A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb

A Serra dos Órgãos faz parte da Serra do Mar, na Região Serrana do Rio de Janeiro e sua beleza não passou despercebida por grandes fotógrafos do século XIX. A Brasiliana Fotográfica reuniu 16 imagens realizadas pelos europeus Georges Leuzinger (1813 – 1892) e Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886); e pelo carioca filho de franceses Marc Ferrez (1843 – 1923)  Foram produzidas entre as décadas de 1860 e 1890 e pertencem aos acervos da Biblioteca Nacional e do Instituito Moreira Salles, instituições fundadoras do portal. Há ainda uma fotografia aérea, de 1935, do acervo do Museu Aeroespacial, uma de nossas instituições parceiras. Convidamos nossos leitores a um agradável passeio por essa exuberante paisagem cujo um dos principais monumentos geológicos é o Dedo de Deus, pico com 1.692 metros de altitude.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Serra dos Órgãos de autoria de Ferrez, Leuzinger e Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Foi criado, em 30 de novembro de 1939, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), uma Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral, subordinada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (Gazeta de Notícias, 22 de novembro, quarta coluna; e 8 de dezembro, penúltima coluna; de 1939). É o terceiro parque mais antigo do Brasil.  O grupo responsável por seu projeto e por seu decreto de criação era formado por Armando José Vieira, Edgar de Chagas Dória, pelos irmãos Arnaldo e Carlos Guinle, Hungria Machado, Franklin Sampaio, Egon Prates e pelo próprio presidente Getulio Vargas.

 

 

É considerado um dos melhores locais do país para a prática de esportes de montanha, além de abrigar cachoeiras. Tem a maior rede de trilhas do Brasil e entre as escaladas destacam-se o Dedo de Deus, considerado o marco inicial da escalada no país. São 20.024 hectares protegidos nos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim. Segundo o Site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: abriga mais de 2.800 espécies de plantas catalogadas pela ciência, 462 espécies de aves, 105 de mamíferos, 103 de anfíbios e 83 de répteis, incluindo 130 animais ameaçados de extinção e muitas espécies endêmicas.

 

Uma curiosidade: a Serra dos Órgãos foi uma das paisagens que inspirou o grande músico brasileiro Heitor Villas-Lobos (1887-1959) a compor melodias para as montanhas brasileiras – A melodia das montanhas, por Julio Pires (O Cruzeiro, 4 de maio de 1940).

 

 

Georges Leuzinger (1813-1892) 

 

 

Georges Leuzinger (1813-1892) nasceu em Mollis, cidade do cantão de Glarus, na Suíça, e foi um dos mais importantes fotógrafos e difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país. Grande empreendedor, montou um sofisticado e diversificado complexo editorial, a Casa Leuzinger, que se tornaria um polo de publicações e de produções fotográficas, alçando o Brasil ao mesmo nível da produção europeia do setor.

A Casa Leuzinger era formada por oficinas de litografia, encadernação e fotografia, além de papelaria, tipografia e estamparia de livros e gravuras. Foi referência em artes gráficas, impressão e divulgação de gravuras e fotografias.  Além de produzir suas próprias imagens, o estabelecimento comercializava obras de fotógrafos como Marc Ferrez (1843 – 1923) e Albert Frisch (1840 – 1918) , entre outros.

Como fotógrafo, Leuzinger realizou, durante a década de 1860, apenas cerca de 20 anos após a invenção da daguerreotipia, um importante e pioneiro trabalho de documentação do Rio de Janeiro, incluindo cenas urbanas, vistas de Niterói, da Serra dos Órgãos e de Teresópolis.

 

Marc Ferrez (1843 – 1923)

 

 

Marc Ferrez (1843 – 1923) foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

Outro segmento de sua obra iconográfica registrou as várias regiões do Brasil – ele foi o único fotógrafo do século XIX que percorreu todas as regiões do país, tendo sido, no referido século, o principal responsável pela divulgação da imagem do país no exterior. Em meados dos anos 1870, integrou a Comissão Geológica do Império. Tornou-se nos anos 1870 Fotógrafo da Marinha Imperial.

 

Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

 

 

Um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil, Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) foi o fotógrafo preferido da família imperial brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, inaugurou seu estabelecimento fotográfico em 1855 ( Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna ). Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.

Foi também o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Dois exemplares estão conservados na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), 8 de maio de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, em 15 de junho de 2022

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 7 de dezembro de 2023

 

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb

Motivada pela publicação do artigo Pharoux, o primeiro hotel de luxo do Brasil, publicado na Brasiliana Iconográfica, em 15 de junho de 2022, a Brasiliana Fotográfica destaca uma imagem do estabelecimento, o primeiro hotel de luxo do Brasil, produzida pelo francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), o fotógrafo da família real do Brasil. A imagem pertence ao acervo da Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras da Brasiliana Fotográfica, segundo a qual:

Através de pesquisa nas obras “Origens e expansão da fotografia no Brasil : século XIX”, de Boris Kossoy, e “Imagem e letra : introdução à bibliologia brasileira”, de Orlando da Costa Ferreira, foi constatado que o endereço manuscrito no verso do cartão-suporte era o mesmo da “Officina de Paulo Robin”, dirigida por Klumb”.

Klumb foi, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil – utilizada na foto destacada -, com a qual entre os anos de 1855 e 1862, aproximadamente, produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.

 

 

O Hotel Pharoux foi fundado pelo francês de Marselha, Louis Dominique Pharoux (?- 1867), bonapartista que exilou-se no Brasil, em torno de 1816.

“O hotel que levava seu nome inaugurou um novo padrão para as hospedarias da capital do Império, que até então só oferecia alojamentos bastante simples e, em geral, sujos”.

Brasiliana Iconográfica

 

Inicialmente, o Pharoux era uma hospedaria na rua da Quitanda, nº 99, e várias vezes anunciava no jornal oferecer sopa e bife de tartarugas (Jornal do Commercio, 23 de setembro de 1836, terceira coluna). Em 1838, transferiu-se para a rua Fresca, nº 3, esquina com o Largo do Paço, atual Praça XV, e uma de suas fachadas dava de frente para a Praia Dom Manuel (Jornal do Commercio, 12 de fevereiro de 1838, quarta coluna).

 

 

Era um edifício que, além do térreo, tinha três andares. Refinado e confortável, trouxe à corte um certo glamour europeu. Possuia uma  sala de jantar que comportava mais de oitenta pessoas, mobiliário de bom gosto e seus banhos eram um atrativo a mais, em uma cidade que oferecia até então somente hospedarias pouco confortáveis e uma mesa sem grandes variedades nas casas de pasto, que já se multiplicavam pelas ruas (Arqueologia Histórica no Rio de JaneiroJornal do Commercio, 12 de fevereiro de 1838, quarta coluna). As salas de banho tinham banheiras de metal e mármore com torneiras de água fria e quente. Toalhas brancas eram oferecidas. Um requinte na época. Utilizava-se água encanada vinda do chafariz do Largo do Paço.

Desde o início, destacou-se também, como já mencionado, pelo esmero em sua gastronomia e por servir vinhos franceses.

 

 

Era também um ponto de convergência da sociedade de sua época e de viajantes (Jornal do Commercio19 de fevereiro de 1838, segunda coluna; 24 de abril de 1838, terceira coluna). Foi muitas vezes, o cenário de contos, como o publicado na A Semana Illustrada, de 11 de agosto de 1861.

 

“O hotel Pharoux, tinha excelente frequência da sociedade local, frequentado também por muitos viajantes franceses, que junto ao seu bem humorado e cortês proprietário, passavam horas agradáveis lembrando a pátria. Construiu o cais que acabou levando seu nome, e fez desse magnífico e aprazível local um ponto de encontro para os que podiam usufruir do conforto de um bom vinho, e de uma boa mesa abençoados pelas brisas do mar”

Arqueologia Histórica no Rio de Janeiro

 

 

“…Velhos do meu tempo, acaso vos lembrais desse mestre cozinheiro do Hotel Pharoux, um sujeito que, segundo dizia o dono da casa, havia servido nos famosos Véry e Véfour, de Paris, e mais nos palácios do Conde Molé e do Duque de la Rochefoucauld? Era insigne. Entrou no Rio de Janeiro com a polca… A polca, M. Prudhon, o Tivoli, o baile dos estrangeiros, o Cassino, eis algumas das melhores recordações daquele tempo; mas sobretudo os acepipes do mestre eram deliciosos.”

Memórias Póstumas de Brás Cubas por Machado de Assis

 

Em 1860 era anunciada a venda do prédio do hotel, que passou a ter outro proprietário (Correio Mercantil, 12 de janeiro de 1860, segunda coluna; 20 de janeiro de 1860, quarta coluna; Courrier du Brésil, 1º de janeiro de 1860).

 

 

Em 1861, seu dono era João Freichou ou Jean Frechon que, em 1862, reformou o hotel (Correio Mercantil, 22 de dezembro de 1861, terceira coluna; Courrier du Brésil, 31 de agosto de 1862). Em 1863, foi noticiada a falência fraudulenta do estabelecimento (Correio Mercantil, 25 de abril de 1863, última coluna).

 

 

Segundo a maioria das fontes, Luiz Pharoux retornou à França, em 1864.  Após abrigar a Casa de Saúde do dr. Antônio Marcolino Fragozo, a Casa de Saúde Nossa Senhora da Glória e a Casa de Saúde dos drs. Catta-Preta, Marinho e Werneck (Diário do Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1864Jornal do Commercio12 de junho de 1870, quarta coluna; e 13 de outubro de 1874), e, posteriormente outro hotel, o Real (Almanak Laemmert, 1927), o edifício do Hotel Pharoux foi demolido, em 1959, para a  construção da Perimetral.

 

 

O Hotel Pharoux e a história da fotografia no Brasil

 

 

Foi no Hotel Pharoux que o abade francês Louis Comte (1798 – 1868), que chegou ao Brasil trazendo o daguerreótipo, no  navio L´Oriental , que aportou no Rio de Janeiro em 23 de dezembro de 1939, fez o primeiro ensaio fotográfico no país. Leia essa história no artigo A chegada do daguerreótipo no Brasil – os primeiros registros no Rio de Janeiro, publicado em 16 de janeiro de 2020, aqui no portal.

 

 

Foi lá que o retratista francês Abram-Louis Buvelot (1814 – 1888) se hospedou, quando chegou ao Rio de Janeiro, em outubro de 1840.

 

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M. Louis Buvelot. Xilografia publicada no Australasian Sketcher, em 12 de julho de 1888 / Acervo da Coleção La Trobe Picture

 

Link para a Cronologia de Abram-Louis Buvelot (1814 – 1888). 

 

Os norte-americanos Augustus Morand (c. 1818 – 1896) e J.E. Smith, dois pioneiros na comercialização da daguerreotipia no Brasil, chegaram ao Rio de Janeiro, vindos de Nova York, na galera C. Canckl, em 25 de novembro de 1842 (Diário do Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1842, na última coluna). Observação: com as iniciais de Smith, J. E, acaba-se a dúvida que um outro Smith, mencionado por Boris Kossoy em seu livro Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910), seja o mesmo que veio para o Brasil com Morand. No livro de Kossoy, as iniciais do “outro” Smith são T.O.

 

 

 

Na primeira página do Jornal do Commercio de 23 de dezembro de 1842, Morand foi saudado como uma celebridade: 

 

 

Ainda nessa mesma edição, sob o título O daguerreótipo na sua perfeição, foi anunciado o estabelecimento do gabinete de Morand e Smith no Hotel Pharoux, salão n. 52, casa nova, 2º andar, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 23 de dezembro de 1842, na segunda coluna). O anúncio foi repetido algumas vezes em 1842 e em 1843.

 

 

A bordo do navio norte-americano Susan, Morand deixou o Rio de Janeiro em direção a Nova York, em 13 de abril de 1843 (Jornal do Commercio, 14 e 15 de abril de 1843, na última coluna). Ele e Smith foram sucedidos por J. D. Davies, que comprou deles uma grande porção de lâminas, etc, convidou o público para visitar a oficina no Hotel Pharoux e, pouco depois, estabeleceu seu gabinete na rua do Ouvidor, 75 (Jornal do Commercio25 de abril de 1843, na segunda coluna, e 3 de maio de 1843, na terceira coluna). Algumas fontes levantam a possibilidade de Morand não ter retornado direto para Nova York e ter ficado trabalhando na América do Sul até 1844.

 

Cronologia de Augustus Morand (c. 1818 – 1896)

 

c. 1818 - Nascimento de Augustus Morand, em Nova York.

1838 – Casamento com Caroline Kane (1821 – ?)

1840 – Augustus Morand começou a trabalhar como daguerreotipista. Conheceu o pintor Henry Inman (1801 – 1846) e juntos fizeram experiências sobre o efeito da luz e da sombra.

c. 1841 – Provavelmente seu estabelecimento fotográfico sucedeu o de Matthews D. Van Loan na esquina da Broadway com Chambers Street, em Nova York.

1842 – Ao longo do ano, foram publicadas na revista U.S. Magazine and Democratic Review diversas gravuras baseadas em daguerreótipos produzidos por Morand: na edição de agosto, um retrato do político Thomas Wilson Door (1805 – 1854); na de setembro, de Churchill C. Cambreleng (1786 – 1862); e, na de novembro, do presidente John Tyler (1790 – 1862).

 

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Churchill C. Cambreleng, gravura baseada em daguerreótipo de Morand e publicada na edição de setembro de 1842 da The United States Democratic Review

 

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John Tyler, gravura baseada em daguerreótipo de Morand e publicada na edição de novembro de 1842 da The United States Democratic Review

 

 

De 1842 a 1845, catálogos de Nova York informavam que o endereço de Morand era Suffock Street, 25.

Por problemas de saúde, Morand foi aconselhado por médicos a viajar para os trópicos.

Os norte-americanos Augustus Morand e J.E. Smith, dois pioneiros na comercialização da daguerreotipia no Brasil, chegaram ao Rio de Janeiro, vindos de Nova York, na galera C. Canckl, em 25 de novembro de 1842 (Diário do Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1842, na última coluna). Observação: com as iniciais de Smith, J. E, acaba-se a dúvida que um outro Smith, mencionado por Boris Kossoy em seu livro Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910), seja o mesmo que veio para o Brasil com Morand. No livro de Kossoy, as iniciais do “outro” Smith são T.O.

 

 

Na primeira página do Jornal do Commercio de 23 de dezembro de 1842, Morand foi saudado como uma celebridade: 

 

 

Ainda nessa mesma edição, sob o título O daguerreótipo na sua perfeição, foi anunciado o estabelecimento do gabinete de Morand e Smith no Hotel Pharoux, salão n. 52, casa nova, 2º andar, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 23 de dezembro de 1842, na segunda coluna). O anúncio foi repetido algumas vezes em 1842 e em 1843.

 

 

1843 – Morand trouxe cartas de recomendação para pessoas influentes no Brasil e logo foi apresentado a d. Pedro II.

Os hábeis artistas do daguerreótipo Morand e Smith foram convidados para o paço imperial, onde produziram retratos do imperador Pedro II, das augustas princesas e algumas vistas da Quinta da Boavista. O público era convidado para admirar esses registros no gabinete dos fotógrafos, no Hotel Pharoux. Ainda foi informado que na câmara de Pedro II havia uma fotografia da autoria de Morand e Smith (Jornal do Commercio, 27 de janeiro de 1843, na segunda coluna).

 

 

Nos cinco meses que esteve no Brasil, a presença de Morand era constantemente requisitada no palácio real de São Cristóvão, onde fotografou as vizinhanças, copiou quadros da Galeria Real de Pinturas e retratou membros da família imperial, além de dona Francisca, irmã caçula do imperador.

Existe uma polêmica em torno da autoria de um dos três primeiros daguerreótipos produzidos no Brasil – até hoje conhecidos. São do Paço da Cidade, do Chafariz do Mestre Valentim e fachada do Mercado do Peixe; e do Mercado da Calendária. Alguns historiadores da fotografia consideram que foram de autoria do abade francês Louis Comte (1798 – 1868), que esteve no Rio de Janeiro, em 1840. Outros afirmam que um deles, o que retrata d. Pedro II (1825 – 1891) descendo de sua carruagem em frente ao Paço Imperial, seria de autoria de Morand.

A bordo do navio norte-americano Susan, Morand deixou o Rio de Janeiro em direção a Nova York, em 13 de abril de 1843 (Jornal do Commercio, 14 e 15 de abril de 1843, na última coluna).

Morand e Smith foram sucedidos por J. D. Davies, que comprou deles uma grande porção de lâminas, etc, convidou o público para visitar a oficina no Hotel Pharoux e, pouco depois, estabeleceu seu gabinete na rua do Ouvidor, 75 (Jornal do Commercio25 de abril de 1843, na segunda coluna, e 3 de maio de 1843, na terceira coluna). Algumas fontes levantam a possibilidade de Morand não ter retornado direto para Nova York.

1843 – Nascimento de sua filha, Caroline Lydia Morand (1843 – 1902), em Nova York.

1844 a 1846 – Catálogos de Nova York informavam que entre 1844 e 1846, o endereço do gabinete de daguerreotipia de Morand, em sociedade com George W. Morand, era Chambers Street, 73.

c. 1846 – Em meados da década de 1840, Morand trabalhou como daguerreotipista em várias cidades do sul dos Estados Unidos.

Nascimento de sua segunda filha, Mary (1846 – 1863).

1847 – Morand trabalhava como daguerreotipista, em Saint Louis, na Morand and Company´s Gallery of Daguerreotype Portraits and Family Groups.

Retornou a Nova York e abriu uma galeria na Chatham Street, 132, mesma rua em que morava.

1851 – Morand foi eleito presidente da New York State Daguerreian Association.

Fez parte do comitê que elaborou o estatuto da American Daguerre Association.

Fez parte do comitê formado pela American Daguerre Association para investigar a autoria da invenção de um processo para produzir daguerreótipos coloridos reivindicado por Levi Hill (1816 – 1865).

Foi publicado na edição de abril da revista Photographic Art-Journal, o artigo Augustus Morand the Daguerrean Art, sobre Augustus Morand, de autoria do reverendo Daniel Parish Kidder (1815 – 1891), teólogo e escritor que viveu entre 1837 e 1840 no Brasil. Uma curiosidade: em dezembro de 1839, Kidder embarcou em Salvador no mesmo navio que trouxe o abade Louis Comte para o Rio de Janeiro. Foi o abade que apresentou o daguerreótipo a d. Pedro II, em janeiro de 1840 (Jornal do Commercio de 17 de janeiro de 1840, na primeira coluna, e de 20 de janeiro de 1840, na terceira coluna). Kidder foi o autor dos livros Sketches of residence and travel in Brazil e Brazil and the brazilians, publicado em 1857.

1852 – Morand estabeleceu uma nova galeria na Chatham Street, 65, em Nova York.

1857 -1858 – Trabalhava como editor na Broadway, 379, em Nova York.

1859 – Comprou a galeria de Alexander Becker, situada na Broadway, 411, em Nova York.

1860 – Segundo catálogo de Nova York, Morand trabalhava como fotógrafo na Broadway, 379. Outras fontes indicam que nesse ano ainda possuía a galeria na Broadway, 411.

1860 – 1862 – Augustus e George H. Morand estabeleceram uma galeria no Brooklyn.

1863 – A filha de Morand, Mary, faleceu de doença cardíaca aos 17 anos. Na época, Morand residia na Washington Street, nº. 210, no Brooklyn (The New York Times, 24 de agosto de 1863).

1896 – Falecimento de Morand, na Inglaterra.

 

 

Andrea C.T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Link para o artigo Pharoux, o primeiro hotel de luxo do Brasil, publicado na Brasiliana Iconográfica, em 15 de junho de 2022.

Este artigo foi ampliado em 20 de junho de 2022.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), 8 de maio de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre hotéis

Hotéis do século XIX e do início do século XX no Brasil, publicado em 5 de novembro de 2015 , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O Hotel Glória – antes e depois, publicado em 21 de dezembro de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

Copacabana Palace, símbolo do glamour carioca, publicado em 13 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023.

O centenário do Copacabana Palace, quintessência do “glamour” carioca, e seu criador, o arquiteto francês Joseph Gire, publicado em 13 de agosto de 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

 

 

Fontes:

AULER, Guilherme. O Paisagista e Retratista Buvelot, Jornal do Brasil, 2 Junho de 1957, Rio de Janeiro.

BERNIER, Celeste-Marie; STAUFFER, John; TRODD, Zoe. Picturing Frederick Douglass: An Illustrated Biography of the Nineteenth Century`s Most Phothographed American. New York: W W Norton & Company, Inc, 2015.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

COLMAN, Anne. Buvelot, the Migrant Artist. Interpreting New Worlds in Brazil and Australia. Austrália: La Trobe Journal, 2005.

CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1965.

ERMAKOFF, George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840- 1900. Prefácio Pedro Karp Vasquez. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.

FERREZ, Gilberto. Origens e expansão da fotografia no Brasil Século XIX. Rio de Janeiro: Funarte, 1980.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J. Pioneer photographers of Brazil : 1840 – 1920. New York: The Center for Inter-American Relations, 1976.

FOREL, M. F. Louis Buvelot, Peintre Vaudois. Gazette de Lausanne, 31 de março de 1906.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

GRAY, J. R. Louis Buvelot His Life and Work. Tese de mestrado. Universidade de Melbourne, 1968.

GURAN, Milton (organizador), TURAZZI, Maria Inez; VASQUEZ, Pedro Karp. Os daguerreótipos de Louis Comte no Rio de Janeiro – As primeiras fotografias feitas na América do Sul. Rio de Janeiro: Luz Tropical, 2016.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

ibiblio- The Public’s Library and Digital Archive

KAILBOURNE, Thomas R.; PALMQUIST, Peter E. Pioneer Photographers from the Mississippi to the Continental Divide: a Biographical Dictionary, 1839 – 1865. Stanford, Califonia:Stanford University Press, 2005.

KIDDER, D. P. Augustus Morand the Daguerrean Art. Nova York: Photographic Art-Journal, abril de 1851

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

KOSSOY, Boris. O mistério dos daguerreótipos do Largo do Paço in Revista da USP, n. 120, janeiro-março, 2019, pp.127-152.

KOSSOY, Boris. Origens e expansão da fotografia no Brasil, século XIX. Rio de Janeiro: Funarte, 1980.

LAGO, Pedro Corrêa do. Brasiliana Itaú: uma grande coleção dedicada ao Brasil / curadoria da coleção: Pedro Corrêa do Lago, Ruy Souza e Silva. Rio de Janeiro: Capivara, 2009.

MELO JUNIOR, Donato. Buvelot no Brasil i (apontamentos 1963) e Buvelot no Brasil ii (novos apontamentos à guisa de adendo 1986). Boletim do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro, 5 (13–5): 9–15, jan.-dez. 1986. il.

PÉNOCHON, Sylvie Pénochon. The History of the Daguerreotype in Brazil in Pittsburg: Daguerreian Annual 2002–2003 (Pittsburgh: The Daguerreian Society, 2004): 317–331.

Pharoux, o primeiro hotel de luxo do Brasil, Brasiliana Iconográfica, 15 de junho de 2022.

SANTOS, Fabíola Martins. Geografia das Redes Hoteleiras Mundo, Brasil e Santa Catarina. Tese de Doutorado da Universidade Federal de Santa Catarina – Centro de Filosofia e Ciências Humanas – Programa de Pós-Graduação em Geografia.

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003.

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

Site Arqueologia Histórica no Rio de Janeiro

Site Diário do Rio

Site Enciclopédia Itaú Cultural

Site História do Rio Para Todos

Site The Williams Family Tree

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XV – A praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão

No 15º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado no primeiro dia do verão de 2021, o tema é a praia de Santa Luzia, que ficava em frente à igreja homônima, no Centro da cidade e era uma das preferidas dos banhistas cariocas. A mais antiga imagem dessa praia disponível no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica foi produzida em torno de 1866 pelo fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892).

 

 

Há ainda registros realizados por Augusto Malta (1864 – 1957)Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897)Marc Ferrez (1843 – 1923)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Rodrigues & C°. Editores e Proprietários. A grande maioria das fotografias são da paisagem, mas há uma, de autoria de Gutierrez, de uma trincheira montada durante a Revolta da Armada, entre 1893 e 1894. Uma curiosidade: foi justamente durante uma outra revolta ocorrida no Brasil, a Guerra de Canudos, que Gutierrez faleceu. Em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praia de Santa Luzia disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Voltando à praia de Santa Luzia. Em suas margens foi construída a Santa Casa da Misericórdia, em meados do século XVI.

 

 

Em 1898,  um dos pioneiros do cinema no Brasil, o ítalo-brasileiro Affonso Segreto (1875 – 19?), filmou o documentário A Praia de Santa Luzia, um de seus primeiros registros cinematográficos do Rio de Janeiro.

 

 

Até o início do século XX, a praia de Santa Luzia era uma opção de lazer no Rio de Janeiro, mas sua descaracterização começou, em 1905, quando o então prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) mandou construir barracões que funcionariam como garagens para os barcos dos clubes de remo.

 

 

 

Durante o seu mandato, entre 1902 e 1906, Pereira Passos realizou uma extensa reforma urbana, tendo ordenado diversas demolições, conhecidas como a política do “bota-abaixo”, que contribuíram para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Entre as obras dessa época, foi aberta a avenida Beira Mar, que estendeu  a linha litoral do entroncamento da praia de Santa Luzia até o Largo da Glória.

 

 

Em 1922, com a derrubada do Morro do Castelo, foi construída a Esplanada do Castelo, diminuindo muito a faixa de areia da Praia de Santa Luzia. Foi substituída na preferência dos banhistas pela Praia das Virtudes, que ficava na altura da avenida Beira Mar entre a avenida Presidente Antônio Carlos e a rua Marechal Câmara, ao lado da praia de Santa Luzia (Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1931, penúltima coluna).

 

O Globo, 12 de janeiro de 1931

O Globo, 12 de janeiro de 1931

 

Foi na década de 1930, que o que restava da praia de Santa Luzia e da Ponta do Calabouço desapareceram em consequência da ampliação do aterro, feito com entulho do desmanche do Morro do Castelo, para a construção do Aeroporto Santos Dumont, inaugurado oficialmente em 30 de novembro de 1936 com a presença do presidente da República, Getulio Vargas (1882 – 1954). Chamava-se anteriormente Aeroporto do Calabouço e teve seu nome alterado por ordem de Getulio para homenagear o Pai da Aviação (Diário Carioca, 20 de outubro de 1936, última coluna). O terminal de passageiros, projeto dos arquitetos Marcelo Roberto (1908-1964) e Milton Roberto (1914-1953), que venceram um concurso realizado pelo Ministério da Aeronáutica, ficou pronto em 1945.

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDREATTA, Verena; CHIAVARI, Maria Pace; e REGO, Helena. O Rio de Janeiro e a sua orla: história, projetos e identidade carioca. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, dezembro de 2009.

Diário do Rio de Janeiro

MELO, Victor Andrade. Remo, modernidade e Pereira Passos: primórdios das políticas públicas de esporte no Brasil. Revista do Núcleo de Estudos e Pequisas sobre Esporte e Sociedade – Universidade Federal Fluminense, julho/outubro de 2006

Rio Memórias

Site Infraero

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIII e Avenidas e ruas do Brasil XVII - A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

A Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

A Brasiliana Fotográfica destaca fotografias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro produzidas por Augusto Malta (1864 – 1957), Juan Gutierrez (c.1860 – 1897), Marc Ferrez (1843 – 1923), Revert Henrique Klumb (c.1826 – c. 1886) e S.H. Holland (1883 – 1936).

 

 

Acessando o link para as fotografias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Apesar de haver discordâncias em torno do ano de sua fundação, os historiadores concordam que a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro foi criada em meados do século XVI e teve forte influência do padre José de Anchieta (1534 – 1597), que a teria fundado ou  ampliado. Em 1967, a data de fundação foi oficialmente fixada em 24 de março de 1582.

 

 

Permanece no mesmo endereço: rua de Santa Luzia, inicialmente nº 2 e, atualmente, nº 206. Era regida pela Santa Casa de Lisboa, criada, em fins do século XV, pelo frei espanhol Miguel de Contreiras (1431 – 1505) com o apoio da rainha Dona Leonor (1458 – 1525), esposa do rei João II de Portugal (1455 – 1495). Tinha como objetivos acolher os presos, alimentar os pobres, curar os doentes, asilar os órfãos, sustentar as viúvas, enfim, ser a casa a serviço dos mais carentes, desassistidos e abandonados.

 

 

Foi durante a gestão de José Clemente Pereira (1787 – 1854) como provedor da Santa Casa, entre 1838 a 1854, que foi construído o complexo atual – hospital e capela – que está na rua Santa Luzia, 206. Com a presença de dom Pedro II (1825 – 1891), a pedra fundamental foi lançada, em 2 de julho de 1840, e a construção foi iniciada no ano seguinte (Diário do Rio de Janeiro, 2 de julho de 1840, última coluna).

 

 

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O hospital foi inaugurado em  julho de 1852 e sua planta original, de autoria do engenheiro Domingos Monteiro (1765 – 1857), foi alterada por José Maria Jacinto Rebelo (1821 – 1871), discípulo do arquiteto Grandjean de Montigny (1776 – 1850). O frontão da Santa Casa da Misericórdia, talvez o mais grandioso do Rio de Janeiro, foi executado, em 1868, pelo artista Luigi Guidice (1826 – 1892).

 

 

Sobre a data de fundação:

“A Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro foi fundada em meados do século XVI, em data incerta, na praia de Santa Luzia no 2, atual rua de Santa Luzia no 206, onde permanece até hoje. A sua criação costuma ser atribuída por vários estudiosos ao padre José Anchieta, da Companhia de Jesus, que chegara ao Brasil na esquadra do segundo governador-geral, Duarte da Costa, em 1553. Em março de 1582, Anchieta teria acudido a esquadra espanhola comandada pelo almirante Diogo Flores Valdez com destino ao Estreito de Magalhães, que aportara no Rio de Janeiro devido a enfermidades que acometeram sua tripulação. Providenciando agasalhos e remédios, o jesuíta, para abrigar os enfermos, mandara construir um barracão de palma coberto de sapé na orla marítima do morro do Castelo, que teria dado origem à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e, possivelmente, ao primeiro hospital da cidade.

Houve outros estudos, contudo, que consideraram a data de fundação da Santa Casa anterior a 1582. Segundo o historiador Félix Ferreira (1899), a instituição teria sido criada em 1545 ou 1547, antes da fundação da cidade do Rio de Janeiro (1565), coincidindo com os primeiros núcleos de povoamento das margens da Baía de Guanabara. No período da União Ibérica (1580-1640), em alvará datado de 6 de outubro de 1605, o rei Dom Felipe II de Espanha e I de Portugal concedia à entidade os mesmos benefícios desfrutados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em vista do que alegavam seu provedor e irmãos de que já havia sessenta anos que “existia casa com hospital para enfermos, sacristia, parlatório e é uma das boas da costa, e a algumas faz vantagem notável com sempre ter sua irmandade guardado o Compromisso, fazendo muitas esmolas, casando órfãs e dando ordinárias todos os sábados, conforme a possibilidade da terra”.

Já para Gabriel Soares de Sousa no “Tratado descritivo do Brasil”, em 1587, o hospital junto ao morro do Castelo teria sido iniciativa do terceiro governador-geral, Mem de Sá, com o apoio do padre da Companhia de Jesus, Manuel da Nóbrega. Em 1567, Mem de Sá em curta visita e permanência no Rio de Janeiro, depois da expulsão dos franceses, tratou não só do povoamento da cidade instalada por seu sobrinho, Estácio de Sá, em 1565, como promoveu importantes melhoramentos, entre os quais a construção de algumas igrejas com a sua Santa Casa da Misericórdia e hospital.

Ainda sobre a data de criação da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, José Vieira Fazenda (1902) procurou conciliar as opiniões divergentes, admitindo que os primeiros povoadores tenham sido os fundadores da Misericórdia e que os irmãos desta, animados e auxiliados pelo jesuíta José de Anchieta, tenham edificado o hospital em 1582, com o propósito de nele abrigar os doentes da armada espanhola. De uma forma ou de outra, todos os que discorreram sobre o tema, concordaram que a Santa Casa surgiu ou foi ampliada nesta data, por influência de José de Anchieta.”

Site da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro

 

 

Sobre arquitetura e tombamento:

O Hospital da Santa Casa de Misericórdia foi construído no séc. XVI no Morro do Castelo.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Hospital da Santa Casa de Misericórdia: prédio
Localização: R. Santa Luzia, nº 206, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Número do Processo: 10-T-1938
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 174, de 15/07/1938
Descrição: A cidade do Rio de Janeiro foi fundada em 1565 entre os Morros Cara de Cão e Pão de Açúcar e transferida para o antigo Morro do Castelo no ano de 1567. A Santa Casa de Misericórdia foi construída no século XVI na parte baixa, próxima ao mar e junto a uma das ladeiras que subiam para o seu cume, no mesmo local onde hoje ainda se encontra, como último vestígio do morro do Castelo. Não se sabe ao certo a data da sua construção, mas em 1582 os doentes da esquadra do Diogo Valdez foram nela acolhidos. No ano de 1734, um terceiro pavimento foi acrescentado.
Após a transferência do cemitério que existia junto à Santa Casa para o Caju, um novo prédio foi erguido para servir de hospital. A construção foi iniciada em 1840 e no ano de 1852 já estava funcionando. Seu projeto inicial, atribuído ao Tenente Coronel de Engenharia Domingos Monteiro, é, no entanto, discutido em função das alterações realizadas na fachada durante a construção pelo Arquiteto José Maria Jacinto Rabelo.
A fachada é caracterizada por linhas classicizantes. O pórtico central é composto, segundo o Arquiteto Augusto Silva Telles, por “um corpo com dupla colunata de cantaria, encimado por frontão, ornamentado com baixo relevos feitos por Luís Giudice.” No frontão do prédio, destacam-se o símbolo da Misericórdia ao centro, ladeado à esquerda pelos símbolos da Cristandade, e à direita, pelo da Medicina. A construção se divide em três alas paralelas, separadas por pátios e ligados entre si por um corpo transversal. Nas alas paralelas localizam-se as enfermarias.
No hospital, além das extensas barras de azulejos holandeses, encontrados nos corredores de circulação e nas escadas, é notável a imensa galeria de retratos dos benfeitores, na qual se destacam grande número de telas setecentistas das mais antigas do acervo carioca. O seu interior abriga uma capela, cujo projeto é atribuído ao Arquiteto Joaquim Cândido Guilhobel e decorada com trabalhos de talha de Antônio de Pádua e Castro.
Observações: O tombamento compreende as antigas enfermarias. No hospital foi instalado o Museu da Farmácia.
Fonte: Iphan.

INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome atribuído: Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia
Localização: R. Santa Luzia, nº 206, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Número do Processo: E-18/001/549/2015
Tombamento Provisório: 25/05/2015
Inventário Inepac
Descrição: O Complexo Hospitalar da Santa Casa da Misericórdia situa-se no Centro da Cidade do Rio de Janeiro, nas proximidades de outros bens tombados pelo Estado do Rio de Janeiro: Ladeira da Misericórdia, Museu da Imagem e do Som e Prédio do Tribunal Regional do Trabalho. Originalmente, a Misericórdia se situava ao sopé do antigo Morro do Descanso, depois denominado Morro do Castelo, no local onde hoje se encontram as antigas enfermarias e a Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso, na Ladeira da Misericórdia. O prédio principal do Hospital Geral se destaca na paisagem por sua imponência de gosto neoclássico, com frontão triangular, onde está inserido o brasão da Ordem da Irmandade da Misericórdia. Voltado para a Rua Santa Luzia, este complexo, que ocupa quase a totalidade da quadra, se estende até a Rua Marechal Aguinaldo Caiado de Castro. Ladeando o prédio da Santa Casa, ainda se encontra um casario baixo que preserva sua imponência.
Fonte: Inepac.

 Site I Patrimônio

 

Uma curiosidade: em seu romance, A Viuvinha, de 1857, José de Alencar (1829 – 1877), comenta sobre o grande numero de suicídios ocorridos durante a construção da Santa Casa da Misericórdia:

“O Rio de Janeiro ainda se lembra da triste celebridade que, há dez anos, tinha adquirido o lugar onde está hoje construído o Hospital da Santa Casa. Houve um período em que quase todas as manhãs os operários encontravam em algum barranco, ou entre os cômoros de pedra e de areia, o cadáver de um homem que acabara de pôr termo à sua existência. 

Amantes infelizes, negociantes desgraçados, pais de família carregados de dívidas, homens ricos caídos na miséria, quase todos aí vinham, trazidos por um ímã irresistível, por uma fascinação diabólica. 

As Obras da Misericórdia, como chamavam então esse lugar, tinham a mesma reputação que o Arco das Águas Livres, de Lisboa, e a Ponte Nova, de Paris. 

Era o templo do suicídio, onde a fragilidade humana sacrificava em holocausto a esse ídolo sanguinário tantas vítimas arrancadas às suas famílias e aos seus amigos.

Essa epidemia moral, que se agravava todos os dias, começava já a inquietar alguns espíritos refletidos, alguns homens pensadores, que viam com tristeza os progressos do mal”. 

 

 

Link para o artigo O Hospital Geral da Misericórdia, de Escragnolle Dória, publicado na Revista da Semana, de 26 de novembro de 1938.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

 

CAMPOS, Ernesto de Souza. Santa Casa de Misericórdia de Santos: primeiro hospital fundado no Brasil; sua origem e evolução 1543-1943. São Paulo: Elvino Pocai, 1943

Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832 – 1930) Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

I Patrimônio

Site Alma Carioca

Site Missão das Misericórdias

Site O Rio que o rio não vê

Site Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro

Autorretratos de fotógrafos – Uma homenagem no Dia Internacional da Fotografia

A Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia Internacional da Fotografia com a publicação de quatro autorretratos de importantes fotógrafos que atuaram no Brasil entre os séculos XIX e XX: o alemão Christoph Albert Frisch (1840 – 1918), o carioca Marc Ferrez (1843 – 1923), o francês Revert Henrique Klumb (c.1826 – c.1886) e o italiano Vincenzo Pastore (1865 – 1918). Interessante observar que o único autorretrato produzido fora de um estúdio fotográfico foi o de Frisch, que se fotografou, entre 1967 e 1868, em um barco em um rio na Amazônia, quando produziu os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Os quatro fotógrafos já foram temas de artigos publicados no portal.

 

Acessando o link para os autorretratos de fotógrafos disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

A data escolhida para a comemoração do Dia Internacional da Fotografia tem sua origem no ano de 1839, quando, em 7 de janeiro, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Cerca de sete meses depois, em 19 de agosto, durante um encontro realizado no Instituto da França, em Paris, com a presença de membros da Academia de Ciências e da Academia de Belas-Artes, o cientista François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comunicou que o governo francês havia adquirido o invento, colocando-o em domínio público e, dessa forma, fazendo com que o “mundo inteiro” tivesse acesso à invenção. Em troca, Louis Daguerre e o filho de Joseph Niépce, Isidore, passaram a receber uma pensão anual vitalícia do governo da França, de seis mil e quatro mil francos, respectivamente.

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: cerca de 4 meses depois do anúncio da descoberta, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839 para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839.

 

Vincenzo Pastore (1865 – 1918)

 

 

A obra do fotógrafo italiano Vincenzo Pastore, importante cronista visual de São Paulo da segunda metade do século XIX e do início do século XX, ficou, durante décadas, em uma caixa de charutos, sem negativos. As ampliações foram produzidas pela própria mulher do fotógrafo, Elvira, que o ajudava no estúdio. Com sua câmara Pastore capturava tipos e costumes de um cotidiano ainda pacato de São Paulo, uma cidade que logo, com o desenvolvimento econômico, mudaria de perfil. Captava as transformações urbanas e humanas da cidade, que passava a ser a metrópole do café. Com seu olhar sensível, o bem sucedido imigrante italiano flagrava trabalhadores de rua como, por exemplo, feirantes, engraxates, vassoureiros e jornaleiros, além de conversas entre mulheres e brincadeiras de crianças. Pastore, ao retratar pessoas simples do povo, realizou, na época, um trabalho inédito na história da fotografia paulistana.

Acessando o link para as fotografias de Vincenzo Pastore disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Marc Ferrez (1843 – 1923)

 

 

Marc Ferrez (1843 – 1923) foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

Acessando o link para as fotografias de Marc Ferrez disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Christoph Albert Frisch (1840 – 1918)

  

 

Christoph Albert Frisch (1840 – 1918) foi o fotógrafo responsável pela impressionante e pioneira série de 98 fotografias realizadas em 1867 na Amazônia: foram os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Ele foi o fotógrafo que acompanhou a expedição pela Amazônia liderada pelo engenheiro alemão Joseph Keller e pelo fotógrafo, desenhista e pintor Franz Keller (1835 – 1890). Este último era genro de Georges Leuzinger ( 1813 – 1892), considerado um dos mais importantes fotógrafos e difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país.

Acessando o link para as fotografias de Christoph Albert Frisch disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

 

Um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil, o francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) foi o fotógrafo preferido da família imperial brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, inaugurou seu estabelecimento fotográfico em 1855 ( Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna ). Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.

Foi também o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Dois exemplares estão conservados na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional.

Acessando o link para as fotografias de Revert Henrique Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Leia aqui os artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica sobre o Dia Internacional da Fotografia:

 

Dia Internacional da Fotografia – 19 de agosto, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2015

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Pequeno histórico e sua chegada no Brasil, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2019

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2019

No Dia Internacional da Fotografia, fotógrafas pioneiras no Brasil, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2022

Dia Internacional da Fotografia, uma retrospectiva de artigos,  de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2023

Cronologia de Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

Cronologia de Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

 

c. 1826 – Nascimento de Revert Henry Klumb, no Departamento de Seine e Oise, na França, filho de lavradores-proprietários. Alguns estudiosos afirmam que ele teria nascido em Berlim, na Alemanha. Porém, em um documento que está no Arquivo Nacional, conforme publicado no livro Rio de Janeiro – 1840 -1900 – Uma crônica fotográfica, de 2006, de George Ermakoff, Klumb se reconhece como francês. Também em uma matéria do Jornal do Commercio, de 1859, foi identificado como francês (Jornal do Commercio, de 27 de junho de 1859, na quinta coluna).

1854 – Klumb chegou ao Rio de Janeiro com Affonso Rouel, trazendo uma máquina fotográfica. Eles eram, segundo consta no livro Artistas de meu tempo, de Mello Morais Filho, fugitivos do exército francês. Em algum momento de sua estadia no país, Klumb aportuguesou seu nome do meio para Henrique.

1855 – Anúncio do estabelecimento Photographia de François Rene Moreaux, Klumb e Cia, na rua do Rosário, 134 (Diário de Rio de Janeiro, 16 de março de 1855, na segunda coluna). Klumb e Rouel se associaram a Moreaux e, segundo Melo Moraes Filho em seu livro Artistas do meu tempo, foram os primeiros a produzir fotografias sobre papel no Brasil.

Já em novembro, foi publicado um anúncio da abertura da galeria de exposição de Klumb, na rua dos Ourives, 64 , atual rua Miguel Couto ( Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna, além do anúncio).

 

 

Foi anunciado que um quadro de autoria de Manuel Araujo de Porto Alegre (1806 – 1879), diretor da Academia Imperial de Belas Artes, seria copiado em ponto pequeno na officina photographica do sr. Klumb (A Semana, 8 de dezembro de 1855).

Em anúncio do estabelecimento de Klumb, foi noticiada a presença do artista M. Muller no ateliê, responsável pelos serviços de pintura e desenho (Jornal do Commercio, 10 de julho de 1956, na sexta coluna)

1856 – Anúncio do estabelecimento fotográfico de Klumb, com aprovação do governo imperial (Gazeta Mercantil, de 6 de fevereiro de 1856, na primeira coluna).

Propaganda do estabelecimento fotográfico de Klumb, anunciando a descoberta por ele de um novo processo por meio do qual obtem-se retratos em fumo e coloridos, da mais absoluta perfeição, podendo-se entrega-los depois de um quarto de hora (Gazeta Mercantil, de 18 de julho de 1856, na quarta coluna).

Klumb anunciou a venda do retrato do marquês do Paraná (1801 – 1856), em seu leito de morte, produzido em 3 de setembro de 1856,  que serviu como base para uma litografia de Clement Bernard Louis Thérier (Jornal do Commercio, de 16 de novembro de 1856). Thérier havia chegado ao Rio de Janeiro, em fevereiro de 1853, contratado por Francisco de Paula Brito (1809 – 1861) para trabalhar na Marmota Fluminense.

1857 - Anúncio do leilão da casa de fotografia de Klumb (Jornal do Commercio, de 20 de janeiro de 1857, na última coluna).

Sob o título “Lições de Photographia”, Klumb anunciava-se como professor de fotografia na ladeira do Castello, nº 18, onde residia ( Jornal do Commercio, de 29 de janeiro de 1857, na segunda coluna).

Klumb trabalhou como empregado no estabelecimento do fotógrafo Pierre Benoit Loup, na rua dos Latoeiros, 60 ( Jornal do Commercio, de 7 de março de 1857, na quarta coluna ).

1858 – Klumb embarcou para São João da Barra ( Jornal do Commercio, de 9 de fevereiro de 1858, na terceira coluna, sob o título “Movimento do Porto” )

1859 – Klumb viajou para Campos, e foi identificado como francês (Jornal do Commercio, de 27 de junho de 1859, na quinta coluna ).

1860 -Participou do Salão Imperial da Academia de Belas Artes, inaugurado em 23 de dezembro, expondo 15 fotografias: 6 retratos, duas vistas do dique da Ilha das Cobras, duas reproduções de estátuas em gesso, uma vista da Floresta da Tijuca, uma vista da Cascatinha da Tijuca, uma vista de uma chácara na Tijuca, uma vista de uma chácara às margens do rio Paraíba, em Campos; e um quadro contendo vistas estereocópicas e três retratos no formato carte de visite.  No catálogo do evento constava “Sr. Henrique Klumb, photographo da Academia. Rua dos Latoeiros, nº 44″.

1861 – Foi publicada uma crítica sobre o Salão Imperial da Academia de Belas Artes com elogios a Klumb (Diário do Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 1861 ).

Com a presença de Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, foi realizada a cerimônia de premiação dos artistas que participaram do Salão Imperial da Academia de Belas Artes de 1860. Klumb foi agraciado com uma Menção Honrosa (O Correio da Tarde, 8 de julho de 1861, na segunda coluna).

Em 23 de julho, Klumb documentou a inauguração da estrada União Indústria e as comemorações que se seguiram em Juiz de Fora na casa do construtor Mariano Procópio Ferreira Lage (1821 – 1872), com a presença da família imperial brasileira. A União Indústria foi a primeira estrada de rodagem macadamizada do Brasil, além de ter sido a maior obra de engenharia da América Latina, na época. Na sua construção não foi utilizada mão de obra escrava.

Em 24 de agosto, foi agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”.

No segundo semestre, começou a dar aulas de fotografia para a princesa Isabel.

Por encomenda de dom Pedro II, fotografou os interiores do Palácio de São Cristóvão, remodelado pelo decorador italiano Mario Bragaldi ( 1809 – 1873) e pelo arquiteto da Casa Imperial, Teodoro Marx.

1862 - Vendeu vistas estereoscópicas para as princesas Isabel e Leopoldina.

1864 – Anúncio da Photographia Brazileira, de Klumb, na rua São José, 94 e 96 (Jornal do Commercio,  de outubro de 1864, na quarta coluna).

1865 –  A imperatriz Teresa Cristina, uma das melhores clientes de Klumb, gastou 480 mil réis em retratos, vistas e esteoroscopias de sua autoria.

Anúncio da oficina do litógrafo Paul Théodore Robin (? – 1897), dirigida por Klumb, na Rua São José, 96 ( Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, de 1865 ). Foi sucedido no local por Marc Ferrez (1843 – 1923), então com 22 anos.

1865 / 1866 – Klumb foi morar em Petrópolis, na rua dos Artistas, nº 10, em frente à praça Coblenz. Fez uma extensa documentação da paisagem urbana da cidade, inclusive com efeitos noturnos – uma grande inovação na época. Devido a problemas financeiros, no período em que residiu em Petrópolis, também trabalhou no comércio de vinho.

1872 – Anúncio da abertura da Photographia Franceza, de Klumb e outros fotógrafos, na residência do sr. Figueira de Melo, na rua do Ouvidor, nº 49 (Jornal do Commercio, 22 de maio de 1872, na última coluna ).

Foi publicado o livro Doze horas em diligência – Guia do viajante de Petrópolis e Juiz  de Fora, editado na Casa do Editor J.J.da Costa Pereira Braga, na rua Nova do Ouvidor, 25 e 26. Foi um dos primeiros livros de fotografia produzidos no Brasil.

1873 – Crítica ao livro Doze horas em diligência – Guia do viajante de Petrópolis e Juiz  de Fora ( A Vida Fluminense, 19 de julho de 1873, na segunda coluna).

Anúncio da venda do livro Doze horas em diligência – Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Fora (Jornal do Commercio, de 26 de julho de 1873, na última coluna).

 

 

1874 - Publicação do livro Petrópolis e seus arrabaldes, com fotografias produzidas por Klumb.

1875 – Anúncio e crítica da exposição de fotografias de Petrópolis, de autoria de Klumb, em Petrópolis (O Globo, de 10 de janeiro de 1875 , na segunda coluna, O Mercantil, de 6 e 9 janeiro de 1875  e de 6 de fevereiro de 1875).

Dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina visitaram a exposição (O Mercantil, de 10 de janeiro de 1875, na terceira coluna).

Klumb anunciou seus serviços de fotógrafo na cidade Petrópolis aos domingos, segundas, terças e dias santos na rua D. Januária (O Mercantil, de 17 de fevereiro de 1875, na terceira coluna).

A exposição de fotografias de Klumb foi anunciada como uma das atrações de Petrópolis (O Mercantil, de 22 de dezembro de 1875, na primeira coluna).

Entre 1875 e 1886 – Nesse período, de cerca de 10 anos, não há notícias sobre Klumb.

1886 – Klumb estava em Paris e de lá escreveu à imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil. Era casado com a baiana Hermelinda Barreto, com quem tinha duas filhas. O pedido foi deferido, e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir para o Brasil. Essa é a última notícia que se tem, até o momento, sobre Klumb.

 1952 – Foi publicado o artigo Segredos e Revelações da História do Brasil – Primeiro Guia Turístico do Brasil, sobre Doze horas em diligência – Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Foraescrito pelo criador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional, Gustavo Barroso (1888-1959) (O Cruzeiro, de 1º de novembro de 1952).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

O centenário da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Com registros de Marc Ferrez (1843 – 1923) e de Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), a Brasiliana Fotográfica celebra o centenário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior universidde federal do Brasil. Por coincidência, a comemoração de seus 100 anos acontece, como na época de sua criação, sob os impactos de uma pandemia. Em 1920, era a gripe espanhola, cujo auge aconteceu em 1918, e, atualmente, o coronavírus. É reconhecida como um dos maiores centros de produção acadêmica e científica do Brasil.

A imagem de Ferrez é do atual Palácio Universitário, antigo Hospital dos Alienados ou Hospício Pedro II, inaugurado em 18 de julho de 1841. O prédio, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1971, localiza-se na Urca e foi doado à universidade na década de 40 (Correio da Manhã, 9 de dezembro de de 1944, primeira coluna; e Correio da Manhã, 14 de novembro de 1944). É ocupado  pelo Fórum de Ciência e Cultura, pela Escola de Comunicação, pela Faculdade de Educação, pelo Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e pelo Instituto de Economia e Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ.

 

 

As outras imagens, de autoria de Klumb, são da Escola Militar, desde 1969 local onde funciona o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no Largo de São Francisco no Centro da cidade. O prédio foi construído originalmente para ser a Sé do Rio de Janeiro. A partir de 1812 abrigou a Academia Real Militar, futura Escola Militar que, em 1858, foi denominada Escola Central. Em 1874, passou a chamar-se Escola Politécnica. Em 1937, teve seu nome mais uma vez mudado, dessa vez para  Escola Nacional de Engenharia e, em meados da década de 60, já na Cidade Universitária, passou a se chamar Escola de Engenharia. Voltou a se intitular Escola Politécnica, em 2003, por ter sido esse o nome em que ela atingiu o apogeu de sua fama e prestígio, em que se tornou reconhecida no âmbito nacional e internacional. O edifício no Largo de São Francisco é a sede do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais desde 1969.

 

 

A UFRJ  foi a primeira universidade federal do Brasil e seu primeiro reitor foi Ramiz Galvão (1846 – 1938). A atual reitora é a biofísica Denise Pires de Carvalho, primeira mulher a assumir esse cargo, em 2 de julho de 2019. A UFRJ é um centro de excelência tanto em ensino como em pesquisa no país e na América Latina e, nos últimos anos, tornou-se mais diversa, democrática e inclusiva: a entrada de estudantes negrou dobrou na última década e em 2016 passaram a ser mais da metade dos ingressantes. Além disto, o ingresso de estudantes originários da rede pública aumentou 64%.

A UFRJ tem 176 cursos de graduação e 232 de pós-graduação, cerca de 65 mil estudantes e quatro mil docentes, três mil servidores em hospitais e cinco mil técnicos administrativos, nove hospitais e 1.456 laboratóriso, 13 museus, 14 prédios tombados e 45 bibliotecas, 1.863 projetos de extensão e um parque tecnológico de 350 mil metros quadrados.

 

 

Acessando o link para as fotografias de prédios integrantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Foi criada no governo do presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942), com a denominação de Universidade do Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1920 pelo Decreto 14 343, que reuniu a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, originária da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, fundada em 1792da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro criada por dom João VI, em 2 de abril de 1808 como Academia de Medicina e Cirurgia; e a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, fusão da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais com a Faculdade Livre de Direito, ambas reconhecidas pelo Decreto 639, de 31 de outubro de 1891 (O Paiz, 7 de setembro de 1920, terceira coluna). Uma curiosidade: pouco depois da fundação da Universidade do Rio de Janeiro, a congregação da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro decidiu dar o título de doutor honoris causa para o rei Alberto da Bélgica, em visita ao Brasil (O Paiz, 2 de outubro de 1920).

 

simbolo

O ministro da Educação, Gustavo Capanema (1900 – 1985), promoveu, em 1937, durante o governo de Getulio Vargas (1882 – 1954), uma grande reestruturação na Universidade do Rio de Janeiro que passou a ser chamada de Universidade do Brasil, cujo primeiro reitor foi Raul Leitão da Cunha (1881 – 1947) (O Jornal, 26 de janeiro de 1937, sexta coluna; O Jornal, 6 de julho de 1937). Em 1946, incorporou o Museu Nacional (Decreto-lei de 16 de janeiro de 1946) e teve seu estatuto aprovado pelo Decreto nº 21.321, de 18 de junho de 1946. Era então contituída pelas Faculdade Nacional de Medicina, Faculdade Nacional de Direito, Faculdade Nacional de Odontologia, Faculdade Nacional de Filosofia, Faculdade Nacional de Arquitetura, Faculdade Nacional de Ciências Econômicas, Faculdade Nacional de Farmácia, Escola Nacional de Engenharia, Escola Nacional de Belas Artes, Escola Nacional de Músicas, Escola Nacional de Minas e Metalurgia, Escola Nacional de Educação Física e Desportos e pela Escola Ana Néri, além do já mencionado Museu Nacional.

Sob o governo do general Humberto de Alencar Castelo Branco (1897 – 1967), com a sanção da Lei nº 4831, de 5 de novembro de 1965, a universidade ganhou seu nome atual, Universidade Federal do Rio de Janeiro. A Ilha do Fundão havia sido escolhida para sediar a Cidade Universitária, onde se concentra uma boa parte de seus cursos, departamentos e unidades (Revista Shell, abril/maio/junho de 1954). Foi oficialmente inaugurada em 7 de setembro de 1972.

Atualmente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro possui quatro campi: a Cidade Universitária, na Ilha do Fundão; Praia Vermelha, na Urca; Macaé, o mais novo campus, na cidade de Macaé; e o Complexo Avançado de Xerém, em Duque Caxias. Existem faculdades, institutos e unidades da UFRJ fora dos campi mencionados, dentre eles o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, o Instituto de História, a Faculdade Nacional de Direito e a Escola de Música, localizados no centro do Rio de Janeiro; o Museu Nacional e o Observatório do Valongo, situados no bairro de São Cristóvão; e o Colégio de Aplicação da UFRJ, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

 

Link para a galeria de reitores da UFRJ

Link para edificações que fazem parte da UFRJ e foram tombadas

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agência Brasil

CUNHA, Luiz Antônio. A Universidade Temporã: o ensino superior da Colônia à Era Vargas. São Paulo: UNESP, 2007.

Dicionários de verbetes AGCRJ

Documentário Centenária: a universidade do Brasil entre duas pandemias

FÁVERO, Maria de Lourdes. Universidade do Brasil: das origens à construção. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010.

Folha de São Paulo, 6 de setembro de 2020

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Portal da Câmara dos Deputados

Site 100 anos UFRJ

Site Escola Politécnica

Site IFCS

Site Museu Nacional

Site SiBI – Memória Institucional da UFRJ

Site UFRJ

 

 

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl

A Brasiliana Fotográfica inaugura a série “Avenidas e ruas do Brasil” com um artigo sobre a Rua do Imperador, em Petrópolis, registrada por três importantes fotógrafos estrangeiros que vieram para o Brasil no século XIX: o italiano filho de franceses Augusto Stahl (1828 – 1877), o suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892) e o francês Revert Henrique Klumb (c. 1896 – c. 1886). Lembramos que antes do lançamento da série, já havia um artigo no portal sobre uma importante rua do Rio de Janeiro: Avenida Central,  atual Rio Branco, publicado em 7 de setembro de 2016. Portanto, apesar do lançamento formal ser hoje, vamos considerar o mencionado artigo como o primeiro da série.

 

 

A Rua do Imperador é o centro comercial da cidade desde sua fundação. A partir dos anos 1850, houve um aumento na construção de casas e de sobrados com lojas comerciais no térreo, cujos proprietários eram, em sua maioria, portugueses. Nas ruas próximas, a elite política e financeira do Império construía suas casas. Na rua do Imperador ficava o Hotel Bragança, os Quartéis da Colônia e a Estação da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará. Em 1905, já se chamava Avenida XV de Novembro, mas voltou a ser denominada Rua do Imperador, em 1979.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Rua do Imperador em Petrópolis disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

Site A História de Petrópolis

 

Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”

 Série “Avenidas e ruas do Brasil” I – Avenida Central, atual Rio Branco, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 7 de setembro de 2016

Série “Avenidas e ruas do Brasil” III – A Rua do Bom Jesus, no Recife, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 6 de agosto de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – A Rua 25 de Março, em São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 1º de setembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 22 de outubro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VI  – Rua Augusto Ribas e outras, em Ponta Grossa, no Paraná, pelo fotógrafo Luiz Bianchi, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 16 de novembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VII – A Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 23 de dezembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil VIII – A Rua da Carioca por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 20 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IX – Ruas e panoramas do bairro do Catete, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de julho de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” X – A Rua da Ajuda, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 9 de novembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 21 de janeiro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIII – A Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 19 de julho de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIV – A Avenida Presidente Vargas,, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 31 de agosto de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XV – Misericórdia: rua, largo e ladeira, no Rio de Janeiro, por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 8 de dezembro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – “Alguma coisa acontece no meu coração”, a Avenida São João nos 469 anos de São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 25 de janeiro de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVII  e série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIII – A Praia e a Rua do Russel, na Glória, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 15 de maio de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVIII – Avenida Beira-Mar, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 22 de janeiro de 2024

 

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), 8 de maio de 2020

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, em 15 de junho de 2022

 

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

Hoje a Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia Nacional do Turismo, atividade muitíssimo atingida pela pandemia do coronavírus publicando um artigo sobre o Primeiro guia turístico do Brasil. Esse era o título da matéria que o criador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional, Gustavo Barroso (1888 – 1959), publicou na revista O Cruzeiro, de 1º de novembro de 1952, sobre o livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Forado fotógrafo francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), lançado em 1872. Além do artigo, publicamos um interessante comentário da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi sobre o original manuscrito do livro de Klumb que integra, desde 1924, as coleções do Museu Histórico Nacional.

 

 

A obra, escrita em português e em francês, descrevia o trajeto entre Petrópolis e Juiz de Fora, realizado entre seis horas da manhã e seis horas da tarde – duração padrão do percurso nas diligências da Companhia União e Indústria – e foi ilustrada com 31 estampas sendo: 1 retrato, 29 vistas em litografia e uma planta perfil e longitudinal da Estrada União Indústria.

O livro foi a única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa, Klumb, e também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente produzido, litografado e produzido no país. Segundo o próprio autor, a ideia de realizar um trabalho sobre a estrada União Indústria foi concebida em 1861, e, de 1863 a 1866, ele trabalhou no projeto. Entre 1867 e 1868, terminou de produzir as vistas e, em 1870, tratou da publicação que, finalmente, aconteceu dois anos depois.

 

livro

 

O fotógrafo dedicou o livro a sua protetora, a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889):

Quando concebi o projeto de escrever esse pequeno livro, meu primeiro pensamento foi que só a Vossa Majestade me era permitido dedicar este simples ensaio descritivo de uma das mais belas estradas do Império. Sou talvez muito presunçoso ousando oferecer a Vossa Majestade a dedicatória deste opusculo; no entanto ouso esperar que Vossa Majestade me fará a graça insigne de aceital-o, ainda que não fosse mais senão para servir ao sentimento que me inspirou“.

No prefácio, Klumb comentou:

…Num trabalho feito a galope, não se pode esperar encontrar estilo elegante e florido, mas sim uma ligeira descrição dos lugares notáveis, atravessados por uma estrada magnífica. Essa obra não tem o merecimento senão o de ser: o primeiro guia do viajante, feito no país, guia ilustrado de desenhos copiados da fotografia …

 

Último parágrafo do prefácio escrito por Klumb para o livro

Último parágrafo do prefácio escrito por Klumb para o livro Doze Horas em diligência

 

Klumb, um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil e conhecido como o preferido da família imperial brasileira, foi um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, tendo inaugurado seu estabelecimento fotográfico em 1855, na rua dos Ourives, 64 – atual rua Miguel Couto, no centro do Rio de Janeiro (Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna).

 

 

Em 1872, ano da publicação de Doze horas em diligência, foi anunciada a abertura da Photographia Franceza, de Klumb e de outros fotógrafos, na residência do sr. Figueira de Melo, na rua do Ouvidor, nº 49 ( Jornal do Commercio, 22 de maio de 1872, na última coluna ).

 

 

Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro. Em 1874, foi publicado o livro Petrópolis e seus arrabaldes, com fotografias produzidas por Klumb. Um ano depois houve uma exposição de suas fotografias em Petrópolis e o casal imperial visitou a mostra (O Mercantil, de 10 de janeiro de 1875, na terceira coluna). Entre 1875 e 1886, não há, até hoje, notícias sobre o fotógrafo. O que se sabe, até o momento, é que em 1886 ele estava em Paris e de lá escreveu para a imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil. O pedido foi deferido, e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir para o Brasil.

 

Acessando o link para as fotografias de Revert Henrique Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a ela. 

 

 

Sobre o Dia Nacional do Turismo 

Oficialmente, o Dia Nacional do Turismo passou a ser comemorado em 8 de maio pela Lei nº 12.625, de 9 de maio de 2012. A escolha desta data para celebrar a efeméride é uma homenagem ao pedido que o estado do Paraná fez em 8 de maio de 1916 para que as terras próximas às Cataratas do Iguaçu fossem desapropriadas, com o intuito de transformar a área numa zona pública para turismo.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BRITTO PEREIRA, Cecilia Duprat. Revert Henrique Klumb – Fotógrafo da Família Imperial BrasileiraRio de Janeiro: Anais da Biblioteca Nacional, 1982.

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

GUIMARÃES, Elione Silva Guimarães. Múltiplos viveres de afrodescendentes na escravidão e no pós-emancipação: Família, trabalho, terra de conflito.São Paulo ; Annablume Editora, 2006.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil(1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. ISBN 85-86707-07-4

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Os Fotógrafos do Império. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. 240p.:il

MORAES FILHO, Alexandre de Mello. Artistas do meu tempo. Rio de Janeiro: Garnier, 1905.

SCARRONE, Marcelo. Doze horas numa diligência. Rio de Janeiro: Revista de História, 14/06/2008.

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

Site do Instituto Moreira Salles

Site do Ministério do Turismo

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. Revert Henrique Klumb: um alemão na Corte Imperial brasileira. Apresentação Joaquim Marçal, Demosthenes Madureira de Pinho Filho; coordenação de coleção Pedro Corrêa do Lago; coordenação editorial Pedro Corrêa do Lago, Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos; design Victor Burton; fotografia César Barreot, Miguel Pacheco e Chaves; pesquisa Pedro Karp Vasquez; tradução Carlos Luís Brown Scavarda. Rio de Janeiro: Capivara, 2001 229p., il. p&b. (Visões do Brasil, 4). ISBN 85-86011-49-5.

 

 

O original manuscrito do primeiro guia de viagem impresso no Brasil (1)

Maria Isabel Ribeiro Lenzi*

 

Capa do original do livro, sob a guarda do Museu Histórico Nacional

Capa do original do livro Doze Horas em diligência, sob a guarda do Museu Histórico Nacional

 

O Museu Histórico Nacional preserva em seu Arquivo Histórico um documento que é uma jóia rara. A encadernação com a capa de couro com decoração dourada mostra o brasão e a coroa do Império do Brasil além da guardar o original do que viria a ser, dois anos depois, o primeiro guia de viagem impresso no Brasil, o famoso Doze horas em diligência – Guia de viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, publicação com fotografias litografadas, editado pelo fotógrafo franco-alemão Revert Henry Klumb.

O documento é todo manuscrito. Foi dedicado e presenteado à Imperatriz Tereza Cristina em 1870. O texto é em português e francês e as imagens são 20 fotografias em albumina coladas.

O guia, que foi impresso dois anos depois, é muito parecido com esse, porém traz algumas modificações: das fotografias que estão no original, dezessete foram litografadas para a edição de 1872, a qual apresenta 29 litografias. Nas paisagens litografadas nessa segunda versão, Klumb inseriu personagens desenhados – sugerindo figuras de possíveis turistas – que não aparecem nas fotografias originais. Nesta edição impressa, encontra-se referência ao Hotel Inglês e ao Palácio Imperial em Petrópolis, bem como são apresentados aos viajantes o Bosque da Imperatriz e a Colônia Pedro II, em Juiz de Fora.

Este precioso documento que pertenceu a Dona Teresa Cristina passou a integrar as coleções do Museu Histórico Nacional em 1924, vindo do Paço da Quinta de São Cristóvão.

 

*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/Secretaria de Cultura/Ministério do Turismo)

 

Acesse nos seguintes documentos na Biblioteca Virtual do Museu Histórico Nacional:

 

Primeiro guia turístico do Brasil, de Gustavo Barroso, publicado na revista O Cruzeiro, de 1º de novembro de 1952

O original manuscrito de Doze horas em Diligência, de Revert Henrique Klumb

 

(1) O comentário O original manuscrito do primeiro guia de viagem impresso no Brasil, de autoria da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi foi acrescido ao texto original em 14 de maio de 2020.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, em 15 de junho de 2022

 

 

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb

A Brasiliana Fotográfica celebra a fundação de Petrópolis, ocorrida em 16 de março de 1843, trazendo para seus leitores uma seleção de imagens da cidade produzidas pelo francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Marc Ferrez (1843 – 1923), no século XIX. Klumb era o fotógrafo preferido da família real brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Seus registros aqui destacados são de ruas petropolitanas como a do Imperador, a Tereza e a Joinville; do interior e do exterior do Palácio Imperial, dos hotéis Beresford, Brangança e Inglês, do Retiro da Cascatinha, do rio Quitandinha, de palacetes e casas, da princesa Isabel (1846 – 1921) e do conde D´Eu (1842 – 1922), além de vistas gerais. Apresentamos também o Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro, realizado por Ferrez, em torno de 1885, com 30 imagens de Petrópolis que recebeu, em 1981, do governo federal, o título de Cidade Imperial.

 

Revert Henrique Klumb e Petrópolis

 

 

 

Revert Henrique Klumb chegou ao Rio de Janeiro, em 1854, com Affonso Rouel, trazendo uma máquina fotográfica. Eles eram, segundo consta no livro Artistas de meu tempo, de Mello Morais Filho, fugitivos do exército francês. No ano seguinte, já era anunciada a Photographia de François Rene Moreaux, Klumb e Cia, na rua do Rosário, 134. Entre 1865 e 1866, Klumb mudou-se para Petrópolis e seu endereço era rua dos Artistas, nº 10, em frente à praça Coblenz. Fez uma extensa documentação da paisagem urbana da cidade, inclusive com efeitos noturnos – uma grande inovação na época.

Foi o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, publicado em 1872. Foi a única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Em 1874, foi publicado o livro Petrópolis e seus arrabaldes, com fotografias produzidas por Klumb. Um ano depois, realizou uma exposição de fotografias de Petrópolis que fez muito sucesso, tendo sido visitada por dom Pedro II (1825 – 1891) e pela imperatriz Tereza Cristina (1822 – 1889) ( O Globo, de 10 de janeiro de 1875 , na segunda coluna; O Mercantil, de 6 e 9 janeiro de 1875, de 10 de janeiro e de 6 de fevereiro de 1875; ). Ainda, em 1875, Klumb anunciou seus serviços de fotógrafo na cidade, na rua dona Januária, aos domingos, segundas, terças e dias santos.

Em 1886, Klumb estava em Paris e de lá escreveu à imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil – era casado com a baiana Hermelinda Barreto, com quem tinha duas filhas. O pedido foi deferido e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir. Essa é a última notícia que se tem, até o momento, sobre o fotógrafo.

 

 

 

 

 

 

Acessando o link para as fotografias de Petrópolis realizadas por Revert Henrique Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro, por Marc Ferrez

 

Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro, de autoria de Marc Ferrez , possui 42 fotografias, sendo 30 de aspectos de Petrópolis: seus canais, casarões, escolas, estação de trem, fábricas, jardins, paisagens, palacetes e ruas, além de imagens do Palácio de Cristal, do Palácio do Grão-Pará, da avenida Koeller e da construção de uma ferrovia. A vasta e abrangente obra iconográfica de Ferrez se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo.  Cerca de metade de sua produção fotográfica foi realizada no Rio de Janeiro e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais. Outro segmento de sua obra iconográfica registrou as várias regiões do Brasil – ele foi o único fotógrafo do século XIX que percorreu todas as regiões do país.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acessando o link para as fotografias do Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro por Marc Ferrez disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Um pouco da história de Petrópolis

 

Brasão de Petrópolis

Brasão de Petrópolis

 

Dom Pedro I (1798 – 1834) se encantou com a região serrana, em 1822, quando viajava para Minas Gerais na busca de apoio à independência do Brasil. Ficou hospedado na fazenda do Padre Correia (1759 – 1824), cuja sede ficava na confluência dos rios Morto e Piabanha. A fazenda oferecia hospedagem e alimentação aos tropeiros. O padre Correia recusou uma oferta feita pelo imperador para a compra de sua propriedade. Então, em 1830, dom Pedro I comprou a fazenda do Córrego Seco, localizada no topo da Serra da Estrela, por considerá-la situada em uma região de salubridade e beleza ideais, o que beneficiaria sua filha, a princesa dona Paula (1823 – 1833), que tinha sérios problemas de saúde. D. Pedro I queria construir ali um palácio para o verão, o Palácio da Concórdia. Porém, sua abdicação, em 1831, e sua morte, em 1834, o impediram de realizar seu desejo. Seus credores entraram nas justiças europeia e brasileira e a fazenda foi destinada para cobrir suas dívidas. Em 1839, o governo do Brasil foi autorizado a comprar a propriedade ( Diário do Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1839, na primeira coluna ) e, em 1840, ela passou a pertencer a dom Pedro II (1825 – 1891) e a seus sucessores ( Diário do Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1840, na terceira coluna). O mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa da Silva (1790 – 1868), teve a iniciativa de retomar os planos de dom Pedro I de construir um palácio na região. Então no dia 16 de março de 1843, o imperador, com dezoito anos e recém-casado com dona Teresa Cristina (1822 – 1889), assinou o Decreto Imperial nº 155, que arrendava as terras da fazenda do Córrego Seco ao major alemão Júlio Frederico Koeler (1804 – 1847) para a fundação da “Povoação-Palácio de Petrópolis”. Koeler teria que edificar um palácio para dom Pedro II, uma igreja e um cemitério, além de povoar a região. Surgia assim a cidade de Petrópolis.

Decreto Imperial nº 155

“Tendo approvado o plano que me apresentou Paulo Barbosa da Silva, do Meu Conselho, Official Mór, e Mordomo de Minha Imperial Casa, de arrendar a Minha Fazenda denominada “Corrego Seco” ao Major de Engenheiros Koeler; pela quantia de um conto de réis annual, reservando um terreno sufficiente para nelle se edificar um Palacio para Mim, com suas dependencias e jardins, outro para uma povoação, que deverá ser afórado a particulares, e assim como cem braças dum e outro lado da estrada geral, que corta aquella Fazenda, o qual deverá tambem ser afórado a particulares, em datas ou prazos de cinco braças indivisiveis, pelo preço porque se convencionarem, nunca menos de mil réis por braça : Hei por bem authorisar o sobredito Mordomo a dar execução ao dito plano sob estas condições. E outrosim o Authorizo a fazer demarcar um terreno para nelle se edificar uma Igreja com a invocação de S. Pedro de Alcantara, a qual terá uma superficie equivalente a quarenta braças quadradas, no logar que mais convier aos visinhos e foreiros, do qual terreno lhes faço doação para este fim e para o cemiterio da futura povoação. Ordeno portanto ao sobredito Mordomo que proceda aos ajustes e escripturas necessarias, n’esta conformidade, com as devidas cautelas e circumstancias de localidades, e outrosim que forneça a minhas espenças os vazos sagrados, e ornamentos para a sobredicta Igreja, logo que esteja em termos de n’ella se poder celebrar. Paço da Boa Vista deseseis de Março de 1843, vigesimo segundo da Independencia e do Imperio. Dom Pedro II. Paulo Barbosa da Silva. Conforme, Augusto Candido Xavier de Brito.”(Instituto Histórico de Petrópolis)

 

 

Ao longo de sua história, Petrópolis foi fortemente influenciada pela presença de imigrantes alemães, italianos, sírio-libaneses e portugueses. Foi intitulada Cidade Imperial pelo decreto federal 85.849, de 27 de março de 1981. Fica a 809 metros de altitude e é o maior município da Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Sua arquitetura, história, clima e gastronomia contribuem para que a cidade seja um dos principais destinos turísticos do Brasil.

 

 

 

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 7 de dezembro de 2023

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), 8 de maio de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, em 15 de junho de 2022

Fontes:

ALQUÉRES, José Luiz. Petrópolis. Petrópolis: Viana & Mosley, 2002.

BADE e DURIEZ. Conhecendo Petrópolis. Petrópolis: Ed. Gráfica Serrana, 1993.

BRITTO PEREIRA, Cecilia Duprat. Revert Henrique Klumb – Fotógrafo da Família Imperial BrasileiraRio de Janeiro: Anais da Biblioteca Nacional, 1982.

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