Fotografia e medicina na Bahia dos anos 1900
Claudia Beatriz Heynemann e Maria Elizabeth Brêa Monteiro*
Da Escola de Cirurgia à Escola Tropicalista
Com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, algumas restrições impostas à colônia foram sustadas, a exemplo da proibição de cursos superiores para a formação de profissionais liberais. A carta régia de 18 de fevereiro de 1808 facultou a criação da Escola de Cirurgia da Bahia, por orientação do médico pernambucano José Corrêa Picanço. A escola foi instalada nas dependências do antigo Colégio dos Jesuítas, localizado no Terreiro de Jesus, em Salvador, onde, à época, funcionava o Hospital Real Militar da Bahia.
A princípio, a escola oferecia duas cadeiras básicas: cirurgia especulativa e prática, a cargo do cirurgião Manuel José Estrela, e anatomia e operações cirúrgicas, pelo cirurgião José Soares de Castro. O ensino dessas disciplinas, que seguia orientação francesa do compêndio de M. de la Fay, obrigando o conhecimento de francês pelos alunos inscritos, limitava-se a lições teóricas de anatomia humana e a elementos de fisiologia, patologia e clínica para a cadeira de cirurgia, refletindo a escassez de laboratórios e a falta de recursos para pesquisa e experimentação.
O aluno aprovado estava apto a “sangrar, sarjar, aplicar bichas e ventosas, curar feridas, tratar de luxações, fraturas e contusões”, mas não podia administrar medicamentos nem tratar moléstias internas, funções exclusivas dos médicos. Para sanar as deficiências do curso de medicina, parte dos alunos egressos da Escola de Cirurgia da Bahia fazia formação complementar em Portugal e na França.(1)
Reformas de ensino foram empreendidas aumentando a duração do curso, que, inicialmente, era de quatro anos, e ampliando o número de cadeiras oferecidas. Segundo o médico infectologista Rodolfo Teixeira, a Academia Médico-Cirúrgica, criada pela carta régia de dezembro de 1815, que sucedeu a Escola de Cirurgia da Bahia, teve suas atividades transferidas para o Hospital da Santa Casa, na rua da Misericórdia (2). O retorno ao Terreiro de Jesus só se deu em decorrência da lei de 3 de outubro de 1832, que oferecia nova organização às academias médico-cirúrgicas do Rio de Janeiro e da Bahia e nova denominação. A Faculdade de Medicina da Bahia voltava para o prédio do antigo Colégio dos Jesuítas, ocupando também o espaço de 12 casas que formavam o lado esquerdo da rua das Portas do Carmo, onde eram ministrados os cursos de Medicina, Farmácia e Obstetrícia, concedendo aos candidatos os títulos de grão-doutor, farmacêutico e obstetra. O curso médico passou a ser ministrado em seis anos, com 16 cadeiras; o farmacêutico em três anos e, o de parteiro, em dois. Ao longo da segunda metade do século XIX, foram instaladas a biblioteca, a botica, os laboratórios de física e química, e os gabinetes, a enfermaria e a sala de operação, ou seja, a infraestrutura para ampliação e melhoria das instalações do hospital, tendo em vista o desenvolvimento das ciências naturais.(3)
Durante a direção interina do médico Antônio Pacífico Pereira, foram iniciadas reformas de ampliação no antigo prédio dos jesuítas que previam a desapropriação de cinco edifícios na rua das Portas do Carmo, para a criação do horto botânico, o que não se concretizou, dos laboratórios de química orgânica e biologia, fisiologia experimental, física médica e terapêutica experimental, e histologia, além de um museu de anatomia e de um museu patológico. Todos esses laboratórios e museu tornaram-se realidade entre os anos de 1880 e 1890. Em 1903, foi conectado o serviço de eletricidade, que propiciou iluminação interna e externa e ventilação artificial.
Contudo, as reformas não pouparam de crítica as instalações da Faculdade de Medicina. O médico Alfredo Tomé de Brito, lente de clínica propedêutica, em sua memória do ano letivo de 1900 a 1901, condena o aproveitamento do velho Colégio dos Jesuítas para ser transformado em faculdade de medicina:
Um edifício colocado num sítio pouco espaçoso, minimamente acanhado e sem a possibilidade de ser aumentado, salvo à custa de dispendiosas desapropriações e de demolições prévias; que não tem as dimensões necessárias para aquartelar os dezesseis laboratórios que devem funcionar em compartimentos distintos, diversos anfiteatros, uma enorme biblioteca e um museu, um edifício composto de duas secções, que se unem formando um ângulo reentrante e das quais uma está alguns metros fora do alinhamento do lado da praça em que demora e que irregulariza e desfeia; um edifício, cuja arquitetura é literalmente monstruosa, pois que se deram uns ares de modernidade e de elegância ao velho Convento, cuja construção pesada e cuja forma obsoleta foi necessário conservar e seguir na seção nova; um edifício, em cujo vestíbulo acaçapado em relação a suas dimensões se penetra por uma porta aberta num recanto e em que não se vê a escada conducente ao pavimento superior, a qual procede da extremidade de um corredor paralelo ao plano da entrada, — escada que, sendo de liso mármore e de forma conchoide, merece a qualificação de anti-higiênica; finalmente, um edifício interiormente mal-dividido, desproporcionado, e cujo soalho se acha era níveis diferentes.(4)
Alexandre Evangelista de Castro Cerqueira, regente da cadeira de dermatologia e sifiligrafia da faculdade, também reconhece a inadequação dos espaços, apesar das modificações realizadas no “vetusto casarão do Terreiro”. Em sua memória histórica, Cerqueira registra:
o que se não a colocam em pé de paridade com os congêneres dos países adiantados, todavia pode apesar dos defeitos insanáveis prestar-se a regular orientação e marca do ensino, ao menos até que as condições mais prósperas da nação permitam a construção de um outro edifício obedecendo às regras da arte e da ciência. Sem dúvida, muito melhor teria sido abandonar em tempo a infeliz ideia de aproveitar o Convento dos Jesuítas, porque com o que tem-se gasto e com o que se há de ainda despender, ter-se-ia hoje um estabelecimento no qual a simplicidade não excluiria as proporções agradáveis, nem o bom gosto mais adequado à dignidade e às necessidades da ciência. (5)
Em 2 de março de 1905, durante o Carnaval, um incêndio atingiu a parte antiga do prédio em que estava sediada a faculdade. Os laboratórios de química, de histologia, de medicina legal, de bacteriologia e de anatomia e fisiologia patológica, além da biblioteca e seus 22 mil volumes e da capela dos jesuítas, ficaram inutilizados. O salão nobre, a sala das congregações, o antigo arquivo, os corredores e as escadas também foram seriamente danificados.
O sinistro obrigou um projeto para a nova faculdade, encomendado ao arquiteto Victor Dubugras. As obras ficaram a cargo do engenheiro Teodoro Sampaio. O novo prédio foi oficialmente inaugurado no dia 3 de outubro de 1908, data do 1° centenário da Faculdade de Medicina da Bahia.
O processo de institucionalização da medicina no Brasil teve início nas primeiras décadas do século XIX com a fundação das academias médico-cirúrgicas do Rio de Janeiro (1813) e da Bahia (1815), da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro (1829) e da transformação das academias em faculdades de medicina (1832).
Munida desses propósitos, a Faculdade de Medicina da Bahia esteve envolvida nos principais movimentos sociais, a exemplo da Guerra do Paraguai (1864-1870), dando assistência aos soldados feridos e doentes, e da revolta de Canudos (1896-1897), quando estudantes dos cursos médico, farmacêutico e odontológico estiveram em campo apoiando os médicos militares responsáveis pelos hospitais de campanha. Durante o movimento de Canudos, a faculdade de medicina abrigou o hospital Vischow, um dos muitos instalados na cidade de Salvador que prestaram assistência às forças legalistas. Foi nessa ocasião que os sistemas de radioscopia e radiografia, trazidos da Europa pelo médico Alfredo Tomé de Brito, foram utilizados, pela primeira vez no Brasil, para localizar os projéteis nos ferimentos e proceder às cirurgias. Seus professores também tiveram atuação de destaque nas epidemias de febre amarela (1850) e de cólera-morbo (1855) que acometeram a província da Bahia.
A segunda metade do século XIX inaugurou a penetração da medicina na sociedade, incorporando o meio urbano como alvo de reflexão e prática médica, e a colocação da medicina como apoio científico ao exercício de poder do Estado. A Faculdade de Medicina da Bahia torna-se um espaço para as discussões científicas, bem como para ideias políticas e filosóficas que chegavam do Velho Mundo e, por sua vez, “impulsionavam o progresso da ciência” e as transformações sociais no contexto de um Estado escravocrata e aristocrático. Durante muito tempo, foi a única instituição de curso superior nessa província. Uma elite profissional foi se formando ao longo do Oitocentos com a missão de, por meio de seu saber, contribuir para melhorar as condições de saúde da população.(6)
Os médicos procuravam mostrar que seu campo de conhecimento poderia servir como instrumento do progresso da civilização, promovendo os meios para combater as causas das más condições de saúde do país e situando seu saber nas mais diversas esferas da vida cotidiana. A aula inaugural da disciplina de terapêutica, proferida pelo médico Antônio Januário de Faria, publicada na Gazeta Médica da Bahia, em 25 de março de 1867, deixa clara a proposta da edificação do saber médico como forma de auferir maior poder de intervenção na cidade e nos costumes de seus habitantes: “A nossa missão”, destinada a “um fim santo, nobre e humanitário”, é “aliviar o infeliz enfermo das angústias da dor”, o que só poderia ser bem cumprido com o “labor incessante dos operários da ciência em favor da humanidade”.(7)
A elite médica, ao tornar o conhecimento um instrumento de aperfeiçoamento do gênero humano, procurou colocar a medicina ao alcance dos desafios que a saúde pública enfrentava, numa época em que as epidemias provocavam cada vez mais estragos em uma população em franco crescimento. (8)
Nesse contexto, emerge uma nova política científica, baseada, em grande medida, nas pesquisas experimentais e rejeitando o determinismo racial e climatológico e a ideia de que os habitantes dos trópicos degeneravam irreversivelmente. Uma medicina de cunho social associava os males que acometiam a população baiana à falta de higiene urbana e à péssima qualidade de vida nas habitações coletivas. A interdição de cortiços, por exemplo, não disciplinava os pobres, mas sim provocava o seu deslocamento para áreas sem valor imobiliário. Construíam suas habitações próximo aos locais em que tinham facilidade maior para trabalhar, principalmente nas imediações das feiras e casas de famílias mais abastadas. A circulação desse contingente de pobres no centro da cidade preocupava as autoridades e era motivo de críticas diárias nos jornais, vocalizando o incômodo das elites e direcionando o debate para a criação de políticas de controle social que visavam estabelecer novos costumes. (9)
Um grupo de médicos acabava, assim, por desafiar a tradição do ensino e da prática médica baseada na reprodução do saber médico europeu, principalmente de origem francesa, dando início a um exercício da medicina que ficou conhecido na Bahia como Escola Tropicalista. Desenvolveram trabalhos sobre as descobertas relacionadas à ancilostomíase, à filariose (elefantíase), ao ainhum (alteração nos dedos do pé), o que contribuiu para a promoção de debates sobre parasitologia e algumas doenças como beribéri, tuberculose, lepra, dracunculose e maculo.(10)
Da Faculdade de Medicina da Bahia, identificavam-se com as linhas de pensamento tropicalistas Antônio José Alves (pai do poeta Castro Alves e professor de cirurgia), Antônio Januário de Faria (professor de clínica médica), Antônio Pacífico Pereira, seu irmão Manuel Vitorino Pereira e Raimundo Nina Rodrigues. Otto Edward Henry Wucherer, John Ligertwood Paterson e José Francisco da Silva Lima, apontados como fundadores da Escola Tropicalista Baiana, costumam ser considerados os introdutores da medicina experimental no Brasil.(11) Em vez da nosologia (classificação das doenças) abstrata feita da combinação de vários sintomas, classificados em ordens e gêneros como o faziam os naturalistas, os “tropicalistas” observavam a própria moléstia com a sua etiologia esclarecida, acompanhada do seu conjunto de sintomas.
Nina Rodrigues desenvolveu estudos anatomopatológicos, dedicando-se à pesquisa sobre o beribéri. Publicou artigos na Gazeta Médica da Bahia sobre a incidência de doenças que mais afligiam os brasileiros e a necessidade da reforma do sistema de saúde naquele estado. (12) Considerando inviável a realização do exercício da medicina segundo aquele modelo médico “tropicalista”, Raimundo Nina Rodrigues afastou-se do grupo em 1897, dirigindo seus estudos para a biossociologia brasileira, na qual o aspecto biológico era entendido como determinante do social. Introduziu em suas pesquisas médicas elementos e categorias das ciências sociais, em particular da antropologia. Sua produção científica foi reconhecida e respeitada devido, em parte, ao pioneirismo nos estudos dedicados à cultura afro-brasileira. De acordo com Julyan Peard, ao enfatizar o estudo sobre os africanos no Brasil, considerando-o central para a melhor compreensão das disciplinas de medicina e de direito, Nina Rodrigues focalizou uma realidade que a intelectualidade baiana preferia ignorar.
Os álbuns fotográficos da Faculdade de Medicina da Bahia
Acessando o link para as imagens do Álbum da Faculdade de Medicina da Bahia com fotos de Lindemann & C disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.
Acessando o link para as imagens do álbum Faculdade de Medicina da Bahia sem autoria disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.
É Nina Rodrigues que figura em ao menos três fotografias do álbum assinado por Lindemann & C. Duas delas o colocam no centro da cena, em atividade, em meio a ossos e órgãos que examina e manipula, enquanto, na sala de dissecções, senta-se a um canto do vasto salão organizado em torno de cinco bancadas ocupadas com cadáveres. Os corpos e órgãos dispostos nos laboratórios de anatomia médico-cirúrgica e de anatomia descritiva davam seguimento à prática da “medicina empírico-racional”, afirmada como disciplina desde a reforma da Universidade de Coimbra e incorporada na fundação da Escola de Cirurgia do Hospital Militar, em 1808. Poucos anos depois, uma série de fascículos publicados trazia descrições anatômicas e é com o professor inglês Johannes Abbot que a prática de dissecação de cadáveres humanos é introduzida de fato no ensino médico no país.(13)
Mais do que a existência dos laboratórios, vale refletir sobre a sua exposição em álbum, a composição da cena, o direcionamento do olhar. Em contraste com uma série de ambientes, a exemplo da biblioteca ou da sala da congregação, ausentes de pessoas vivas, os laboratórios exibem cadáveres, órgãos em planos e enquadramentos que os privilegiam sem qualquer mediação visual para o receptor porventura leigo. Ainda que as instalações dos primeiros anos do século XX permanecessem insuficientes para muitos, e certamente para Nina Rodrigues, o álbum respondia às avaliações sobre a faculdade e às necessárias reformas, desde o final do século XIX, quando Rodrigues ingressa no curso de medicina. Um relatório do diretor da instituição, de 31 de janeiro de 1903, admitia a “deficiência com que estão montados os laboratórios”, passível de ser mitigada mediante recursos financeiros, e destacava a instalação elétrica como instrumento de transformação decisiva para o ensino nos laboratórios. Quanto ao ensino prático, dependente de cadáveres, elevou-se a quantidade disponível para 215, em vez dos 187 do ano anterior, “longamente aproveitados por meio de injeções conservadoras”, sendo estes um dos elementos distintivos da modernização da Faculdade de Medicina naquele ano, o que concorre também para reforçar a datação do álbum em 1903. (14)
Outras áreas da faculdade, enquadradas na tarefa de documentar fotograficamente o ensino e a pesquisa ali desempenhados, reforçam a pesquisa anatômica e os estudos em medicina legal, com a análise de corpos, a exposição dos “desvios da natureza”, os usos da craniometria. Reservado à “medicina legal e toxicologia”, disciplina ministrada por Nina Rodrigues, um lombrosiano, e introdutor da antropologia criminal, o salão, tal como fotografado, concentrava sobre uma mesa meia dúzia de crânios, enquanto no interior de um armário envidraçado, um esqueleto completo mantém-se na vertical, remetendo-nos à obra, de 1555, do médico André Vesale. Professor da Universidade de Pádua, na Itália, Vesale ficou conhecido como o reformador da anatomia, dissecando com as próprias mãos, utilizando o corpo humano para demonstrações, valendo-se de modelos vivos, animais, desenhos e esqueletos, uma referência nos séculos subsequentes.
Ao fundo desse gabinete, as palavras de Alfred Swaine Taylor (15), autor de um manual de jurisprudência médica publicado na Inglaterra, em 1844, advertem que um médico poderia ser subitamente confrontado em um tribunal com perguntas as quais ele, sentindo-se seguro, “no canto mais isolado do reino”, e durante um longo período de sua prática, nunca considerou importantes. A citação convoca à empiria, à investigação, como exigências para o exercício desse campo da medicina, encimando os crânios enfileirados e o esqueleto humano. Pode-se reconhecer aqui algo da “visão determinista biológica, com vínculos estreitos com a antropologia física do século XIX”, e de expressiva influência no campo da medicina legal, “particularmente nos trabalhos do ‘médico antropólogo” Nina Rodrigues e seus “discípulos”, como destaca Marcos Chor Maio.(16)
As duas pranchas do museu da faculdade mostram salas despovoadas com vitrines nas quais podemos distinguir corpos – meio tronco e cabeça, pernas. Diferentes mobiliários destinados ao museu guardam partes de cadáveres humanos, aqui, diferentemente, não são esqueletos, conduzindo-nos de volta às salas de anatomia ou ao anfiteatro, imagem em si recorrente na área das ciências da vida. No “anfiteatro 1”, sem nenhuma audiência, sugerindo que uma demonstração irá começar, o olhar é atraído para o corpo exposto sobre uma mesa. A série de corpos, crânios e esqueletos, central nessas fotografias, qualifica esses espaços e nos conduz aos fundamentos da Escola Tropicalista Baiana, presidida pela ideia de experimentação.
Inseridos na coleção denominada Fotografias Avulsas, os álbuns têm procedência desconhecida, não se tendo registro da trajetória desses dois artefatos, sua história arquivística. Encapado em vermelho, com uma etiqueta em vermelho escuro e letras douradas, o Álbum da Faculdade de Medicina da Bahia (BR RJANRIO O2.0.FOT.491) é composto de 31 fotografias, acompanhadas, em cada página, da marca “Ph. Lindemann & Cº. Largo do Theatro 92. Bahia” e sem indicação da data de produção. Já o conjunto em capa vermelha e letras douradas intitulado “1ª Faculdade de Medicina da Bahia” (BR RJANRIO O2.0.FOT.492) compõe-se de oito fotografias e oito desenhos de fachadas e plantas. Na capa, a data de 3 de outubro 1903, e, da mesma forma, ignora-se sua história arquivística, além de não haver a indicação do fotógrafo ou estúdio responsável. O dia 3 de outubro, data de fundação da Faculdade de Medicina, vinha ao encontro do ano de 1903, quando, como foi dito, a faculdade passa a contar com o sistema de eletricidade, e são apresentados o salão nobre, a sala dos professores e o gabinete do diretor com nova decoração e “embelezamento”, justificando, assim, a edição do álbum que não contém a data, podendo-se, afinal, arriscar que os dois conjuntos possuam o mesmo ano de edição.(17)
O conjunto mais extenso e não datado traz a assinatura de Lindemann & Co, ateliê fotográfico de Rodolpho Lindemann, funcionando no largo Castro Alves, 92, em Salvador, anteriormente largo do Teatro, no século XIX. Lindemann, então associado de Guilherme Gaensly, mudou-se para esse endereço em 1894, e esse foi o local e o nome da casa comercial por muitos anos, mesmo após ter passado a outros proprietários. Como indica Boris Kossoy (18), a sociedade com Gaensly dissolveu-se em 1900 e foi admitido no lugar o “seu antigo empregado, sr. Alfredo Borges, constituindo-se a firma social Lindemann & C.” Em 1903, a Lindemann & Co é assim relacionada no Almanak do Estado da Bahia: Administrativo, Indicador e Noticioso (19) e, no ano seguinte, o Correio do Brasil já se refere ao “Sr. Alfredo Leitão Borges, estimado proprietário da photographia Lindemann”(20). Deve-se considerar que as informações obtidas nesses periódicos são instáveis. No mesmo ano, o Almanak Laemmert do estado da Bahia elenca entre “fotógrafos e retratistas” a firma Gaensly & Lindermann na praça Castro Alves, o que perdura por mais quatro anos no mínimo, sabendo-se que a empresa, com tal razão social, não existia mais. Em 1903, ano chave para os álbuns referidos, o Diário de Notícias, publicado na Bahia, traz matéria sobre a Photographia Lindemann & C. situada no número 92 da Praça Castro Alves. Tratado como “o mais antigo da capital”, o estabelecimento teria um sócio residente na Europa encarregado de remeter por todos os vapores “as mais minuciosas notícias de tudo que de novidade vai aparecendo na arte fotográfica”, além de enviar material, garantindo a adoção dos melhoramentos em voga nas capitais europeias. O estúdio oferecia a fototipia, fotogravura, fotogalvanoplastia, platinotipia, e estava apto a “trabalhos fora do ateliê como retratos ou grupos ao ar livre, de colégios, escolas, regatas, festas de igrejas ou profanas, cadáveres e tudo o mais que desejar-se possa”.(21)
Pode-se presumir que em 1903 o ateliê já estivesse aos cuidados de Alfredo Borges. Ainda que sua direção seja incerta nesse período, tudo indica que contava com equipamentos condizentes e era respeitado, oferecendo uma gama de serviços, entre os quais a fotografia de cadáveres, que continuava a ser uma prática, desde o século XIX, de registro de mortos, por vezes simulando estarem vivos. Dois anos antes, o Diário do Maranhão trazia a notícia de que Gaensly e Lindemann haviam fotografado “uma criança natimorta e hermafrodita, que estava despertando a curiosidade da população e de médicos, dentre eles o professor de medicina legal, o maranhense Nina Rodrigues”.(22)
Entre os laboratórios mantidos na faculdade, a sala repleta de armários com aves taxidermizadas, algumas ornamentando o topo do mobiliário, como dois pavões e uma ave de rapina, conduzem-nos à origem das coleções de história natural, às viagens e expedições iniciadas no setecentos, aos sistemas de classificação e de nomenclatura em disputa a partir da época moderna. Um dos primeiros fins da botânica foi a medicina que, conjugada à observação e dissecação de seres vivos, tornou frequente a figura do médico naturalista, muitas vezes à frente de gabinetes e coleções de história natural. A partir dessas práticas desejaram responder a questões como a reprodução dos seres vivos, os desvios da natureza, bem como a sua imutabilidade, entre outros dilemas que se impuseram à ciência dos séculos XVIII e XIX. Inseparáveis de tais coleções, as viagens configuram uma das etapas da sua formação, nas quais se previa uma série de procedimentos, do diário aos desenhos, a conservação dos espécimes recolhidos e, tão importante quanto, a identificação, classificação e atribuição dos nomes científicos e vulgares, bem como dos usos possíveis. O acervo reunido no laboratório da Faculdade de Medicina da Bahia continha, muito provavelmente, peças doadas pelo viajante francês Jean-Baptiste Douville, em 1835. O destino do “Gabinete Douville” era o Liceu Provincial, um projeto da administração do governo da cidade do Salvador, em funcionamento efetivo em 1837, mas sempre em contraponto às coleções e aos projetos da faculdade. Embora tendo conhecido um período de progresso, o liceu passaria por um esfacelamento nos anos 1870, abrindo caminho para o intercâmbio de coleções com a Faculdade de Medicina.(23)
Na segunda metade do século XIX, as coleções de história natural vinculam-se especialmente à medicina tropical, retraçando o eixo entre as doenças e o meio natural do Novo Mundo. O processo deflagrado pela descoberta de animais invertebrados, “principalmente insetos, como hospedeiros intermediários de vermes, protozoários e outros microrganismos causadores de doenças em homens e animais passou a direcionar o olhar dos coletores para grupos de animais até então negligenciados pelos museus de história natural”(24). Assim, a natureza, a partir de seus vetores, começa a ser encarada como um depósito de doenças tipicamente tropicais, sendo exemplares sob esse aspecto as trajetórias do Instituto Oswaldo Cruz e do Museu Nacional na construção da disciplina medicina tropical, como estabelece Magali R. Sá. Qualquer que fosse o lugar ocupado pelo Laboratório de História Natural nos debates em torno da relação entre natureza e doença, com seus armários e vultos que guardavam a memória dos séculos XVIII e XIX, sua representação no conjunto analisado impõe o debate que atravessou a medicina nos anos 1900 no Brasil.
Um dispositivo ótico em si, o álbum documenta a própria relação entre a fotografia e a medicina, seja pelos registros obtidos ou, mais especificamente, pela utilização dessa técnica no campo da medicina. Em seus primórdios, sobretudo a partir do daguerreótipo, foram muitas as dificuldades para aplicação do registro fotográfico à pesquisa científica de modo geral, visto que suas limitações, como manejo da aparelhagem, sensibilização das placas, tempo de exposição etc., afetavam a produção desses formatos. Ainda assim, lembra James Roberto Silva, a invenção foi acolhida com entusiasmo, possibilitando maior exatidão, superior à do desenho: “ela preenchia uma espécie de vácuo epistemológico das ciências, representado pelos preceitos de objetividade que elas impunham a si mesmas”(25). A incorporação da técnica fotográfica no ensino e na prática médica consolida-se na edificação, cujo letreiro “Ateliê Fotográfico”, identifica a casa, datada com o ano de 1903. O ateliê foi tema da coluna dedicada à Faculdade de Medicina, no Correio do Brasil de 1º de setembro de 1903, sobre o contrato para sua construção, e, no mesmo ano, em matéria sobre a comemoração, do 71° aniversário da instituição. O jornal descreveu, além das solenidades e da demonstração da eletricidade e outros equipamentos, o advento de um estúdio “de primeira ordem, para o qual recebeu já uma excelente máquina e profusão de chapas, papéis sensíveis, substâncias químicas, etc., etc.”(26)
A descoberta, revolucionária, de raios que atravessavam objetos e deixavam impressões em chapas fotográficas – o raio X, em 1895, pelo cientista alemão Wilhelm Conrad Röentgen (27)– promovia a técnica fotográfica em mais uma aplicação científica. Em julho de 1903, a Gazeta da Bahia, órgão editado pelos professores da Faculdade da Bahia fundado em 1866, publica o “Estudo sintético da exploração da clínica radiológica” pelo dr. João A. G. Froes. Nesse artigo são listados os principais aparelhos empregados, sendo interessante anotar a “câmara escura para os trabalhos de radioscopia […] indispensável para o desenvolvimento das provas radiográficas, devendo ser modelada pelas câmaras escuras da fotografia comum e provida de reveladores, fixadores, etc.”, e o item dedicado ao “material necessário para revelar e fixar as placas, bem como papéis sensíveis para obtenção das fotocópias, de que estão aqui diversos exemplares inteiramente originais, alguns dos quais representam casos autênticos da luta de Canudos em 1897”.(28)
A rápida assimilação do raio X na medicina pode ser atestada pela existência do Gabinete Rotgens, espaço de uma das fotografias que formam o álbum anônimo de 1903. A sala, que comporta uma estrutura aparentemente dedicada à câmara obscura, exibe diversos aparelhos e medidores. Dois homens, possivelmente médicos, encaram a objetiva, sentados a uma mesa repleta de objetos, como microscópios, e acoplada a bobinas e outros dispositivos. É de se notar a imagem emoldurada na parede, dos ossos da mão, obtida pelo raio X – o mesmo teste que Rotgens fez com a mão de sua esposa, confirmando suas hipóteses.
No início do século XX, o estabelecimento de novos padrões de comportamento e hábitos de higiene incluiu em seu escopo a prática do parto hospitalar ou a medicalização do parto, concorrendo para a construção da Maternidade Climério de Oliveira, prevista desde a reforma do ensino médico de 1854, a maternidade-escola da Faculdade de Medicina da Bahia. Grande parte das mulheres continuava a preferir a assistência de parteiras, uma vez que permitir que uma mulher fosse cuidada por um médico em um lugar fora da esfera doméstica era visto com desconfiança e certa reprovação. Apenas mulheres mais pobres, indigentes, prostitutas e mães solteiras recorriam às santas casas.(29) Na tentativa de romper o ceticismo, estabelecer novos padrões para a prática de partos em hospitais e diminuir a distância entre médicos e parteiras na atividade da obstetrícia, com frequência se permitia a presença de parteiras no centro cirúrgico acompanhando os procedimentos médicos. (30) A maternidade Climério Cardoso de Oliveira, em homenagem ao professor de clínica obstétrica e ginecológica, só se concretizou em 30 de outubro de 1910, inaugurada em terreno doado pela Santa Casa de Misericórdia, no atual bairro de Nazaré, ao lado do Hospital Santa Isabel. Sua edificação sensibilizou as camadas mais abastadas, que adotaram a causa como um benefício social. Em 1903, ano em que tiveram início as obras, fundou-se um comitê de senhoras, que reunia mulheres da sociedade, para montar estratégias de arrecadação de fundos. Dentre as iniciativas destacou-se a exibição de uma série de peças teatrais, no Teatro Politeama, cujo tema era “A Maternidade”, de autoria do próprio dr. Climério de Oliveira.
Entre ambientes que remetem aos espaços privilegiados da ciência moderna, como o museu, o anfiteatro, laboratórios, gabinetes e a biblioteca, os álbuns da Faculdade de Medicina abrem também portas e janelas para a cidade. Assim, na entrada da biblioteca, a Fotografia Lindemann incluiu um homem negro e três meninos, um deles descalço, que posam para as lentes. No mesmo álbum, na imagem de abertura, “Faculdade de Medicina e Praça XV de Novembro”, no entorno da praça gradeada, temos vultos da gente que passa carregando volumes, outros conversando nas calçadas, um pouco indiscerníveis, pontuando o sítio histórico do antigo Colégio dos Jesuítas.
Em “Colocação da pedra da maternidade”, a fotografia dá a ver uma imagem sobre a qual podemos pensar se constitui contraste ou complemento. No terreno destinado, alinham-se os convidados para a solenidade, em trajes formais. Um homem carrega o estandarte e a faixa da Faculdade de Medicina da Bahia, enquanto a única mulher presente interrompe a homogênea linha masculina. À esquerda, quebrando a unidade do evento, poucos homens (que podem ser trabalhadores da obra) e crianças, todos negros, roupas claras e gastas. Apenas quinze anos depois da abolição formal da escravidão, as ruas e a população pobre de Salvador dos primeiros anos do século XX confrontam o saber médico e a República.
(1) Cf. Escola de Cirurgia da Bahia. Disponível em:
https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/wiki_dicionario/index.php/ESCOLA_DE_CIRURGIA_DA_BAHIA.
(2) Teixeira, Rodolfo. Memória histórica da faculdade de medicina do Terreiro de Jesus (1943-1995). 3. ed. Salvador: EDUFBA, 2001. Disponível em: https://repositoriodev.ufba.br/bitstream/ri/16773/1/memoria-historica-faculdade-medicina.pdf.
(3) Santos, Adailton Ferreira dos. A Faculdade de Medicina Bahia: percurso e reforma do ensino no século XIX. Disponível em:
https://histedbrantigo.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario8/_files/YOZZeNJy.pdf.
(4) Brito, Alfredo. Memória histórica da Faculdade de Medicina da Bahia no ano lectivo de 1900 a 1901. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1904, p. 35. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/595776/000134488_Memoria_historica_Faculdade_Medicina_Bahia.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
(5) Cerqueira, Alexandre. Memória histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, 1904, p. 44. Disponível em: https://repositoriodev.ufba.br/handle/ri/26537?locale=pt_BR.
(6) Pela Faculdade de Medicina da Bahia passaram nomes de reconhecimento internacional, entre eles Juliano Moreira (1886-1891), introdutor do pensamento de Freud no Brasil, e Nise da Silveira (1921-1926), discípula de Jung e que contribuiu para a humanização de métodos psiquiátricos. Em 1887, agaúcha Rita Lobato Velho Lopes (1866-1954) tornou-se a primeira mulher brasileira e a segunda latino-americana a obter diploma de médica, após defender a tese Paralelo entre os métodos preconizados na operação cesariana nessa faculdade.
(7 ) Em seu primeiro número, em 10 de julho de 1866, foram publicados os objetivos desse periódico: “O nosso propósito é simplesmente o seguinte: concentrar, quanto for possível, os elementos ativos da classe médica, a fim de que, mais unidos e fortificando-se mutuamente, concorram para aumentar-lhe os créditos, e a consideração pública; difundir todos os conhecimentos que a observação própria ou alheia nos possa revelar; acompanhar o progresso da ciência nos países mais cultos; estudar as questões que mais particularmente interessam ao nosso país; e pugnar pela união, dignidade e independência da nossa profissão.” Escola Tropicalista Baiana. Disponível em: https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/wiki_dicionario/index.php/ESCOLA_TROPICALISTA_BAIANA.
(8) Eugênio, Alisson. A medicina ilustrada e sua recepção pelos médicos que atuavam no Brasil do século XIX. Revista de História, Juiz de Fora, v. 20, n. 2, p. 163-190, 2015.
(9) Amaral, Marivaldo Cruz do. Mulheres, imprensa e higiene: a medicalização do parto na Bahia (1910-1927). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 927-944, out.-dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/ky5LR4DM8d9MsCQJ3rvnfJq/?format=pdf&lang=pt.
(10) Cf. Escola Tropicalista Baiana. Disponível em:
https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/wiki_dicionario/index.php/ESCOLA_TROPICALISTA_BAIANA.
(11) Para dados biográficos sobre esses médicos, acessar https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/.
(12) Raimundo Nina Rodrigues foi diretor da Gazeta Médica da Bahia de 1890 a 1893.
(13) Talamoni, Ana Carolina Biscalquini; Bertolli Filho, Claudio. A anatomia e o ensino de anatomia no Brasil: a escola boveriana. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, out.-dez. 2014, p. 1.301-1.322. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/VQ7BzLwXSrcbjpsCyzKmb9L/.
(14) Apud Britto, Antonio Carlos Nogueira. Nota histórica: a Faculdade de Medicina da Bahia na época de Nina Rodrigues. Gazeta Médica da Bahia, 76, 2006, Suplemento 2:S63-S79. Disponível em: http://gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/view/310/300.
(15)“A medical practitioner who thinks himself secure in the most retired corner of the kingdom is liable to find himself suddenly summoned as a witness on a trial to answer questions which pehaps during a long period of practice he had been led to regard as unimportant.”
(16) Maio, Marcos Chor. Raça, doença e saúde pública no Brasil: um debate sobre o pensamento higienista do século XIX. In: Monteiro, S.; Sansone, L. (org.). Etnicidade na América Latina: um debate sobre raça, saúde e direitos reprodutivos [online]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004, p. 14-44. Disponível em: http://books.scielo.org/id/dcc7q/epub/monteiro-9788575416150.epub.
(17) Martin, Adriana Monica; Righi, Roberto. Memórias da Faculdade de Medicina da Bahia para o patrimônio das Ciências Médicas no Brasil. Cadernos de História da Ciência, v. 12, n. 2, p. 74-108, 2016.
(18)Kossoy, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002, p.208.
(19) Photographias. Disponível em:
https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=829536&pesq=%22Lindemann&hf=memoria.b
n.br&pagfis=1843.
(20) Necrologia. Disponível em:
https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=721069&pesq=%22Lindemann&hf=memoria.b
n.br&pagfis=561.
(21) Cf. Photographia Lindemann & C. Disponível em:
https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=098167&pesq=%22Lindemann%22&pasta=ano
%20190&hf=memoria.bn.br&pagfis=105.
(22) Apud Wanderley, Andrea. Cronologia de Guilherme Gaensly (1843-1928). In: Brasiliana Fotográfica.
Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?tag=guilherme-gaensly.
(23) Cf. Cerávolo, Suely Moraes; Rodriguez, Mariana Cerqueira. Colecionismo na Bahia oitocentista: o Gabinete de História Natural (1835-1889). Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 197-212, jul.-dez. 2018. Disponível em: https://rbhciencia.emnuvens.com.br/revista/article/view/87/60 .
(24) Sá, Magali Romero. A ciência, as viagens de coleta e as coleções: medicina tropical e o inventário da história natural na Primeira República. In: Heizer, Alda; Videira, Antônio Augusto P. (org.). Ciência, civilização e república nos trópicos. Rio de Janeiro: Mauad X; Faperj, 2010, p. 213.
(25) Silva, James Roberto. Doença, fotografia e representação: revistas médicas em São Paulo e Paris, 1869-1925. São Paulo: Edusp, 2009, p. 111.
(26) Correio do Brasil, Bahia, 5 de outubro de 1903. Disponível em:
https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=721069&pesq=Atelier%20Photographico&
pasta=ano%20190&hf=memoria.bn.gov.br&pagfis=137.
(27) Nossa capa: Wilhelm Röntgen e a criação dos raios X. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina
Laboratorial, v. 45, n. 1, fev. 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1676-24442009000100001.
(28) Lição professada na Faculdade de Medicina da Bahia pelo dr. João A. G. Froes, substituto da seção médica. Gazeta Médica da Bahia, julho 1903, v. XXXV, n. 1. Disponível em:
https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=165646&pesq=R%C3%B6entgen&pagfis=17572. Coincide com o artigo publicado a versão contemporânea sobre o uso da radiologia, em 1897, pelo professor Alfredo Brito (1863-1909), da Faculdade de Medicina da Bahia, que realizou na província “a primeira radiografia no campo de batalha, durante a Guerra de Canudos, para localizar projéteis de arma de fogo nos combatentes. Foram realizadas 98 radiografias e radioscopias em 70 feridos”. Cf. A origem da radiologia no Brasil, segundo Aristides Negretti. Conter, 28 de outubro de 2014. Disponível em: https://conter.gov.br/site/noticia/01-nossa-historia#:~:text=%E2%80%9CEm%201897%2C%20o%20professor%20Alfredo,arma%20de%20fogo%20nos%20combatentes.
(29)Mott, Maria Lúcia. Assistência ao parto do domicílio ao hospital (1830-1960). Projeto História, v. 25, 2002, p. 198. Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/10588/7878.
(30) Amaral, M. C., op. cit., p. 932.
*Claudia Beatriz Heynemann é historiadora do Arquivo Nacional
Maria Elizabeth Brêa Monteiro é antropóloga do Arquivo Nacional