O Rio de Janeiro nos cartões-postais da Papelaria e Typographia Botelho

Em comemoração aos 459 anos do Rio de Janeiro, a Brasiliana Fotográfica destaca cinco cartões-postais editados pela Papelaria e Typographia Botelho. São registros coloridos da Avenida Rio Branco, do Palácio Monroe, do Passeio Público e do Theatro Municipal. Foram produzidos, em torno de 1912, e pertencem ao Instituto Moreira Salles, uma das instituições fundadoras do portal. Em seu livro Alhos e bugalhos: ensaios sobre temas contraditórios, de Joyce à cachaça; de José Lins do Rego ao cartão postal (1978), o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre (1900 – 1987) escreveu que o cartão-postal “às vezes ilustrado a cores – brilhante de cores até – correspondeu a uma época de euforia e de extroversão na vida nacional”, o início do século XX. Populares desde fins do século XIX, eram usados tanto para o envio de correspondência como para viajar sem sair de casa. Apesar de seu formato pequeno, os cartões-postais acendem, iluminam, valorizam as imagens neles impressas. Bom passeio pelas imagens do Rio de Janeiro, aniversariante do dia!

 

 

 

Acessando o link para as fotografias da Papelaria e Typographia Botelho disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

A invenção do cartão-postal relaciona-se com inovações em processos gráficos de reprodução de imagens ocasionadas pelo desenvolvimento da fotografia, descoberta anunciada em 7 de janeiro de 1839, na Academia de Ciências da França. Cerca de sete meses depois, em 19 de agosto, no Instituto da França, em Paris, o cientista François Arago (1786 -1853), secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comunicou que o governo francês havia adquirido o invento, colocando-o em domínio público. A notícia da invenção do daguerreótipo chegou ao Brasil muito rapidamente com a publicação de um artigo no “Jornal do Commercio”, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”. A invenção do daguerreótipo, desde sua descoberta, transformou de forma definitiva e radical a linguagem e a cultura visual.

 

 

 

Voltando aos cartões-postais. Com o fim do monopólio do Império, gráficas particulares passaram a produzir postais e foram elas que introduziram a impressão em uma das faces. Os cartões-postais tornaram-se objetos de colecionismo e a cartofilia incrementou os negócios de fotógrafos, de gráficas e de editores, como a Papelaria e Typographia Botelho, localizada na Rua do Ouvidor, 65, esquina com Rua do Carmo, que pertencia a Botelho & C.. Produziam cartões de visita, participações de casamento, convites, menus, álbuns e quadros com vistas do Rio de Janeiro; e cartões-postais (Gazeta de Notícias , 15 de maio de 1911, sexta colunaAlmanak Laemmert, 1915, primeira coluna).

 

 

Em 1913, a Papelaria e Typographia Botelho anunciava a chegada de uma grande e variada coleção de cartões-postais. Será que os publicados neste artigo estariam entre eles? (Jornal do Commercio Edição da Tarde, 16 de dezembro de 1913).

 

 

O último registro da Papelaria e Typographia Botelho no Almanak Laemmert é de 1935. Pertencia, então, a Heitor Coupé & C. e anunciava livros para escrituração e artigos para escritório (Almanak Laemmert, 1935,  segunda coluna).

 

 

Andrea C.T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

FREYRE, Gilberto. Informação, comunicação e cartão postal. In: Freyre, Gilberto. Alhos e bugalhos: ensaios sobre temas contraditórios, de Joyce à cachaça; de José Lins do Rego ao cartão postal. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1978.

RAMOS, Clarice. Postais para ver: cartofilia no Brasil na primeira metade do século XX na coleção de Estella Bustamante. Dissertação de Mestrado – Instituto de História, Universidade Federal Fluminense, Niterói. 2018.

KOSSOY, Boris. Origens e expansão da fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Funarte. 1980.

NEGRO, Antonio Luigi. O cartão-postal no Brasil do início do século XX: suporte para o encontro entre imagem e ação. Hist. cienc. saúde-Manguinhos 27 (3). Jul-Sep 2020.

SCHAPOCHNIK, Nelson. Cartões-postais, álbuns de família e ícones de intimidade. História da vida privada no Brasil: República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

VASQUEZ, Pedro Karp. Postais do Brasil (1893-1930). São Paulo: Metalivros, 2002.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em comemoração ao aniversário do Rio de Janeiro

A fundação do Rio de Janeiro, publicado em 1º de março de 2016, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Uma homenagem aos 452 anos do Rio de Janeiro: o Corcovado e o Pão de Açúcar, publicado em 1º de março de 2017, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

O Rio de Janeiro de Juan Gutierrez, publicado em 1º de março de 2019, de autoria de Maria Isabel Ribeiro Lenzi, Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional ; e de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

A Praça Paris no aniversário do Rio de Janeiro, publicado em 1° de março de 2023, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica