
Augusto Malta. São Sebastião da Prefeitura do Distrito Federal, s/d. Rio de Janeiro, RJ / Acervo FBN
Com uma seleção de registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957), Guilherme Santos (1871 – 1966), Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e também por fotógrafos ainda não identificados, a Brasiliana Fotográfica celebra o Dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. São fotos de uma imagem do próprio santo, de procissões, e do Largo, da Igreja e do Convento de São Sebastião ou Capuchinhos, no Morro do Castelo – a mais antiga, da década de 1860 e, a mais recente, de ruínas da igreja, demolida em 1922. A maior parte das fotos selecionadas são de autoria do alagoano Augusto Malta, fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de Janeiro entre 1903 e 1936, testemunha ocular da transformação urbana carioca nas primeiras décadas do século XX, período de grandes mudanças na cidade.
A Igreja de Sebastião foi a primeira catedral do Rio de Janeiro e começou a ser construída, em 1568, apenas três anos após a fundação da cidade, ocorrida em 1º de março de 1565.
“Com a fundação da Cidade sob o Titulo de S, Sebastião do Rio de Janeiro, teve origem a do primeiro Templo dedicado ao mesmo Santo Mártir por Estacio de Sá, construindo-lhe na Villa Velha uma Casa de páo à pique, e coberta de palha, que Salvador Corrêa de Sá substituiu, levantando num monte da nova Cidade outro edifício mais decente, e de grossa taipa [“parede feita de terra piçarrenta, ou barro de certa qualidade calcado à piloens de ponta acunhada entre dous tabooens. parallelos, à cuja distancia he proporcionada a grossura da parede”], como permittiam as circunstancias do tempo, para se adorar alli o Supremo Autor das Conquistas, e ministrar os tantos Sacramentos aos povoadores portuguezes, cujo numero, à maneira de plantas novas, e bem cultivadas, crescia cada dia, e pulava com o dos Cathecumenos.”
José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo (1820)
Foi inaugurada, em 1583, e no mesmo ano os restos mortais de Estácio de Sá (1520 – 1567), fundador do Rio de Janeiro, foram trasladados para lá. Formava com o Convento dos Capuchinhos, o Colégio dos Jesuítas e outros prédios um importante conjunto arquitetônico, destruído, entre 1920 e 1922, com o arrasamento do Morro do Castelo. A última missa na Igreja de São Sebastião foi celebrada em 1º de novembro de 1921. Os restos mortais de Estácio de Sá foram transferidos para a Capela da Ajuda, residência provisória dos monges capuchinhos, na rua Conde de Bonfim, na Tijuca, em 20 de janeiro de 1922 e, desde 1931, estão na Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos, na rua Haddock Lobo, também na Tijuca (O Jornal, 21 de janeiro de 1922; O Jornal, 18 de agosto de 1931).

Morro do Castelo – Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos; transladação dos restos mortais de Estácio de Sá, 20 de janeiro de 1922. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
ARAÚJO. José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil. Imprensa Régia, 1820.
BARROS, Paulo Cezar de. Onde nasceu a cidade do Rio de Janeiro? ( um pouco da história do Morro do Castelo). Revista geo-paisagem (online ) Vol. 1, número 2, julho/dezembro de 2002
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
MENEZ, Alexssandro. Civilização versus barbárie: a destruição do Morro do Castelo no Rio de Janeiro (1905-1922). Revista Historiador Número 06. Ano 06. Janeiro de 2014.
NONATO, José Antônio Era uma vez o Morro do Castelo. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000.