Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin

No 17º artigo da série Feministas, graças a Deus! a equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, instituição parceira da Brasiliana Fotográfica, traz para nossos leitores um pouco da história da poeta e feminista carioca Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça (1896 – 1971) com fotos dela no Rio de Janeiro e também de uma viagem que realizou para Istambul, que sediou, no mês de abril de 1935, o XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania, e para outros países da Europa. Ela foi a representante do Brasil no evento e a engenheira Carmen Portinho (1903 – 2001) e Edith Fraenkel (1889 – 1968), que foi a primeira presidente eleita da Associação Brasileira de Enfermagem e uma de suas fundadoras, foram como suplentes. Durante sua vida, Anna Amélia sempre esteve engajada na defesa dos direitos das mulheres, apoiando as iniciativas promovidas pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, onde foi vice-presidente e lutou pelo voto feminino. Ao final do artigo, está publicado um brevíssimo perfil de Anna Amélia, escrito por Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal. Feliz 2024!

 

 

Acessando o link para as fotografias relativas à Anna Amélia Queiroz Carneiro de Mendonça do acervo da FGV CPDOC disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

ANNA AMÉLIA E O ZEPPELIN

Equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC

 

O MOTIVO

 

O XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania aconteceu em Istambul, entre 18 e 25 de abril de 1935. Até essa data, os congressos da Aliança (International Alliance of Women for Suffrage and Equal Citizenship) eram, majoritariamente, centrados na Europa. A partir de então, a organização procura se aproximar e concentrar suas reuniões em nações do Oriente e da América Latina. Nesse contexto, o décimo segundo congresso acontece, pela primeira vez, fora do eixo europeu, como forma de comemorar junto a movimentos feministas locais e ao governo a recente introdução do direito a voto e outras garantias de igualdade política femininas na Turquia. A delegação brasileira também comemorava o direito ao voto da mulher, recém conquistado em 1932 com a promulgação do novo Código Eleitoral. As delegadas brasileiras foram a engenheira Carmen Portinho (1903 – 2001), a enfermeira Edith Fraenkel (1889 – 1969) e a poetisa Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971).

 

  Programa do XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania

Programa do XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania / Acervo FGV CPDOC

 

Anna Amélia, poeta, tradutora, ativista feminista e estudantil, nasceu em 17 de agosto de 1896, na cidade do Rio de Janeiro. Como outras mulheres de sua época, não foi matriculada em nenhuma instituição de ensino formal, e recebeu educação em seu lar, sendo instruída nos idiomas português, inglês, francês e alemão. Em 1911, com 14 anos de idade, publica seu primeiro livro de poesias – Esperança.

A participação política de Anna Amélia começa a ganhar destaque quando, em 1929, junto a estudantes universitários e representantes da Escola Naval e da Escola Militar, funda a Casa do Estudante Brasileiro (CEB) e se torna a primeira presidente da instituição. Sua atuação estava voltada para a promoção do intercâmbio cultural entre os estudantes e para a interação entre empresas e alunos, visando auxiliar na busca por empregos e garantindo a compatibilidade com os horários das aulas. Vale ressaltar, que nesse momento surge o primeiro bandejão universitário.

 

 

Anna Amélia desempenhou relevante papel no movimento feminista brasileiro. Em 1931, participou do II Congresso Internacional Feminista, organizado pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), tendo apresentado a tese – O problema da habitação para moças-estudantes e o projeto de uma casa para a estudante brasileira na organização da Casa do Estudante do Brasil  – associando seu ativismo estudantil com a situação feminina, e reivindicando o aumento de mulheres no ensino superior brasileiro. A partir desse momento, ganhou destaque entre as organizações feministas do país, chegando a assumir a vice-presidência da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Tornou-se a primeira mulher a integrar a equipe de apuração de votos no Tribunal Superior Eleitoral, fazendo parte da mesa apuradora das eleições. Sua contribuição foi destacada na edição de fevereiro de 1935 do Boletim da Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino, onde foi reconhecida como uma das figuras proeminentes que lutaram pelos direitos das mulheres durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1934.

Representante escolhida pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, em 10 de abril de 1935, Anna Amélia é confirmada, pelo presidente Getúlio Vargas, porta-voz da delegação brasileira no XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania. No dia 11, parte para a Turquia.

 

Passaporte de Anna Amélia / Acervo

Passaporte de Anna Amélia / Acervo FGV CPDOC

 

VOANDO NO ZEPPELIN

 

Anna Amélia, acompanhada do marido, Marcos Carneiro de Mendonça (1894 – 1988), historiador e goleiro do Fluminense, e da filha mais velha, Marcia Cláudia, embarca no dia 11 de abril, no Rio de Janeiro.

 

 

A viagem, a bordo do Zeppelin, teve uma escala em Recife  e durou cinco dias, seguindo pelo mar e pela costa da África e da Europa até seu ponto final, a cidade alemã de Friedrichshafen.

 

 

 

 

 

 

 

Anna Amélia escreve em seu diário sobre o “monstro flutuante”:

“Deixando a longe o tapete mágico do litoral brasileiro o Zeppelin conquista o mar alto e o céu amplo. Azul transparente e fluido sobre a nossa cabeça; azul compacto e forte abaixo de nós. Um dia só entre os dois abismos e o monstro flutuante está sobre Marrocos, dominando as cidades alvas que se recortam lá embaixo como detalhadas maquetes de gesso. Depois Gibraltar à espreita, e a Europa que se esforça com as plantas levadas das cordilheiras” (AACM lit 1972.07.15)

 

 

 

O voo chegou à Friedrichshafen, no dia 16 de abril e o Zeppelin sobrevoa a cidade, antes de pousar. Friedrichshafen fica no extremo-sul da Alemanha constituída por pequenas casas, campos de plantação e grandes hangares de estacionamento e construção de dirigíveis.

 

 

 

 

 

 

 

 

De Friedrichshafen, Anna Amélia segue de trem para a Turquia, chegando a Istambul dia 20, e se hospeda no Hotel Continental durante o Congresso.

 

 

 

 

Anna Amélia escreve em seu diário:

Istambul… Fica nos meus olhos o encantamento de uma tarde. Os minaretes da cidade velha são braços de ouro sobre a gama do horizonte. Uma voz mágica chama para a prece. E neste momento Istambul é bem o Oriente, e é toda a poesia que eu fui buscar. (AACM lit 1972.07.15. p.5)

Anna Amélia se surpreende com o crescente avanço progressista que marcava o país, principalmente, nas questões das mulheres. Ela registra que as mulheres turcas não estavam mais com os “rostos velados por véus negros” ou “encarceradas em harens“, vivendo em condições cada vez mais igualitárias, ocupando as faculdades – medicina, direito, jornalismo – e atuando na política, como deputadas na Assembleia Nacional.

É nessa oportunidade de mostrar a modernidade da nova sociedade turca que o governo do país se organiza junto a seu movimento feminista para receber o XII Congresso da Aliança Internacional de Mulheres pelo Sufrágio e Igualdade de Cidadania.

Além de participar de conferências e votações, Anna Amélia apresenta a candidatura da então presidente da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, a ativista Bertha Lutz (1894 – 1976), para a Comissão Executiva da  International Alliance of Women for Suffrage and Equal Citizenship. Esse momento de congregação foi também a oportunidade de se aproximar de outras lideranças feministas, como Latife Bekir, política turca, e outros grandes nomes como Nancy Astor e Margery Corbett Ashby.

O ponto alto do evento foi sua palestra no Teatro Municipal de Istambul. Com o discurso “A Mulher Cidadã”, Anna discursa sobre o movimento feminino no Brasil, o dever da mulher cidadã e, principalmente, seu trabalho pela paz universal. Além da oportunidade de se expressar, o congresso foi um momento de aprender, com influências em seu trabalho e ativismo que serão vistos em textos e discursos posteriores.

 

 

 

A viagem de Anna Amélia e sua família seguiria ainda por outros países da Europa: Hungria, Áustria, Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Luxemburgo, Suíça, Itália, Mônaco, Espanha e Portugal. Ela retorna ao Rio de Janeiro, de navio, no dia 15 de agosto de 1935, após 95 dias de viagem.

Em 15 de abril de 1936, um ano após a viagem, Anna Amélia dá uma entrevista a uma rádio e afirma:

Entreguem às mulheres a solução dos desentendimentos internacionais, e verão como se ensina os povos, a tolerância e o bom senso. Nada de canhões atroadores, gases asfixiantes, bombardeios aéreos. Mas palavras sinceras, corações abertos, mãos leais abertas para um gesto fraternal. A mulher quer a paz. E a sua tenacidade provará ao mundo que esse lindo sonho de hoje pode vir a ser a ventura dos homens de amanhã. (AACM mf 1936.03.11, 1A)

Em 1976, foi lançado seu diário de viagem, Quatro Pedaços do Planeta no Tempo do Zeppelin.

 

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Fontes:

ANNA AMÉLIA: Feminismo no tempo do Zeppelin. Direção: Tarcila Soares Formiga. Rio de Janeiro, 2019. (10min39). Disponível em: https://youtu.be/l3yvqyO33hg?si=gW_-_8j-PLElZxiO

Arquivo pessoal Anna Amélia Carneiro de Mendonça (FGV CPDOC)

https://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=AACM_mf&hf=www18.fgv.br&pagfis=180

GLEW, Helen. Embracing the language of human rights: International women’s organizations, feminism and campaigns against the marriage bar, c.1919–1960. Gender & History, Londres, v.35,  p.(780–794), 2023. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/journal/14680424

RUPP, Leila J. Worlds of Women: The Making of an International Women’s Movement. Princeton: Princeton University Press, 1998.

 

Brevíssimo perfil de Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça (1896 – 1971)

Andrea C.T. Wanderley*

 

Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça, nascida em 17 de agosto de 1896, no Rio de Janeiro, era filha de José Joaquim de Queiroz Jr (1870 – 1919) e de Laura Palhares Machado (1874 – 1941); e irmã de Laura Margarida (1898 – 1995) e Maria José (1911 – 1984). Esta última foi casada com o jornalista e professor Austregésilo de Athayde (1898 – 1993), que foi durante muitos anos, entre 1958 e 1993, presidente da Academia Brasileira de Letras.

Viveu em Minas Gerais até 1911, quando sua família retornou ao Rio de Janeiro. Sua formação primária e secundária foi proporcionada por diversas preceptoras estrangeiras que se sucederam em sua casa. Ela e suas irmãs aprenderam a falar fluentemente alemão, francês e inglês, e tiveram aulas de Botânica, Geografia, História, Matemática, Música e Pintura.

Casou-se, em 17 de dezembro de 1917, com o mineiro Marcos Carneiro de Mendonça (1894 – 1988), goleiro do Fluminense e o primeiro goleiro da seleção brasileira, considerado o primeiro ídolo do futebol no Brasil (O Paiz, 17 de dezembro de 1917, quarta coluna), tendo sido presidente do Fluminense Football Club, entre 1941 e 1943. Foi também historiador e escritor. Anna Amélia apaixonou-se por ele, em torno de 1913, quando assistiu a uma partida do América Football Club. Sobre essa paixão, escreveu um poema:

 

“Foi sob um céu azul, ao louro sol de maio,
Que um dia eu te encontrei formoso como Apolo,
E meu amor nasceu num luminoso raio,
Como brota a semente à umidade do solo.
Havia tanta vida. Era tão verde o campo.
E eu senti-me envolver num clarão muito doce,
Esse clarão cresceu, cresceu e acentuou-se
Como o sol ao raiar pelo horizonte escampo.
E eu te amei… Foi assim–verdes frondes, contai-o
Que, banhado de luz, entre os beijos de Eolo,
Sob um céu muito azul, ao louro sol de maio,
Um dia te encontrei formoso como Apolo”. 

 

Anna Amélia e Marcos tiveram quatro filhos: Márcia Claudia (1918 – 2012), Eliana Laura (1920 – 1920), José Joaquim (1921 – 1999) e Bárbara Heliodora (1923 – 2015). A partir de 1944, o casal passou a morar no Solar dos Abacaxis, como era conhecido um palacete do século 19 no bairro do Cosme Velho, projeto do arquiteto José Maria Jacinto Rabelo  (1821 – 1871), discípulo do arquiteto Grandjean de Montigny (1776 – 1850). Havia sido construído, em 1843, pelo comendador Borges da Costa, bisavô de Anna Amélia. Deve seu nome aos abacaxis de ferro que enfeitam suas sacadas. Anna Amélia e Marcos foram anfitriões, na mansão, de inúmeras festas e saraus que reuniam artistas, diplomatas, empresários, escritores, estudantes, intelectuais, políticos e personalidades da elite carioca.

 

 

Anna Amélia traduziu para o português Hamlet, além de outras obras de autoria de William Shakespeare (1564 – 1616), poeta e dramaturgo inglês, e a caçula do casal, Bárbara Heliodora, foi uma das maiores especialistas, no Brasil, em Shakespeare, além de uma importante crítica teatral.

 

 

Anna Amélia foi pioneira na introdução do tema do futebol na literatura brasileira com a poesia O Salto, publicada no livro Alma (1922). Seu encantamento com o esporte surgiu de sua convivência com os empregados da Usina Esperança, em Itabirito, em Minas Gerais, de propriedade de seu pai. Segundo Bernardo Buarque de Hollanda (1974-), o poema teria sido composto na casa de Coelho Neto (1864 – 1934), durante um dos saraus dominicais entre jogadores do Fluminense da década de 1910 e 1920:

O Salto

 Ao ver-te hoje saltar para um torneio atlético,

Sereno, forte, audaz, como um vulto da Ilíada,

Todo o meu ser vibrou num ímpeto frenético,

Como diante de um grego, herói de uma Olimpíada.

Estremeci fitando esse teu porte estético,

Como diante de Apolo estremecera a dríada.

Era um conjunto de arte esplendoroso e poético

Enredo e inspiração para uma helioconíada

No cenário sem par de um pálido crepúsculo

Tu te lançaste no ar, vibrando em cada músculo

Por entre as aclamações da massa estusiástica

Como um deus a baixar o Olimpo, airoso e lépido

Tocaste o solo, enfim, glorioso ardente, intrépido,

Belo na perfeição da grega e antiga plástica”.

 

Outros livros de sua autoria foram Esperanças (1911)Ansiedade (1926)A Harmonia das coisas e dos seres (1936), Versos que eu digo (1937), Mal de amor (1939), Castro Alves, um estudante apenas (1950), Poemas (1951), 50 poemas de Ana Amélia (1957) e Todo mundo (1959).

Foi uma das fundadoras, com o teatrólogo Paschoal Carlos Magno  (1906 – 1980) e com a advogada e feminista Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), entre outros, da Casa do Estudante Brasileiro (CEB), em 13 de agosto de 1929. Foi sua primeira presidente, tornando-se vitalícia no cargo. A CEB foi importante no surgimento do Teatro do Estudante, criado, em 1938, por Paschoal Carlos Magno; e do Teatro Experimental do Negro, de Abdias do Nascimento (1914 – 2011), fundado em 1944.

 

 

Seus poemas e crônicas foram publicados em importantes jornais do país como O GloboO Jornal, A Noite e nas revistas O Cruzeiro, Fon-Fon e Careta, dentre outras.

Um dos artigos da edição especial da revista Cruzeiro, de 15 de dezembro de 1928, sobre as Praias de Banho no Rio de Janeiro, em Paquetá e em Niterói, intitulado Em louvor das praias, foi escrito por Anna Amélia, então Rainha dos Estudantes, coroada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 26 de setembro de 1928 (O Paiz, 26 de setembro de 1928, penúltima coluna).

Foi diretora no suplemento feminino do Diário de Notícias e, como já mencionado, a primeira mulher a integrar o Tribunal Superior Eleitoral, fazendo parte da mesa apuradora das eleições de 1934. Foi secretária do Hospital Pró-Matre e presidenta da Associação Brasileira de Educação entre 1941 e 1942.  Em 1942, foi escolhida como representante do Brasil na Comissão Internacional de Mulheres, com sede na União Pan-Americana em Washington, posição que ocupou durante três anos; e, em 1967, foi a convidada do governo de Israel como representante da mulher brasileira no Congresso Internacional Feminino pela Paz e Desenvolvimento.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1971, de ataque cardíaco (O Jornal, 2 de abril de 1971Manchete, 24 de abril de 1971).

 

 

Pouco mais de um ano depois de sua morte, foi publicado um depoimento do jornalista, crítico de arte e  professor Mário Barata (1921 – 2007) sobre ela, a brasileira perfeita…síntese feminina de quatro séculos e meio de caminho para a civilização, de origem lusa, nos trópicos (Jornal do Commercio, 24 de março de 1972, terceira coluna).

 

 

Em 1976, quase cinco após seu falecimento, foi lançado seu diário de viagem, Quatro Pedaçodo Planeta no Tempo do Zeppelin, pela Archimedes Edições (Jornal do Commercio, 4 de janeiro de 1976).

Assista aqui  Anna Amélia – Feminismo no tempo do Zeppelin, dirigido e roteirizado por Tarsila Soares Formiga, produzido na Oficina de Audiovisual em Sala de Aula, ofertada pelo Núcleo de Audiovisual e Documentário da FGV CPDOC em 2019.

 

*Andrea C.T. Wanderley é editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica.

 

Fontes:

ARAÚJO, D. Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça: a introdução do futebol na poesia do Brasil. FuLiA/UFMG [revista sobre Futebol, Linguagem, Artes e outros Esportes], [S. l.], v. 7, n. 3, p. 16–39, 2023. DOI: 10.35699/2526-4494.2022.38766. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/fulia/article/view/38766.

DUARTE, Constância Lima. Anna Amélia: militância e paixão. Interdisciplinar v. 3, n. 3, p. 22-30 – jan/jun de 2007

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MONTEIRO, Alessandra Nóbrega; COSTA, Anna Beatriz Oliveira Menezes. Anna Amélia: feminismo brasileiro à luz de um arquivo pessoal. Revista Discente Ofícios de Clio, Pelotas, vol. 6, n° 10 | janeiro – junho de 2021.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

Site Associação Brasileira de Educação

Site Memória de Família

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!”

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro

Entre 6 e 30 de junho de 1931, aconteceu, no Rio de Janeiro, o I Salão Feminino de Arte, em um dos salões da Escola Nacional de Belas Artes.  Foi um dos muitos eventos importantes da história das artes plásticas no Brasil ocorridos na cidade durante o referido ano e é o tema do décimo sexto artigo da série Feministas, graças a Deus!. O Salão Feminino é considerado, até hoje, a primeira exposição realizada no país com a participação exclusiva de mulheres nas áreas de arquitetura, artes aplicadas, escultura, gravura e pintura. Fotografias das pintoras Georgina Albuquerque (1885 – 1962) e Sylvia Meyer (1889-1955); e da escultora Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto (1874 – 1941), integrantes da mostra de 1931, fazem parte do Álbum de artistas doado, em 1932, pelo escritor M. Nogueira da Silva (1880 – 1943), à Seção de Estampas da Fundação Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras da Brasiliana Fotográfica.

As imagens de Nicolina Pinto do Couto são das décadas de 10 e de 20 e, em algumas, ela está acompanhada de seu marido, o escultor português Rodolfo Pinto do Couto (1888 – 1945). Há ainda um registro de Nicolina com um grupo de artistas no Salão Nacional de 1913.

 

 

Acessando o link para as fotografias de mulheres do Álbum de Artistas disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

As fotografias de Silvia Meyer são de 1912: de aulas de pintura ao ar livre e de uma cena do concurso de fim de ano na Escola Nacional de Belas Artes.

 

 

Os registros de Georgina Albuquerque são da década de 1910: em um deles ela está com sua família, filhos e marido, o também pintor Lucilio de Albuquerque (1877 – 1939) e, em outro, ela está com seus filhos.

 

 

No Álbum dos artistas, vale ressaltar que, dentre imagens de dezenas de artistas, existem apenas fotos de cinco mulheres. Além das já citadas, imagens da arquiteta Arinda Sobral (1883 – 1981) e da pintora Angelina Agostini (1888 – 1973).

O I Salão Feminino de Arte foi promovido pela Sociedade Brasileira de Belas Artes, dirigida por Augusto José Marques Junior (1887 – 1960), em colaboração com a Associação de Artistas Brasileiros. A iniciativa foi apoiada pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), que se propôs a envidar esforços para que o evento fosse exitoso, revelando que, naquele momento do feminismo brasileiro, a organização de uma mostra com participação exclusiva de mulheres foi um fato importante para o movimento.

Em um artigo de Conceição Andrade de Arroxelas Brandão, publicado no Diário de Notícias, de 1º de fevereiro de 1931, fica evidente o entusiasmo da FBPF pela realização do I Salão Feminino de Arte (Diário de Notícias, 1º de fevereiro de 1931, última coluna).

 

 

Lembramos que, em torno de 1931, a busca pela emancipação da mulher no Brasil, principalmente a partir da luta pelo voto feminino, estava em alta e contava com feministas como Bertha Lutz  (1894 – 1976), fundadora de FBPF, em 1922; Natércia Cunha Silveira (1905 – 1993), fundadora da Aliança Nacional de Mulheres, em 1931, Elvira Komel (1906 – 1932) e  Carmen Portinho (1903 – 2001), fundadora da União Universitária Feminina, em 1929, dentre várias outras.  No mesmo mês da abertura do salão, sob a orientação de Bertha Lutz, foi promovido o Segundo Congresso Internacional Feminista. Finalmente, menos de um ano depois da realização da exposição, o Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, instituiu o Código Eleitoral Provisório e reconheceu o direito de voto às mulheres.

Além da efervescência de acontecimentos em prol da emancipação feminina na época, outro fato que liga o feminismo à realização deste evento artístico é a presença, na comissão organizadora do Salão, da escritora e feminista atuante, Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971), presidente da Casa do Estudante do Brasil, fundada em 1929.

 

 

A exposição contou com 63 artistas, 172 pinturas, 17 esculturas, 1 gravura e 3 de artes aplicadas, todas obras assinadas individualmente, e mais outras dessas últimas artes, com a assinatura coletiva da Escola Profissional Orsina da Fonseca e da Escola Profissional Paulo de Frontin (Fon-Fon, 27 de junho de 1931). A diretora da Orsina da Fonseca era a feminista e professora Leolinda Daltro (1859 – 1935), que foi tema do décimo quinto artigo da série Feministas, graças a Deus!, publicado em 19 de abril dde 2023.

 

 

 

 

Algumas das artistas que participaram da exposição foram, além das já mencionadas, as pintoras Camilla Alvares de Azevedo, Cândida de Gusmão Cerqueira, Francisca Leão, Haydéa Santiago, Helvia Barbosa Lima, Ignez Corrêa de Castro, Isabel Teixeira de Mello Julieta Bicalho, Katarina Gesnesha, Maria Francelina Barreto Falcão (1897-1979), Moema Machado Vieira, Nativa Tinoco, Nieta Gomes, Odelli Castello Branco, Palmyra Pedra Domeneck, Regina Veiga, Ruth de Almeida, Sarah Vilela de Figueiredo, Solange Frontin Hess, Suzanna Mesquita, Wanda Turatti e Yvonne Visconti. A gravurista Lucilia Ferreira e as escultoras Celita Vaccani ((1913 – 2000), Rosalina Candido Mendes e Zelia Ferreira.

Chama atenção a ausência das modernistas Tarsila do Amaral (1886 – 1973) e Anita Malfatti (1889 – 1964). Terá sido devido à divisão entre acadêmicos e modernos, já que todas as obras expostas no I Salão Feminino de Arte tinham caráter acadêmico? Ou terá sido falta de interesse delas, já artistas consagradas, em participarem da mostra?

Segundo uma de suas organizadoras, a pintora Cândida de Gusmão Cerqueira:

 

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Inicialmente, a inauguração do salão seria na primeira quinzena de maio, mas foi adiada para junho (A Noite, 27 de abril de 1931, penúltima coluna; Jornal do Commercio, 7 de junho de 1931, última coluna).

 

 

Sua vernissage aconteceu em 5 de junho e, a abertura para o público, no dia seguinte.

 

 

Sob o patrocínio da comissão organizadora do evento, o jornalista, pintor e intelectual Celso Kelly (1906 – 1979) proferiu uma conferência sobre a arte brasileira (A Noite, 10 de junho de 1931, penúltima coluna). Ele havia sido, em 1928, o organizador de um mostra livre de arte, na Biblioteca Nacional, que reuniu 300 trabalhos de 120 artistas, e que resultou na criação por ele e pelos irmãos Armando e Mário Navarro da Costa (1883 – 1931) da Associação Brasileira de Artistas, uma das promotoras do I Salão Feminino de Arte.

 

 

Em 12 de junho, o Diário de Notícias publicou uma reportagem especial sobre o evento:

 

 

 

 

 

Terra de Senna, pseudônimo do jornalista, escritor, humorista, poeta e dramaturgo Lauro Nunes (1896-1972), publicou uma crítica sobre o salão e comentou se tratar de um esforço digno dos maiores incentivos, porém lamentou seu caráter de exposição retrospectiva (Diário Carioca, 17 de junho de 1931, segunda coluna).

Em 22 de junho, a poetisa Anna Amélia Carneiro de Mendonça fez uma palestra intitulada Um salto de cinquenta anos (Jornal do Brasil, 23 de junho de 1931, quinta coluna).

 

 

A exposição foi encerrada com a palestra Príncipe Raul de Leoni, de Paschoal Carlos Magno (1906 – 1980) (A Noite, 29 de junho de 1931, segunda coluna). Publicação de uma crítica (O Jornal, 5 de julho de 1931).

 

 

O II Salão Feminino de Arte foi realizado muitos anos depois, em 1939, na Associação Cristã dos Moços. Algumas artistas que participaram do evento, em 1931, como Celita Vaccani, Georgina de Albuquerque e Regina Veira apoiavam a realização da segunda edição do evento, mais uma vez promovido pela Sociedade Brasileira de Belas Artes (Diário de Notícias 15 de junho de 1939, terceira coluna; O Jornal15 de junho de 1939, primeira coluna; e 23 de julho de 1939, quarta coluna).

 

Brevíssimo resumo de outros importantes eventos artísticos ocorridos no Rio de Janeiro em 1931

 

Movimento Artístico Brasileiro

 

 

Conforme mencionamos no início do artigo, em 1931, ocorreram no Rio de Janeiro outros importantes eventos da história das artes plásticas no Brasil. Um deles foi a criação do Movimento Artístico Brasileiro no Salão Essenfelder, no Studio Nicolas, que ficava localizado na Praça Marechal Floriano e pertencia ao fotógrafo romeno Nicolas Alagemovitz (1893 – 1940), um musicista que se fez mago da arte fotográfica, que era sócio do Photo Club Brasileiro. De acordo com o estatuto da nova associação, o Movimento foi organizado por uma comissão formada por Affonso de Carvalho, Nicolas Alagemovits, Fritz, Martha Silva Gomes, Henrique Pongetti, Bandeira Duarte e João Ribeiro Pinheiro.

“O “Movimento Artístico Brasileiro” começou pelo princípio: a sua sala no andar ocupado pelo fotógrafo Nicolas, num dos mais belos arranha céus da Cinelândia, dispõe de duzentas confortáveis cadeiras, de um palco para teatro, concertos e conferências e supera em elegância muitas das famosas “boîtes” espirituais de Paris, pequenas colmeias de homem de talento”.

 

O escritor Henrique Pongetti (1898 – 1979) em entrevista para o

Jornal do Brasil, 3 de junho de 1931

 

 

Segundo Nicolas, o Movimento Artístico Brasileiro é exclusivamente um centro de cultura, de arte e de pensamento e cuja atividade é dirigida no sentido de propagar todas as manifestações estéticas e congregar os seus criadores. José Siqueira, em artigo publicado, na Revista da Semana, de 19 de fevereiro de 1939, destacou que o Movimento vinha realizando uma série de conferências, concertos, recitais e exposições de pintura, em que tomaram parte grandes vultos da arte nacional e estrangeira. Essa instituição que é de todos os artistas, tem por fim congregá-los, para que dessa estreita união a Arte venha a ser amplamente beneficiada  (Diário de Notícias, 4 de junho de 1931Revista da Semana, 27 de junho de 1931, última coluna; Diário de Notícias, 22 de janeiro de 1932; Revista da Semana, 19 de fevereiro de 1938).

 

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Com a morte de Nicolas, em 27 de setembro de 1940, apesar de continuar existindo, o Movimento foi perdendo vigor e as notícias a seu respeito foram diminuindo na imprensa carioca nos anos que se seguiram (Correio da Manhã, 28 de setembro de 1940, última coluna).

 

Núcleo Bernardelli

 

 

Ainda em junho, no dia 12 , foi criado o Núcleo Bernardelli, formado por um grupo,  liderado por Edson Motta (1910 – 1981), de pintores insatisfeitos com o ensino artístico da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (ENBA). Buscavam democratizar o ensino de arte e conseguir o acesso dos artistas modernos ao prêmio de viagens ao exterior e ao Salão Nacional de Belas Artes. O nome é uma homenagem a dois professores da ENBA, os irmãos Henrique Bernardelli (1858-1936) e Rodolfo Bernardelli (1852-1931).

Alguns dos integrantes do grupo foram Bustamante de Sá (1907 – 1988), José Pancetti (1902 – 1958), Manoel Santiago (1897 – 1987) e Milton Dacosta (1915 – 1988) (Diário de Notícias, 12 de junho de 1931, quarta coluna). Sua primeira sede foi o já citado Studio Nicolas. Depois o grupo se transferiu para os porões da Escola Nacional de Belas Artes, onde permanceu até 1936, quando foi para a Rua São José e, depois, para a Praça Tiradentes, n. 85, até 1941, quando foi extinto.

 

Exposição Geral de Belas Artes de 1931, que ficou conhecido como Salão Revolucionário

 

 

Meses depois, em 1º de setembro, foi aberto a Exposição Geral de Belas Artes de 1931, que ficou conhecido como Salão Revolucionário, sob a organização do então diretor da instituição, Lúcio Costa (1902-1998). Foi um marco na história da arte no Brasil. A participação dos artistas modernos foi maciça e por decisão do júri do evento todos os trabalhos inscritos foram aceitos. Participaram da exposição Alfredo da Veiga Guignard (1896 – 1962), Cândido Portinari (1903 – 1962), Di Cavalcanti (1897 – 1976), Ismael Nery (1900 – 1934) e Pedro Correia de Araújo (1874 – 1955), dentre vários outros. Um dos destaques do salão foi o quadro Eu vi  mundo…ele começa no Recife, de Cícero Dias (1907 – 2003) (O Jornal, 2 de setembro de 1931). Foi chamado pelo poeta Manuel Bandeira de Salão dos Tenentes pela participação de diversos modernistas que se opunham aos generais da arte, os acadêmicos.

Abaixo, o artigo O “Salão dos Tenentes”, de Bandeira, publicado no Diário Nacional, de São Paulo, em 5 de setembro de 1931:

 

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Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BANDEIRA, Manuel. O salão dos tenentes. VIEIRA, Lucia Gouveia. Salão de 31. Rio de Janeiro: Funarte, 1984. p.93-94.

Enciclopédia ItaúCultural

HARTWIG, Nathalia Lange. O Movimento Artístico Brasileiro (1931-1940) no cenário musical carioca dos anos 1930. XXVIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música – Manaus – 2018.

HARTWIG, Nathalia Lange. Salão Essenfelder: descobertas por meio da Imprensamusical do Rio de Janeiro da década de 1930. UFPR. ANAIS DO IV SIMPOM 2016  -SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS-GRADUANDOS EM MÚSICA.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MORAES, Frederico. Cronologia das Artes Plásticas no Brasil 1816-1994. Rio de Janeiro : Topbooks, 2001.

SILVA, Tahis Canfield. Um olhar sobre o I Salão Feminino de Arte de 1931. XIII Encontro de História da Arte. Arte em confronto: embates em torno da história da arte, 2018..

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst”

No Dia dos Povos Indígenas, a Brasiliana Fotográfica publica o décimo quinto artigo da série Feministas, graças a Deus com uma seleção de imagens produzidas por Alberto Frisch (1840 – 1918), Dana B. Merril (1887 – 19?), Felipe Augusto Fidanza (c.1847 – 1903), Franz Keller (1835 – 1890), Hercule Florence (1804 – 1879), Marc Ferrez (1843 – 1923), Vincenzo Pastore (1865 – 1918), Walter Garbe (18? – 19?) e também por fotógrafos ainda não identificados. O portal traz para seus leitores a história da origem da data e também o perfil de uma das primeiras e mais importantes feministas brasileiras, a baiana Leolinda Daltro (1859 – 1935), chamada de a precursora do feminismo indígena e também de a nossa Pankhurst, uma alusão à famosa e fundamental sufragista britânica Emmeline Pankhurst (1858 – 1928).

 

 

Acessando o link para as fotografias de indígenas selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

A origem do Dia dos Povos Indígenas

 

Anteriormente chamado no Brasil de Dia do Índio, a data foi criada no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado em Pátzcuaro, no México, entre 14 e 24 de abril de 1940, com a participação da grande maioria dos países americanos, exceto o Canadá, o Haiti e o Paraguai. Havia 55 delegações oficiais, 71 delegados independentes e 47 representantes de grupos indígenas de vários países. O representante brasileiro foi Edgar Roquette-Pinto (1884 – 1954), membro do Conselho Nacional do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) (Correio da Manhã, 27 de abril de 1940, sexta coluna; Jornal do Brasil, 25 de maio de 1940, primeira coluna).

Nem todos os países americanos adotaram a data como dia de celebração da cultura indígena. No Brasil, a data foi instituída pelo Decreto-Lei 5.540, de 1943, assinado pelo então presidente Getulio Vargas (1882 – 1954), convencido pelo marechal Cândido Rondon (1865 – 1958), primeiro diretor do Serviço de Proteção ao Índio, criado em 1910 e extinto em 1967, quando foi substituído pela Fundação Nacional do Índio, Funai (Correio da Manhã, 3 de junho de 1943, sexta coluna).

 

 

Passou a chamar-se oficialmente Dia dos Povos Indígenas a partir da Lei 14.402, promulgada em 8 de julho de 2022. A alteração ocorreu com a aprovação do PL 5.466/2019, que revogou o já mencionado decreto de 1943. A nova nomenclatura tem como objetivo explicitar a diversidade das culturas dos povos originários.

 

 

Breve perfil de Leolinda Daltro (1859 – 1935), “a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst”

 

 

Baiana e importante ativista pela incorporação da população indígena brasileira à sociedade a partir da alfabetização laica e defensora da emancipação da mulher, Leolinda de Figueiredo Daltro nasceu em 14 de julho de 1859. De origem indígena, segundo a própria  descendente em linha reta quer pelo lado paterno quer pelo lado materno de duas tribos indígenas – Tymbira e Tupynamba, viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro e foi uma das precursoras do indigenismo e do feminismo no Brasil. Entusiasta do voto feminino, fundou o Partido Republicano Feminino (PRF), em 1910, e a Escola de Ciências, Artes e Profissões Orsina da Fonseca, em 1911.

“Minei, pacientemente, o terreno, sem que os inimigos do voto feminino se apercebessem do meu verdadeiro objetivo”

Leolinda Daltro,

Jornal do Brasil, 18 de dezembro de 1927

Abaixo, trecho do  artigo Mulher! Sempre a mulher, da poetisa gaúcha e ex-diretora da revista Brasil Feminino Iveta Ribeiro (1886 – 1962), publicado na revista O Malho, de 5 de abril de 1951. Nele, a autora escreve que Leolinda, por sua luta pelos ideais femininos, deveria ter um monumento em praça pública.

 

 

Leolinda foi casada duas vezes: a primeira com seu primo, Gustavo Pereira de Figueiredo, por volta de 1875; e, a segunda, com Appolonio de Castilho Daltro, em torno de 1883. Com Gustavo teve dois filhos: a futura professora Alcina de Figueiredo (1874 – 1948); e Alfredo Napoleão de Figueiredo (1877 -1931), futuro advogado e funcionário dos Correios. Com Appolonio, teve quatro: Oscar (188?- 1943), Leobino (1887-1959) – que se formaram no Mackenzie College de São Paulo em Direito e Engenharia, respectivamente -; a futura professora Áurea (1893 – 1924) e uma quarta criança, que faleceu ainda bebê.

Veio para o Rio de Janeiro com a familia, por volta de 1888, e foi nomeada professora municipal. Segundo seu relato, quando dirigia a Escola Mista de Santa Isabel, no Matadouro de Santa Cruz, recebeu a visita da princesa Isabel (1846 – 1921) e de seu marido, o conde D´Eu (1842 – 1922), acompanhados do coronel Floriano Peixoto (1839 – 1905), futuro segundo presidente do Brasil; e de outros militares. Em 1893, Leolinda apoiou o movimento que ficou conhecido como a Segunda Revolta da Armada, quando militares da Marinha se revoltaram contra o governo de Floriano.

Em 1896, Leolinda envolveu-se com a questão indígena quando um grupo de indígenas Xerente foi ao Rio de Janeiro para pedir proteção ao então presidente da República, Prudente de Moraes (1841 – 1902). Ela defendia a incorporação da população indígena brasileira à sociedade a partir da alfabetização laica – na época, o sistema vigente era a de catequização e conversão dos indígenas ao catolicismo. Para por sua ideia em prática, entre 1896 e início do século XX, percorreu o interior do país, atendendo a um pedido feito, em 1896, pelo indígena Sapé ao já citado presidente da República, para enviar pessoas capazes de instruir as crianças de sua aldeia, em Goiás. Leolinda atuou às margens do Rio Tocantins lecionando para os indígenas Xerente. Foi denominada Oaci-Zauré (estrela d’alva) pelos indígenas de Goiás. Por sua atuação junto a eles foi muitas vezes ridicularizada. Por exemplo, na peça O Filhote, de Vicente Reis, que estreou no Teatro Lucinda, em 11 de março de 1897, Leolinda era atrozmente insultada (O Paiz, 13 de março de 1897, sexta coluna).

Na sede do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, foi instalado o Instituto de Protecão aos Indigenas Brasileiros, em 21 de outubro de 1902. Leolinda, cujo ativismo foi importante para a realização da iniciativa, foi, acompanhada de seu filho Alfredo Napoleão de Figueiredo, à primeira sessão ordinária, e agradeceu sua admissão como sócia benemérita. Em um breve relato de suas viagens, Leolinda afirmou que era “urgente a fundação de um núcleo de indigenas na margem do Araguaya”.

Na década de 1900, hospedou diversas vezes indígenas em sua casa no Rio de Janeiro. Em outubro de 1908, fundou a Associação de Auxílio aos Silvícolas do Brasil e ofereceu ao governo seus serviços como coordenadora de uma equipe de educação voltada aos indígenas. Foi delegada do Primeiro Congresso Brasileiro de Geografia, que se realizou no Palácio Monroe, entre 7 e 15 de setembro de 1909. Na comissão de antropologia e etnografia apresentou uma Moção sobre os resultados de suas observações nos sertões de Goiás e Mato Grosso. Seu trabalho completo, intitulado Memória, foi incluído nos anais do evento e seu teor principal refere-se a convicção indigenista de Daltro: retirar da esfera religiosa o privilégio de civilizar os indígenas e transferi-lo para a instância governamental.

Em 23 de dezembro de 1909, fundou a Junta Feminina Hermes – Venceslau, que apoiava Hermes da Fonseca (1855 – 1923) e Venceslau Brás (1868 – 1966) para a presidência e vice-presidência da República, respectivamente. Sob a presidência de Leolinda, a ata da nova associação expressava seu protagonismo como ativista política pelos direitos das mulheres. Em 1º de março de 1910, a chapa apoiada por ela venceu as eleições. Neste mesmo ano, como já citado, Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino (PRF).

Em 17 de junho de 1911, inaugurou a Escola de Ciências, Artes e Profissões Orsina da Fonseca, que fundou e dirigiu, com a presença da primeira-dama Orsina da Fonseca (1879 – 1912) e do presidente Hermes da Fonseca (1855 – 1923). O discurso de abertura foi feito pela poeta e ativista Gilka da Costa Machado (1893 – 1980). Na escola, que era gratuita, eram ministradas aulas de alfaiataria, datilografia, enfermagem, tipografia e até tiro e esgrima. No mesmo ano, fundou a Linha de Tiro Rosa da Fonseca, nome da mãe do presidente Hermes da Fonseca. Posteriormente denominado batalhão feminino, era presença frequente nas festas cívicas do Rio de Janeiro.

Leolinda declarou, em 1913, considerar-se a responsável pela semente da emancipação feminina no Brasil. Dois anos depois,´em 1915, já como professora catedrática, aposentou-se. Em 1916, sob sua direção foi lançado o primeiro número do periódico quinzenal A Tribuna Feminina. Ainda neste ano, em dezembro, Leolinda encaminhou à Câmara uma representação em nome do Partido Republicano Feminino, sobre o voto feminino:

“A grande maioria do professorado municipal desta cidade é constituído por mulheres. São elas que dão instrução aos futuros cidadãos, que têm sobre os ombros a difícil tarefa de preparo das novas gerações. Se a lei lhes deu tão grande responsabilidade; se o Estado reconhece a sua capacidade para tão alta função, qual seja a de educar e instruir a mocidade; se a Escola Normal, Oficial, lhes conferiu um diploma que lhes habilita para esse espinhoso mister — como admitir que esse mesmo Estado possa negar-lhes capacidade para a simples escolha dos que devam ser os representantes do país nas assembleias legislativas e nos altos postos da administração pública? É o maior dos absurdos.”

Em 1917, requereu seu alistamento eleitoral, mas seu pedido foi recusado. Cerca de um ano depois lançou o livro Início do Feminismo no Brazil – subsídios para a história. Também em 1918, ainda convalescendo da gripe espanhola, Leolinda ofereceu ao então prefeito do Rio de Janeiro, Amaro Cavalcanti (1849 – 1922), o edifício da Escola Orsina da Fonseca para tornar-se uma enfermaria de atendimento a mulheres e crianças desamparadas e o trabalho das 20 enfermeiras da instituição para ajudar no combate à epidemia.

Em 1919, lançou sua candidatura ao cargo de intendente municipal pela cidade do Rio de Janeiro, mas não foi eleita. Em 1926, voltou a concorrer e não se eleger ao cargo.

O voto feminino e Leolinda foram alvo de zombaria no desfile dos clubes do carnaval carioca de 1920. No fim deste ano, publicou o livro Da catequese dos índios do Brasil (notícias e documentos para a história). Leolinda justificou a publicação tardia de seus registros alegando que a idéia da educação laica dos indígenas fora recebida com indiferença e frieza e a tornara alvo de ridículo.

Em 1926, inaugurou o Centro das Escoteiras da Redemptora, na Escola Orsina da Fonseca. Em seu discurso afirmou ter sido a primeira escoteira do Brasil. Em 1933,foi candidata pelo Partido Nacional do Trabalho para deputada constituinte, mas não se elegeu.

 

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Leolinda sobre a conquista do voto feminino (Revista da Semana, 20 de maio de 1933):

 

 

Em 1934, integrava a comissão fiscal da Aliança Nacional das Mulheres, cuja fundadora e presidente era a advogada e feminista Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993).

Em 30 de abril de 1935, foi atropelada por um automóvel quando atravessava a Praça da República. Após ficar internada por alguns dias na Casa de Saúde Pedro Ernesto, onde teve sua perna amputada, faleceu em 4 de maio. Foi enterrada no Cemitério São João Batista.

 

Leolinda Figueiredo Daltro

Mamãe – nosso ourinho

14/07/1859 04/05/1935

Precursora do verdadeiro feminismo pátrio

Propugnadora da nobilitação dos humildes e humanização dos selvícolas

Seu epitáfio no Cemitério Sao João Batista

 

 

Em 2003, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou a Resolução nº 233, que instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. A cada ano são escolhidas dez mulheres para receber a homenagem por seu destaque na vida pública e na defesa dos direitos femininos.

 

Cronologia de Leolinda Daltro

 

Leolinda Daltro / A Informação Goyana, maio de 1921

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A Informação Goyana, maio de 1921

 

1859 - Nasceu, em Nagé, na Bahia, em 14 de julho de 1859 – as fontes variam em relação ao ano, mas aqui consideraremos 1859 como o correto, já que é o que consta em seu epitáfio no Cemitério São João Batista, onde está enterrada.

Filha de Alexandrina Tupinambá de Figueiredo e de Luiz Antonio de Figueiredo, em um discurso proferido, em 1926, por ocasião da inauguração do Centro das Escoteiras da Redemptora, Leolinda afirmou ser descendente em linha reta quer pelo lado paterno quer pelo lado materno de duas tribos indígenas – Tymbira e Tupynamba. Leolinda perdeu a mãe ainda na infância e foi criada pela avó, Joana Tupinambá de Sant´Anna Barauna (Gazeta de Notícias, 21 de janeiro de 1916, penúltima colunaO Brasil, 24 de novembro de 1926, quarta colunaCorreio da Manhã, 5 de maio de 1935, sexta colunaDiário de Notícias, 7 de novembro de 1948Jornal do Brasil, 18 de março de 1956).

c. 1871 – Foi internada no Colégio Colé, em Salvador.

1873 – Seu pai, que havia lutado na Guerra do Paraguai, foi promovido a capitão.

c. 1875 – Por volta deste ano Leolinda teria se casado com seu primo, Gustavo Pereira de Figueiredo, conforme declarou em juízo seu filho Alfredo Napoleão de Figueiredo. Desse casamento, cujo desfecho é, até o momento, desconhecido, ela teve dois filhos: a futura professora Alcina de Figueiredo (1874 – 1948); e o já citado Alfredo Napoleão de Figueiredo (1877 -1931), futuro advogado e funcionário dos Correios.

c. 1883 – Casou-se com Appolonio de Castilho Daltro (? – 1943), com o qual teve quatro filhos: Oscar (188?- 1943), Leobino (1887-1959) – que se formaram no Mackenzie College de São Paulo em Direito e Engenharia, respectivamente -; a futura professora Áurea (1893 – 1924) e uma quarta criança, que faleceu ainda bebê.

Uma curiosidade: a esposa de Leobino, Iracema Amazonas, era irmã de Oscar de Siqueira Amazonas, marido de Alcina. Oscar foi casado com a professora Joaquina Daltro e Áurea com Antônio Cardoso de Gusmão Junior. Alfredo Napoleão foi casado com Antonietta de Figueiredo.

 

 

 

Nesta década, Leolinda mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Segundo entrevista dada, em 17 de junho de 2011, por seu neto Othon de Castilho Daltro a Paulete Maria Cunha dos Santos, Appolonio era funcionário da Fazenda da Província da Bahia, em Salvador, e foi transferido para o Rio de Janeiro.

1888 – Foi comunicado ao diretor das escolas suburbanas do Rio de Janeiro que Leolinda havia sido nomeada professora (Jornal do Commercio, 29 de outubro de 1888, segunda colunaJornal do Commercio, 7 de novembro de 1888, primeira coluna)

c. 1888 – Segundo relato de Leolinda, quando dirigia a Escola Mista de Santa Isabel, no Matadouro de Santa Cruz, recebeu a visita da princesa Isabel (1846 – 1921) e de seu marido, o conde D´Eu (1842 – 1922), acompanhados do coronel Floriano Peixoto (1839 – 1905), futuro segundo presidente do Brasil; de outros militares e de outras pessoas gratas, que examinaram os trabalhos escolares, assistiram aos exercícios de ginástica e às aulas de artes e profissões, e a impressão recebida por esses altos personagens foi de tal ordem e tão favorável, que suas altezas, conde d’Eu e a princesa Isabel, mandaram-me um luxuoso livro que intitularam de Livro de Ouro, em cuja primeira página, que denominaram de Página de Honra, lançaram as suas ótimas impressões relativas a sua visita à minha tenda de trabalho. (DALTRO, 1918)

 

 

1893 –  Leolinda Daltro apoiou o movimento que ficou conhecido como a Segunda Revolta da Armada, quando militares da Marinha se revoltaram contra o governo de Floriano Peixoto (1839-1895), acusando-o de desrespeitar a constituição já que após a renúncia do presidente da República, Deodoro da Fonseca, na condição de vice-presidente assumiu a presidência, sem convocar eleições presidenciais conforme previa a Constituição em vigor (Gazeta de Notícias, de 24 de novembro de 1891).

Segundo relato de Leolinda: “Por ocasião da revolta de 6 de setembro de 1893, formado pela primeira vez, em frente da prefeitura, o Batalhão Patriótico Municipal, do qual o mais velho dos meus filhos, Alfredo Napoleão de Figueiredo (com 16 anos de idade), fazia parte como simples soldado, a minha escola apresentou-se com quatrocentos alunos, quase todos uniformizados (à minha custa), fazendo evoluções ginásticas e marchando militarmente entre um delírio de palmas e vivas de quantos assistiram à festa, colocando, uma das alunas, sobre a bandeira do batalhão uma rica coroa de flores douradas, depois de ser pronunciado pela menina Amélia Pessoa um patriótico e vibrante discurso. Todos os alunos foram abraçados com entusiasmo pelos intendentes”. (DALTRO, 1918).

1894 - Seguia trabalhando como professora municipal no Rio de Janeiro (A Federação, 13 de fevereiro de 1894, quarta coluna).

1896 – Leolinda envolveu-se com a questão indígena quando um grupo de indígenas Xerente foi ao Rio de Janeiro para pedir proteção ao então presidente da República, Prudente de Moraes (1841 – 1902). Houve denúncias de negligência que motivaram protestos e reações. Em novembro, Leoinda iniciou sua viagem por Goiás. Seu filho, Augusto Napoleão, havia ido antes. Uma campanha para angariar fundos para expedição foi lançada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Leolinda era professora da rede pública do Distrito Federal e recebeu do Conselho Municipal um ano de licença com vencimentos, renovados em 1897 e 1898 e também nos anos seguintes, até 1900. Neste período, instruiu, às margens do Rio Tocantins (Gazeta de Notícias, 30 de julho de 1896, quinta coluna; Jornal do Commercio, 22 de agosto de 1896, terceira coluna; Gazeta de Notícias, 13 de novembro de 1896, quarta colunaJornal do Recife, 6 de agosto de 1897, quarta coluna;  Colecção de Leis Municipaes e Vetos1897 e 1898; Gazeta de Notícias, 25 de julho de 1896, quarta colunaO Paiz, 19 de agosto de 1896, quarta colunaA Notícia, 3 de outubro e 1896, segunda coluna; O Commercio de São Paulo, 24 de julho de 1896, quarta colunaGazeta de Notícias, 17 de setembro de 1902, quinta coluna).

 

 

1897 – Seu retrato foi publicado na Tarde Literária, publicação quinzenal redigida pelo boêmio Raphael Gondry (Gazeta da Tarde, 17 de janeiro de 1897, terceira coluna).

Na peça O Filhote, de Vicente Reis, que estreou no Teatro Lucinda, em 11 de março de 1897, Leolinda era atrozmente insultada (O Paiz, 13 de março de 1897, sexta coluna).

 

 

Em torno deste ano, teria se separado de Appolonio.

Foi noticiado que já havia partido de Goiás para um aldeamento indígena (Jornal do Recife, 6 de agosto de 1897, quarta coluna).

Década de 1900 – Ao longo desta década tirou diversas licenças para tratar de sua saúde.

1901 – Apresentou o mapa que organizou das aldeias que visitou em sua missão pelo estado de Goiás e no Mato Grosso (Jornal do Commercio, 18 de junho de 1901, terceira coluna).

 

 

Pretendia fundar um centro agrícola, denominado Joaquim Murtinho, de 35 léguas de extensão, para onde várias tribos convergiriam.

 

 

1902 – Prestou uma homenagem a Augusto Severo (1864 – 1902), que havia falecido, em 12 de maio de 1902, em Paris, numa explosão do dirigível Pax, inventado por ele (A República (RN), 8 de julho de 1902, terceira coluna).

Leolinda hospedou em sua casa, na rua da Pedreira, em Cascadura, oito indígenas Pinagé que vieram ao Rio de Janeiro fazer reivindicações ao presidente da República, Campos Sales (1841-1913). Alguns estavam enfermos e, outros, amedrontados (Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1902, penúltima colunaGazeta de Notícias, 17 de setembro de 1902, primeira coluna). Sua atuação foi comentada em uma crônica de Ferreiro-Mór, publicada em O Malho, de 18 de outubro de 1902. Um dos indígenas que hospedou, o Major Sabino, faleceu.

Em uma sessão do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil de 1902, foi discutida a proposta de um de seus conselheiros, Henrique Raffard, de criação de uma associação de proteção aos indígenas sob os aupícios da referida instituição (Jornal do Commercio, de outubro de 1902, antepenúltima coluna). Um de seus sócios correspondentes, Luiz de França Almeida e Sá (1847 – 1903), falou que um padre da região do Araguaia já havia ordenado o assassinato de Leolinda (Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, 1903).

 

 

Na sede do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, com o apoio do sócio comendador Julio Henrique Raffard (1851 – 1906) e do general Francisco Raphael de Mello Rego (18? – 1904) foi instalado o Instituto de Protecão aos Indigenas Brasileiros, em 21 de outubro. Leolinda, cujo ativismo foi importante para a realização da iniciativa, foi, acompanhada de seu filho Alfredo Napoleão de Figueiredo, à primeira sessão ordinária, e agradeceu sua admissão como sócia benemérita. Em um breve relato de suas viagens, Leolinda afirmou que era “urgente a fundação de um núcleo de indigenas na margem do Araguaya”.

1904 – Participou de uma homenagem feita ao Barão do Rio Branco (1845 – 1912) (Jornal do Brasil, 20 de fevereiro de 1904, última coluna).

Leu uma saudação durante uma homenagem ao coronel acriano Placido de Castro (1873 – 1908), na Pensão Beethoven, onde ele estava hospedado. Um dos líderes da Revolução Acriana, era presidente da República do Acre. Em 1906, Placido tornou-se o primeiro governador do território do Acre, cargo que ocupou até sua morte, em 1908 (Jornal do Brasil, 12 de maio de 1904, oitava coluna).

1905 – Esteve no velório do escritor e jornalista José do Patrocínio ( 1853 – 1905), no Cemitério São Francisco Xavier (O Paiz, 4 de fevereiro de 1905, última coluna).

Leolinda percorreu o acampamento de Santa Cruz com alguns indígenas Xerente e apresentou um deles, Oyama Prace,  ao presidente Hermes da Fonseca  (1855 – 1923). Oyama queria entrar para a Marinha (Jornal do Brasil, 9 de outubro de 1905, sétima coluna).

 

 

1906 – Era muitas vezes ridicularizada devido à sua atuação junto aos indígenas.

 

 

Voltou a abrigar em sua casa indígenas dessa vez guaranis, que vieram ao Rio de Janeiro fazer reivindicações ao presidente da República. Muitas vezes era ridicularizada (Jornal do Brasil, 20 de junho de 1906, sétima coluna).

Foi felicitada no dia do seu aniversário com uma mensagem no jornal (Gazeta de Notícias, 14 de julho de 1906, primeira coluna).

Em 17 de julho, estava no Cais Pharoux participando da recepção ao diplomata Joaquim Nabuco (1849 – 1910), que chegava ao Rio. Na ocasião apresentou a ele três indígenas pinajés (A República, 20 de julho de 1906, primeira colunaRevista da Semana, 29 de julho de 1906).

 

 

Cerca de um mês depois, acompanhada de vários indígenas, entregou a ele uma mensagem pedindo garantias para a educação leiga dos indígenas das Américas. Na época acontecia no Rio de Janeiro o III Congresso Pan-americano. Nabuco disse que não poderia tratar do assunto porque o tema não fazia parte do evento, mas que imprimiria a mensagem e a distribuiria no Congresso (Correio da Manhã, 17 de agosto de 1906, segunda colunaJornal do Brasil, 17 de agosto de 1906, quinta coluna). O III Congresso Pan-americano aconteceu no então Pavilhão de São Luiz, futuro Palácio Monroe. Ele foi erguido no fim da rua do Passeio, na avenida Central, atual Rio Branco, ponto mais nobre da capital do Brasil. O congresso foi aberto em 23 de julho de 1906 e prolongou-se até o dia 27 de agosto de 1906.

Quando ocorreram conflitos violentos entre os povos da etnia Kaingang e os trabalhadores da construção da estrada de ferro em Bauru, Leolinda enviou telegrama ao governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), oferecendo sua colaboração.

Organizou, em 1906, o Grêmio Patriótico Leolinda Daltro destinado à proteção dos indígenas (Jornal do Brasil, 2 de novembro de 1906, oitava coluna).

1907 – Com o intuito de imprimir um cunho mais nacional ao préstito popular para o general argentino Julio Roca (1843 – 1914), no Rio de Janeiro, Leolinda quis juntar um grupo de indígenas ao festejo, mas o prefeito Francisco Marcelino de Sousa Aguiar (1855 – 1935) não autorizou a iniciativa (O Pharol (MG), 11 e 12 de março de 1907, segunda coluna).

Foi uma das representantes do professorado municipal que entregou um presente a Leôncio Correia (1865 – 1950), diretor de Instrução Pública no dia de seu aniversário(Jornal do Brasil, 3 de setembro de 1907, sétima coluna).

1908 – Foi aprovado pelo Conselho Municipal do Rio de Janeiro que o cálculo de tempo de serviço de Leolinda como professora contasse desde sua investidura no cargo de professora, em 1888, até 19 de dezembro de 1901, sem descontar o tempo que passou licenciada (Jornal do Brasil, 13 de junho de 1888, quarta colunaJornal do Brasil, 30 de dezembro de 1908, última coluna).

 

 

Fundou, em outubro, a Associação de Auxílio aos Silvícolas do Brasil e ofereceu ao governo seus serviços como coordenadora de uma equipe de educação voltada aos indígenas. Adolpho Gomes de Albuquerque era o presidente da instituição, Leolinda de Figueiredo Daltro, vice-presidente, e seu filho Leobino Castilho Daltro, secretário. A criação da nova associação, que defendia o ensino laico para indígenas e a integração desses povos por vias pacíficas, foi estimulada por um fato ocorrido em 14 de setembro, quando o cientista tcheco Alberto Vojtěch Frič (1882 – 1944) denunciou o extermínio do povo Kaingang em Santa Catarina, no XVI Congresso de Americanistas, em Viena; e pela publicação, na segunda quinzena do mesmo mês de setembro de um artigo do então diretor do Museu Paulista, Hermann von Ihering (1850 – 1930), na Revista do Museu Paulista defendendo o extermínio dos indígenas (Origem e Fundação do Serviço de Proteção aos Índios (III)).

“Os actuaes índios do Estado de S. Paulo não representam um elemento de trabalho e de progresso. Como também nos outros Estados do Brazil, não se póde esperar trabalho sério e continuado dos índios civilizados e como os Caingang selvagens são um impecilio para a colonização das regiões do sertão que habitam, parece que não há outro meio, de que se possa lançar mão, senão o seu extermínio”. 

1909 – Indígenas Xerente foram à redação do jornal O Paiz pedindo ajuda para seu aldeamento às margens do Tocantins, onde são escorraçados pelas legiões de missionários. Uma das reivindicações dos indígenas era a presença de Leolinda para lhes dar instrução e os guiar na organização e na defesa de seu aldeamento (O Paiz, 29 de janeiro de 1909, sexta colunaA Imprensa, 11 de fevereiro de 1909, quarta coluna). Ela então enviou para o ministro Miguel Calmon (1879 – 1935), Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Indústria, Viação e Obras Públicas, o pedido para ser nomeada missionária civilizadora dos indígenas de Goiás. A resposta foi a seguinte:

 

 

Os indígenas Xerente pediram que Leolinda fosse aposentada para que pudesse ir com eles para a aldeia (O Malho, 13 de março de 1909).

 

 

 

 

Foi delegada do Primeiro Congresso Brasileiro de Geografia, que se realizou no Palácio Monroe, entre 7 e 15 de setembro. Na comissão de antropologia e etnografia apresentou uma Moção sobre os resultados de suas observações nos sertões de Goiás e Mato Grosso. Seu trabalho completo, intitulado Memória, foi incluído nos anais do evento e seu teor principal refere-se a convicção indigenista de Daltro: retirar da esfera religiosa o privilégio de civilizar os indígenas e transferi-lo para a instância governamental. Foi instalada a Associação e Proteção e Auxílios aos Silvículas do Brasil e Leolinda tornou-se a segunda secretária da instituição (O Paiz, 7 de setembro de 1909, segunda colunaO Paiz, 14 de setembro de 1909, última colunaGazeta de Notícias, 15 de setembro de 1909, segunda colunaGazeta de Notícias, 18 de setembro de 1909, quinta coluna).

 

 

O então prefeito do Distrito Federal, Inocêncio Serzedelo Correia (1858 – 1932) abriu um crédito especial para pagamento de diferença de vencimentos a Leolinda (O Magistério, 30 de novembro de 1909).

 

 

Em 23 de dezembro, fundou a Junta Feminina Hermes – Venceslau, que apoiava Hermes da Fonseca (1855 – 1923) e Venceslau Brás (1868 – 1966) para a presidência e vice-presidência da República, respectivamente. Sob a presidência de Leolinda, a ata da nova associação expressava seu protagonismo como ativista política pelos direitos das mulheres (A Imprensa, 25 de fevereiro de 1910, quarta colunaO Paiz, 27 de fevereiro de 1910, primeira colunaGazeta de Notícias, 18 de setembro de 1918, terceira coluna).

1910 -  Em 1º de março, realização das eleições em que a chapa de Hermes da Fonseca e Venceslau Brás venceu a de Rui Barbosa (1849 – 1923) e Albuquerque Lins (1852 – 1926).

 

 

Participou da recepção ao marechal Hermes da Fonseca, que voltava ao Rio de Janeiro, vindo do Rio Grande do Sul (A Imprensa, 16 de março de 1910, primeira coluna).

Participou do préstito que levou o busto de Washington, adquirido por subscrição popular, ao Teatro Municipal. O recém eleitro presidente da República, Hermes da Fonseca, estava presente (Jornal do Brasil, 4 de abril de 1910, antepenúltima coluna).

Leolinda recebeu da Prefeitura do Rio de Janeiro uma gratificação adicional sobrre seus vencimentos de professora. Houve uma polêmica a respeito deste assunto envolvendo o marechal Hermes da Fonseca e um funcionário da prefeitura do Rio de Janeiro (O Paiz, 19 de abril de 1910O Paiz, 22 de abril de 1910, quinta colunaO Século, 22 de abril de 1910, primeira coluna).

Enviou à jornalista e escritora Camen Dolores (1852 – 1911) um exemplar do periódico A Política. Em resposta Carmen Dolores declarou que nem era republicana nem feminista (O Paiz, 19 de junho de 1910, segunda coluna).

Por serviços prestados à educação de indígenas no Brasil foi proposto que Leolinda tornasse-se diretora honorária da União Cívica Brasileira (O Paiz, 5 de agosto de 1910, segunda coluna).

O conferencista português João Rodrigues Moreira realizou a palestra Mulheres ilustres brasileiras e uma delas era Leolinda Daltro (A Imprensa, 1º de setembro de 1910, terceira coluna).

Anunciou a fundação da revista Tribuna Feminina, que só seria lançada em 1916 (A Imprensa, 11 de outubro de 1910, primeira coluna).

Fez um discurso em homenagem à primeira-dama do Brasil, Orsina da Fonseca (1879 – 1912), de quem era grande amiga (O Paiz, 19 de outubro de 1910, primeira coluna).

O recém criado Partido Republicano Feminino participou do préstito que acompanhou Hermes da Fonseca do Arsenal de Marinha à sua residência, onde Leolinda leu um soneto em homenagem ao marechal (A Imprensa, 26 de outubro de 1910, primeira colunaJornal do Brasil, 27 de outubro de 1910, sexta coluna).

 

 

Era uma das personalidades retratadas no Álbum Republicano, uma homenagem da Junta Republicana Hermes- Venceslau ao presidente da República, Hermes da Fonseca, ofertado a ele (O Paiz, 12 de novembro de 1910, primeira coluna).

Em 17 de dezembro, foi publicado no Diário Oficial o texto do estatuto do Partido Republicano Feminino (PRF), fundado para mobilizar as mulheres em torno do direito ao voto feminino e Leolinda passou a presidi-lo. Sua sede ficava na rua General Câmara, 387, e o prédio foi cedido pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Serzedelo Corrêa (1858 – 1932)  (Jornal do Brasil, 27 de outubro de 1910, sexta coluna). No dia 18 de agosto de 1911, o partido recebeu o registro oficial, depositado no 1º Ofício de Títulos e Documentos do Distrito Federal.

No mês de dezembro de 1910, reuniram-se assim na cidade do Rio de Janeiro professoras, escritoras e donas de casa, somando ao todo 27 mulheres, que concordaram em assinar a ata de fundação de um partido político que tinha como objetivo integrá-las na sociedade política. O grupo buscava representar as mulheres brasileiras na capital federal e em todos os estados do Brasil, promovendo a cooperação entre elas na defesa das causas relativas ao progresso do país e de sua cidadania. Assim, o programa do partido destacava a luta pelo sufrágio feminino como primeiro passo para a plena incorporação das mulheres ao mundo público. 

CPDOC

Assim era composta sua primeira diretoria: presidente, como já mencionado, Leolinda de Figueiredo Daltro; primeira vice-presidente, Maria Carlota Vaz de Albuquerque; segunda vice-presidente, Emília Torterolli Araldo; primeira-secretária, Hermelinda Fonseca da Cunha e Silva; segunda-secretária, Gilka da Costa Machado; tesoureira, Goldemira Moreira dos Anjos; arquivista, Áurea Daltro; procuradora, Alice Esperança Arnosa; zeladora, Vitalina Faria Sena.

1911 - Em 17 de junho, inaugurou a Escola de Ciências, Artes e Profissões Orsina da Fonseca, que fundou e dirigiu, com a presença da primeira-dama Orsina da Fonseca (1879 – 1912) e do presidente Hermes da Fonseca (1855 – 1923). O discurso de abertura foi feito pela poeta e ativista Gilka da Costa Machado (1893 – 1980). Na escola, que era gratuita, eram ministradas aulas de alfaiataria, datilografia, enfermagem, tipografia e até tiro e esgrima (Jornal do Brasil, 15 de outubro de 1910, última colunaO Paiz, 17 de junho de 1911, penúltima colunaA Imprensa, 17 de junho de 1911, terceira colunaO Paiz, 19 de junho de 1911, segunda coluna).

 

 

Em 1918, foi dada à instituição uma subvenção anual (Collecção de Leis Municipaes, 1918).

 

 

No livro A Vida Vertiginosa, seu autor, João do Rio, citou Leolinda na crônica As impressões dos Bororos:

Como nunca tive a coragem civilisadora da professora Daltro, só consigo approximar-me dos authenticos proprietários deste paiz, quando por cá apparece alguma caravana de sujeitos de nariz esborrachado, a pedir ao Papae Grande instrumentos agrários“.

Fundou a Linha de Tiro Rosa da Fonseca, nome da mãe do presidente Hermes da Fonseca. Posteriormente denominado batalhão feminino, era presença frequente nas festas cívicas do Rio de Janeiro (A Imprensa, 20 de outubro de 1911, quinta coluna).

Teve concedida pela Prefeitura do Rio de Janeiro licenças de saúde neste ano, no seguinte e em 1915 (O Paiz, 7 de setembro de 1911, primeira colunaO Paiz, 23 de junho de 1912O Paiz, 10 de abril de 1915, penúltima coluna).

Para comemorar a entrada da primavera organizou um préstito com alunas da Escola Orsina da Fonseca, que foi até o Palácio do Catete, onde foram recebidas pelo presidente e pela primeira-dama. O colégio já contava com mais de mil alunas (O Paiz, 23 de setembro de 1911, quinta colunaJornal do Brasil, 23 de setembro de 1911, primeira coluna).

 

 

O Partido Republicano Feminino dedicava-se à realização de atividades de cultura física e também científica – organizou uma escola de enfermeiras  (O Paiz, 21 de outubro de 1911, segunda colunaO Paiz, 25 de outubro de 1911, segunda coluna).

1912 - Em janeiro, exposição de trabalhos realizados pelas aluna da Escola Orsina da Fonseca em 1911, Na ocasião, o general Serzedelo Corrêa (1858 – 1932) elogiou a gestão de Leolinda (A Imprensa, 14 de janeiro de 1912).

 

 

Lecionava em uma escola municipal que ficava na rua Coronel Cabrita, nº 6, no bairro de São Cristóvão. Teve aprovada pela Prefeitura verba adicional ao seus vencimentos (O Paiz, 15 de fevereiro de 1912O Paiz, 22 de março de 1912, quinta coluna).

Com a presença de mais de 100 sócias foi realizada, na Escola Orsina da Fonseca, uma assembleia para alterar os estatutos do Partido Republicano Feminino, cuja secretária-geral era a poetisa Gilka da Costa Machado (O Paiz, 22 de junho de 1912, penúltima coluna).

Com cerca de 80 senhoras do Partido Republicano Feminino, Leolinda foi ao Cemitério de Jacarepaguá prestar uma homenagem fúnebre ao político e jornalista republicano Quintino Bocaiuva (1836 – 1912), seu amigo e padrinho de sua filha Áurea. Na ocasião, discursou (O Paiz, 19 de julho de 1912, terceira coluna).

 Em 30 de novembro, falecimento da primeira-dama e grande amiga de Leolinda, Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 5 de dezembro de 1912, terceira coluna).

1913 –  Sua filha, Áurea Daltro, fazia parte do corpo docente da Escola Orsina da Fonseca (O Paiz, 25 de maio de 1913, quarta coluna).

Fez um pequeno reparo ao artigo escrito por Gilka da Costa Machado publicado na edição de A Faceira, outubro e novembro de 1913. Segundo Leolinda, que não foi citada no referido artigo, ela teria sido a responsável pela semente da emancipação feminina no Brasil (A Faceira, outubro e novembro de 1913A Faceira, dezembro de 1913, segunda coluna).

Foi, com alunas da Escola Orsina da Fonseca, ao Cemitério de Jacarepaguá, prestar uma homenagem a Orsina da Fonseca, que havia falecido em de 1912 (O Paiz, 3 de novembro de 1913, penúltima coluna).

 

 

1914 – Leolinda estava presente na inauguração da Escola Prática e Profissional em uma das salas da Imprensa Nacional (A Época, 7 de janeiro de 1914, quinta coluna).

O Partido Republicano Feminino tinha cerca de duas mil associadas (Jornal do Brasil, 4 de junho de 1914, terceira coluna).

1915 – Envolveu-se numa confusão com um recebedor dos bondes da Light (Gazeta de Notícias, 19 de julho de 1915, última coluna).

Leolinda aposentou-se como professora catedrática (A Noite, 24 de julho de 1915, quarta colunaO Paiz, 6 de agosto de 1915, segunda coluna).

O Partido Republicano Feminino, sob a presidência de Leolinda, inaugurou a Escola Cívica Pinheiro Machado para adultos do sexo masculino, que funcionaria todas as noites e provisoriamente na Escola Orsina da Fonseca. Contava no início com 25 alunos que após a preleção inaugural decidiram fundar o jornal Atalaia e também uma linha de tiro (O Paiz, 8 de outubro de 1915, última coluna).

1916 - A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que despejaria judicialmente a Escola Orsina da Fonseca, que ocupava um prédio na rua General Câmara, que pertencia à Municipalidade. Mas o despejo não se cumpriu (O Paiz, 20 de janeiro de 1916, quarta coluna;  Almanak Laemmert, 1926).

Em entrevista à Gazeta de Notícias, de 21 de janeiro, de 1916, falou sobre sua vida, sobre a fundação da Escola Orsina da Fonseca que, segundo ela, ensinava dentre vários ofícios, a fotografia (Gazeta de Notícias, 21 de janeiro de 1916 ).

 

 

Leolinda, à frente do Partido Republicano Feminino, propôs a criação do donativo patriótico, com o qual todo o funcionalismo público seria conservado com os vencimentos atuais (A Lanterna, 28 de novembro de 1916Jornal do Brasil, 19 de novembro de 1931, terceira coluna).

Lançamento do primeiro número do periódico quinzenal A Tribuna Feminina, dirigido por Leolinda (A Faceira, 1º de dezembro de 1916, última colunaA Federação, 7 de dezembro de 1916, quarta coluna).

 

 

Em dezembro, Leolinda encaminhou à Câmara uma representação em nome do Partido Republicano Feminino, sobre o voto feminino:

“A grande maioria do professorado municipal desta cidade é constituído por mulheres. São elas que dão instrução aos futuros cidadãos, que têm sobre os ombros a difícil tarefa de preparo das novas gerações. Se a lei lhes deu tão grande responsabilidade; se o Estado reconhece a sua capacidade para tão alta função, qual seja a de educar e instruir a mocidade; se a Escola Normal, Oficial, lhes conferiu um diploma que lhes habilita para esse espinhoso mister — como admitir que esse mesmo Estado possa negar-lhes capacidade para a simples escolha dos que devam ser os representantes do país nas assembleias legislativas e nos altos postos da administração pública? É o maior dos absurdos.”

 

 

 

1917 - O Partido Republicano Feminino apoiou o rompimento das relações diplomáticas do governo brasileiro com a Alemanha (A Época, 28 de abril de 1917, primeira colunaGazeta de Notícias, 28 de abril de 1917).

 

 

Requereu seu alistamento eleitoral, mas seu pedido foi recusado (O Imparcial, 10 de fevereiro de 1917, última colunaA República, 13 de fevereiro de 1917, segunda colunaJornal do Brasil, 23 de agosto de 1919, terceira coluna).

Carlos Rubens publicou um artigo exaltando a atuação da professora Leolinda Daltro (A Faceira, 1º de agosto de 1917).

O deputado Mauricio de Lacerda (1888 – 1959) propôs uma emenda à lei eleitoral para estender o alistamento eleitoral para as brasileiras maiores de 21 anos. Foi rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça. Tal atitude da comissão parece ter inspirado uma reação por parte do PRF, através de uma passeata de mulheres pelas ruas do Rio de Janeiro, em novembro de 1917, como uma resposta ao repúdio à proposta de Lacerda. Seguindo o exemplo das feministas de outros países as partidárias do PRF foram convocadas para participar de uma nova manifestação pública, na qual cerca de 84 mulheres foram para as ruas protestar (KARAWEJCZYK, 2014).

O Partido Republicano Feminino manifestou-se, oferecendo os serviços de suas associadas em solidariedade à participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial (O Dia, 20 de novembro de 1917). A delegação do Tiro Feminino, às vezes identificado como batalhão feminino, era formado por 89 soldadas do Tiro Feminino, alunas da Escola Orsina da Fonseca. Elas usavam uniforme militar e faziam treinamento em praças públicas do Rio de Janeiro. A iniciativa foi muito criticada e ridicularizada. Em 1920, o batalhão feminino foi rebatizado como Legionárias da Paz.

 

 

1918 - Inauguração, no Campo de Santana, da primeira Escola Popular, uma iniciativa do Partido Republicano Feminino (Correio da Manhã, 14 de julho de 1918, sétima coluna).

Lançou o livro Início do Feminismo no Brazil – subsídios para a história (Gazeta de Notícias, 18 de setembro de 1918, terceira coluna).

 

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Visitou a redação do jornal A Época com Izabel de Souza Matos ou Izabel de Mattos Dillon (1861 – 1920), identificada no artigo publicado no referido periódico, em 24 de setembro de 1918, como a primeira eleitora do Brasil. Leolinda se queixou da falta de atenção da imprensa na divulgação do trabalho dela e do Partido Republicano Feminino em prol do feminismo no Brasil (A Época, 24 de setembro de 1918).

 

 

 

O Partido Republicano Feminino celebrou a posição do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-1921), pedindo ao legislativo de seu país a aprovação do voto feminino (A Época, 2 de outubro de 1918).

 

 

Ainda convalescendo da gripe espanhola, Leolinda ofereceu ao prefeito do Rio de Janeiro, Amaro Cavalcanti (1849 – 1922), o edifício da Escola Orsina da Fonseca para tornar-se uma enfermaria de atendimento a mulheres e crianças desamparadas e o trabalo das 20 enfermeiras da instituição para ajudar no combate à epidemia. Na carta ao prefeito revelou que, além dela, 14 membros de sua família tinham contraído a gripe (A Época, 28 de outubro de 1918, quarta colunaCorreio da Manhã, 11 de novembro, sétima coluna).

 

 

1919 – Lançou o opúsculo Pela Velhice (A Noite, 8 de janeiro de 1919, segunda coluna).

O ministro da Guerra, Alberto Cardoso de Aguiar (1864 – 1935) atendeu à solicitação de Leolinda no sentido de oferecer aulas de instrução militar às alunas da Escola Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 11 de julho de 1919, sexta coluna).

Participou de uma manifestação a favor do prefeito do Rio de Janeiro, Paulo de Frontin (1860 – 1933) (A Razão, 29 de julho de 1919, quarta coluna).

Foi noticiado que Leolinda havia sido escolhida para representar as classes trabalhadoras na Conferência Trabalhista de Washington, em outubro de 1919 (Jornal do Brasil, 26 de setembro de 1919, penúltima coluna).

Lançou sua candidatura ao cargo de intendente municipal pela cidade do Rio de Janeiro. Não foi eleita (A Noite, 24 de setembro de 1919, primeira colunaA Época, 7 de outubro de 1919, quarta coluna; Revista Feminina, outubro de 1919O Paiz, 22 de outubro de 1919, terceira colunaGil Blas, 13 de novembro de 1919Jornal do Brasil, 8 de dezembro de 1919, última coluna).

 

“Como mulher que sou, com um sentido superior de altruísmo, tenho me preocupado com a necessidade de minorar o sofrimento humano e de se atingir uma melhor distribuição da Justiça.”

Revista Feminina, outubro de 1919

 

 

1920 – Leolinda negava sua participação e a do Batalhão do Partido Republicano Feminino em um homenagem ao novo prefeito, Sá Freire (1870 – 1947) (Gazeta de Notícias, 24 de janeiro de 1920, quarta coluna).

 

 

O voto feminino e Leolinda foram alvo de zombaria no desfile dos clubes do carnaval carioca (Jornal do Brasil, 20 de fevereiro de 1920, última coluna).

Em entrevista publicada na capa da Gazeta de Notícias, Leolinda anuncia a adoção de um novo sistema, norte-americano, de ensino prático intuitivo na Escola Orsina da Fonseca e queixa-se do tratamento da imprensa e das autoridades em relação a seu trabalho. comenta a iminente visita dos reis belgas ao Brasil e também sobre a comemoração do centenário da Independência(Gazeta de Notícias, 22 de março de 1920, quarta coluna).

Leolinda havia perdido um memorial que havia dirigido ao Congresso Pan-americano (Jornal do Brasil, 4 de junho de 1920, quinta coluna).

Foi com alunas da Escola Orsina da Fonseca saudar o novo prefeito do Rio de Janeiro, Carlos Sampaio (1861 – 1930) (Jornal do Brasil, 10 de junho de 1920, última coluna).

Leolinda apresentou um requerimento ao prefeito pedindo para ser nomeada despachante municipal (Gazeta de Notícias, 31 de julho de 1920, quarta coluna; O Paiz, 31 de julho de 1920, sexta coluna).

À frente de um grupo de feministas, Leolinda fez uma consulta acerca do conceito de cidadão a renomados juristas, dentre eles Clóvis Bevilacqua (1859 – 1944) e Rui Barbosa (1849 – 1923), (O Norte (PB), 10 de setembro de 1920, quarta colunaRevista Feminina, outubro de 1920).

A possível participação do Batalhão Feminino do Brasil sob o comando de Leolinda na recepção aos reis da Bélgicas que visitariam o Brasil, entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920, foi criticada (D. Quixote, 15 de setembro de 1920).

 

 

Publicação do artigo O voto às brasileiras, no qual Leolinda é citada (Revista Feminina, outubro de 1920).

Em nome do Partido Republicano Feminino, que ainda presidia, convidou a Rainha Elizabeth da Bélgica (1876 – 1965), em visita com seu marido o Rei Alberto I, ao Brasil, para um piquenique em Paquetá. Por falta de espaço na agenda, a soberana declinou do convite (Jornal do Brasil, 7 de outubro de 1920, terceira coluna).

Publicou o livro Da catequese dos índios do Brasil (notícias e documentos para a história). Leolinda justificou a publicação tardia de seus registros alegando que a idéia da educação laica dos indígenas fora recebida com indiferença e frieza e a tornara alvo de ridículo (Jornal do Brasil, 9 de dezembro de 1920, quinta colunaGazeta Suburbana, 25 de dezembro de 1920, primeira colunaVida Carioca, 6 de janeiro de 1921).

 

 

 

 

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1921 – Publicação de um artigo exaltando a atuação de Leolinda e também sua conduta pessoal (Vida Carioca, 6 de janeiro de 1921).

 

 

Na edição de maio de A Informação Goyana, a vida de Leolinda foi exaltada.

 

 

Na coluna “Eleganpcias”, Leolinda revelou seus livros de cabeceira - Justiça e Assistência, de Ataulfo de Paiva (1867 – 1955); e o primeiro volume de versos de Alberto de Oliveira (1857 – 1937), cujo poema Borboleta Azul (Sonetos e Poemas, página 33), havia sido, segundo Leolinda, inspirado nela (D. Quixote, 1º de junho de 1921, segunda coluna). Na edição de junho da mesma revista, numa enquete realizada entre acadêmicos diante da discussão da entrada de mulheres na Academia Brasileira de LetrasRui Barbosa (1849 – 1923) declarou que seu voto seria pelo ingresso de Leolinda Daltro.

Foi entrevistada: em pauta o direito do voto feminino (Gazeta de Notícias, 4 de junho de 1921, terceira coluna).

 

 

Recebeu na Escola Orsina da Fonseca os intendentes argentinos que faziam parte do Conselho Deliberante de Buenos Aires, em visita ao Brasil (Jornal do Brasil, 14 de setembro de 1921, primeira coluna).

Na Escola Orsina da Fonseca, inauguração da Escola Noturna Dr. Nascimento Silva destinada ao combate ao analfabetismo (Jornal do Brasil, 17 de novembro de 1921, quinta coluna; Jornal do Brasil, 21 de setembro de 1922, quarta coluna).

1922 – O nome de Leolinda foi lembrado para ser uma das representantes do Brasil na I Conferência Pan-americana de Mulheres, que se realizaria, em Baltimore, nos Estados Unidos, entre os dias 20 a 23 de julho, patrocinado pela National League of Women Voters, uma divisão da National Woman Suffrage Association (NAWSA), associação norte-americana vinculada ao movimento abolicionista e sufragista, fundada em 1868, em Nova York.  A também feminista Bertha Lutz (1894 – 1976) foi a escolhida como a representante oficial do governo brasileiro (O Combate, 5 de janeiro de 1922, segunda coluna).

Em carta para o jornal A Noite negou que houvesse recebido uma quantia de dinheiro do Banco Nacional Brasileiro para patrocinar a campanha do senador Nilo Peçanha (1867 – 1924) à presidência do Brasil (Diário de Notícias, 19 de março de 1922, quarta colunaA Noite, 22 de março de 1922, última coluna).

Foi receber o marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923) no Palace Hotel. Ele havia sido preso no dia 2 de julho. Este foi um dos eventos que antecederam a Revolta do Forte de Copacabana. O marechal Hermes foi de novo preso e só foi solto, em janeiro de 1923 (O Imparcial, 4 de julho de 1922; O Combate5 de julho de 1922, primeira coluna).

A ideia da construção de um monumento em homenagem à Princesa Isabel foi do Partido Republicano Feminino, em dezembro de 1921. Leolinda pedia que fosse aberta uma subscrição popular para financiamento do monumento e colocava para venda durante a Exposiçao de 1922 exemplares de seu livro, Da catequese dos índios do Brasil, cuja renda reverteria para esta causa. Esteve presente ao lançamento da pedra fundamental do monumento, na Praça XV, em 28 de setembro de 1922, quando leu a ata inaugural (O Jornal, 14 de dezembro de 1921, quinta colunaJornal do Commercio, 29 de setembro de 1922, quinta colunaO Jornal, 29 de setembro de 1922, primeira colunaJornal do Brasil, 22 de outubro de 1922, sétima coluna).

1923 – Foi destinado pelo governo à Escola Orsina da Fonseca uma quantia para a reforma de seu mpbiliário, mas até o momento o dinheiro ainda não havia sido dosponibilizado. No artigo, destacam-se os esforços pessoais de Leolinda para manter a instituição (O Paiz, 13 de junho de 1923, última coluna).

Alunas se formaram em radiotelegrafia na Escola Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 15 de novembro de 1923).

1924 – Em 15 de abril, falecimento de Áurea Daltro Cardoso de Gusmão, filha caçula de Leolinda (Jornal do Brasil, 17 de abril de 1924, quarta colunaJornal do Brasil, 22 de abril de 1924, última coluna).

1925 – Foi muito elogiada a exposição dos trabalhos das alunas da Escola Orsina da Fonseca, que Leolinda seguia dirigindo (Jornal do Brasil, 5 de agosto de 1925, primeira coluna).

Apoiava a chapa formada por Luis Gonçalves Nogueira e Fortunato Campos de Medeiros para o Conselho de Serventuários Municipais (O Brasil, 18 de outubro de 1925, segunda coluna).

Tendo à frente Leolinda, o Partido Republicano Feminino e a Escola Orsina da Fonseca estiveram presentes, com seus estandartes, ao desembarque, do engenheiro e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Paulo de Frontin (1860 – 1933), no Rio de Janeiro (Annuario das Estações Sportivas: Derby Club, 1925).

1926 – Em um artigo sobre a história da luta pela emancipação feminina e pelo voto feminino no Brasil a liderança de Leolinda foi adjetivada de pitoresca (Frou-Frou, fevereiro de 1926).

Concorreu ao cargo de intendente do Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 2 de março de 1926, segunda coluna).

Com a presença do prefeito Antônio da Silva Prado Júnior (1880 – 1955), foi inaugurado o Centro das Escoteiras da Redemptora, na Escola Orsina da Fonseca. Em seu discurso afirma ter sido a primeira escoteira do Brasil (Jornal do Brasil, 10 de agosto de 1926, primeira colunaO Paiz, 21 de novembro de 1926, quinta coluna; O Brasil, 24 de novembro de 1926, quarta colunaJornal do Brasil, 9 de abril de 1927).

 

 

1927 – A escritora Rachel Prado (1891 – 1943), em entrevista ao jornal Correio da Manhã, referiu-se a Leolinda como a pioneira no Brasil na luta pelo voto feminino, como a nossa Pankhurst, aludindo à famosa e fundamental sufragista britânica Emmeline Pankhurst (1858 – 1928) (Correio da Manhã, 6 de dezembro de 1927). No jornal A Manhã, de 30 de novembro de 1928, a escritora de novo exaltou a atuação de Leolinda como precursora do feminismo e referiu-se a um artigo escrito por Agrippino Nazareth em que ele também elogiava a veneranda educadora (A Manhã, 30 de novembro de 1928, quarta coluna).

Leolinda declarou em entrevista que o voto feminino era seu verdadeiro objetivo (Jornal do Brasil, 18 de dezembro de 1927).

 

 

“O preparo do terreno para a conquista de hoje foi feito por mim, à custa de muito humorismo grosseiro, de muita chacota, de muitas descomposturas! Houve uma época em que durante anos seguidos eu era figura obrigatória em carros carnavalescos, num ridículo medonho!”

Leolinda sobre o voto feminino no Jornal do Brasil, 18 de dezembro de 1927

1928 – O orçamento municipal destinou uma quantia para a aquisição de material para a Escola Orsina da Fonseca. Na época, o prefeito do Rio de Janeiro ainda era Antônio da Silva Prado Junior (1880 – 1955) (O Paiz, 14 de janeiro de 1928, quinta coluna).

1929 - Reivindicava para si a primeira iniciativa de estender o escotismo às mulheres (Diário Carioca, 27 de abril de 1929).

 

 

Leolinda foi homenageada na Escola Orsina da Fonseca, que ainda dirigia, pelas Escoteiras da Redemptora (Jornal do Brasil, 17 de julho de 1929, antepenúltima coluna).

1930 – Foi homenageada pelo Conselho Metropolitano de Escoteiros (Diário Carioca, 12 de julho de 1930, primeira coluna; Correio da Manhã, 17 de julho de 1930, penúltima coluna).

Leolinda é a protagonista do artigo A Pioneira do Feminismo (Diário Carioca, 18 de julho de 1930, última coluna).

No artigo Justiça Tardia, a escritora  Iveta Ribeiro (1886 – 1962) chama atenção para a importância da atuação de Leolinda ao longo de sua vida (Correio da Manhã, 20 de julho de 1930).

 

 

Leolinda foi homenageada na coluna “A esmo…”, escrita pela poetisa e jornalista Rosalina Coelho Lisboa (1900 – 1975) e também no artigo A professora Daltro, escrito pelo jornalista Benjamin Costallat (1897 – 1961) (A Pacotilha(MA), 18 de agosto de 1930, penúltima colunaA Pacotilha (MA), 2 de setembro de 1930, penúltima coluna).

Apoiou a Revolução de 30 (A Batalha, 1º de novembro de 1930, primeira coluna).

Sofreu um acidente de carro (Correio da Manhã, 12 de novembro de 1930, sétima coluna).

1931 – Com a presença de Leolinda, cujo trabalho foi considerado uma obra de esforço e abnegação, exposição de trabalhos realizados na Escola Orsina da Fonseca (Jornal do Brasil, 6 de março de 1931Jornal do Brasil, 3 de fevereiro de 1932).

Em entrevista, Leolinda contou porque se tornou feminista (A Batalha, 2 de abril de 1931).

 

Falecimento de seu filho, Alfredo Napoleão de Figueiredo (Diário de Noticias, 9 de maio de 1931, quinta coluna).

Publicação de uma carta da escritora Maria Lacerda de Moura (1887 – 1945) a também escritora Rachel Prado, onde comenta aspectos do II Congresso Internacional Feminista e a polêmica em torno de uma homenagem que Rachel queria fazer a Leolinda Daltro como pioneira do feminismo no Brasil que foi  como dito no artigo Phosphoros Femininos, escrito por Victoria Regia, abruptamente negada. Segundo o artigo, Daltro foi discriminada por ser pobre, idosa, viúva e por não ter a cultura das feministas da atualidade, que não tiraria o valor da luta inicial pelos direitos da mulher empreendida pela professora  (Diário Carioca, 7 de julho de 1931; Diário Carioca, 21 de julho de 1931, segunda coluna).

 

 

 

Algumas participantes do II Congresso Internacional Feminista foram fazer uma visita a Leolinda (Fon-Fon, 11 de julho de 1931).

1932 - Com a presença da primeira-dama Darcy Vargas (1895 – 1968), realização da exposição de trabalhos da Escola Orsina da Fonseca, quando Leolinda falou sobre a fundação do estabelecimento (Diário Carioca, 23 de janeiro de 1932).

Foi publicada uma fotografia de uma homenagem das Escoteiras da Redemptora ao príncipe dom Pedro de Orleans (1875-1940), em 1930 (Brasil Feminino, maio de 1932).

 

No dia do aniversário de Leolinda, 14 de julho, o Jornal do Brasil publicou um artigo em sua homenagem onde elencou os principais feitos dela, dentre eles a fundação da Escola Orsina da Fonseca e do Partido Republicano Feminino, iniciativa que relacionou à recente nomeação de duas mulheres, Bertha Lutz (1894 – 1976) e Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), para participar da elaboração do ante-projeto da nova Constituição. Foram também lembradas outras iniciativas de Leolinda como a criação da Escola de Enfermeiras e da Linha de Tiro Rosa da Fonseca (Jornal do Brasil, 14 de julho de 1932, sexta coluna).

Leolinda enviou a Benevenuto Berna (1865 – 1940), presidente do Centro Carioca uma carta confiando à instituição a tarefa de perseverar na campanha para erigir um monumento em homenagem à Princesa Isabel, uma iniciativa tomada por ela em dezembro de 1921. A pedra fundamental da estátua foi lançada em 1922, mas a obra não foi adiante. Alegou que seu estado de saúde precário e abatimento pela morte de seus filhos Áurea, em 1924, e Alfredo, em 1931, a impediam de prosseguir na luta por este ideal. Em artigo de 13 de maio de 1938, a escritora Rachel Prado (1891 – 1943) cobrava a construção da estátua (Jornal do Brasil, 23 de agosto de 1932, terceira colunaCorreio da Manhã, 14 de outbro de 1932, antepenúltima colunaCorreio da Manhã, 4 de novembro de 1932, primeira colunaJornal do Brasil, 13 de maio de 1938, terceira coluna).

Fazia parte de uma comissão da Aliança Nacional de Mulheres, dirigida por Natércia da Cunha Silbeira (1905 – 1993) e foi homenageada pela instituição (Jornal do Brasil, 31 de janeiro de 1932, quarta colunaJornal do Brasil, 31 de dezembro de 1932).

 

 

1933 – Uma comissão formada por alunas da Escola Orsina da Fonseca participou do cortejo fúnebre do ex-prefeito Paulo de Frontin (1860 – 1933), que sempre apoiou o referido colégio (Jornal do Brasil, 17 de fevereiro de 1933, quinta coluna).

Foi candidata pelo Partido Nacional do Trabalho para deputada constituinte, mas não se elegeu (A Noite, 1º de maio de 1933Revista da Semana, 20 de maio de 1933Jornal do Brasil, 31 de maio de 1933, penúltima coluna).

 

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Leolinda sobre a conquista do voto feminino (Revista da Semana, 20 de maio de 1933):

 

 

 

1934 – Integrava a comissão fiscal da Aliança Nacional das Mulheres (Jornal do Commercio, 24 de janeiro de 1934, quinta coluna).

Deu um entrevista para o jornal A Noite, quando elencou a criação da Escola Orsina da Fonseca e a fundação do Partido Republicano Feminino como suas maiores realizações. Revelou que o PRF estava alistando mulheres para votar no Colégio Amazonas, na rua Barão de Mesquita, dirigido por sua filha, a professora Alcina de Figueiredo Siqueira Amazonas (A Noite3 de agosto de 1934).

 

 

 

No artigo Uma heroína, Floriano de Lemos (1885 – 1968) exaltou as iniciativas de Leolinda e os obstáculos que ela enfrentou por seu pioneirismo (Correio da Manhã, 27 de setembro de 1934, primeira coluna).

1935 - Em 30 de abril foi atropelada por um automóvel quando atravessava a Praça da República. Após ficar internada por alguns dias na Casa de Saúde Pedro Ernesto, onde teve sua perna amputada, faleceu em 4 de maio. Foi enterrada no Cemitério São João Batista. Seus filhos vivos eram, na ocasião, o advogado Oscar Daltro e o engenheiro Leobino Daltro e a professora Alcina Siqueira Amazonas.

 

 

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A advogada e feminista Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993) manifestou-se no enterro de Leolinda, que fazia parte da comissão fiscal da Aliança Nacional de Mulheres, presidida por ela (Jornal do Brasil, 3 de maio de 1935, primeira colunaDiário Carioca, 4 de maio, quinta colunaJornal do Brasil, 4 de maio de 1935, quarta colunaA Nação, 5 de maio de 1935Correio da Manhã, 5 de maio de 1935, sexta colunaJornal do Commercio, 6 e 7 de maio de 1935, quarta colunaJornal do Brasil, 8 de maio de 1935, quarta colunaO Malho, 9 de maio de 1935Revista da Semana, 11 de maio de 1935Jornal do Brasil, 15 de maio de 1935, quarta coluna).

Seu epitáfio do cemitério São João Batista:

Leolinda Figueiredo Daltro

Mamãe – nosso ourinho

14/07/1859 04/05/1935

Precursora do verdadeiro feminismo pátrio

Propugnadora da nobilitação dos humildes e humanização dos selvícolas

 

Na Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro foi aprovado um requerimento de pesar da deputada Carlota Pereira de Queirós (1892- 1982) pelo falecimento de Leolinda. A Assembleia Constituinte da Bahia inseriu em sua ata uma nota de pesar pelo falecimento da professora Daltro (Correio Paulistano, 7 de maio de 1935, quarta colunaA Noite, 18 de maio de 1935, terceira coluna).

Foi sucedida, na direção da Escola Orsina da Fonseca por sua filha, Alcina Amazonas (1874 – 1948), que foi sucedida por seu filho, Djalma Amazonas (A Noite, 6 de maio de 1937Jornal do Brasil, 9 de maio de 1939, quinta colunaJornal do Brasil, 30 de outubro de 1941, terceira colunaO Jornal, 24 de março de 1948, segunda coluna).

1936 – O Grêmio Literário Leolinda Daltro, promovia um festival dançante (Jornal do Brasil, 16 de agosto de 1936, última coluna).

Em seu artigo Mulheres na Academia, Modesto de Abreu (1901 – 1996) comentando acerca da polêmica sobre o ingresso de mulheres na Academia Brasileira de Letras, propõe a criação de uma Academia Feminina e cita Leolinda Daltro como um ótimo nome para ser patrona de uma de suas cadeiras (Jornal do Brasil, 30 de agosto de 1936, segunda coluna).

O então prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth (1895 – 1975), na comemoração dos 50 anos  da abolição da escravatura do Brasil, inaugurou um marco na Praça XV indicando o local onde uma estátua da Princesa Isabel seria erigida, uma iniciativa tomada por Leolinda em dezembro de 1921. Em artigo, no Correio da Manhã, de 13 de maio de 1938, a escritora Rachel Prado (1891 – 1943) cobrava a construção da estátua. No artigo Monumento à Princesa Isabel, assinado pela escritora Maria Eugênia Celso (1886 – 1963), publicado no mesmo jornal, em 20 de maio, Leolinda foi outra vez lembrada como a idealizadora do projeto  (Jornal do Brasil, 13 de maio de 1938, terceira colunaCorreio da Manhã, 13 de maio de 1938, quinta colunaCorreio da Manhã, 20 de maio de 1938, penúltima colunaJornal do Brasil, 28 de setembro de 1947, primeira coluna).

1943 – Era a patrona da cadeira 27 da recém criada Academia Feminina sob a presidência de Adalzira Bittencourt (1904 – 1976)(Revista da Semana, maio de 1943, segunda coluna).

1944 - Foi inaugurada na sede da Organização Jurídica, dirigida por seu filho Leobino Daltro, um retrato de Leolinda e um de Oscar Daltro, seu filho já falecido (Nação Brasileira, agosto de 1944, última coluna).

1951 – Publicação da história da Escola Orsina da Fonseca, 1ª Escola Técnico-Profissional da América do Sul (Jornal do Brasil, 11 de março de 1951, primeira coluna).

1956 – Publicação de um artigo sobre Leolinda Daltro (Jornal do Brasil18 de março, quarta coluna e 25 de março, quinta coluna, de 1956).

2003 - A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou a Resolução nº 233, que instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. A cada ano são escolhidas dez mulheres para receber a homenagem por seu destaque na vida pública e na defesa dos direitos femininos.

 

Assista aqui o vídeo Leolinda e a luta pelo voto feminino, por Mônica Karawejczyk, pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional.

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Centro de Memória do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte

CORRÊA, Marisa. Os índios do Brasil elegante e a professora Leolinda Daltro. São Paulo : Revista Brasileira de História, vol 9, nº 18, agos a setembro de 1989.

DALTRO, Leolinda. Da catequese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História (1896-1911). Rio de Janeiro: Typografia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.

DALTRO, Leolinda. O início do feminismo no Brasil. [recurso eletrônico] : subsídios para história / Leolinda Daltro ; introdução, notas e posfácio de Elaine Pereira Rocha. — Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2021. – (Coleção vozes femininas).

FGV CPDOC – Leolinda Daltro

FGV CPDOC – Partido Republicano Feminino

GIRAUDO, Laura. (2017). Homenagear os índios, defender o indigenismo: o “Dia do Índio” e o Instituto Indigenista Interamericano. Estudos Ibero-Americanos, 43(1), 81–96. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2017.1.24069

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

JARDILINO, José Rubens Lima. Educadora, Feminista, Indigenista: Leolinda Figueiredo Daltro, uma “Dama” da educação brasileira no final do século XIX. Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia. Revista Historia de la Educación Latinoamericana, vol. 18, núm. 26, pp. 7-11, 2016.

KARAWEJCZYK, Mônica. Os primórdios do movimento sufragista no Brasil: o feminismo “pátrio” de Leolinda Figueiredo Daltro. Estudos Ibero-Americanos, PUCRS, v. 40, n. 1, p. 64-84, jan.-jun. 2014

MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. O voto feminino do Brasil. Brasília : Edições Câmara, 2019.

MELO, Hildete Pereira de; MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. Partido Republicano Feminino. Rev. hist.edu.latinoam – Vol. 18 No. 26, enero – junio 2016 – ISSN: 0122-7238 – pp. 311 – 326.

Mulheres de Luta

Observatório do Terceiro Setor

PETSCHELIES, Erik. O Museu Paulista, Hermann von Ihering (1850-1930) e os ameríndios. São Paulo : Revista de Antropologia, nº 66, 2023.

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Portal do Senado Federal

ROCHA, Elaine Pereira. Entre a pena e a espada: a trajetória de Leolinda Daltro (1859-1935)- patriotismo, indigenismo e feminismo. 2002. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

SANTOS, Paulete Cunha dos. Leolinda Daltro – a Oaci-zauré – relato de sua experiência de proposta laica de educação para os povos indígenas no Brasil central. Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia. Revista Historia de la Educación Latinoamericana, vol. 18, núm. 26, pp. 15-46, 2016.

SANTOS, Paulete Cunha dos. Leolinda Daltro – a caminhante do futuro: uma análise de sua trajetória de catequista a feminista (Rio de Janeiro/Goiás – 1896 – 1920). Tese de Doutorado. Universidade do Rio dos Sinos, São Leopoldo, Rio Grande do Sul, 2014.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

Site Instituto Histórico Geográfico Brasileiro

Site Memória da Administração Pública Brasileira – Arquivo Nacional

Site Memória Política do México

Site Povos Indígenas no Brasil

STAUFFER, David Hall. Origem e Fundação do Serviço de Proteção aos Índios (III). Revista de História, [S. l.], v. 21, n. 43, p. 165-183, 1960. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.1960.120126. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/120126. Acesso em: 24 fev. 2023.

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina

No Dia Internacional da Mulher, a Brasiliana Fotográfica destaca, no 14º artigo da série Feministas, graças a Deus!, a eleição da potiguar Alzira Soriano (1897 – 1963), que se tornou, em 1928, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina.  A conquista foi tema de uma das colunas “Turista Aprendiz”, do escritor Mário de Andrade (1893 – 1945). O portal também selecionou fotografias de feministas presentes em seu acervo fotográfico. A ideia da criação de um dia para celebrar a mulher remonta ao século XIX, mas foi, em 1975, que o dia 8 de março foi instituído pelas Nações Unidas como o Dia Internacional das Mulheres.

Apesar dos avanços relativos à emancipação feminina, infelizmente, conforme pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada há alguns dias, o Brasil está diante de um aumento de violência contra a mulher. De acordo com Samira Bueno, diretora executiva do Fórum: Foram mais de 18 milhões de mulheres vítimas de violência no último ano. São mais de 50 mil vítimas por dia, um estádio de futebol lotado. O estudo revela também que uma a cada três mulheres brasileiras (33,4%) com mais de 16 anos já sofreu violência física e/ou sexual de parceiros ou ex-parceiros.

Acessando o link para fotografias de feministas selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Alzira Soriano (1897 – 1963) , a primeira prefeita do Brasil e da América Latina

 

 

Foi no Rio Grande de Norte que Alzira Soriano (1897 – 1963) foi eleita, em 2 de setembro de 1928, para comandar a cidade de Lajes, com 60% dos votos, tornando-se a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul, tendo tomado posse no cargo em 1º de janeiro de 1929 (O Paiz, 1º e 2 de outubro de 1928). Lembramos aqui que, justamente no estado referido, a Lei Estadual nº 660, com a emenda Regular o Serviço Eleitoral do Estado, que estabelecia a não distinção de sexo para o exercício do sufrágio e, tampouco, como condição básica de elegibilidade, passou a vigorar em 25 de outubro de 1927, durante o governo de  José Augusto Bezerra de Medeiros (1884 – 1971).

Na edição de O Paiz, de 2 de dezembro de 1927, foi publicada uma pequena matéria com uma mensagem de Alzira:

“Estão se mostrando animadores os primeiros resultados da instituição do voto feminino, no Rio Grande do Norte. Não obstante ser tão recente a introdução desta medida, já vem chegando as novas dos primeiros alistamentos. Há breves dias anunciava-se que a senhorita Julia Barbosa, catedrática de matemática na capital daquele estado, requerera alistamento eleitoral. Agora telegrama do anuncio de Mossoró afirma a inclusão do nome de uma senhora na lista eleitoral. Trata-se da Sra. Celina Vianna, casada, professora, com economia própria, que poderá vangloriar-se de ser a primeira eleitora do Brasil. Outro despacho telegráfico, de Jardim Angicos, vem assegurar ao senador Juvenal Lamartine, propulsor da ideia, e presidente eleito do Estado, o apreço e a solidariedade do futuro eleitorado feminino da sua terra. Transcrevemos a mensagem a seguir: “Orgulhosa pelo gesto da Assembleia Legislativa do nosso querido Estado, concedendo o direito ao voto feminino, em nome das mulheres de Lages, felicito V. EX. pela brilhante vitória e asseguro solidariedade política ao futuro governo. – Alzira Soriano”

As eleições para a escolha de um novo senador para o Rio Grande do Norte foram realizadas no dia 5 de abril de 1928, mas os votos das eleitoras foram anulados porque o Senado não reconheceu o direito de voto das mulheres. Mas o voto feminino valeria nas eleições já mencionadas, de 2 de setembro de 1928, quando Alzira tornou-se a primeira prefeita do Brasil e da América do Sul. Ela enfrentou forte resistência de seus opositores, correligionários ao seu concorrente, Sérvulo Pires Neto Galvão, que não se conformavam em disputar a eleição com uma mulher (SOUZA, 1993). A notícia de sua eleição foi publicada na edição do dia 8 de setembro do jornal norte-americano New York Times com o título ’Americanized’ Town Elects Brazil’s First Woman Mayor – Cidade americanizada elege primeira prefeita mulher do Brasil. O artigo atribuia o fato à influência do movimento sufragista norte-americano no Brasil (Gazeta de Notícias, 7 de setembro de 1928, quarta coluna).

Luiza Alzira Teixeira de Vasconcelos nasceu, em 29 de abril de 1897, em Jardim de Angicos, no Rio Grande do Norte, filha do coronel Miguel Teixeira de Vasconcelos e da dona Margarida Teixeira de Vasconcelos. Antes dela, haviam nascido duas meninas e um menino, que não sobreviveram às doenças da infância. O casal Miguel e Margarida teve 22 filhos, dos quais apenas sete mulheres e um homem se criaram. Seu pai detinha o poder político da região, que incluía os municípios de Lajes e Pedra Preta; e era o maior comerciante da cidade.

Em 29 de abril de 1914, Alzira casou-se com Thomaz Soriano de Souza Filho (1889 – 1919), de uma tradicional família de Pernambuco. Foram morar em Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte, onde o marido trabalhava como promotor. Tiveram quatro filhas: Sonia, que nasceu em 25 de setembro de 1915; Ismênia, nascida em 4 de outubro de 1917; Maria do Céu, que nasceu em 1918, mas morreu de sarampo antes de completar um mês de vida; e Ivonilde, nascida em 25 de março de 1919. Meses antes, em 9 de janeiro de 1919, Thomaz faleceu de gripe espanhola (Diário de Pernambuco, 11 de janeiro de 1919, quinta coluna). Alzira voltou a morar em Jardim de Angicos, depois passou uma pequena temporada no Recife e, finalmente retornou à Jardim de Angicos, onde voltou à administração da Fazenda Primavera, de seu pai. A cidade passara a ser um distrito de Lajes.

Voltando à carreira política de Alzira. A responsável pela indicação de Alzira como candidata à Prefeitura de Lajes pelo Partido Republicano foi Bertha Lutz (1894 – 1996), cuja atuação foi fundamental na luta pela emancipação da mulher no Brasil. Foi a fundadora da Federação Brasileira para o Progresso Feminino e foi uma figura central na luta pelo voto feminino no país, entidade da qual Alzira tornou-se conselheira (O Paiz, 8 de maio de 1930, última coluna). Bertha viajou ao Rio Grande do Norte, em 1928, em campanha pelo alistamento das mulheres. Na ocasião, foi almoçar com o então  governador do estado, Juvenal Lamartine  (1874 – 1956), na Fazenda Primavera, ocasião em que conheceu Alzira e se impressionou com sua determinação. Na época, Alzira participava ativamente da administração dos trabalhos na lavoura e pasto.

 

 

Enfrentou uma grande resistência de seus opositores, dos correligionários do outro candidato à prefeitura, Sérvulo Pires Neto Galvão. Eles não se conformavam com a candidatura de uma mulher. Alguns chegavam a afirmar que mulher pública era prostituta. O candidato derrotado, por ter se sentido humilhado por ter perdido para uma mulher, saiu da cidade.

Enfim, sua eleição foi festejada na edição de A Noite, de 10 de setembro de 1928, primeira coluna; e em O Paiz, de 1º e 2 de outubro de 1928 com a publicação de um pequeno perfil da recém eleita prefeita e também de uma entrevista realizada por Amphiloquio Câmara, representante de O Paiz no Rio Grande do Norte.

 

 

 

A declaração abaixo e outras feitas por Alzira na entrevista publicada na mesma edição de O Paiz deixa claro que ela seguia uma linha do feminismo, adotada pela grande maioria das mulheres que participavam da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que não contestava a ordem patriarcal: as mulheres se colocavam como colaboradoras dos homens.

 

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Foi entrevistada pelo jornal A Noite, de 28 de setembro de 1928.

Em dezembro de 1928, foi publicada uma mensagem enviada por ela a Bertha Lutz, cuja atuação considerava brilhante e decisiva (O Paiz, 16 de dezembro de 1928).

 

 

Alzira tomou posse em 1º de janeiro de 1929 e, dias depois, em uma entrevista para o jornal A República (RN) declarou que sua gestão se alinharia a do governador Juvenal Lamartine (1874 – 1956), incansável em promover o bem estar coletivo. Ela já havia renovado o contrato de luz elétrica, começado a limpeza total e a edificação da cadeia de Lajes e que, em breve, as obras de construção de um campo de aviação na cidade se iniciariam (O Paiz, 21 e 22 de janeiro de 1929, quinta coluna).

 

 

Trecho de seu dircurso de posse:

…determinaram acontecimentos sociais do nosso querido Rio Grande do Norte, na sua constante evolução da democracia, que a mulher, esta doce colaboradora do lar, se voltasse também para colaborar com outra feição na sua obra políticoadministrativa. De outro modo não poderia se ser. As conquistas atuais, a evolução que ora se opera, abre uma clareira no convencionalismo, fazendo ressurgir nova faceta dos sagrados direitos da mulher.

Sua eleição foi tema de uma das colunas “Turista Aprendiz”, do escritor Mário de Andrade (1893 – 1945), datada de 4 de janeiro de 1929, e publicada no Diário Nacional: a democracia em marcha (SP), de 2 de fevereiro do mesmo ano. Mário de Andrade foi uma das figuras centrais do movimento modernista no Brasil. Ele e Oswald de Andrade (1890 – 1954) foram importantes participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, mesmo ano em que Mário publicou Paulicéia Desvairada (1922), que introduziu, na poesia brasileira, temas e técnicas modernistas.

 

 

Foi publicado um relatório com um balanço do governo de Alzira na Prefeitura de Lajes (O Paiz, 26 de março de 1930, quarta coluna; O Jornal, 4 de abril de 1930, penúltima coluna; O Malho, 27 de abril de 1930O Paiz, 28 e 29 de abril de 1930, penúltima coluna). No artigo A mulher e o Estado, a gestão de Alzira foi elogiada (A Gazeta (SP), 23 de abril de 1930, última coluna).

 

 

Com a Revolução de 30, que ocorreu em outubro de 1930, por não concordar com o governo de Getulio Vargas (1882 – 1954) – havia apoiado Júlio Prestes (1882 – 1946) à presidência da República – Alzira, apesar de convidada a permanecer no cargo como interventora, não aceitou (O Paiz, 29 de agosto de 1929, quinta coluna). Segunda uma de suas filhas, no último dia de sua gestão foi visitar seus correligionários e também seus opositores. Tendo sido insultada por um deles, Miguel da Silveira, reagiu cobrindo-0 de tapas.

Mudou-se para Natal, onde permaneceu com as filhas até fins da década de 30, quando retornou ao comando da fazenda, com seus irmãos mais novos, devido ao falecimento de seu pai. Voltou à vida política somente em 1947, desta vez como vereadora da cidade de Lajes pela União Democrática Nacional – UDN. Reelegeu mais algumas vezes.

Faleceu, de câncer, no dia 28 de maio de 1963, após cerca de dois anos do diagnóstico da doença, na casa da filha Ivonilde, em Natal, um dia depois de retornar do Rio e de São Paulo, onde esteve se tratando. Na ocasião, além de três filhas, tinha oito netos (Diário de Notícias, 31 de maio de 1963, segunda coluna).

 

 

Em sua homenagem, foi realizada, entre 24 e 29 de abril de 2018, no município de Lajes, a Semana Alzira Soriano, com a realização de atividades educacionais e culturais.

 

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Em Jardim de Angicos há um museu municipal em memória de Alzira Soriano. Guarda em seu acervo fotos e móveis antigos, reportagens de jornais e de revistas.

 

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Sua imagem está presente na bandeira de Jardim de Angicos, juntamente com a representação de alguns pontos turísticos naturais da cidade. Foi sancionada uma lei, em 28 de dezembro de 2018, instituindo o dia e mês do nascimento de Alzira Soriano, 29 de abril, como feriado municipal na cidade.

 

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Ainda em 2018, Alzira Soriano foi postumamente homenageada com o Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós, da Câmara dos Deputados. A homenagem, segundo a Câmara, é concedida a mulheres que tenham contribuído para o pleno exercício da cidadania e para a defesa dos direitos da mulher e das questões de gênero no Brasil.

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Centro de Memória do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte

ENGLER, Isabel. A primeira prefeira brasileira Alzira Soriano: o poder político coronelístico, Lages/RN, 1928. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Licenciatura em História da Universidade Federal da Fronteira Sul, como requisito para obtenção do título de licenciada em História. Universidade Federal da Frontiera Sul Campus Chapecó, 2019.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. O voto feminino do Brasil. Brasília : Edições Câmara, 2019.

Mulheres de Luta

O GLOBO

Portal BBC News Brasil

Portal Câmara dos Deputados

Portal UOL

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

SOUZA, Heloísa Maria Galvão Pinheiro de. Luísa Alzira Teixeira Soriano: primeira mulher eleita prefeita na América do Sul. Natal: CCHLA, 1993.

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!

Com a publicação do 13º artigo da Série Feministas, graças a Deus!, a Brasiliana Fotográfica celebra a conquista do voto feminino no Brasil, a partir do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que instituiu o Código Eleitoral Provisório, assinado pelo presidente Getulio Vargas (1882 – 1954), reconhecendo o direito de voto das mulheres.

 

“Art. 2º É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste código”.

Decreto nº 21.076, 24 de fevereiro de 1932

 

A Constituição promulgada em 16 de julho de 1934 aprovou a igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres, desde que maiores de 18 anos e alfabetizados:

 

Art. 108. São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.

Parágrafo único. Não se podem alistar eleitores:

a) os que não saibam ler e escrever;

b) os praças-de-pré, salvo os sargentos, do Exército e da Armada e das forças auxiliares do Exército, bem como os alunos das escolas militares de ensino superior e os aspirantes a oficial;

c) os mendigos;

d) os que estiverem, temporária ou definitivamente, privados dos direitos políticos. 

Art. 109. O alistamento e o voto são obrigatórios para os homens e para as mulheres, quando estas exerçam função pública remunerada, sob as sanções e salvas as exceções que a lei determinar.

 

Era a vitória de décadas de mobilização em favor do sufrágio feminino no Brasil.

 

 

No artigo de hoje, estão destacadas as imagens do acervo fotográfico do portal relativas às feministas e a suas pautas – os registros são do acervo do Arquivo Nacional, uma de nossas instituições parceiras, e seus autores foram J. Bonfioti, a Photo Skarke, a Fotografia Alemã, Louis Piereck (1880 – 1931), o Serviço Photographico de Vida Doméstica, além de fotógrafos ainda não identificados. Também publicamos breves perfis de sufragistas brasileiras importantes na luta pelo voto feminino.

 

Acessando o link para as imagens relativas ao feminismo disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

A trajetória da conquista do voto feminino no Brasil, um marco fundamental na história da democratização do país, começou ainda no século XIX e tornou-se o principal tema do feminismo nas primeiras décadas do século XX, quando a feminista Bertha Lutz (1894 – 1976), fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, foi uma das mais importantes vozes na luta pela emancipação feminina, que também teve outras defensoras dedicadas e aguerridas.

 

Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810 – 1885), 

 precursora dos ideais de igualdade e independência da mulher brasileira

 

 

“Nísia Floresta surgiu – repita-se–como uma exceção escandalosa. Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do século XIX. No meio de homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas que eram quase histórias do Trancoso. causa pasmo ver uma figura como a de Nísia”.

Gilberto Freyre, Sobrados e Mocambos (1936)

 

Ainda no Brasil Império, a escritora e educadora potiguar Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810 – 1885), pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, foi a primeira mulher brasileira a defender o direito à educação científica para as meninas. A explicação do pseudônimo que criou para ela é a seguinte: “Nísia”, uma referência ao seu nome de batismo; depois, ao sítio Floresta onde nasceu; em seguida, ao seu país; e, finalmente, a Augusto, o nome do marido de quem ficou viúva. 

Nasceu, em 12 de outubro de 1810, em Papari, no Rio Grande do Norte, onde casou-se com Manuel Alexandre Seabra de Melo. Tinha apenas 13 anos, mas ainda no primeiro ano do casamento voltou para a casa dos pais, o advogado português Dionísio Gonçalves Pinto (17? – 1828) e a brasileira Antônia Clara Freire (17? – 1855). Seus irmãos eram Clara e Joaquim. Mudou-se com a família para  Pernambuco, onde morou em Goiana, Recife e Olinda. 

Em 1828, seu pai foi assassinado (Diário de Pernambuco, 22 de setembro de 1830, segunda coluna). No mesmo ano, Nísia passou a viver com Manoel Augusto de Faria Rocha, estudante de Direito da Faculdade de Olinda, natural de Goiana (Diário de Pernambuco, 16 de abril de 1829, segunda coluna), com quem teve três filhos na década de 1830: Lívia (1930-?), um filho, que viveu poucos meses (1831 – 1831 ou 1832); e Augusto Américo (1933-?). Era acusada de adúltera pelo ex-marido. 

Iniciou sua carreira literária, em 1931, publicando, com o pseudônimo de Brasileira Livre, artigos sobre a condição feminina no jornal pernambucano Espelho das Brasileiras, que pertencia ao francês Adolphe Emile de Bois Garin (Espelho das Brasileiras, 13 de maio de 1931). A defesa dos direitos das mulheres e dos indígenas no Brasil, e a crítica à escravidão foram temas recorrentes em sua produção literária.

 

“Esta foi, com certeza, uma das primeiras mulheres no Brasil a romper os limites do espaço privado e a publicar textos na grande imprensa, pois, desde 1830, seu nome era uma presença constante em periódicos nacionais, comentando questões polêmicas, como o direito das mulheres – e, também, dos índios e dos escravos – a uma vida digna e respeitável. Aliás, nesse gosto pela polêmica e no fato de viver sempre à frente de seu tempo, estariam, a nosso ver, também, traços de modernidade da autora”.

 Constância Lima Duarte sobre Nísia em Feminismo e literatura no Brasil (2003)

 

Em 1832, publicou, no Recife, o livro Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens, primeiro texto de uma brasileira a falar em direitos das mulheres. Existe uma polêmica em torno da autoria deste livro: alguns pesquisadores consideram o livro como uma tradução livre de A Vindication of the Rights of Woman, de Mary Wollstonecraft (1759-1797), e outros como a tradução de Woman not Inferior to Man, de Mary Wortley (1689-1762), que teria sido infuenciada pelo livro De l´egalité des deux sexes, de François Poullain de La Barre, publicado em 1673

 

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Em novembro de 1832, foi para o Rio Grande do Sul, com Lívia, sua filha; sua mãe viúva e com seu companheiro, Manoel Augusto, que, em agosto de 1833, poucos meses após o nascimento de Augusto Américo, em janeiro de 1833, faleceu. Manoel Augusto havia ocupado o cargo de juiz municipal de São Pedro do Rio Grande do Sul (Correio Official, 25 de outubro de 1833, primeira coluna). Ainda em 1833, Nísia publicou a segunda edição de Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens, em Porto Alegre, pela Typographia de V. F. Andrade. Escreveu para alguns jornais de Porto Alegre, dentre eles o Belano, que circulou entre 1832 e 1833. Entre 1834 e 1837, manteve uma escola. Segundo o professor Luis Carlos Freire, professor de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e um dos maiores pesquisadores de Nísia, provavelmente ela ensinava em casa, como era costume na época. 

Em 1837, foi para o Rio de Janeiro. Provavelmente, a tensão causada pela Guerra dos Farrapos contribuiu para essa mudança. Em 1838, fundou o Colégio Augusto, para meninas, que dirigiu com algumas interrupções até 1856. Posteriormente, o colégio, que existiu até 1894, foi dirigido por seu filho (Jornal do Commercio, 31 de janeiro de 1838, segunda coluna). Nísia tinha uma proposta de educação inclusiva para meninos e meninas, tanto na esfera pública, quanto na privada, e era influenciada pelo pensamento positivista do francês Auguste Comte (1798 – 1857), de quem era amiga. Em 1839, foi publicada, já no Rio de Janeiro, a terceira edição de Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens, pela Casa do Livro Azul.

 

 

 

Por ensinar Caligrafia, Dança, Desenho e Costura, Francês, Geografia, História, Inglês, Italiano, Latim, Matemática, Música, Português, Piano e Religião a suas alunas e não a fazer vestidos e camisas foi criticada (O Mercantil (MG), 17 de janeiro de 1947, primeira coluna).

 

 

Publicou, em 1847, três obras de caráter pedagógico: Fany ou o modelo das donzelasDiscurso que às suas educandas dirigiu Nísia Floresta Brasileira Augusta, um breve texto de seis páginas; e Daciz ou a jovem completa. 

Em 2 de novembro de 1849, acompanhada dos dois filhos, Nísia viajou pela primeira vez à Europa. Embarcaram, rumo a Havre, na galera francesa Ville de Paris. Ficou em Paris e em Lisboa, retornando ao Brasil em 1852 (Diário do Rio de Janeiro, 3 de novembro de 1849, última coluna). Nesse período, ela frequentou as conferências de Auguste Comte sobre História Geral da Humanidade no Palais Cardinal, em Paris. 

Em 1853, lançou o Opúsculo Humanitário, que dedicou a seu irmão, Joaquim Pinto Brasil. Nele a autora nos conta a história do papel das mulheres nas sociedades ocidentais, dando exemplos e refletindo sobre a condição feminina. Antes da primeira impressão reunida, parte dos textos foi publicada nos jornais Diário do Rio de Janeiro, sob  pseudônimo B.A.

“Dê-se ao sexo uma educação religiosamente moral, desvie-se dele todos os perniciosos exemplos que tendem a corromper-lhe, desde a infância, o espírito, em vez de formá-lo á virtude, adornem-lhe a inteligência de úteis conhecimentos, e a mulher será não somente o que ela deve ser — o modelo de família — mas ainda saberá conservar dignidade, em qualquer posição que porventura a sorte a colocar.”

Nísia Floresta em O Opúsculo Humanitário, 1853

 

Trabalhou como voluntária no combate a uma epidemia de cólera no Rio de Janeiro, em 1855 (Correio Mercantil, 4 de outubro de 1955, segunda coluna). Também entre este ano e 1856 publicou alguns artigos no Brasil Illustrado: Passeio ao Aqueduto Carioca, Páginas de Uma Vida Obscura, Um Improviso, na manhã de 1º do corrente, ao distinto literato e grande porta Antônio Castilho e O pranto Filial.

O último registro do Almanak Laemmert de Nísia como diretora do Colégio Augusto é de 1855 (Almanak Laemmert, 1855). Em 10 de abril de 1856, Nísia viajou no paquete a vapor Cadix com sua filha para a Europa, onde permaneceu até 1871.  Em 1872, um retrato e um pequeno perfil dela foi publicado no jornal ilustrado brasileiro publicado em Nova York, O Novo Mundo, fundado por José Carlos Rodrigues (Diário do Rio de Janeiro, 10 de abril de 1856, quarta colunaO Novo Mundo, 23 de maio de 1872)

 

 

Entre 1872 e 1875, Nísia esteve no Brasil. Retornou à Europa em 24 de março de 1875, rumo à Inglaterra, onde encontrou sua filha. Passaram um tempo em Londres e em Lisboa (Jornal do Commercio, 24 de março de 1875, terceira coluna). Em 1878, já morando na França, publicou seu último trabalho, Fragments d’un ouvrage inédit: Notes biographiques. Entre idas e vindas, Nísia morou na França e na Itália, visitando a Alemanha, Bélgica, Grécia, Inglaterra e Suíça. Enviava artigos para publicação em jornais cariocas (Correio do Brazil, 7 de janeiro de 1872, quinta coluna; Diário de S. Paulo, 11 de dezembro de 1875, última colunaA Reforma, 31 de dezembro de 1875, última coluna). 

Faleceu em 24 de abril de 1885, em Rouen, na França, de pneumonia. Foi enterrada no cemitério de Bonsecours (Jornal do Commercio, 26 de maio de 1885, quinta colunaNovo e Completo Indice Chronologico da Historia do Brasil (RJ) – 1842 a 1889, 1885; Jornal do Commercio, 31 de maio de 1885, quinta coluna).

 

 

 

Sua cidade natal, Papari, foi rebatizada com a aprovação da Lei n° 146, de 23 de dezembro de 1948, como Nísia Floresta. Em 1954, o Estado do Rio Grande do Norte repatriou seus restos mortais para a cidade (O Poti (RN), 22 de agosto de 1954).

 

 

A quarta edição do livro Direito das Mulheres e a Injustiça dos Homens saiu apenas em 1989, pela Cortez, com introdução posfácio de Constância Lima Duarte. Em 2012, foi inaugurado o Museu Nísia Floresta, em sua cidade natal.

Alguns de seus livros que não foram mencionados ao longo deste artigo são Conselhos a minha filha (1842), Lágrimas de um Caeté (1849) Itinerário de uma viagem à Alemanha (1857), Três anos na Itália, seguidos de uma viagem à Grécia (vol 1, em 1864, e vl 2, em 1872); e Cintilações de uma Alma Brasileira (1859). Publicou, ao todo, 15 livros.

 

 Izabel de Souza Matos ou Izabel de Mattos Dillon (1861 – 1920)

 

 

A sufragista Izabel de Souza Matos ou Izabel de Mattos Dillon (1861 – 1920) nasceu na Bahia, em 20 de janeiro de 1861 e concluiu o  curso de Cirurgia Dentária e Prótese pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em maio de 1883 (Gazeta de Notícias, 1º de maio de 1883, sexta coluna). Exerceu a profissão de cirurgiã dentista na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e participou de atividades abolicionistas no Rio Grande (Diário do Brazil, 21 de fevereiro de 1884, última colunaA Federação, 4 de dezembro de 1884, última coluna). Casou-se, em fevereiro de 1885, com o também cirurgião-dentista Thomas Cantrell Dillon (1861 – 1933), futuro cônsul da Grã-Bretanha no Rio Grande do Sul (Almanak Laemmert, 1926). 

 

 

Em 1886, quando ainda residia no Rio Grande do Sul, exigiu na Justiça o registro de eleitora, garantido pela Lei Saraiva a todos os brasileiros com título científico. Porém, José Vieira da Cunha, juiz municipal de Rio Grande, negou o pedido (Correio Paulistano, 21 de dezembro de 1886, terceira coluna). Segundo ela, posteriormente teve o título concedido e votou no candidato republicano Julio Mendonça Moreira (1853 -?), em São José do Norte, no Rio Grande do Sul. Ele havia sido promotor na comarca de Rio Grande e não foi eleito na ocasião – foi eleito deputado estadual de 1891 a 1895. O fato foi citado por Izabel em um artigo publicado no jornal A Rua, de 20 de janeiro de 1917; e também pelo deputado Mauricio de Lacerda (1888 – 1959), este último na sessão da Câmara de 22 de dezembro de 1916 e algumas outras vezes na imprensa (Diário Carioca, 18 de setembro de 1928, terceira coluna). Terá sido então Izabel Dillon, na verdade, a primeira eleitora do Brasil, ainda no século XIX?

 

 

Em 1888, anunciou que abriria um consultório de dentista no Rio de Janeiro, onde foi colaboradora das revistas O Corymbo e  A Família (A Verdade, 29 de novembro de 1888, segunda coluna).

Em 1890, Izabel solicitou a transferência de seu título de eleitor para o Rio de Janeiro, onde voltara a residir, mas José Cesário de Faria Alvim (1839 – 1903), ministro do Interior, julgou improcedente seu pleito e assim como o de outras mulheres (A Ordem (MG), 2 de abril de 1890, última coluna).

 

 

Ainda em 1890, Izabel concorreu a deputada pela Bahia, mas não se elegeu ( Gazeta de Notícias, 25 de agosto de 1890, terceira colunaPequeno Jornal (BA), 17 de setembro de 1890, segunda colunaA Família, 18 de setembro de 1890, última colunaA Lanterna, 22 de dezembro de 1916, segunda coluna; A Rua, 20 de janeiro de 1917).

 

 

 

Era opositora de Floriano Peixoto (1839 – 1895), participou da Revolta da Armada e foi presa (A Rua, 20 de janeiro de 1917). Foi membro do Centro do Partido Operário, criado em 1890 por José Augusto Vinhais (1858 – 1941); e do Partido Republicano Feminino, fundado em 1910, por Leolinda Daltro (1859 – 1935).

 

 

Em 1913, sua única filha, Niobe Elisabeth Gonçalves (1893 – 1913) morreu, grávida de seu quarto filho com o cirurgião-dentista Basílio Gonçalves, seu marido. Houve uma investigação policial por suspeitas de aborto autoinduzido por medicamentos ingeridos por Niobe e também de imperícia médica. O caso repercutiu na imprensa do Rio de Janeiro e ficou conhecido como o Caso da Rua Paraná (O Século, 11 de fevereiro de 1913, quarta colunaCorreio da Manhã, 12 de fevereiro de 1913, quinta colunaO Paiz, 25 de janeiro de 1913, quinta coluna). 

 

 

Izabel faleceu em 19 de junho de 1920 e foi enterrada como indigente no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro. A educadora Mariana Coelho (1857 – 1854) mencionou tanto Nísia Floresta como Izabel Dillon em seu artigo O feminismo no Brasil, publicado no Correio da Manhã, 3 de janeiro de 1937.

 

Josephina Alvares de Azevedo (1851 – 1913),  fundadora do jornal A Família

 

 

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“O fundamento universal de todos os que opinam contra a nossa emancipação é esse — que a mulher não tem capacidade política. Porque? perguntamos nós, e a essa pergunta não nos dão resposta cabal. Em geral, os casos de incapacidade politica são estes — menoridade, demência, inhabilitações, restriccão de liberdade por pena cominada, etc. etc. A esses addusem os legisladores a «diferença de sexo». Mas em que essa diferença pode constituir razão de incapacidade eleitoral? A mulher educada, instruída, em perfeito uso de suas faculdades mentaes, exercendo com critério as suas funcções na sociedade, é uma personalidade equilibrada, apta para discernir e competente para escolher entre duas idéas aquella que melhor convém. Não pude por conseguinte estar em pé de igualdade com os dementes, com os menores, com os imbecis. Assim sendo, é absurdo o principio de sua incapacidade electiva.” 

Josephina Alvares de Azevedo

A Família, 21 de dezembro de 1889

 

Também no século XIX, destacou-se na luta pela emancipação feminina a jornalista e literata pernambucana Josephina Alvares de Azevedo (1851 – 1913), nascida em 5 de maio de 1851, no Recife. Existem até hoje várias lacunas e dúvidas em relação a sua vida pessoal. O local e a data de seu nascimento – pode ter sido Paraíba, Recife, em Pernambuco, ou Itaboraí, no Rio de Janeiro – assim como seu grau de parentesco com o do poeta Manoel Antônio Alvares de Azevedo (1831-1852), ainda são incertos. De acordo com Augusto Victorino Blake, autor do Dicionário Bibliográfico Brasileiro, ela seria filha de Ignácio Manoel Alvares de Azevedo (?-1873) e, portanto, irmã, pelo lado paterno, do referido poeta. Porém em um artigo em A Família, de 23 de fevereiro de 1889, Josephina se refere ao poeta como primo. Sua mãe era Amália Alvares de Azevedo Cunha (? – 1896) e, sua avó materna, Emília Amália de Azevedo Coutinho (? – 1892) (Gazeta de Notícias, 29 de fevereiro de 1892, penúltima colunaO Paiz, 16 de maio de 1896, quarta coluna).

O dia, mês e ano de seu nascimento aqui publicados baseiam-se em uma noticia referente a seu aniversário e nas notícias de seu falecimento, em 1913, onde está indicado que ela tinha 62 anos na ocasião (Gazeta da Tarde, 5 de maio de 1890, quinta colunaDiário de Notícias, 5 de maio de 1890, primeira coluna; A Família, 9 de maio de 1891, primeira colunaA Época, 3 de setembro de 1913, segunda colunaO Paiz, 5 de setembro de 1913, última coluna). Em relação ao local, acredito que ela tenha nascido no Recife, conforme seu próprio depoimento em A Família, 7 de dezembro de 1889, descrevendo seu retorno à sua terra natal em julho de 1889. Na ocasião foi à Photographia Ducasble, onde foi retratada. Ainda na cidade, publicou um número especial de A Família (Diário de Pernambuco, 23 de julho de 1889, penúltima coluna. De lá, seguiu para o Ceará, onde permaneceu cerca de 10 dias (A Família, 7 de dezembro de 1889, A Constituição (CE), 11 de agosto e 1891, segunda coluna).

Josephina viveu até 1877, no Recife. Foi fundadora do jornal semanal A Família, em 1888 (A Família, 18 de novembro de 1888), cuja atuação na imprensa brasileira foi importante no período de transição entre o regime monárquico e a República no país. 

 

 

Inicialmente editado em São Paulo e impresso pela tipografia União- São Paulo, o periódico mudou-se para o Rio de Janeiro, em maio de 1889, e circulou ininterruptamente até 1897 – ficava na Travessa do Barbosa, nº 12 (A Família, 18 de maio de 1889; O Jacobino, 5 de junho de 1897, primeira coluna; Almanak Laemmert, 1898). Provavelmente, voltou a circular em 1898, mas logo deixou de existir (A Mensageira, 15 de maio de 1898). Entre as colaboradoras do jornal estavam a escritora baiana Ignez Sabino (1853 – 1911) e Izabel Dillon (1861 – 1920), além de estrangeiras como as feministas Guiomar Torrezão (1844-1898), escritora portuguesa; e a francesa Eugénie Potonié Pierre (1844 -1898), fundadora da Federação Francesa das Sociedades Feministas; que enviavam seus textos de seus respectivos países.

 

 

Josephina escreveu para A Família diversos artigos em defesa da emancipação feminina a partir da educação, do trabalho, do voto feminino e pelo direito ao divórcio. Desde o início enfrentou resistência, inclusive de mulheres e de instituições católicas, como fica exemplificado na edição do periódico de 12 de janeiro de 1889; e também na notícia publicada pelo jornal O Apóstolo, 28 de março de 1890, primeira coluna.

 

 

Destacamos os artigos O Direito ao Voto, publicado em 7 de dezembro de 1889, O Divórcio, de 2 de outubro de 1890Emancipação da Mulher, de 18 de julho de 1891 e A Questão das Mulheres, de 30 de janeiro de 1892. Às vezes, os assinava como Zefa.

 

 

Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, as mulheres vislumbraram a possibilidade de terem mais participação política. A própria Josephina escreveu no editorial de A Família, de 30 de novembro de 1889:

“No fundo escuro e triste do quadro de provações a que votaram a mulher na sociedade, brilhará, com a fulgente aurora da República Brasileira, a luz deslumbradora da nossa emancipação?…Queremos o direito de intervir nas eleições, de eleger e ser eleitas, como os homens, em igualdade de condições. Ou estaremos fora do regime das leis criadas pelos homens, ou teremos também o direito de legislar para todas. Fora disso, a igualdade é uma utopia, senão um sarcasmo atirado a todas nós…”

Porém, em 1891, criticou muito o fato de que na primeira Constituição da República, promulgada em 24 de fevereiro de 1891, as mulheres continuarem sendo espectadoras da vida política do país (A Família, 5 de março de 1891), circunstância retratada no quadro Compromisso Constitucional de 1891 (1896), de Aurélio de Figueiredo (1854 – 1916), onde um grupo de mulheres aparece justamente nesta condição.

 

 

Em 1891, o jornal A Família passou a pertencer à Companhia Imprensa Familiar, mas Josephina permaneceu como sua diretora mental e redatora (A Família, 25 de abril de 1891; O Paiz, 11 de maio de 1891, penúltima coluna; Diário de Notícias, 19 de julho de 1891, última coluna).

Foi homenageada com a publicação de seu retrato na primeira página de A Família, de 9 de maio de 1891.

 

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Foi autora da comédia O Voto Feminino, que estreou no Rio de Janeiro, em 26 de maio de 1890, no Theatro Recreio Dramático, enérgica e vibrante peça de combate em favor dos direitos políticos do bello sexo. Foi encenada pelos atores Antonio Pereira Fontana e Castro, português radicado no Brasil; Germano, Bragança e Pinto; e pelas atrizes Elisa de Castro, Isolina Monclar e Luisa. A peça foi inspirada pelas constantes recusas de alistamento eleitoral feminino, já exemplificado neste artigo pelo caso de Izabel Dillon (A Família, 31 de maio de 1890, primeira coluna).  O Voto Feminino é uma peça emblemática do sufragismo brasileiro em fins do século XIX.

 

 

Também em 1890, foi encenada sua tradução livre da peça Os Companheiros do Sol, de Paul Jay (Gazeta de Notícias, 6 de agosto de 1890, penúltima coluna).

A partir de 1892, o número de colaboradoras de A Família e os artigos escritos por Josephina diminuíram muito. Em 1893, foi noticiado que ela estava doente, vitimada pela terrível influenza (A Família, 17 de maio de 1893). Ela residia na rua da Quitanda (Almanak Laemmert, 1893).

Em 1896, ofertou à biblioteca do Grêmio Dramático Arthur Azevedo, de São Paulo, 20 obras  (A Arte, 12 de outubro de 1896, segunda coluna).

Em 1904, foi citada como uma distintíssima escritora brasileira em uma carta aberta da escritora espanhola Eva Canel (1857 – 1932), Em defesa da mulher brasileira, uma resposta a um artigo da escritora e jornalista argentina Conception Gimeno del Flaquer (1850 – 1919) (Il Bersagliere, 5 de maio de 1904, segunda coluna).

Ao longo de sua vida, Josephina publicou três livros: Retalhos (1890), A Mulher Moderna: trabalhos de propaganda (1891), que dedicou em signal de admiração e respeito à Viscondessa de Leopoldina e à D. Maria José Paranhos Mayrink; Galleria illustre (Mulheres célebres) (1897) (O Paiz, 2 de fevereiro de 1890, sexta coluna; Diário do Commercio, 9 de fevereiro de 1891, penúltima coluna).

 

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Josephina faleceu em 1º de setembro de 1913, viúva, de acordo com as notícias veiculadas na época, no Rio de Janeiro, e foi enterrada no Cemitério de São Francisco Xavier, em 2 de setembro de 1913. Sua irmã, Maria Amelia de Azevedo Costa, e seus filhos, Alfredo e Moacyr Alvares de Azevedo, convidaram para a missa de Sétimo Dia, realizada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Dores, em São Cristóvão. Residia na rua Luiz Barbosa, número 102 (A Época, 3 de setembro de 1913, segunda colunaO Paiz, 5 de setembro de 1913, última coluna).

 

 

Comentando sobre a conquista do direito ao voto pelas mulheres inglesas, Antenor Thibau lembrou, em um artigo no Jornal do Brasil, a atuação de Josephina em prol da emancipação feminina no Brasil (Jornal do Brasil, 27 de fevereiro de 1918, segunda coluna).

 

 

Leolinda Daltro (1859 – 1935), Mariana de Noronha Horta (18? – 19?) e Mietta Santiago (1903 – 1995)

 

Outra sufragista importante foi a professora, feminista e indigenista baiana Leolinda Daltro (1859 – 1935), fundadora do Partido Republicano Feminino, em 1910. Ela será tema de um artigo futuro da Brasiliana Fotográfica.

 

 

A professora de Belo Horizonte Mariana de Noronha Horta (18? – 19?) também teve um atuação relevante na luta pelo voto feminino: em agosto de 1916, encaminhou um requerimento pedindo aos deputados que aprovassem o sufrágio feminino. No acervo de documentos da Câmara Federal, esta é a primeira manifestação formal de uma mulher solicitando direitos políticos (Correio Paulistano, 17 de agosto de 1916; Site da Câmara dos Deputados).

 

 

Eleitora pioneira em Minas Gerais, a escritora e advogada Mietta Santiago (1903 – 1995), como ficou conhecida Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira, nasceu em Varginha, em 1903, e, aos 11 anos, foi viver na capital mineira, onde estudou na Escola Normal de Belo Horizonte. Casou-se, em 1923, após passar cerca de seis meses na Europa, com o médico João Manso Pereira.

Com apenas 25 anos, em 1928, impetrou um mandado de segurança alegando que o veto ao voto das mulheres seria contrário ao artigo 70 da Constituição Brasileira de 24 de fevereiro 1891, então em vigor (O Paiz, 16 de setembro de 1928, quarta coluna; (Diário Carioca, 18 de setembro de 1928, terceira colunaO Paiz, 23 de setembro de 1928).

 

 

Tornou-se eleitora e candidatou-se a deputada federal, mas não conseguiu se eleger. O fato, uma verdadeira audácia para a época, mereceu versos do poeta, também mineiro, Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987):

 

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Além disso, Mietta fundou a Liga de Eleitoras Mineiras. Era amiga de políticos como Getulio Vargas (1882 – 1954) e Tancredo Neves (1910 – 1985) e de escritores como o memorialista Pedro Nava (1903 – 1984) e o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987). Como escritora, publicou as obras Namorada da Deus (1936), Maria Ausência (1940); e, em 1981, Uma consciência unitária para a humanidade e As 7 poesias. Faleceu, em 1995, no Rio de Janeiro.

Em 2017, foi instituída a Medalha Mietta Santiago, condecoração concedida anualmente pela Secretaria da Mulher e pela Presidência da Câmara de Deputados (Site da Câmara de Deputados).

 

Outras sufragistas brasileiras de destaque

 

Outras feministas destacadas na luta pelo voto feminino foram a urbanista, arquiteta e engenheira mato-grossense Carmen Portinho (1903 – 2001), a sindicalista alagoana Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), a advogada mineira Elvira Komel (1906 – 1932)Maria Prestia (? – 1988), líder de um minoritário grupo de feministas de São Paulo; Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972), uma das pioneiras no jornalismo, na educação e no feminismo no Rio Grande do Norte; e a advogada gaúcha Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993). Todas já foram temas de artigos publicados na Brasiliana Fotográfica.

 

 

 

 

 

Meses após à conquista do voto das mulheres no Brasil, ainda em 1932, Natércia e Bertha foram nomeadas para integrar a comissão para elaborar o anteprojeto da nova Constituição (Correio da Manhã, 14 de julho de 1932, terceira colunaCorreio da Manhã, 19 de julho de 1932, primeira colunaBrasil Feminino, dezembro de 1932). Em 1934, o sufrágio feminino estava contemplado na Constituição Federal.

 

 

Sobre a importância da conquista do sufrágio feminino, em entrevista, Carmen Portinho declarou que ela deveria ser um estímulo para outros avanços: “Obtivemos a nossa emancipação política, mas esse direito assim isolado, de que nos serve?” (A Noite, 17 de agosto de 1933, última coluna).

Cerca de seis meses antes da assinatura do Decreto nº 21.076, o jornal A Batalha, de 13 de setembro de 1931, publicou uma reportagem intitulada A nova legislação eleitoral e o voto feminino, com a história do movimento feminista no Brasil, onde a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, dirigido por Bertha, a União Universitária Feminina, sob a direção de Carmen Portinho (1903 – 2001); e a Aliança Nacional de Mulheres, liderado por Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), foram citadas como importantes iniciativas para a emancipação da mulher no país. Na matéria foi publicada também a lista dos países onde as mulheres já possuíam direito ao voto e comentada a liderança do Rio Grande do Norte na concessão de direitos políticos às mulheres, por intermédio do governador Juvenal Lamartine de Faria (1874 – 1956). Foi transcrito também o discurso proferido por Ruy Barbosa (1849 – 1923) no Teatro Lyrico em apoio à causa feminina (A Batalha, 13 de setembro de 1931).

 

 

Em 1933, houve eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, e as mulheres puderam votar e terem seus votos reconhecidos pela primeira vez. A primeira mulher eleita foi Carlota Pereira de Queiróz (1892 – 1992), em São Paulo.

 

 

Outra pioneiras, eleitas um ano depois, em 1934, foram Bertha Lutz (1894 – 1976), no Rio de Janeiro; Lili Lages (1907 – 2003), em Alagoas; Maria Luiza Bittencourt Dória (1910 – 2001), na Bahia; Quintina Diniz de Oliveira (1878 – 1942), em Sergipe; e Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), no Amazonas.

 

 

 

 

 

 

Nas eleições de outubro de 2022 no Brasil, o número de mulheres que tiveram suas candidaturas registradas junto à Justiça Eleitoral foi de 9.415, 33,28% do total de políticos elegíveis – 91 mulheres foram eleitas a deputadas federais e quatro para o Senado. As mulheres representavam 53% do eleitorado do país – 82 milhões de votantes. Há ainda um longo caminho a percorrer.

 

 

 

O Rio Grande do Norte e a vanguarda do voto feminino

 

 

Em 1927, houve uma eleição no Rio Grande do Norte e Juvenal Lamartine de Faria (1874 – 1956), que havia renunciado ao Senado, concorreu ao governo de seu estado e venceu o pleito. Tomou posse em 1º de janeiro de 1928. Foi necessário realizar eleições complementares para a escolha de um novo senador. Juvenal apoiava a causa do voto das mulheres. Em 25 de outubro de 1927, ainda durante o governo de José Augusto Bezerra de Medeiros, passou a vigorar a Lei Estadual nº 660, com a emenda Regular o Serviço Eleitoral do Estado, que estabelecia a não distinção de sexo para o exercício do sufrágio e, tampouco, como condição básica de elegibilidade.

Há uma polêmica em torno da primeira eleitora do Brasil na historiografia do feminismo no Brasil no século XX: a natalense e professora Júlia Alves Barbosa Cavalcanti (1898 – 1943) requereu seu alistamento eleitoral no dia 22 de novembro de 1927, porém, dada à sua condição de solteira, o juiz da 1ª vara da Capital retardou o deferimento de seu pleito, que só foi publicado, no Diário Oficial do Estado, no dia 1º de dezembro do mesmo ano. Em 25 de novembro de 1927, a professora Celina Guimarães Viana (1890 – 1972), de Mossoró, deu entrada em uma petição, requerendo sua inclusão na lista de eleitores, que foi aprovada rapidamente, pelo fato de ser casada com um advogado e professor (O Paiz, 2 de dezembro de 1927, primeira coluna). Reivindicando o voto das mulheres, a escritora cearense Rachel de Queiroz (1910 – 2003), com apenas 17 anos, escreveu o artigo Essa questão do voto feminino, publicado no jornal A Jandaia, em 14 de janeiro de 1928. As eleições municipais foram realizadas no dia 5 de abril de 1928, mas os votos das eleitoras foram anulados porque o Senado não reconheceu o direito de voto das mulheres.

 

Júlia Alves Barbosa Cavalcanti foi eleita para a Câmara Municipal de Natal.

 

 

Apesar de, do ponto de vista eleitoral, o estado do Rio Grande do Norte ter reconhecido esta igualdade, faltava, porém, a concretização do “voto de saias”, o que ocorreu nas eleições municipais realizadas no dia 05 de abril de 1928. Em Natal votaram Antônia Fontoura, Carolina Wanderley, Júlia Barbosa e Lourdes Lamartine. Em Mossoró, além de Celina Guimarães, votaram Beatriz Leite e Eliza da Rocha Gurgel. Em Apodi as primeiras eleitoras foram Maria Salomé Diógenes e Hilda Lopes de Oliveira. Em Pau dos Ferros, Carolina Fernandes Negreiros, Clotilde Ramalho, Francisca Dantas e Joana Cacilda Bessa. Ainda em Caicó e Acari, respectivamente, Júlia Medeiros e Martha Medeiros. Além de votar, algumas mulheres, a exemplo de Júlia Alves Barbosa em Natal e Joana Cacilda de Bessa em Pau dos Ferros,  foram também eleitas para o cargo de intendente municipal, equivalente a vereador atualmente.

Centro de Memória do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte

 

 

 

Acesse aqui a linha do tempo da conquista do voto feminino publicada no portal da Câmara dos Deputados

 

 

Alguns países e o ano da aprovação do voto feminino

 

1893 – Nova Zelândia

1902 – Austrália

1906 – Finlândia

1907 –  Noruega

1915 - Dinamarca e Islândia

1917 - Rússia

1918 – Áustria, Alemanha, Polônia, Lituânia, Reino Unido e Irlanda

1920 - Estados Unidos

1929 – Equador

1931 – Espanha e Portugal (com limitações). Na Espanha, o direito foi suspenso em 1936 e só voltou a vigorar em 1977.

1932 – Brasil e Uruguai

1934 - Turquia

1944 - França

1945 – Itália e Japão

1947 - Argentina e Índia

1952 – Grécia

1953 - China e México

1955 – Honduras

1956 - Egito

1962 - Bahamas e Mônaco

1970 – Andorra

1971 – Suíça

1980 – Iraque

1994 – Omã

2015 – Arábia Saudita

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BARBOSA, Lia Pinheiro; MAIA, Vinicius Madureira. Nísia Floresta e ainda a controvérsia da tradução de Direitos das mulheres e injustiça dos homens. Revista Estudos Feministas, 28 (2), 2020.

BARP, Guilherme. A luta de Josefina Álvares de Azevedo pelos direitos das mulheres em A mulher moderna (1891). Nau Literária, Vol. 18, n. 01 (2022) – Dossiê: Racismo, sexismo e Direitos Humanos. Organizado pela Profa. Dra. Regina Zilberman (UFRGS), 5 de setembro de 2022.

CAMPOI, Isabela Candeloro. O livro “Direitos das mulheres e injustiça dos homens” de Nísia Floresta: literatura, mulheres e o Brasil do século XIX. História (São Paulo) v.30, n.2, p. 196-213, ago/dez 2011.

Centro de Referências em Educação Integral

COELHO, Catarina Alves. Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens: a tradução utópico-feminista de Nísia Floresta. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de filosifia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2019.

CORREA E SILVA, Laila. O direito ao voto feminino no século XIX brasileiro: a atuação política de Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913). Aedos, Porto Alegre, v. 10, n. 23, p. 114-131, Dez. 2018

DUARTE, Constância Lima. As viagens e o discurso autobiográfico de Nísia Floresta. Matraga, Rio de Janeiro, v.16, n.25, jul./dez. 2009.

DUARTE, Constância Lima. Imprensa feminina e feminista no Brasil: século XIX . Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

DUARTE, Constância Lima. Narrativas de viagem de Nísia Floresta. Via Atlântica, n. 2 jul. 1999.

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: Incompreensão em relação à sua genialidade. Ciência & Trópico, Recife, v. 26, n. 2, p. 253-260,julho /dez, 1998. 

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: a primeira feminista do Brasil. Florianópolis: Editora Mulheres, 2005.

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: vida e obra. Natal: Editora Universitária/UFRN, 1995.  

FLORESTA , Nísia. Opúsculo humanitário / Nísia Floresta ; prefácio Maria da Conceição Lima Alves ; notas Maria Helena de Almeida Freitas, Mônica Almeida Rizzo Soares. – Brasília : Senado Federal, 2019

HAHNER, June E. A mulher brasileira e suas lutas sociais e políticas: 1850-1937. São Paulo: Brasiliense, 1981.

HALLEWELL, Laurence. (2005). O livro no Brasil: sua historia. São Paulo : Edusp, 2055.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

ITAQUI, Antônio Carlos de Oliveira. Nísia Floresta: ousadia de uma feminista no Brasil do século XIX. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura Plena em História, do Departamento de Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2013.

KARAWEJCZYK, Monica. Mulher Deve Votar? O Código Eleitoral de 1932 e a Conquista do Sufrágio Feminino através das páginas dos jornais Correio da Manhã e A Noite. São Paulo : Paco Editorial, 2019.

LEMES, Camila Assis. O jornal Familia e o debate sobre o voto feminino nos primeiros anos da república brasileira. XIV Encontro Regional de História. UEPR, 2014.

LUCA, Leonora de. A mensageira: uma revista de mulheres escritoras na modernização bra-sileira. 1999. 581 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Curso de Mestrado em Sociologia, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.

MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. O voto feminino do Brasil. Brasília : Edições Câmara, 2019.

MELO, Ezilda. Nísia Floresta: uma mulher à frente de seu tempo. Empório do Direito, 19 de novembro de 2015.

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MUZART, Zahidé Lupinacci (Org.). Escritoras brasileiras do século XIX: antologia. 2. ed. vol. II. Florianópolis: Editora Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000.

PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Pela liberdade das mulheresMais! Folha de São Paulo, 10 de setembro de 1995.

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RIBEIRO, Antônio Sérgio. A mulher e o voto. São Paulo: ALESP, 2012.

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Site Insider

Site Superior Tribunal Eleitoral

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TRINDADE, Hélgio; NOLL, Maria Izabel. Subisídios para a história do Parlamento Gaúcho (1890-1937). Porto Alegre : CORAG, 2005.

Wikipedia

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI e série “Feministas, graças a Deus!” XII – A 1ª Conferência pelo Progresso Feminino

Hoje a Brasiliana Fotográfica encerra a série 1922, Hoje, há 100 anos com a publicação do artigo 1ª Conferência pelo Progresso Feminino e o “bom” feminismo, de autoria da antropóloga Maria Elizabeth Brêa Monteiro, do Arquivo Nacional, uma das instituições parceiras do portal.  A série surgiu ancorada em dois eventos: a Semana de Arte Moderna, em São Paulo; e a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro. Ao longo de 2022, foram publicados 11 artigos abordando alguns dos mais significativos acontecimentos no país, que completaram 100 anos. O movimento feminista não poderia deixar de estar representado. A 1ª Conferência pelo Progresso Feminino aconteceu entre 19 e 23 de dezembro, no edifício Silogeu, do Instituto dos Advogados, no centro do Rio de Janeiro, e em Petrópolis. É também o décimo segundo artigo da série “Feministas, graças a Deus”.

 

 

 

1ª Conferência pelo Progresso Feminino e o “bom” feminismo

Maria Elizabeth Brêa Monteiro*

 

As duas primeiras décadas do século XX foram marcadas, no Brasil e no mundo, por eventos decisivos que repercutem, de diferentes formas, nos dias de hoje. A 1ª Guerra Mundial, a Revolução Comunista e seus desdobramentos mudaram o curso da história e a forma como se passou a refletir sobre o futuro.

No Brasil, o novo século se fez sentir pela busca de ares civilizados para uma República recente, ainda muito balizada por valores e traços escravagistas. Uma ampla reforma urbana foi iniciada com o objetivo de dar à capital do país uma nova imagem sintonizada com os valores europeus da Belle Époque. Velhos edifícios e cortiços foram demolidos afastando a população pobre do centro da cidade. Um extenso programa de alargamento das ruas na área central e a canalização de alguns dos principais rios compunham o programa de saneamento básico. Contudo, essas transformações urbanas não conseguiram alijar o caráter conservador de uma sociedade que se pretendia moderna sem renunciar a seus privilégios.

 

Acessando o link para as imagens da 1ª Conferência pelo Progresso Feminino disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Nesse contexto, o ano de 1922 teve um caráter insigne. A par da realização da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, foi organizada, no Rio de Janeiro, a Exposição do Centenário da Independência. A ideia de apresentar ao mundo uma nação moderna, respeitada entre as demais, com laços diplomáticos que se estendiam por todo o globo e integrada aos progressos e tecnologias de sua época, norteou as festas do Centenário da Independência do Brasil. Para a abertura da exposição, foram aceleradas as obras de desmonte do Morro do Castelo e do aterro da Praia de Santa Luzia, abrindo espaço para os palácios e pavilhões que apresentavam as vistosas construções e os avanços industriais do Brasil e de outras nações.[1]

 

 

Paralelamente, outros eventos, de natureza não tão comemorativa, ocorreram em 1922. O movimento tenentista e a fundação do Partido Comunista no Brasil acenavam para problemas políticos, para a constituição de um proletariado urbano e um adensamento da camada pobre da população que se apresentavam como novos atores da arena política.[2] O ano também foi pontuado pelo crescimento do feminismo e pela criação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, entidade presidida por Bertha Lutz até 1942, tendo como principal bandeira de luta a conquista do sufrágio universal, bandeira esta apresentada desde a instauração da República, mas que foi negada pelo Congresso Constituinte em 1891.[3]

 

 

Durante a década de 1920 a reivindicação pelo voto feminino se intensificou. De acordo com June Edith Hahner:

“Como o descontentamento político e os protestos contra a oligarquia arraigada cresciam, tornava-se maior a possibilidade de direito ao voto feminino encontrar seu lugar em meio às exigências de reforma eleitoral da classe média urbana.”[4]

Após a participação de Bertha Lutz como delegada oficial do Brasil na I Conferência Panamericana de Mulheres, realizada em Baltimore, Estados Unidos, é fundada, a 19 de agosto de 1922, a Federação Brasileira das Ligas pelo Progresso Feminino que, dois anos depois, passou a se chamar Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), com sede no Rio de Janeiro.

Bertha, em sua viagem aos Estados Unidos representava a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher (LEIM), concebida para estudar os diferentes aspectos do movimento feminista e lutar pelos direitos femininos. Cabe mencionar que a sua participação no evento norte-americano é considerada por alguns autores, como June Hahner, um novo rumo para o movimento feminista, abrindo espaço para temas como bem-estar das crianças, a questão do trabalho feminino nas indústrias, o tráfico de mulheres, a educação feminina e o estatuto político e civil das mulheres, o que ensejou a elaboração de um novo estatuto para a Liga cujos objetivos abarcaram a emancipação feminina em todos os níveis desde a promoção da educação até a proteção às mães e a infância; a proteção para o trabalho feminino; a orientação para profissões; a conquista de direitos civis e políticos e a manutenção da paz mundial.[5]

Nessa conferência, quando se reuniram cerca de 2.000 mulheres, Bertha estreitou os laços com Carrie Chapman Catt, fundadora da Associação Nacional do Sufrágio Feminino dos Estados Unidos e presidente da recém-criada Associação Pan-Americana de Mulheres para a qual Bertha Lutz foi indicada vice-presidente.

 

 

Carrie Catt, que visitava um país sul-americano pela primeira vez, foi a personalidade estrangeira mais prestigiada durante a I Conferência pelo Progresso Feminino, realizada de 19 a 23 de dezembro no edifício Silogeu, do Instituto dos Advogados, no centro do Rio de Janeiro e em Petrópolis. Bertha, em seu discurso de saudação, dirige-se a Carrie como a “valorosa pregoeira do sufrágio feminino” que vem ao Brasil para exortar a “união de todas as mulheres em prol de grandes ideaes que devem congregar-nos para o bem, senão para a salvação da humanidade.”[6] A conferência contou também com a participação da escritora, jornalista, iluminista, abolicionista, defensora da educação e das ideias feministas Julia Lopes de Almeida[7] como presidente de honra.

 

 

Como presidente da conferência Bertha enviou farta correspondência a autoridades estrangeiras e de instituições brasileiras no sentido de prestigiarem o evento destinado a “deliberar questões de ensino e instrução feminina, oportunidades de ação, condições de trabalho e carreiras abertas à mulher, métodos de evidenciar o seu desenvolvimento e progresso, assistência e proteção à mesma, bem como o seu papel como fator no lar e na comunidade, suas funções e responsabilidade na vida dos povos, na elevação dos ideais do mundo civilizado, na aproximação das nações e na manutenção da paz”.[8]

A conferência contou com uma significativa delegação brasileira, representando Pernambuco, Paraíba, Bahia, Sergipe, Pará, Santa Catarina, Amazonas, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Paraná, além de entidades como a Cruzada Nacional contra a Tuberculose; o Centro Social Feminino; a Liga de Professores; a Cruz Vermelha; a Legião da Mulher Brasileira; a União dos Empregados do Comércio. Marcou presença também Nair Coimbra, filha do vice-presidente da República Estácio Coimbra, senadores, deputados, médicos e advogados. As representações estrangeiras emprestaram uma atenção especial da imprensa que noticiou praticamente todos os dias da conferência, informando sobre o programa a ser seguido, temas abordados e palestrantes das sessões.[9] Vieram ao Brasil para o evento, além de Carrie Chapman, Elisabeth Babcock e Anita van Lennep (EUA), Rosette Susana Anus (Holanda), Ana de Castro Osório (presidente da Associação Feminina de Portugal)[10], srta. Pidgeon (Departamento Nacional de Agricultura de Washington), sra. Abels (Liga pelas Relações Pacíficas Internacionais).

 

 

Para a conferência, que buscava dar visibilidade internacional para o Brasil como um país afinado às formas progressistas e libertárias da modernidade, entre as quais poderiam ser enquadradas as recentes e tímidas demandas feministas da Federação, foram constituídas seis comissões, a saber: ensino e instrução; carreiras apropriadas à mulher; direito da mulher; indústria; comércio e profissões liberais; assistência às mães e à infância.[11]

 

 

A tese geral da conferência foi “a colaboração da Liga pelo Progresso Feminino na educação da mulher no bem social e aperfeiçoamentos humanos” e apresentava como um de seus objetivos “deliberar sobre questões práticas de ensino e instrução feminina”. Assim, o tema educação configurou-se como transversal da conferência. A inclusão social das mulheres no espaço público por meio da educação as tornava mais capazes de pleitear o direito ao voto, incrementava os direitos sociais e políticos de uma parcela significativa da população que havia sido historicamente excluída da esfera pública. [12] Da Comissão de Educação e Instrução foi integrante Carneiro Leão, diretor de Instrução Pública do Distrito Federal, Esther Pedreira de Mello; Benevenuta Ribeiro, diretora da Escola Profissional Feminina Rivadávia Correa; Maria Xaltrão Gaze, diretora da Escola de Aplicação; delegadas da Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal; Branca Canto de Mello pela Liga Paulista pelo Progresso Feminino e os deputados José Augusto e Tavares Cavalcante.[13] Os temas de discussão selecionados foram ensino primário; ensino profissional, doméstico e agrícola; educação cívica; ensino secundário e superior.

Em seu discurso de 23 de dezembro de 1922, Anna Cesar, presidente da Legião da Mulher Brasileira destaca a instrução como “o principal veículo da propaganda feminista no Brasil, a fim de podermos vencer as barreiras dos mal-entendidos preconceitos e de outros prejuízos gerados da ignorância.”[14]

 

 

Outros temas tiveram espaço durante a conferência, como assistência à infância, ensino doméstico que “compreende essencialmente, e sobretudo, a cozinha e o arranjo de casa, os cuidados com que as crianças devem ser tratadas assim como as pessoas de casa, e o conhecimento de tudo que pode tornar agradável e confortável o interior de uma casa”[15] ou questões de eugenia relativas ao casamento apresentadas pelo dr. Renato Kehl [16] Nos trabalhos sobre o papel da mulher no comércio, na indústria, na lavoura e no funcionalismo, o Jornal do Brasil, em sua edição de 22 de dezembro, noticia que “tomaram parte, com muito brilhantismo, as senhoritas Carmen Cunha e Nair Braga das casas A Pompéa e A Capital, como delegadas da União dos Empregados do Commercio do Rio de Janeiro, defendendo uma tese apresentada pela associação de classe.”

O segundo dia da conferência teve como destaque a fundação da Aliança Brasileira pelo Sufrágio Feminino, na sessão Direitos da Mulher, com o intuito de se dedicar, unicamente, pela aprovação do voto feminino. O senador Justo Chermont, autor do projeto que estava sendo analisado no Senado em prol do sufrágio feminino, foi homenageado nessa sessão, inclusive por Carrie Chapman.[17]

O dia 22 de dezembro concentrou as últimas reuniões dos grupos de trabalho. A última palestra intitulada “O papel da mulher na civilização” foi ministrada por Carrie Chapman Catt, em sessão presidida pelo senador Lauro Muller. Em sua palestra, Chapman lembrou que nas democracias o governo é do povo e o povo compreende também a mulher, ressaltando o papel desta na evolução social, defendendo a intervenção da mulher na vida pública e afirmando que seria o Brasil na América do Sul o primeiro país a conceder-lhe direito.[18]

 

 

Ao longo da conferência uma série de eventos sociais recepcionaram participantes e organizadores. Aproveitando a realização da Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizou-se uma visita ao pavilhão da Noruega. Um passeio a Teresópolis também foi oferecido.

 

 

No encerramento, foram proferidos discursos por Evaristo de Moraes, que pediu o auxílio da mulher na “propaganda humanitária e moral da sociedade com processos mais inteligentes que os que vigoram”, por Lopes Gonçalves, que falou longamente sobre a constitucionalidade do direito de voto da mulher e prometeu bater-se por ele, na tribuna popular, no jornalismo e no Parlamento; e por Lauro Müller, que aconselhou as entusiastas dos direitos políticos da mulher a conquistarem esses direitos pela ação e pelo trabalho, demonstrando aos homens que mereceriam esses direitos pela educação e “pelo seu próprio valor”.[19]

 

 

Mesmo com ambiguidades presentes no movimento feminista, também percebidos durante a I Conferência, as mulheres iam introduzindo mudanças nos mecanismos de conquista de direitos. Empunhando, assim, a bandeira do voto feminino, rumava-se, na estratégia de Bertha e suas companheiras de Federação, de maneira cordial para a defesa da emancipação da mulher e a conquista de direitos. Essa postura, identificada por alguns pesquisadores, com um “feminismo bem-comportado”[20], voltado para os anseios das mulheres das classes média e alta, de alguma forma se contrapunha ao feminismo sustentado por Maria Lacerda de Moura, tido como “mal-comportado” ao atentar para os direitos das trabalhadoras das classes baixas e para a liberdade sexual.[21]

Os temas escolhidos para serem debatidos na conferência, isto é, a forma como a questão da emancipação feminina estava sendo pensada pelo grupo, expõem as estratégias utilizadas e que acabaram por consolidar a imagem de representantes no Brasil. Mudar a visão da sociedade brasileira em relação à mulher considerada a “rainha do lar”, debater sobre a formação do magistério, a nacionalização do ensino público, o acesso da mulher ao mercado de trabalho e igualdade salarial orientavam essa atuação. A questão da cidadania constituía-se no debate em torno de direitos civis, que englobava o acesso ao voto e ao divórcio, maternidade, igualdade salarial e proibição do trabalho noturno às mulheres, e se misturavam com perspectivas de proteção e de conquista de direitos.[22] As deliberações da conferência revelam uma estratégia conciliadora de assegurar um lugar no espaço público, sem afetar o papel da mulher no seio familiar. A tática era sensibilizar os homens nos cargos de poder a aceitarem suas demandas, denotando o “bom” feminismo.[23]

 

* Maria Elizabeth Brêa Monteiro é antropóloga do Arquivo Nacional

 

[1] Ver a exposição virtual “O Rio do morro ao mar” em http://exposicoesvirtuais.an.gov.br/index.php/galerias/10-exposicoes/178-o-rio-do-morro-ao-mar.html

[2] Ver http://querepublicaeessa.an.gov.br/serie-especial-independencia/333-o-centenario-em-1922.html

[3] Ver a matéria 1922 – hoje, há 100 anos – a fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, de autoria de Andrea C.T. Wanderleypublicada no portal Brasiliana Fotográfica. Disponível em https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?tag=federacao-brasileira-pelo-progresso-feminino

[4] HAHNER, June Edith. Emancipação do sexo feminino: a luta pelos direitos da mulher no Brasil, 1850-1940. Florianópolis: Ed. Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003. p.269.

[5] KARAWEJCZYK, Monica. O Feminismo em Boa Marcha no Brasil! Bertha Lutz e a Conferência pelo Progresso Feminino. Revista Estudos Feministas, v. 26, núm. 2, 2018. Disponível em https://www.redalyc.org/jatsRepo/381/38156079025/html/index.html#B12

[6] Ver BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_03_d0001, p.1.

[7] Julia participou das primeiras reuniões para a fundação da Academia Brasileira de Letras. Apesar de sua importância como escritora, ela não pôde integrar a ABL uma vez que se optou por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a Academia Francesa, que serviu de modelo.

[8] Essa correspondência está reunida em BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_06_d0001 e BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_07_d0001.

[9] O Paiz, 16 dezembro 1922. P. 6

[10] Considerações sobre projetos, redes de sociabilidade do feminismo foram objeto da correspondência entre Bertha e Ana Castro. Essas cartas, que compõem o fundo Federação Brasileira para o Progresso Feminino, do Arquivo Nacional, foram publicadas em “A propaganda feminista luso-brasileira: as cartas de Ana de Castro Osório a Bertha Lutz” de autoria de Eduardo da Cruz e Andreia Monteiro de Castro. Disponível em https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/navegacoes/article/view/32139/17814. Ana de Castro Osório publicou, em 1905, Às Mulheres Portuguesas, o primeiro manifesto feminista português.

[11] Ver Programa da Conferência pelo Progresso Feminino. Fundo FBPF, Arquivo Nacional. BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_01_d0001

[12] Ver Relatório dos trabalhos realizados pela Comissão de educação e ensino. Fundo FBPF, Arquivo Nacional. BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_02_d0001

[13] BONATO, Nailda Marinho da Costa. O Fundo Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Uma fonte múltipla para a história da educação das mulheres. Acervo, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1-2, jan.-dez. 2005, p. 131-146. Disponível em https://revista.an.gov.br/index.php/revistaacervo/%20article/view/189

[14] Ver BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_03_d0001, p.6.

[15] A escola doméstica. Traduzido e compilado por Guilhermina Sassetti Noellner e dedicado a Lydia de Rezende. Fundo FBPF, Arquivo Nacional. BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_03_d0001, p. 59-72.

[16] Ver BR_RJANRIO_Q0_ADM_EVE_CNF_TXT_0002_v_05_d0001, p. 24-33.

[17] KARAWEJCZYK, Monica. O Feminismo em Boa Marcha no Brasil! Bertha Lutz e a Conferência pelo Progresso Feminino. Revista Estudos Feministas, vol. 26, núm. 2, 2018. Disponível em https://www.redalyc.org/jatsRepo/381/38156079025/html/index.html#B12

[18] O Paiz, 24 de dezembro de 1922.

[19] O Paiz, 24 de dezembro de 1992. P. 6

[20] Rachel Soihet, em artigo publicado na Revista Brasileira de Educação, em 2000, emprega o termo “feminismo tático” para descrever a forma conciliadora de atuação das federalistas. Disponível em https://www.scielo.br/j/rbedu/a/mJxm348crdgLd4mgqnwMHcd/?format=pdf&lang=pt

[21] Dultra, Eneida Vinhaes Bello. Direitos das mulheres na Constituinte de 1933-1934: disputas, ambiguidades e omissões. Tese em Direito, Estado e Constituição. UnB, 2018. Disponível em https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/34535/1/2018_EneidaVinhaesBelloDultra.pdf

[22] Fraccaro, Glaucia Cristina Candian. Uma história social do feminismo – Diálogos de um campo político brasileiro (1917-1937). Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 31, nº 63, p. 7-26, janeiro-abril 2018, p. 18. Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/71642

[23] KARAWEJCZYK, Monica. O Feminismo em Boa Marcha no Brasil! Bertha Lutz e a Conferência pelo Progresso Feminino. Revista Estudos Feministas, vol. 26, núm. 2, 2018. Disponível em https://www.redalyc.org/jatsRepo/381/38156079025/html/index.html#B12

 

Links para os artigos já publicados da Série 1922 – Hoje, há 100 anos

Série 1922 – Hoje, há 100 anos I – Os Batutas embarcam para Paris, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 29 de janeiro de 2022

Série 1922 – Hoje, há 100 anos II- A Semana de Arte Moderna, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 13 de fevereiro de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos III – A eleição de Artur Bernardes e a derrota de Nilo Peçanha, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 1º de março de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IV – A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 17 de junho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos V – A Revolta do Forte de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 5 de julho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VI – A fundação da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 9 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VII – A morte de Gastão de Orleáns, o conde d´Eu (Neuilly-sur-Seine, 28/04/1842 – Oceano Atlântico 28/08/1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 28 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 7 de setembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IX – O centenário do Museu Histórico Nacional, de autoria de Maria Isabel Lenzi, historiadora do Musseu Histórico Nacional, publicado em 12 de outubro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos X – A morte do escritor Lima Barreto (1881 – 1922), de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 1º de novembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

Série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI e série “Feministas, graças a Deus!” XI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino

O assunto do sexto artigo da Série 1922 – Hoje há 100 anos e do décimo primeiro artigo da série Feministas, graças a Deus, é a fundação, em 9 de agosto de 1922, da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), iniciativa vinculada ao movimento sufragista internacional, principal objetivo do feminismo no início do século XX. As outras reivindicações feministas eram, em resumo, a igualdade entre os sexos e a independência da mulher. A existência da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino foi fundamental para o processo de emancipação das mulheres no Brasil.

 

 

Ainda em 1922, em dezembro, a FBPF promoveu o I Congresso Internacional Feminista no Rio de Janeiro e recebeu a medalha de ouro na Exposição Internacional do Centenário da Independência (Revista da Semana, 2 de julho de 1932). Bertha Lutz  (1894 – 1976)Carmen Portinho (1903 – 2001), Jeronyma Mesquita (1880 – 1972) e Stella de Carvalho Guerra Duval (1879 – 1971) foram algumas das fundadoras da entidade, que sucedeu a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher e a Liga pelo Progresso Feminino. Eram mulheres com excelente escolaridade e conheciam as direções dos movimentos feministas tanto na Europa como nos Estados Unidos.

 

Acessando o link para as fotografias  relacionadas ao feminismo no Brasil disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Bertha Lutz, cuja biografia confunde-se com a história da FBPF, e Stella de Carvalho Guerra Duval foram designadas presidente e vice-presidente, respectivamente; a secretaria geral coube a Valentina Biosca (? -?) e a segunda secretaria a Esther Salgado Monteiro (?-?). A tesouraria ficou a cargo de Corina Barreiros (? -?) e a escritora Júlia Lopes de Almeida (1862 – 1934) foi eleita presidente de honra da federação.

 

fbpf

 

Em seu início, as reuniões da FBPF ocorriam nas residências das sócias, já que a entidade não tinha sede própria. Sua primeira sede ficava na avenida Rio Branco, 117 (Revista da Semana, 2 de julho de 1932).

 

 

No fim dos anos 20, a FBPF reunia várias associações profissionais de mulheres e possuía núcleos em vários estados, com destaque para os de Alagoas, sob a direção de Lili Lages (1907 – 2003), primeira mulher eleita deputada da Assembleia Legislativa de Alagoas, em 1934; da Bahia, dirigido por Maria Luísa Dória Bittencourt (1910 – 2001), primeira deputada estadual da Bahia, em 1935; de Minas Gerais, pela advogada Elvira Kommel (1906 – 1932); e de Pernambuco, por Nícia Sá Pereira.

Houve, durante os cerca de 15 anos da entidade, uma cisão, em 1930, devido a divergências entre Bertha Lutz e a advogada gaúcha Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993) em relação a questões de engajamento partidário. Natércia saiu da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e fundou a Aliança Nacional de Mulheres, no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1931. A entidade era mobilizada pelo tema do trabalho e foi registrada em 7 de março do mesmo ano.

 

 

A FBPF liderou conquistas como a criação da União Universitária Feminina, em 13 de janeiro de 1929, sob a presidência de Carmen Portinho (1903 – 2001); as leis de proteção à mulher e à criança; o ingresso de meninas no Colégio Pedro II, a equiparação da Escola Normal aos cursos secundários oficiais e o voto feminino.

 

A Noite, 14 de janeiro de 1929A Noite, 14 de janeiro de 1929

 

Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932 instituiu o Código Eleitoral Provisório e reconheceu o direito de voto às mulheres.

 

 

Com a instauração do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, Bertha Lutz foi se afastando da FBPF e a entidade perdeu sua força. Em 1940, a escritora e declamadora Maria Sabina de Albuquerque (1898 – 1991) passou a presidi-la.

 

 

 

Pequeno perfil de algumas das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino

 

Bertha Lutz (1894 – 1976) foi um dos principais nomes do feminismo no Brasil. Em 1932,  foi uma das duas mulheres nomeadas para integrar a comissão para elaborar o ante-projeto da nova Constituição – a outra foi a advogada Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993).

 

 

Em 1936, Bertha, bióloga por formação, assumiu o mandato de deputada na Câmara Federal. Sempre ocupou importantes cargos públicos, dentre eles a chefia do setor de Botânica do Museu Nacional, cargo no qual se aposentou em 1964. Em agosto de 1965, recebeu o título de professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua vida sempre esteve ligada à ciência e à luta pela emancipação da mulher. Nasceu em São Paulo, em 2 de agosto de 1894, filha da enfermeira inglesa Amy Marie Gertrude Fowler (1869 – 1922 ) e do cientista e pioneiro da Medicina Tropical, Adolpho Lutz (1855 – 1940). Faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1976.

 

Carmen Velasco Portinho (1903 – 2001) nasceu em Corumbá, no Mato Grosso, em 26 de janeiro de 1903, e foi uma militante das causas feministas como o sufrágio feminino, além de ativista pela educação das mulheres e pela valorização do trabalho feminino fora da esfera doméstica, tendo sido uma das primeiras mullheres a se formar em Engenheira Civil (1925) e a primeira a obter o título de urbanista (1939) no Brasil.

 

 

Sempre na vanguarda, foi uma mulher graciosa, cheia de energia, culta, inteligente, dinâmica, tenaz, considerada simpática e afável. E, segundo a própria, apesar de ter tido uma vida de muito trabalho, sempre se divertiu. Viveu quase todo o século XX, tendo falecido em 25 de julho de 2001.

 

A enfermeira Jerônima Mesquita (1880 – 1972) e Stella de Carvalho Guerra Duval (1879 – 1971) eram muito amigas e participaram juntas de diversos projetos além da FBPF.

Jerônima era mineira de Leopoldina. Trabalhou como voluntária da Cruz Vermelha na França e na Suíça durante a Primeira Guerra Mundial. Durante a Gripe Espanhola, já de volta ao Brasil, como associada da entidade Damas da Cruz Verde, ao lado de sua mãe, a baronesa do Bonfim, e de sua amiga Stella de Carvalho Guerra Duval, coordenou a assistência às vítimas da pandemia, no Rio de Janeiro, improvisando enfermarias de emergências dentro dos hospitais cariocas. Cerca de 14 senhoras da sociedade carioca faziam parte do grupo Damas da Cruz Verde.

Foi a partir dessa experiência que surgiu o projeto de criação da Pró-Matre, cuja fundação aconteceu na casa da família Duval, em 1º de abril de 1918, com a presença de Jerônima, da promotora cultural e feminista Laurinda Santos Lobo (1878 – 1946) e da escritora e também feminista Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (1886 – 1963), dentre outras mulheres, além do ginecologista e obstetra Fernando Magalhães (1871-1944) e do marido de Stella, o fotógrafo amador, barítono e poeta Fernando Guerra Duval (18? – 1959), com que havia se casado em 1º de dezembro de 1908. Formavam um casal muito popular e frequentavam os salões mais requintados e intelectualizados do Rio de Janeiro, além de terem sido festejados anfitriões de muitas festas e reuniões em seu palacete na rua Barão de Itambi, em Botafogo (O Imparcial, 31 de julho de 1935, terceira colunaIllustração Brasileira, janeiro de 1939).

 

 

Voltando à Pró-Matre. A primeira maternidade foi inaugurada em 9 de fevereiro de 1919, em um casarão na avenida Venezuela, cedido por Venceslau Brás (1868 – 1966), presidente da República. Stella foi tesoureira da entidade por quase vinte anos e sua presidente perpétua (O Paiz, 4 de dezembro de 1908, segunda colunaO Jornal, 5 de dezembro de 1951, segunda colunaO Cruzeiro, 12 de novembro de 1955).

 

 

Em 1919, Jerônima e Stella com Bertha Lutz, a escritora Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (1886 – 1963), a educadora Maria Lacerda de Moura (1887 – 1945), Isabel Imbassahy Chermont, a escritora Júlia Lopes de Almeida (1862 – 1934), Valentina Biosca, Esther Salgado Monteiro e Corina Barreiros criaram a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher. Em 1922, foi substituída pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

 

 

Jerônima fundou, em 1920, a Federação das Bandeirantes do Brasil e foi sua primeira presidente, tendo, devido à sua dedicação, sido homenageada com o título de Chefe Fundadora do Movimento Bandeirante brasileiro. Participou também da fundação da Associação Brasileira de Educação (1924) e da criação do Conselho Nacional das Mulheres (1947). Foi uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino, participando ativamente do movimento sufragista de 1932.

Em 1926, quando Madame Curie e sua filha, Irène Joliot-Curie (1897 – 1956) visitaram o Brasil, tanto Jerônima como Stella as receberam. Na ocasião, Jerônima presidia o Conselho Nacional de Mulheres (O Paiz, 31 de janeiro de 1926, quarta coluna). A cientista compareceu a uma reunião das senhoras da comissão de recepção organizada pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, na casa da tesoureira da instituição, Stella de Carvalho Guerra Duval (1879 – 1971)(O Paiz, 11 de agosto de 1926, quarta coluna). Houve também uma recepção oferecida pela baronesa de Bonfim (1862-1953) e por Jerônima. Entre os presentes, os ministros Félix Pacheco (1879 – 1935), Miguel Calmon (1879 – 1935) e Edmundo da Veiga (1869 – 1946), o prefeito do Rio de Janeiro, Alaor Prata (1882 – 1964), além de embaixadores, diplomatas, acadêmicos, enfim personalidades importantes de diversos setores da sociedade ( O Paiz, 7 de agosto de 1926, quarta coluna e Revista da Semana, 7 de agosto de 1927). Lembramos que Carmen Portinho e Bertha Lutz eram integrantes da comissão de senhoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino responsável pela programação da cientista e de sua filha, no Rio de Janeiro.

Em homenagem a Jerônima, o dia 30 de abril, data de seu nascimento, em 1880, é o Dia Nacional da Mulher, instituído pela Lei nº 6.791, de 9 de junho de 1980. Faleceu, em 10 de dezembro de 1972, no Rio de Janeiro (Jornal do Brasil, 11 de dezembro de 1971).

Stella de Carvalho Guerra Duval nasceu em 1º de dezembro de 1879 e faleceu em 2 de fevereiro de 1971, no Rio de Janeiro (Jornal do Brasil, 3 de fevereiro de 1971, última coluna).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BARRETO, Maria Renilda Nery. Pro Matre: arquivo e fontes para a história da maternidade no Rio de Janeiro, 2011.

DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. Coordenação de textos de Carla Bassanesi. São Paulo: Contexto, 1997

DEL PRIORI, Mary. História e conversas de mulher. São Paulo: Planeta Brasil, 2014

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

HEYNEMANN, Claudia; RAINHO, Maria do Carmo. Memória das lutas feministas in Brasiliana Fotográfica, 8 de agosto de 2017.

PINTO, Celi Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo (coleção história do povo brasileiro) 2003.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

Site Mulher 500 anos atrás dos panos

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

Links para os artigos já publicados da Série 1922 – Hoje, há 100 anos

Série 1922 – Hoje, há 100 anos I – Os Batutas embarcam para Paris, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 29 de janeiro de 2022

Série 1922 – Hoje, há 100 anos II- A Semana de Arte Moderna, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 13 de fevereiro de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos III – A eleição de Artur Bernardes e a derrota de Nilo Peçanha, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado em 1º de março de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IV – A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 17 de junho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos V – A Revolta do Forte de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicada em 5 de julho de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VII – A morte de Gastão de Orleáns, o conde d´Eu (Neuilly-sur-Seine, 28/04/1842 – Oceano Atlântico 28/08/1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 28 de agosto de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 7 de setembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos IX – O centenário do Museu Histórico Nacional, de autoria de Maria Isabel Lenzi, historiadora do Musseu Histórico Nacional, publicado em 12 de outubro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série 1922 – Hoje, há 100 anos X –  A morte do escritor Lima Barreto (1881 – 1922), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, publicado em 1º denovembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica

Série 1922 – Hoje, há 100 anos XI – 1ª Conferência pelo Progresso Feminino e o “bom” feminismo, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, antropóloga do Arquivo Nacional, publicado em 19 de dezembro de 2022, na Brasiliana Fotográfica.

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a primeira deputada da Bahia

 

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia

“Quando a fina silhueta de Maria Luiza Doria Bittencourt assomou à tribuna para os dez minuros da prova de eloquência, todo o auditório sentiu que se achava ali diante de um especimen novo de individualidade feminina, o expoente de uma nova concepção de Eva moderna: a mulher valor-intelectual”.

Maria Eugênia Celso Caneiro de Mendonça

sobre Maria Luiza Dória Bittencourt

Jornal do Brasil, 16 de outubro de 1929

 

A imagem abaixo pertence ao acervo fotográfico do Arquivo Nacional, uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica.

 

 

A advogada e feminista Maria Luiza Dória Bittencourt nasceu em Paripe, subúrbio de Salvador, em 1910, filha de Luiz de Lima Bittencourt e Isaura Dória Bittencourt. Estudou no Rio de Janeiro, para onde se mudou com sua família e residia em um palacete na Praia Vermelha. Na década de 20, já era filiada à Federação Brasileira para o Progresso Feminino e à União Universitária Feminina, presididas por Bertha Lutz (1894 – 1976) e Carmen Portinho (1903 – 2001), respectivamente.

Em 1929, venceu a etapa do Rio de Janeiro de um concurso de oratória promovido pelo Instituto dos Advogados, cujo tema foi a Constituição Federal. Foi a única mulher entre os seis finalistas da etapa nacional, e ficou em segundo lugar no concurso, cujo vencedor foi o acadêmico mineiro Jovert de Souza Lima.

Foi uma das fundadoras, com a feminista e poetisa Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971), presidente da associação, e o teatrólogo Paschoal Carlos Magno  (1906 – 1980), dentre outros, da Casa do Estudante do Brasil, em 13 de agosto de 1929.

Participou do Congresso Penal Penitenciário Brasileiro, realizado, no Rio de Janeiro, entre 15 e 22 de junho de 1930, quando apresentou a tese Reformatório de Mulheres Criminosas. A mesma tese foi apresentada no 10º Congresso Penitenciário e Penal Internacional, em Praga, em agosto do mesmo ano.

Formou-se, em 1931, na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, onde havia ingressado, em 1927, e foi, anos depois, em 1942, a primeira colocada no concurso para a livre-docência em Legislação do Trabalho e Direito Industrial da instituição, tornando-se a primeira mulher docente da história da referida faculdade.

Apoiada pelo grupo do então interventor da Bahia, Juracy Magalhães (1905 – 2001), concorreu a uma vaga de deputada estadual, em 14 de outubro de 1934. Pouco antes, em agosto, havia sido realizada, em Salvador, a Segunda Convenção Feminista, promovida pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Durante o evento foi recomendado aos partidos nomes de mulheres a candidatas às constituintes estaduais e dado apoio a candidatos comprometidos com os interesses femininos.

 

 

Elegeu-se como primeira suplente de Humberto Pacheco Miranda, que havia sido prefeito de Cachoeira, município baiano. Em 6 maio de 1935, assumiu o mandato, tornando-se a primeira deputada estadual baiana e uma das primeiras do Brasil, após o Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que instituiu o Código Eleitoral Provisório e reconheceu o direito de voto às mulheres. Outras pioneiras foram Carlota Pereira de Queiróz (1892 – 1992), em São Paulo; Bertha Lutz (1894 – 1976), no Rio de Janeiro; Lili Lages (1907 – 2003), em Alagoas; Quintina Diniz de Oliveira (1878 – 1942), em Sergipe; e Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), no Amazonas. Todas as citadas foram eleitas em 1934, exceto Carlota Pereira de Queiróz, eleita em 1933.

Em janeiro de 1936, Maria Luiza seguiu para os Estados Unidos por ter ganho o prêmio Fellowship da Universidade Radcliffe. Retornou ao Brasil em julho do mesmo ano e, em dezembro, integrou a delegação brasileira que foi à Conferência Interamericana de Consolidação da Paz, em Buenos Aires. Durante o evento, proferiu um discurso e sua participação foi muito festejada e elogiada pela imprensa.

Durante seu mandato como deputada estadual da Bahia, Maria Luiza integrou o grupo responsável pela elaboração do texto constitucional e foi a relatora dos capítulos da Educação e Ordem Econômica e Social. Em 1937, apoiou a candidatura de José Américo de Almeida (1887 – 1980) à Presidência da República, tendo participado da Convenção dos delegados apoiadores do governo, no Palácio Monroe. Recepcionou o candidato em sua viagem à Bahia.

Segundo o Dicionário Mulheres do Brasil, foi de Maria Luiza a última voz que se manifestou na Assembléia Legislativa do Estado da Bahia em um discurso na defesa da democracia, antes do fechamento do legislativo determinado pela instauração do Estado Novo, pelo presidente Getulio Vargas (1882 – 1954), em 10 de novembro de 1937.

Em 1938, tinha um escritório de advocacia, na rua da Quitanda, no centro do Rio de Janeiro, com a feminista sergipana Maria Rita Soares Andrade (1904 – 1998), que se tornaria, em 1967, a primeira juíza federal do Brasil. Continuava ligada às atividades da Federação Brasileira pelo Progresso da Mulher, da União Universitária Feminina e da Casa do Estudante do Brasil.

Provavelmente, casou-se em torno de 1943, pois em uma reportagem de janeiro de 1944 foi identificada como Maria Luiza Dória Bittencourt Mello Neto.

Em 1945, com Natércia da Cunha Silveira (1903 – 1993)Carmen Portinho  e Maria Rita Soares de Andrade, foi uma das organizadoras de uma coligação democrática para apoiar a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes (1896 – 1981) à presidência da República, tendo sido uma das fundadoras da UDN – União Democrática Nacional.

Em 19 de janeiro de 1947, concorreu a uma vaga de vereadora do Distrito Federal pela Esquerda Democrática, mas não se elegeu. No ano seguinte, foi noticiado que o Curso de Geografia Econômica, ministrado gratuitamente por ela, na sede do Partido Socialista Brasileiro, na rua Buenos Aires, 57, seria reiniciado.

Em 1954, morava em São Paulo e foi identificada em uma matéria do Jornal do Brasil como advogada, esposa e mãe exemplar. Em fins da década de 60, como integrante do Conselho Patrimonial da Casa do Estudante do Brasil, foi uma das oradoras na comemoração dos 40 anos da entidade, marcada pela reinauguração da Biblioteca Artur Ramos e pela realização de um Almoço de Confraternização Universitária.

Em 1979, no auditório do MEC, Maria Luiza e o engenheiro L.A. Falcão Bauer fizeram palestras sobre o entrosamento profissional entre homens e mulheres dentro da programação da Segunda Reunião Latino-Americana de Mulheres Universitárias. Nove anos depois, em 1988, recebeu, na Associação Brasileira de Mulheres Universitárias, o diploma do Mérito Ruy Barbosa por ter sido a primeira mulher constituinte da Bahia.

Faleceu em 2001.

 

Cronologia de Maria Luiza Dória Bittencourt

 

 

1910 – Nascimento de Maria Luiza Dória Bittencourt, em Paripe, subúrbio de Salvador, capital da Bahia. Era filha de Isaura Dória Bittencourt e Luiz de Lima Bittencourt.  

1923 - Estudava na Escola Leitão da Cunha, no Rio de Janeiro, e participou do concurso Esther Pereira de Mello, promovido pela Escola Deodoro para a escolha, dentre as alunas que se destacaram em seus exames finais, da mais inteligente (Jornal do Commercio, 16 de dezembro de 1923, segunda coluna; e A Noite, 24 de dezembro de 1923, terceira coluna).

No final do ano, foi chamada para prestar exames de preparatório no Colégio Pedro II (Jornal do Brasil, 6 de dezembro de 1923, terceira coluna; e 24 de dezembro,primeira coluna de 1923).

1925 - Foi reprovada no exame de preparatória de Aritmética, no Colégio Pedro II (Jornal do Brasil, 19 de março de 1925, quinta coluna).

1926 – Na Bahia, falecimento de seu avô paterno, Valentim Antônio da Rocha Bittencourt (Jornal do Brasil, 9 de fevereiro de 1926, terceira coluna).

1927 – Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 30 de novembro de 1927, quarta coluna).

Na Seção Acadêmica da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Maria Luiza proferiu uma palestra sobre assuntos jurídicos (Jornal do Brasil, 23 de setembro de 1927, quarta coluna).

A escritora Rosalina Coelho Lisboa (1900 – 1975) foi coroada como Rainha dos Estudantes, no Teatro João Caetano. Maria Luiza foi uma das oradoras do evento, onde se encontrava todo o escol social do Rio de Janeiro, dentre eles o escritor Coelho Neto (1864 – 1934), considerado o Príncipe dos Prosadores Brasileiros, numa votação realizada no ano seguinte pela revista O Malho; e o teatrólogo, ator e poeta Paschoal Carlos Magno (1906 – 1980)(O Paiz, 24 de setembro de 1927, segunda coluna).

 

 

1928 - Foi um dos acadêmicos de Direito que assinaram uma mensagem enviada ao Congresso da Mocidade Católica de São Paulo (A Cruz, 26 de setembro de 1928, quinta coluna).

1929 - Ainda como estudante, foi secretária da União Universitária Feminina, fundada por Carmen Portinho (1903 – 2001), no Rio de Janeiro, em 13 de janeiro de 1929 (O Paiz, 14 de janeiro de 1929, terceira colunaO Imparcial, 15 de janeiro de 1929, primeira colunaGazeta de Notícias, 15 de janeiro de 1929, quarta colunaO Jornal, 3 de outubro de 1929, quinta coluna).

Era filiada à Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), fundada por Bertha Lutz (1894 – 1976), em 1922.

Com a tese As liberdades e as garantias constitucionais venceu o concurso de oratória realizado entre os alunos da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Concorreu com os acadêmicos Alvim Horcades Filho e Deocleciano Martins de Oliveira (Jornal do Brasil, 1º de setembro de 1929, quinta coluna; O Paiz, 31 de agosto de 1929, quarta coluna).

Integrando a celebração da Independência do Brasil promovida pela FBPF e pela a União Universitária Feminina, Maria Luiza proferiu o discurso Independência política, independência moral, na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, representando a União Universitária Feminina. Pela FBPF, proferiram discursos as duas vencedoras norte-americanas de um concurso de oratória realizado nos Estados Unidos. Participou do chá de despedida oferecido pela FBPF, no Pão de Açúcar, a essas estudantes (O Paiz, 7 de setembro, sexta coluna; 14 de setembro de 1929, penúltima coluna, de 1929).

Na casa de seu pai, dr. Lima Bittencourt, descrito como um palacete na Praia Vermelha, também ofereceu um chá ao grupo (Revista da Semana, 21 de setembro de 1929).

 

 

Por seu intermédio, o Instituto Histórico e Geográfico enviou vários livros para a Feira dos Livros. Foi fotografada participando do evento, em benefício da Casa do Estudante do Brasil, criada em 13 de agosto de 1929, da qual foi uma das fundadoras, assim como a importante poetisa e feminista Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971), presidente da associação, e o ator, poeta e teatrólogo Paschoal Carlos Magno  (1906 – 1980), dentre outros (Correio da Manhã, 24 de setembro de 1929, sétima coluna; Revista da Semana, 28 de setembro de 1929; Diário de Notícias, 2 de junho de 1940, quarta coluna; Annuario Brasileiro de Literatura, 1943; Tribuna da Imprensa, 9 de março de 1956Correio da Manhã, 14 de agosto de 1969, quarta coluna).

 

 

Uma curiosidade: Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça foi casada com Marcos Carneiro de Mendonça (1894 – 1988), goleiro do Fluminense e o primeiro goleiro da seleção brasileira. O casal teve quatro filhos e um deles foi Bárbara Heliodora (1923 – 2015), crítica teatral e uma das maiores especialistas em Shakespeare do Brasil.

 

 

Maria Luiza participou da Festa dos Balões, em prol da construção da Casa do Estudante do Brasil (Revista da Semana, 5 de outubro de 1929).

 

 

Maria Luiza foi uma das promotoras e discursou durante a programação da Festa da Primavera, organizada pela mocidade feminina carioca, realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O presidente Washington Luis (1869 – 1957) foi homenageado (O Paiz, 28 de setembro de 1929, terceira coluna; A Manhã, 28 de setembro de 1928, primeira coluna).

Publicação de um artigo da escritora e feminista Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (1886 – 1963), filha do historiador, político e poeta conde de Afonso Celso (1860 – 1938),  elogiando as qualidades intelectuais e pessoais de Maria Luiza (Jornal do Brasil, 16 de outubro de 1929, primeira coluna).

 

 

Na reunião mensal da União Universitária Feminina, presidida por Carmen Portinho (1903 – 2001), solicitou que a associação apoiasse a construção da Casa do Estudante do Brasil, ajudando na venda de entradas para a peça Orpheu, no estádio do Fluminense. Na mesma ocasião, foi nomeada com Luiza Sapienza e Esther Corrêa Ramalho, uma das primeiras engenheiras brasileiras, para integrar a comissão do desenvolvimento da biblioteca da União Universitária Feminina (O Jornal, 3 de outubro de 1929, quinta coluna; e O Paiz, 20 de outubro de 1929, última coluna).

Foi uma das finalistas, a única mulher, representando o Rio de Janeiro, no concurso nacional de oratória promovido pela Instituto dos Advogados entre estudantes de Direito do Brasil, cujo tema foi a Constituição Federal. Realizado no Salão da Associação dos Empregados do Comércio, foi vencido pelo acadêmico mineiro Jovert de Souza Lima. Maria Luiza conquistou o segundo lugar, seguida por Hermes Barroso, representante do Ceará (O Jornal 11 de outubro, quarta coluna13 de outubro e 18 de outubro de 1929; A Gazeta (SP), 16 de outubro de 1929, quarta coluna; Revista da Semana, 19 de outubro de 1929; Fon-Fon, 19 de outubro de 1929Excelsior, novembro de 1929).

 

 

 

Sob os auspícios da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, na Rádio Club do Brasil, apresentação de Maria Luiza, oradora e acadêmica de Direito, falando sobre Os direitos políticos femininos em face das leis do Brasil (Jornal do Brasil, 8 de novembro de 1929, quinta coluna).

Foi citada, elogiosamente, no artigo Oratória Feminina, do conde de Afonso Celso (1860 – 1938) (Jornal Pequeno, 16 de dezembro de 1929, segunda coluna).

“Na senhorita Maria Luiza Dória Bittencourt fulge, porém, deveras, um dos mais auspiciosos talentos verbais da presente geração acadêmica”. 

1930 – Participou do Congresso Penal Penitenciário Brasileiro, realizado, no Rio de Janeiro, entre 15 e 22 de junho. Apresentou a tese Reformatório de Mulheres Criminosas. A mesma tese foi apresentada no 10º Congresso Penitenciário e Penal Internacional, em Praga, em agosto (O Jornal, 30 de março, sexta coluna; 11 de abril, quinta coluna; e 2 de setembro, sexta coluna, de 1930;  Jornal do Commercio, 24 de maio, primeira coluna; 16 e 17 de junho, quinta coluna, de 1930; Correio da Manhã, 5 de julho de 1931, terceira coluna).

 

 

Participou de um almoço em homenagem à advogada sergipana Maria Rita Soares de Andrade (1904 – 1998), que se tornaria, em 1967, a primeira juíza federal do Brasil. Na foto abaixo, além de Maria Luiza e Maria Rita, a bibliotecária Luiza Sapienza, a escritora Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (1886 – 1963), a bióloga Bertha Lutz (1894 – 1976), Mary Corbett, Marianna Gurjão, a advogada Maria Alexandrina Ferreira Chaves, a maestrina Joanidia Sodré (1903 – 1975) e Anna Guttrie (Vida Doméstica, agosto de 1930).

 

 

Na Aliança Internacional pelo Sufrágio Feminino, que reunia associações femininas de 44 países, representou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino no assunto de Igualdade de Condições de Trabalho do Homem e da Mulher (Correio da Manhã, 15 de agosto de 1930, última coluna).

Integrava a comissão formada pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino para recepcionar a escritora portuguesa Maria Amélia Teixeira, diretora da revista Portugal Feminino (A Gazeta (SP), 27 de agosto de 1930, quarta coluna).

Participou, no Hotel Glória, da Festa da Primavera promovida por Anna Amélia Carneiro de Mendonça (1896 – 1971), fundadora da Casa do Estudante do Brasil, com a presença da Miss Universo, Yolanda Pereira (1910 – 2001) (Revista da Semana, 20 de setembro de 1930Correio da Manhã, 23 de setembro de 1930, sétima coluna).

 

 

Fazia parte da comissão de recepção da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino nas homenagens ao cardeal Sebastião Leme (1882 – 1942) (Correio da Manhã, 19 de outubro de 1930, penúltima coluna).

No Teatro João Caetano, a Casa do Estudante do Brasil promoveu uma homenagem aos estudantes soldados da revolução hospedados no Rio de Janeiro. Maria Luiza, Olegário Mariano (1889 – 1958), Paschoal Carlos Magno (1906 – 1980) e Eugênia Alvaro Moreyra (1898 – 1948), dentre outros, faziam parte da programação da noite (Correio da Manhã, 14 de novembro de 1930, sétima coluna).

1931 – Criação da Federação Baiana pelo Progresso Feminino (A Noite, 9 de abril de 1932, quinta coluna).

Publicação do artigo O feminismo na Bahia, de sua autoria, em que apresenta a Federação Baiana pelo Progresso Feminino e a União Universitária Feminina (Diário de Notícias (BA), 26 de março de 1931).

Após uma temporada na Bahia, retornou ao Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 12 de abril de 1931, primeira coluna).

Ela, Bertha Lutz e a advogada e jornalista Orminda Ribeiro Bastos (1899 – 1971) foram as autoras da mensagem da FBPF à subcomissão de direitos eleitorais, encarregada pela redação do ante-projeto da Legislação Eleitoral (Correio da Manhã, 24 de maio de 1931, primeira coluna).

 

 

 

Participou do Segundo Congresso Feminista Internacional, realizado entre 20 e 30 de junho, no Automóvel Club, no Rio de Janeiro, apresentando uma tese sobre o regime de família no Direito Civil Brasileiro. Foi a relatora da Comissão de Polícia Feminina. Na ocasião declarou que a mulher aceita a participação na vida pública, não como um direito a fruir, mas como um dever a desempenhar conscienciosamente. Fez um eloquente discurso sobre as futuras diretrizes do movimento feminista. Em um documento elaborado pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino pleiteando a criação de uma Polícia Feminina, seu nome foi sugerido para integrar a Comissão de Polícia Feminina, que seria presidida por Eunice Weavers (1902 – 1969 (Jornal do Brasil, 20 de junho de 1931, primeira colunaCorreio da Manhã, 20 de junho de 1931A Batalha, 24 de junho de 1931, penúltima coluna; Jornal das Moças, 25 de junho de 1931Para Todos, 27 de junho de 1931;Correio da Manhã, 1º de julho de 1931, sexta coluna; A Noite, 1º de julho de 1931Correio da Manhã, 11 de julho de 1931, última colunaVida Doméstica, agosto de 1931).

 

 

 

 

 

A sessão de Educação e Instrução ficou sob a responsabilidade da União Universitária Feminina, composta por Carmen Portinho, Orminda Ribeiro Bastos, Luiza Sapienza, Maria Luiza Doria Bittencourt e Maria Werneck de Castro. Entre as conclusões da comissão: promoção junto aos poderes competentes a propaganda das ideias modernas sobre a organização do ensino normal, considerando que da sua eficiência depende o progresso da educação popular no Brasil e apelar para a Associação de Educação para que organizem campanha tenaz, persistente e eminentemente patriótica, com determinação precisa de objetivos e métodos em torno da educação moral e cívica da criança e do adolescente.

Participou de um almoço de adesões em homenagem ao advogado e escritor Gilberto Amado (1887 – 1969)(Correio da Manhã, 28 de junho de 1931, quarta coluna).

Em nome da União Universitária Feminina, discursou durante uma homenagem a Assis Brasil (1857 – 1938), realizada no Cassino Beira-Mar (Correio da Manhã, 2 de agosto de 1931, quarta coluna; Fon-Fon, 8 de agosto de 1931).

 

 

Integrava com Carmen Portinho (1903 – 2001), Ignez Mathiessen e Carmen de Carvalho a comissão da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino que foi ao Ministério da Viação e Obras solicitar ao ministro José Américo de Almeida (1887 – 1980) a readmissão das mulheres nas repartições dos Correios (Diário Nacional, 15 de agosto de 1931, primeira coluna; Correio da Manhã, 15 de agosto de 1931, última coluna).

 

 

Foi roubada no ateliê fotográfico Annunciato, que ficava no Edifício Guinle, e aonde havia ido com sua amiga, a engenheira civil Nidia Moura, buscar algumas fotografias que ahvai encomendado (A Noite, 25 de agosto de 1931, quarta coluna).

Formou-se na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro. Era a única bacharelanda (Correio da Manhã, 10 de setembro de 1931, terceira coluna; Revista da Semana, 12 de setembro de 1931).

 

 

Foi homenageada na reunião mensal da União Universitária Feminina, da qual era secretária-geral, e também em uma reunião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (Correio da Manhã, 4 de setembro de 1931, penúltima coluna; Correio da Manhã, 10 de setembro de 1931, terceira coluna; Correio da Manhã, 24 de setembro de 1931, quinta coluna; Para Todos, 19 de setembro de 1931).

 

 

Durante o curso de Direito, tentou ingressar no Centro de Estudos Jurídicos e Socias, o CAJU, do qual faziam parte, entre outros, Américo Lacombe (1909 – 1974), Antonio Galloti (1908 – 1986), Gilson Amado (1908 – 1979), Otávio de Faria (1908 – 1980), Plínio Doyle (1906 – 2000), San Tiago Dantas (1911 – 1964) e Vinícius de Morais (1913 – 1980). Para ser membro desse grupo era necessário defender uma tese. Ela apresentou um trabalho sobre extradição. Sua tese foi discutida em várias sessões, mas ela não foi aceita. Conforme depoimento de Vicente Chermont de Miranda (1909 – 2000), também aluno e membro do CAJU, foi discriminada por ser mulher.

Apresentou-se na Rádio Educadora dentro da programação em homenagem à inauguração do Cristo Redentor (Correio da Manhã, 6 de outubro de 1931, segunda coluna).

Compareceu ao enterro de Francisca Praguer Fróes (1872 – 1931), presidente da diretoria da União Universitária Feminina da Bahia (Correio da Manhã, 24 de novembro de 1931, terceira coluna).

 

 

1932 – Na conferência que realizou na reunião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, Adelaide da Silva Cortes, primeira titular da comissão de imprensa da FBPF, mencionou a palestra Conceitos Feministas, proferida por Maria Luiza, na qual ela atacou os anti-feministas classificando-os de materialistas (Correio da Manhã, 3 de janeiro de 1932, última coluna).

Fazia parte da diretoria da União Universitária Feminina (Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1932, terceira coluna; A Noite, 14 de janeiro de 1932, quarta coluna).

Em 24 de fevereiro de 1932, foi sancionado o Código Eleitoral pelo Decreto nº 21.076, que garantiu oficialmente às mulheres acima de 21 anos os direitos de votar e serem votadas no Brasil.

Em Salvador, Maria Luiza realizou uma palestra durante a comemoração de um ano da criação da Federação Baiana pelo Progresso Feminino (A Noite, 9 de abril de 1932, quinta coluna).

Na Rádio Sociedade, proferiu uma palestra em prol da Sociedade de Assistência aos Lázaros (Correio da Manhã, 6 de junho de 1932, sexta coluna).

Foi convidada para votar no concurso Qual o maior poeta moço do Brasil? Na ocasião era segunda vice-presidente da União Universitária Feminina (Brasil Feminino, julho de 1932; Revista da Semana, 9 de julho de 1932).

Bertha Lutz (1894 – 1976) havia viajado para os Estados Unidos para usufruir o prêmio de viagem que lhe concedeu a Carnegie Endowment for International Peace, por intermédio da União Pan Americana e da Associação Americana de Museus, para estudar o papel educativo dos museus americanos. Em dois meses e meio, ela percorreu vinte cidades e visitou 58 museus, saindo de Nova York em direção a St. Louis e dali para Chicago, gradualmente retornando a Nova York. Após três meses de viagem, voltou para o Brasil, em julho, e foi saudada por Maria Luisa (Correio da Manhã, 22 de julho, penúltima coluna, e 31 de julho de 1932).

Participou da II Conferência Nacional de Educação, quando expôs um trabalho sobre o ensino primário com a proposta de regulamentação da divisão de competência entre União e os estados.

Já como bacharel, fez uma prova de Direito Internacional Privado, na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 10 de agosto de 1932, segunda coluna).

Ela, Orminda Ribeiro Bastos (1899 – 1971) e Maria de Lourdes Pinto Ribeiro integravam o escritório jurídico da União Universitária Feminina (Jornal do Commercio, 18 de setembro de 1932, segunda coluna).

Participou da Quinzena de Estudos Práticos da Constituição Futura, evento que comemorou os 10 anos de existência da Federação Brasileira para o Progresso Feminino (Correio da Manhã, 18 de outubro de 1932).

Presidiu a conferência de encerramento do primeiro curso de educação política promovido pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. O conde de Afonso Celso (1860 – 1938) proferiu a palestra Vida internacional, arbitramento internacional e interno, A Guerra fora da lei, Autorização para firmar convênios e tratados internacionais, Direitos do estrangeiro naturalizado e do estrangeiro no Brasil (Correio da Manhã, 1º de novembro de 1932, segunda coluna).

Foi uma das secretárias da primeira reunião realizada na sede da FBPF, presidida por Bertha Lutz, para receber sugestões da mulher brasileira para a nova Constituição. Apesar de ser a favor do divórcio, esclareceu que esta não seria uma matéria constitucional e sim pertinente ao Direito Civil (Correio da Manhã, 25 de novembro de 1932, sexta coluna).

1933 - Esteve em São Paulo trabalhando em prol de uma cruzada de educação política (A Cigarra, janeiro de 1933).

 

 

Estava presente à instalação do posto eleitoral da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (A Noite, 13 de fevereiro de 1933, quarta coluna).

Seguiu participando de reuniões pertinentes a sugestões à nova Constituição. Ela, Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (1886 – 1963) e a educadora Alba Canizares do Nascimento (1893 – 1944) propuseram o nome de Bertha Lutz como candidata mulher única à Assembléia Nacional Constituinte, nas eleições de 3 de maio (Diário de Notícias, 23 de abril de 1933, penúltima colunaCorreio da Manhã, 4 de abril de 1933, primeira coluna; Diário Carioca, 26 de abril de 1933, última coluna).

 

 

 

Maria Luiza foi eleita primeira vice-presidente da União Universitária Feminina (Correio da Manhã, 26 de abril de 1933, terceira coluna).

Além de Bertha, foram candidatas para deputadas constituintes pelo Rio de Janeiro a advogada Natércia Cunha Silveira (1905 – 1993), a escritora Anna César Vieira, a escritora socialista Ilka Labarthe e Georgina de Azevedo Lima de quem, segundo a reportagem publicada na Revista da Semana, não se sabia de trabalhos feministas. Na matéria da Revista da Semana, a professora baiana Leolinda Daltro (1859 – 1935), também candidata e uma das precursoras do feminismo no Brasil, declarou-se satisfeita por testemunhar a candidatura de mulheres a cargos políticos no país (Brasil Feminino, abril de 1933; O Malho, 15 de abril de 1933Correio da Manhã, 26 de abril de 1933, terceira colunaRevista da Semana, 20 de maio de 1933). Nenhuma delas foi eleita. Bertha obteve 15.756 votos, Natércia obteve 3.22o votos, Georgina Azevedo Lima, 14.093; e Ilka Labarthe, 3.869. Neste pleito, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz (1892 – 1982) foi eleita a primeira mulher constituinte.

 

 

Era uma das professoras do Curso de Educação Feminina, inaugurado na Universidade Livre da Capital Federal (Correio da Manhã, 26 de maio de 1933, quarta coluna).

Colaborou com a consultora jurídica da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, Orminda Ribeiro Bastos (1899 – 1971), na redação do programa da FBPF de reivindicações femininas da nova Constituição (Correio da Manhã, 22 de julho de 1933, sexta coluna).

 

 

Defendeu, no Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, a causa de Bertha Lutz que pleiteava a suplência geral, pelo critério majoritário, por ter ficado em 11º lugar, e não apenas a diplomação como suplente do Partido Autonomista. Bertha assumiu o mandato em julho de 1936 (A Noite, 5 de setembro de 1933, última coluna).

 

 

Foi uma das signatárias de um manifesto de autoria de Bertha Lutz (1894 – 1976),  apresentado à seção de Legislação da Conferência Nacional de Proteção à Infância. Além dela, assinaram o manifesto a advogada Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), a engenheira e urbanista  Carmen Portinho (1903 – 2001) e a tradutora Lina Hirsh (Jornal do Brasil, 23 de setembro de 1933, penúltima colunaCorreio da Manhã, 23 de setembro de 1933, quinta coluna).

Foi eleita consultora jurídica da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (A Noite, 18 de outubro de 1933, quinta coluna).

1934 – Presidia a Liga Eleitoral Independente da Bahia.

A presidente da Federação Alagoana para o Progresso Feminino, Hilda Calheiros, enviou uma carta ao então presidente da República, Getulio Vargas, pedindo a nomeação de Maria Luiza Doria Bittencourt como representante feminina do Instituto de Amparo Social.

Foi uma das organizadoras da comemoração do Dia Pan-Americano, no restaurante da Casa do Estudante do Brasil, na rua da Carioca 11, 1º andar (A Noite, 10 de abril de 1934, terceira coluna).

No Automóvel Clube do Brasil, a Federação Brasileira para o Progresso Feminino promoveu a Festa da Vitória, celebrando a s conquistas femininas na nova Constituição Brasileira. Representando a União Universitária Feminina, Maria Luiza fez um discurso (Correio da Manhã, 9 de junho de 1934, terceira coluna; Correio da Manhã, 27 de junho de 1934, sétima colunaAs Walkyrias, agosto de 1934; Correio da Manhã, 26 de setembro de 1936, quarta coluna).

 

 

 

discurso

discurso1

 

Participava da Cruzada Nacional de Educação, sob a presidência de Gustavo Ambrust (1879 – 1953) (Correio da Manhã, 17 de junho de 1934, quarta coluna).

Foi eleita primeira secretária do diretório do Partido Autonomista da Paróquia de São José, filiado ao Partido Autonomista do Distrito Federal (Jornal do Brasil, 24 de junho de 1934, quinta coluna).

Criação do Conselho de Previdência e Cultura do Distrito Federal, pleiteado por Bertha Lutz e por Maria Luiza à Assembléia Nacional Constituinte. Em setembro, Maria Luiza foi eleita secretária do Conselho, presidido por Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (A Noite, 12 de julho de 1934, quinta colunaCorreio da Manhã, 18 de setembro de 1934, penúltima coluna; Jornal do Brasil, 23 de setembro de 1934, segunda coluna).

 

 

Representando várias associações femininas,  participou da posse do novo ministro das Relações Exteriores, José Carlos de Macedo Soares (1883 – 1968) (A Noite, 27 de julho de 1934).

Era uma das feministas empenhadas na campanha para interessar a mocidade feminina para o voto (Correio da Manhã, 16 de agosto de 1934, segunda coluna).

Em Salvador, foi promovida, pela Fundação Brasileira pelo Progresso Feminino, a Segunda Convenção Feminista, entre 27 de agosto e 1º de setembro. Na época, Edith Mendes da Gama e Abreu (1903 – 1982) era a presidente da filial baiana da FBPF.

 

 

 

 

Maria Luiza participou elaborando a programação do evento, cujo objetivo foi organizar o programa post-constitucional de reivindicações de pautas do interesse das mulheres e articular as federações femininas existentes no sentido de apontar as candidatas para as eleições de outubro. Foi decidido que a federação promoveria a organização de filiais nos estados, que qualquer cerimônia da federação seria precedida pela execução de um hino cuja letra foi composta por Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (1886 – 1963) e a música, pela maestrina Joanídia Sodré (1903 – 1975). Foi também formulado o Decálogo Feminista com 10 princípios básicos (Correio da Manhã, 15 de agosto de 1934, última colunaJornal do Brasil, 19 de agosto de 1934, sexta colunaA Nação, 1º de setembro de 1934, penúltima coluna; Correio da Manhã, 1º de setembro de 1934, sexta colunaCorreio da Manhã, 4 de setembro de 1934, sexta coluna; Jornal do Brasil, 8 de setembro de 1934, quarta coluna).

 

decalogo

 

Seu nome foi incluído na chapa à Constituinte Estadual do Partido Social Democrático da Bahia, ligado ao interventor do estado Juracy Magalhães (1905 – 2001). Aloisio de Castro afirmou que seu nome foi substituido pelo de Maria Luiza devido a uma recomendação do presidente Getulio Vargas, fato negado por Juracy (O Jornal, 10 de maio de 1946, quarta coluna). Outras mulheres foram candidatas em outros estados do Brasil (Correio da Manhã, 8 de setembro de 1934, penúltima colunaGazeta de Notícias, 3 de outubro de 1934, segunda coluna).

Maria Luiza embarcou para Salvador em um hidroavião da Panair (Correio da Manhã, 8 de setembro de 1934, oitava coluna; e 25 de setembro e 1934, sexta coluna, de 1934; A Noite, 10 de setembro de 1934, quinta coluna).

 

 

Foi duramente criticada no artigo Feminismo ou burla?, do poeta e advogado Heitor Lima (1887 – 1945), que a chamou de prodigioso papagaio de quitanda, capaz de falar cinco horas a fio sem dizer nada que se aproveite (Correio da Manhã, 29 de setembro de 1934, primeira coluna).

Fez campanha pelo interior da Bahia acompanhada por Juracy Magalhães e, nas eleições de 14 de outubro, Maria Luiza elegeu-se como primeira suplente do deputado estadual e engenheiro Humberto Pacheco Miranda (Correio da Manhã, 4 de outubro de 1934, terceira coluna; Jornal do Commercio, 3 de outubro, terceira coluna; e 8 e 9 de outubro, quarta coluna, de 1934; Correio da Manhã, 22 de novembro de 1934, sétima coluna; Jornal do Commércio, 11 e 12 de fevereiro, terceira coluna, de 1935).

 

 

Foi a advogada de acusação no ruidoso processo de cassação do mandato do deputado Ernesto Pereira Carneiro (1877 – 1954) (A Noite, 9 de novembro de 1934, penúltima coluna).

Na Casa do Estudante do Brasil, instalação dos conselhos patrimoniais e consultivos. Na ocasião, Maria Luiza, membro do conselho consultivo, leu os nomes dos empossados nos conselhos (Correio da Manhã, 29 de dezembro de 1934).

 

 

1935 - Foi uma das assinantes de um manifesto em defesa de Bertha Lutz, acusada de fraude nas eleições de outubro de 1934. Foi cassado o mandato do deputado Ernesto Pereira Carneiro (1877 – 1954) e ordenada a posse de Bertha Lutz, como suplente do Partido Autonomista (Gazeta de Notícias, 29 de dezembro de 1934, primeira coluna; A Noite, 11 de janeiro de 1935, terceira coluna; A Noite, 19 de janeiro de 1935).

 

 

Em maio, com o afastamento de Humberto Pacheco Miranda, nomeado superintendente da Viação Bahiana de São Francisco, Maria Luiza Bittencourt tomou posse como deputada estadual (Correio da Manhã, 9 de maio de 1935, última coluna).

Integrou a Assembleia Constituinte da Bahia e foi uma das responsáveis pela elaboração de seu texto, tendo sido a relatora dos capítulos sobre ordem econômica e social, e também sobre educação (Gazeta de Notícias, 17 de maio de 1935, quarta coluna; Gazeta de Notícias, 14 de agosto de 1935, quinta coluna).

Na Assembleia Legislativa da Bahia, foi uma das nomeadas para integrar a comissão para dar o parecer sobre o orçamento do estado (Gazeta de Notícias, 3 de setembro de 1935, terceira coluna).

O Tribunal Superior de Justiça Eleitoral julgou os últimos recursos e o relatório final sobre o pleito baiano com as alterações decorrentes das eleições suplementares. Os deputados estaduais Waldomiro Lins de Albuquerque  e João Mendes da Costa Filho foram substituidos por Maria Luiza e Gilberto Valente (A Noite, 20 de setembro de 1935, terceira coluna).

Conquistou o prêmio Fellowship da Universidade de Radcliffe, nos Estados Unidos, onde cursou uma especialização em economia social , finanças e racionalização (Diário de Notícias, 10 de setembro de 1935, terceira colunaCorreio da Manhã, 12 de setembro de 1935, primeira coluna).

 

 

Foi homenageada na Casa do Estudante do Brasil (Diário de Notícias, 12 de setembro de 1935).

 

 

1936 - Foi recebida no Itamaraty pelo ministro das Relações Exteriores,  José Carlos de Macedo Soares (1883 – 1968), e embarcou para os Estados Unidos para a Universidade de Radcliffe (Correio da Manhã, 16 de janeiro de 1936, terceira coluna; A Noite, 16 de janeiro de 1935, penúltima coluna).

 

 

Foi elogiada em uma reportagem do New York Sun (Gazeta de Notícias, 6 de fevereiro de 1936, última coluna; Gazeta de Notícias, 18 de fevereiro de 1936, terceira coluna).

 

 

Regressou ao Brasil, em julho (A Noite, 3 de julho de 1936, quarta coluna).

Integrou uma comissão da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino que visitou o presidente da República, Getulio Vargas (1882 – 1954), no Palácio do Catete. Na pauta, o III Congresso Nacional Feminista, que se realizaria, no Rio de Janeiro, em outubro (Correio da Manhã, 18 de agosto de 1936, terceira coluna).

Por sua indicação, Nair Guimarães Lacerda foi nomeada pelo governador Juracy Magalhães para o cargo de prefeita do município baiano Urandi.

Foi uma das mulheres cujo nome foi cogitado para ingressar na Academia Brasileira de Letras. A primeira mulher imortal foi Rachel de Queiroz (1910 – 2003), eleita 41 anos depois, em 1977 (Fon-Fon, 12 de setembro de 1936).

No Rio de Janeiro, participou do III Congresso Nacional Feminista, realizado entre 20 de setembro e 9 de outubro e, como membro da FBPF, defendeu a proposta de reformulação do estatuto jurídico da mulher brasileira que havia redigido. O documento, que ficou conhecido como o Estatuto da Mulher, foi a base para o projeto de lei apresentado, no ano seguinte, por Bertha Lutz no Legislativo Federal. Foi também decidido, por ideia de Alba Canizares do Nascimento (1893 – 1944), delegada do Distrito Federal, que a FBPF organizaria o movimento panamericano pelo progresso feminino (Correio da Manhã, 4 de outubro, última coluna; 6 de outubro, terceira coluna; 8 de outubro, sétima coluna;  9 de outubro, sexta coluna11 de outubro, sexta coluna, 15 de outubro, quarta coluna, de 1936; A Noite, 9 de outubro de 1936, segunda coluna; Gazeta de Notícias, 15 de setembro de 1936, primeira colunaGazeta de Notícias, 11 de outubro de 1936, sexta coluna).

Integrou a delegação brasileira que foi à Conferência Interamericana de Consolidação da Paz, em Buenos Aires, realizada em dezembro. Antes de partir, foi homenageada pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Durante a conferência, após o discurso do embaixador Oswaldo Aranha, Maria Luiza falou, em nome das Associações Feministas Americanas Pró-Paz. Sua atuação foi elogiada pela imprensa e por seus companheiros de trabalho. Regressou ao Brasil, em 29 de dezembro (A Noite, 9 de novembro de 1936, terceira colunaCorreio da Manhã, 21 de novembro de 1936, terceira coluna; e 27 de novembro, quarta coluna, 6 de dezembro, quarta coluna, 30 de dezembro, sétima coluna, de 1936; A Noite, 19 de dezembro de 1936, primeira colunaA Noite, 24 de dezembro de 1936, segunda coluna; Jornal do Brasil, 16 de dezembro, quinta coluna; Jornal do Brasil, 1º de janeiro de 1937, penúltima coluna).

 

 

1937 - Fez uma palestra sobre A Conferência de Buenos Aires, no Studio Nicolas, promovida pelo Club Universitário do Rio de Janeiro (A Noite, 8 de janeiro de 1937, terceira coluna).

Como um dos membros fundadores, fazia parte do conselho consultivo da Casa do Estudante do Brasil (A Noite, 27 de janeiro de 1937, penúltima coluna).

 

 

Apoiou a candidatura de José Américo de Almeida (1887 – 1980) à Presidência da República, tendo participado da Convenção dos delegados apoiadores do governo, no Palácio Monroe. Recepcionou o candidato em sua viagem à Bahia, durante a qual, no interior do estado, ela e outros integrantes do grupo que o acompanhava tiveram suas carteiras roubadas (A Noite, 25 de maio de 1937, primeira coluna; A Noite, 26 de maio de 1937Correio da Manhã, 26 de maio de 1937, segunda coluna; 25 de agosto, quinta coluna, de 1937; Jornal do Brasil, 29 de agosto de 1937, sexta colunaA Noite, 30 de agosto de 1937, primeira coluna).

 

 

Segundo o Dicionário Mulheres do Brasil, foi dela o último discurso proferido na Assembleia Legislativa da Bahia, cujo tema era a defesa da democracia, antes da instauração do Estado Novo, em 10 de novembro, pelo presidente Getulio Vargas (1882- 1954), fato que interrompeu sua carreira parlamentar (Correio da Manhã, 11 de novembro de 1937).

Em uma reportagem da Revista da Semana, 11 de janeiro de 1947, foi noticiado que após o golpe do Estado Novo, ela teria sido presa por suas tendências socialistas.

 

 

1938 - Lançamento do livro Trabalho Feminino, de sua autoria.

Participou de um ciclo de palestras no departamento intelectual da União Universária Feminina (Correio da Manhã, 6 de maio de 1938, primeira coluna).

Em um escritório na rua da Quitanda, no centro do Rio de Janeiro, trabalhava como advogada com a feminista sergipana Maria Rita Soares Andrade (1904 – 1998) (Correio da Manhã, 6 de agosto de 1938, sexta coluna).

 

 

Ela e Mrs Stevens, Diretora da União Inter-Americana de Mulheres foram as entrevistadas da reportagem Privilégios para a mulher ou a mulher igual ao homem? (A Noite, 13 de outubro de 1938).

1939 - Foi entrevistada sobre o imposto sobre os solteiros. Na ocasião, estava estudando para dois concursos: ao de livre docência da cadeira de Legislação do Trabalho da Faculdade Nacional de Direito e à cátedra da mesma matéria na Faculdade da Bahia (A Noite, 2 de janeiro de 1939).

 

 

Participou do ciclo de palestras O Brasil visto pelas brasileiras, promovido pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, realizando uma conferência sobre Riqueza e Trabalho, no Palace Hotel (Correio da Manhã, 28 de novembro de 1939, segunda coluna).

 

 

1940 - Presidiu uma sessão do Conselho Consultivo da Casa do Estudante do Brasil (Diário de Notícias, 2 de junho de 1940, quarta coluna).

Durante a festa do Grêmio Literário do Colégio Batista Brasileiro, Maria Luiza, paraninfa do grupo, foi homenageada (A Noite, 13 de setembro de 1940, terceira coluna).

1941 - Foi uma das entrevistadas, a única mulher, sobre a possibilidade de uma paralisação completa das atividades forenses, proposta classificada como necessária por advogados mineiros. Na opinião de Maria Luiza, as férias coletivas seriam contraproducentes: “que cada advogado escolha, todo ano, a época que lhe parecer mais propícia para um repouso” (Diário de Notícias, 22 de julho de 1941, quinta coluna).

Presidiu a comissão julgadora do Concurso de Literatura de 1940, do Colégio Universitário, propriedade de Lelio Gomes. Compunham a comissão o poeta Murilo Araújo (1894 – 1980) e a escritora Maria Sabina de Albuquerque (1898 – 1991). Os prêmios foram ofertados pela Editora José Olympio (Diário de Notícias, 14 de setembro de 1941, terceira coluna).

1942 - Por ocasião da realização da Conferência Continental, no Rio de Janeiro, a União Universitária Feminina, da qual Maria Luiza fazia parte, entregou à delegação americana uma moção de apoio aos princípios que orientavam a solidariedade continental (Jornal do Brasil, 20 de janeiro de 1942, quinta coluna).

Foi a única mulher na lista dos candidatos a professor no concurso que seria realizado na Escola de Comércio do Rio de Janeiro (Diário de Notícias, 10 de julho de 1942, sexta coluna).

Foi uma das oradoras da sessão realizada no Gabinete Português de Leitura. Em pauta, o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial (Jornal do Brasil, 28 de agosto de 1942).

Foi a primeira colocada no concurso para a livre-docência em Legislação do Trabalho e Direito Industrial na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, tornando-se a primeira mulher docente da história da referida faculdade. Pela conquista foi homenageada, no Cineac Trianon, com Maria Luisa Castelo Branco e Leda de Albuquerque, que haviam vencido o primeiro prêmio de Peças Teatrais, promovido pelo Ministério do Trabalho (Jornal do Brasil, 25 de novembro de 1942, quinta colunaO Jornal, 28 de novembro de 1942, primeira coluna; Correio da Manhã, 11 de dezembro de 1942; A Noite, 12 de dezembro de 1942, terceira coluna).

 

 

“Porque é principalmente através do Direito que podemos preparar os homens para fazer justiça àqueles que até hoje não têm sido senão párias sociais e só atravé do Direito bem compreendido e bem aplicado se poderá evitar a revolta e a explosão de sentimento de consequências lastimais para a sociedade”

Correio da Manhã de 11 de dezembro de 1942

1943 – Na sede da União Universitária Feminina, foi uma das sócias que recepcionaram Mary Cannon, da Divisão Feminina do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos (A Manhã, 8 de janeiro de 1943, penúltima coluna).

Maria Luiza posicionou-se a favor do ensino misto (O Radical, 20 de março de 1943, primeira coluna).

 

 

Na Escola Nacional de Música, participou da Festa Pan-americana, comemorativa do Dia do Juramento Feminino de Lealdade Americana, promovida pela representação brasileira da Confederação Feminina dre Paz Americana, presidida pela escritora Iveta Ribeiro (1886 – 1962) (Correio da Manhã, 21 de abril de 1943, primeira coluna).

Provavelmente, casou-se neste ano, pois em uma reportagem de janeiro de 1944 foi identificada como Maria Luiza Dória Bittencourt Mello Neto (Gazeta de Notícias, 28 de janeiro de 1944, quarta coluna).

1944 - Participou da homenagem póstuma a Rachel Prado (1891 – 1943), pseudônimo da feminista curitibana Virgília Stella da Silva Cruz, fundadora do Clube das Mulheres Jornalistas, realizada no Conservatório de Música (Gazeta de Notícias, 28 de janeiro de 1944, quarta coluna).

 

Rachel Prado (1891 - 1943) / Brasil Feminino, 1933

Rachel Prado (1891 – 1943) / Brasil Feminino, 1933

 

1945 – Foi uma das professoras homenageadas durante a colação de grau dos bacharelandos da Faculdade de Economia e Finanças, realizada no Palácio Tiradentes (Correio da Manhã, 16 de janeiro de 1945, quinta coluna).

Com Natércia da Cunha Silveira (1903 – 1993), Carmen Portinho (1903 – 2001) e Maria Rita Soares de Andrade (1904 – 1998, foi uma das organizadoras de uma coligação democrática para apoiar a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes (1896 – 1981) à presidência da República (Diário de Notícias, 24 de fevereiro de 1945, quinta coluna).

Seu nome estava na lista dos fundadores da UDN – União Democrática Nacional  (O Jornal, 8 de abril de 1945, última coluna; Diário de Pernambuco, 10 de abril de 1945, primeira coluna).

Foi uma das signatárias de um manifesto de apoio de advogados à candidatura de Eduardo Gomes (Diário Carioca, 28 de junho de 1945, última coluna).

Foi uma das oradoras do comício do candidato Eduardo Gomes, em Salvador, na Bahia (Correio da Manhã, 24 de agosto de 1945, quarta coluna; 25 de agosto, primeira coluna; 28 de agosto, terceira coluna; de 1945; Diário de Notícias, 28 de agosto de 1945, quarta coluna).

1946 - Fazia parte da Comissão Pró-Constituição Democrática assim como Evandro Lins e Silva (1912 – 2002), Orígenes Lessa (1903 – 1986) e Oscar Niemeyer (1907 – 2012), dentre outros(Correio da Manhã, 29 de março de 1946, terceira coluna).

Foi uma das mulheres que entregou ao Comitê Parlamentar da Sociedade de Amigos da Democracia Portuguesa uma mensagem endereçada ao presidente de Portugal, Oscar Carmona (1869 – 1951), no sentido de libertar mulheres portuguesas detidas por motivos políticos (Diário Carioca, 11 de maio de 1946, primeira coluna).

Foi escolhida para integrar, como secretária, a comissão executiva da II Convenção Nacional da União Democrátia Nacional, UDN (Correio da Manhã, 15 de maio de 1946, penúltima coluna; O Jornal, 15 de maio de 1946, primeira coluna).

Participou de um comício da Esquerda Democrática no Campo de São Cristóvão e no Largo do Humaitá, em Botafogo; e foi, pelo partido, candidata a vereadora no Distrito Federal. Era, na época, livre docente da Faculdade Nacional de Direito e professora da Faculdade de Administração e Finanças (Diário de Notícias, 20 de novembro, quinta coluna; e 29 de dezembro, penúltima coluna, de 1946; Diário Carioca, 13 de dezembro de 1946, quinta coluna).

 

 

1947 - Participou, com outros candidatos da Esquerda Democrática, de um comício, no Jardim de Marechal Hermes. As eleições gerais foram realizadas em 19 de janeiro, mas Maria Luiza não foi eleita, tendo recebido 55 votos (Revista da Semana, 11 de janeiro de 1947Diário de Notícias, 14 de janeiro de 1947, última coluna; Correio da Manhã, 6 de fevereiro de 1947, quarta coluna).

Participou com várias outras feministas de uma reunião realizada na Casa do Estudante do Brasil. Em pauta, a realização do Congreso Internacional de Mulheres, entre setembro e outubro, em Paris. Foi uma das integrantes do Comitê Brasileiro do Congresso (Diário de Notícias, 18 de julho, quinta coluna; 17 de agosto, terceira coluna, de 1947).

Foi uma das oradoras da comemoração dos 18 anos da Casa do Estudante do Brasil (Diário de Notícias, 9 de agosto de 1947, segunda coluna; Tribuna Popular, 12 de agosto de 1947, sexta coluna; Revista da Semana, 23 de agosto de 1947).

1948 – O escritor pernambucano Mario Sette (1886 – 1950) realizou na Casa do Estudante do Brasil a palestra Velhas estampas que contam as histórias de uma cidade. A sessão foi presidida pelo acadêmico Mucio Leão (1898 – 1969), que foi saudado por Maria Luiza, então diretora da entidade (Diário de Pernambuco, 21 de março de 1948, segunda coluna).

O Curso de Geografia Econômica, ministrado gratuitamente por Maria Luiza, na sede do Partido Socialista Brasileiro, na rua Buenos Aires, 57, seria reiniciado (Correio da Manhã, 15 de maio de 1948, sétima coluna).

1950 – Foi noticiado que Maria Luiza seria uma das candidatas do Partido Socialista Brasileiro para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro (Revista da Semana, 11 de março de 1950, segunda coluna).

1951 – Como presidente em exercício da Casa do Estudante do Brasil assinou uma saudação à Embaixada Universitária de Coimbra e ofereceu uma feijoada aos estudantes portugueses (Tribuna da Imprensa, 28 de agosto de 1951, primeira colunaDiário Carioca, 28 de agosto de 1951, sexta colunaA Manhã, 1º de setembro de 1951, antepenúltima coluna).

1952 – Foi noticiado na coluna de Gilberto Trompovski que Maria Luiza havia sido uma das convidadas de uma recepção oferecida por Anna Amélia e Marcos Carneiro de Mendonça (O Jornal, 13 de abril de 1952, segunda coluna).

1954 – Morava em São Paulo e foi identificada em uma matéria do Jornal do Brasil como advogada, esposa e mãe exemplar (Jornal do Brasil, 29 de outubro de 1954, sexta coluna).

1956 – Em uma entrevista, a advogada Maria Rita Soares de Andrade (1904 – 1998), perguntada sobre a possibilidade da mulher exercer uma profissão e ser uma boa mãe de família, declarou: “Não conheço esposa e mãe mais abnegada e heróica do que Maria Luiza Bittencourt, advogada e ex-deputada estadual na Bahia” (Jornal do Brasil, 4 de novembro de 1956).

1961 - Foi a tradutora Introdução à Eloquência, do professor Charles Brown (Jornal do Brasil, 18 de maio de 1961, quinta coluna).

Diretoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino disseram ao professor Orlando Gomes, encarregado da reforma do Código Civil que era “uma pena que o presidente da República não tenha constituido um Grupo de Trabalho de advogados mulheres como Maria Luiza Bittencourt e Esther Figueiredo Ferraz para redigir o direito de família” (Tribuna da Imprensa, 9 de agosto de 1961, última coluna).

1964 – Foi noticiado que ela e Maria Rita Soares de Andrade (1904 – 1998) haviam sido as inventariantes de Cecilia Meireles (1901 – 1964) após a morte do primeiro marido da escritora, o artista plástico Fernando Correia Dias (1892 – 1935) (Jornal do Brasil, 11 de novembro de 1964, quarta coluna).

1969 - Integrante do Conselho Patrimonial da Casa do Estudante do Brasil, foi uma das oradoras na comemoração dos 40 anos da entidade, marcada pela reinauguração da Biblioteca Artur Ramos e pela realização de um Almoço de Confraternização Universitária (Correio da Manhã, 14 de agosto de 1969, quarta coluna; O Jornal, 14 de agosto de 1969, segunda coluna; O Jornal, 17 de agosto de 1969, penúltima coluna).

1970 – Escreveu um artigo para a revista Rumo, cuja edição foi dedicada à Casa do Estudante do Brasil (O Jornal, 24 de maio de 1970, quarta coluna).

1979 - No auditório do MEC, Maria Luiza e o engenheiro L.A. Falcão Bauer fizeram palestras sobre o entrosamento profissional entre homens e mulheres dentro da programação da Segunda Reunião Latino-Americana de Mulheres Universitárias (Jornal do Brasil, 11 de dezembro de 1979, quinta coluna).

1981 – Foi entrevistada quando estava, na véspera do Dia de Finados, visitando o Cemitério São João Batista (Jornal do Brasil, 2 de novembro de 1981, terceira coluna).

1983 – Foi citada como uma personalidade importante na conquista dos direitos femininos no Brasil em duas colunas de Alfio Ponzi (1914 – 1985) (Jornal do Commercio, 29 de março, última coluna; e 11 e 12 de setembro, segunda coluna, de 1983).

1988 – Recebeu, na Associação Brasileira de Mulheres Universitárias, o diploma do Mérito Ruy Barbosa da diretoria da Casa da Bahia por ter sido a primeira mulher constituinte da Bahia (Jornal do Brasil, 29 de abril de 1988, segunda coluna).

2001 – Falecimento de Maria Luiza.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALVES, Branca Moreira, Ideologia e feminismo: a luta das mulheres pelo voto no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980.

Arquivo Nacional. Série Mulheres e o Arquivo: Maria Luiza Bittencourt, 28 de outubro de 2020.

BONATO, Nailda Marinho da Costa; COELHO, Ligia Martha Coimbra da Costa. CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INTEGRAL NA DÉCADA DE 30: AS TESES DO II CONGRESSO INTERNACIONAL FEMINISTA SECOND CONGRESS FEMINIST INTERNATIONAL – 1931 

COSTA, Ana Alice Alcântara. As donas do poder. Mulher e política na Bahia. Salvador: NEIM/UFBa – Assembléia Legislativa da Bahia. 1998 – (Coleção Bahianas; 02)

Faculdade Nacional de Direito – UFRJ

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KARAWEJCZYK, Monica. As filhas de Eva querem votar: uma história da conquista do sufrágio feminino no Brasil. Tese (Doutorado em História), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

LIMA, Thais de Souza. Federação Alagoana pelo Progresso Feminino: a luta pela ampliação da democracia e pelo direito ao voto feminino (1927-1932). 

MARQUES, Teresa Cristina de Novaes. Bertha Lutz – Perfil parlamentar. Brasília : Editora da Câmara

Mulher: 500 anos atrás dos pano

Portal Academia Brasileira de Letras

REGIS, Caren Victorino. A Casa do Estudante do Brasil – O Pavilhão Feminino: uma reivindicação de 1931. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, dezembro de 2008.

REGIS, Caren Victorino. Relatório científico do subprojeto O ensino superior para as mulheres: concepções da União Universitária Feminina. Rio de Janeiro : UNIRIO, 2008.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

Site do Senado Federal

VANIN, Iole Macedo. A produção intelectual das médicas formadas na Bahia: o feminismo na tese de Ítala Oliveira. Diásporas, Diversidades, Deslocamentos, 23 a 26 de agosto de 2010.

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024

O Dia Internacional das Mulheres

A Brasiliana Fotográfica celebra o Dia Internacional das Mulheres, 8 de março, data instituida, em 1975, pela Nações Unidas, elencando os artigos da Série Feministas, Graças a Deus, publicados no portal, sobre mulheres que se destacaram na luta pela emancipação feminina com a conquista do direito ao voto, de maiores oportunidades de trabalho e de maior acesso à educação. São elas: Almerinda Farias Gama, Bertha Lutz, Carmen Portinho, Elvira Komel, Júlia Augusta de Medeiros, Maria de Miranda Leão, Maria Prestia, Mariana Coelho e Natércia da Cunha Silveira.

As fotografias são do acervo do Arquivo Nacional, uma das instituições parceiras do portal e seus autores foram J. Bonfioti, a Photo Skarke, a Fotografia Alemã, Louis Piereck (1880 – 1931), o Serviço Photographico de Vida Doméstica, além de fotógrafos ainda não identificados.

Os artigos foram escritos pelas historiadoras e pesquisadoras do Arquivo Nacional Claudia Heynemann, Maria do Carmo Rainho e Maria Elizabeth Brêa Monteiro; e também por Maria Silvia Lavieri Gomes, historiadora do Instituto Moreira Salles, e por Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica. No final deste mês, será publicado o décimo artigo da série, sobre Maria Luisa Dória Bittencourt, a primeira deputada baiana.

 

Série “Feministas, graças a Deus!”

 

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

 

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”, publicado em 15 de junho de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”

 

Série “Feministas, graças a Deus!” IX – Mariana Coelho (1857 – 1954), a “Beauvoir tupiniquim”

 

“Por que somos feministas? Eis uma pergunta ingênua de que várias vezes temos sido alvo, por parte do sexo masculino. Respondemos: porque é impossível a realização do progresso sem a vitória da evolução; e o nosso fim principal é precisar e fomentar o progresso feminino”.

 

Mariana Coelho foi uma das mais importantes escritoras e intelectuais do Paraná. Portuguesa, nascida em 10 de setembro de 1857, em Sabrosa, Distrito de Vila Real, imigrou para o Brasil, com sua família, em fins do século XIX, tendo naturalizando-se brasileira em 1939. Espírito brilhante, educadora de prestígio, reconhecida por sua competência profissional e erudição, foi diretora do Colégio Santos Dumont, em Curitiba, de 1902 a 1917.

 

 

“O sexo feminino, da mesma forma que o masculino pode, socialmente falando, subir a escada do progresso. Sendo convenientemente preparada, poderá também exercer livremente qualquer profissão. Senhores oposicionistas da emancipação feminina, aguentem e sem protesto, que já nada vale perante a eloquência desta frase profética, cujo conceito em tudo se vê maravilhosamente realizado: le monde marche! [o mundo caminha]”

Diário da Tarde (PR), 1º de março de 1901

Defendeu o direito da mulher ao voto e acreditava na educação como passaporte para a emancipação feminina, tendo dedicado sua vida ao ensino e à literatura. De formação positivista, em sua poesia, em fins do século XIX, criou a metáfora mar de amor, que representaria o amor à humanidade, o desejo do progresso associado à aquisição de cultura e de instrução. Feminista e pacifista, foi uma trabalhadora incansável. Integrava a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) e, entre 1923 e 1940, trocou várias cartas com Bertha Lutz (1894 – 1973), presidente da FBPF, uma referência dentro do movimento feminista brasileiro, sobretudo na luta pelo voto da mulher. Mariana também mantinha relações com as feministas Maria Sabina Albuquerque (1898-1991) e Maria Amália Bastos de Miranda Jordão, ambas ligadas à federação.

 

“Permitir, hoje, que a mulher permaneça amarrada ao deplorável poste da ignorância equivale a arriscá-la criminosamente à probabilidade de receber em compensação do seu mais nobre e espontâneo afeto o completo aniquilamento da alma – o que quer dizer a sua principal ruína”.

Breviário, agosto de 1900

Em um dos seus ensaios sobre escritoras, a professora Zahidé Luppinaci Muzart (1939 – 2015) a chamou de Beauvoir tupiniquim, em uma alusão à filósofa, escritora e feminista francesa Simone de Beauvoir (1908 – 1986).

 

 

Em 1908, Mariana adotou no Colégio Santos Dumont o Método João de Deus, do pedagogo português João de Deus de Nogueira Ramos (1830 – 1896), a partir do qual aprendia-se em quatro meses a ler e escrever corretamente. Um professor habilitado veio de Lisboa para ministrar aulas do método. Além disso, promovia no colégio saraus artísticos, literários e musicais. Em 1916, o Colégio foi visitado pelo próprio Santos Dumont (1873 – 1932). Posteriormente, Mariana dirigiu a Escola Profissional Feminina República Argentina, onde trabalhou até meados da década de 40, quando se aposentou.

 

 

 

Também em 1908 foi lançado o livro Paraná Mental, de sua autoria, com prefácio do historiador Rocha Pombo (1857 – 1933), sobre os prosadores e poetas do Paraná. Foi impresso pelo governo paranaense para ser apresentado como documento na Exposição Nacional de 1908, no Rio de Janeiro, tendo recebido, no evento, a medalha de prata. Mariana também participou da exposição com delicada manufatura onde sobressaem os bordados brancos e com uma aquarela de flores. Recebeu uma medalha de prata na sessão de Artes Aplicadas.

 

Livro Paraná Mental, de Mariana Coelho

Livro Paraná Mental, de Mariana Coelho

 

 

Em 1933, foi publicado o mais importante de seus livros, A Evolução do Feminismo: subsídios para a sua história, com prefácio de Rocha Pombo, sobre a emancipação da mulher, a mulher na religião, o civismo da mulher na guerra, a ação da mulher na imprensa, nas artes, nas ciências e nas letras, além de um capítulo dedicado à mulher nas diversas modalidades do amor. Fez também uma retrospectiva histórica do feminismo no Ocidente, trazendo à tona nome de mulheres notáveis na luta pelos direitos femininos.

 

Livro A Evolução do Feminino", de Mariana Coelho, relançado em 2002

Livro A Evolução do Feminino”, de Mariana Coelho, relançado em 2002

 

Seus outros livros foram O Discurso (1902)Um Brado de Revolta contra a Morte Violenta (1935), Linguagem (1937),  Cambiantes: contos e fantasias (1940), ilustrados com desenhos do italiano Guido Viaro (1897 – 1971) e prefaciado por Leôncio Correia (1865 – 1950); e a obra póstuma Palestras Educativas (1956). É patrona da Cadeira nº 30 da Academia Paranaense de Poesia e da Cadeira nº 28  da Academia Feminina de Letras do Paraná. Era sócia do Centro de Letras do Paraná e do Centro Paranaense de Cultura Feminina.

Colaborou em diversos jornais brasileiros como A República (PR) e O Beijo; e também em revistas paranaenses como A PennaGaláxiaVitrix O Breviário. Entre 1900 e 1901, assinou a coluna “Chronica da Moda”, na Folha da Tarde do Paraná. Em Portugal, escreveu para os jornais O Comercio de Vila RealJornal da Manhã e A Voz Pública.

 

 Cronologia de Mariana Coelho (1857 – 1954)

 

“Ora, a mulher que apenas sabe ser dona de casa, é incapaz de viver do seu trabalho, não se pode tornar independente – está fatalmente condenada a ser escrava – ou dos parentes ou dos estranhos, quando não consiga uma miserável pensão para não morrer de fome!” 

                                                                                                                                                     A Evolução do Feminismo

 

1857 – Mariana Teixeira Coelho nasceu em Sabrosa, no Distrito de Vila Real, em Portugal, em 10 de setembro de 1857. A data foi comprovada com a publicação de sua certidão de batismo na tese de Dyeinne Cristina Tomé, de 2020. Antes os anos 1872 ou 1880 eram considerados como possíveis anos de seu nascimento.

Mariana, filha de Manoel Antonio Ribeiro Coelho e sua mulher D. Maria do Carmo Teixeira Coelho, nepta paterna de Felix Ribeiro e Maria Amallia Coelho (já defunto o primeiro) de Lamas da freguezia do mesmo nome de Orelhão, Bispado de Bragança, materna de Antonio Joze de Meireles e Maria Engracia de Valcovo freguesia de Santa Comba da Ermida, nasceo dia dez de setembro de mil oitocentos e cincoenta e sete e foi solemnemente por mim baptizada nesta pia baptismal da Igreja de Cumieira dia vinte cinco do mesmo mez e anno, com imposição dos santos óleos. Foram seus padrinhos: Padre Joze Candido de Carvalho por seu procurador Jeronimo Joze Correa Botelho, que apresentou a competente procuração que reconheço, e D. Mariana Maxima Correa Botelho mulher deste procurador. E para constar fiz este termo que assigno. Cumieira vinte e quatro de setembro de 1857 – (ARQUIVO DISTRITAL DE VILA REAL, 1857, fl. 69verso)”

Era filha do farmacêutico Manoel Antônio Ribeiro Coelho (c. 1832 – 1882) e de Maria do Carmo Teixeira Coelho (18? – 1911), e irmã do capitão Thomaz Alberto Teixeira Coelho (1859 – 1934), do professor Carlos Alberto Teixeira Coelho (1863 – 1926), de Rita do Rosário Teixeira Coelho (1865 -1888) e de Maria Natividade Teixeira Coelho (1870 – 19?).

1871 – Seu irmão, Thomaz Alberto Teixeira Coelho (1859 – ?), imigrou para o Brasil para suceder seu tio, o próspero comerciante que atuava em Curitiba, José Natividade Teixeira de Meireles.

1882 – Falecimento de seu pai, Manoel Antônio Ribeiro Coelho, em 7 de setembro de 1882, em Portugal.

1888 – Falecimento de sua irmã, Rita do Rosário Teixeira Coelho, em 2 de junho de 1888, em Portugal.

1892 – Devido a problemas financeiros, imigrou para o Brasil com sua mãe e com sua irmã, Maria Natividade Teixeira Coelho, fixando-se em Curitiba, no Paraná. Partiram do Rio de Janeiro, em 18 de agosto, no paquete Arlindo em direção a Porto Alegre com escalas (Gazeta de Notícias, 29 de agosto de 1892, última coluna).

1893 –  Sua primeira poesia, Madrigal, foi publicada em agosto na Revista Azul, cujo dono e diretor era Júlio Pernetta (1869 – 1921), irmão do escritor Emiliano Pernetta (1866 – 1921), e o redator, Dario Vellozo (1869 – 1937). Emiliano e Dario, assim como Nestor de Castro e Rocha Pombo, com quem Mariana manteria relações próximas, faziam parte do Movimento Simbolista do Paraná.

Seu irmão, Carlos Alberto Teixeira Coelho (1866 – 1926), imigrou para o Brasil com sua esposa, Júlia da Conceição Monteiro (c.1872 – ?) e com sua filha, Maria da Conceição, na época com 8 meses. Foi morar em Ponta Grossa, no Paraná. Foi dono de periódicos associados aos ideais do livre-pensamento, do anticlericalismo e do anarquismo.

1895 – Era uma das colaboradoras do Suplemento Literário do jornal A República (PR) (A República (PR), 27 de outubro de 1895, primeira coluna).

Integrava como oradora a diretoria do Grêmio das Violetas (A República (PR), 29 de dezembro de 1895, quinta coluna).

1897 – Publicou o artigo A Noiva, no jornal literário A Penna, dirigido por Romário Martins (1874 – 1948) e Julio Pernetta (1869 – 1921) (A Penna, 18 de abril de 1897).

Escreveu um artigo sobre o livro Alma Penitente, de Dario Velloso (1885 – 1937), na revista Galáxia, do Centro Literário (A República (PR), 28 de novembro de 1897, quinta coluna).

1898 – Colaborou na parte literária do Almanach Paranaense, em seu quarto ano de publicação (O Sapo (PR), 18 de dezembro de 1898, primeira coluna).

1899 - Lançamento, em 21 de dezembro, do jornal literário O Beijo, provavelmente o primeiro dirigido, no Paraná, por uma mulher, Mariana Coelho (Diário da Tarde, 6 de janeiro de 1950, quarta coluna).

1900 – Seu retrato, acompanhado de uma ligeira biografia, ilustrava a página da oitava edição de O Beijo (A República (PR), 19 de abril de 1900, segunda coluna). Era sua redatora-chefe (A República (PR), 29 de julho de 1900, segunda coluna).

Tocou violão em um sarau musical e dançante do Grêmio das Violetas, nos salões do Club Curitibano (Diário da Tarde (PR), 23 de outubro de 1900, terceira coluna).

Sob a direção de Romário Martins (1874 – 1948) e Alfredo Coelho (18? – 19?), em agosto, lançamento, em Curitiba, da revista de arte Breviário, com a participação da prosa de Mariana Coelho. Publicação de artigo de sua autoria, Emancipação da mulher (A Imprensa (RJ), 31 de agosto de 1900, segunda coluna; O Breviário, agosto de 1900, páginas 7 e 8).

 

emancipação

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Começou a assinar a coluna “Chronica da Moda”, do Jornal da Tarde do Paraná (Jornal da Tarde (PR), 17 de setembro de 1900, segunda colunaJornal da Tarde (PR), 1º de outubro de 1900, segunda coluna). Antes colaborava com a Gazeta do Povo.

1901 – Na coluna “Chronica da Moda” abordou a luta pelo direito ao voto da mulher, iniciando uma polêmica na imprensa paranaense (Diário da Tarde (PR), 1º de março de 1901, segunda coluna). Na edição do dia seguinte, a poetisa brasileira nascida na Bélgica Georgina Mongruel (1861 – 1953) comentou sobre o texto, divergindo das opiniões de Mariana, que respondeu a ela na edição de 6 de março. Também foi contestada por Jean Jacques, pseudônimo usado por Nestor de Castro (1867-1906) , considerado um dos maiores jornalistas do Paraná (Diário da Tarde (PR), 21 de março de 1901, segunda colunaDiário da Tarde (PR), 29 de março de 1901, penúltima coluna). E a discussão continuou com a publicação do artigo Emancipação da Mulher, de Mariana, e do artigo Feminismo, de Nestor de Castro (Diário da Tarde (PR), 2 de abril de 1901, terceira colunaDiário da Tarde (PR), 4 de abril de 1901, quinta coluna).

 

 

Outra polêmica, desta vez sobre o uso do chapéu, foi iniciada em um artigo de Erasto. Mariana respondeu dias depois e Nestor de Castro também escreveu dois artigos sobre o tema (Diário da Tarde (PR), 2 de abril de 1901, quinta colunaDiário da Tarde (PR), 9 de abril de 1901, quarta colunaDiário da Tarde (PR), 12 de abril de 1901, última colunaDiário da Tarde (PR), 15 de abril de 1901, penúltima coluna).

Como decidiu se dedicar ao magistério, passou no final desse ano a escrever apenas esporadicamente para a coluna “Chronica da Moda”. Destacamos aqui um artigo onde Mariana discorreu sobre a importância da beleza da mulher (Diário da Tarde (PR), 5 de outubro de 1901, segunda coluna).

1902 – Mariana Coelho inaugurou, em 2 de janeiro de 1902, e passou a dirigir o Colégio Santos Dumont, na rua Quinze de Novembro, 105, em Curitiba. Também era a professora de francês da instituição (Diário da Tarde (PR), 10 de dezembro de 1901, quarta coluna).

 

 

Discursou na sessão magna de regulamentação da loja maçônica Filhas da Acácia. Essa sua fala foi publicada no folheto O Discurso (Diário da Tarde (PR), 22 de maio de 1902, quarta coluna). Provavelmente, herdou sua ligação com a maçonaria de seu tio, José Natividade Teixeira de Meireles, e de seu irmão mais velho, Thomaz Alberto Teixeira Coelho.

Fazia parte da redação da revista de arte Vitrix, dirigida por Emiliano Pernetta (1866 – 1921) (A República (PR), 4 de setembro de 1902, quarta colunaDiário da Tarde (PR), 19 de dezembro de 1903, segunda coluna).

 

 

1903 – Publicação de uma fotogravura do Colégio Santos Dumont, para meninos e meninas, dirigido por Mariana Coelho, em Curitiba (O Malho, nº 36, 1903).

 

 

1904 – Era colaboradora do Diário da Tarde do Paraná e foi publicada uma crítica de sua autoria sobre a obra Velhas Páginas, do escritor Euclides Bandeira (1876 – 1947) (Diário da Tarde (PR), 20 de fevereiro de 1904, primeira coluna).

O Colégio Santos Dumont, que ela dirigia, já tinha 40 alunos e conquistava cada vez mais prestígio em Curitiba (A República (PR), 8 de julho de 1904, terceira coluna).

Juntou-se aos protestos em relação à decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a fronteira entre o Paraná e Santa Catarina (Diário da Tarde (PR), 12 de julho de 1904, terceira coluna).

Compareceu com suas alunas à inauguração da estátua do Marechal Floriano (A República (PR), 21 de dezembro de 1904).

1905 – O Colégio Santos Dumont ficava na rua Coronel Luiz Xavier, 105 (Diário da Tarde (PR), 29 de dezembro de 1905).

 

 

1907 – O Colégio Santos Dumont passou a funcionar no prédio do sr. José Rodrigues de Almeida à rua 15, desta capital, canto da rua 1º de março (A Notícia (PR), 30 de agosto de 1907, última coluna).

Ofereceu à Biblioteca da Associação Cívica a coleção do Mundo Elegante (A Notícia (PR), 27 de novembro de 1907, quarta coluna).

1908 – Esteve presente com suas alunas à missa que a colônia portuguesa de Curitiba mandou celebrar pela morte do rei Carlos I de Portugal (1863 – 1908) (A Notícia (PR), 10 de fevereiro de 1908, quinta coluna).

Um professor habilitado veio de Lisboa para ministrar aulas sobre o Método João de Deus, do pedagogo português João de Deus de Nogueira Ramos (1830 – 1896), a partir do qual aprendia-se em quatro meses a ler e escrever corretamente e que seria adotado no Colégio Santos Dumont. Haveria 80 vagas para professores interessados. O Método João de Deus foi inaugurado no Santos Dumont, em 5 de julho de 1908 (A República (PR), 24 de junho de 1908, sexta colunaDiário da Tarde (PR), 3 de julho, terceira colunaDiário da Tarde (PR), 6 de julho de 1908, primeira colunaDiário da Tarde (PR), 16 de julho de 1908, quarta coluna).

 

 

Publicação da história do Método João de Deus (A Notícia (PR), de junho de 1908, terceira coluna).

Lançamento do livro Paraná Mental, de sua autoria, com prefácio do historiador Rocha Pombo (1857 – 1933), sobre os prosadores e poetas do Paraná. Foi impressa pelo governo paranaense para ser apresentado como documento na Exposição Nacional de 1908. Foi premiado com a medalha de prata pelo Júri do Distrito Federal (Diário da Tarde (PR), 17 de agosto de 1908, quarta colunaA República (PR), 23 de abril de 1909, quinta coluna).

Também participou do evento com delicada manufatura onde sobressaem os bordados brancos e com uma aquarela de flores. Recebeu uma medalha de prata na sessão de Artes Aplicadas (A República (PR), 25 de junho de 1908, quarta colunaO Paiz, 16 de julho de 1908, sexta colunaDiário da Tarde (PR), 17 de agosto de 1908, primeira colunaA República, 26 de agosto de 1908, primeira colunaJornal do Brasil, 21 de novembro de 1908, quinta colunaA República (PR), 25 de novembro de 1908, terceira colunaDiário da Tarde (PR), 22 de dezembro de 1908, primeira coluna).

 

 

No livro Paraná Mental, não deixou de abordar o tema da emancipação da mulher:

 

“A despeito das muitas e várias opiniões retrógradas, em todos os grandes centros do mundo civilizado, a par dos graves problemas sociais que têm convulsionado a nossa época, há muito que ventila franca e entusiasticamente a questão da emancipação da mulher, a que o grande movimento feminista, que abrange o novo e velho mundos, tem dado impulso e determinada importância, alimentando com denodo e convicção este desideratum”. 

 

Publicação de uma crítica a seu o livro Paraná Mental. Ela escreveu respondendo à crítica (A República (PR), 4 de setembro de 1908, quinta colunaA República (PR), 19 de setembro de 1908, quarta coluna; A Repúbica (PR), 21 de setembro de 1908, quarta coluna). Polêmica em torno de uma crítica ao livro (Diário da Tarde (PR), de 7 de setembro de 1908, quarta colunaDiário da Tarde (PR), 11 de setembro, terceira coluna); Diário da Tarde (PR), 12 de setembro, segunda colunaDiário da Tarde (PR), 21 de setembro de 1908, terceira coluna).

Foi oferecido à aluna que mais se distinguiu nos exames do Colégio Santos Dumont na 2ª série do 1º grau o prêmio denominado Mariana Coelho (A República (PR), 21 de dezembro de 1908, sexta coluna).

1909 – Reprodução da crítica favorável de Eloy Pontes sobre o livro de Mariana Coelho, Paraná Mental, publicada na Folha Moderna, em novembro de 1908 (A República (PR), 4 de janeiro de 1909, segunda coluna).

Publicação de uma crítica a seu livro, Paraná Mental (A República (PR), 26 de fevereiro de 1909, quinta coluna).

Contribuiu financeiramente para a visita que o escritor português Guerra Junqueiro (1850 – 1923) faria ao Brasil no ano seguinte (A República (PR), 13 de fevereiro de 1909, primeira coluna).

1910 – Na Câmara Municipal de Curitiba, houve uma reunião de associações femininas em prol da unidade do estado do Paraná. Mariana Coelho foi eleita por aclamação primeira secretária do Comitê Central de Senhoras, presidido por Francisca Cavalcante (Correio Paulistano, 3 de janeiro de 1910, quarta colunaA República (PR), 18 de janeiro de 1910, quinta coluna).

Promovia no Colégio Santos Dumont saraus artísticos, literários e musicais (A República (PR), 19 de dezembro de 1910, terceira coluna).

1911 – Em propaganda do Colégio Santos Dumont foi mencionado que o estabelecimento de instrução e educação havia conquistado medalhas de ouro e de prata na Exposição Nacional de 1908, no Rio de Janeiro. Ficava na praça Carlos Gomes, nº 5 (A República (PR), 5 de janeiro de 1911).

 

 

Em maio, falecimento de sua mãe, Maria do Carmo Teixeira Coelho. Em sua homenagem, publicou para a revista Fanal, de janeiro de 1912, a poesia Morreu!.

 

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Participou do Congresso de Geografia realizado em Curitiba (Diário da Tarde (PR), 2 de setembro de 1911, primeira colunaA República (PR), 8 de setembro de 1911).

 

 

Fazia parte da comissão para a venda de ingressos do festival do Teatro Politeama para ajudar as vítimas das inundações ocorridas no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul (Diário da Tarde (PR), 27 de outubro de 1911, última coluna).

1912  – Os cursos de alfabetização pelo Método João de Deus e o de prendas domésticas são destacados como os principais do Colégio Santos Dumont, referido como uma importante influência na educação em Curitiba (A República (PR), 31 de outubro de 1912, terceira coluna).

Em 19 de dezembro, criação do Centro de Letras do Paraná, do qual tornou-se sócia (Diário da Tarde (PR), 19 de dezembro de 1959, primeira coluna).

1913 – O Colégio Santos Dumont ficava na rua da Misericórdia, nº 84 (A República (PR), 11 de janeiro de 1913, primeira coluna).

1914 – Durante o concerto do maestro amazonense, o conde José Sabbatini (18? – 19?), na época diretor da escola de música do Paraná, realizado no Clube Curitibano, foram distribuidos folhetos com versos escritos por Mariana (Diário da Tarde (PR), 19 de fevereiro de 1914, última coluna).

 

 

 

1916 – Seu colégio ficava na rua José Loureiro, 27 (Diário da Tarde (PR), 28 de janeiro de 1916, última coluna).

 

 

O inventor Alberto Santos Dumont (1873 – 1932), em visita à Curitiba, foi ao Colégio Santos Dumont, onde foi recebido por Mariana. Logo na entrada, as alunas jogaram pétalas de flores sobre o ilustre visitante, que chegou com o secretário do Interior, Enéas Marques dos Santos. O cônsul de Portugal, o irmão de Mariana e professor Carlos Alberto Teixeira Coelho, professores do colégio, além de outros convidados, participaram do encontro. Uma orquestra executou o Hino Santos Dumont (A República (PR), 4 de maio de 1916, quinta colunaA República (PR), 8 de maio de 1916, quinta coluna; Diário da Tarde (PR), 8 de maio de 1916, terceira coluna).

 

 

 

Na ocasião, uma das alunas do colégio proferiu o seguinte discurso:

Ilustre Dr. Santos Dumont. – Meus Senhores. O âmbito de nosso peito é por demais acanhado para conter todo o jubilo que agita os nossos innocentes corações em face da honrosa presença do querido patrono do nosso collegio. Este formo palpitar de intima alegria, porém, não póde deixar de ser turbado pela saudade em que já nos envolve a vossa rapida passagem por esta capital e por que.., talvez não tenhamos a ventura de nos tornar a ver! O vosso retrato, senhor, aqui nos anima na principal sala de trabalhos escolares, a prosseguir nossos estudos, desde a fundação do estabelecimento que há 15 annos e que usa o vosso nome celebrado – orgulhando-se de que Santos Dumont seja um dos mais scintillantes astros que fulguram nos dominios da sciencia moderna. Por certo a nossa diretora, nos momentos mais angustiosos da sua lucta pela existência, busca e encontra na vossa veneranda effigie o alento para continuar a manter esta escola a que deu o vosso nome ilustre – prestando d’esta forma uma pallida homenagem á grande beleza de vossa alma e do vosso raro talento. É vossa, é unicamente vossa honra de descobrirdes a diribilidade do balão – assombroso progresso para a humanidade, mas hoje, infelizmente, transformada em machina homicida no seu contingente de morte, que o impelle a uma guerra sem procedentes, e cuja acabrunhadora fatalidade muito deve a amargurar uma alma nobilissima como a vossa! Ah! Como desejariamos subir comvosco na vossa bella aeronave e experimentar as emoções do espaço! Termino, illustre Dr., desejando em nome d’esta escolla, que a felicidade vos acompanhe por toda a parte – do que tão digno sois por todos os motivos, e pedindo-vos que nunca esqueçaes o Collegio Santos Dumont que tão sinceramente vos estima e admira” (A República (PR), 8 de maio de 1916).

O poeta Olavo Bilac (1865 – 1918) enviou um belo autógrafo para o Colégio Santos Dumont (A República (PR), 26 de dezembro de 1916, terceira coluna).

 

 

1917 – Proferiu um discurso durante a sessão em que foi eleita a primeira diretoria efetiva da recém criada Cruz Vermelha Paranaense (Diário da Tarde (PR), 2 de junho de 1917, primeira coluna).

Era a encarregada do registro das pessoas que iriam se vacinar no recém inaugurado posto de vacinação da Cruz Vermelha Paranaense (Diário da Tarde (PR), 12 de outubro de 1917, última coluna).

Devido à epidemia de tifo em Curitiba, Mariana decidiu suspender as aulas no Colégio Santo Dumont (A República (PR), 23 de outubro de 1917, quinta coluna).

1918 – Começou a trabalhar como secretária e professora da Escola Profissional Feminina.

Foi dedicado a ela, pelo escritor paranaense José Cadilhe (1880 – 1942), o poema Portugal (A República (PR), 27 de abril de 1918).

 

 

 

1919 – Fazia parte da comissão escolar encarregada de promover atividades infantis para arrecadar fundos para ajudar os flagelados da seca do Nordeste (A República (PR), 21 de maio de 1919, terceira coluna).

Era a terceira secretária da diretoria eleita para a Cruz Vermelha do Paraná (A República (PR), 3 de janeiro de 1919, última coluna).

1921 – Escreveu um artigo em homenagem a João do Rio, pseudônimo de Paulo Barreto (1881 – 1921), recentemente falecido (A República (PR), 29 de junho de 1921, segunda coluna).

1922 – Como segunda secretária do Centro Republicano Português participou da sessão solene, no Teatro Guayra, em celebração da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aviadores portugueses Carlos Viegas Gago Coutinho (1869 -1959) e Artur de Sacadura Freire Cabral (1881 – 1924). Haviam partido de Lisboa em 30 de março de 1922 e chegado ao Brasil em 17 de junho do mesmo ano (A República (PR), 19 de junho de 1922, última coluna).

 

 

1923 – Publicou o artigo O civismo da mulher na guerra (Commercio do Paraná, 23 de janeiro de 1923, quarta coluna).

Iniciou uma troca de correspondências, que manteve até 1940, com a feminista Bertha Lutz (1894 – 1973), presidente da Federação Brasileira pelo Progresso da Mulher, fundada em 9 de agosto de 1922.

1925 – Foram publicados os trechos intitulados Renovação social da Tuquia e Flagrante flutuação de seu livro, ainda inédito, Evolução de Feminismo (Commercio do Paraná, 6 de janeiro de 1925, penúltima colunaSempre-Viva, 15 de maio de 1925).

Tornou-se associada da Federação Brasileira pelo Progresso da Mulher, tendo recebido em 3 de março, a notificação de seu efetivo ingresso na entidade.

Escreveu um artigo sobre a escritora e crítica literária berlinense Carolina Michaelis de Vasconcellos (1851 – 1925), recentemente falecida. Ela foi a primeira mulher a lecionar em uma universidade portuguesa, a Universidade de Coimbra (O Estado do Paraná, 22 de novembro de 1925, primeira coluna).

 

 

1926 - Continuava  trabalhando na Escola Profissional Feminina, em Curitiba (O Estado do Paraná, 19 de janeiro de 1926, quarta coluna).

Falecimento de seu irmão, o professor e um dos mais importantes filólogos de sua geração, Carlos Alberto Teixeira Coelho (1866 – 1926), em 28 de janeiro (O Dia (PR), 29 de janeiro de 1926, segunda coluna).

A professora, poeta e jornalista catarinense Maura de Senna Pereira (1904 – 1991) dedicou a ela o poema Nesgas (A República (SC), 12 de dezembro de 1926, segunda coluna).

 

 

1927 – Mariana esteve no Rio de Janeiro, na Federação Brasileira pelo Progresso da Mulher apresentou os originais do livro A Evolução do Feminismo, onde fazia uma imparcial crítica histórica ao papel da mulher. Bertha Luz (1894 – 1971) e Maria Amalia Bastos de Miranda Jordão, respectivamente, presidente e secretária da associação, ofereceram a ela um chá na Confeitaria Colombo (Jornal do Brasil, 19 de julho de 1927, quarta colunaO Dia (PR), 17 de agosto de 1927, primeira coluna).

1930 – Na “Página Literária”, publicação de um artigo de sua autoria, O Feio, sobre a valorização da beleza da mulher (A República (PR), 20 de janeiro de 1930, primeira coluna).

Foi uma das intelectuais do Paraná que se declarou favorável à eleição de Julio Prestes (1882 – 1946) à presidência da República, apoiando a Ação Intelectual Brasileira. Ele foi eleito em 1º de março, mas não tomou posse devido à Revolução de 30, liderada por Getulio Vargas (1882 – 1954) (A República (PR), 12 de fevereiro de 1930).

Foi nomeada diretora da Escola Profissional Feminina – que recebeu, em 1933, o nome de Escola Profissional Feminina República Argentina -, onde ficou até se aposentar. O local atualmente é o Centro Estadual de Capacitação em Artes Guido Viaro, no Capão da Imbuia (A República (PR), 19 de junho de 1930, primeira coluna).

1931 – Foi efetivada nos cargos de professora e diretora da Escola Profissional Feminina  (O Dia (PR), 25 de março de 1931, primeira colunaO Dia (PR), 10 de setembro de 1932, primeira coluna).

 

1933 – No artigo A mulher paranaense, de Rachel Prado, foi mencionada como uma das mais importantes escritoras do estado (Brasil Feminino, maio de 1933).

Participou no Centro de Letras do Paraná da sessão em homenagem ao escritor e historiador paranaense José Francisco da Rocha Pombo (1857 – 1933), recentemente falecido (O Dia (PR), 8 de julho de 1933, terceira coluna).

 

 

Publicação do mais importante de seus livros, A Evolução do Feminismo: subsídios para a sua história, com prefácio de Rocha Pombo, sobre a emancipação da mulher, a mulher na religião, o civismo da mulher na guerra, a ação da mulher na imprensa, nas artes, nas ciências e nas letras, além de um capítulo dedicado à mulher nas diversas modalidades do amor (O Dia (PR), 29 de agosto de 1933, primeira colunaO Dia (PR), 9 de setembro de 1933, primeira coluna;  Diário da Tarde (PR), 14 de outubro de 1933, quarta colunaJornal do Brasil, 19 de outubro de 1933, sexta colunaO Dia (PR), 9 de novembro de 1933, última coluna).

 

 

Na reunião quinzenal do Centro de Letras do Paraná, Mariana Coelho foi cogitada para ocupar uma das cadeiras da casa. Foi empossada em 30 de novembro (O Dia (PR), 21 de setembro de 1933, segunda colunaO Dia (PR), 24 de novembro de 1933, segunda colunaO Dia (PR), 1º de dezembro de 1933, quinta colunaO Dia (PR), 7 de dezembro de 1933, quarta coluna).

1934 – Seu livro, A Evolução do Feminismo, foi elogiado pelo professor Antonio Austregésilo (1876 – 1960), da Academia Brasileira de Letras; e pelo crítico literário, também membro da Academia Brasileira de Letras, João Ribeiro (1860 – 1934)(A Noite, 13 de janeiro de 1934, primeira colunaJornal do Brasil, 14 de março de 1934, segunda colunaWalkyrias, agosto de 1934).

 

 

Mariana ofereceu livros para a Biblioteca do Centro Paraense da Cultura Feminina, criado no ano anterior pelas advogadas Rosy Pinheiro e Ilnah Pacheco Secundino e pela médica Delohé Falce Scalco (O Dia (PR), 5 de dezembro de 1933, sexta colunaO Dia (PR), 25 de fevereiro de 1934, última coluna).

Falecimento de seu irmão, Thomaz Alberto Teixeira Coelho (1859 – 1934), que na época residia no Rio de Janeiro (O Dia (PR), 20 de abril de 1934, terceira coluna).

Passou férias no Rio de Janeiro (Jornal do Brasil, 7 de julho de 1934, segunda colunaDiário da Tarde (PR), 19 de julho de 1934, segunda coluna).

Em reunião do Centro de Letras do Paraná, Mariana falou sobre o feminismo diante do amor, um dos temas de seu livro A Evolução do Feminismo (O Dia (PR), 16 de outubro de 1934, primeira coluna).

Foi convidada para fazer uma conferência literária na ocasião da comemoração do primeiro ano de fundação do Centro Paraense da Cultura Feminina. Foi saudada pela oradora da associação, Ophir Athayde Leite. Mariana discorreu sobre o tema Um brado de alarme contra a guerra, os suicídios e a pena de morte (O Dia (PR), 7 de dezembro de 1934, quarta coluna).

 

 

1935 – Participou da Semana Emiliano, um festival de arte que o Centro de Letras do Paraná organizou em homenagem ao poeta curitibano Emiliano Pernetta (1866 – 1921), um dos fundadores do simbolismo no Brasil e considerado o maior poeta paranaense de seu tempo. Recitou o poema Felicidade, da coleção Setembro. (O Dia (PR), 22 de janeiro de 1935, sexta coluna).

 

 

Publicou o livro Um Brado de Revolta contra a Morte Violenta e destinou 50% da venda para a construção de um mounumento em homenagem aos historiador Rocha Pombo (1857 – 1933) (O Dia (PR), 25 de abril de 1935Diário da Tarde (PR), 9 de maio de 1935O Dia (PR), 13 de julho de 1935, primeira coluna).

 

 

O cientista paranaense Victor Amaral (1862 – 1953) escreveu sobre o livro Um Brado de Revolta contra a Morte Violenta (Diário da Tarde (PR), 19 de agosto de 1935, terceira coluna).

Dirigia a Escola Profissional República Argentina (O Dia (PR), 12 de fevereiro de 1936, terceira coluna).

1936 - Foi convidada para participar do Congresso das Academias de Letras e Sciencias de Cultura Literária realizado, em maio, no Rio de Janeiro, promovido pela Academia Carioca de Letras e sua tese, Linguagem, foi apresentada no evento. No ano seguinte, a tese foi publicada (Diário da Tarde (PR), 3 de março de 1936, penúltima colunaJornal do Commercio, 6 de maio de 1936, sexta colunaO Dia (PR), 25 de abril de 1937, penúltima colunaDiário Carioca, 17 de julho de 1937, primeira coluna). Era amiga do médico, escritor e militante anarquista Fábio Lopes dos Santos Luz (186? – 1938) que desde 1934 ocupava uma cadeira da Academia Carioca de Letras.

 

 

Mariana Coelho, após defender em sua tese a simplificação da língua portuguesa, passou a assinar Mariana com apenas uma letra n, em oposição ao modo como foi registrada, com duas letras n.

Preencheu a ficha para o 3.º Congresso Nacional Feminino, que ocorreu no Rio de Janeiro, em setembro de 1936, promovido pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, mas a pesquisa não encontrou evidência de sua participação no evento. A representante do Paraná foi a presidente do Centro Paraense de Cultura Feminina, a advogada Ilnah Pacheco Secundino (O Dia (PR), 26 de julho de 1936, quinta colunaO Dia (PR), 1º de outubro de 1936, terceira coluna).

1937 - Publicação do artigo O feminismo no Brasil, de sua autoria, no qual apontava Nizia Floresta (1810 – 1885) como a primeira mulher, no Brasil, que reivindicou direitos femininos. Nisia Floresta, o pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, educadora e poetisa nascida no Rio Grande do Norte, é considerada a primeira feminista brasileira. A dentista Isabel de Mattos Dillon (1861 – 1920), primeira mulher a conseguir autorização para votar no Brasil, em 1886, também foi mencionada no artigo como outra importante feminista. A Lei Saraiva, promulgada em 1881, dizia que todo brasileiro com um título científico poderia votar. Isabel acionou essa lei para solicitar sua inclusão na lista de pessoas eleitoras do Rio Grande do Sul (Correio da Manhã, 3 de janeiro de 1937).

 

 

 

Na apuração final do plebiscito Qual a mulher intelectual merece a consagração da imortalidade?, Mariana tinha 106 votos. Foi vencida por Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça (1886 – 1963) com 2.512 votos (O Malho, 14 de janeiro de 1937).

 

 

O filólogo José de Sá Nunes (18? – 1955)  escreveu sobre a tese Linguagem (1937) de autoria de Mariana Coelho. Outras personalidades também a felicitaram por sua tese (O Dia (PR), 1º de outubro de 1937).

1938 – Concorreu mas não foi eleita para ocupar uma das cadeiras da Academia Paranaense de Letras (O Estado (PR), 1º de fevereiro de 1938).

Foi homenageada por professores, funcionários e alunos da Escola Profissional República Argentina. Na ocasião, foi inaugurado um retrato de Mariana na sala em que trabalhava como diretora do colégio (O Dia (PR), 4 de outubro de 1938, terceira coluna).

1939 – Naturalizou-se brasileira (Jornal do Brasil, 31 de agosto de 1939, penúltima colunaDiário da Tarde (PR), 8 de novembro de 1939, segunda coluna).

1940 - Foi eleita como sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (O Dia (PR), 23 de fevereiro de 1940, segunda coluna).

Publicou o livro Cambiantes: contos e fantasias, ilustrados com desenhos do italiano Guido Viaro (1897 – 1971) e prefaciado por Leôncio Correia (1865 – 1950) (ODia (PR), 14 de julho de 1940, segunda colunaO Malho, fevereiro de 1941O Dia (PR), 24 de setembro de 1941, penúltima coluna).

O poeta, escritor e empresário Heitor Stockler (1888 – 1975) relembra a trajetória de Mariana Coelho como educadora e escritora (Diário da Tarde (PR), 14 de agosto de 1940, penúltima coluna).

1941 – Devido a problemas de saúde, não pode mais trabalhar, tendo se aposentado do cargo de diretora da Escola Feminina República Argentina.

Leôncio Correia (1865 – 1950) dedicou seu poema O Coração em Voo a várias pessoas, dentre elas Mariana Coelho (O Dia (PR), 14 de setembro de 1941, primeira coluna).

 

 

Ela, com Cambiantes, Plácido e Silva (1892 – 1973) com História do Macambira; e Angelo Guarinelo (1876 – 1959) com Ressurreição se inscreveram para concorrer a um prêmio da Academia Brasileira de Letras:(O Dia (PR), 14 de ooutubro de 1941, sexta coluna).

 

 

 

1943 – Inauguração da Estante Mariana Coelho durante a celebração do sétimo ano da fundação da Academia Paranaense de Letras. Foi saudada por José Gelbcke (1879 – 1960). Mariana havia doado para a biblioteca da entidade cerca de 200 livros (O Dia (PR), 25 de setembro de 1943O Dia (PR), 28 de setembro de 1943, segunda coluna).

 

 

Fez uma visita ao ministro da Educação, Gustavo Capanema (1900 – 1985) (O Dia (PR), 26 de outubro de 1943, primeira coluna).

1946 – Foi uma das 13 escritoras do Paraná que participaram da primeira Exposição do Livro Feminino Brasileiro, realizada no Palace Hotel, no Rio de Janeiro, em fevereiro (O Dia (PR), 7 de setembro de 1946, terceira coluna).

1949 – Seus livros Cambiantes e Um Brado de Revolta contra a Morte Violenta integraram a Exposição Inter-americana do Livro, no Rio de Janeiro (O Dia (PR), 17 de agosto de 1949, terceira coluna).

Mariana Coelho foi atropelada por um caminhão (Diário da Tarde (PR), 23 de novembro de 1949, penúltima coluna).

O jornalista e escritor italiano radicado no Brasil desde o início dos anos 20, Francisco Stobbia (1881 – 1961),  escreveu um artigo sobre Mariana e sua obra, A Evolução do Feminismo (Diário da Tarde (PR), 6 de dezembro de 1949, penútima coluna).

Era uma das colaboradoras da Revista do Centro de Letras do Paraná (O Dia (PR), 30 de janeiro de 1951, terceira coluna).

1954 – Falecimento de Mariana Coelho, em 29 de novembro de 1954, em sua casa, na rua Presidente Taunay, em Curitiba. Foi sepultada no Cemitério Municipal São Francisco de Paula (Diário da Tarde(PR), 29 de novembro de 1954, sexta colunaO Dia(PR), 30 de novembro de 1954, terceira coluna).

 

 

Em sua homenagem, seu retrato foi inaugurado no Centro de Letras do Paraná. O Centro Paranense Feminino de Cultura também participaria do evento (Diário da Tarde (PR), 8 de dezembro de 1954, penútima colunaO Dia (PR), 12 de dezembro de 1954, sexta coluna).

1955 – Publicação de um artigo do jornalista Otávio Secundino exaltando as qualidades de Mariana Coelho (Diário da Tarde (PR), 7 de janeiro de 1955, quinta coluna).

Publicação de um artigo de  Francisco Stobbia (1881 – 1961) sobre A Evolução do Feminismo (Diário da Tarde, 15 de janeiro de 1955, primeira coluna).

 

 

1956 – Foi publicada sua obra póstuma Palestras Educativas (Diário do Paraná, 11 de setembro de 1956, primeira colunaDiário da Tarde (PR), 15 de setembro de 1956, quinta coluna).

1957 – Publicação do conto Um Urso, do livro Cambiantes: contos e fantasias (Diário do Paraná, 7 de abril de 1957).

1959 – Publicação de seu poema Saudade (O Dia (PR), 19 de julho de 1959).

 

 

A professora Maria Nicolas (1899 – 1988) publicou um artigo exaltando o papel de Mariana Coelho como educadora, escritora e feminista (Diário da Tarde (PR), 1º de maio de 1959, penúltima coluna).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALVES, Branca Moreira, Ideologia e feminismo: a luta das mulheres pelo voto no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980

BUENO, Alexandra Padilha. Educação e participação política: a visão de formação feminina de Mariana CoelhoDissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná, 2010.

COELHO, Mariana. A evolução do feminismo, subsídios para a sua história. 2 ed. Org. Zahidé L. Muzart. Curitiba, Imprensa Oficial do Paraná, 2002.

DINIZ, Aires Antunes. Mariana Coelho: uma educadora feminista luso-brasileira. Portugal: Penagrafica, 2015.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KAMITA, Rosana Cássia. Resgates e ressonâncias: Mariana Coelho. Tese de Doutorado. Curso de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.

KARAWEJCZYK, Monica. As filhas de Eva querem votar: uma história da conquista do sufrágio feminino no Brasil. Tese (Doutorado em História), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

MUZART, Zahidé L. Resgates e ressonâncias: uma beauvoir tupiniquim. In: BRANDÃO, Izabel; MUZART, Zahidé L.  e  BOLAÑOS, Aimée González (orgs.). Refazendo nós: ensaios sobre mulher e literatura. Florianópolis: Ed. Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003.

Revista dos Cursos de Letras – Universidade do Paraná, abril de 1955

RIBEIRO, Leonardo Soares Madeira Iorio. Mariana Coelho: a educadora feminista. Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2015.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Erico Vital (organizadores). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2000.

Site Academia Brasileira de Letras

Site A Memória dos Esquecidos

Site Centro de Documentaação de Literatura de Autoria Feminina Paranaense

Site Instituto Terra, Trabalho e Cidadania

Site Universidade Federal do Paraná

TOMÉ, Dyeinne Cristina. Mariana Coelho e a educação das mulheres: uma escritora feminista no campo intelectual (1893 – 1940). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Ponta Grossa Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes Programa de Pós-Graduação em Educação, 2020.

 

Acesse aqui os outros artigos da Série “Feministas, graças a Deus!

Série “Feministas, graças a Deus!” I – Elvira Komel, a feminista mineira que passou como um meteoro, publicado em 25 de julho de 2020, de autoria da historiadora Maria Silvia Pereira Lavieri Gomes, do Instituto Moreira Salles, em parceria com Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” II  – Natércia da Cunha Silveira (1905 – 1993), o jequitibá da floresta, publicado em 20 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” III  – Bertha Lutz e a campanha pelo voto feminino: Rio Grande do Norte, 1928, publicado em 29 de setembro de 2020, de autoria de Maria do Carmo Rainha, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” IV  – Uma sufragista na metrópole: Maria Prestia (? – 1988), publicado em 29 de outubro de 2020, de autoria de Claudia Heynemann, doutora em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” V – Feminista do Amazonas: Maria de Miranda Leão (1887 – 1976), publicado em 26 de novembro de 2020, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, mestre em História e pesquisadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” VI – Júlia Augusta de Medeiros (1896 – 1972) fotografada por Louis Piereck (1880 – 1931), publicado em 9 de dezembro de 2020, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VII – Almerinda Farias Gama (1899 – 1999), uma das pioneiras do feminismo no Brasil, publicado em 26 de fevereiro de 2021, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” VIII – A engenheira e urbanista Carmen Portinho (1903 – 2001), publicado em 6 de abril de 2021, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” X – Maria Luiza Dória Bittencourt (1910 – 2001), a eloquente primeira deputada da Bahia, publicado em 25 de março de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XI e série “1922 – Hoje, há 100 anos” VI – A fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, publicado em 9 de agosto de 2022, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XII e série “1922 – Hoje, há 100 anos” XI – A 1ª Conferência para o Progresso Feminino, publicado em 19 de dezembro de 2022, de autoria de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, historiadora do Arquivo Nacional

Série “Feministas, graças a Deus!” XIII – E as mulheres conquistam o direito do voto no Brasil!, publicado em 24 de fevereiro de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XIV – No Dia Internacional da Mulher, Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, publicado em 8 de março de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XV – No Dia dos Povos Índígenas, Leolinda Daltro,”a precursora do feminismo indígena” e a “nossa Pankhurst, publicado em 19 de abril de 2023, de autoria de Andrea C T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “Feministas, graças a Deus!” XVI – O I Salão Feminino de Arte, em 1931, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, pesquisadora e editora do portal Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2023

Série “Feministas, graças a Deus!” XVII – Anna Amélia Carneiro de Mendonça e o Zeppelin, equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC, em parceira com Andrea C.T. Wanderley, publicado em 5 de janeiro de 2024