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No último dia do verão, o céu e o sol do Rio de Janeiro por Guilherme Santos

A Brasiliana Fotográfica celebra o fim do verão, a estação do ano mais carioca, e o início do outono, destacando uma bela imagem do sol brilhando em um céu encoberto por nuvens, entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. A estereoscopia foi produzida pelo fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966),  em torno de 1915.

 

 

Guilherme Santos era um entusiasta da fotografia estereoscópica, tendo sido um dos pioneiros dessa técnica no Brasil, ao adquirir, em 1905, na França, o Verascope, um sistema de integração entre câmera e visor, que permitia ver imagens em 3D, produzidas a partir de duas fotos quase iguais, porém tiradas de ângulos um pouco diferentes. Eram impressas em uma placa de vidro e reproduziam a sensação de profundidade de maneira bem próxima da visão real. Antes dele, entre os anos de 1855 e 1862, o “Photographo da Casa Imperial”, Revert Henrique Klumb (1826 – c. 1886), favorito da imperatriz Teresa Christina e professor de fotografia da princesa Isabel, havia produzido vários registros utilizando a técnica da estereoscopia. A Casa Leuzinger também produziu fotografias estereoscópicas.

 

“Photographia Estereoscópica”

Por Guilherme A Santos

Photo Revista do Brasil, vol 1, maio de 1925, pg 14

“Confeccionar uma photographia é quasi sempre reconstruir uma recordação!

Nenhuma outra photographia trabalhada pelos processos conhecidos, pôde dar-nos tamanha satisfação, produzir-nos impressão tão viva  e tão nitida daquilo que quizermos recordar como a photographia estereoscopica! Seja o retracto de um ente querido, seja uma paysagem, ou ainda uma reunião de família, cujo objecto exprima um momento feliz da nossa existencia!

A sensação do relevo e da perspectiva que nos dá um positivo sobre vidro, copia de um cliche estereoscopico, introduzido no instrumento apropriado, é inegualavel! inconfundivel! incomparavel!

Ao olhar, apresentam-se as imagens das creaturas, da Natureza ou dos objectos, com a expressão a mais perfeita e verdadeira , mostrando-nos em destaque todos os planos que as objectivas colheram na extensão do angulo focal!

Como passa tempo, o que é possível de encontrar que seja mais agradável, mais divertido do que os positivos sobre vidro da photoestereoscopia!?

Reunidos em família e acompanhados de bons amigos sentados em redor de uma mesa, passa-se de mão em mão o apparelho estereoscópicos exibindo as differentes séries de positivos! Algumas, despertando recordações aos que, num afogar de saudades revêem os bons momentos que passaram, contemplando imagens de creaturas que talvez nunca mais encontrem no caminho da vida e que fizeram a delícia daqueles momentos, em uma estação de águas, em uma excursão, em cidades de verão, a bordo de um transatlântico, na convivência íntima de uma longa viagem, etc.

Outras séries apresentando o esplendor da Natureza em grandes quadros compostos com senso esthético, com observação artística que estasiam, que empolgam e que nunca cançaríamos de contemplar são photografias que provam como é impossível negar o extraordinário poder que tem a natureza, de impressionar e fazer vibrar a alma das creaturas com suas majestosas creações!

Nesse particular a nossa terra recebeu do CREADOR um dote precioso, o qual infelizmente em vez de ser transportado para as chapas da photographia por meio das objectivas dos differentes apparelhos, tem o homem esbanjado e destruido quasi inconscientemente sem considerar o grande mal que causa ao bem commum e sem reflectir no crime que pratica!

Disse PAULO MANTEGAZZA, capitulo IV no “O LIVRO DAS MELANCHOLIAS” de uma forma encantadora e com a alma amargurada: que se conhecesse DEUS, dir-khe-hia que na sua infinita misericordia, perdoasse todos os peccados dos homens e reservasse toda a sua ira, toda as suas vinganças, tododos seus raios, para o homem que destróe uma “FLORESTA”!!…

Faço minhas as palavras do primoroso escriptor, mas accrescento que o homem que dedicar-se á photographia, de preferenciaa estereoscopica, no contacto intimo e constante que ele tiver com a NATUREZA, quando a tiver estudado bem, irá lentamente habituando-se a apreciar devidamente a sua obra grandiosa, sentirá despertar em sua alma, sentimentos delicadosque até então desconhecia e difficilmente será capaz de derrubar uma arvore ou consentir que alguem o faça em sua presença!

A falta de amor e o abandono ás nossa bellezas naturaes é patente! Cito um exemplo mui recente:

Por uma destas lindas manhãs de ABRIL (era dia feriado) percorremos uma parte da estrada que liga o ALTO DA BOA VISTA ao SUMARÉ.

É uma das maravilhas da TIJUCA! A vegetação é abundante e variada e conta-se ás dezenas, arvores gigantescas cujas ramadas projectam sombras extensas sobre o caminho!

O sol imprimia uma luz de oiro sobre o verde esmeralda do arvoredo e fazia pensar que foi a NATUREZA quem inspirou os nossos antepassados sobre a escolha das cores para a nossa bandeira!

Caminhamos cerca de 6 kilometros ida e volta e gastamos cerca de 5 horas. Pois bem, nesse demorado percurso, cruzamos com 3 outros grupos de excursionistas, todos elles, compunham-se de estrangeiros!

Nem um brasileiro! nem um amador da photographia! Digo, encontramos um brasileiro, que empunhando uma vara que tinha um sacco de gaze preso a uma das extremidades, caçava as lindas borboletas azues de grandes azas que faziam o encanto daquellas paragens! aquelle rapaz de 20 annos presumives, de bella estaturaphysica, fazia-o como meio de vida! Contamos estendidas sobre um jornal, 20 daquellas borboletas, apanhadas em menos de uma hora! Pobrezinhas! a  NATUREZA limitou-lhes curtíssima existência, nem mesmo a essas deixam viver!

Creio ser o momento de ser transformada essa situação. A Photo-Revista vem preencher uma lacuna e acreditamos que uma campanha sustentada com perseverança por todos os seus collaboradores, daria bom resultado, no sentido de desenvolver o gosto dos brasileiros pela arte photographica: talvez conseguíssemos convence-los de trocar uma ou outra vez (às horas de ócio) os encantos do lar doméstico, pelos encantos naturaes, lembrando-lhes que em companhia de nossa família e em contacto com a floresta, também construímos lares provisorios sob a benção da mãe de tudo e de todos que é a NATUREZA!

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

O fotógrafo alemão Theodor Preising (1883 – 1962), “o viajante incansável”

Destacando imagens produzidas por Theodor Preising (1883 – 1962) do Rio de Janeiro, que se encontram no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica, este artigo vai contar um pouco da trajetória deste fotógrafo alemão que chegou ao Brasil, em 1923, e, inicialmente, fixou-se no Guarujá e depois seguiu para São Paulo. Foi um dos pioneiros no país na utilização de câmeras pequenas como a Leica e a Contax. Viajante incansável, como o denominou Kariny Grativol em sua Dissertação de Mestrado, Preising com apurado senso estético e grande domínio técnico fotografou diversas regiões do Brasil e produziu álbuns e cartões postais voltados para o turismo.

Tinha um espírito aventureiro, próprio dos fotojornalistas. Considerava-se um repórter fotográfico tanto que se associou, em 1937, ao Sindicato de Jornalistas de São Paulo. Com a divulgação de seu trabalho fotográfico em publicações como a Revista S. Paulo, o jornal Brasil Novo e a revista Travel in Brazil, que visavam tanto ao público nacional como ao estrangeiro, Preising contribuiu para a formação de uma imagem do país. Trabalhou como fotógrafo no Touring Club do Brasil e também no Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo. Ao final do artigo, está publicada uma cronologia do fotógrafo, a 66ª produzida pelo portal.

 

“Enfim, vejo no trabalho de Theodor Preising mais diversidade imagética e uma estética diferenciada, pois seu compromisso maior era produzir e distribuir uma fotografia que fosse encantadora e sintetizasse a cidade de São Paulo, mesmo que de forma fragmentada, para o cidadão, os visitantes e os turistas que por aqui passavam. Sua obra ainda permanece pouco conhecida, mas seus cartões postais e seus álbuns entraram para história da iconografia paulistana. Podemos ainda ampliar para todo o Brasil, já que Preising registrou diversas cidades brasileiras com a mesma intenção de sensibilizar o cidadão e o turista diante de tanta beleza natural e arquitetônica”.

Rubens Fernandes Jr, pesquisador, curador e crítico de fotografia

 Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

Encontram-se no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica os seguintes registros produzidos por Theodor Preising: da Avenida Rio Branco, do Corcovado, do Pão de Açúcar, do Jardim Botânico, da Praia de Copacabana, além de belas vistas de paisagens cariocas. Há ainda uma fotografia da Basílica de São Bento, em São Paulo. Mais uma vez recomendamos que

 

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de Theodor Preising disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

 

 

 

 

 

Breve perfil do fotógrafo alemão Theodor Preising (1883 – 1962)

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Nascido em Hildeshein, na Alemanha, em 3 de janeiro de 1883, Theodor Preising era filho de Fridrich e Maria Preising. Seu interesse por fotografia e turismo surgiu a partir de viagens que fazia com seu pai, que era maquinista de trem. Em 1908, casou-se com Elizabeth Elfriede Koesewitz (1874 – 1956) com quem teve três filhos: Úrsula, Carlos Frederico e Sibylle.

 

 

Possuía um estabelecimento fotográfico na Alemanha , quando foi convocado para atuar como fotógrafo no front da Primeira Guerra Mundial. Em 1916, tornou-se proprietário de uma filial da empresa Samson & Co., em Berlim, rede que possuía estabelecimentos fotográficos na Alemanha e em outros países da Europa.

 

 

 

 

Para fugir do caos da Alemanha do pós-guerra, decidiu emigrar e foi, primeiramente, entre março e abril de 1923, para a Argentina Em dezembro do mesmo ano, aportou em Santos, no dia 23, a bordo do navio Cap Polônio.

Inicialmente, fixou no Guarujá e comercializava materiais fotográficos como as câmeras Zeiss Ikon e Agfa; além de cartões postais, no Grande Hotel. Produziu cartões postais até o início da Segunda Guerra Mundial, quando estrangeiros de países do Eixo foram proibidos de fotografar externamente as cidades.

Em 1924, ele se transferiu para São Paulo, onde se estabeleceu na Rua Augusto Tolle, 2, com sua família que já se encontrava Brasil. Seus filhos passaram a auxiliá-lo no laboratório que ele havia montado e onde ele editava e produzia seus próprios cartões postais e álbuns de fotografia. Os textos dos cartões postais eram escritos por sua filha, Sibile. Vendia suas imagens para papelarias e casas fotográficas, como a Fotóptica, fundada pelo pai do fotógrafo Thomaz Farkas (1924 – 2011). Registrou a chegada de imigrantes à cidade, seu carnaval de rua, o dia a dia dos cafezais no interior do estado e a vida praiana de cidades litorâneas como o já mencionado Guarujá e Santos.

Em 11 de março 1927, abriu seu ateliê em São Paulo, na Rua Voluntários da Pátria, nº506, em Santana, na zona norte da cidade (Almanak Laemmert, 1931, segunda coluna).

Preising expôs, na Casa Rosenhain, na Rua de São Bento, álbuns e folhinhas com aspectos da vida paulista, principalmente (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1928, terceira coluna).

 

Entre 1928 e 1940, realizou diversos trabalhos fotográficos para a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, registrando fazendas no interior do Estado.

 

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

 

Na década de 1930, colaborou com o jornal O Estado de São Paulo, que então publicava um suplemento em rotogravura.

Em 1930, uma fotografia da Rua XV de Novembro de sua autoria foi publicada no artigo Gigantic Brazil and its Glittering Capital, na edição de julho/dezembro da National Geographic Magazine.

 

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National Geographic Magazine, julho/dezembro de 1930

 

Em 1930, voltou a expor na Casa Rosenhein. Referido como o proprietário da Photo Rotativo de São Paulo, foi elogiado seu amor e admiração pela natureza americana e suas fotos das cataratas do Iguaçu foram consideradas empolgantes (A Gazeta (SP), 20 de novembro de 1930, primeira coluna).

 

 

É de 1930 o registro abaixo de autoria de Preising, Chegada de imigrantes asiáticos.

 

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Theodor Preising. Chegada de imigrantes asiáticos, 1930. Santos, São Paulo / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

Entre esse ano e 1931, documentou a colonização de Londrina, no Paraná, contratado pela Companhia Terras Norte do Paraná. Em 1933, esteve no Paraná fotografando vários aspectos do estado (O Dia (PR), 5 de maio de 1933, última coluna). Ainda neste ano, seis fotografias de sua autoria foram mostradas na A Capital de S. Paulo, publicação distribuída pela Secretaria de Agricultura.

 

“Propaganda pelo turismo para o Brasil”

Slogan escrito em seus álbuns de fotografia

 

Em 1934, a bordo do navio Almirante Jaceguai, participou do Segundo Cruzeiro Econômico Turístico do Touring Club do Brasil, empresa para a qual então trabalhava. Produziu, além de registros dos sócios do Touring durante a viagem, uma grande documentação fotográfica, a partir de viagens para o Norte e para o Nordeste (Diário da Manhã (PE), 16 de maio de 1934, quinta colunaDiário de Pernambuco, 20 de maio de 1934, penúltima coluna).

Ele e o fotógrafo Benedito Junqueira Duarte, conhecido como B.J. Duarte (1910 – 1995), pseudônimo Vamp, eram os fotógrafos da Revista S. Paulo. Segundo Junqueira, apesar de Preising ser bem mais velho que ele, tinha um espírito de moço e uma agilidade profissional de adolescente. A publicação mensal foi lançada em 31 de dezembro de 1935 e fazia propaganda do governo de Armando de Sales Oliveira (1887 – 1945), em São Paulo. Seu projeto gráfico articulava imagem e texto de modo inovador. Foi a primeira revista paulistana a ser feita em rotogravura, o que conferia uma maior qualidade à reprodução dos registros fotográficos. A publicação privilegiava a imagem sobre o texto. (Correio Paulistano, 1º de janeiro de 1936, quarta coluna; O Estado de São Paulo, 18 de março de 1978, segunda coluna).

 

 

Era dirigida por Cassiano Ricardo (1895 – 1974), Leven Vampré (c. 1891 – 1956) e Menotti Del Picchia (1892 – 1988). Os livros de memórias de Cassiano, Menotti e Benedito mencionam a presença de Livio Abramo (1903-1992) como ilustrador da revista. Apenas o primeiro, identifica-o como “mestre da gravura, da fotomontagem e das estatísticas ilustradas a rigor…” (A revista S.PAULO: a cidade nas bancas por Ricardo Mendes). A revista S. Paulo circulou em 1936: sua periodicidade foi mensal até o oitavo número, passando a ser bimestral nos dois últimos. Neste mesmo ano, ele entrou com o pedido de sua naturalização como brasileiro.

 

 

 

Links para todas as edições da Revista S. Paulo (1936):

Janeiro / Fevereiro / Março / Abril / Maio / Junho / Julho / Agosto / Setembro e Outubro / Novembro e Dezembro

Neste ano, fotografou o carnaval de rua paulistano e um zeppelin que sobrevoou São Paulo,o dirigível Hindenburg .

 

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Theodor Preising. Carnaval na Av. São João, 1936. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

Theodor Preising. Passeio do dirigível Hindenburg pelo centro de São Paulo, 1936. São Paulo, SP / Foto publicada em O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

 

Em 1937, aderiu ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e enviou uma solicitação para que seu nome passasse a constar do quadro social da entidade (Correio Paulistano, 14 de maio de 1937, quinta coluna).

 

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Carteira do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo de Theodor Preising, matrícula 162 / Publicada em O Viajante incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Também neste ano, expôs fotografias no Pavilhão Brasileiro, na Exposição Universal de Paris de 1937, realizada entre 25 de maio e 25 de novembro de 1937. Contou com a participação de 44 países e foi visitada por cerca de 31 milhões de pessoas.

No ano seguinte, em setembro de 1938, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo realizou uma exposição sobre a cultura do algodão com imagens produzidas por ele. As fotos expostas foram publicadas em um número especial do Suplemento em Rotogravura do jornal, em março de 1939.

 

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O Estado de São Paulo, 6 de setembro de 1938

 

Em 6 de novembro de 1938, entrou para o serviço público tendo sido nomeado fotógrafo do Departamento de Propaganda e Publicidade (DPP), criado pouco antes como Serviço de Publicidade e Propaganda do Estado de São Paulo, dirigido por Menotti del Picchia.

Em 1939, Preising mudou-se com a família para a Rua Cedro, em Jabaquara, vizinho do amigo Benedito Junqueira Duarte, e passou a trabalhar na revista Brasil Novo, criada por Cassiano Ricardo e lançada em 1º de junho do mesmo ano. Também em 1939, aproximadamente 20 fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Travel in Brazil, Brazilian representation New York’s World Fair, lançada durante a Feira Mundial de Nova York, que tinha o tema Construindo o mundo de amanhã. O pavilhão brasileiro foi projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer (1907 – 2012) e Lúcio Costa (1902 – 1998). Preising foi um dos fotógrafos cujas obras foram expostas em fotomurais do Departamento Nacional do Café e numa mostra de paisagens brasileiras ao lado de registros realizados por Erich Hess (1911 – 1995), Fernando Guerra Duval  (18? – 1959), Max Rosenfeld (? – 1962), Paulino Botelho (1879 – 1948), Renato G. Palmeira (? -?) e pelo Studio Rembrandt. Por sua participação Preising recebeu um diploma conferido pela direção do evento entregue pela Secretaria de Governo de São Paulo (Correio Paulistano, 3 de novembro de 1940, quinta coluna).

Ainda em 1939, foi criado do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e, pouco depois, cada estado possuía um Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP). Em São Paulo, o DEIP incorporou o Departamento de Publicidade e Propaganda, onde Preising trabalhava. Ele atuou na Divisão de Turismo e Diversões Públicas e na Divisão de Divulgação para o serviço de reportagem da Agência Nacional.

Em 1940, produziu esse belo registro do Parque do Anhangabaú e do Viaduto do Chá.

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Theodor Preising. Parque Anhangabaú e o novo Viaduto do Chá, 1940. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 27 de fevereiro de 2018

Naturalizou-se brasileiro em janeiro de 1941. Certamente o fato de ser um servidor público e o envio de uma carta de Menotti del Picchia, em papel timbrado da Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo , a qual dirigia na ocasião, ao ministro da Justiça e Negócios Interiores, Francisco Campos (1891 – 1968), em 5 de agosto de 1939, influenciaram na obtenção de sua naturalização (A Batalha, 7 de janeiro de 1941, penúltima coluna).

“Tenho a honra de enviar a Vossa Excelência, para os devido fins, o requerimento em que THEODOR PREISING, de nacionalidade alemã, fotógrafo desta Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo, nomeado por ato de 6 de Novembro de 1938, solicita de Vossa Excelência a sua naturalização como cidadão brasileiro, nos termos do artigo 40, parágrafo 3º, do Decreto-lei 1.202, de 8 de Abril de 1939 e de conformidade com a portaria 2.108, de 6 de Julho último, desse Ministério.

Peço vênia a Vossa Excelência para esclarecer que o interessado já tem o seu pedido de naturalização encaminhado a esse Ministério, desde 1936.

Com as minhas expressões de respeito e simpatia, subscrevo-me de Vossa Excelência, admirador obrdo.

Menotti del Picchia

DIRETOR”

Entre 1941 e 1942, diversas fotos de sua autoria foram publicadas na revista Travel in Brazil. 

 

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Revista Travel in Brazil, 1941, volume 1 do Ano I

Na primeira edição da revista, em janeiro de 1941, publicação de foto de Preising no artigo Brazil, this wonderful land, de Cecília Meirelles (1901 – 1964).

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Brazil Travels, janeiro de 1941 / Foto de Preising

Na segunda edição, de fevereiro de 1941, publicação de fotos nos artigos The jewel of plant life: the orchid e Curitiba and the Paraná railway.

 

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Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Na edição de março de 1941, registros realizados por ele foram publicados no artigo São Paulo:  city of tourists, de Menotti del Picchia (1892 – 1988) e Petrópolis: summer capital of Brazil, de Vera Kelsey (1892 – 1961); na edição de abril de 1941, 11 fotos no artigo Ouro Preto: the old Villa Rica, de Manoel Bandeira (1886 – 1968); e, na edição de janeiro de 1942, as fotos do artigo Poços de Caldas  Wings over Brazil, de Henry Albert Phillips (1880 – 1951). A revista era publicada mensalmente e editada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do Rio de Janeiro.

Em 6 fevereiro de 1942, esteve presente ao enterro da mãe de Cassiano Ricardo (1895 – 1974), realizado no Rio de Janeiro (A Manhã, 7 de fevereiro de 1942, penúltima coluna). Em torno deste ano, associou-se ao Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) – fundado em 1939 e celeiro da fotografia moderna no Brasil – e participou de vários Salões de Fotografia, nacionais e internacionais.

Em 1943, sua fotografia Força da Natureza, ganhou, na categoria Paisagem, o 4º prêmio no II Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante. O fotógrafo Thomas Farkas (1924 – 2011) ganhou o primeiro lugar na categoria Arquitetura e recebeu um menção honrosa na categoria Composição. Preising foi o organizador, pelo Departamento Estadual de Imprensa e Publicidade, de  um estande de fotografias documentais do progresso de São Paulo, em um anexo ao Salão (Correio Paulistano, 31 de agosto de 1943, primeira coluna; Correio Paulistano, 28 de setembro de 1943, terceira coluna).

 

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Ainda em 1943,  participou de uma exposição na Galeria Prestes Maia com as fotos Força da NaturezaRefúgio das Almas, Silêncio, Sombra e Luz e Vida do Mar. Esta última representou o Foto Clube Bandeirante no Salão de Londres em 1944. Também em 1944, fotos de sua autoria foram publicadas na Revista Industrial de São Paulo, dirigida por Honório de Sylos (1901 – 1993) e no Observador Econômico e Financeiro do Rio de Janeiro – registros de São Paulo, do porto de Santos, de cafezal, de agricultora e de bambuzal (Observador Econômico e Financeiro, janeiro de 1944 , janeiro de 1944, maio de 1944, maio de 1944, junho de 1944, junho de 1944, junho de 1944).

Em 1945, com o fim do Estado Novo o DEIP passou a chamar-se Departamento Estadual de Informações (DEI) e a a Divisão de Turismo e Diversões Públicas passou a chamar-se Divisão de Turismo e Expansão Social. A Divisão de Divulgação manteve o nome.

Preising participou do IV Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante, realizado entre novembro e dezembro de 1945, na Galeria Prestes Maia – primeira edição internacional -, com seis fotografias: Bicho de Seda, Contra Luz, Faíscas, Fornalha, Metal Líquido e Tropical. Seu ensaio fotográfico Jabaquara, com sete imagens, ficou entre os finalistas do 2º Prêmio Anchieta. (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1945, quinta coluna).

Na publicação São Paulo, realizada pelo DEI, em 1946, fotos de sua autoria não creditadas foram publicadas.

Em 1946 e 1947, respectivamente, suas fotografias Silêncio, Sombra e LuzMinha Terra tem Palmeiras representaram o FCCB. A primeira no V Salão de Santa Fé, na Argentina; e a segunda, no VI Salão de Barcelona, na Espanha.

No livro Gente e Terra do Brasil, documentário fotográfico organizado pelo livreiro austríaco naturalizado brasileiro Erich Eichner (1906 – 1974), quinto volume da Coleção de Temas Brasileiros da Livraria Kosmos Editora, lançado, provavelmente, em 1947, com síntese histórica e econômica de John Knox (? – ?) e prefácio do jornalista, político, professor e pesquisador Carlos Rizzini (1898 – 1972), das 128 imagens publicadas, 30 eram de autoria de Preising. Havia também fotos de Carlos Moskovics (1916 – 1988), Erich Hess (1911 – 1995), Hans Gunter Flieg (1923-), Hildegard Rosenthal (1913 – 1990), José Medeiros (1921 – 1990), Peter Scheier (1908 – 1979) e Thomaz Farkas (1924 – 2011), dentre outros. Algumas imagens eram provenientes do arquivo da Panair. O livro era traduzido para o inglês, francês e espanhol (Correio da Manhã, 2 de dezembro de 1947, quinta coluna).

 

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Foram de sua autoria as fotografias dos cadernos de turismo sobre Campos do Jordão, de 1947, e sobre Itanhaem, de 1948, produzidos por intermédio da Divisão de Turismo e Expansão Cultural do Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo. Os textos eram do jornalista e folclorista Helio Damante (1919 – 2002 ) e as ilustrações de Aldemir Martins (1922 – 2006), no de Campos do Jordão;  de Tarsila do Amaral (1883 – 1976), no de Itanhaem (Jornal de Notícias, 12 de novembro de 1947, quinta coluna). A reprodução desses dois álbuns está publicada entre as páginas 133 e 144 da dissertação Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de c.

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Em 1948, o DEI foi extinto e ele passou a ser o fotógrafo titular da Secretaria Estadual dos Negócios do Governo de São Paulo. Em torno deste ano começou a tirar licenças médicas devido ao Mal de Parkinson, que deu seus primeiros sinais em torno de 1945.

Foi nomeado, em maio de 1949, para trabalhar no Laboratório de Polícia Técnica da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Ainda neste ano foi trabalhar como fotógrafo do Departamento de Cultura e Ação Social da Reitoria da Universidade de São Paulo. Aposentou-se do serviço público estadual em 1954.

Nos álbuns de fotografias Isto é o Rio de Janeiro Isto é a Bahia, ambos da Editora Melhoramentos e publicados em 1955, com textos em inglês, francês, português, italiano e alemão, fotos de sua autoria assim como de Alice Brill (1920 – 2013), dentre outros, foram publicadas (O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955; Diário de Notícias, 11 de agosto de 1955, segunda coluna).

 

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

 

Faleceu em 24 de julho de 1962, em sua casa, em São Paulo.

Em 2003, fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Rio de Janeiro 1900 – 1930: uma crônica fotográfica, de George Ermakoff, G. Ermakoff Casa Editorial, Rio de Janeiro.

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No ano seguinte, integrou a exposição São Paulo 450 anos: a imagem e a memória da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles, realizada entre 23 de janeiro e 27 de junho de 2004, no Centro Cultural da Fiesp, em São Paulo, e teve fotos de sua autoria publicadas no Cadernos de Fotografia Brasileira São Paulo 450 anos, editado pelo IMS.

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Também em 2004, integrou a Coleção Pirelli-Masp de Fotografia, 13˚ edição, com sete fotografias, que foram incorporadas ao Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 2004).

Em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, em 2008, realização da exposição individual Uruguaiana de 1932 de Theodor Preising, no Centro Cultural Dr. Pedro Marini, com a curadoria de Douglas Aptekmann, seu bisneto.

Em 2010, no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com curadoria de Emanoel Araújo (1940 – 2022), realização da exposição São Paulo, Terra, Alma e Memória com fotos de Preising e de Guilherme Gaesnly (1843 – 1928) em comemoração ao aniversário de São Paulo (O Estado de São Paulo, 19 de março de 2010).

Em 2011, foi o tema da Dissertação de Mestrado Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de Kariny Grativol, orientada pelo professor Boris Kossoy, na Universidade de São Paulo. Voltou, em 2016, a ser tema de uma Dissertação de Mestrado realizada na USP, Fotografia Profissional, arquivo e circulação: a produção de Theodor Preising em São Paulo (1920 – 1940), de Eric Danzi Lemos, orientado pela professora Solange Ferraz de Lima. Estes trabalhos foram importantes fontes de pesquisa para a elaboração deste artigo.

Entre 8 de outubro de 2011 e 11 de março de 2012, foi um dos fotógrafos cujos trabalhos foram exibidos na exposição Percursos e Afetos. Fotografias 1928-2011 – Coleção Rubens Fernandes Junior, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com a curadoria de Diógenes Moura (19?-).

No Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2012, Preising foi um dos integrantes da exposição coletiva Um olhar sobre o Brasil a fotografia na construção da imagem da Nação 1833-2003 com curadoria de Boris Kossoy (1941-) e Lilia Schwarcz (1957-). Uma foto de sua autoria foi publicada no livro homônimo, editado pela Fundación Mafre, de Madrid; e pela Objetiva, do Rio de Janeiro.

 

 

Com curadoria de Paulo Herkenhoff, realização, na OCA, em São Paulo, da exposição Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, entre 25 de maio e 13 de agosto de 2017, com a participação de Preising. Outros conjuntos de fotografias expostos foram de Claudio Edinger (1952-), Cristiano Mascaro (1944-) e German Lorca (1922 – 2021). Também neste ano, fotos de sua autoria foram publicadas no livro História do Brasil em 100 fotografias, organizado por Ana Cecília Impellizieri (1978-) e editado pela Bazar do Tempo.

Entre 25 de janeiro e 25 de março de 2018, realização da exposição São Paulo: sinfonia de uma metrópole, com fotos de Theodor Preising, na Galeria de Fotos do Centro Cultural da Fiesp, sob a curadoria de Rubens Fernandes Jr. (1949-). O título da exposição é homônimo ao documentário dos húngaros Adalberto Kemeny (1901 – 1969) e Rudolf Lustig (1901 – 1970), de 1929, exibido durante a mostra, sobre o processo de modernização da paisagem social e urbana da capital paulistana, que tem como referência o filme Berlim – sinfonia da metrópole (1927), de Walter Ruttman (1887 – 1941) (O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018).

Em 2021, realização de duas exposições em torno da obra de Preising, ambas curadas por Rubens Fernandes Junior: entre 27 de julho e 28 de agosto, Theodor Preising Um Olhar Moderno – São Paulo, na Unibes Cultural, em São Paulo; entre 14 de agosto e 19 de setembro, Theodor Preising Um Olhar Moderno – Santos, na Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos.

A parte mais importante da obra de Preising, cerca de 15 mil fotografias, encontra-se sob a guarda de seu bisneto Douglas Aptekmann e Lucia Aptekmann. Um levantamento preliminar deste acervo está publicado na dissertação Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de Kariny Grativol, entre as páginas 120 e 126.

Há também fotos de sua autoria nos acervos do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, no Museu do Café, em Santos; em arquivos públicos de Cambé e Londrina, no Paraná, e Ribeirão Preto, em São Paulo; no Masp, e na Biblioteca Nacional, no Instituto Moreira Salles e na FGV CPDOC, no Rio de Janeiro.
Acesse aqui a Cronologia de Theodor Preising (1883 – 1962).

 

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Preising no Guarujá / Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Fontes:

Enciclopédia Itaú Cultural

FERNANDES JR, Rubens. Rubens Fernandes Jr, curador da exposição São Paulo: Sinfonia de uma metrópole, comenta a obra do fotógrafo Theodor PreisingRevista Zum, 27 de fevereiro de 2018.

GRATIVOL, Kariny. Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MENDES, Ricardo .A revista S. Paulo: a cidade nas bancas. IMAGENS, Unicamp, dezembro de 1994 (a partir de trabalho apresentado no V Congresso Brasileiro de História da Arte, 1993).

LEMOS, Eric Danzi. Fotografia profissional, arquivo e circulação: a produção de Theodor Preising em São Paulo (1920-1940). 2016. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

O Estado de São Paulo

Site Theodor Preising

Cronologia de Theodor Preising (1883 – 1962)

 

Cronologia de Theodor Preising (1883 – 1962)

 

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1883 - Theodor Preising nasceu em 3 de janeiro, em em Hildeshein, na Alemanha, filho de Fridrich e Maria Preising. Seu interesse por fotografia e turismo surgiu a partir de viagens que fazia com seu pai, que era maquinista de trem.

1908 – Casou-se com Elizabeth Elfriede Koesewitz (1874 – 1956) com quem teve três filhos: Úrsula, Carlos Frederico e Sibylle.

 

 

c. 1914 – Possuía um estabelecimento fotográfico na Alemanha , quando foi convocado para atuar como fotógrafo no front da Primeira Guerra Mundial.

1916 –  Tornou-se proprietário de uma filial da empresa Samson & Co., em Berlim, rede que possuía estabelecimentos fotográficos na Alemanha e em outros países da Europa.

 

 

1923 -  Para fugir do caos da Alemanha do pós-guerra, decidiu emigrar e foi, primeiramente, entre março e abril, para a Argentina. Em dezembro, no dia 23, aportou em Santos, a bordo do navio Cap Polônio.

Inicialmente, fixou no Guarujá e comercializava materiais fotográficos como as câmeras Zeiss Ikon e Agfa; além de cartões postais, no Grande Hotel. Produziu cartões postais até o início da Segunda Guerra Mundial, quando estrangeiros de países do Eixo foram proibidos de fotografar externamente as cidades.

1924 – Transferiu-se para São Paulo, onde se estabeleceu na Rua Augusto Tolle, 2, com sua família que já se encontrava Brasil. Seus filhos passaram a auxiliá-lo no laboratório que ele havia montado e onde ele editava e produzia seus próprios cartões postais e álbuns de fotografia. Os textos dos cartões postais eram escritos por sua filha, Sibile. Vendia suas imagens para papelarias e casas fotográficas, como a Fotóptica, fundada pelo pai do fotógrafo Thomaz Farkas (1924 – 2011). Registrou a chegada de imigrantes à cidade, seu carnaval de rua, o dia a dia dos cafezais no interior do estado e a vida praiana de cidades litorâneas como o já mencionado Guarujá e Santos.

1927 – Abriu seu ateliê em São Paulo, na Rua Voluntários da Pátria, nº506, em Santana, na zona norte da cidade (Almanak Laemmert, 1931, segunda coluna).

1928 – Preising expôs, na Casa Rosenhain, na Rua de São Bento, álbuns e folhinhas com aspectos da vida paulista, principalmente (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1928, terceira coluna).

 

 

Entre este ano e 1940, realizou diversos trabalhos fotográficos para a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, registrando fazendas no interior do Estado.

 

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

Theodor Preising. Imigrante na colheita do café, c. 1940 / Publicado na Revista Zum, de 27 de fevereiro de 2018

 

Década de 1930 – Colaborou com o jornal O Estado de São Paulo, que então publicava um suplemento em rotogravura.

1930 - Uma fotografia da Rua XV de Novembro de sua autoria foi publicada no artigo Gigantic Brazil and its Glittering Capital, na edição de julho/dezembro da National Geographic Magazine.

 

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National Geographic Magazine, julho/dezembro de 1930

 

Voltou a expor na Casa Rosenhein. Referido como o proprietário da Photo Rotativo de São Paulo, foi elogiado seu amor e admiração pela natureza americana e suas fotos das cataratas do Iguaçu foram consideradas empolgantes (A Gazeta (SP), 20 de novembro de 1930, primeira coluna).

 

 

É também deste ano o registro abaixo de autoria de Preising, Chegada de imigrantes asiáticos.

 

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Theodor Preising. Chegada de imigrantes asiáticos, 1930. Santos, São Paulo / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

Seis fotografias de sua autoria foram mostradas na A Capital de S. Paulo, publicação distribuída pela Secretaria de Agricultura.

Entre 1930 e 1931, documentou a colonização de Londrina, no Paraná, contratado pela Companhia Terras Norte do Paraná. Em 1933, esteve no Paraná fotografando vários aspectos do estado (O Dia (PR), 5 de maio de 1933, última coluna)

1934 - A bordo do navio Almirante Jaceguai, participou do Segundo Cruzeiro Econômico Turístico do Touring Club do Brasil, empresa para a qual então trabalhava. Produziu, além de registros dos sócios do Touring durante a viagem, uma grande documentação fotográfica, a partir de viagens para o Norte e para o Nordeste (Diário da Manhã (PE), 16 de maio de 1934, quinta colunaDiário de Pernambuco, 20 de maio de 1934, penúltima coluna).

1936 – Ele e o fotógrafo Benedito Junqueira Duarte, conhecido como B.J. Duarte (1910 – 1995), pseudônimo Vamp, eram os fotógrafos da Revista S. Paulo. Segundo Junqueira, apesar de Preising ser bem mais velho que ele, tinha um espírito de moço e uma agilidade profissional de adolescente. A publicação mensal foi lançada em 31 de dezembro de 1935 e fazia propaganda do governo de Armando de Sales Oliveira (1887 – 1945), em São Paulo. Seu projeto gráfico articulava imagem e texto de modo inovador. Foi a primeira revista paulistana a ser feita em rotogravura, o que conferia uma maior qualidade à reprodução dos registros fotográficos. A publicação privilegiava a imagem sobre o texto. (Correio Paulistano, 1º de janeiro de 1936, quarta colunaO Estado de São Paulo, 18 de março de 1978, segunda coluna).

 

 

Era dirigida por Cassiano Ricardo (1895 – 1974), Leven Vampré (c. 1891 – 1956) e Menotti Del Picchia (1892 – 1988). Os livros de memórias de Cassiano, Menotti e Benedito mencionam a presença de Livio Abramo (1903-1992) como ilustrador da revista. Apenas o primeiro, identifica-o como “mestre da gravura, da fotomontagem e das estatísticas ilustradas a rigor…” (A revista S.PAULO: a cidade nas bancas por Ricardo Mendes). A revista S. Paulo circulou em 1936: sua periodicidade foi mensal até o oitavo número, passando a ser bimestral nos dois últimos. Neste mesmo ano, ele entrou com o pedido de sua naturalização como brasileiro.

 

 

 

Links para todas as edições da Revista S. Paulo (1936):

Janeiro / Fevereiro / Março / Abril Maio / Junho / Julho / Agosto / Setembro e Outubro / Novembro e Dezembro

Fotografou o carnaval de rua paulistano e um zeppelin que sobrevoou São Paulo,o dirigível Hindenburg .

 

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Theodor Preising. Carnaval na Av. São João, 1936. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 16 de fevereiro de 2018

 

O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

Theodor Preising. Passeio do dirigível Hindenburg pelo centro de São Paulo, 1936. São Paulo, SP / Foto publicada em O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018

 

1937 – Aderiu ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e enviou uma solicitação para que seu nome passasse a constar do quadro social da entidade (Correio Paulistano, 14 de maio de 1937, quinta coluna).

 

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Carteira do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo de Theodor Preising, matrícula 162 / Publicada em O Viajante incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Expôs fotografias no Pavilhão Brasileiro, na Exposição Universal de Paris de 1937, realizada entre 25 de maio e 25 de novembro de 1937. Contou com a participação de 44 países e foi visitada por cerca de 31 milhões de pessoas.

1938 – Em setembro, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo realizou uma exposição sobre a cultura do algodão com imagens produzidas por ele. As fotos expostas foram publicadas em um número especial do Suplemento em Rotogravura do jornal, em março de 1939.

 

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O Estado de São Paulo, 6 de setembro de 1938

 

Em 6 de novembro, entrou para o serviço público tendo sido nomeado fotógrafo do Departamento de Propaganda e Publicidade (DPP), criado pouco antes como Serviço de Publicidade e Propaganda do Estado de São Paulo, dirigido por Menotti del Picchia.

1939 - Preising mudou-se com a família para a Rua Cedro, em Jabaquara, vizinho do amigo Benedito Junqueira Duarte.

Passou a trabalhar na revista Brasil Novo, criada por Cassiano Ricardo e lançada em 1º de junho do mesmo ano.

Aproximadamente 20 fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Travel in Brazil, Brazilian representation New York’s World Fair, lançada durante a Feira Mundial de Nova York, que tinha o tema Construindo o mundo de amanhã. O pavilhão brasileiro foi projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer (1907 – 2012) e Lúcio Costa (1902 – 1998). Preising foi um dos fotógrafos cujas obras foram expostas em fotomurais do Departamento Nacional do Café e numa mostra de paisagens brasileiras ao lado de registros realizados por Erich Hess (1911 – 1995), Fernando Guerra Duval  (18? – 1959), Max Rosenfeld (? – 1962), Paulino Botelho (1879 – 1948), Renato G. Palmeira (? -?) e pelo Studio Rembrandt. Por sua participação Preising recebeu um diploma conferido pela direção do evento entregue pela Secretaria de Governo de São Paulo (Correio Paulistano, 3 de novembro de 1940, quinta coluna).

Foi criado do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e, pouco depois, cada estado possuía um Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP). Em São Paulo, o DEIP incorporou o Departamento de Publicidade e Propaganda, onde Preising trabalhava. Ele atuou na Divisão de Turismo e Diversões Públicas e na Divisão de Divulgação para o serviço de reportagem da Agência Nacional.

1940 - Produziu esse belo registro do Parque do Anhangabaú e do Viaduto do Chá.

 

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Theodor Preising. Parque Anhangabaú e o novo Viaduto do Chá, 1940. São Paulo, SP / Publicado na Revista Zum, 27 de fevereiro de 2018

 

1941 - Naturalizou-se brasileiro em janeiro. Certamente o fato de ser um servidor público e o envio de uma carta de Menotti del Picchia, em papel timbrado da Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo , a qual dirigia na ocasião, ao ministro da Justiça e Negócios Interiores, Francisco Campos (1891 – 1968), em 5 de agosto de 1939, influenciaram na obtenção de sua naturalização (A Batalha, 7 de janeiro de 1941, penúltima coluna).

 

“Tenho a honra de enviar a Vossa Excelência, para os devido fins, o requerimento em que THEODOR PREISING, de nacionalidade alemã, fotógrafo desta Diretoria de Propaganda e Publicidade do Palácio do Governo de São Paulo, nomeado por ato de 6 de Novembro de 1938, solicita de Vossa Excelência a sua naturalização como cidadão brasileiro, nos termos do artigo 40, parágrafo 3º, do Decreto-lei 1.202, de 8 de Abril de 1939 e de conformidade com a portaria 2.108, de 6 de Julho último, desse Ministério.

Peço vênia a Vossa Excelência para esclarecer que o interessado já tem o seu pedido de naturalização encaminhado a esse Ministério, desde 1936.

Com as minhas expressões de respeito e simpatia, subscrevo-me de Vossa Excelência, admirador obrdo.

Menotti del Picchia

DIRETOR”

 

1941 / 1942 –  Diversas fotos de sua autoria foram publicadas na revista Travel in Brazil. 

 

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Revista Travel in Brazil, 1941, volume 1 do Ano I

 

Na primeira edição da revista, em janeiro de 1941, publicação de foto de Preising no artigo Brazil, this wonderful land, de Cecília Meirelles (1901 – 1964).

 

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Brazil Travels, janeiro de 1941 / Foto de Preising

 

Na segunda edição, de fevereiro de 1941, publicação de fotos nos artigos The jewel of plant life: the orchid e Curitiba and the Paraná railway.

 

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Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

Brazil Travels, fevereiro de 1941 / Fotos de Preising

 

Na edição de março de 1941, registros realizados por ele foram publicados no artigo São Paulo:  city of tourists, de Menotti del Picchia (1892 – 1988) e Petrópolis: summer capital of Brazil, de Vera Kelsey (1892 – 1961); na edição de abril de 1941, 11 fotos no artigo Ouro Preto: the old Villa Rica, de Manoel Bandeira (1886 – 1968); e, na edição de janeiro de 1942, as fotos do artigo Poços de Caldas  Wings over Brazilde Henry Albert Phillips (1880 – 1951). A revista era publicada mensalmente e editada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do Rio de Janeiro.

Em 6 fevereiro de 1942, esteve presente ao enterro da mãe de Cassiano Ricardo (1895 – 1974), realizado no Rio de Janeiro (A Manhã, 7 de fevereiro de 1942, penúltima coluna). Em torno deste ano, associou-se ao Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) – fundado em 1939 e celeiro da fotografia moderna no Brasil – e participou de vários Salões de Fotografia, nacionais e internacionais.

1943 – Sua fotografia Força da Natureza, ganhou, na categoria Paisagem, o 4º prêmio no II Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante (FCCB). O fotógrafo Thomas Farkas (1924 – 2011) ganhou o primeiro lugar na categoria Arquitetura e recebeu um menção honrosa na categoria Composição. Preising foi o organizador, pelo Departamento Estadual de Imprensa e Publicidade, de  um estande de fotografias documentais do progresso de São Paulo, em um anexo ao Salão (Correio Paulistano, 31 de agosto de 1943, primeira colunaCorreio Paulistano, 28 de setembro de 1943, terceira coluna).

 

 

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Participou de uma exposição na Galeria Prestes Maia com as fotos Força da NaturezaRefúgio das AlmasSilêncioSombra e Luz e Vida do Mar. Esta última representou o Foto Clube Bandeirante no Salão de Londres em 1944.

Fotos de sua autoria foram publicadas na Revista Industrial de São Paulo, dirigida por Honório de Sylos (1901 – 1993) e no Observador Econômico e Financeiro do Rio de Janeiro – registros de São Paulo, do porto de Santos, de cafezal, de agricultora e de bambuzal (Observador Econômico e Financeirojaneiro de 1944 , janeiro de 1944maio de 1944maio de 1944, junho de 1944, junho de 1944junho de 1944).

1945 – Com o fim do Estado Novo o DEIP passou a chamar-se Departamento Estadual de Informações (DEI) e a a Divisão de Turismo e Diversões Públicas passou a chamar-se Divisão de Turismo e Expansão Social. A Divisão de Divulgação manteve o nome.

Preising participou do IV Salão Paulista de Arte Fotográfica do Foto Clube Bandeirante, realizado entre novembro e dezembro de 1945, na Galeria Prestes Maia – primeira edição internacional -, com seis fotografias: Bicho de SedaContra Luz, Faíscas, Fornalha,  Metal Líquido e Tropical (Correio Paulistano, 10 de outubro de 1945, quinta coluna).

Seu ensaio fotográfico Jabaquara, com sete imagens, ficou entre os finalistas do 2º Prêmio Anchieta.

1946 – Na publicação São Paulo, realizada pelo DEI, fotos de sua autoria não creditadas foram publicadas.

Sua fotografia Silêncio, Sombra e Luz representou o FCCB no V Salão de Santa Fé na Argentina.

1947 – Sua fotografia Minha Terra tem Palmeiras representou o FCCB, no VI Salão de Barcelona, na Espanha.

c. 1947 - No livro Gente e Terra do Brasil, documentário fotográfico organizado pelo livreiro austríaco naturalizado brasileiro Erich Eichner (1906 – 1974), quinto volume da Coleção de Temas Brasileiros da Livraria Kosmos Editora, lançado, provavelmente, em 1947, com síntese histórica e econômica de John Knox (? – ?) e prefácio do jornalista, político, professor e pesquisador Carlos Rizzini (1898 – 1972), das 128 imagens publicadas, 30 eram de autoria de Preising. Havia também fotos de Carlos Moskovics (1916 – 1988), Erich Hess (1911 – 1995), Hans Gunter Flieg (1923-), Hildegard Rosenthal (1913 – 1990), José Medeiros (1921 – 1990), Peter Scheier (1908 – 1979) e Thomaz Farkas (1924 – 2011), dentre outros. Algumas imagens eram provenientes do arquivo da Panair. O livro era traduzido para o inglês, francês e espanhol (Correio da Manhã, 2 de dezembro de 1947, quinta coluna).

 

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Foram de sua autoria as fotografias dos cadernos de turismo sobre Campos do Jordão, de 1947, e sobre Itanhaem, de 1948, produzidos por intermédio da Divisão de Turismo e Expansão Cultural do Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo. Os textos eram do jornalista e folclorista Helio Damante (1919 – 2002 ) e as ilustrações de Aldemir Martins (1922 – 2006), no de Campos do Jordão;  de Tarsila do Amaral (1883 – 1976), no de Itanhaem (Jornal de Notícias, 12 de novembro de 1947, quinta coluna). A reprodução desses dois álbuns está publicada entre as páginas 133 e 144 da dissertação Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de c.

 

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1948 – O DEI foi extinto e ele passou a ser o fotógrafo titular da Secretaria Estadual dos Negócios do Governo de São Paulo. Em torno deste ano começou a tirar licenças médicas devido ao Mal de Parkinson, que deu seus primeiros sinais em torno de 1945.

1949 - Em maio foi nomeado para trabalhar no Laboratório de Polícia Técnica da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. Ainda neste ano foi trabalhar como fotógrafo do Departamento de Cultura e Ação Social da Reitoria da Universidade de São Paulo.

1954 – Aposentou-se do serviço público estadual.

1955 – Nos álbuns de fotografias Isto é o Rio de Janeiro Isto é a Bahia, ambos da Editora Melhoramentos com textos em inglês, francês, português, italiano e alemão, fotos de sua autoria assim como de Alice Brill (1920 – 2013), dentre outros, foram publicadas (O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955; Diário de Notícias, 11 de agosto de 1955, segunda coluna).

 

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

O Estado de São Paulo, 17 de julho de 1955

 

1962 - Faleceu em 24 de julho, em sua casa, em São Paulo.

2003 - Fotografias de sua autoria foram publicadas no livro Rio de Janeiro 1900 – 1930: uma crônica fotográfica, de George Ermakoff, G. Ermakoff Casa Editorial, Rio de Janeiro.

 

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2004 - Integrou a exposição São Paulo 450 anos: a imagem e a memória da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles, realizada entre 23 de janeiro e 27 de junho de 2004, no Centro Cultural da Fiesp, em São Paulo, e teve fotos de sua autoria publicadas no Cadernos de Fotografia Brasileira São Paulo 450 anos, editado pelo IMS.

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Integrou a Coleção Pirelli-Masp de Fotografia, 13˚ edição, com sete fotografias, que foram incorporadas ao Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 2004).

2008 – Em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, realização da exposição individual Uruguaiana de 1932 de Theodor Preising, no Centro Cultural Dr. Pedro Marini, com a curadoria de Douglas Aptekmann, seu bisneto.

2010 – No Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com curadoria de Emanoel Araújo (1940 – 2022), realização da exposição São Paulo, Terra, Alma e Memória com fotos de Preising e de Guilherme Gaesnly (1843 – 1928) em comemoração ao aniversário de São Paulo (O Estado de São Paulo, 19 de março de 2010).

2011 - Foi o tema da Dissertação de Mestrado Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising, de Kariny Grativol, orientada pelo professor Boris Kossoy, na Universidade de São Paulo.

Entre 8 de outubro de 2011 e 11 de março de 2012, foi um dos fotógrafos cujos trabalhos foram exibidos na exposição Percursos e Afetos. Fotografias 1928-2011 – Coleção Rubens Fernandes Junior, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com a curadoria de Diógenes Moura (19?-).

2012 - No Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Preising foi um dos integrantes da exposição coletiva Um olhar sobre o Brasil a fotografia na construção da imagem da Nação 1833-2003 com curadoria de Boris Kossoy (1941-) e Lilia Schwarcz (1957-). Uma foto de sua autoria foi publicada no livro homônimo, editado pela Fundación Mafre, de Madrid; e pela Objetiva, do Rio de Janeiro.

 

 

2016 – Foi o tema de uma Dissertação de Mestrado realizada na USP, Fotografia Profissional, arquivo e circulação: a produção de Theodor Preising em São Paulo (1920 – 1940), de Eric Danzi Lemos, orientado pela professora Solange Ferraz de Lima.

2017 - Com curadoria de Paulo Herkenhoff, realização, na OCA, em São Paulo, da exposição Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, entre 25 de maio e 13 de agosto, com a participação de Preising. Outros conjuntos de fotografias expostos foram de Claudio Edinger (1952-), Cristiano Mascaro (1944-) e German Lorca (1922 – 2021). Também neste ano, fotos de sua autoria foram publicadas no livro História do Brasil em 100 fotografias, organizado por Ana Cecília Impellizieri (1978-) e editado pela Bazar do Tempo.

2018 - Entre 25 de janeiro e 25 de março, realização da exposição São Paulo: sinfonia de uma metrópole, com fotos de Theodor Preising, na Galeria de Fotos do Centro Cultural da Fiesp, sob a curadoria de Rubens Fernandes Jr. (1949-). O título da exposição é homônimo ao documentário dos húngaros Adalberto Kemeny (1901 – 1969) e Rudolf Lustig (1901 – 1970), de 1929, exibido durante a mostra, sobre o processo de modernização da paisagem social e urbana da capital paulistana, que tem como referência o filme Berlim – sinfonia da metrópole (1927), de Walter Ruttman (1887 – 1941) (O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 2018).

2021 – Realização de duas exposições em torno da obra de Preising, ambas curadas por Rubens Fernandes Junior: entre 27 de julho e 28 de agosto, Theodor Preising Um Olhar Moderno – São Paulo, na Unibes Cultural, em São Paulo; entre 14 de agosto e 19 de setembro, Theodor Preising Um Olhar Moderno – Santos, na Pinacoteca Benedito Calixto, em Santos.

 

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Preising no Guarujá / Viajante Incansável – trajetória e obra fotográfica de Theodor Preising

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin

No 17º artigo da série Feministas, graças a Deus! a equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, instituição parceira da Brasiliana Fotográfica, traz para nossos leitores um pouco da história da poeta e feminista carioca Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça (1896 – 1971) com fotos dela no Rio de Janeiro e também de uma viagem que realizou para Istambul, que sediou, no mês de abril de 1935, o XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania, e para outros países da Europa. Ela foi a representante do Brasil no evento e a engenheira Carmen Portinho (1903 – 2001) e Edith Fraenkel (1889 – 1968), que foi a primeira presidente eleita da Associação Brasileira de Enfermagem e uma de suas fundadoras, foram como suplentes. Durante sua vida, Anna Amélia sempre esteve engajada na defesa dos direitos das mulheres, apoiando as iniciativas promovidas pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, onde foi vice-presidente e lutou pelo voto feminino. Ao final do artigo, está publicado um brevíssimo perfil de Anna Amélia, escrito por Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal. Feliz 2024!

 

 

Acessando o link para as fotografias relativas à Anna Amélia Queiroz Carneiro de Mendonça do acervo da FGV CPDOC disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

ANNA AMÉLIA E O ZEPPELIN

Equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC

 

O MOTIVO

 

O XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania aconteceu em Istambul, entre 18 e 25 de abril de 1935. Até essa data, os congressos da Aliança (International Alliance of Women for Suffrage and Equal Citizenship) eram, majoritariamente, centrados na Europa. A partir de então, a organização procura se aproximar e concentrar suas reuniões em nações do Oriente e da América Latina. Nesse contexto, o décimo segundo congresso acontece, pela primeira vez, fora do eixo europeu, como forma de comemorar junto a movimentos feministas locais e ao governo a recente introdução do direito a voto e outras garantias de igualdade política femininas na Turquia. A delegação brasileira também comemorava o direito ao voto da mulher, recém conquistado em 1932 com a promulgação do novo Código Eleitoral. As delegadas brasileiras foram a engenheira Carmen Portinho (1903 – 2001), a enfermeira Edith Fraenkel (1889 – 1969) e a poetisa Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971).

 

  Programa do XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania

Programa do XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania / Acervo FGV CPDOC

 

Anna Amélia, poeta, tradutora, ativista feminista e estudantil, nasceu em 17 de agosto de 1896, na cidade do Rio de Janeiro. Como outras mulheres de sua época, não foi matriculada em nenhuma instituição de ensino formal, e recebeu educação em seu lar, sendo instruída nos idiomas português, inglês, francês e alemão. Em 1911, com 14 anos de idade, publica seu primeiro livro de poesias – Esperança.

A participação política de Anna Amélia começa a ganhar destaque quando, em 1929, junto a estudantes universitários e representantes da Escola Naval e da Escola Militar, funda a Casa do Estudante Brasileiro (CEB) e se torna a primeira presidente da instituição. Sua atuação estava voltada para a promoção do intercâmbio cultural entre os estudantes e para a interação entre empresas e alunos, visando auxiliar na busca por empregos e garantindo a compatibilidade com os horários das aulas. Vale ressaltar, que nesse momento surge o primeiro bandejão universitário.

 

 

Anna Amélia desempenhou relevante papel no movimento feminista brasileiro. Em 1931, participou do II Congresso Internacional Feminista, organizado pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), tendo apresentado a tese – O problema da habitação para moças-estudantes e o projeto de uma casa para a estudante brasileira na organização da Casa do Estudante do Brasil  – associando seu ativismo estudantil com a situação feminina, e reivindicando o aumento de mulheres no ensino superior brasileiro. A partir desse momento, ganhou destaque entre as organizações feministas do país, chegando a assumir a vice-presidência da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Tornou-se a primeira mulher a integrar a equipe de apuração de votos no Tribunal Superior Eleitoral, fazendo parte da mesa apuradora das eleições. Sua contribuição foi destacada na edição de fevereiro de 1935 do Boletim da Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino, onde foi reconhecida como uma das figuras proeminentes que lutaram pelos direitos das mulheres durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1934.

Representante escolhida pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, em 10 de abril de 1935, Anna Amélia é confirmada, pelo presidente Getúlio Vargas, porta-voz da delegação brasileira no XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania. No dia 11, parte para a Turquia.

 

Passaporte de Anna Amélia / Acervo

Passaporte de Anna Amélia / Acervo FGV CPDOC

 

VOANDO NO ZEPPELIN

 

Anna Amélia, acompanhada do marido, Marcos Carneiro de Mendonça (1894 – 1988), historiador e goleiro do Fluminense, e da filha mais velha, Marcia Cláudia, embarca no dia 11 de abril, no Rio de Janeiro.

 

 

A viagem, a bordo do Zeppelin, teve uma escala em Recife  e durou cinco dias, seguindo pelo mar e pela costa da África e da Europa até seu ponto final, a cidade alemã de Friedrichshafen.

 

 

 

 

 

 

 

Anna Amélia escreve em seu diário sobre o “monstro flutuante”:

“Deixando a longe o tapete mágico do litoral brasileiro o Zeppelin conquista o mar alto e o céu amplo. Azul transparente e fluido sobre a nossa cabeça; azul compacto e forte abaixo de nós. Um dia só entre os dois abismos e o monstro flutuante está sobre Marrocos, dominando as cidades alvas que se recortam lá embaixo como detalhadas maquetes de gesso. Depois Gibraltar à espreita, e a Europa que se esforça com as plantas levadas das cordilheiras” (AACM lit 1972.07.15)

 

 

 

O voo chegou à Friedrichshafen, no dia 16 de abril e o Zeppelin sobrevoa a cidade, antes de pousar. Friedrichshafen fica no extremo-sul da Alemanha constituída por pequenas casas, campos de plantação e grandes hangares de estacionamento e construção de dirigíveis.

 

 

 

 

 

 

 

 

De Friedrichshafen, Anna Amélia segue de trem para a Turquia, chegando a Istambul dia 20, e se hospeda no Hotel Continental durante o Congresso.

 

 

 

 

Anna Amélia escreve em seu diário:

Istambul… Fica nos meus olhos o encantamento de uma tarde. Os minaretes da cidade velha são braços de ouro sobre a gama do horizonte. Uma voz mágica chama para a prece. E neste momento Istambul é bem o Oriente, e é toda a poesia que eu fui buscar. (AACM lit 1972.07.15. p.5)

Anna Amélia se surpreende com o crescente avanço progressista que marcava o país, principalmente, nas questões das mulheres. Ela registra que as mulheres turcas não estavam mais com os “rostos velados por véus negros” ou “encarceradas em harens“, vivendo em condições cada vez mais igualitárias, ocupando as faculdades – medicina, direito, jornalismo – e atuando na política, como deputadas na Assembleia Nacional.

É nessa oportunidade de mostrar a modernidade da nova sociedade turca que o governo do país se organiza junto a seu movimento feminista para receber o XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania.

Além de participar de conferências e votações, Anna Amélia apresenta a candidatura da então presidente da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, a ativista Bertha Lutz (1894 – 1976), para a Comissão Executiva da  International Alliance of Women for Suffrage and Equal Citizenship. Esse momento de congregação foi também a oportunidade de se aproximar de outras lideranças feministas, como Latife Bekir, política turca, e outros grandes nomes como Nancy Astor e Margery Corbett Ashby.

O ponto alto do evento foi sua palestra no Teatro Municipal de Istambul. Com o discurso “A Mulher Cidadã”, Anna discursa sobre o movimento feminino no Brasil, o dever da mulher cidadã e, principalmente, seu trabalho pela paz universal. Além da oportunidade de se expressar, o congresso foi um momento de aprender, com influências em seu trabalho e ativismo que serão vistos em textos e discursos posteriores.

 

 

 

A viagem de Anna Amélia e sua família seguiria ainda por outros países da Europa: Hungria, Áustria, Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Luxemburgo, Suíça, Itália, Mônaco, Espanha e Portugal. Ela retorna ao Rio de Janeiro, de navio, no dia 15 de agosto de 1935, após 95 dias de viagem.

Em 15 de abril de 1936, um ano após a viagem, Anna Amélia dá uma entrevista a uma rádio e afirma:

Entreguem às mulheres a solução dos desentendimentos internacionais, e verão como se ensina os povos, a tolerância e o bom senso. Nada de canhões atroadores, gases asfixiantes, bombardeios aéreos. Mas palavras sinceras, corações abertos, mãos leais abertas para um gesto fraternal. A mulher quer a paz. E a sua tenacidade provará ao mundo que esse lindo sonho de hoje pode vir a ser a ventura dos homens de amanhã. (AACM mf 1936.03.11, 1A)

Em 1976, foi lançado seu diário de viagem, Quatro Pedaços do Planeta no Tempo do Zeppelin.

 

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Fontes:

ANNA AMÉLIA: Feminismo no tempo do Zeppelin. Direção: Tarcila Soares Formiga. Rio de Janeiro, 2019. (10min39). Disponível em: https://youtu.be/l3yvqyO33hg?si=gW_-_8j-PLElZxiO

Arquivo pessoal Anna Amélia Carneiro de Mendonça (FGV CPDOC)

https://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=AACM_mf&hf=www18.fgv.br&pagfis=180

GLEW, Helen. Embracing the language of human rights: International women’s organizations, feminism and campaigns against the marriage bar, c.1919–1960. Gender & History, Londres, v.35,  p.(780–794), 2023. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/journal/14680424

RUPP, Leila J. Worlds of Women: The Making of an International Women’s Movement. Princeton: Princeton University Press, 1998.

 

Brevíssimo perfil de Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça (1896 – 1971)

Andrea C.T. Wanderley*

 

Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, nascida em 17 de agosto de 1896, no Rio de Janeiro, era filha de José Joaquim de Queiroz Jr (1870 – 1919) e de Laura Palhares Machado (1874 – 1941); e irmã de Laura Margarida (1898 – 1995) e Maria José (1911 – 1984). Esta última foi casada com o jornalista e professor Austregésilo de Athayde (1898 – 1993), que foi durante muitos anos, entre 1958 e 1993, presidente da Academia Brasileira de Letras.

Viveu em Minas Gerais até 1911, quando sua família retornou ao Rio de Janeiro. Sua formação primária e secundária foi proporcionada por diversas preceptoras estrangeiras que se sucederam em sua casa. Ela e suas irmãs aprenderam a falar fluentemente alemão, francês e inglês, e tiveram aulas de Botânica, Geografia, História, Matemática, Música e Pintura.

Casou-se, em 17 de dezembro de 1917, com o mineiro Marcos Carneiro de Mendonça (1894 – 1988), goleiro do Fluminense e o primeiro goleiro da seleção brasileira, considerado o primeiro ídolo do futebol no Brasil (O Paiz, 17 de dezembro de 1917, quarta coluna), tendo sido presidente do Fluminense Football Club, entre 1941 e 1943. Foi também historiador e escritor. Anna Amélia apaixonou-se por ele, em torno de 1913, quando assistiu a uma partida do América Football Club. Sobre essa paixão, escreveu um poema:

 

“Foi sob um céu azul, ao louro sol de maio,
Que um dia eu te encontrei formoso como Apolo,
E meu amor nasceu num luminoso raio,
Como brota a semente à umidade do solo.
Havia tanta vida. Era tão verde o campo.
E eu senti-me envolver num clarão muito doce,
Esse clarão cresceu, cresceu e acentuou-se
Como o sol ao raiar pelo horizonte escampo.
E eu te amei… Foi assim–verdes frondes, contai-o
Que, banhado de luz, entre os beijos de Eolo,
Sob um céu muito azul, ao louro sol de maio,
Um dia te encontrei formoso como Apolo”. 

 

Anna Amélia e Marcos tiveram quatro filhos: Márcia Claudia (1918 – 2012), Eliana Laura (1920 – 1920), José Joaquim (1921 – 1999) e Bárbara Heliodora (1923 – 2015). A partir de 1944, o casal passou a morar no Solar dos Abacaxis, como era conhecido um palacete do século 19 no bairro do Cosme Velho, projeto do arquiteto José Maria Jacinto Rabelo  (1821 – 1871), discípulo do arquiteto Grandjean de Montigny (1776 – 1850). Havia sido construído, em 1843, pelo comendador Borges da Costa, bisavô de Anna Amélia. Deve seu nome aos abacaxis de ferro que enfeitam suas sacadas. Anna Amélia e Marcos foram anfitriões, na mansão, de inúmeras festas e saraus que reuniam artistas, diplomatas, empresários, escritores, estudantes, intelectuais, políticos e personalidades da elite carioca.

 

 

Anna Amélia traduziu para o português Hamlet, além de outras obras de autoria de William Shakespeare (1564 – 1616), poeta e dramaturgo inglês, e a caçula do casal, Bárbara Heliodora, foi uma das maiores especialistas, no Brasil, em Shakespeare, além de uma importante crítica teatral.

 

 

Anna Amélia foi pioneira na introdução do tema do futebol na literatura brasileira com a poesia O Salto, publicada no livro Alma (1922). Seu encantamento com o esporte surgiu de sua convivência com os empregados da Usina Esperança, em Itabirito, em Minas Gerais, de propriedade de seu pai. Segundo Bernardo Buarque de Hollanda (1974-), o poema teria sido composto na casa de Coelho Neto (1864 – 1934), durante um dos saraus dominicais entre jogadores do Fluminense da década de 1910 e 1920:

O Salto

 Ao ver-te hoje saltar para um torneio atlético,

Sereno, forte, audaz, como um vulto da Ilíada,

Todo o meu ser vibrou num ímpeto frenético,

Como diante de um grego, herói de uma Olimpíada.

Estremeci fitando esse teu porte estético,

Como diante de Apolo estremecera a dríada.

Era um conjunto de arte esplendoroso e poético

Enredo e inspiração para uma helioconíada

No cenário sem par de um pálido crepúsculo

Tu te lançaste no ar, vibrando em cada músculo

Por entre as aclamações da massa estusiástica

Como um deus a baixar o Olimpo, airoso e lépido

Tocaste o solo, enfim, glorioso ardente, intrépido,

Belo na perfeição da grega e antiga plástica”.

 

Outros livros de sua autoria foram Esperanças (1911)Ansiedade (1926)A Harmonia das coisas e dos seres (1936), Versos que eu digo (1937), Mal de amor (1939), Castro Alves, um estudante apenas (1950), Poemas (1951), 50 poemas de Ana Amélia (1957) e Todo mundo (1959).

Foi uma das fundadoras, com o teatrólogo Paschoal Carlos Magno  (1906 – 1980) e com a advogada e feminista Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), entre outros, da Casa do Estudante Brasileiro (CEB), em 13 de agosto de 1929. Foi sua primeira presidente, tornando-se vitalícia no cargo. A CEB foi importante no surgimento do Teatro do Estudante, criado, em 1938, por Paschoal Carlos Magno; e do Teatro Experimental do Negro, de Abdias do Nascimento (1914 – 2011), fundado em 1944.

 

 

Seus poemas e crônicas foram publicados em importantes jornais do país como O GloboO Jornal, A Noite e nas revistas O Cruzeiro, Fon-Fon e Careta, dentre outras.

Um dos artigos da edição especial da revista Cruzeiro, de 15 de dezembro de 1928, sobre as Praias de Banho no Rio de Janeiro, em Paquetá e em Niterói, intitulado Em louvor das praias, foi escrito por Anna Amélia, então Rainha dos Estudantes, coroada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 26 de setembro de 1928 (O Paiz, 26 de setembro de 1928, penúltima coluna).

Foi diretora no suplemento feminino do Diário de Notícias e, como já mencionado, a primeira mulher a integrar o Tribunal Superior Eleitoral, fazendo parte da mesa apuradora das eleições de 1934. Foi secretária do Hospital Pró-Matre e presidenta da Associação Brasileira de Educação entre 1941 e 1942.  Em 1942, foi escolhida como representante do Brasil na Comissão Internacional de Mulheres, com sede na União Pan-Americana em Washington, posição que ocupou durante três anos; e, em 1967, foi a convidada do governo de Israel como representante da mulher brasileira no Congresso Internacional Feminino pela Paz e Desenvolvimento.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1971, de ataque cardíaco (O Jornal, 2 de abril de 1971Manchete, 24 de abril de 1971).

 

 

Pouco mais de um ano depois de sua morte, foi publicado um depoimento do jornalista, crítico de arte e  professor Mário Barata (1921 – 2007) sobre ela, a brasileira perfeita…síntese feminina de quatro séculos e meio de caminho para a civilização, de origem lusa, nos trópicos (Jornal do Commercio, 24 de março de 1972, terceira coluna).

 

 

Em 1976, quase cinco após seu falecimento, foi lançado seu diário de viagem, Quatro Pedaçodo Planeta no Tempo do Zeppelin, pela Archimedes Edições (Jornal do Commercio, 4 de janeiro de 1976).

Assista aqui  Anna Amélia – Feminismo no tempo do Zeppelin, dirigido e roteirizado por Tarsila Soares Formiga, produzido na Oficina de Audiovisual em Sala de Aula, ofertada pelo Núcleo de Audiovisual e Documentário da FGV CPDOC em 2019.

 

*Andrea C.T. Wanderley é editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica.

 

Fontes:

ARAÚJO, D. Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça: a introdução do futebol na poesia do Brasil. FuLiA/UFMG [revista sobre Futebol, Linguagem, Artes e outros Esportes], [S. l.], v. 7, n. 3, p. 16–39, 2023. DOI: 10.35699/2526-4494.2022.38766. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/fulia/article/view/38766.

DUARTE, Constância Lima. Anna Amélia: militância e paixão. Interdisciplinar v. 3, n. 3, p. 22-30 – jan/jun de 2007

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MONTEIRO, Alessandra Nóbrega; COSTA, Anna Beatriz Oliveira Menezes. Anna Amélia: feminismo brasileiro à luz de um arquivo pessoal. Revista Discente Ofícios de Clio, Pelotas, vol. 6, n° 10 | janeiro – junho de 2021.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

Site Associação Brasileira de Educação

Site Memória de Família

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!”

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923)

No dia do aniversário de 180 anos de Marc Ferrez (1843 – 1923), a Brasiliana Fotográfica destaca os 27 artigos já publicados no portal em torno da obra do fotógrafo. Ferrez teve uma trajetória singular na história da fotografia no Brasil, tendo se estabelecido, inicialmente, em 1867, na Rua São José, nº 96, no Rio de Janeiro, tornando-se logo o mais importante profissional da área na cidade. Foi no Rio de Janeiro e em seus arredores que ele realizou cerca da metade de sua produção fotográfica, registrando, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

 

Foi o único fotógrafo do século XIX que percorreu todas as regiões do Brasil, tendo sido, no referido século, o principal responsável pela divulgação da imagem do país no exterior. Nos anos 1870, integrou a Comissão Geológica do Império e tornou-se Fotógrafo da Marinha Imperial. Participou e foi premiado em diversas exposições nacionais e internacionais.

 

Carimbo de Marc Ferrez, c. 1875. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS.

Carimbo de Marc Ferrez, c. 1875. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS.

 

Acessando o link para as fotografias de Marc Ferrez disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de dezembro de 1843, cerca de quatro após o anúncio da invenção do daguerreótipo por François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências da França, em 19 de agosto de 1839. O daguerreótipo, processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851), revolucionou em pouco tempo e para sempre a forma do registro do mundo e de seus habitantes, inundando nosso planeta de imagens fotográficas. A invenção chegou ao Brasil em 1840 e dom Pedro II (1825 – 1891) foi um grande entusiasta da fotografia.

 

Câmara de daguerreótipo Succe Frères, de 1939 / Westlicht Photography Museum, em Viena, na Áustria

 

Voltando a Marc Ferrez. Ele era filho de Zépherin (Zeferino) Ferrez (1797 – 1851) e Alexandrine Caroline Chevalier (18? – 1851). Seu pai, um escultor e gravador francês, havia chegado com o irmão Marc (Marcos), no Rio de Janeiro, em 1817. Os dois passaram a integrar a Missão Francesa, que havia se instalado na cidade no ano anterior. Após passar alguns anos em Paris, Marc Ferrez retornou ao Rio de Janeiro em torno de 1863. Casou-se com a francesa Marie Lefebvre (c. 1849 – 1914) em 16 de agosto de 1873. Tiveram dois filhos: Julio Marc (1881 – 1946) e Luciano José André (1884 – 1955).

 

 

Sua trajetória profissional foi marcada por uma forte ligação com atividades culturais e científicas e também por um contato permanente com os principais desenvolvimentos tecnológicos de sua época. Produziu magistrais fotografias de arquitetura durante a construção da Avenida Central, no Rio de Janeiro.

 

 

Também participou da introdução do cinema e da fotografia estereoscópica em cores no Brasil, no início do século XX. Em 1905, obteve a representação da firma francesa Pathé Frères no Brasil. A firma era a maior e melhor fábrica de aparelhos e filmes cinematográficos da Europa. Faleceu em 12 de janeiro de 1923, no Rio de Janeiro.

 

“Há nas suas paisagens…uma nota artística sempre: a escolha do ponto de vista denotava no fotógrafo a existência daquela divina centelha de arte que dá o toque de poesia às frias imagens que a objetiva mecanicamente registra”.

Para Todos, 20 de janeiro de 1923

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

 

Acesse aqui a Acervo, Revista do Arquivo Nacional, com o tema Marc Ferrez: a fotografia como experiência, volume 36, nº2 maio/agosto 2023, que traz artigos de algumas parceiras – Maria do Carmo Rainho (Arquivo Nacional) e Maria Isabel Lenzi (Museu Histórico Nacional –  e também de algumas colaboradoras – Ana Maria Mauad e Maria Isabela Mendonça dos Santos – da Brasiliana Fotográfica.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Os registros do fotógrafo e pintor italiano José Boscagli (1862 – 1945)

Em agosto deste ano, 2023, foi publicado na Brasiliana Fotográfica o artigo A Exposição Nacional de 1908 no Museu Histórico Nacional, de Maria Isabel Lenzi, historiadora do Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras do portal. Nele três álbuns fotográficos foram destacados: os dos fotógrafos Augusto Malta (1864 – 1957), José Boscagli (1862 – 1945) e Luis Musso (18? – 19?).  A partir desta publicação, comecei a pesquisar sobre a vida de Boscagli, cujo álbum, com 54 fotos de sua autoria e uma de Augusto Malta, retratou a mostra do Rio Grande do Sul na Exposição Nacional.

 

Na maior parte de sua vida foi pintor e desenhista, mas foi também fotógrafo, tendo trabalhado no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre. Foi o pintor oficial nas expedições do Marechal Rondon pelo interior do país. Retratou aspectos da fauna, flora, população e costumes locais, destacando-se, especialmente, as representações dos indígenas e aspectos de sua cultura.

 

Acessando o link para as fotografias de José Boscagli disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

 

Cronologia de José Boscagli (1862 – 1945)

 

 

1862 - Giuseppe (José) Boscagli nasceu em Florença, na Itália. Algumas fontes indicam que ele teria nascido em Siena, cidade italiana também localizada na Toscana. Em um artigo de O GLOBO, de 31 de maio de 1945, foi informado que ele descenderia de um dos doges de Veneza.

Década de 1870 – Desde os tempos de colégio, compunha paisagens e retratos coloridos a partir de pigmentos de flores. Apesar do desejo de sua família para que ele se tornasse engenheiro e arquiteto, matriculou-se na Academia de Belas Artes de Florença, onde foi influenciado por Pisani, um de seus professores. Ainda na Itália, conheceu os pintores brasileiros Pedro Américo (1843 – 1905) e Décio Villares (1851 – 1931). Teria, na companhia de Villares, visto Pedro Américo pintando a Batalha do Avaí, um dos mais importantes quadros brasileiros do século XIX, que retrata um episódio da Guerra do Paraguai. A obra foi realizada no ateliê de Pedro Américo, em Florença, e ficou pronta em 1877.

 

 

1888 – Casou-se com Luiza Luraschi (O GLOBO, 31 de maio de 1945).

c. 1897 – Passou a morar, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Realiza retratos a óleo, aquarela e crayon, copiados de fotografia, para a Sociedade de Artes de Buenos Aires, que mantinha uma agência em Porto Alegre.

Iniciou sua carreira de pintor paisagista e fotógrafo no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre. Jacintho e seu irmão Carlos (18? – 1942) sucederam o pai, em 1885 e, entre 1895 e 1901, Rafael (1880 – 1961), o irmão caçula, também colaborou no estabelecimento.

Produziu um retrato a óleo de Julio de Castilhos (1860 – 1903), cuja inauguração aconteceu em 15 de novembro de 1899, no Conselho Municipal de Porto Alegre, em comemoração à Proclamação da República.

 

Júlio de Casttilho por Giuseppe (José) Boscagli /

Júlio de Castilho por Giuseppe (José) Boscagli, c. 1897 / Acervo Artístico de Porto Alegre

 

1900 - Um lindíssimo e fino quadro a óleo executado por Boscagli, retratando Adelina Vizeu Marques, encontrava-se na vitrine do ateliê de Jacintho Ferrari (A Federação (RS), 7 de fevereiro de 1900, quinta coluna).

Participou com quatro quadros da Exposição Estadual de 15 de Novembro (A Federação (RS), 26 de julho de 1900, primeira coluna).

1901 / 1902 - Nesse período, encontrava-se em Bento Gonçalves e participou, em Porto Alegre, de uma exposição com um retrato a óleo, tendo recebido uma menção honrosa (A Federação (RS), 27 de março de 1901, primeira coluna; A Federação (RS), 28 de maio de 1901, última coluna; Folha de Hoje (Prefeitura de Caxias do Sul), 26 de outubro de 1991, primeira coluna).

1903 - No ateliê do também italiano Virgilio Calegari (1868 – 1937), importante fotógrafo do sul do Brasil, em fins do século XIX e início do XX, expôs um retrato a óleo do desembargador Epaminondas Ferreira (A Federação (RS), 8 de junho de 1903, terceira coluna).

Em companhia de sua esposa, Luiza, e da filha única do casal, Ignez, chegou em Porto Alegre, a bordo do paquete Rio Pardo (A Federação (RS), 26 de agosto de 1903, segunda coluna).

1906 - Um retrato a óleo, executado por ele, de Carlos Barbosa Gonçalves, presidente da Assembléia de Representantes do Estado, estava exposto na Drogaria Ingleza, em Poro Alegre (A Federação (RS), 25 de abril de 1906, quinta coluna).

Sucedeu J. Antonio Iglesias no estabelecimento fotográfico da rua do Riachuelo, 220, em Porto Alegre, que passou a chamar-se Photographia -Artística-Boscagli.

 

 

1908 – Fotografou um evento social em Canoas e seus registros foram expostos na vitrine da Casa Barreto, em Porto Alegre (A Federação (RS), 9 de janeiro de 1908, quinta coluna).

Foi morar no Rio de Janeiro, onde se anunciava como artista pintor e oferecia serviços fotográficos gratuitos (O Paiz, 21 de maio de 1908).

 

 

Fotografou a mostra do Rio Grande do Sul na Exposição Nacional de 1908.

 

1909 - Anunciou a venda de um equipamento de fotografia, oferecendo-se a ensinar ao comprador como operá-lo (Jornal do Brasil, 25 de outubro de 1909, primeira coluna).

 

 

Incorporou-se às expedições de Cândido Rondon ao Mato Grosso e a Goiás, onde retratou os indígenas da região. Foi por intermédio de seu genro, o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), o cineasta de Rondon, que conheceu a Comissão Rondon. Reis era o encarregado de cinematografia e fotos do Escritório Central da Comissão. Boscagli passou a ser o pintor oficial de Rondon (Correio da Manhã, 16 de outubro de 1940, sétima colunaCarioca, 19 de maio de 1945; Enciclopédia Itaú Cultural).

 

 

1910 – Seu genro, o major Reis, tornou-se o chefe da recém criada Seção de Fotografia e Cinematografia do Escritório Central da Comissão Rondon.

1910 / 1911 – O estabelecimento fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre, foi anunciado no Almanaque Henault e também no Almanak Laemmert, 1910 e 1911.

 

 

1910 - Em um artigo, Boscagli é identificado como um cavalheiro de trato delicado e gentil. Ainda segundo o artigo, ele havia vivido muitos anos no Rio Grande do Sul e havia passado pelo Rio de Janeiro. Realizou uma exposição na casa Resemini & Leone, em Vitória, no Espírito Santo (Commercio do Espírito Santo, 21 de fevereiro de 1910, terceira coluna; Diário da Manhã, 22 de fevereiro de 1910, última coluna).

 

 

Exposição de um retrato a óleo do presidente da República eleito, marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923), na vitrine da loja Primavera, acreditado e popular estabelecimento do Climaco Sales, em Vitória, no Espírito Santo. Foi também exposto um retrato do então governador do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro (1870 – 1933), e do coronel Henrique Coutinho (1845 – 1915), ex-governador do estado. Todos  de autoria de Boscagli, que ficou um período na cidade, quando trabalhou no estúdio do italiano Alberto Lucarelli (1884 – 1967), então fotógrafo oficial do governador do Espírito Santo. Boscagli voltou para o Rio de Janeiro a bordo do paquete Olinda, em 10 de junho de 1910, após permancer meses em Vitória. Foi tambem exposta na loja Primavera uma paisagem de sua autoria (Diário da Manhã (ES), 29 de março de 1910, quarta coluna; Diário da Manhã (ES), 24 de abril de 1910, segunda coluna; Commercio do Espírito Santo, 25 de abril de 1910, quinta coluna; O Estado do Espírito Santo, 11 de junho de 1910, primeira colunaDiário da Manhã (ES), 11 de junho de 1910, terceira coluna; Diário da Manhã (ES), 19 de agosto de 1910, terceira coluna; Diário da Manhã (ES), 28 de outubro de 1910, penúltima coluna).

 

 

1911 -  Seu genro, o major Reis, participou da expedição da Comissão Rondon, assim como o etnólogo e antropólogo Edgard Roquete- Pinto (1884 – 1954), especialista em áudio e futuro pai da radiodifusão no Brasil e diretor do Museu Nacional.

1912 – Boscagli expôs retratos a óleo na Casa London, na rua Bahia, em Belo Horizonte, em Minas Gerais (O Paiz, 12 de setembro de 1912, primeira coluna).

O quadro do Conselheiro José Antônio de Azevedo Castro (1839 – 1911), de autoria de Boscagli, passou a integrar a Galeria dos Benfeitores da Biblioteca Nacional (Anais da Biblioteca Nacional, 1912).

 

 

1913 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130. Também era identificado como decorador (Almanak Laemmert, 1913, segunda coluna). Mantinha seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1913, primeira coluna).

Em Belo Horizonte, na Photographia Antenor Campos, exposição dos retratos a óleo de José de Campos Seraphino e de José Maria Pinto Leite, de autoria de Boscagli (O Pharol, 29 de março de 1913, coluna).

Seu genro, o major Reis,  participou da Expedição Científica Rondon-Roosevelt, ocorrida entre 1913 e 1914.

1914 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130 (Almanak Laemmert, 1914, primeira coluna). Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1914, segunda coluna).

1915 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1915, última coluna).

Exposição na entrada da Associação dos Empregados do Comércio, na Avenida Rio Branco, de um retrato a óleo do futuro Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958), ainda coronel, produzido por Boscagli a partir de uma fotografia também produzida por ele. Boscagli era um admirador do trabalho de Rondon. Poucos meses depois, em 5 de outubro, realização de uma festa em homenagem a Rondon no Teatro Phênix, promovida pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e presidida pelo general Thaumaturgo de Oliveira, quando foi inaugurado solenemente o referido retrato de Rondon realizado por Boscagli, que passou a ornar uma das paredes da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 23 de abril de 1915O Paiz, 23 de abril de 1915; O Paiz, 27 de abril de 1915, quarta coluna; Correio da Manhã, 5 de outubro de 1915, quinta coluna; Correio da Manhã, 6 de outubro de 1915; Revista da Semana, 9 de outubro de 1915, quinta coluna).

 

 

 

Inauguração, na Sociedade Sul Riograndense, na Avenida Rio Branco,  de uma exposição de trabalhos de Boscagli, representando os indígenas de Mato Grosso, com a presença de Rondon e do professor Roquette-Pinto (1884 – 1954). Foi visitada pelo professor e escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), que elogiou muito a mostra, dizendo que o governo deveria auxiliá-lo a adquirir algumas obras. Ele havia colhido os principais elementos para seus quadros nas expedições do coronel Rondon. Um grupo de oficiais do Exército ofertou ao coronel Rondon a tela Índia Pareci em repouso (Jornal do Commercio, 3 de outubro de 1915, penúltima coluna; O Paiz, 3 de outubro de 1915, terceira coluna; A Época, 5 de outubro de 1915, quinta colunaO Paiz, 8 de outubro de 1915, penúltima coluna; Annaes da Câmara dos Deputados, 31 de dezembro de 1915).

 

 

 

 

Na Sociedade Riograndense, também de autoria de Boscagli, exposição do retrato a óleo do general Pinheiro Machado (1851 – 1915) (O Paiz, 24 de outubro de 1915, quinta coluna).

Um retrato do coronel Marcondes Alves de Souza (1868 – 1938), governador do Espírito Santo, foi oferecido a ele por seu amigos. A autoria era de Boscagli (O Paiz, 29 de novembro de 1915, segunda coluna).

1916 - Anúncio de seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1916, segunda coluna).

Foi noticiado que embarcou em Vitória, no Espírito Santo, rumo ao Rio de Janeiro, de onde retornaria em um mês (Diário da Manhã (ES), 28 de janeiro de 1916, terceira coluna).

Um belo quadro a óleo realizado por Boscagli, cópia do original de Pompeia, foi colocado no altar em homenagem a Nossa Senhora de Pompéia, construído na paróquia de Jacarepaguá, como o pagamento de uma promessa feita pelo padre Magaldi (A União, 8 de outubro de 1916, quinta coluna).

1917 - Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1917, segunda coluna).

1918 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1918, primeira coluna).

Ele e o também italiano Taquino realizaram uma exposição na Sociedade Riograndense. Tarquino havia trabalhado muito tempo para a revista Fon-Fon. Várias telas de Boscagli foram vendidas (O Imparcial, 12 de junho de 1918, terceira colunaO Paiz, 15 de junho de 1918, penúltima coluna; A Época, 29 de junho de 1918, quarta coluna).

 

 

 

 

Um retrato do então governador do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros (1863 – 1961), prontificado por Boscagli foi enviado pelo deputado federal João Simplício a Porto Alegre (A Federação (RS), 2 de setembro de 1918, primeira coluna).

1919 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1919, última coluna).

Ele e Tarquini eram os diretores artísticos do Rio Studio, na Rua Uruguaiana, nº 62, inaugurado em 4 de abril (A Noite, de 1919, penúltima coluna).

 

 

Na Confeitaria Renaissance, no Rio de Janeiro, inauguração do mostruário de fotografias do ateliê fotográfico de propriedade da firma Boscagli & Comp (Correio da Manhã, 15 de junho de 1919).

 

 

A capa da revista A Epocha trazia uma fotografia de Cândido Rondon, de autoria de Boscagli (A Epocha, 31 de outubro de 1919).

 

 

1920 – Cândido Rondon ofertou ao Museu Nacional três quadros de autoria de Boscagli retratando indígenas: Nenê, Cavagnac e Capitão Chiquinho (Gazeta de Notícias, 9 de janeiro de 1920, quarta coluna).

 

 

Exposição no Ponto Chic de um retrato a óleo do rei Alberto I da Bélgica (1875 – 1934), de autoria de Boscagli (A Rua, 18 de setembro de 1920, penúltima coluna).

Um álbum de mais de 200 fotografias artisticamente organizado pela casa Rio-Studio (artista Boscagli) foi ofertado pela Comissão Rondon aos reis da Bélgica durante a visita dos monarcas ao Brasil, realizada entre  entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920. Foi a primeira viagem realizada por uma monarca europeu à América do Sul (O Paiz, 17 de outubro de 1920, primeira coluna).

 

 

1921 – A fotografia de Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte foi produzida por Boscagli & C, no Rio Studio. Ela era viúva do general Benjamin Constant (1836 – 1891), cujo sobrinho, Amilcar Armando Botelho de Magalhães (1880 – 1959), que havia se juntado à Comissão Rondon, em 1908, e se tornado diretor de seu Escritório Central, em 1910 (O Paiz, 3 de abril de 1921, quinta coluna).

 

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Boscagli & C. Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

Também registrou a sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina.

 

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

1924 – Participou da 31ª Exposição Geral de Belas Artes.

1925 - Anúncio de seu ateliê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1925, segunda coluna).

1926 - Anúncio de seu ateiê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1926, segunda coluna).

Realizou uma exposição em Porto Alegre com retratos a óleo, dentre eles do Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958) e do general Firmino Paim Filho (1884 – 1971) (A Federação (RS), 15 de março de 1926, penúltima coluna).

Esteve em Bento Gonçalves e voltou para o Rio de Janeiro (A Federação (RS), 30 de junho de 1926, última coluna).

1927 - Estava em Juiz de Fora, onde um retrato de sua autoria do general João Nepomuceno da Costa (1870 – 1943) foi oferecido por amigos ao militar (Jornal do Brasil, 6 de outubro de 1927, sexta coluna).

1928 – Esteve em Belo Horizonte (Jornal do Commercio, 25 e 26 de junho de 1928, última coluna).

1929 - Falecimento de Rubens Boscagli Reis, seu neto, filho de Ignez (? – 1939). Era irmão de Argentina (? – 1983), Américo (? – 20?), futuro fiscal do Banco do Brasil; e Tiziano (? – 1983), futuro funcionário do Ministério da Agricultura. Desde a década de 1900, Ignez era casada com o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), que foi o responsável por inúmeros filmes cinematográficos realizados quando integrou a Comissão Rondon (Correio da Manhã, 14 de maio de 1929, quinta colunaO Paiz, 15 de maio de 1929, terceira coluna; A Noite, 25 de julho de 1931, quarta coluna; A Noite, 19 de junho de 1939, penúltima coluna; Correio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

 

 

1930 - Com o pintor Rodolfo Amoedo (1857 – 1941) e outros, fez parte da banca examinadora de modelagem e escultura do curso geral superior do Departamento Feminino do Instituto La-Fayette (A Noite, 13 de novembro de 1930, segunda coluna).

Participou da exposição da Sociedade Brasileira de Belas Artes (Jornal do Brasil, 13 de dezembro de 1930, penúltima coluna).

1931 – Sua neta, Argentina, ficou noiva de Isaias Rosa, secretário do Jornal dos Sports e diretor da revista Medicina para todos (O Jornal, 26 de julho de 1931, segunda coluna).

Foi um dos ilustradores do livro Morfologia da mulher, de Hernani de Irajá (Jornal do Commercio, 30 de agosto de 1931, primeira coluna).

1933 - Foram inaugurados os retratos a óleo dos falecidos monsenhores João Pires de Amorim e José Francisco de Moura Guimarães, na Arquidiocese do Rio de Janeiro, ambos de autoria de Boscagli. O retrato do cardeal dom Sebastião, que se encontrava na sacristia da catedral, também era de autoria do pintor (A Cruz, 19 de março de 1933, quarta coluna).

1934 - Reproduziu o quadro da Sagrada Família, do pintor barroco espanhol Murillo (1617 – 1682), no estandarte-chefe da Liga Católica Jesus Maria José de Olaria (Jornal do Brasil, 24 de janeiro de 1934, penúltima coluna).

1935 - Realização, entre 9 e 26 de outubro, de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel. Ele dedicou a mostra à Associação Brasileira de Imprensa (A Noite, 8 de outubro de 1935, primeira coluna).

 

O Globo, 8 de outubro de 1935

O GLOBO, 8 de outubro de 1935

 

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

 

 

1936 - Tornou-se sócio da Associação dos Artistas Brasileiros (Correio da Manhã, 12 de janeiro de 1936, primeira coluna).

Com o também pintor italiano Alfredo Norfini (1867 – 1944), realizou uma exposição em São Paulo, no Salão de Chá da Casa Allemã (Diário Carioca, 9 de outubro de 1936; Correio de São Paulo, 20 de outubro de 1936, terceira coluna).

 

 

 

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

 

1937 – Participou do 9º Salão da Associação de Artistas Brasileiros, no Palace Hotel. Seu quadro e a de outros artistas expositores foram adquiridos pelo presidente Getúlio Vargas (A Noite, 13 de junho de 1937, segunda coluna; Correio da Manhã, 15 de junho de 1937, segunda colunaA Noite, 17 de junho de 1937, penúltima coluna).

 

 

Na Nova Galeria de Arte, filial da Galeria Henberger, na rua Buenos Aires, nº 79, inauguração de uma exposição de Boscagli e de Manoel Pastana (1888 – 1984) (Diário Carioca, 16 de setembro de 1937, segunda coluna; O Jornal, 19 de setembro de 1937, terceira coluna; Jornal do Brasil, 19 de setembro de 1937, terceira coluna).

 

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

 

 

 

 

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1937 (A Noite, 22 de dezembro de 1937, quinta coluna).

1938 - Participou do II Salão de Belas Artes promovido pela prefeitura de Belo Horizonte com um quadro de uma paisagem, da coleção de Celso Werneck (Salão de Belas Artes: Anais, 1938)

Realização de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel (A Noite, 23 de novembro de 1938, sexta coluna; Illustração Brasileira, dezembro de 1938).

 

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

 

 

 

 

 

No artigo O indianismo na pintura, a obra de Boscagli é abordada (Careta, 3 de dezembro de 1938).

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1938 (A Noite, 16 de dezembro de 1938, quinta coluna).

1939 - Publicação do artigo O índio na pintura brasileira sobre a obra etnográfica de Boscagli (O Malho, 19 de janeiro de 1939).

 

 

Falecimento de sua filha, Ignez Boscagli Reis (A Noite, 19 de junho de 1939, oitava coluna; Jornal do Brasil, 25 de junho de 1939, terceira coluna).

O desenho O retrato do Sr. Bocagli, do ucraniano Dimitri Ismailovitch (1890 – 1976), foi exposto no Salão de Belas Artes (Carioca, 23 de setembro de 1939, segunda coluna).

1940 - Inauguração de uma exposição de cerca de 60 obras de Boscagli, no Palace Hotel, entre paisagens do sertão do Brasil e de indígenas e seus costumes (Correio da Manhã, 5 de outubro de 1940, primeira coluna; Correio da Manhã, 17 de outubro de 1940, sétima coluna).

 

 

 

O major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), genro de Boscagli, viúvo de Ignez (? – 1939), faleceu cerca de um mês após ter sofrido um acidente, quando filmava a construção do novo quartel general do Exército no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

Quadros de autoria de Boscagli foram expostos na Exposição Retrospectiva do Exército (Boletim da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, 1940).

1941 - Identificado como nosso melhor indianista, integrou o Salão de Belas Artes (Gazeta de Notícias, 21 de setembro de 1941, segunda coluna).

 

 

Foi noticiado que o Conselho do Serviço de Proteção aos Índios iria começar a tomar providências no sentido de adquirir várias telas de autoria de José Boscagli, o único artista que acompanhou a Expedição Rondon e pintou os tipos e costumes dos indígenas nacionais. Os quadros integrariam a galeria artística da futura Casa do Índio (Diário de Notícias, 28 de setembro de 1941; O Jornal, 1º de novembro de 1941, quinta coluna).

 

 

1945 - Dias antes de seu falecimento, publicação do artigo Boscagli, de autoria de Carlos Rubens, sobre a vida do pintor (Carioca, 19 de maio de 1945).

José Boscagli faleceu em 30 de maio e foi sepultado no Cemitério São João Batista. Sua missa de Sétimo Dia foi realizada na Igreja da Candelária, em 6 de maio. Quando faleceu, ainda residia na Rua Barão de Guaratiba, nº 132 (Carioca, 19 de maio de 1945; Correio da Manhã, 31 de maio de 1945, primeira coluna; Jornal do Commercio, 6 de junho de 1945).

 

 

1946 – Obras de Boscagli integraram a Exposição Foto-Etnográfica, comemorativa do Dia do Índio, realizada no hall do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 21 de abril de 1946, penúltima coluna).

1956 – Publicação de um artigo sobre a escritora, jornalista e feminista Jenny Pimentel de Borba (1906 – 1984), onde aparece um retrato dela pintado por Boscagli (Walkyrias, janeiro de 1956).

1974 - Um de seus quadros, Cidade Marítima, foi leiloado no Grande Leilão de Inverno, de Ernani Thompson Mello (Jornal do Commercio, 15 de setembro  de 1974).

1976 - Foi citado no artigo Um poema de amor e trabalho, sobre a presença de estrangeiros no Rio Grande do Sul, de Antonio Bresolim (O Pioneiro (RS), 17 de junho de 1976, segunda coluna).

1979 - Seu quadro Ancião na Beira do Riacho integrou o leilão de Sebastião Barreto, em Petrópolis (Jornal do Commercio, 11 e 12 de fevereiro de 1979, quarta coluna).

1982 – Integrou a exposição Pintores Italianos no Brasil, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, promovida pela Sociarte de São Paulo em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura. Lançamento de um catálogo homônimo, apresentado por Augusto Carlos Veloso (Manchete, 29 de maio de 1982; Jornal do Commercio, 6 e 7 de jullho de 2003, terceira coluna).

2007 – Um de seus quadros foi leiloado pela Century´s, no Rio de Janeiro (O GLOBO, 24 de março de 2007, primeira coluna).

 2015 - Integrou a exposição Mater Fecunda a Pinacoteca Aldo Locatelli de 1884 a 1943, na Pinacoteca Aldo Locatelli, em Porto Alegre, realizada entre 22 de março e 29 de maio de 2015.

2018 - No Museu do Imigrante, em Bento Gonçalves, realização da exposição I Pittori Dei Nonni: Boscagli e Bertoni, entre 8 de outubro e 19 de novembro de 2018, com a curadoria de Luiz Pasquali. Bertoni é o pintor italiano Walter Angelo Bertoni (1854 – 1952) (Jornal Semanário, 17 de outubro de 2018).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre : Globo, 1971.

DAMASCENO, Athos. Colóquios em minha cidade. Porto Alegre : Globo, 1974.

Dicionário Fotográfico Capixaba

Enciclopedia Itaú Cultural

FROZZA, Marilia de Oliveira. Os retratos de militares e políticos na Pinacoteca Municipal Aldo Locatelli: herança da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Porto Alegre : Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

LOPES, Marcos Felipe de Brum. Migrantes e fantasmas: imagens e figuras de Benjamin Constant. Estudos Ibero-Americanos, Porto Alegre, v. 44, n. 1, p. 76-92, jan.-abr. 2018.

MAUÉS, Renata de Fátima da Costa. O álbum do artista Manoel Pastana: memórias em recortes. Revista Arteriais, Universidade Federal do Pará, junho de 2021.

O GLOBO, 31 de maio de 1945.

RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Nacional, 1941.

Cronologia de José Boscagli (1862 – 1945)

Cronologia de José Boscagli (1862 – 1945)

 

 

1862 - Giuseppe (José) Boscagli nasceu em Florença, na Itália. Algumas fontes indicam que ele teria nascido em Siena, cidade italiana também localizada na Toscana. Em um artigo de O GLOBO, de 31 de maio de 1945, foi informado que ele descenderia de um dos doges de Veneza.

Década de 1870 – Desde os tempos de colégio, compunha paisagens e retratos coloridos a partir de pigmentos de flores. Apesar do desejo de sua família para que ele se tornasse engenheiro e arquiteto, matriculou-se na Academia de Belas Artes de Florença, onde foi influenciado por Pisani, um de seus professores. Ainda na Itália, conheceu os pintores brasileiros Pedro Américo (1843 – 1905) e Décio Villares (1851 – 1931). Teria, na companhia de Villares, visto Pedro Américo pintando a Batalha do Avaí, um dos mais importantes quadros brasileiros do século XIX, que retrata um episódio da Guerra do Paraguai. A obra foi realizada no ateliê de Pedro Américo, em Florença, e ficou pronta em 1877.

 

 

1888 – Casou-se com Luiza Luraschi (O GLOBO, 31 de maio de 1945).

c. 1897 – Passou a morar, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Realiza retratos a óleo, aquarela e crayon, copiados de fotografia, para a Sociedade de Artes de Buenos Aires, que mantinha uma agência em Porto Alegre.

Iniciou sua carreira de pintor paisagista e fotógrafo no ateliê de Jacintho Ferrari (18? – 1935), filho do italiano Rafael Ferrari, um dos fotógrafos pioneiros de Porto Alegre. Jacintho e seu irmão Carlos (18? – 1942) sucederam o pai, em 1885 e, entre 1895 e 1901, Rafael (1880 – 1961), o irmão caçula, também colaborou no estabelecimento.

Produziu um retrato a óleo de Julio de Castilhos (1860 – 1903), cuja inauguração aconteceu em 15 de novembro de 1899, no Conselho Municipal de Porto Alegre, em comemoração à Proclamação da República.

 

Júlio de Casttilho por Giuseppe (José) Boscagli /

Júlio de Castilho por Giuseppe (José) Boscagli, c. 1897 / Acervo Artístico de Porto Alegre

 

1900 - Um lindíssimo e fino quadro a óleo executado por Boscagli, retratando Adelina Vizeu Marques, encontrava-se na vitrine do ateliê de Jacintho Ferrari (A Federação (RS), 7 de fevereiro de 1900, quinta coluna).

Participou com quatro quadros da Exposição Estadual de 15 de Novembro (A Federação (RS), 26 de julho de 1900, primeira coluna).

1901 / 1902 - Nesse período, encontrava-se em Bento Gonçalves e participou, em Porto Alegre, de uma exposição com um retrato a óleo, tendo recebido uma menção honrosa (A Federação (RS), 27 de março de 1901, primeira colunaA Federação (RS), 28 de maio de 1901, última colunaFolha de Hoje (Prefeitura de Caxias do Sul), 26 de outubro de 1991, primeira coluna).

1903 - No ateliê do também italiano Virgilio Calegari (1868 – 1937), importante fotógrafo do sul do Brasil, em fins do século XIX e início do XX, expôs um retrato a óleo do desembargador Epaminondas Ferreira (A Federação (RS), 8 de junho de 1903, terceira coluna).

Em companhia de sua esposa, Luiza, e da filha única do casal, Ignez, chegou em Porto Alegre, a bordo do paquete Rio Pardo (A Federação (RS), 26 de agosto de 1903, segunda coluna).

1906 - Um retrato a óleo, executado por ele, de Carlos Barbosa Gonçalves, presidente da Assembléia de Representantes do Estado, estava exposto na Drogaria Ingleza, em Poro Alegre (A Federação (RS), 25 de abril de 1906, quinta coluna).

Sucedeu J. Antonio Iglesias no estabelecimento fotográfico da rua do Riachuelo, 220, em Porto Alegre, que passou a chamar-se Photographia -Artística-Boscagli.

 

 

1908 – Fotografou um evento social em Canoas e seus registros foram expostos na vitrine da Casa Barreto, em Porto Alegre (A Federação (RS), 9 de janeiro de 1908, quinta coluna).

Foi morar no Rio de Janeiro, onde se anunciava como artista pintor e oferecia serviços fotográficos gratuitos (O Paiz, 21 de maio de 1908).

 

 

Fotografou a mostra do Rio Grande do Sul na Exposição Nacional de 1908.

 

1909 - Anunciou a venda de um equipamento de fotografia, oferecendo-se a ensinar ao comprador como operá-lo (Jornal do Brasil, 25 de outubro de 1909, primeira coluna).

 

 

Incorporou-se às expedições de Cândido Rondon ao Mato Grosso e a Goiás, onde retratou os indígenas da região. Foi por intermédio de seu genro, o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), o cineasta de Rondon, que conheceu a Comissão Rondon. Reis era o encarregado de cinematografia e fotos do Escritório Central da Comissão. Boscagli passou a ser o pintor oficial de Rondon (Correio da Manhã, 16 de outubro de 1940, sétima colunaCarioca, 19 de maio de 1945Enciclopédia Itaú Cultural).

 

 

1910 – Seu genro, o major Reis, tornou-se o chefe da recém criada Seção de Fotografia e Cinematografia do Escritório Central da Comissão Rondon.

1910 / 1911 – O estabelecimento fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre, foi anunciado no Almanaque Henault e também no Almanak Laemmert, 1910 e 1911.

 

 

1910 - Em um artigo, Boscagli é identificado como um cavalheiro de trato delicado e gentil. Ainda segundo o artigo, ele havia vivido muitos anos no Rio Grande do Sul e havia passado pelo Rio de Janeiro. Realizou uma exposição na casa Resemini & Leone, em Vitória, no Espírito Santo (Commercio do Espírito Santo, 21 de fevereiro de 1910, terceira colunaDiário da Manhã, 22 de fevereiro de 1910, última coluna).

 

 

Exposição de um retrato a óleo do presidente da República eleito, marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923), na vitrine da loja Primaveraacreditado e popular estabelecimento do Climaco Sales, em Vitória, no Espírito Santo. Foi também exposto um retrato do então governador do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro (1870 – 1933), e do coronel Henrique Coutinho (1845 – 1915), ex-governador do estado. Todos  de autoria de Boscagli, que ficou um período na cidade, quando trabalhou no estúdio do italiano Alberto Lucarelli (1884 – 1967), então fotógrafo oficial do governador do Espírito Santo. Boscagli voltou para o Rio de Janeiro a bordo do paquete Olinda, em 10 de junho de 1910, após permancer meses em Vitória. Foi tambem exposta na loja Primavera uma paisagem de sua autoria (Diário da Manhã (ES), 29 de março de 1910, quarta colunaDiário da Manhã (ES), 24 de abril de 1910, segunda colunaCommercio do Espírito Santo, 25 de abril de 1910, quinta coluna; O Estado do Espírito Santo, 11 de junho de 1910, primeira colunaDiário da Manhã (ES), 11 de junho de 1910, terceira colunaDiário da Manhã (ES), 19 de agosto de 1910, terceira colunaDiário da Manhã (ES), 28 de outubro de 1910, penúltima coluna).

 

 

1911 -  Seu genro, o major Reis, participou da expedição da Comissão Rondon, assim como o etnólogo e antropólogo Edgard Roquete- Pinto (1884 – 1954), especialista em áudio e futuro pai da radiodifusão no Brasil e diretor do Museu Nacional.

1912 – Boscagli expôs retratos a óleo na Casa London, na rua Bahia, em Belo Horizonte, em Minas Gerais (O Paiz, 12 de setembro de 1912, primeira coluna).

O quadro do Conselheiro José Antônio de Azevedo Castro (1839 – 1911), de autoria de Boscagli, passou a integrar a Galeria dos Benfeitores da Biblioteca Nacional (Anais da Biblioteca Nacional, 1912).

 

 

1913 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130. Também era identificado como decorador (Almanak Laemmert, 1913, segunda coluna). Mantinha seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1913, primeira coluna).

Em Belo Horizonte, na Photographia Antenor Campos, exposição dos retratos a óleo de José de Campos Seraphino e de José Maria Pinto Leite, de autoria de Boscagli (O Pharol, 29 de março de 1913, coluna).

Seu genro, o major Reis,  participou da Expedição Científica Rondon-Roosevelt, ocorrida entre 1913 e 1914.

1914 - No Rio de Janeiro, seu ateliê ficava na Rua Barão de Guaratiba, nº 130 (Almanak Laemmert, 1914, primeira coluna). Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1914, segunda coluna).

1915 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1915, última coluna).

Exposição na entrada da Associação dos Empregados do Comércio, na Avenida Rio Branco, de um retrato a óleo do futuro Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958), ainda coronel, produzido por Boscagli a partir de uma fotografia também produzida por ele. Boscagli era um admirador do trabalho de Rondon. Poucos meses depois, em 5 de outubro, realização de uma festa em homenagem a Rondon no Teatro Phênix, promovida pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e presidida pelo general Thaumaturgo de Oliveira, quando foi inaugurado solenemente o referido retrato de Rondon realizado por Boscagli, que passou a ornar uma das paredes da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 23 de abril de 1915O Paiz, 23 de abril de 1915O Paiz, 27 de abril de 1915, quarta colunaCorreio da Manhã, 5 de outubro de 1915, quinta colunaCorreio da Manhã, 6 de outubro de 1915Revista da Semana, 9 de outubro de 1915, quinta coluna).

 

 

 

Inauguração, na Sociedade Sul Riograndense, na Avenida Rio Branco,  de uma exposição de trabalhos de Boscagli, representando os indígenas de Mato Grosso, com a presença de Rondon e do professor Roquette-Pinto (1884 – 1954). Foi visitada pelo professor e escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), que elogiou muito a mostra, dizendo que o governo deveria auxiliá-lo a adquirir algumas obras. Ele havia colhido os principais elementos para seus quadros nas expedições do coronel Rondon. Um grupo de oficiais do Exército ofertou ao coronel Rondon a tela Índia Pareci em repouso (Jornal do Commercio, 3 de outubro de 1915, penúltima coluna; O Paiz, 3 de outubro de 1915, terceira colunaA Época, 5 de outubro de 1915, quinta colunaO Paiz, 8 de outubro de 1915, penúltima colunaAnnaes da Câmara dos Deputados, 31 de dezembro de 1915).

 

 

 

 

Na Sociedade Riograndense, também de autoria de Boscagli, exposição do retrato a óleo do general Pinheiro Machado (1851 – 1915) (O Paiz, 24 de outubro de 1915, quinta coluna).

Um retrato do coronel Marcondes Alves de Souza (1868 – 1938), governador do Espírito Santo, foi oferecido a ele por seu amigos. A autoria era de Boscagli (O Paiz, 29 de novembro de 1915, segunda coluna).

1916 - Anúncio de seu ateliê fotográfico em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1916, segunda coluna).

Foi noticiado que embarcou em Vitória, no Espírito Santo, rumo ao Rio de Janeiro, de onde retornaria em um mês (Diário da Manhã (ES), 28 de janeiro de 1916, terceira coluna).

Um belo quadro a óleo realizado por Boscagli, cópia do original de Pompeia, foi colocado no altar em homenagem a Nossa Senhora de Pompéia, construído na paróquia de Jacarepaguá, como o pagamento de uma promessa feita pelo padre Magaldi (A União, 8 de outubro de 1916, quinta coluna).

1917 - Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1917, segunda coluna).

1918 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1918, primeira coluna).

Ele e o também italiano Taquino realizaram uma exposição na Sociedade Riograndense. Tarquino havia trabalhado muito tempo para a revista Fon-Fon. Várias telas de Boscagli foram vendidas (O Imparcial, 12 de junho de 1918, terceira colunaO Paiz, 15 de junho de 1918, penúltima colunaA Época, 29 de junho de 1918, quarta coluna).

 

 

 

 

Um retrato do então governador do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros (1863 – 1961), prontificado por Boscagli foi enviado pelo deputado federal João Simplício a Porto Alegre (A Federação (RS), 2 de setembro de 1918, primeira coluna).

1919 – Anúncio do ateliê fotográfico José Boscagli, em Porto Alegre (Almanak Laemmert, 1919, última coluna).

Ele e Tarquini eram os diretores artísticos do Rio Studio, na Rua Uruguaiana, nº 62, inaugurado em 4 de abril (A Noite, de 1919, penúltima coluna).

 

 

Na Confeitaria Renaissance, no Rio de Janeiro, inauguração do mostruário de fotografias do ateliê fotográfico de propriedade da firma Boscagli & Comp (Correio da Manhã, 15 de junho de 1919).

 

 

A capa da revista A Epocha trazia uma fotografia de Cândido Rondon, de autoria de Boscagli (A Epocha, 31 de outubro de 1919).

 

 

1920 – Cândido Rondon ofertou ao Museu Nacional três quadros de autoria de Boscagli retratando indígenas: NenêCavagnac e Capitão Chiquinho (Gazeta de Notícias, 9 de janeiro de 1920, quarta coluna).

 

 

Exposição no Ponto Chic de um retrato a óleo do rei Alberto I da Bélgica (1875 – 1934), de autoria de Boscagli (A Rua, 18 de setembro de 1920, penúltima coluna).

Um álbum de mais de 200 fotografias artisticamente organizado pela casa Rio-Studio (artista Boscagli) foi ofertado pela Comissão Rondon aos reis da Bélgica durante a visita dos monarcas ao Brasil, realizada entre  entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920. Foi a primeira viagem realizada por uma monarca europeu à América do Sul (O Paiz, 17 de outubro de 1920, primeira coluna).

 

 

1921 – A fotografia de Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte foi produzida por Boscagli & C, no Rio Studio. Ela era viúva do general Benjamin Constant (1836 – 1891), cujo sobrinho, Amilcar Armando Botelho de Magalhães (1880 – 1959), que havia se juntado à Comissão Rondon, em 1908, e se tornado diretor de seu Escritório Central, em 1910 (O Paiz, 3 de abril de 1921, quinta coluna).

 

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Boscagli & C. Maria Joaquina Botelho de Magalhães em seu leito de morte, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

Também registrou a sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina.

 

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

Boscagli & C. Sepultura de Benjamin Constant e Maria Joaquina, 1921 / Acervo Museu Casa Benjamin Constant, Ibram / MinC

 

1924 – Participou da 31ª Exposição Geral de Belas Artes.

1925 - Anúncio de seu ateliê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1925, segunda coluna).

1926 - Anúncio de seu ateiê fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 82, no Rio de Janeiro (Almanak Laemmert, 1926, segunda coluna).

Realizou uma exposição em Porto Alegre com retratos a óleo, dentre eles do Marechal Cândido Rondon (1865 – 1958) e do general Firmino Paim Filho (1884 – 1971) (A Federação (RS), 15 de março de 1926, penúltima coluna).

Esteve em Bento Gonçalves e voltou para o Rio de Janeiro (A Federação (RS), 30 de junho de 1926, última coluna).

1927 - Estava em Juiz de Fora, onde um retrato de sua autoria do general João Nepomuceno da Costa (1870 – 1943) foi oferecido por amigos ao militar (Jornal do Brasil, 6 de outubro de 1927, sexta coluna).

1928 – Esteve em Belo Horizonte (Jornal do Commercio, 25 e 26 de junho de 1928, última coluna).

1929 - Falecimento de Rubens Boscagli Reis, seu neto, filho de Ignez (? – 1939). Era irmão de Argentina (? – 1983), Américo (? – 20?), futuro fiscal do Banco do Brasil; e Tiziano (? – 1983), futuro funcionário do Ministério da Agricultura. Desde a década de 1900, Ignez era casada com o major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), que foi o responsável por inúmeros filmes cinematográficos realizados quando integrou a Comissão Rondon (Correio da Manhã, 14 de maio de 1929, quinta colunaO Paiz, 15 de maio de 1929, terceira colunaA Noite, 25 de julho de 1931, quarta colunaA Noite, 19 de junho de 1939, penúltima colunaCorreio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

 

 

1930 - Com o pintor Rodolfo Amoedo (1857 – 1941) e outros, fez parte da banca examinadora de modelagem e escultura do curso geral superior do Departamento Feminino do Instituto La-Fayette (A Noite, 13 de novembro de 1930, segunda coluna).

Participou da exposição da Sociedade Brasileira de Belas Artes (Jornal do Brasil, 13 de dezembro de 1930, penúltima coluna).

1931 – Sua neta, Argentina, ficou noiva de Isaias Rosa, secretário do Jornal dos Sports e diretor da revista Medicina para todos (O Jornal, 26 de julho de 1931, segunda coluna).

Foi um dos ilustradores do livro Morfologia da mulher, de Hernani de Irajá (Jornal do Commercio, 30 de agosto de 1931, primeira coluna).

1933 - Foram inaugurados os retratos a óleo dos falecidos monsenhores João Pires de Amorim e José Francisco de Moura Guimarães, na Arquidiocese do Rio de Janeiro, ambos de autoria de Boscagli. O retrato do cardeal dom Sebastião, que se encontrava na sacristia da catedral, também era de autoria do pintor (A Cruz, 19 de março de 1933, quarta coluna).

1934 - Reproduziu o quadro da Sagrada Família, do pintor barroco espanhol Murillo (1617 – 1682), no estandarte-chefe da Liga Católica Jesus Maria José de Olaria (Jornal do Brasil, 24 de janeiro de 1934, penúltima coluna).

1935 - Realização, entre 9 e 26 de outubro, de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel. Ele dedicou a mostra à Associação Brasileira de Imprensa (A Noite, 8 de outubro de 1935, primeira coluna).

 

O Globo, 8 de outubro de 1935

O GLOBO, 8 de outubro de 1935

 

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

O GLOBO, 12 de outubro de 1935

 

 

1936 - Tornou-se sócio da Associação dos Artistas Brasileiros (Correio da Manhã, 12 de janeiro de 1936, primeira coluna).

Com o também pintor italiano Alfredo Norfini (1867 – 1944), realizou uma exposição em São Paulo, no Salão de Chá da Casa Allemã (Diário Carioca, 9 de outubro de 1936Correio de São Paulo, 20 de outubro de 1936, terceira coluna).

 

 

 

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

O Estado de São Paulo, 22 de outubro de 1936

 

1937 – Participou do 9º Salão da Associação de Artistas Brasileiros, no Palace Hotel. Seu quadro e a de outros artistas expositores foram adquiridos pelo presidente Getúlio Vargas (A Noite, 13 de junho de 1937, segunda colunaCorreio da Manhã, 15 de junho de 1937, segunda colunaA Noite, 17 de junho de 1937, penúltima coluna).

 

 

Na Nova Galeria de Arte, filial da Galeria Henberger, na rua Buenos Aires, nº 79, inauguração de uma exposição de Boscagli e de Manoel Pastana (1888 – 1984) (Diário Carioca, 16 de setembro de 1937, segunda colunaO Jornal, 19 de setembro de 1937, terceira colunaJornal do Brasil, 19 de setembro de 1937, terceira coluna).

 

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

Convite para a exposição / Acervo de Renata de Fátima da Costa Maués

 

 

 

 

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1937 (A Noite, 22 de dezembro de 1937, quinta coluna).

1938 - Participou do II Salão de Belas Artes promovido pela prefeitura de Belo Horizonte com um quadro de uma paisagem, da coleção de Celso Werneck (Salão de Belas Artes: Anais, 1938)

Realização de uma exposição de obras de Boscagli no Palace Hotel (A Noite, 23 de novembro de 1938, sexta coluna; Illustração Brasileira, dezembro de 1938).

 

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

O GLOBO, 16 de novembro de 1938

 

 

 

 

 

No artigo O indianismo na pintura, a obra de Boscagli é abordada (Careta, 3 de dezembro de 1938).

Participou, também no Palace Hotel, do Salão de Natal de 1938 (A Noite, 16 de dezembro de 1938, quinta coluna).

1939 - Publicação do artigo O índio na pintura brasileira sobre a obra etnográfica de Boscagli (O Malho, 19 de janeiro de 1939).

 

 

Falecimento de sua filha, Ignez Boscagli Reis (A Noite, 19 de junho de 1939, oitava colunaJornal do Brasil, 25 de junho de 1939, terceira coluna).

O desenho O retrato do Sr. Bocagli, do ucraniano Dimitri Ismailovitch (1890 – 1976), foi exposto no Salão de Belas Artes (Carioca, 23 de setembro de 1939, segunda coluna).

1940 - Inauguração de uma exposição de cerca de 60 obras de Boscagli, no Palace Hotel, entre paisagens do sertão do Brasil e de indígenas e seus costumes (Correio da Manhã, 5 de outubro de 1940, primeira colunaCorreio da Manhã, 17 de outubro de 1940, sétima coluna).

 

 

 

O major Luiz Thomaz Reis (1878 – 1940), genro de Boscagli, viúvo de Ignez (? – 1939), faleceu cerca de um mês após ter sofrido um acidente, quando filmava a construção do novo quartel general do Exército no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 3 de dezembro de 1940, quarta coluna).

Quadros de autoria de Boscagli foram expostos na Exposição Retrospectiva do Exército (Boletim da Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro, 1940).

1941 - Identificado como nosso melhor indianista, integrou o Salão de Belas Artes (Gazeta de Notícias, 21 de setembro de 1941, segunda coluna).

 

 

Foi noticiado que o Conselho do Serviço de Proteção aos Índios iria começar a tomar providências no sentido de adquirir várias telas de autoria de José Boscagli, o único artista que acompanhou a Expedição Rondon e pintou os tipos e costumes dos indígenas nacionais. Os quadros integrariam a galeria artística da futura Casa do Índio (Diário de Notícias, 28 de setembro de 1941O Jornal, 1º de novembro de 1941, quinta coluna).

 

 

1945 - Dias antes de seu falecimento, publicação do artigo Boscagli, de autoria de Carlos Rubens, sobre a vida do pintor (Carioca, 19 de maio de 1945).

José Boscagli faleceu em 30 de maio e foi sepultado no Cemitério São João Batista. Sua missa de Sétimo Dia foi realizada na Igreja da Candelária, em 6 de maio. Quando faleceu, ainda residia na Rua Barão de Guaratiba, nº 132 (Carioca, 19 de maio de 1945Correio da Manhã, 31 de maio de 1945, primeira colunaJornal do Commercio, 6 de junho de 1945).

 

 

1946 – Obras de Boscagli integraram a Exposição Foto-Etnográfica, comemorativa do Dia do Índio, realizada no hall do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 21 de abril de 1946, penúltima coluna).

1956 – Publicação de um artigo sobre a escritora, jornalista e feminista Jenny Pimentel de Borba (1906 – 1984), onde aparece um retrato dela pintado por Boscagli (Walkyrias, janeiro de 1956).

1974 - Um de seus quadros, Cidade Marítima, foi leiloado no Grande Leilão de Inverno, de Ernani Thompson Mello (Jornal do Commercio, 15 de setembro  de 1974).

1976 - Foi citado no artigo Um poema de amor e trabalho, sobre a presença de estrangeiros no Rio Grande do Sul, de Antonio Bresolim (O Pioneiro (RS), 17 de junho de 1976, segunda coluna).

1979 - Seu quadro Ancião na Beira do Riacho integrou o leilão de Sebastião Barreto, em Petrópolis (Jornal do Commercio, 11 e 12 de fevereiro de 1979, quarta coluna).

1982 – Integrou a exposição Pintores Italianos no Brasil, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, promovida pela Sociarte de São Paulo em colaboração com a Secretaria de Estado da Cultura. Lançamento de um catálogo homônimo, apresentado por Augusto Carlos Veloso (Manchete, 29 de maio de 1982Jornal do Commercio, 6 e 7 de jullho de 2003, terceira coluna).

2007 – Um de seus quadros foi leiloado pela Century´s, no Rio de Janeiro (O GLOBO, 24 de março de 2007, primeira coluna).

 2015 - Integrou a exposição Mater Fecunda a Pinacoteca Aldo Locatelli de 1884 a 1943, na Pinacoteca Aldo Locatelli, em Porto Alegre, realizada entre 22 de março e 29 de maio de 2015.

2018 - No Museu do Imigrante, em Bento Gonçalves, realização da exposição I Pittori Dei Nonni: Boscagli e Bertoni, entre 8 de outubro e 19 de novembro de 2018, com a curadoria de Luiz Pasquali. Bertoni é o pintor italiano Walter Angelo Bertoni (1854 – 1952) (Jornal Semanário, 17 de outubro de 2018).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

O fotógrafo Paul Erbe

A arquivista Daniella Gomes dos Santos e a doutora em História Maria Isabel Lenzi, ambas do Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica, nos contam sobre o trabalho de pesquisa que realizaram em busca de informações sobre um fotógrafo chamado Paul Erbe, que atuou no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX. O Museu Histórico Nacional possui dois álbuns fotográficos de Erbe, além de três retratos realizados por ele na década de 20. Um dos álbuns, com 11 paisagens do Rio de Janeiro produzidas na década de 10, pertenceu ao alemão Karlheinz Klintworth e foi adquirido em 1998. O outro tem 20 imagens do Mosteiro de São Bento realizadas nos anos 20.

 

O fotógrafo Paul Erbe

Daniella Gomes dos Santos e Maria Isabel Ribeiro Lenzi*

Neste artigo relatamos o trabalho de pesquisa em busca de informações sobre um fotógrafo chamado Paul Erbe.

 

 

A investigação iniciou-se após revisão de dados em diversos inventários das coleções sob a guarda do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional – MHN. Uma das atualizações feitas foi a de um álbum contendo onze fotografias com imagens do Rio de Janeiro, da década de 1910, com a identificação do fotógrafo Paul Erbe, que nós desconhecíamos.

 

 

Acessando o link para as 11 fotografias em sépia do álbum que pertenceu a Karlheinz Klintworth com fotografias de autoria de Paul Erbe do acervo do Museu Histórico Nacional e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Esse álbum pertenceu a Karlheinz Klintworth, cidadão alemão, que viveu no Brasil no período de 1957 a 1970 e foi oferecido ao MHN como sendo uma preciosidade. Após trocas de correspondências entre a direção do Museu e o proprietário das fotografias, foi verificada a relevância do material e a compra foi realizada através da Associação de Amigos do Museu Histórico Nacional no ano de 1998.

 

 

Notícia no Jornal do Brasil sobre a compra do álbum:

 

 

 

Buscamos informações sobre Erbe no Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro de Boris Kossoy, em que foi compilada a trajetória de fotógrafos e retratistas que documentaram o Brasil entre 1833 e 1910, mas não constam nessa obra informações sobre o fotógrafo.

Pesquisando na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, encontramos notícia de agosto de 1917, em que vários jornais, como O Paiz, Gazeta de Notícias, Jornal do Commercio e Jornal do Brasil, relatam um incêndio de grandes proporções que destruiu grande parte do edifício em que funcionava a redação do jornal O Paiz, na Avenida Branco, esquina com rua Sete de Setembro, no centro do Rio de Janeiro. Ocorre que, o ateliê fotográfico de Huebner Amaral, de quem Paul Erbe era sócio, também funcionava no prédio em que aconteceu o sinistro.

 

 

 

 

Demos prosseguimento à pesquisa em sítios eletrônicos e encontramos um artigo de Mateus Duarte, tendo como objeto de estudo um álbum com fotografias de 1921 a 1936, produzidas por Paul Erbe. O álbum foi doado e dedicado à John Raschle pela diretoria da indústria como prova reconhecimento à sua collaboração como director gerente nos dois primeiros anos da sociedade e como constante lembrança da sua pêssoa , conforme escrito na dedicatória do dia 26 de novembro de 1936.

 

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Álbum S.A. Cotonifício Gávea / Mapeamento sócio técnico e cultural da Gávea: o álbum de fotografia da S.A Cotonifício Gávea, página 10.

 

 

São 45 fotografias de uma pequena fábrica localizada na Gávea, Rio de Janeiro. O autor relata em seu texto que não conseguiu muita informação sobre o fotógrafo e faz referência ao Almanak Laemmert: Administrativo Mercantil e Industrial (RJ) e ao Jornal do Comércio como fonte de pesquisa. Na edição de 1919 do Jornal do Commercio é noticiada a dissolução da sociedade com George Huebner (1862-1935). Paul Erbe, citado na matéria como Paulo Erbe, era sócio-gerente desde 1912, ficando como único proprietário do ateliê fotográfico, localizado na rua da Assembleia nº 100, a partir da interrupção da parceria. Presumimos que a ruptura da sociedade e a mudança de endereço tenha relação com o incêndio de 1917.

 

 

 

Paul Erbe permaneceu na rua da Assembleia nº 100 até o final da década de 1920.  Ao longo deste decênio, grande parte de seus anúncios ofereciam ao público seu trabalho neste endereço no centro da cidade.

 

 

Todavia, no final da década, o fotógrafo faz o movimento rumo ao bairro que estava em franco crescimento: Copacabana. Encontramos, em 1929, no Almanak Laemmert, sua nova direção à rua República do Peru nº 100.

 

 

A partir de 1923, aparecem diversos anúncios em que se faz referência ao trabalho de Paul Erbe em peças teatrais, cujos artistas tinham os retratos expostos nos saguões do teatro e no “estúdio Erbe”. Eram disponibilizados aos assinantes de frisas e camarotes, fotografias dos principais artistas das Companhias, produzidas pelo “magnífico trabalho da acreditada Photographia ERBE, Rua da Assembleia n.100”(Correio da Manhã, 2 de outubro de 1923; O Jornal, 15 de abril de 1924).

 

 

A única imagem que conseguimos encontrar do fotógrafo está na Revista Fon-Fon! - importante periódico que circulou nas primeiras décadas do século XX – é a que está publicada no início deste artigo. A Fon-Fon! apresentava a vida privada da sociedade burguesa e foi grande influenciadora do comportamento da elite carioca (Fon-Fon!, 7 e outubro de 1916).

Nas buscas por mais informações, nos deparamos com trabalhos de Erbe em sites de leilões eletrônicos: fotografias de famílias e paisagens do Rio de Janeiro.

Mas voltando ao álbum, verificamos que aparece na capa o endereço do centro – rua da Assembleia, 100.  Deste modo, deduzimos que ele deve ter sido feito a partir de 1919, talvez na década de 1920. Porém, observando algumas fotografias, percebemos que são imagens da década de 1910. Em duas fotos, o Pão-de-Açúcar aparece sem os cabos que sustentam o bondinho.  Conseguimos visualizar as construções que estavam sendo feitas no alto dos morros da Urca e do Pão-de-Açúcar, mas ainda sem o bondinho que pouco depois levaria turistas para contemplar a paisagem carioca. Sabemos que a primeira parte do Caminho Aéreo do Pão-de-Açúcar foi inaugurado em 1912, de modo que provavelmente essas imagens são anteriores a este ano. Todavia, a montagem do álbum provavelmente é da década de 1920.

 

 

Consta no processo de compra do álbum que um perito do arquivo histórico da Companhia de Navegação Hamburg-Sud, de Hamburgo, apontou que há uma imagem de um navio da referida companhia, que só trafegou na Baía da Guanabara em alguns meses no ano de 1914.  Nesta fotografia em que aparece o navio, o Pão-de-Açúcar fica bem visível sem o cabo do bondinho, de modo que constatamos um equívoco do perito nesta datação, a julgar pelo exposto acima.

O fato de o Morro do Castelo aparecer em uma das fotos corrobora a tese de que as fotografias são da década de 1910. Sabemos que aquele outeiro foi demolido em início dos anos de 1920 e o álbum traz uma fotografia em que o outeiro está intacto.  Então acreditamos que essas imagens são mesmo dos anos 1910, mas foram reunidas em álbum na década seguinte.

 

 

Além do álbum citado neste artigo, o Arquivo Histórico do MHN preserva outro, contendo vinte fotografias com imagens do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, além de três retratos da década de 1920, todos produzidos por Paul Erbe.

 

Acessando o link para as fotografias do outro álbum de fotografias de autoria de Paul Erbe com imagens do Mosteiro de São Bento e de três retratos também produzidos por ele pertencentes ao acervo do Museu Histórico Nacional e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

Não localizamos a quem pertenceu este outro álbum e um dos retratos. Já as outras duas fotografias constam a informação de seus doadores: uma foi doada em 1993 por Yeda Telles de Menezes, e é de um familiar da doadora; e a outra, doada em 1998, por José Pinto de Lima, é do próprio doador.

 

 

 

 

A terceira é do engenheiro e político Miguel Calmon (1879 – 1935), que foi ministro e secretário de Estado dos Negócios da Indústria, Viação e Obras Públicas durante a presidência de Afonso Pena (1847 – 1909) e de Nilo Peçanha (1867 – 1924); e também da Agricultura, Indústria e Comércio, do governo de Artur Bernardes (1875 – 1955).

 

 

 

*Daniella Gomes dos Santos é graduada em Arquivologia pela Unirio e arquivista do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/MinC)

Maria Isabel Ribeiro Lenzi é doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/MinC)

 

Fontes:

DUARTE, Mateus Sanches. Mapeamento sócio técnico e cultural da Gávea: o álbum de fotografia da S.A Cotonifício Gávea.  Disponível em: https://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccpg/pibic/relatorio_resumo2019/download/relatorios/CCS/CSOC/CSOC-
Mateus%20Sanches%20Duarte.pdf . Acesso em 11 de agosto de 2023.Acesso em 11 de agosto de 2023.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

ZANON, Marilia Cecilia. A sociedade carioca da Belle Époque nas páginas do Fon Fon!  Patrimônio e Memória, v.4, n. 2, p. 217-235. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/108024. Acesso em 10 de agosto de 2023.

 

 

Nota da editora:

No catálogo dos quadros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, publicado, em 1948, na revista do referido instituto, está listada uma ampliação fotográfica realizada por Paul Erbe do historiador, professor e jornalista Max Fleiuss(1868 – 1943) (Revista do  Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, outubro / dezembro de 1948, segunda coluna).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

O “Dr. Photographo” Oswaldo Cruz

Ricardo Augusto dos Santos, Felipe Almeida Vieira e Francisco dos Santos Lourenço, pesquisadores da Fiocruz, uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica, são os autores do artigo O “Dr. Photographo” Oswaldo Cruz, que traz para os leitores do portal uma faceta pouquíssimo conhecida do cientista: ele era um entusiasta da fotografia e este interesse ocupou um lugar importante tanto em sua vida privada como na profissional. Atuou muitas vezes como fotógrafo e foi personagem central de inúmeras fotografias ao longo de sua vida. Com a publicação de registros realizados por ele próprio, por fotógrafos ainda não identificados, pelo fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) e por J. Pinto (1884 – 1951), fotógrafo baiano que atuou muitos anos na Fundação Oswaldo Cruz, vamos conhecer um pouco desta história.

 

 

Acessando o link para as fotografias relativas a este artigo disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

O “Dr. Photographo” Oswaldo Cruz

 

Ricardo Augusto dos Santos, Felipe Almeida Vieira e Francisco dos Santos Lourenço*

 

Oswaldo Gonçalves Cruz (1872 – 1917) era um apaixonado pela fotografia. O interesse na criação de imagens em suporte sensível ocupou um lugar de destaque em sua vida privada e no mundo do trabalho. Ele próprio atuou como fotógrafo e foi personagem central de inúmeras fotografias de conteúdos distintos ao longo de sua gloriosa existência.

 

 

 

É importante registrar que nem sempre foi possível a identificação dos profissionais que contribuíram para eternizar a imagem de Oswaldo Cruz com suas lentes, já que a maioria de seus nomes se perdeu no tempo. Nessa perspectiva, até mesmo as fotografias atribuídas a Oswaldo Cruz apresentam um quantitativo subestimado em virtude da carência de elementos descritivos, como datas, nomes e locais, que comprovem a sua autoria.

As raras fontes existentes indicam que Oswaldo Cruz demonstrou interesse pela fotografia quando morou em Paris, na França, com a família, entre 1897 e 1899, a fim de aprimorar seus conhecimentos médico-científicos. Em carta a Emília da Fonseca Cruz, a Miloca (1873 – 1952), sua esposa, retornando da Exposição Internacional de Higiene de Dresden, na Alemanha, em 1911, fez menção a um passeio turístico para Fontainebleau, em 1897. Nessa ocasião, retratou a esposa, filhos e monumentos históricos.

 

 

De acordo com Ezequiel Dias (1880 – 1922), cientista e cunhado de Oswaldo, este se dedicava tanto à fotografia que se tornou um perito na arte, passando os domingos envolvido com a prática. Essa narrativa também foi compartilhada nas memórias afetivas do professor Eduardo Oswaldo Cruz (1933 – 2015), que herdou verdadeiras “preciosidades documentais” deixadas por seu ilustre avô. O material encontra-se sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz.

“O interesse de Oswaldo pela fotografia é evidente pela presença em sua casa da Praia de Botafogo, número 406, de uma câmara escura, localizada ao lado de sua sala de estudo (que ele denominava ‘meu Palácio de Cristal’), o que assegurava condições ideais para seu entretenimento. Sabemos que o próprio executava todas as manipulações necessárias, incluindo a sensibilização das placas, sua revelação e preparo dos positivos”.

Eduardo Oswaldo Cruz. Anaglyphos, s.d.

 

 

 

Porém, segundo a inscrição contida na imagem a seguir, Oswaldo Cruz possuía também em sua anterior residência, na rua Voluntários da Pátria, número 128, em Botafogo, um espaço para exercitar seu passatempo predileto, a fotografia. Em ambos os endereços registrou cenas do cotidiano familiar.

 

 

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Taxiphote, aparelho similar ao pertencente a Oswaldo Cruz / stereoscopyhistory.net

 

Para embasar da melhor forma possível a execução de seu hobby, Oswaldo Cruz cercou-se de publicações sobre teoria e técnica fotográficas. Entre os títulos em alemão, francês e italiano da antiga biblioteca do cientista, hoje preservados no acervo da Casa de Oswaldo Cruz, destacam-se La fotografia industriale. Fotocalchi economici per le riproduzioni di disegni, piani, carte, musica, negative fotografiche, ecc. e Les nouveautés photographiques, années 1904 et 1905. Complément annuel à la théorie, la pratique et l’art en photographie.

 

Coleção Bibliográfica Oswaldo Cruz / Acervo Casa de Oswaldo Cruz

Coleção Bibliográfica Oswaldo Cruz / Acervo Casa de Oswaldo Cruz

 

As câmeras utilizadas por Oswaldo Cruz, que teriam sido adquiridas em Paris, foram a Kodak Folding Pocket, que empregava Roll Film tamanho 118, e a Vérascope Richard, a sua favorita, que produzia fotografias estereoscópicas.

 

“Ainda que em alguns sentidos guarde semelhanças à prática amadora da fotografia plana, o amadorismo estereoscópico tem também suas especificidades, sobretudo no que diz respeito à sua capilarização. Estendendo-se pouco, ou quase nada, para além das elites, podemos perceber um perfil padrão dos fotógrafos amadores: profissionais liberais herdeiros de abastadas famílias brasileiras, homens de posses e/ou ocupantes de altos cargos da administração pública e sediado nos grandes centros urbanos”.

Maria Isabela Mendonça dos Santos.

A estereoscopia e o olhar da modernidade, 2019.

 

 

 

Entre as clássicas denominações atribuídas a Oswaldo Cruz – “mito na ciência brasileira”, “saneador do Rio de Janeiro” e “fundador da medicina experimental no Brasil” – houve uma de procedência totalmente informal, e que serviu de fio condutor para a concepção deste artigo. Sua origem se deu a partir de um episódio pitoresco envolvendo a figura de Oswaldo Cruz, que na ocasião foi chamado de “Dr. Photographo” por estudantes da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

 

Ezequiel Caetano Dias. Traços biográficos de Oswaldo Cruz, 1922

Ezequiel Caetano Dias. Traços biográficos de Oswaldo Cruz, 1922

 

As imagens que apresentamos no presente artigo pertencem à Coleção Família Oswaldo Cruz. Nela encontram-se, entre outras “preciosidades documentais”, fotografias, cartas e álbuns, de natureza e suportes diversos, que revelam aspectos até então desconhecidos da vida privada e da trajetória de Oswaldo Cruz como médico, cientista, sanitarista e administrador de instituições de ciência e saúde pública. Dito isso, vamos conhecer um pouco mais a respeito do nosso “Dr. Photographo”.

 

 Oswaldo Cruz, a Saga de Um Herói Brasileiro

Samba-enredo da Escola de Samba Em Cima da Hora, no carnaval de 2000.

 

“De São Luiz do Paraitinga

A saga de um herói vamos contar

Grande gênio da ciência

Trouxe a experiência da Cidade-Luz

No Brasil está vivo na memória

Um carnaval de epidemias combateu

Saneando a cidade, o meu Rio tropical

Foi espelho de Paris

Botaram abaixo o antigo

Construindo um ideal e assim remodelaram a capital

 

Com seus feitos, muitas vidas preservou

Foram ideias geniais e amor

Diretor pela saúde se tornou

Nos anais da nossa história o seu nome consagrou

 

Mas nem tudo eram flores

E houve dissabores com a vacinação

E aí a imprensa com humor, malhou, malhou

Em meio a tanta dor

 

Lá no Pará,

Terra de Tapajós e Apiacás

Com muita força e fé, livrou do mal

Operários da Madeira-Mamoré

Pesquisador, tornou-se imortal

Prefeito da Cidade Imperial

 

Oswaldo Cruz, a Fundação é você

Batam palmas, eu quero ver

Parabéns ao centenário

Muito fez por merecer”

 

Natural de São Luiz do Paraitinga, cidade histórica do interior paulista, Oswaldo Cruz nasceu no dia 5 de agosto de 1872, filho do médico Bento Gonçalves Cruz (1845 – 1892) e Amália Taborda de Bulhões Cruz (1851 – 1921). Em 1877, quando Oswaldo tinha cinco anos de idade, sua família se transferiu para a capital do Império, a cidade do Rio de Janeiro.

 

 

Em 1889, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se formou em 1892, aos vinte anos. Em relação ao período que Oswaldo Cruz realizou sua graduação, é necessária uma correção. A partir da consulta aos documentos sobre a vida estudantil do cientista na Faculdade de Medicina, verificamos ser 1889 o ano correto para a sua entrada no curso médico – e não 1887, como foi difundido por seus primeiros biógrafos.

 

Certificado de provas da primeira série do curso médico, 9 de abril de 1889 / Acervo do Centro de Ciências da Saúde/UFRJ.

Certificado de provas da primeira série do curso médico, 9 de abril de 1889 / Acervo do Centro de Ciências da Saúde/UFRJ.

 

Em 1893, casou-se com Emília, com que teve seis filhos: Elisa (1894 – 1965), Bento (1895 – 1941), Hercília (1898 – 1968), Oswaldo (1903 – 1977), Zahra (1907 – 1908) e Walter (1910 – 1967). Ainda nesse ano, Oswaldo Cruz montou um laboratório de análises clínicas em sua casa e deu início a uma diversificada atuação como médico no consultório que herdara de seu pai, na Fábrica de Tecidos Corcovado e na Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Além disso, auxiliou o Instituto Sanitário Federal no diagnóstico da epidemia de cólera que grassava no Vale do Paraíba.

 

 

Entre 1897 e 1899, conforme citado anteriormente, Oswaldo Cruz esteve em Paris estudando microbiologia, soroterapia e imunologia no Instituto Pasteur e medicina legal no Instituto de Toxicologia. Sua estadia com a família na “cidade-luz” foi financiada pelo sogro, o abastado comerciante português Manuel José da Fonseca (1842 – 1912).

 

 

 

De volta ao Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz retomou suas funções como médico e fez parte da comissão que averiguou a crise de peste bubônica na cidade de Santos. Em seguida, recebeu o convite para exercer a direção técnica do Instituto Soroterápico Federal, que estava sendo criado na Fazenda de Manguinhos, localizada à beira mar, no subúrbio carioca. Seu funcionamento teve início em 1900, sob o comando do barão de Pedro Affonso (1845 – 1920). Dois anos depois, o barão foi destituído do cargo. Oswaldo Cruz, então, passou a dirigir sozinho os destinos do instituto – “célula mater” do que é, hoje, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“Embora as verbas permanecessem escassas, o Instituto, sob a direção exclusiva de Oswaldo, foi tendo maiores facilidades para a realização de pesquisas. Trabalhava-se o mais que se podia, despreocupadamente, com satisfação, com muito interesse pelas pesquisas científicas e com liberdade para investigar sobre os mais variados assuntos com aprovação ampla de Oswaldo, cujo maior objetivo era alargar o âmbito das atividades praticadas no Instituto”.

Henrique de Beaurepaire Aragão.

Notícia histórica sobre a fundação do Instituto Oswaldo Cruz (Instituto de Manguinhos), 1950.

 

Sobre os primeiros tempos do Instituto Soroterápico Federal existem relatos de que o próprio Oswaldo Cruz documentou fotograficamente as atividades desenvolvidas nos improvisados ambientes de pesquisa e de preparo de soros e vacinas.

 

 

Em 1903, a partir da contratação do exímio e criativo fotógrafo Joaquim Pinto da Silva, o J. Pinto (1884 – 1951), foram ampliados os registros referentes aos funcionários, estudantes, eventos, expedições científicas, campanhas sanitárias e instalações físicas do que viria a ser, dentro de poucos anos, um dos principais centros de ciências biomédicas e saúde do país. As fotografias produzidas por J. Pinto e outros fotógrafos que serviram na instituição ao longo de sua história, também estão reunidas no acervo da Casa de Oswaldo Cruz. Muitas delas, inclusive, foram apresentadas como tema de artigos na própria Brasiliana Fotográfica.

 

 

 

 

 

Mesmo após a chegada de um fotógrafo profissional, Oswaldo Cruz continuou produzindo fotografias sobre o dia a dia de Manguinhos, bem como de suas viagens a trabalho dentro e fora do país. No edifício símbolo da instituição, o Pavilhão Mourisco, mandou instalar um moderno Gabinete Fotográfico. Essa iniciativa, inovadora para os padrões da época, vem comprovar o grande apreço que o cientista tinha pela elaboração de imagens, não somente fixas, mas também em movimento.

“Entre o 3° e o 4° andar estão os gabinetes de macro e microfotografia, cinematografia etc., onde são executados por profissional de real competência – o Snr. Pinto – todos os trabalhos desse gênero. Ao lado, se acha uma copiosa coleção catalogada de fotografias e microfotografias, todas elas referentes a estudos realizados pelo pessoal do Instituto”. 

Ezequiel Caetano Dias. O Instituto Oswaldo Cruz: resumo histórico (1899-1918), 1918.

 

 

 

A partir de 1903, Oswaldo Cruz também comandou a Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), tendo como desafio empreender uma campanha sanitária para debelar as principais doenças que assolavam o Rio de Janeiro: febre amarela, peste bubônica e varíola. Essa árdua tarefa se desenvolveu no contexto da reforma urbana orquestrada pelo prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), que recebeu plenos poderes do presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848 – 1919) para transformar a capital da República em uma metrópole tropical com ares parisienses.

Cabe ressaltar aqui o papel desempenhado pela fotografia no período da Primeira República ou República Velha. Graças a difusão da técnica, um farto material iconográfico foi publicado na imprensa brasileira. Consultando revistas ilustradas e jornais diários, encontramos fotografias – além de charges e caricaturas – que foram utilizadas para enaltecer ou criticar as campanhas sanitárias e atividades científicas sob a responsabilidade de Oswaldo Cruz.

 

 

Os métodos empregados pelo diretor da DGSP para combater as epidemias de febre amarela e peste bubônica abordaram o isolamento dos doentes, a eliminação de mosquitos e ratos, a notificação compulsória dos casos positivos e a desinfecção de imóveis e ruas. Esses métodos, embora eficazes, não foram bem recebidos por vários segmentos da população, que desconfiavam da sua validade.

 

 

 

 

O combate à varíola, por sua vez, não saiu conforme o planejado por Oswaldo Cruz. Em 1904, depois da aprovação da polêmica lei que tornou obrigatória a vacinação contra a varíola em todo o Brasil, eclodiu uma revolta popular, seguida da tentativa de golpe militar: a Revolta da Vacina. Ela durou sete dias e foi reprimida severamente pelo governo de Rodrigues Alves, que acabou suspendendo a obrigatoriedade da vacinação.

 

 

De 1905 a 1906, ainda como parte das atribuições da DGSP, Oswaldo Cruz realizou uma viagem a diversos portos marítimos e fluviais de norte a sul do Brasil em companhia de seu secretário, o médico João Pedroso Barreto de Albuquerque (1869 – 1936). O objetivo da viagem era estabelecer um código sanitário para o país de acordo com as normas internacionais. Por esse novo empreendimento, Oswaldo Cruz foi mais uma vez incompreendido e atacado pela imprensa.

 

 

 

 

Em 1907, durante o XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim (Alemanha), Oswaldo Cruz recebeu da imperatriz Augusta Vitória (1858 – 1921) a medalha de ouro em nome da seção brasileira presente na Exposição Internacional de Higiene. No evento foram exibidos os produtos e documentos referentes às ações do Instituto Soroterápico Federal e da DGSP, como, por exemplo, vacinas e soros, peças anatomopatológicas, coleções zoológicas, gráficos e fotografias de campanhas sanitárias e maquetes dos edifícios construídos para o instituto e a saúde pública no Rio de Janeiro. Quando ainda se encontrava no exterior, o governo brasileiro transformou o Instituto Soroterápico Federal em Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos, um antigo anseio do cientista. Ao regressar ao Rio de Janeiro, em 1908, Oswaldo Cruz foi festivamente recebido como herói nacional após o retumbante sucesso alcançado pelo Brasil no evento de Berlim, que consagrou os trabalhos realizados sob seu comando em Manguinhos e contra as epidemias na capital federal, sobretudo a de febre amarela. A partir desse episódio, o comportamento da impressa em relação às atividades de Oswaldo Cruz se modificou, e as homenagens ao homem público, antes tão criticado, se tornaram rotineiras.

 

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Charge alusiva à conquista da medalha de ouro em Berlim / Edgard de Cerqueira Falcão. Oswaldo Cruz monumenta histórica, 1971

 

Com o desenvolvimento e transformação do “Instituto de Manguinhos” no arrojado Instituto Oswaldo Cruz (IOC), assim batizado em 1908 para homenagear os feitos do cientista, fotografia e desenho passaram a ser serviços complementares indispensáveis às atividades de ensino e pesquisa. Os sucessores de Oswaldo na gestão do instituto continuaram a dedicar atenção a essas práticas.

 

 

Oswaldo Cruz pediu exoneração da DGSP em 1909 e voltou a se dedicar exclusivamente ao seu instituto. Entre outras ações, promoveu o inventário das condições sanitárias do interior do Brasil através de expedições formadas por cientistas do IOC e médicos da DGSP. De 1910 a 1911, liderou importantes missões de combate à malária durante a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, a “ferrovia do diabo”, em Porto Velho, Rondônia, e à febre amarela em Belém, a convite do governador paraense João Coelho (1852 – 1926).

 

 

Nas duas ocasiões em que regressou ao Rio de Janeiro proveniente da região Norte do país, Oswaldo Cruz foi calorosamente recepcionado no Cais Pharoux, atual Praça XV, por autoridades, amigos e admiradores, que se deslocaram até o local para parabenizá-lo pela excelente condução dos trabalhos de saúde pública realizados no Pará e Rondônia.

 

 

 

Retornou à Alemanha em 1911 para participar da Exposição Internacional de Higiene de Dresden. O destaque da presença brasileira no evento foi, sem dúvida, a apresentação de peças anatomopatológicas, fotografias, moldes e bustos em gesso de doentes, entre outros itens, sobre a descoberta de Carlos Chagas (1879 – 1940), cientista do IOC, em 1909, da doença transmitida pelo barbeiro, a tripanossomíase americana ou doença de Chagas. A exibição dos filmes que documentam essa descoberta e as ações de combate à febre amarela no Rio de Janeiro também tiveram excelente aceitação entre os participantes da exposição. Muito provavelmente, o fotógrafo J. Pinto foi o responsável pelo filme Chagas em Lassance, o primeiro de caráter científico realizado no Brasil.

 

 

Em carta ao fiel escudeiro João Pedroso, que ficou em seu lugar chefiando os trabalhos de combate à febre amarela em Belém, Oswaldo Cruz resumiu com alegria mais um triunfo da ciência brasileira em solo alemão:

 

Berlim, 28 de julho de 1911.

Caro Pedroso.

De passagem por aqui, de volta de Dresden e a caminho de Paris não quis deixar de te mandar algumas linhas, informando-te dos resultados de nossa Exposição. Quando o Vasconcelos me escrevia cheio de entusiasmo, julgava eu que era vibração exagerada de patriotismo hipertrofiado pelos ares estrangeiros; mas, felizmente, tive ocasião de verificar a realidade do fato: É um sucesso completo, no ponto de vista, que eu o encaro, i. é. como meio de tornar conhecido o Brasil científico. Com efeito, a Exposição tem tido uma verdadeira romaria de sábios de toda a Alemanha. Quando aqui se reuniu o Congresso de Microbiologia foram todos os membros à nossa Exposição, espontaneamente e sem prévio convite; examinaram cuidadosamente tudo e ficaram todos encantados pelos estudos do Chagas. Quando no cinematógrafo viram a fita dos doentes do Chagas, não se puderam conter e irromperam em palmas e vivas! […] Os resultados da campanha do Pará têm pasmado a todos e com um interesse admirável estudam cuidadosamente os gráficos e mapas. Não havia, pois, exagero, e nossa reputação, já adquirida, de país civilizado que caminha na vanguarda do progresso científico, teve mais uma eloquente sanção, e vocês todos contribuíram para isso com enorme contingente, pelo que vivamente os felicito.

E Sales Guerra. Osvaldo Cruz, 1940.

Em 1912, o cientista foi eleito “imortal” da Academia Brasileira de Letras na vaga do poeta Raimundo Correia (1859 – 1911). Em 1914, recebeu a condecoração de oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra da França.

 

 

 

 

Ainda em 1914, Oswaldo Cruz presidiu a Conferência Sanitária realizada em Montevidéu (Uruguai), que contou com a participação de representantes da Argentina, Brasil, Paraguai e do país anfitrião. O objetivo da conferência foi a elaboração de uma nova Convenção Sanitária para a região. Antes de voltar ao Rio de Janeiro, esteve na capital argentina visitando estabelecimentos científicos e de ensino superior. Na ocasião, recebeu o diploma de membro honorário da Academia de Medicina da Universidade Nacional de Buenos Aires.

 

 

 

 

Em 1916, por motivos de saúde, deixou a direção do IOC e foi morar em Petrópolis, região serrana fluminense. Lá, durante poucos meses, ocupou o cargo de primeiro prefeito da cidade, por nomeação de Nilo Peçanha (1867 – 1924), presidente do estado do Rio de Janeiro. No dia 11 de fevereiro de 1917, durante os festejos de Momo, Oswaldo Cruz morreu em sua casa, na rua Montecaseros, aos 44 anos, cercado por familiares e amigos. Seu enterro, realizado no dia seguinte, no Cemitério de São João Batista, Rio de Janeiro, reuniu representantes de todas as camadas sociais, que formaram um cortejo solene para dar o último adeus ao grande cientista brasileiro – o “Dr. Photographo” Oswaldo Cruz –, que se tornou símbolo da ciência nacional e da saúde pública.

 

 

* Ricardo Augusto dos Santos é Pesquisador Titular da Fundação Oswaldo Cruz. Felipe Almeida Vieira e Francisco dos Santos Lourenço são pesquisadores do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz.

 

Fontes:

ARAGÃO, Henrique de Beaurepaire. Notícia histórica sobre a fundação do Instituto Oswaldo Cruz (Instituto de Manguinhos). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 48, p. 1-75, 1950.

BENCHIMOL, Jaime Larry (coord.). Manguinhos do sonho à vida: a ciência na belle époque. Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz, 1990.

BRITTO, Nara. Oswaldo Cruz: a construção de um mito na ciência brasileira. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006.

D’AVILA, Cristiane. A Exposição Internacional de Higiene de Dresden, na Alemanha, em 1911. Brasiliana Fotográfica, Rio de Janeiro, 5 jan. 2022.

DIAS, Ezequiel Caetano. O Instituto Oswaldo Cruz: resumo histórico (1899-1918). Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, 1918.

DIAS, Ezequiel Caetano. Traços biográficos de Oswaldo Cruz. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 1-79, 1922.

FALCÃO, Edgard de Cerqueira (org.). Oswaldo Cruz monumenta histórica. A incompreensão de uma época. Oswaldo Cruz e a caricatura. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1971. tomo 1.

FONSECA FILHO, Olympio da. A escola de Manguinhos: contribuição para o estudo do desenvolvimento da medicina experimental no Brasil. São Paulo: EGTR, 1974.

FRAIHA NETO, Habib. Oswaldo Cruz e a febre amarela no Pará. 2 ed., rev. e ampl. Ananindeua: Instituto Evandro Chagas, 2012.

FRAGA, Clementina. Vida e obra de Oswaldo Cruz. 2 ed. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2005.

GUERRA, E. Sales. Osvaldo Cruz. Rio de Janeiro: Vecchi, 1940.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

LIMA, Ana Luce Girão Soares de. A bordo do República: diário pessoal da expedição de Oswaldo Cruz aos portos marítimos a fluviais do Brasil. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 158-167, 1997.

LIMA, Nísia Trindade; MARCHAND, Marie-Hélène (org.). Louis Pasteur & Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz; Banco BNP Paribas Brasil S.A., 2005.

LOPES, Myriam Bahia. Corpos ultrajados: quando a medicina e a caricatura se encontram. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, p. 257-275, 1999.

LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, Ricardo; LOURENÇO, Francisco dos Santos. Antonio Gonçalves Peryassú e o estudo dos mosquitos para sanear o Brasil: uma resenha biográfica. Revista Pan-Amazônica de Saúde, Ananindeua, v. 13, p. 1-13, 2022.

Oswaldo Cruz: o médico do Brasil. São Paulo: Fundação Odebrecht; Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2003.

OSWALDO CRUZ, Eduardo. Anaglyphos: Oswaldo Cruz como fotógrafo. Inglaterra, s.d.

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SERPA, Phocion. A vida gloriosa de Osvaldo Cruz. Rio de Janeiro, 1937.

THIELEN, Eduardo Vilela et al. A ciência a caminho da roça: imagens das expedições científicas do Instituto Oswaldo Cruz em 1911 e 1912. Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz, 1991.

THIELEN, Eduardo Vilela. Imagens da saúde do Brasil: a fotografia na institucionalização da saúde pública. Dissertação (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1992.

WANDERLEY, Andrea C. T. Breve perfil e cronologia do fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 30/01/1924). Brasiliana Fotográfica, Rio de Janeiro, 30 nov. 2017.

 

Cronologia de João Xavier de Oliveira Menezes, o J. Menezes (18? – 19?)

 Cronologia de João Xavier de Oliveira Menezes, o J. Menezes (18? – 19?)

 

1875 – Apesar de não sabermos, até o momento, onde e quando João Xavier de Oliveira Menezes, o J. Menezes, nasceu e faleceu, há registros de sua atuação como fotógrafo a partir de 1875, no Rio de Janeiro, na rua da Quitanda, nº 39. Era filho do comendador Thomaz Xavier Ferreira de Menezes e seus irmãos eram Francisco, Eurydice, Thomaz e Carlos Xavier de Oliveira Menezes; e Rita Augusta de Menezes Pinho (Jornal do Commercio, 2 de novembro de 1891, sexta colunaO Paiz, 13 de setembro de 1896, sexta coluna).

 

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Acervo IMS

 

1876 – Realização de obras em seu estúdio fotográfico e anunciado que já estava a disposição de nosso amigos e fregueses (Gazeta de Notícias, 27 de agosto de 1876).

 

 

Década de 1880 – Foi nesta década que J. Menezes produziu fotos de pessoas com deficiência.

1882 - Fim de sua associação, na firma Pacheco, Menezes & Irmão, a seu irmão, Carlos e a Bernardo José Pacheco (18? -?), que havia sido, entre 1866 e 1874, associado ao fotógrafo açoriano Christiano Junior (1802 – 1902). Apresentavam-se como sucessores de Christiano Junior & Pacheco e ofereciam retratos em todos os systemas (Jornal do Commercio, 3 de dezembro de 1866Gazeta de Notícias, 8 de agosto de 1875Diário do Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1875, sexta colunaAlmanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1875 1876187718781879188018811882). Lembramos que Christiano Jr. foi o autor da série Elephansiasis, realizada na década de 1860. Como já indagado no artigo, Para uma história da fotografia médica, no Brasil, de autoria de Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, teria sido J. Menezes o sucessor de Christiano Junior no atendimento à classe médica da corte?

O estabelecimento passou a chamar-se Menezes & Irmão (Gazeta de Notícias, 13 de junho de 1882, última coluna; Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1884).

 

 

Anunciavam Photographia e Pintura.

 

 

1883 -  Anunciavam uma Grande Novidade:

 

 

Foram lidas proclamas de seu casamento com Virgilia Adelaide Mendes Calaza (Gazeta de Notícias, 29 de dezembro de 1893, terceira coluna).

1884 - Com o falecimento de seu irmão e sócio Carlos, foi extinta a firma Menezes & Irmão e J. Menezes passou a atuar por conta própria, ainda na Rua da Quitanda, nº 39 (Jornal do Commercio, 26 de agosto de 1884, sétima colunaJornal do Commercio, 3 de outubro de 1884, última coluna). Residia na Rua do Souto, 16.

Década de 1890 – Nos primeiros anos desta década, seu estabelecimento fotográfico ficava na rua Marquês de Paraná, 1. O último registro de sua atividade como fotógrafo encontrada pela minha pesquisa data de 1902 (Gazeta de Notícias, 13 de junho de 1884, terceira colunaJornal do Commercio, 3 de outubro de 1884, última colunaAlmanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 188518911892, 1898190019011902).

1902 –  Seu filho Augusto (1901 – 1902) faleceu (Jornal do Commercio, 10 de julho de 1902, sexta coluna).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica