 29 de novembro de 1870, quarta coluna; Diário de Pernambuco, 10 de junho de 1883, última coluna). O detalhamento ficou sob a responsabilidade do engenheiro francês Louis Léger Vauthier (1815 – 1901), que havia sido o autor do projeto do Teatro de Santa Isabel (1850), além de ter ocupado o cargo de Diretor de Obras Públicas do Recife. Ele coordenou as obras do mercado, que começaram em 14 de junho de 1872, por determinação do presidente da província de Pernambuco, Henrique Pereira de Lucena (1835 – 1913). O empreiteiro foi José Augusto de Araújo e o custo da obra ultrapassou, devido às modificações sugeridas por Vauthier para adequar o edifício ao clima tropical, quase cinco milhões de réis, totalizando 390:315$136 (trezentos e noventa milhões, trezentos e quinze mil, centro e trinta e seis contos de réis).

A primeira reforma realizada no Mercado de São José, em 1906, durou quase um ano e foram executadas obras de reparo e a também a retirada de barracas do pátio interno, além de sua pavimentação. Na ocorrida em 1941, foi construída a câmara frigorífica do mercado. Suas venezianas de madeira e vidro foram, em 1950, substituídas por cobogós de cimento (Diário de Pernambuco, 15 de fevereiro de 1950, quinta coluna; IPHAN, página 4). No início da década de 80, suas instalações elétricas foram reformadas (Diário de Pernambuco, 4 de janeiro de 1980). A estrutura do edifício foi danificada por um incêndio ocorrido 29 em novembro de 1989 (Diário de Pernambuco, 30 de novembro de 1989). Foi reinaugurado com grande festa em 12 de março de 1994 e, quatro anos depois, foi novamente restaurado.  São conservados até hoje seus detalhes em art-noveau, como as bicas do telhado em forma de animais.

 

 

Foi nas décadas de 40 e 50, frequentado por recifenses ilustres como o cronista e compositor Antônio Maria (1921 – 1964) e o poeta Ascenso Ferreira (1895 – 1965). Foi também cenário de diversas manifestações artísticas, tendo sido um importante local de reunião de cantadores, emboladores e poetas da literatura de cordel.  Seus principais produtos, vendidos em cerca de 540 boxes, são o artesanato e a gastronomia do Nordeste, além de ervas medicinais, especiarias e artigos para rituais de religiões de matrizes africanas. O Mercado de São José ocupa uma área coberta de 3.541 metros quadrados, mede 48,88 metros de frente por 75,44 metros de fundo.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:
DANIELLI, Leonardo; MACKMILLAN, Vanderli Machado. Mercado público: tipologias e sociabilidades do ambiente urbano. I Simpósio Nacional de Geografia e Gestão Territorial e XXXIV Semana de Geografia da Universidade Estadual de Londrina, 2018

GASPAR, Lúcia. Mercado de São José. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.

GUILLEN, Isabel Cristina Martins; GRILLO, Maria Ângela de Faria; FARIAS, Rosilene Gomes. Mercado de São José: Memória e História. 1.ed. Recife: FADURPE, 2010.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LINS, Marcelo. Mercados do Recife. Recife : Projeto Recife no bolso, 2007.

MELO, Maria Carneiro Lacerda de. A relação dos mercados públicos de São José e da Boa Vista com a Cidade do Recife entre 1820 e 1875. Pernanbuco : Universidade Federal de Pernambuco, 2011.

Memória da Escravidão e cultura negra em Pernambuco Mercado de São José

OLIVEIRA JÚNIOR, José Vanildo de Oliveira. Fluxograma do processo de planejamento arquitetônico aplicado a
mercados públicos. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal da
Paraíba, Paraíba.

Recife – Mercado de São José – Encarte Rotas do Patrimônio – Uma viagem pela história. IPHAN e Monumenta.

SILVA, Geraldo Gomes da. O Mercado de São José. Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 1984.

Site Prefeitura do Recife

 

 

 

Fotografia de Leuzinger é capa da revista “Fon-Fon” em 1922

Imagens produzidas no século XIX pelo fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892) foram usadas na matéria O Rio Desapparecido, publicada na revista Fon-Fon de 29 de abril de 1922Uma delas, do Largo de São Francisco, no centro do Rio de Janeiro, está na capa acompanhando um pequeno texto onde se lê: “O velho Rio morreu”. A edição, acessada a partir da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, era comemorativa do aniversário da revista, que circulou entre abril de 1907 e agosto de 1958. A Brasiliana Fotográfica vai reproduzir nessa publicação todas as páginas do artigo, destacando as fotografias de autoria de Leuzinger que pertencem ao acervo do Instituto Moreira Salles, um das instituições fundadoras do portal. Com a preservação digital, os registros fotográficos podem, a partir de recursos tecnológicos como a digitalização e o zoom, terem uma melhor visibilidade e serem acessadas em sua qualidade plena.

Na foto da capa da edição da Fon-Fon de 29 de abril de 1922 é comentado que em mais ou menos meio século, no Largo de São Francisco, só a Igreja de São Francisco, assim mesmo sem os gradis desse tempo permaneceu intocada. Foi também comentado que a Litografia Comercial havia se tornado o majestoso prédio do Parc Royal, que pardieiros eram agora belas casas de negócios e que ao invés de diligências com quatro mulas viam-se então circulando bondes elétricos.

 

 

 

As duas primeiras fotos que ilustram a matéria, uma intitulada Igreja da Ordem Terceira do Carmo na Rua Direita, atual rua Primeiro de Março e outra Largo de São Francisco em destaque a Real Academia Militar pertencem ao álbum Rio de Janeiro e ses environs, produzido por Leuzinger em torno de 1868. A última, do Convento da Ajuda,  não faz parte do álbum.

 

Acessando o link para as fotografias de Leuzinger que ilustram a matéria O Rio desapparecido disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

 

 

 

 

 

A matéria menciona as diversas mudanças ocorridas na cidade desde 1872 como o desaparecimento do Morro do Senado, a destruição do Morro do Castelo, e as transformações nas construções em torno da Boulevard Carceller – como era conhecida um trecho da rua Direita, atual Primeiro de Março – e do Largo de São Francisco. Mas seu tom não é melancólico tanto que em seu último parágrafo lê-se:

 

parágrafo

 

No texto da reportagem é lamentada a morte do escritor José Vieira Fazenda (1874-1917), identificado como um homem-arquivo do Rio de Janeiro. A partir de 1896, publicou, principalmente, no jornal A Notícia e nas revistas Kosmos e Renascença uma série de artigos sobre diversos aspectos do Rio de Janeiro, de assuntos históricos a suas tradições e costumes. Os artigo foram reunidos, a partir de 1919, com o título Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro e ocupam cinco volumes da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.

 

José Vieira Fazendo / Acervo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

José Vieira Fazendo / Acervo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site CPDOC

Site Reficio