No 15º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado no primeiro dia do verão de 2021, o tema é a praia de Santa Luzia, que ficava em frente à igreja homônima, no Centro da cidade e era uma das preferidas dos banhistas cariocas. A mais antiga imagem dessa praia disponível no acervo fotográfico da Brasiliana Fotográfica foi produzida em torno de 1866 pelo fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892).
Em 1898, um dos pioneiros do cinema no Brasil, o ítalo-brasileiro Afonso Segreto (1875 – 1919), filmou o documentário A Praia de Santa Luzia, um de seus primeiros registros cinematográficos do Rio de Janeiro.
Até o início do século XX, a praia de Santa Luzia era uma opção de lazer no Rio de Janeiro, mas sua descaracterização começou, em 1905, quando o então prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) mandou construir barracões que funcionariam como garagens para os barcos dos clubes de remo.
Durante o seu mandato, entre 1902 e 1906, Pereira Passos realizou uma extensa reforma urbana, tendo ordenado diversas demolições, conhecidas como a política do “bota-abaixo”, que contribuíram para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Entre as obras dessa época, foi aberta a avenida Beira Mar, que estendeu a linha litoral do entroncamento da praia de Santa Luzia até o Largo da Glória.
Em 1922, com a derrubada do Morro do Castelo, foi construída a Esplanada do Castelo, diminuindo muito a faixa de areia da Praia de Santa Luzia. Foi substituída na preferência dos banhistas pela Praia das Virtudes, que ficava na altura da avenida Beira Mar entre a avenida Presidente Antônio Carlos e a rua Marechal Câmara, ao lado da praia de Santa Luzia (Correio da Manhã, 13 de janeiro de 1931, penúltima coluna).
O Globo, 12 de janeiro de 1931
Foi na década de 1930, que o que restava da praia de Santa Luzia e da Ponta do Calabouço desapareceram em consequência da ampliação do aterro, feito com entulho do desmanche do Morro do Castelo, para a construção do Aeroporto Santos Dumont, inaugurado oficialmente em 30 de novembro de 1936 com a presença do presidente da República, Getúlio Vargas (1882 – 1954). Chamava-se anteriormente Aeroporto do Calabouço e teve seu nome alterado por ordem de Getúlio para homenagear o Pai da Aviação (Diário Carioca, 20 de outubro de 1936, última coluna). O terminal de passageiros, projeto dos arquitetos Marcelo Roberto (1908-1964) e Milton Roberto (1914-1953), que venceram um concurso realizado pelo Ministério da Aeronáutica, ficou pronto em 1945.
Apesar de haver discordâncias em torno do ano de sua fundação, os historiadores concordam que a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro foi criada em meados do século XVI e teve forte influência do padre José de Anchieta (1534 – 1597), que a teria fundado ou ampliado. Em 1967, a data de fundação foi oficialmente fixada em 24 de março de 1582.
Permanece no mesmo endereço: rua de Santa Luzia, inicialmente nº 2 e, atualmente, nº 206. Era regida pela Santa Casa de Lisboa, criada, em fins do século XV, pelo frei espanhol Miguel de Contreiras (1431 – 1505) com o apoio da rainha Dona Leonor (1458 – 1525), esposa do rei João II de Portugal (1455 – 1495). Tinha como objetivos acolher os presos, alimentar os pobres, curar os doentes, asilar os órfãos, sustentar as viúvas, enfim, ser a casa a serviço dos mais carentes, desassistidos e abandonados.
Foi durante a gestão de José Clemente Pereira (1787 – 1854) como provedor da Santa Casa, entre 1838 a 1854, que foi construído o complexo atual – hospital e capela – que está na rua Santa Luzia, 206. Com a presença de dom Pedro II (1825 – 1891), a pedra fundamental foi lançada, em 2 de julho de 1840, e a construção foi iniciada no ano seguinte (Diário do Rio de Janeiro, 2 de julho de 1840, últimacoluna).
O hospital foi inaugurado em julho de 1852 e sua planta original, de autoria do engenheiro Domingos Monteiro (1765 – 1857), foi alterada por José Maria Jacinto Rebelo (1821 – 1871), discípulo do arquiteto Grandjean de Montigny (1776 – 1850). O frontão da Santa Casa da Misericórdia, talvez o mais grandioso do Rio de Janeiro, foi executado, em 1868, pelo artista Luigi Guidice (1826 – 1892).
“A Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro foi fundada em meados do século XVI, em data incerta, na praia de Santa Luzia no 2, atual rua de Santa Luzia no 206, onde permanece até hoje. A sua criação costuma ser atribuída por vários estudiosos ao padre José Anchieta, da Companhia de Jesus, que chegara ao Brasil na esquadra do segundo governador-geral, Duarte da Costa, em 1553. Em março de 1582, Anchieta teria acudido a esquadra espanhola comandada pelo almirante Diogo Flores Valdez com destino ao Estreito de Magalhães, que aportara no Rio de Janeiro devido a enfermidades que acometeram sua tripulação. Providenciando agasalhos e remédios, o jesuíta, para abrigar os enfermos, mandara construir um barracão de palma coberto de sapé na orla marítima do morro do Castelo, que teria dado origem à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e, possivelmente, ao primeiro hospital da cidade.
Houve outros estudos, contudo, que consideraram a data de fundação da Santa Casa anterior a 1582. Segundo o historiador Félix Ferreira (1899), a instituição teria sido criada em 1545 ou 1547, antes da fundação da cidade do Rio de Janeiro (1565), coincidindo com os primeiros núcleos de povoamento das margens da Baía de Guanabara. No período da União Ibérica (1580-1640), em alvará datado de 6 de outubro de 1605, o rei Dom Felipe II de Espanha e I de Portugal concedia à entidade os mesmos benefícios desfrutados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em vista do que alegavam seu provedor e irmãos de que já havia sessenta anos que “existia casa com hospital para enfermos, sacristia, parlatório e é uma das boas da costa, e a algumas faz vantagem notável com sempre ter sua irmandade guardado o Compromisso, fazendo muitas esmolas, casando órfãs e dando ordinárias todos os sábados, conforme a possibilidade da terra”.
Já para Gabriel Soares de Sousa no “Tratado descritivo do Brasil”, em 1587, o hospital junto ao morro do Castelo teria sido iniciativa do terceiro governador-geral, Mem de Sá, com o apoio do padre da Companhia de Jesus, Manuel da Nóbrega. Em 1567, Mem de Sá em curta visita e permanência no Rio de Janeiro, depois da expulsão dos franceses, tratou não só do povoamento da cidade instalada por seu sobrinho, Estácio de Sá, em 1565, como promoveu importantes melhoramentos, entre os quais a construção de algumas igrejas com a sua Santa Casa da Misericórdia e hospital.
Ainda sobre a data de criação da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, José Vieira Fazenda (1902) procurou conciliar as opiniões divergentes, admitindo que os primeiros povoadores tenham sido os fundadores da Misericórdia e que os irmãos desta, animados e auxiliados pelo jesuíta José de Anchieta, tenham edificado o hospital em 1582, com o propósito de nele abrigar os doentes da armada espanhola. De uma forma ou de outra, todos os que discorreram sobre o tema, concordaram que a Santa Casa surgiu ou foi ampliada nesta data, por influência de José de Anchieta.”
O Hospital da Santa Casa de Misericórdia foi construído no séc. XVI no Morro do Castelo.
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Nome atribuído: Hospital da Santa Casa de Misericórdia: prédio Localização: R. Santa Luzia, nº 206, Centro – Rio de Janeiro – RJ Número do Processo: 10-T-1938 Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 174, de 15/07/1938 Descrição: A cidade do Rio de Janeiro foi fundada em 1565 entre os Morros Cara de Cão e Pão de Açúcar e transferida para o antigo Morro do Castelo no ano de 1567. A Santa Casa de Misericórdia foi construída no século XVI na parte baixa, próxima ao mar e junto a uma das ladeiras que subiam para o seu cume, no mesmo local onde hoje ainda se encontra, como último vestígio do morro do Castelo. Não se sabe ao certo a data da sua construção, mas em 1582 os doentes da esquadra do Diogo Valdez foram nela acolhidos. No ano de 1734, um terceiro pavimento foi acrescentado. Após a transferência do cemitério que existia junto à Santa Casa para o Caju, um novo prédio foi erguido para servir de hospital. A construção foi iniciada em 1840 e no ano de 1852 já estava funcionando. Seu projeto inicial, atribuído ao Tenente Coronel de Engenharia Domingos Monteiro, é, no entanto, discutido em função das alterações realizadas na fachada durante a construção pelo Arquiteto José Maria Jacinto Rabelo. A fachada é caracterizada por linhas classicizantes. O pórtico central é composto, segundo o Arquiteto Augusto Silva Telles, por “um corpo com dupla colunata de cantaria, encimado por frontão, ornamentado com baixo relevos feitos por Luís Giudice.” No frontão do prédio, destacam-se o símbolo da Misericórdia ao centro, ladeado à esquerda pelos símbolos da Cristandade, e à direita, pelo da Medicina. A construção se divide em três alas paralelas, separadas por pátios e ligados entre si por um corpo transversal. Nas alas paralelas localizam-se as enfermarias. No hospital, além das extensas barras de azulejos holandeses, encontrados nos corredores de circulação e nas escadas, é notável a imensa galeria de retratos dos benfeitores, na qual se destacam grande número de telas setecentistas das mais antigas do acervo carioca. O seu interior abriga uma capela, cujo projeto é atribuído ao Arquiteto Joaquim Cândido Guilhobel e decorada com trabalhos de talha de Antônio de Pádua e Castro. Observações: O tombamento compreende as antigas enfermarias. No hospital foi instalado o Museu da Farmácia. Fonte: Iphan.
INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural Nome atribuído: Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia Localização: R. Santa Luzia, nº 206, Centro – Rio de Janeiro – RJ Número do Processo: E-18/001/549/2015 Tombamento Provisório: 25/05/2015 Inventário Inepac Descrição: O Complexo Hospitalar da Santa Casa da Misericórdia situa-se no Centro da Cidade do Rio de Janeiro, nas proximidades de outros bens tombados pelo Estado do Rio de Janeiro: Ladeira da Misericórdia, Museu da Imagem e do Som e Prédio do Tribunal Regional do Trabalho. Originalmente, a Misericórdia se situava ao sopé do antigo Morro do Descanso, depois denominado Morro do Castelo, no local onde hoje se encontram as antigas enfermarias e a Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso, na Ladeira da Misericórdia. O prédio principal do Hospital Geral se destaca na paisagem por sua imponência de gosto neoclássico, com frontão triangular, onde está inserido o brasão da Ordem da Irmandade da Misericórdia. Voltado para a Rua Santa Luzia, este complexo, que ocupa quase a totalidade da quadra, se estende até a Rua Marechal Aguinaldo Caiado de Castro. Ladeando o prédio da Santa Casa, ainda se encontra um casario baixo que preserva sua imponência. Fonte: Inepac.
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
CAMPOS, Ernesto de Souza. Santa Casa de Misericórdia de Santos: primeiro hospital fundado no Brasil; sua origem e evolução 1543-1943. São Paulo: Elvino Pocai, 1943
A Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia Internacional da Fotografia com a publicação de quatro autorretratos de importantes fotógrafos que atuaram no Brasil entre os séculos XIX e XX: o alemão Christoph Albert Frisch (1840 – 1918), o carioca Marc Ferrez (1843 – 1923), o francês Revert Henrique Klumb (c.1826 – c.1886) e o italiano Vincenzo Pastore (1865 – 1918). Interessante observar que o único autorretrato produzido fora de um estúdio fotográfico foi o de Frisch, que se fotografou, entre 1967 e 1868, em um barco em um rio na Amazônia, quando produziu os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Os quatro fotógrafos já foram temas de artigos publicados no portal.
A data escolhida para a comemoração do Dia Internacional da Fotografia tem sua origem no ano de 1839, quando, em 7 de janeiro, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Cerca de sete meses depois, em 19 de agosto, durante um encontro realizado no Instituto da França, em Paris, com a presença de membros da Academia de Ciências e da Academia de Belas-Artes, o cientista François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comunicou que o governo francês havia adquirido o invento, colocando-o em domínio público e, dessa forma, fazendo com que o “mundo inteiro” tivesse acesso à invenção. Em troca, Louis Daguerre e o filho de Joseph Niépce, Isidore, passaram a receber uma pensão anual vitalícia do governo da França, de seis mil e quatro mil francos, respectivamente.
A obra do fotógrafo italiano Vincenzo Pastore, importante cronista visual de São Paulo da segunda metade do século XIX e do início do século XX, ficou, durante décadas, em uma caixa de charutos, sem negativos. As ampliações foram produzidas pela própria mulher do fotógrafo, Elvira, que o ajudava no estúdio. Com sua câmara Pastore capturava tipos e costumes de um cotidiano ainda pacato de São Paulo, uma cidade que logo, com o desenvolvimento econômico, mudaria de perfil. Captava as transformações urbanas e humanas da cidade, que passava a ser a metrópole do café. Com seu olhar sensível, o bem sucedido imigrante italiano flagrava trabalhadores de rua como, por exemplo, feirantes, engraxates, vassoureiros e jornaleiros, além de conversas entre mulheres e brincadeiras de crianças. Pastore, ao retratar pessoas simples do povo, realizou, na época, um trabalho inédito na história da fotografia paulistana.
Marc Ferrez (1843 – 1923) foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.
Christoph Albert Frisch (1840 – 1918) foi o fotógrafo responsável pela impressionante e pioneira série de 98 fotografias realizadas em 1867 na Amazônia: foram os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Ele foi o fotógrafo que acompanhou a expedição pela Amazônia liderada pelo engenheiro alemão Joseph Keller e pelo fotógrafo, desenhista e pintor Franz Keller (1835 – 1890). Este último era genro de Georges Leuzinger ( 1813 – 1892), considerado um dos mais importantes fotógrafos e difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país.
Um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil, o francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) foi o fotógrafo preferido da família imperial brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, inaugurou seu estabelecimento fotográfico em 1855 (Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna ). Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.
Foi também o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Dois exemplares estão conservados na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional.
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Links para artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da celebração do Dia Internacional da Fotografia e também do Dia Nacional do Fotógrafo:
c. 1826 – Nascimento de Revert Henry Klumb, no Departamento de Seine e Oise, na França, filho de lavradores-proprietários.
1854 – Klumb chegou ao Rio de Janeiro com Affonso Rouel, trazendo uma máquina fotográfica. Eles eram, segundo consta no livro Artistas de meu tempo, de Mello Morais Filho, fugitivos do exército francês. Em algum momento de sua estadia no país, Klumb aportuguesou seu nome do meio para Henrique.
1855 – Anúncio do estabelecimento Photographia de François Rene Moreaux, Klumb e Cia, na rua do Rosário, 134 (Diário de Rio de Janeiro, 16 de março de 1855, na segunda coluna). Klumb e Rouel se associaram a Moreaux e, segundo Melo Moraes Filho em seu livro Artistas do meu tempo, foram os primeiros a produzir fotografias sobre papel no Brasil.
Foi anunciado que um quadro de autoria de Manuel Araujo de Porto Alegre (1806 – 1879), diretor da Academia Imperial de Belas Artes, seria copiado em ponto pequeno na officina photographica do sr. Klumb (A Semana, 8 de dezembro de 1855).
Propaganda do estabelecimento fotográfico de Klumb, anunciando a descoberta por ele de um novo processo por meio do qual obtem-se retratos em fumo e coloridos, da mais absoluta perfeição, podendo-se entrega-los depois de um quarto de hora(Gazeta Mercantil, de 18 de julho de 1856, na quarta coluna).
Klumb anunciou a venda do retrato do marquês do Paraná (1801 – 1856), em seu leito de morte, produzido em 3 de setembro de 1856, que serviu como base para uma litografia de Clement Bernard Louis Thérier (Jornal do Commercio, de 16 de novembro de 1856). Thérier havia chegado ao Rio de Janeiro, em fevereiro de 1853, contratado por Francisco de Paula Brito (1809 – 1861) para trabalhar na Marmota Fluminense.
1860 -Participou do Salão Imperial da Academia de Belas Artes, inaugurado em 23 de dezembro, expondo 15 fotografias: 6 retratos, duas vistas do dique da Ilha das Cobras, duas reproduções de estátuas em gesso, uma vista da Floresta da Tijuca, uma vista da Cascatinha da Tijuca, uma vista de uma chácara na Tijuca, uma vista de uma chácara às margens do rio Paraíba, em Campos; e um quadro contendo vistas estereocópicas e três retratos no formato carte de visite. No catálogo do evento constava “Sr. Henrique Klumb, photographo da Academia. Rua dos Latoeiros, nº 44″.
Com a presença de Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, foi realizada a cerimônia de premiação dos artistas que participaram do Salão Imperial da Academia de Belas Artes de 1860. Klumb foi agraciado com uma Menção Honrosa (O Correio da Tarde, 8 de julho de 1861, na segunda coluna).
Em 23 de julho, Klumb documentou a inauguração da estrada União Indústria e as comemorações que se seguiram em Juiz de Fora na casa do construtor Mariano Procópio Ferreira Lage (1821 – 1872), com a presença da família imperial brasileira. A União Indústria foi a primeira estrada de rodagem macadamizada do Brasil, além de ter sido a maior obra de engenharia da América Latina, na época. Na sua construção não foi utilizada mão de obra escrava.
Em 24 de agosto, foi agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”.
No segundo semestre, começou a dar aulas de fotografia para a princesa Isabel.
Por encomenda de dom Pedro II, fotografou os interiores do Palácio de São Cristóvão, remodelado pelo decorador italiano Mario Bragaldi ( 1809 – 1873) e pelo arquiteto da Casa Imperial, Teodoro Marx.
1862- Vendeu vistas estereoscópicas para as princesas Isabel e Leopoldina.
1865 / 1866 – Klumb foi morar em Petrópolis, na rua dos Artistas, nº 10, em frente à praça Coblenz. Fez uma extensa documentação da paisagem urbana da cidade, inclusive com efeitos noturnos – uma grande inovação na época. Devido a problemas financeiros, no período em que residiu em Petrópolis, também trabalhou no comércio de vinho.
Entre 1875 e 1886 – Nesse período, de cerca de 10 anos, não há notícias sobre Klumb.
1886 – Klumb estava em Paris e de lá escreveu à imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil. Era casado com a baiana Hermelinda Barreto, com quem tinha duas filhas. O pedido foi deferido, e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir para o Brasil. Essa é a última notícia que se tem, até o momento, sobre Klumb.
1952 – Foi publicado o artigo Segredos e Revelações da História do Brasil – Primeiro Guia Turístico do Brasil, sobre Doze horas em diligência – Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, escrito pelo criador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional, Gustavo Barroso (1888-1959) (O Cruzeiro, de1º de novembro de 1952).
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Com registros de Marc Ferrez (1843 – 1923) e de Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), a Brasiliana Fotográfica celebra o centenário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior universidde federal do Brasil. Por coincidência, a comemoração de seus 100 anos acontece, como na época de sua criação, sob os impactos de uma pandemia. Em 1920, era a gripe espanhola, cujo auge aconteceu em 1918, e, atualmente, o coronavírus. É reconhecida como um dos maiores centros de produção acadêmica e científica do Brasil.
A imagem de Ferrez é do atual Palácio Universitário, antigo Hospital dos Alienados ou Hospício Pedro II, inaugurado em 18 de julho de 1841. O prédio, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1971, localiza-se na Urca e foi doado à universidade na década de 40 (Correio da Manhã, 9 de dezembro de de 1944, primeira coluna; e Correio da Manhã, 14 de novembro de 1944). É ocupado pelo Fórum de Ciência e Cultura, pela Escola de Comunicação, pela Faculdade de Educação, pelo Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e pelo Instituto de Economia e Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ.
As outras imagens, de autoria de Klumb, são da Escola Militar, desde 1969 local onde funciona o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no Largo de São Francisco no Centro da cidade. O prédio foi construído originalmente para ser a Sé do Rio de Janeiro. A partir de 1812 abrigou a Academia Real Militar, futura Escola Militar que, em 1858, foi denominada Escola Central. Em 1874, passou a chamar-se Escola Politécnica. Em 1937, teve seu nome mais uma vez mudado, dessa vez para Escola Nacional de Engenharia e, em meados da década de 60, já na Cidade Universitária, passou a se chamar Escola de Engenharia. Voltou ase intitular Escola Politécnica, em 2003, por ter sido esse o nome em que ela atingiu o apogeu de sua fama e prestígio, em que se tornou reconhecida no âmbito nacional e internacional. O edifício no Largo de São Francisco é a sede do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais desde 1969.
A UFRJ foi a primeira universidade federal do Brasil e seu primeiro reitor foi Ramiz Galvão (1846 – 1938). A atual reitora é a biofísica Denise Pires de Carvalho, primeira mulher a assumir esse cargo, em 2 de julho de 2019. A UFRJ é um centro de excelência tanto em ensino como em pesquisa no país e na América Latina e, nos últimos anos, tornou-se mais diversa, democrática e inclusiva: a entrada de estudantes negrou dobrou na última década e em 2016 passaram a ser mais da metade dos ingressantes. Além disto, o ingresso de estudantes originários da rede pública aumentou 64%.
A UFRJ tem 176 cursos de graduação e 232 de pós-graduação, cerca de 65 mil estudantes e quatro mil docentes, três mil servidores em hospitais e cinco mil técnicos administrativos, nove hospitais e 1.456 laboratóriso, 13 museus, 14 prédios tombados e 45 bibliotecas, 1.863 projetos de extensão e um parque tecnológico de 350 mil metros quadrados.
Foi criada no governo do presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942), com a denominação de Universidade do Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1920 pelo Decreto 14 343, que reuniu a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, originária da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho,fundada em 1792; da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro criada por dom João VI, em 2 de abril de 1808 como Academia de Medicina e Cirurgia; e a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, fusão da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais com a Faculdade Livre de Direito, ambas reconhecidas pelo Decreto 639, de 31 de outubro de 1891 (O Paiz, 7 de setembro de 1920, terceira coluna). Uma curiosidade: pouco depois da fundação da Universidade do Rio de Janeiro, a congregação da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro decidiu dar o título de doutor honoris causa para o rei Alberto da Bélgica, em visita ao Brasil(O Paiz, 2 de outubro de 1920).
O ministro da Educação, Gustavo Capanema (1900 – 1985), promoveu, em 1937, durante o governo de Getúlio Vargas (1882 – 1954), uma grande reestruturação na Universidade do Rio de Janeiro que passou a ser chamada de Universidade do Brasil, cujo primeiro reitor foi Raul Leitão da Cunha (1881 – 1947) (O Jornal, 26 de janeiro de 1937, sexta coluna; O Jornal, 6 de julho de 1937). Em 1946, incorporou o Museu Nacional (Decreto-lei de 16 de janeiro de 1946) e teve seu estatuto aprovado pelo Decreto nº 21.321, de 18 de junho de 1946. Era então contituída pelas Faculdade Nacional de Medicina, Faculdade Nacional de Direito, Faculdade Nacional de Odontologia, Faculdade Nacional de Filosofia, Faculdade Nacional de Arquitetura, Faculdade Nacional de Ciências Econômicas, Faculdade Nacional de Farmácia, Escola Nacional de Engenharia, Escola Nacional de Belas Artes, Escola Nacional de Músicas, Escola Nacional de Minas e Metalurgia, Escola Nacional de Educação Física e Desportos e pela Escola Ana Néri, além do já mencionado Museu Nacional.
Sob o governo do general Humberto de Alencar Castelo Branco (1897 – 1967), com a sanção da Lei nº 4831, de 5 de novembro de 1965, a universidade ganhou seu nome atual, Universidade Federal do Rio de Janeiro. A Ilha do Fundão havia sido escolhida para sediar a Cidade Universitária, onde se concentra uma boa parte de seus cursos, departamentos e unidades (Revista Shell, abril/maio/junho de 1954). Foi oficialmente inaugurada em 7 de setembro de 1972.
Atualmente, a Universidade Federal do Rio de Janeiro possui quatro campi: a Cidade Universitária, na Ilha do Fundão; Praia Vermelha, na Urca; Macaé, o mais novo campus, na cidade de Macaé; e o Complexo Avançado de Xerém, em Duque Caxias. Existem faculdades, institutos e unidades da UFRJ fora dos campi mencionados, dentre eles o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, o Instituto de História, a Faculdade Nacional de Direito e a Escola de Música, localizados no centro do Rio de Janeiro; o Museu Nacional e o Observatório do Valongo, situados no bairro de São Cristóvão; e o Colégio de Aplicação da UFRJ, na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl
A Brasiliana Fotográfica inaugura a série “Avenidas e ruas do Brasil” com um artigo sobre a rua do Imperador, em Petrópolis, registrada por três importantes fotógrafos estrangeiros que vieram para o Brasil no século XIX: o italiano filho de franceses Augusto Stahl (1828 – 1877), o suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892) e o francês Revert Henrique Klumb (c. 1896 – c. 1886). Lembramos que antes do lançamento da série, já havia um artigo no portal sobre uma importante rua do Rio de Janeiro: Avenida Central, atual Rio Branco, publicado em 7 de setembro de 2016. Portanto, apesar do lançamento formal ser hoje, vamos considerar o mencionado artigo como o primeiro da série.
A rua do Imperador é o centro comercial da cidade desde sua fundação. A partir dos anos 1850, houve um aumento na construção de casas e de sobrados com lojas comerciais no térreo, cujos proprietários eram, em sua maioria, portugueses. Nas ruas próximas, a elite política e financeira do Império construía suas casas. Na rua do Imperador ficava o Hotel Bragança, os Quartéis da Colônia e a Estação da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará. Em 1905, já se chamava avenida XV de Novembro, mas voltou a ser denominada rua do Imperador, em 1979.
Hoje a Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia Nacional do Turismo, atividade muitíssimo atingida pela pandemia do coronavírus publicando um artigo sobre o Primeiro guia turístico do Brasil. Esse era o título da matéria que o criador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional, Gustavo Barroso (1888 – 1959), publicou na revista O Cruzeiro, de 1º de novembro de 1952, sobre o livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, do fotógrafo francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), lançado em 1872. Além do artigo, publicamos um interessante comentário da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi sobre o original manuscrito do livro de Klumb que integra, desde 1924, as coleções do Museu Histórico Nacional.
A obra, escrita em português e em francês, descrevia o trajeto entre Petrópolis e Juiz de Fora, realizado entre seis horas da manhã e seis horas da tarde – duração padrão do percurso nas diligências da Companhia União e Indústria – e foi ilustrada com 31 estampas sendo: 1 retrato, 29 vistas em litografia e uma planta perfil e longitudinal da Estrada União Indústria.
O livro foi a única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa, Klumb, e também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente produzido, litografado e produzido no país. Segundo o próprio autor, a ideia de realizar um trabalho sobre a estrada União Indústria foi concebida em 1861, e, de 1863 a 1866, ele trabalhou no projeto. Entre 1867 e 1868, terminou de produzir as vistas e, em 1870, tratou da publicação que, finalmente, aconteceu dois anos depois.
“Quando concebi o projeto de escrever esse pequeno livro, meu primeiro pensamento foi que só a Vossa Majestade me era permitido dedicar este simples ensaio descritivo de uma das mais belas estradas do Império. Sou talvez muito presunçoso ousando oferecer a Vossa Majestade a dedicatória deste opusculo; no entanto ouso esperar que Vossa Majestade me fará a graça insigne de aceital-o, ainda que não fosse mais senão para servir ao sentimento que me inspirou“.
No prefácio, Klumb comentou:
“…Num trabalho feito a galope, não se pode esperar encontrar estilo elegante e florido, mas sim uma ligeira descrição dos lugares notáveis, atravessados por uma estrada magnífica. Essa obra não tem o merecimento senão o de ser: o primeiro guia do viajante, feito no país, guia ilustrado de desenhos copiados da fotografia …“
Último parágrafo do prefácio escrito por Klumb para o livro Doze Horas em diligência
Klumb, um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil e conhecido como o preferido da família imperial brasileira, foi um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, tendo inaugurado seu estabelecimento fotográfico em 1855, na rua dos Ourives, 64 – atual rua Miguel Couto, no centro do Rio de Janeiro (Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna).
Em 1872, ano da publicação de Doze horas em diligência, foi anunciada aabertura da Photographia Franceza, de Klumb e de outros fotógrafos, na residência do sr. Figueira de Melo, na rua do Ouvidor, nº 49 ( Jornal do Commercio, 22 de maio de 1872, na última coluna ).
Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro. Em 1874, foi publicado o livro Petrópolis e seus arrabaldes, com fotografias produzidas por Klumb. Um ano depois houve uma exposição de suas fotografias em Petrópolis e o casal imperial visitou a mostra (O Mercantil, de 10 de janeiro de 1875, na terceira coluna). Entre 1875 e 1886, não há, até hoje, notícias sobre o fotógrafo. O que se sabe, até o momento, é que em 1886 ele estava em Paris e de lá escreveu para a imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil. O pedido foi deferido, e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir para o Brasil.
Oficialmente, o Dia Nacional do Turismo passou a ser comemorado em 8 de maio pela Lei nº 12.625, de 9 de maio de 2012. A escolha desta data para celebrar a efeméride é uma homenagem ao pedido que o estado do Paraná fez em 8 de maio de 1916 para que as terras próximas às Cataratas do Iguaçu fossem desapropriadas, com o intuito de transformar a área numa zona pública para turismo.
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.
FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.
GUIMARÃES, Elione Silva Guimarães. Múltiplos viveres de afrodescendentes na escravidão e no pós-emancipação: Família, trabalho, terra de conflito.São Paulo ; Annablume Editora, 2006.
KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil(1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. ISBN 85-86707-07-4
LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.
LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Os Fotógrafos do Império. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. 240p.:il
MORAES FILHO, Alexandre de Mello. Artistas do meu tempo. Rio de Janeiro: Garnier, 1905.
TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.
VASQUEZ, Pedro Karp. Revert Henrique Klumb: um alemão na Corte Imperial brasileira. Apresentação Joaquim Marçal, Demosthenes Madureira de Pinho Filho; coordenação de coleção Pedro Corrêa do Lago; coordenação editorial Pedro Corrêa do Lago, Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos; design Victor Burton; fotografia César Barreot, Miguel Pacheco e Chaves; pesquisa Pedro Karp Vasquez; tradução Carlos Luís Brown Scavarda. Rio de Janeiro: Capivara, 2001 229p., il. p&b. (Visões do Brasil, 4). ISBN 85-86011-49-5.
O original manuscrito do primeiro guia de viagem impresso no Brasil (1)
Maria Isabel Ribeiro Lenzi*
Capa do original do livro Doze Horas em diligência, sob a guarda do Museu Histórico Nacional
O Museu Histórico Nacional preserva em seu Arquivo Histórico um documento que é uma jóia rara. A encadernação com a capa de couro com decoração dourada mostra o brasão e a coroa do Império do Brasil além da guardar o original do que viria a ser, dois anos depois, o primeiro guia de viagem impresso no Brasil, o famoso Doze horas em diligência – Guia de viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, publicação com fotografias litografadas, editado pelo fotógrafo franco-alemão Revert Henry Klumb.
O documento é todo manuscrito. Foi dedicado e presenteado à Imperatriz Tereza Cristina em 1870. O texto é em português e francês e as imagens são 20 fotografias em albumina coladas.
O guia, que foi impresso dois anos depois, é muito parecido com esse, porém traz algumas modificações: das fotografias que estão no original, dezessete foram litografadas para a edição de 1872, a qual apresenta 29 litografias. Nas paisagens litografadas nessa segunda versão, Klumb inseriu personagens desenhados – sugerindo figuras de possíveis turistas – que não aparecem nas fotografias originais. Nesta edição impressa, encontra-se referência ao Hotel Inglês e ao Palácio Imperial em Petrópolis, bem como são apresentados aos viajantes o Bosque da Imperatriz e a Colônia Pedro II, em Juiz de Fora.
Este precioso documento que pertenceu a Dona Teresa Cristina passou a integrar as coleções do Museu Histórico Nacional em 1924, vindo do Paço da Quinta de São Cristóvão.
*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/Secretaria de Cultura/Ministério do Turismo)
Acesse nos seguintes documentos na Biblioteca Virtual do Museu Histórico Nacional:
(1)O comentárioO original manuscrito do primeiro guia de viagem impresso no Brasil, de autoria da historiadoraMaria Isabel Ribeiro Lenzi foi acrescido ao texto original em 14 de maio de 2020.
Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre Revert Henrique Klumb:
A Brasiliana Fotográfica celebra a fundação de Petrópolis, ocorrida em 16 de março de 1843, trazendo para seus leitores uma seleção de imagens da cidade produzidas pelo francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Marc Ferrez (1843 – 1923), no século XIX. Klumb era o fotógrafo preferido da família real brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Seus registros aqui destacados são de ruas petropolitanas como a do Imperador, a Tereza e a Joinville; do interior e do exterior do Palácio Imperial, dos hotéis Beresford, Brangança e Inglês, do Retiro da Cascatinha, do rio Quitandinha, de palacetes e casas, da princesa Isabel (1846 – 1921) e do conde D´Eu (1842 – 1922), além de vistas gerais. Apresentamos também o Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro, realizado por Ferrez, em torno de 1885, com 30 imagens de Petrópolis que recebeu, em 1981, do governo federal, o título de Cidade Imperial.
Revert Henrique Klumb chegou ao Rio de Janeiro, em 1854, com Affonso Rouel, trazendo uma máquina fotográfica. Eles eram, segundo consta no livro Artistas de meu tempo, de Mello Morais Filho, fugitivos do exército francês. No ano seguinte, já era anunciada a Photographia de François Rene Moreaux, Klumb e Cia, na rua do Rosário, 134. Entre 1865 e 1866, Klumb mudou-se para Petrópolis e seu endereço era rua dos Artistas, nº 10, em frente à praça Coblenz. Fez uma extensa documentação da paisagem urbana da cidade, inclusive com efeitos noturnos – uma grande inovação na época.
Em 1886, Klumb estava em Paris e de lá escreveu à imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil – era casado com a baiana Hermelinda Barreto, com quem tinha duas filhas. O pedido foi deferido e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir. Essa é a última notícia que se tem, até o momento, sobre o fotógrafo.
O Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro, de autoria deMarc Ferrez , possui 42 fotografias, sendo 30 de aspectos de Petrópolis: seus canais, casarões, escolas, estação de trem, fábricas, jardins, paisagens, palacetes e ruas, além de imagens do Palácio de Cristal, do Palácio do Grão-Pará, da avenida Koeller e da construção de uma ferrovia. A vasta e abrangente obra iconográfica de Ferrez se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Cerca de metade de sua produção fotográfica foi realizada no Rio de Janeiro e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais. Outro segmento de sua obra iconográfica registrou as várias regiões do Brasil – ele foi o único fotógrafo do século XIX que percorreu todas as regiões do país.
Dom Pedro I (1798 – 1834) se encantou com a região serrana, em 1822, quando viajava para Minas Gerais na busca de apoio à independência do Brasil. Ficou hospedado na fazenda do Padre Correia (1759 – 1824), cuja sede ficava na confluência dos rios Morto e Piabanha. A fazenda oferecia hospedagem e alimentação aos tropeiros. O padre Correia recusou uma oferta feita pelo imperador para a compra de sua propriedade. Então, em 1830, dom Pedro I comprou a fazenda do Córrego Seco, localizada no topo da Serra da Estrela, por considerá-la situada em uma região de salubridade e beleza ideais, o que beneficiaria sua filha, a princesa dona Paula (1823 – 1833), que tinha sérios problemas de saúde. D. Pedro I queria construir ali um palácio para o verão, o Palácio da Concórdia. Porém, sua abdicação, em 1831, e sua morte, em 1834, o impediram de realizar seu desejo. Seus credores entraram nas justiças europeia e brasileira e a fazenda foi destinada para cobrir suas dívidas. Em 1839, o governo do Brasil foi autorizado a comprar a propriedade ( Diário do Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1839, na primeira coluna ) e, em 1840, ela passou a pertencer a dom Pedro II (1825 – 1891) e a seus sucessores (Diário do Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1840, na terceira coluna). O mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa da Silva (1790 – 1868), teve a iniciativa de retomar os planos de dom Pedro I de construir um palácio na região. Então no dia 16 de março de 1843, o imperador, com dezoito anos e recém-casado com dona Teresa Cristina (1822 – 1889), assinou o Decreto Imperial nº 155, que arrendava as terras da fazenda do Córrego Seco ao major alemão Júlio Frederico Koeler (1804 – 1847) para a fundação da “Povoação-Palácio de Petrópolis”. Koeler teria que edificar um palácio para dom Pedro II, uma igreja e um cemitério, além de povoar a região. Surgia assim a cidade de Petrópolis.
Decreto Imperial nº 155
“Tendo approvado o plano que me apresentou Paulo Barbosa da Silva, do Meu Conselho, Official Mór, e Mordomo de Minha Imperial Casa, de arrendar a Minha Fazenda denominada “Corrego Seco” ao Major de Engenheiros Koeler; pela quantia de um conto de réis annual, reservando um terreno sufficiente para nelle se edificar um Palacio para Mim, com suas dependencias e jardins, outro para uma povoação, que deverá ser afórado a particulares, e assim como cem braças dum e outro lado da estrada geral, que corta aquella Fazenda, o qual deverá tambem ser afórado a particulares, em datas ou prazos de cinco braças indivisiveis, pelo preço porque se convencionarem, nunca menos de mil réis por braça : Hei por bem authorisar o sobredito Mordomo a dar execução ao dito plano sob estas condições. E outrosim o Authorizo a fazer demarcar um terreno para nelle se edificar uma Igreja com a invocação de S. Pedro de Alcantara, a qual terá uma superficie equivalente a quarenta braças quadradas, no logar que mais convier aos visinhos e foreiros, do qual terreno lhes faço doação para este fim e para o cemiterio da futura povoação. Ordeno portanto ao sobredito Mordomo que proceda aos ajustes e escripturas necessarias, n’esta conformidade, com as devidas cautelas e circumstancias de localidades, e outrosim que forneça a minhas espenças os vazos sagrados, e ornamentos para a sobredicta Igreja, logo que esteja em termos de n’ella se poder celebrar. Paço da Boa Vista deseseis de Março de 1843, vigesimo segundo da Independencia e do Imperio. Dom Pedro II. Paulo Barbosa da Silva. Conforme, Augusto Candido Xavier de Brito.”(Instituto Histórico de Petrópolis)
Ao longo de sua história, Petrópolis foi fortemente influenciada pela presença de imigrantes alemães, italianos, sírio-libaneses e portugueses. Foi intitulada Cidade Imperial pelo decreto federal 85.849, de 27 de março de 1981. Fica a 809 metros de altitude e é o maior município da Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Sua arquitetura, história, clima e gastronomia contribuem para que a cidade seja um dos principais destinos turísticos do Brasil.
KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil(1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. ISBN 85-86707-07-4
LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Os Fotógrafos do Império. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. 240p.:il
MARTIM, Ricardo (pseudônimo de Guilherme Auler). Dom Pedro II e a fotografia. Tribuna de Petrópolis. Petrópolis, 1 de abril de 1956.
RABAÇO, Henrique José. História de Petrópolis. Petrópolis : Universidade Católica de Petrópolis, 1985.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
VASQUEZ, Pedro Karp. Revert Henrique Klumb: um alemão na Corte Imperial brasileira. Apresentação Joaquim Marçal, Demosthenes Madureira de Pinho Filho; coordenação de coleção Pedro Corrêa do Lago; coordenação editorial Pedro Corrêa do Lago, Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos; design Victor Burton; fotografia César Barreot, Miguel Pacheco e Chaves; pesquisa Pedro Karp Vasquez; tradução Carlos Luís Brown Scavarda. Rio de Janeiro: Capivara, 2001 229p., il. p&b. (Visões do Brasil, 4). ISBN 85-86011-49-5.
Há séculos parte da paisagem carioca, o Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, encravado em um morro costeiro à Baía de Guanabara – o Morro de São Bento – e de frente para a Ilha das Cobras, foi registrado por diversos fotógrafos dentre eles A. Ribeiro (18? – 19?), Augusto Malta (1864 – 1957), Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897) e Revert Henrique Klumb (c.1826 – c. 1886), cujas imagens estão disponíveis no acervo da Brasiliana Fotográfica. Foi fundado em 1590 pelos monges vindos do Mosteiro da Bahia, Frei Pedro Ferraz e Frei João Porcalho, marcando o início da vida beneditina carioca. A Ordem Beneditina foi a segunda ordem religiosa a estabelecer casa no Rio de Janeiro, antecedida apenas pelos jesuítas. O Mosteiro de São Bento tem como padroeira Nossa Senhora do Monserrate e integra a Congregação Beneditina do Brasil, que compreende hoje sete mosteiros masculinos e dezesseis femininos.
O terreno onde foi construído o Mosteiro de São Bento, entre 1652 e 1742, foi doado pelo português Manoel de Brito, capitão de infantaria que havia se transferido para o Brasil em 1562. Acompanhava Estácio de Sá (1520 – 1567), em 1º de março de 1565, tornando-se um dos fundadores do Rio de Janeiro. A doação do terreno foi confirmada, por declaração, em 25 de março de 1590, e por escritura pública, em 31 de janeiro de 1620, por seu filho, Diogo de Brito de Lacerda (c. 1555 -1629), que está sepultado na nave central da igreja. Em 1633, os monges beneditinos iniciaram a construção da igreja em substituição a uma modesta ermida que utilizavam paras as cerimônias religiosas. Para tal, foram lhes concedidas pela Câmara, por aforamento, vinte braças de pedreira do hoje denominado Morro da Viúva.
A Igreja Abacial é considerada por muitos a mais bonita do Rio de Janeiro, além de ser um dos mais importantes monumentos do estilo barroco luso-brasileiro. Na época do início de sua construção, concluída em 1798, o abade da Ordem era dom Frei Miguel do Desterro. A simplicidade de sua fachada contrasta com a riqueza de seu interior, cujo trabalho da talha da madeira dourada foi realizada entre 1694 e 1734. Tanto a igreja como o prédio do mosteiro são, segundo o site oficial do Mosteiro de São Bento, obras de quatro monges do século XVII: o arquitetos portugueses Frei Leandro de São Bento e Frei Bernardo de São Bento Corrêa de Souza, o escultor português Frei Domingos da Conceição da Silva e o pintor alemão Frei Ricardo do Pilar (1635 – 1700). O grande entalhador e escultor da capela-mor na segunda metade do século XVIII foi Mestre Inácio Ferreira Pinto (c. 1765 – 1828), contemporâneo do Mestre Valentim (1745 – 1913), responsável pelos lampadários de prata da igreja. Em 1858, foi fundado o Colégio de São Bento.
Andrea C. T. Wanderley
Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
ARAUJO, José de Souza Azevedo Pizarro. Memórias históricas do Rio de Janeiro e das províncias anexas à jurisdição do vice-rei do estado do Brasil. Rio de Janeiro: Tipografia de Silva Porto, 1822.
COARACY, Vivaldo. Coleção Rio 4 séculos, volume 6. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1965.
ERMAKOFF, George; FRAGOSO, dom Mauro. Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, 425 anos. 1590-2015. Rio de Janeiro : Casa Editorial, 2016.
O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. Fotografias de Stefan Rosenbauer e Hugo Rodrigo Otávio. Rio de Janeiro: Livraria Agir, 1955.
Para a produção de carvão, extração de madeira e plantação de café, a floresta foi quase totalmente destruída, o que ocasionou problemas nas fontes que abasteciam a cidade com água. O desmatamento, somado ao aumento da população, ao clima seco em alguns anos e à falta de infraestrutura no Rio, acabou, por vezes, deixando a capital imperial sem abastecimento de água, o que gerou o surgimento de um mercado paralelo de venda de água e também a disseminação de doenças. Em 1861, durante o reinado de dom Pedro II (1825 – 1891) o major Manuel Gomes Archer (1821 – 1907) foi nomeado administrador da Floresta da Tijuca, cargo que exerceu até 1874 (Boletim do Expediente do Governo, novembro de 1861). Foi iniciado, então, o primeiro grande projeto de reflorestamento no mundo com o replantio de mais de 100 mil árvores. Posteriormente, sob a administração do barão Gastão d´Escragnolle (1821 – 1888), entre 1874 e 1888 (Gazeta de Notícias, 19 de junho de 1888, sexta coluna), além da continuação do replantio, foi realizado um trabalho de embelezamento com a colaboração do célebre paisagista e botânico francês Auguste Glaziou (1833 – 1906), que tornou a floresta um parque para uso público com fontes, lagos, mirante, pontes e jardins de estilo francês.
Depois de um longo período de abandono, em 1944, sob a coordenação do industrial Raymundo de Castro Maia (1894 – 1968), convidado pelo então prefeito Henrique Dodworth (1895 – 1975), e com a cooperação do paisagista Roberto Burle Marx (1909 – 1994), foram reiniciadas a recuperação e a manutenção da vegetação da floresta. Alguns dos atrativos da Floresta da Tijuca são o Pico da Tijuca – seu ponto mais alto -, o Pico do Papagaio e a Cascatinha Taunay. Fica dentro do Parque Nacional da Tijuca, criado em 1961, o mais visitado do Brasil.
O Dia Mundial do Meio Ambiente começou a ser comemorado em 1972. A data foi escolhida porque a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente foi realizada em Estocolmo, na Suécia, entre 5 e 16 de junho de 1972. Seu secretário-geral foi o canadense Maurice Strong (1929 – 2015). Considerada a iniciativa mais importante tomada até então no campo da conservação do meio ambiente e da luta contra a poluição, reuniu 1.200 delegados de 114 países e cerca de três mil observadores. Entre os acordos mais importantes selados durante a reunião estão a condenação das experiências nucleares, a proibição da pesca da baleia por dez anos e a redução da produção de materiais sintéticos aumentando paralelamente a manufatura de substitutivos degradáveis não poluentes (Jornal do Brasil, 17 de junho de 1972).
Na próxima imagem, vemos o fotógrafo Marc Ferrez em um momento de lazer com sua esposa, a francesa Marie Lefebvre (c. 1849 – 1914), e os dois filhos do casal, Julio Marc (1881 – 1946) e Luciano José André (1884 – 1955), passeando na Floresta da Tijuca.
HEYNNEMAN, Claudia. Floresta da Tijuca: natureza e civilização. Rio de Janeiro : Biblioteca Carioca, 1995.
MAIA, Raymundo de Castro. A Floresta da Tijuca. Rio de Janeiro: Edições Bloch, 1967
MENEZES, Pedro de Castro da Cunha e. Parque Nacional da Tijuca – uma floresta na metrópole. Rio de Janeiro:Andrea Jakobsson Estúdio, 2010.
MENEZES, Pedro de Castro da Cunha e; CORRÊA, Marcos Sá; AZOURY, Ricardo. Parque Nacional Da Tijuca : 140 Anos da Reconstrução de uma floresta. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2001