O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb

Motivada pela publicação do artigo Pharoux, o primeiro hotel de luxo do Brasil, publicado na Brasiliana Iconográfica, em 15 de junho de 2022, a Brasiliana Fotográfica destaca uma imagem do estabelecimento, o primeiro hotel de luxo do Brasil, produzida pelo francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), o fotógrafo da família real do Brasil. A imagem pertence ao acervo da Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras da Brasiliana Fotográfica, segundo a qual:

Através de pesquisa nas obras “Origens e expansão da fotografia no Brasil : século XIX”, de Boris Kossoy, e “Imagem e letra : introdução à bibliologia brasileira”, de Orlando da Costa Ferreira, foi constatado que o endereço manuscrito no verso do cartão-suporte era o mesmo da “Officina de Paulo Robin”, dirigida por Klumb”.

Klumb foi, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil – utilizada na foto destacada -, com a qual entre os anos de 1855 e 1862, aproximadamente, produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.

 

 

O Hotel Pharoux foi fundado pelo francês de Marselha, Louis Dominique Pharoux (?- 1867), bonapartista que exilou-se no Brasil, em torno de 1816.

“O hotel que levava seu nome inaugurou um novo padrão para as hospedarias da capital do Império, que até então só oferecia alojamentos bastante simples e, em geral, sujos”.

Brasiliana Iconográfica

 

Inicialmente, o Pharoux era uma hospedaria na rua da Quitanda, nº 99, e várias vezes anunciava no jornal oferecer sopa e bife de tartarugas (Jornal do Commercio, 23 de setembro de 1836, terceira coluna). Em 1838, transferiu-se para a rua Fresca, nº 3, esquina com o Largo do Paço, atual Praça XV, e uma de suas fachadas dava de frente para a Praia Dom Manuel (Jornal do Commercio, 12 de fevereiro de 1838, quarta coluna).

 

 

Era um edifício que, além do térreo, tinha três andares. Refinado e confortável, trouxe à corte um certo glamour europeu. Possuia uma  sala de jantar que comportava mais de oitenta pessoas, mobiliário de bom gosto e seus banhos eram um atrativo a mais, em uma cidade que oferecia até então somente hospedarias pouco confortáveis e uma mesa sem grandes variedades nas casas de pasto, que já se multiplicavam pelas ruas (Arqueologia Histórica no Rio de JaneiroJornal do Commercio, 12 de fevereiro de 1838, quarta coluna). As salas de banho tinham banheiras de metal e mármore com torneiras de água fria e quente. Toalhas brancas eram oferecidas. Um requinte na época. Utilizava-se água encanada vinda do chafariz do Largo do Paço.

Desde o início, destacou-se também, como já mencionado, pelo esmero em sua gastronomia e por servir vinhos franceses.

 

 

Era também um ponto de convergência da sociedade de sua época e de viajantes (Jornal do Commercio19 de fevereiro de 1838, segunda coluna; 24 de abril de 1838, terceira coluna). Foi muitas vezes, o cenário de contos, como o publicado na A Semana Illustrada, de 11 de agosto de 1861.

 

“O hotel Pharoux, tinha excelente frequência da sociedade local, frequentado também por muitos viajantes franceses, que junto ao seu bem humorado e cortês proprietário, passavam horas agradáveis lembrando a pátria. Construiu o cais que acabou levando seu nome, e fez desse magnífico e aprazível local um ponto de encontro para os que podiam usufruir do conforto de um bom vinho, e de uma boa mesa abençoados pelas brisas do mar”

Arqueologia Histórica no Rio de Janeiro

 

 

“…Velhos do meu tempo, acaso vos lembrais desse mestre cozinheiro do Hotel Pharoux, um sujeito que, segundo dizia o dono da casa, havia servido nos famosos Véry e Véfour, de Paris, e mais nos palácios do Conde Molé e do Duque de la Rochefoucauld? Era insigne. Entrou no Rio de Janeiro com a polca… A polca, M. Prudhon, o Tivoli, o baile dos estrangeiros, o Cassino, eis algumas das melhores recordações daquele tempo; mas sobretudo os acepipes do mestre eram deliciosos.”

Memórias Póstumas de Brás Cubas por Machado de Assis

 

Em 1860 era anunciada a venda do prédio do hotel, que passou a ter outro proprietário (Correio Mercantil, 12 de janeiro de 1860, segunda coluna; 20 de janeiro de 1860, quarta coluna; Courrier du Brésil, 1º de janeiro de 1860).

 

 

Em 1861, seu dono era João Freichou ou Jean Frechon que, em 1862, reformou o hotel (Correio Mercantil, 22 de dezembro de 1861, terceira coluna; Courrier du Brésil, 31 de agosto de 1862). Em 1863, foi noticiada a falência fraudulenta do estabelecimento (Correio Mercantil, 25 de abril de 1863, última coluna).

 

 

Segundo a maioria das fontes, Luiz Pharoux retornou à França, em 1864.  Após abrigar a Casa de Saúde do dr. Antônio Marcolino Fragozo, a Casa de Saúde Nossa Senhora da Glória e a Casa de Saúde dos drs. Catta-Preta, Marinho e Werneck (Diário do Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1864Jornal do Commercio12 de junho de 1870, quarta coluna; e 13 de outubro de 1874), e, posteriormente outro hotel, o Real (Almanak Laemmert, 1927), o edifício do Hotel Pharoux foi demolido, em 1959, para a  construção da Perimetral.

 

 

O Hotel Pharoux e a história da fotografia no Brasil

 

 

Foi no Hotel Pharoux que o abade francês Louis Comte (1798 – 1868), que chegou ao Brasil trazendo o daguerreótipo, no  navio L´Oriental , que aportou no Rio de Janeiro em 23 de dezembro de 1939, fez o primeiro ensaio fotográfico no país. Leia essa história no artigo A chegada do daguerreótipo no Brasil – os primeiros registros no Rio de Janeiro, publicado em 16 de janeiro de 2020, aqui no portal.

 

 

Foi lá que o retratista francês Abram-Louis Buvelot (1814 – 1888) se hospedou, quando chegou ao Rio de Janeiro, em outubro de 1840.

 

fotografia

M. Louis Buvelot. Xilografia publicada no Australasian Sketcher, em 12 de julho de 1888 / Acervo da Coleção La Trobe Picture

 

Link para a Cronologia de Abram-Louis Buvelot (1814 – 1888). 

 

Os norte-americanos Augustus Morand (c. 1818 – 1896) e J.E. Smith, dois pioneiros na comercialização da daguerreotipia no Brasil, chegaram ao Rio de Janeiro, vindos de Nova York, na galera C. Canckl, em 25 de novembro de 1842 (Diário do Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1842, na última coluna). Observação: com as iniciais de Smith, J. E, acaba-se a dúvida que um outro Smith, mencionado por Boris Kossoy em seu livro Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910), seja o mesmo que veio para o Brasil com Morand. No livro de Kossoy, as iniciais do “outro” Smith são T.O.

 

 

 

Na primeira página do Jornal do Commercio de 23 de dezembro de 1842, Morand foi saudado como uma celebridade: 

 

 

Ainda nessa mesma edição, sob o título O daguerreótipo na sua perfeição, foi anunciado o estabelecimento do gabinete de Morand e Smith no Hotel Pharoux, salão n. 52, casa nova, 2º andar, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 23 de dezembro de 1842, na segunda coluna). O anúncio foi repetido algumas vezes em 1842 e em 1843.

 

 

A bordo do navio norte-americano Susan, Morand deixou o Rio de Janeiro em direção a Nova York, em 13 de abril de 1843 (Jornal do Commercio, 14 e 15 de abril de 1843, na última coluna). Ele e Smith foram sucedidos por J. D. Davies, que comprou deles uma grande porção de lâminas, etc, convidou o público para visitar a oficina no Hotel Pharoux e, pouco depois, estabeleceu seu gabinete na rua do Ouvidor, 75 (Jornal do Commercio25 de abril de 1843, na segunda coluna, e 3 de maio de 1843, na terceira coluna). Algumas fontes levantam a possibilidade de Morand não ter retornado direto para Nova York e ter ficado trabalhando na América do Sul até 1844.

 

Cronologia de Augustus Morand (c. 1818 – 1896)

 

c. 1818 - Nascimento de Augustus Morand, em Nova York.

1838 – Casamento com Caroline Kane (1821 – ?)

1840 – Augustus Morand começou a trabalhar como daguerreotipista. Conheceu o pintor Henry Inman (1801 – 1846) e juntos fizeram experiências sobre o efeito da luz e da sombra.

c. 1841 – Provavelmente seu estabelecimento fotográfico sucedeu o de Matthews D. Van Loan na esquina da Broadway com Chambers Street, em Nova York.

1842 – Ao longo do ano, foram publicadas na revista U.S. Magazine and Democratic Review diversas gravuras baseadas em daguerreótipos produzidos por Morand: na edição de agosto, um retrato do político Thomas Wilson Door (1805 – 1854); na de setembro, de Churchill C. Cambreleng (1786 – 1862); e, na de novembro, do presidente John Tyler (1790 – 1862).

 

C. C. Cambreleng.jpg

Churchill C. Cambreleng, gravura baseada em daguerreótipo de Morand e publicada na edição de setembro de 1842 da The United States Democratic Review

 

morand7

John Tyler, gravura baseada em daguerreótipo de Morand e publicada na edição de novembro de 1842 da The United States Democratic Review

 

 

De 1842 a 1845, catálogos de Nova York informavam que o endereço de Morand era Suffock Street, 25.

Por problemas de saúde, Morand foi aconselhado por médicos a viajar para os trópicos.

Os norte-americanos Augustus Morand e J.E. Smith, dois pioneiros na comercialização da daguerreotipia no Brasil, chegaram ao Rio de Janeiro, vindos de Nova York, na galera C. Canckl, em 25 de novembro de 1842 (Diário do Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1842, na última coluna). Observação: com as iniciais de Smith, J. E, acaba-se a dúvida que um outro Smith, mencionado por Boris Kossoy em seu livro Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910), seja o mesmo que veio para o Brasil com Morand. No livro de Kossoy, as iniciais do “outro” Smith são T.O.

 

 

Na primeira página do Jornal do Commercio de 23 de dezembro de 1842, Morand foi saudado como uma celebridade: 

 

 

Ainda nessa mesma edição, sob o título O daguerreótipo na sua perfeição, foi anunciado o estabelecimento do gabinete de Morand e Smith no Hotel Pharoux, salão n. 52, casa nova, 2º andar, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 23 de dezembro de 1842, na segunda coluna). O anúncio foi repetido algumas vezes em 1842 e em 1843.

 

 

1843 – Morand trouxe cartas de recomendação para pessoas influentes no Brasil e logo foi apresentado a d. Pedro II.

Os hábeis artistas do daguerreótipo Morand e Smith foram convidados para o paço imperial, onde produziram retratos do imperador Pedro II, das augustas princesas e algumas vistas da Quinta da Boavista. O público era convidado para admirar esses registros no gabinete dos fotógrafos, no Hotel Pharoux. Ainda foi informado que na câmara de Pedro II havia uma fotografia da autoria de Morand e Smith (Jornal do Commercio, 27 de janeiro de 1843, na segunda coluna).

 

 

Nos cinco meses que esteve no Brasil, a presença de Morand era constantemente requisitada no palácio real de São Cristóvão, onde fotografou as vizinhanças, copiou quadros da Galeria Real de Pinturas e retratou membros da família imperial, além de dona Francisca, irmã caçula do imperador.

Existe uma polêmica em torno da autoria de um dos três primeiros daguerreótipos produzidos no Brasil – até hoje conhecidos. São do Paço da Cidade, do Chafariz do Mestre Valentim e fachada do Mercado do Peixe; e do Mercado da Calendária. Alguns historiadores da fotografia consideram que foram de autoria do abade francês Louis Comte (1798 – 1868), que esteve no Rio de Janeiro, em 1840. Outros afirmam que um deles, o que retrata d. Pedro II (1825 – 1891) descendo de sua carruagem em frente ao Paço Imperial, seria de autoria de Morand.

A bordo do navio norte-americano Susan, Morand deixou o Rio de Janeiro em direção a Nova York, em 13 de abril de 1843 (Jornal do Commercio, 14 e 15 de abril de 1843, na última coluna).

Morand e Smith foram sucedidos por J. D. Davies, que comprou deles uma grande porção de lâminas, etc, convidou o público para visitar a oficina no Hotel Pharoux e, pouco depois, estabeleceu seu gabinete na rua do Ouvidor, 75 (Jornal do Commercio25 de abril de 1843, na segunda coluna, e 3 de maio de 1843, na terceira coluna). Algumas fontes levantam a possibilidade de Morand não ter retornado direto para Nova York.

1843 – Nascimento de sua filha, Caroline Lydia Morand (1843 – 1902), em Nova York.

1844 a 1846 – Catálogos de Nova York informavam que entre 1844 e 1846, o endereço do gabinete de daguerreotipia de Morand, em sociedade com George W. Morand, era Chambers Street, 73.

c. 1846 – Em meados da década de 1840, Morand trabalhou como daguerreotipista em várias cidades do sul dos Estados Unidos.

Nascimento de sua segunda filha, Mary (1846 – 1863).

1847 – Morand trabalhava como daguerreotipista, em Saint Louis, na Morand and Company´s Gallery of Daguerreotype Portraits and Family Groups.

Retornou a Nova York e abriu uma galeria na Chatham Street, 132, mesma rua em que morava.

1851 – Morand foi eleito presidente da New York State Daguerreian Association.

Fez parte do comitê que elaborou o estatuto da American Daguerre Association.

Fez parte do comitê formado pela American Daguerre Association para investigar a autoria da invenção de um processo para produzir daguerreótipos coloridos reivindicado por Levi Hill (1816 – 1865).

Foi publicado na edição de abril da revista Photographic Art-Journal, o artigo Augustus Morand the Daguerrean Art, sobre Augustus Morand, de autoria do reverendo Daniel Parish Kidder (1815 – 1891), teólogo e escritor que viveu entre 1837 e 1840 no Brasil. Uma curiosidade: em dezembro de 1839, Kidder embarcou em Salvador no mesmo navio que trouxe o abade Louis Comte para o Rio de Janeiro. Foi o abade que apresentou o daguerreótipo a d. Pedro II, em janeiro de 1840 (Jornal do Commercio de 17 de janeiro de 1840, na primeira coluna, e de 20 de janeiro de 1840, na terceira coluna). Kidder foi o autor dos livros Sketches of residence and travel in Brazil e Brazil and the brazilians, publicado em 1857.

1852 – Morand estabeleceu uma nova galeria na Chatham Street, 65, em Nova York.

1857 -1858 – Trabalhava como editor na Broadway, 379, em Nova York.

1859 – Comprou a galeria de Alexander Becker, situada na Broadway, 411, em Nova York.

1860 – Segundo catálogo de Nova York, Morand trabalhava como fotógrafo na Broadway, 379. Outras fontes indicam que nesse ano ainda possuía a galeria na Broadway, 411.

1860 – 1862 – Augustus e George H. Morand estabeleceram uma galeria no Brooklyn.

1863 – A filha de Morand, Mary, faleceu de doença cardíaca aos 17 anos. Na época, Morand residia na Washington Street, nº. 210, no Brooklyn (The New York Times, 24 de agosto de 1863).

1896 – Falecimento de Morand, na Inglaterra.

 

 

Andrea C.T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Link para o artigo Pharoux, o primeiro hotel de luxo do Brasil, publicado na Brasiliana Iconográfica, em 15 de junho de 2022.

Este artigo foi ampliado em 20 de junho de 2022.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil, publicado em 31 de agosto de 2016

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), 8 de maio de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre hotéis

Hotéis do século XIX e do início do século XX no Brasil, publicado em 5 de novembro de 2015 , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

O Hotel Glória – antes e depois, publicado em 21 de dezembro de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

Copacabana Palace, símbolo do glamour carioca, publicado em 13 de agosto de 2020, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023.

O centenário do Copacabana Palace, quintessência do “glamour” carioca, e seu criador, o arquiteto francês Joseph Gire, publicado em 13 de agosto de 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica.

 

 

Fontes:

AULER, Guilherme. O Paisagista e Retratista Buvelot, Jornal do Brasil, 2 Junho de 1957, Rio de Janeiro.

BERNIER, Celeste-Marie; STAUFFER, John; TRODD, Zoe. Picturing Frederick Douglass: An Illustrated Biography of the Nineteenth Century`s Most Phothographed American. New York: W W Norton & Company, Inc, 2015.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

COLMAN, Anne. Buvelot, the Migrant Artist. Interpreting New Worlds in Brazil and Australia. Austrália: La Trobe Journal, 2005.

CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1965.

ERMAKOFF, George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840- 1900. Prefácio Pedro Karp Vasquez. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.

FERREZ, Gilberto. Origens e expansão da fotografia no Brasil Século XIX. Rio de Janeiro: Funarte, 1980.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J. Pioneer photographers of Brazil : 1840 – 1920. New York: The Center for Inter-American Relations, 1976.

FOREL, M. F. Louis Buvelot, Peintre Vaudois. Gazette de Lausanne, 31 de março de 1906.

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

GRAY, J. R. Louis Buvelot His Life and Work. Tese de mestrado. Universidade de Melbourne, 1968.

GURAN, Milton (organizador), TURAZZI, Maria Inez; VASQUEZ, Pedro Karp. Os daguerreótipos de Louis Comte no Rio de Janeiro – As primeiras fotografias feitas na América do Sul. Rio de Janeiro: Luz Tropical, 2016.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

ibiblio- The Public’s Library and Digital Archive

KAILBOURNE, Thomas R.; PALMQUIST, Peter E. Pioneer Photographers from the Mississippi to the Continental Divide: a Biographical Dictionary, 1839 – 1865. Stanford, Califonia:Stanford University Press, 2005.

KIDDER, D. P. Augustus Morand the Daguerrean Art. Nova York: Photographic Art-Journal, abril de 1851

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

KOSSOY, Boris. O mistério dos daguerreótipos do Largo do Paço in Revista da USP, n. 120, janeiro-março, 2019, pp.127-152.

KOSSOY, Boris. Origens e expansão da fotografia no Brasil, século XIX. Rio de Janeiro: Funarte, 1980.

LAGO, Pedro Corrêa do. Brasiliana Itaú: uma grande coleção dedicada ao Brasil / curadoria da coleção: Pedro Corrêa do Lago, Ruy Souza e Silva. Rio de Janeiro: Capivara, 2009.

MELO JUNIOR, Donato. Buvelot no Brasil i (apontamentos 1963) e Buvelot no Brasil ii (novos apontamentos à guisa de adendo 1986). Boletim do Museu Nacional de Belas Artes. Rio de Janeiro, 5 (13–5): 9–15, jan.-dez. 1986. il.

PÉNOCHON, Sylvie Pénochon. The History of the Daguerreotype in Brazil in Pittsburg: Daguerreian Annual 2002–2003 (Pittsburgh: The Daguerreian Society, 2004): 317–331.

Pharoux, o primeiro hotel de luxo do Brasil, Brasiliana Iconográfica, 15 de junho de 2022.

SANTOS, Fabíola Martins. Geografia das Redes Hoteleiras Mundo, Brasil e Santa Catarina. Tese de Doutorado da Universidade Federal de Santa Catarina – Centro de Filosofia e Ciências Humanas – Programa de Pós-Graduação em Geografia.

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003.

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

Site Arqueologia Histórica no Rio de Janeiro

Site Diário do Rio

Site Enciclopédia Itaú Cultural

Site História do Rio Para Todos

Site The Williams Family Tree

A chegada do daguerreótipo no Brasil – os primeiros registros no Rio de Janeiro

Hoje são comemorados os 180 anos da produção, pelo abade francês Louis Comte (1798 – 1868), das primeiras daguerreotipias no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1840. O daguerreótipo, processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851) e anunciado em Paris em 19 de agosto de 1839 por François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências da França, chegou ao Brasil no L’Oriental-Hydrographe, navio-escola da Marinha Mercante da França que, sob o comando  do  capitão Augustin  Lucas (1804-1854?), partiu do porto de Paimboeuf, nas proximidades da cidade francesa de Nantes, em 25 de setembro de 1839, com cerca de 80 pessoas a bordo, entre tripulação e passageiros.

Antes de chegar ao Rio de Janeiro, o navio havia atracado em algumas cidades de Portugal, em Tenerife e na Ilha da Goreia (Senegal) e, já no Brasil, no Recife e em Salvador. Essa viagem é o tema do novo livro da historiadora Maria Inez Turazzi, O Oriental-Hydrographe e a fotografia; a primeira expedição ao redor do mundo com uma ‘arte ao alcance de todos’ (1839-1840). Segundo ela, a presença do daguerreótipo a bordo assim como a de outros instrumentos inovadores, não foi casual ou improvisada, porém fruto de uma complexa rede de interesses diplomáticos, transações comerciais e intercâmbios científicos. É possível afirmar que a viagem de circunavegação do Oriental-Hydrographe teve início com a expectativa de consagrá-la como a primeira do gênero a utilizar a fotografia como meio de registro da experiênciaO daguerreótipo revolucionou em pouco tempo e para sempre a forma do registro do mundo e de seus habitantes, inundando nosso planeta de imagens fotográficas. Em 1864, em uma crônica reproduzida nesse artigo, o escritor Machado de Assis (1839 – 1908), que nasceu no mesmo ano do anúncio do daguerreótipo perguntou “Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?”. 

 

  A invenção do daguerreótipo e sua chegada no Brasil

 

Câmara de daguerreótipo Succe Frères, de 1939 / Westlicht Photography Museum, em Viena, na Áustria

Câmara de daguerreótipo Succe Frères, de 1939 / Westlicht Photography Museum, em Viena, na Áustria

 

Em 7 de janeiro de 1839, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Cerca de sete meses depois, em 19 de agosto, durante um encontro realizado no Instituto da França, em Paris, com a presença de membros da Academia de Ciências e da Academia de Belas-Artes, o cientista François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comunicou que o governo francês havia adquirido o invento, colocando-o em domínio público e, dessa forma, fazendo com que o “mundo inteiro” tivesse acesso à invenção. Em troca, Louis Daguerre e o filho de Joseph Niépce, Isidore, passaram a receber uma pensão anual vitalícia do governo da França, de seis mil e quatro mil francos, respectivamente. Um daguerreótipo consiste em uma imagem única e positiva, formada diretamente sobre placa de cobre, revestida com prata e, em seguida, polida e sensibilizada por vapores de iodo. Depois de exposta na câmera escura, a imagem é revelada por vapores de mercúrio e fixada por uma solução salina.

 

A descoberta que comunico ao público está entre as poucas que, por seus princípios, seus resultados e a promissora influência que deverá exercer sobre as artes, se situam naturalmente entre as mais úteis e extraordinárias invenções…“.

Louis Daguerre, 1838

 

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: cerca de quatro meses depois do anúncio da descoberta, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839.

A introdução da daguerreotipia no Brasil se deu com a chegada do navio L’Oriental-Hydrographe, navio-escola da Marinha Mercante da França, em fins de 1839, sob o comando  do  capitão Augustin  Lucas (1804-1854?), que havia estado no ateliê de Daguerre em 1839. A viagem de circunavegação pensada como uma escola flutuante começou a ser planejada em 1838, quando seu projeto, pedagógico e mercantil, foi apresentado ao ministro da Marinha francesa, Claude Rosamel (1774 – 1848).

Segundo a historiadora Maria Inez Turazzi, a presença do daguerreótipo a bordo assim como a de outros instrumentos inovadores, não foi casual ou improvisada, porém fruto de uma complexa rede de interesses diplomáticos, transações comerciais e intercâmbios científicos. É possível afirmar que a viagem de circunavegação do Oriental-Hydrographe teve início com a expectativa de consagrá-la como a primeira do gênero a utilizar a fotografia como meio de registro da experiência

O Estatuto de admissão ao navio Hydrographe que fará a volta ao mundo sob o comando do capitão Lucas informava que os alunos a bordo seriam divididos em quatro seções, de acordo com o grau de instrução que tivessem recebido a partir de um exame realizado por professores de diferentes disciplinas antes do embarque. Esses professores pertenceriam aos quadros da universidade e estariam associados à expedição. Os alunos fariam estudos iguais aos dos colégio reais e aprenderiam línguas estrangeiras e conhecimentos específicos de marinha e comércio durante a viagem.

L’Oriental, um navio de três mastros, partiu do porto de Paimboeuf, nas proximidades da cidade francesa de Nantes, em 25 de setembro de 1839, com cerca de 80 pessoas a bordo, entre tripulação e passageiros. A previsão de duração da viagem era de dois anos e meio. Durante o mês de outubro, atracou em Lisboa, no dia 7, e na Ilha da Madeira, no dia 23. Posteriormente, fez escalas em Tenerife e na Ilha da Goreia (Senegal), de onde veio para o Brasil. Chegou no Recife, em 30 de novembro (Diário de Pernambuco, 2 de dezembro de 1839, última coluna), tendo zarpado no dia 4 de dezembro rumo a Salvador, onde chegou no dia 7 (Correio Mercantil (BA), 10 de dezembro de 1839, segunda coluna), permanecendo até 17 de dezembro (Correio Mercantil (BA), 18 de dezembro de 1839, última coluna) – entre essas duas cidades brasileiras ocorreu a única morte registrada da viagem, a de um estudante belga.

O navio chegou no Rio de Janeiro, em 23 de dezembro de 1839, quando foi identificado como um colégio boiante, um navio-escola que promovia uma expedição didática- científica (Jornal do Commercio, 25 de dezembro de 1839, terceira coluna e Jornal do Commercio, 28 de dezembro de 1839, terceira coluna). No navio havia marinheiros capazes e professores hábeis, reunidos pelo capitão para iniciar os alunos a bordo nas primeiras noções da marinha e do comércio.  Dentre eles estava Francisco Sauvage, inventor do phisionotypo, um novo modo de suprir a escultura,  (Correio Mercantil (BA), 13 de dezembro de 1839, terceira coluna) e o abade francês Louis Comte (1798 – 1868), que viria a  ser o responsável pelas primeiras demonstrações da daguerreotipia no Brasil (Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, primeira coluna). O médico em chefe da expedição deu consultas para moléstias de olhos no Hotel Europa, que ficava na rua do Carmo, esquina com a rua Ouvidor (Jornal do Commercio, 28 de dezembro de 1839, terceira coluna). Em 26 de janeiro, o L´Oriental partiu para Montevidéu, no Uruguai (Jornal do Commercio, 27 de janeiro de 1840, última coluna) e de lá seguiu para Valparaíso, no Chile, onde naufragou quando deixava a cidade, em 23 de junho de 1840.Tudo foi recuperado e não houve vítimas (Jornal do Commercio, 14 de agosto de 1840, primeira coluna). O abade Comte permaneceu em Montevidéu ensinando daguerreotipia até 1847. Posteriormente, alugando armazéns na área portuária, acumulou uma fortuna e voltou para a França, onde faleceu, em 22 de setembro de 1868. Está enterrado no cemitério de Sampans, na França.

 

 

No Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, era anunciada a chegada do daguerreótipo no Rio de Janeiro

 

O abade Comte, encarregado pela assistência intelectual e espiritual e pelo ensino de religião, música e canto durante a viagem, produziu alguns daguerreótipos, em 16 de janeiro de 1840, e, alguns dias depois, apresentou o invento a dom Pedro II (Jornal do Commercio,  20 de janeiro de 1840, terceira coluna). Foi com o próprio Daguerre que o abade havia aprendido a daguerreotipia. Em março do mesmo ano, d. Pedro II adquiriu um daguerreótipo, provavelmente o primeiro da América do Sul.

 

 

Louis Compte. Chafariz do Largo do Paço, Rio de Janeiro, 16/1/1840, daguerreótipo, 9 [8,3] x 7 cm [1/6 placa]. Arquivo Grão Pará, Petrópolis, RJ

Louis Compte. Chafariz do Largo do Paço, Rio de Janeiro, 16/1/1840, daguerreótipo, 9 [8,3] x 7 cm [1/6 placa]. Arquivo Grão Pará, Petrópolis, RJ

 

Louis Comte. L. Compte, Vista parcial do Mercado da Praia do Peixe, Rio de Janeiro, 16/1/1840, daguerreótipo, 7 x 9 [8,3] cm [1/6 placa]. Arquivo Grão Pará, Petrópolis, RJ Reprodução

Louis Comte. Vista parcial do Mercado da Praia do Peixe, Rio de Janeiro, 16/1/1840, daguerreótipo, 7 x 9 [8,3] cm [1/6 placa]. Arquivo Grão Pará, Petrópolis, RJ – Reprodução

 

dague 1

Sobre esse daguerreótipo há uma discussão de autoria e data: teria sido produzido por Comte em janeiro de 1840 ou por Morand entre 1842 e 1843? Daguerreótipo, 7 x 9 [8,3] cm [1/6 placa]. Acervo Grão Pará, Petrópolis, RJ – Reprodução

 

Por sediar o Império, o Rio de Janeiro foi a capital da fotografia no Brasil. O imperador, grande entusiasta da nova invenção, foi retratado por diversos fotógrafos, dentre eles Marc Ferrez (1843-1923) e Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), tendo conhecido praticamente o trabalho de todos eles. A fotografia passou a ser o instrumento de divulgação da imagem de dom Pedro II, moderna como queria que fosse o reino, segundo comenta Lilia Moritz Schwarcz no livro As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, e tornou-se também mais um símbolo de civilização e status. Foi um dos primeiros monarcas a oferecer seu real patrocínio a um fotógrafo, juntamente com a rainha Victoria da Inglaterra (1819 – 1901), quando, em 1851, permitiu que Buvelot & Prat, que haviam realizado uma série de daguerreótipos de Petrópolis – todos desaparecidos – usassem as armas imperiais na fachada de seu estabelecimento fotográfico.

 

Lista dos Fotógrafos Imperiais, na ordem cronológica em que foram agraciados com este título, segundo Guilherme Auler (1914-1965), sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, segundo o livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez. Pedro Hees e Pedro Satyro da Silveira foram incluídos na lista de agraciados e a inclusão foi baseada no trabalho Photographos da Casa Imperial: A Nobreza da Fotografia no Brasil do Século XIX, de Danielle Ribeiro de Castro

 

Buvelot & Prat, título concedido em 8 de março de 1851 (província do Rio de Janeiro)

Joaquim Insley Pacheco, título concedido em 22 de dezembro de 1855 (província do Rio de Janeiro)

João Ferreira Villela, título concedido em 18 de setembro de 1860 (província de Pernambuco)

Revert Henrique Klumb, título concedido em 24 de agosto de 1861 (província do Rio de Janeiro)

Stahl & Wahnschaffe, título concedido em 21 de abril de 1862 (província do Rio de Janeiro)

Diogo Luiz Cipriano, título concedido em 20 de setembro de 1864 (província do Rio de Janeiro)

Antonio da Silva Lopes Cardoso, título concedido em 30 de novembro de 1864 (província da Bahia)

Thomas King, título concedido em 18 de maio de 1866 (província do Rio Grande do Sul)

José Ferreira Guimarães, título concedido em 13 de setembro de 1866 (província do Rio de Janeiro)

Fernando Skarke, título concedido em 14 de dezembro de 1866 (província de São Paulo)

Pedro Satyro da Silveira, título concedido na década de 1870  (província do Rio de Janeiro)

José Tomás Sabino, título concedido em 13 de agosto de 1873 (província do Pará)

Henschel & Benque, título concedido em 7 de dezembro de 1874 (província do Rio de Janeiro)

Pedro Hees , título concedido em 1876 (província do Rio de Janeiro)

Antonio Henrique da Silva Heitor, título concedido em 2 de março de 1885 (província do Rio de Janeiro)

Juan Gutierrez de Padilla, título concedido em 3 de agosto de 1889 (província do Rio de Janeiro)

Ignácio Mendo, título concedido em 6 de agosto de 1889 (província da Bahia)

 

 

 

“Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?

 

Uma curiosidade: o escritor Machado de Assis (1839 – 1908) nasceu no mesmo ano em que nasceu a fotografia: 1839. Aos 24 anos dele e do invento, escreveu sobre o assunto em sua coluna do Diário do Rio de Janeiro de 7 de agosto de 1864. Comentou sobre suas visitas à casa do Pacheco (o fotógrafo português Joaquim Insley Pacheco), que ficava na rua do Ouvidor, nº 102, exaltando poder ver no mesmo álbum fotográfico os rostos mais belos do Rio de Janeiro, falo dos rostos femininos. Contou também a história da chegada do daguerreótipo na cidade e, em seguida, elogiou o trabalho realizado pelo artista  J.T. da Costa Guimarães, uma miniatura de Diane de Poitiers, exposto no estabelecimento de Insley Pacheco. Finalmente, revelou que havia chegado há pouco tempo no referido ateliê um aparelho fotográfico destinado a reproduzir em ponto grande as fotografias de cartão. Termina seu passeio perguntando-se “Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?

 

 

Leia também o artigo A grande viagem da fotografia, de Nani Rubin, publicado no site do Instituto Moreira Salles, em 13 de janeiro de 2020.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

CARRÉ, Adrien. La singulière histoire de l’Oriental-Hydrographe. Bulletin du Comité Nantais de Documentation Historique de la Marine, Nantes, p. 17-35, 1970. 2.

CASTRO, Danielle Ribeiro. Photographos da Casa Imperial: a Nobreza da Fotografia no Brasil do Século XIX, 2013

Dictionary of Canadian Biography

Estatuto de admissão ao navio Hydrographe que fará a volta ao mundo sob o comando do capitão Lucas. Registro autenticado – Bertinot e Roquebert – Rua Richelieu n. 28, Paris. Em 2 de abril de 1839. Arquivo Nacional da França, Paris. Transcrição e revisão de Maria Inez Turazzi; digitação de Márcia Trigueiro; tradução de Maria Elizabeth Brêa Monteiro. Publicado em TURAZZI, Maria Inez. A viagem do Oriental-Hydrographe (1839 – 1840) e a introdução da daguerreotipia no Brasil. Acervo; Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v.23, nº 1, p.45-62, jan-jun 20

GURAN, Milton (organizador), TURAZZI, Maria Inez; VASQUEZ, Pedro Karp. Os daguerreótipos de Louis Comte no Rio de Janeiro – As primeiras fotografias feitas na América do Sul. Rio de Janeiro: Luz Tropical, 2016.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

KOSSOY, Boris. O mistério dos daguerreótipos do Largo do Paço in Revista da USP, n. 120, janeiro-março, 2019, pp.127-152.

PALMQUIST,Peter E; KAILBOURN,Thomas R. Pioneer Photographers of the Far West: A Biographical Dictionary, 1840-1865. Stanford: Universidade de Stanford, 2000.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

TURAZZI, Maria Inez. A viagem do Oriental-Hydrographe (1839 – 1840) e a introdução da daguerreotipia no Brasil. Acervo; Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v.23, nº 1, p.45-62, jan-jun 2010.

TURAZZI, Maria Inez. Máquina viajante. Fotografia, uma viagem sem volta, janeiro de 2010.

TURAZZI, Maria Inez. O Oriental-Hydrographe e a fotografia; a primeira expedição ao redor do mundo com uma ‘arte ao alcance de todos’ (1839-1840). Montevidéu: Centro de Fotografía de Montevideo, 2019. 380 p. il.VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.WOOD, Rupert Derek. A viagem do Capitão Lucas e do daguerreótipo a Sidney.  NZ Journal of Photography, 3-7, agosto 1994. 

Os 180 anos do invento do daguerreótipo – Pequeno histórico e sua chegada no Brasil

Para comemorar os 180 anos do daguerreótipo, invento que revolucionou em pouco tempo e para sempre a forma do registro do mundo e de seus habitantes, inundando nosso planeta de imagens fotográficas, a Brasiliana Fotográfica apresenta a seus leitores dois artigos*. Nesse primeiro, o portal conta a história do Dia Internacional da Fotografia e também da chegada ao Brasil, em 1840, do daguerreótipo, processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). O anúncio da invenção foi feito por François Arago (1786 – 1853), secretário da Academia de Ciências da França, em 19 de agosto de 1839.  Em 1864, em uma crônica reproduzida nesse artigo, o escritor Machado de Assis (1839 – 1908) perguntou “Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?”

 

 

  Sobre o Dia Internacional da Fotografia, a invenção do daguerreótipo e sua chegada no Brasil

 

Câmara de daguerreótipo Succe Frères, de 1939 / Westlicht Photography Museum, em Viena, na Áustria

Câmara de daguerreótipo Succe Frères, de 1939 / Westlicht Photography Museum, em Viena, na Áustria

 

A data escolhida para a comemoração do Dia Internacional da Fotografia tem sua origem no ano de 1839, quando, em 7 de janeiro, na Academia de Ciências da França, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, um processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicèphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Cerca de sete meses depois, em 19 de agosto, durante um encontro realizado no Instituto da França, em Paris, com a presença de membros da Academia de Ciências e da Academia de Belas-Artes, o cientista François Arago, secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comunicou que o governo francês havia adquirido o invento, colocando-o em domínio público e, dessa forma, fazendo com que o “mundo inteiro” tivesse acesso à invenção. Em troca, Louis Daguerre e o filho de Joseph Niépce, Isidore, passaram a receber uma pensão anual vitalícia do governo da França, de seis mil e quatro mil francos, respectivamente. Um daguerreótipo consiste em uma imagem única e positiva, formada diretamente sobre placa de cobre, revestida com prata e, em seguida, polida e sensibilizada por vapores de iodo. Depois de exposta na câmera escura, a imagem é revelada por vapores de mercúrio e fixada por uma solução salina.

 

A descoberta que comunico ao público está entre as poucas que, por seus princípios, seus resultados e a promissora influência que deverá exercer sobre as artes, se situam naturalmente entre as mais úteis e extraordinárias invenções…“.

Louis Daguerre, 1838

 

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: cerca de quatro meses depois do anúncio da descoberta, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839.

A introdução da daguerreotipia no Brasil se deu com a chegada do navio L’Oriental-Hydrographe, navio-escola da Marinha Mercante da França, em fins de 1839, sob o comando  do  capitão Augustin  Lucas (1804-1854?), que havia estado no ateliê de Daguerre em 1839. A viagem de circunavegação pensada como uma escola flutuante começou a ser planejada em 1838, quando seu projeto, pedagógico e mercantil, foi apresentado ao ministro da Marinha francesa, Claude Rosamel (1774 – 1848).

Segundo a historiadora Maria Inez Turazzi, a presença do daguerreótipo a bordo assim como a de outros instrumentos inovadores, não foi casual ou improvisada, porém fruto de uma complexa rede de interesses diplomáticos, transações comerciais e intercâmbios científicos. É possível afirmar que a viagem de circunavegação do Oriental-Hydrographe teve início com a expectativa de consagrá-la como a primeira do gênero a utilizar a fotografia como meio de registro da experiência

O Estatuto de admissão ao navio Hydrographe que fará a volta ao mundo sob o comando do capitão Lucas informa que os alunos a bordo seriam divididos em quatro seções, de acordo com o grau de instrução que tivessem recebido a partir de um exame realizado por professores de diferentes disciplinas antes do embarque. Esses professores pertenceriam aos quadros da universidade e estariam associados à expedição. Os alunos fariam estudos iguais aos dos colégio reais e aprenderiam línguas estrangeiras e conhecimentos específicos de marinha e comércio durante a viagem.

L’Oriental, um navio de três mastros, partiu do porto de Paimboeuf, nas proximidades da cidade francesa de Nantes, em 25 de setembro de 1839, com cerca de 80 pessoas a bordo, entre tripulação e passageiros. A previsão de duração da viagem era de dois anos e meio. Durante o mês de outubro, atracou em Lisboa, no dia 7, e na Ilha da Madeira, no dia 23. Posteriormente, fez escalas em Tenerife e na Ilha da Goreia (Senegal), de onde veio para o Brasil. Chegou no Recife, em 30 de novembro (Diário de Pernambuco, 2 de dezembro de 1839, última coluna), tendo zarpado no dia 4 de dezembro rumo a Salvador, onde chegou no dia 7 (Correio Mercantil (BA), 10 de dezembro de 1839, segunda coluna), permanecendo até 17 de dezembro (Correio Mercantil (BA), 18 de dezembro de 1839, última coluna) – entre essas duas cidades brasileiras ocorreu a única morte registrada da viagem, a de um estudante belga.

O navio chegou no Rio de Janeiro, em 23 de dezembro de 1839, quando foi identificado como um colégio boiante, um navio-escola que promovia uma expedição didática- científica (Jornal do Commercio, 25 de dezembro de 1839, terceira coluna e Jornal do Commercio, 28 de dezembro de 1839, terceira coluna). No navio havia marinheiros capazes e professores hábeis, reunidos pelo capitão para iniciar os alunos a bordo nas primeiras noções da marinha e do comércio.  Dentre eles estava Francisco Sauvage, inventor do phisionotypo, um novo modo de suprir a escultura,  (Correio Mercantil (BA), 13 de dezembro de 1839, terceira coluna) e o abade francês Louis Comte (1798 – 1868), que viria a  ser o responsável pelas primeiras demonstrações da daguerreotipia no Brasil (Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, primeira coluna). O médico em chefe da expedição deu consultas para moléstias de olhos no Hotel Europa, que ficava na rua do Carmo, esquina com a rua Ouvidor (Jornal do Commercio, 28 de dezembro de 1839, terceira coluna). Em 26 de janeiro, o L´Oriental partiu para Montevidéu, no Uruguai (Jornal do Commercio, 27 de janeiro de 1840, última coluna) e de lá seguiu para Valparaíso, no Chile, onde naufragou quando deixava a cidade, em 23 de junho de 1840.Tudo foi recuperado e não houve vítimas (Jornal do Commercio, 14 de agosto de 1840, primeira coluna). O abade Comte permaneceu em Montevidéu ensinando daguerreotipia até 1847. Posteriormente, alugando armazéns na área portuária, acumulou uma fortuna e voltou para a França, onde faleceu, em 22 de setembro de 1868. Está enterrado no cemitério de Sampans, na França.

 

 

No Jornal do Commercio, de 17 de janeiro de 1840, era anunciada a chegada do daguerreótipo no Rio de Janeiro

 

O abade Comte, encarregado pela assistência intelectual e espiritual e pelo ensino de religião, música e canto durante a viagem, produziu alguns daguerreótipos, em 16 de janeiro de 1840, e, alguns dias depois, apresentou o invento a dom Pedro II (Jornal do Commercio,  20 de janeiro de 1840, terceira coluna). Foi com o próprio Daguerre que o abade havia aprendido a daguerreotipia. Em março do mesmo ano, d. Pedro II adquiriu um daguerreótipo, provavelmente o primeiro da América do Sul.

 

 

Louis Compte. Chafariz do Largo do Paço, Rio de Janeiro, 16/1/1840, daguerreótipo, 9 [8,3] x 7 cm [1/6 placa]. Arquivo Grão Pará, Petrópolis, RJ

Louis Compte. Daguerreótipo do Chafariz do Largo do Paço 16/1/1840, Rio de Janeiro, RJ /
Arquivo Grão Pará, Petrópolis, RJ

 

Por sediar o Império, o Rio de Janeiro foi a capital da fotografia no Brasil. O imperador, grande entusiasta da nova invenção, foi retratado por diversos fotógrafos, dentre eles Marc Ferrez (1843-1923) e Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), tendo conhecido praticamente o trabalho de todos eles. A fotografia passou a ser o instrumento de divulgação da imagem de dom Pedro II, moderna como queria que fosse o reino, segundo comenta Lilia Moritz Schwarcz no livro As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, e tornou-se também mais um símbolo de civilização e status. Foi um dos primeiros monarcas a oferecer seu real patrocínio a um fotógrafo, juntamente com a rainha Victoria da Inglaterra (1819 – 1901), quando, em 1851, permitiu que Buvelot & Prat, que haviam realizado uma série de daguerreótipos de Petrópolis – todos desaparecidos – usassem as armas imperiais na fachada de seu estabelecimento fotográfico.

 

Lista dos Fotógrafos Imperiais, na ordem cronológica em que foram agraciados com este título, segundo Guilherme Auler (1914-1965), sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, segundo o livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez. Pedro Hees e Pedro Satyro da Silveira foram incluídos na lista de agraciados e a inclusão foi baseada no trabalho Photographos da Casa Imperial: A Nobreza da Fotografia no Brasil do Século XIX, de Danielle Ribeiro de Castro

 

Buvelot & Prat, título concedido em 8 de março de 1851 (província do Rio de Janeiro)

Joaquim Insley Pacheco, título concedido em 22 de dezembro de 1855 (província do Rio de Janeiro)

João Ferreira Villela, título concedido em 18 de setembro de 1860 (província de Pernambuco)

Revert Henrique Klumb, título concedido em 24 de agosto de 1861 (província do Rio de Janeiro)

Stahl & Wahnschaffe, título concedido em 21 de abril de 1862 (província do Rio de Janeiro)

Diogo Luiz Cipriano, título concedido em 20 de setembro de 1864 (província do Rio de Janeiro)

Antonio da Silva Lopes Cardoso, título concedido em 30 de novembro de 1864 (província da Bahia)

Thomas King, título concedido em 18 de maio de 1866 (província do Rio Grande do Sul)

José Ferreira Guimarães, título concedido em 13 de setembro de 1866 (província do Rio de Janeiro)

Fernando Skarke, título concedido em 14 de dezembro de 1866 (província de São Paulo)

Pedro Satyro da Silveira, título concedido na década de 1870  (província do Rio de Janeiro)

José Tomás Sabino, título concedido em 13 de agosto de 1873 (província do Pará)

Henschel & Benque, título concedido em 7 de dezembro de 1874 (província do Rio de Janeiro)

Pedro Hees , título concedido em 1876 (província do Rio de Janeiro)

Antonio Henrique da Silva Heitor, título concedido em 2 de março de 1885 (província do Rio de Janeiro)

Juan Gutierrez de Padilla, título concedido em 3 de agosto de 1889 (província do Rio de Janeiro)

Ignácio Mendo, título concedido em 6 de agosto de 1889 (província da Bahia)

 

 

 

 

“Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?

 

Uma curiosidade: o escritor Machado de Assis (1839 – 1908) nasceu no mesmo ano em que nasceu a fotografia: 1839. Aos 24 anos dele e do invento, escreveu sobre o assunto em sua coluna do Diário do Rio de Janeiro de 7 de agosto de 1864. Comentou sobre suas visitas à casa do Pacheco (o fotógrafo português Joaquim Insley Pacheco), que ficava na rua do Ouvidor, nº 102, exaltando poder ver no mesmo álbum fotográfico os rostos mais belos do Rio de Janeiro, falo dos rostos femininos. Contou também a história da chegada do daguerreótipo na cidade e, em seguida, elogiou o trabalho realizado pelo artista  J.T. da Costa Guimarães, uma miniatura de Diane de Poitiers, exposto no estabelecimento de Insley Pacheco. Finalmente, revelou que havia chegado há pouco tempo no referido ateliê um aparelho fotográfico destinado a reproduzir em ponto grande as fotografias de cartão. Termina seu passeio perguntando-se “Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?

 

 

 **Acesse aqui o artigo Os 180 anos do invento do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferreztambém publicado hoje, dia 19 de agosto de 2019.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

CARRÉ, Adrien. La singulière histoire de l’Oriental-Hydrographe. Bulletin du Comité Nantais de Documentation Historique de la Marine, Nantes, p. 17-35, 1970. 2.

CASTRO, Danielle Ribeiro. Photographos da Casa Imperial: a Nobreza da Fotografia no Brasil do Século XIX, 2013

Dictionary of Canadian Biography

Estatuto de admissão ao navio Hydrographe que fará a volta ao mundo sob o comando do capitão Lucas. Registro autenticado – Bertinot e Roquebert – Rua Richelieu n. 28, Paris. Em 2 de abril de 1839. Arquivo Nacional da França, Paris. Transcrição e revisão de Maria Inez Turazzi; digitação de Márcia Trigueiro; tradução de Maria Elizabeth Brêa Monteiro. Publicado em TURAZZI, Maria Inez. A viagem do Oriental-Hydrographe (1839 – 1840) e a introdução da daguerreotipia no Brasil. Acervo; Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v.23, nº 1, p.45-62, jan-jun 20

GURAN, Milton (organizador), TURAZZI, Maria Inez; VASQUEZ, Pedro Karp. Os daguerreótipos de Louis Comte no Rio de Janeiro – As primeiras fotografias feitas na América do Sul. Rio de Janeiro: Luz Tropical, 2016.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

KOSSOY, Boris. O mistério dos daguerreótipos do Largo do Paço in Revista da USP, n. 120, janeiro-março, 2019, pp.127-152.

PALMQUIST,Peter E; KAILBOURN,Thomas R. Pioneer Photographers of the Far West: A Biographical Dictionary, 1840-1865. Stanford: Universidade de Stanford, 2000.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

TURAZZI, Maria Inez. A viagem do Oriental-Hydrographe (1839 – 1840) e a introdução da daguerreotipia no Brasil. Acervo; Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v.23, nº 1, p.45-62, jan-jun 2010.

TURAZZI, Maria Inez. Máquina viajante. Fotografia, uma viagem sem volta, janeiro de 2010.

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

WOOD, Rupert Derek. A viagem do Capitão Lucas e do daguerreótipo a Sidney.  NZ Journal of Photography, 3-7, agosto 1994.

 

Leia aqui os artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica sobre o Dia Internacional da Fotografia:

 

Dia Internacional da Fotografia – 19 de agosto, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2015

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2019

Autorretratos de fotógrafos – Uma homenagem no Dia Internacional da Fotografia, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2021

No Dia Internacional da Fotografia, fotógrafas pioneiras no Brasil, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2022

Dia Internacional da Fotografia, uma retrospectiva de artigos,  de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 19 de agosto de 2023

 

Dia Nacional do Fotógrafo

A Brasiliana Fotográfica faz uma homenagem ao Dia Nacional do Fotógrafo, destacando uma imagem de d. Pedro II, o primeiro brasileiro a possuir um daguerreótipo e, provavelmente, o primeiro fotógrafo nascido no Brasil. Seu interesse foi decisivo para a divulgação e o desenvolvimento da fotografia no país. O registro foi produzido pelo pintor e fotógrafo português Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), um dos mais  prestigiados e famosos retratistas do Brasil no século XIX.

Menos de um ano após o anúncio oficial da invenção, em 19 de agosto de 1839, na França, d. Pedro, aos 14 anos – antes de ser sagrado imperador – adquiriu o equipamento, em março de 1840, cerca de três meses depois que o abade francês Louis Comte (1798 – 1868) apresentou-lhe a novidade, no Rio de Janeiro – como se lê no Jornal do Commercio (Jornal do Commercio, 17 de janeiro de 1840, primeira coluna; e 20 de janeiro de 1840. terceira coluna).

A realização dos primeiros daguerreótipos no Brasil aconteceu, em 16 de janeiro de 1840 apenas 4 meses depois da produção do primeiro daguerreótipo feito nas Américas, até hoje conhecido. A imagem, de autoria de D.W. Seaver, retratou a igreja de São Paulo, em Nova York, em 16 de setembro de 1839. Foi exibida na drugstore do dr. James Chilton, situada na Broadway, 263. Pouco tempo depois, Samuel Morse (1791 – 1872), o inventor do telégrafo, e John William Draper (1811 – 1882), professor da Universidade de Nova York, produziram daguerreótipos da Igreja Unitária, em diferentes ocasiões, em Nova York. Todas essas imagens produzidas em Nova York estão desaparecidas, o que torna ainda mais importante a existência dos daguerreótipos pioneiros do Brasil.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.