A Brasiliana Fotográfica, fundada pela Biblioteca Nacional e pelo Instituto Moreira Salles, em 17 de abril de 2015, completa cinco anos de existência buscando contribuir para uma escrita da história do Brasil onde as fotografias deixam de ser mera ilustração. A data seria comemorada com a realização do Seminário Brasiliana Fotográfica 5 anos – A imagem e a escrita da história, no auditório da Biblioteca Nacional que, devido à situação pela qual atravessa o Brasil e o mundo, foi adiado.
Decidimos então promover no contexto atual da pandemia de coronavírus um debate relacionando urbanismo, saúde pública e a história da cidade do Rio de Janeiro e das grandes metrópoles brasileiras, temas frequentes dos artigos semanais publicados no portal, dando visibilidade aos arquivos de imagem das instituições parceiras, ora disponibilizados naBrasiliana Fotográfica e também às pesquisas existentes sobre estes temas – elementos de reflexão sobre o momento presente. O encontro virtual será disponibilizado on-line ao vivo para o público, gratuitamente,no canal de facebook do Instituto Moreira Salles-https://www.facebook.com/pg/institutomoreirasalles, no dia 17 de abril de 2020, às 17h30m.
Convidamos para este encontro e debate o historiador Jaime Benchimol, a pneumologista Margareth Dalcolmo – ambos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, instituição integrante do portal Brasiliana Fotográfica – e o arquiteto e urbanista Guilherme Wisnik, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. O debate será mediado pelos dois curadores da Brasiliana Fotográfica – Sérgio Burgi, Coordenador de Fotografia do Instituto Moreira Salles, e Joaquim Marçal, Coordenador da BN Digital -, e pela historiadora Aline Lopes de Lacerda, pesquisadora do Departamento de Arquivo da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz.
Queremos também celebrar o aniversário do portal agracedendo a você, nosso leitor, que percorre nosso acervo fotográfico que, até o momento, possui 6.709 imagens de 11 instituições, e também lê nossas publicações semanais: já são 249! Ao longo desses cinco anos já tivemos 38.437.165 acessos!
Com uma rigorosa seleção e indexação das imagens que integram nosso acervo fotográfico, com o uso de uma linguagem simples e com a realização de uma pesquisa minuciosa, um dos objetivos da Brasiliana Fotográfica é atrair o interesse do maior número de leitores possível, de todas as faixas etárias e níveis de formação acadêmica, para assuntos relativos à história da fotografia, do Brasil e do mundo. Os artigos, semanais, são escritos por profissionais ligados às instituições integrantes do portal, por curadores convidados como Cassio Loredano, Elvia Bezerra, Eucanaã Ferraz, Lilia Moritz Schwarcz, Maria Isabela Mendonça dos Santos, Millard Schisler, Pedro Karp Vasquez e Rubens Ribeiro Gonçalves da Silva e também pelos curadores do portal Sérgio Burgi (IMS) e Joaquim Marçal (FBN).
A escolha dos temas é variado: pode ser baseada tanto em uma efeméride como em uma reflexão mais teórica, na beleza ou na importância histórica de uma imagem ou de um grupo delas ou pode, também, se relacionar com algum fato da atualidade como foi, por exemplo, a publicação do artigo E o ex e futuro presidente do Brasil morreu de gripe…a Gripe Espanhola de 1918, em 20 de março de 2020, quando o mundo e o Brasil enfrentavam (ainda enfrentam) a pandemia do coronavírus. O presidente em questão foi Rodrigues Alves (1848 – 1919), uma das milhões de vítimas da gripe espanhola.
Outro objetivo do portal é divulgar mais questões ligadas à preservação digital, um assunto que toca não apenas às instituições de memória, mas a todos aqueles que produzem imagens digitais em seu dia a dia sem, no entanto, cuidar de sua preservação. Nesse sentido, já publicamos alguns artigos mas ainda temos muito a percorrer. Também desejamos ampliar a abrangência do portal com a adesão de instituições de todos os estados do Brasil.
Além das instituições fundadoras do portal, FBN e IMS, integram a Brasiliana Fotográfica o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, o Arquivo Nacional, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, a Fiocruz, a Fundação Joaquim Nabuco, o Leibniz-Institut fuer Laenderkunde, o Museu Aeroespacial, o Museu da República e o Museu Histórico Nacional. A gestão do portal é realizada por Roberta Zanatta (IMS) e por Vinicius Martins (FBN).
Para celebrar o último dia do verão no hemisfério sul, a Brasiliana Fotográfica selecionou duas belas imagens de crepúsculos, segundo o poeta Paulo Mendes Campos (1922 – 1991) o “momento coagulado entre dia e noite”. Ambas foram produzidas em torno de 1920. Uma em Niterói, realizada pelo fotógrafo Braz e a outra, na avenida Niemeyer, com a Pedra da Gávea ao fundo, no Rio de Janeiro, pela Photo Lopes, do fotógrafo e paisagista free-lancer Lopes. Pouco se sabe sobre Braz e Lopes, mas ambos tinham boa parte de sua produção fotográfica distribuída pela Papelaria Rio Branco, propriedade do também fotógrafo José dos Santos Affonso (18? – 1921), negócio que a partir de 1921 foi administrado pela viúva de Affonso.
Lopes também distribuia suas imagens pela casa Belas Artes. Em 1921, a Photo Lopes anunciou que era fabricante exclusiva da Casa Affonso e que acabava de substituir com vantagem a Photo Bippus que até então se dizia único no fabrico de vistas de noite (Jornal do Brasil, 5 de março de 1921, quinta coluna).
O estilo do fotógrafo e paisagista Braz era muito semelhante aos de Carlos Bippus (18? – 19?) e Lopes, mas sua produção foi, pelo que se conhece até o momento, bem menos numerosa.
De acordo com o Observatório Nacional, o verão 2019/2020 começou na madrugada do dia 22 dezembro, à 1h19 (Horário de Brasília), quando ocorreu o solstício de verão no hemisfério sul. Terminou hoje, dia 20 de março de 2020, à 0h49 (Hora de Brasília), quando teve início o outono.
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
ERMAKOFF, George. Rio de Janeiro 1900 – 1930 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2003.
Leia aqui Crepúsculo: “a hora esquerda e torta”, de Elvia Bezerra, publicado em 4 de junho de 2020 no site do Instituto Moreira Salles. Segundo a autora, “O tema do crepúsculo na obra de Paulo Mendes Campos merece estudo abrangente, dadas as fartas menções ao fenômeno, não só em versos, como na prosa autobiográfica desse cronista de superior refinamento“.*
Imagens de casais enamorados como nos habituamos a ver ao longo do século XX até nossos dias não são frequentes na história da fotografia do século XIX e do início do novecentos. A Brasiliana Fotográfica convidou Elvia Bezerra, coordenadora de Literatura do Instituto Moreira Salles, para escrever sobre uma imagem de um casal de camponeses produzida pelo fotógrafo gaúcho Luiz do Nascimento Ramos, conhecido como Lunara (1864 – 1937). O registro faz parte do álbum Vistas de Porto Alegre – Photographias artísticas – Editores Krahe & Cia. Porto Alegre, que traz outras 18 fotografias de Lunara de circa 1910. O portal também selecionou mais uma fotografia de um casal de camponeses e outras dos casais reais formados por dom Pedro II (1825 – 1891) e dona Teresa Cristina (1822 – 1889) e pela princesa Isabel (1846 – 1921) e Gastão de Orleáns, o conde d´Eu (1842 – 1922). Todas revelam, em maior ou menor grau, afeto, cumplicidade e companheirismo. Foram produzidas por Alberto Henschel (1827 – 1882), Byrne & Co, Vincenzo Pastore (1865 – 1918) e por fotógrafos ainda não identificados. E assim a Brasiliana Fotográfica celebra o Dia dos Namorados.
É sabido que Lunara, nome artístico de Luiz do Nascimento Ramos, montava e dirigia cenas para fotos que fez na periferia da capital gaúcha, nas primeiras décadas do século XX. Não se pode, no entanto, saber o que esse método de trabalho foi capaz de desencadear nos coadjuvantes da composição. Como terá o casal, aqui retratado, voltado à intimidade da sua tosca torre de Pisa? Terá a senhora repetido o “nhô João, deixa disso!”, como informa a legenda, quando ficaram a sós? Seu recato terá se mantido dentro de quatro paredes? Terão os dois sido os mesmos? Haverá o clique do fotógrafo amador, nascido em Porto Alegre, em 1864, lhes restituído o gosto antigo do namoro?
Afinal, não é preciso ser nenhum André Gorz, filósofo austro-francês que só se deu conta da dimensão de seu amor pela mulher, com quem era casado havia décadas, depois que ela passou a sofrer de doenças incuráveis: “Já faz 58 anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca”, escreveu ele em Carta a D., documento de amor em que tornou pública a importância de Dorine na sua vida, confessando, aos 82 anos, que a amava e a desejava como na juventude.
Mas não é preciso tal situação dramática para acelerar um coração que bate devagar. Um clique precedido de uma arrumação de cena romantizada pode contagiar os personagens e fazê-los namorados de novo, ainda que seja por um dia.
Certamente não foi apenas a arquitetura dessa casa pobre que chamou a atenção de Lunara na cena registrada em um dos fins de semana em que saía para fotografar– consta que exercia o ofício especialmente aos domingos. A imagem de declínio, realçado pelo teto de telha vã da construção de taipa, se prolonga na do casal maduro, sentado entre a lateral e a frente da casa. A porta, inclinada para a esquerda, segue o movimento do telhado, deixando-se ver ladeada também pela irregularidade das varas de bambu, recheadas de barro. A decadência aqui é questionável.
A assimetria dos elementos da imagem resulta em harmonia: o telhado, decaído para a esquerda, compõe o fundo em que sobressai o casal de meia-idade, naquela fase da vida em que, como no poema de Manuel Bandeira, “o fogo já era frio”. Contrariamente à ideia de fragilidade que pode passar a milenar técnica construtiva da casa de taipa, ou pau a pique, como também é conhecida, o método está entre os mais resistentes. Na foto de Lunara, a solidez da construção é comprometida por um provável erro no momento da fixação da madeira no solo, talvez a causa do tombamento para o lado esquerdo. Ainda assim, não há dúvida com relação à firmeza que a imagem inspira.
Faz todo o sentido saber que Lunara fotografava nos fins de semana. Só assim poderia fixar um momento de ternura domingueira, ao ar livre, de um casal cuja labuta diária o impediria de vivenciá-la em outro dia que não fosse este, consagrado ao descanso e à oração.
Se atendem ao pedido de posar, é o homem quem incorpora o papel do cavalheiro, em atitude de devoção à dama. A figura dele é enternecida, mas sólida: pés paralelos fincados na terra, posta-se de frente para a companheira, que, sem encará-lo, coloca-se de lado e olha na direção oposta. Digno, ele segura as mãos da mulher; ela não as entrega. Recua, numa espécie de rejeição não totalmente desprovida de dengo, quem sabe provocada pelo desconforto da manifestação de carinho a céu aberto.
A fachada da casa é dignificada pelo chapéu que encima a porta, indicando que, ao deixá-lo à entrada, é com reverência que nhô João entra na sua moradia. A simplicidade do detalhe está longe da ironia presente no conto “Capítulo dos chapéus”, de Machado de Assis, em que o bacharel Conrado Seabra é instado pela mulher, Mariana, a trocar o chapéu por um mais moderno. Machado, impiedoso, começa por dizer que “o princípio metafísico é este: ‒ o chapéu é a integração do homem, um prolongamento da cabeça, um complemento decretado ab æterno; ninguém o pode trocar sem mutilação”. Ao longo da narrativa, entretanto, sem poupar a mulher de humilhação, conclui com esta ironia arrasadora: “Mas você reflita consigo, e verá… Quem sabe? Pode ser até que nem mesmo o chapéu seja complemento do homem, mas o homem do chapéu…”
A atmosfera pacífica da foto de Lunara opõe-se à tensão do conto de Machado. Na cena franciscanamente endomingada do gaúcho, reina a serenidade; quase se ouve “o silêncio que tem voz”. E o chapéu de palha, no alto, longe de ser objeto de discórdia ou de prestígio social, como acontece no conto, reafirma seu inquestionável caráter de dignidade na frente da casa. De resto, fica aqui a deixa para que, ainda recorrendo ao sombrero, nhô João encante sua mulher com os versos de Federico García Lorca, que, em “Por tu amor me duele el aire”, eleva o adereço ao patamar do ar e do coração, todos passíveis de serem sacrificados por amor:
“¡Ay, qué trabajo me cuesta quererte como te quiero!
Por tu amor me duele el aire, el corazón
y el sombrero”.
*Elvia Bezerra é coordenadora de Literatura do Instituto Moreira Salles
Mais fotografias e a história do Dia dos Namorados no Brasil
A data dedicada aos namorados foi criada, no Brasil, pelo publicitário João Doria (1919 – 2000), e é comemorada no dia 12 de junho, véspera do Dia de Santo Antônio, que por tradição é considerado o santo casamenteiro. Dória trouxe a ideia do exterior e a apresentou aos comerciantes paulistas, iniciando, em junho de 1949, uma campanha com o slogan “não é só com beijos que se prova o amor” (Diário da Noite, 27 de maio de 1949, última coluna, 9 de junho de 1949; e Revista da Semana, 18 de junho de 1949;Il Moscone, 25 de junho de 1949).
As fotografias de Chichico Alkmim (1886 – 1978) são, antes de tudo emocionantes. Mas já o primeiro olhar reconhece o domínio dos recursos técnicos. Aprende a fotografar ainda muito jovem e, em Diamantina, abre seu primeiro estúdio em 1912. Depois de passar por outros endereços, muda-se em 1919 para o beco João Pinto, 86, na parte alta da cidade. Ali, monta seu ateliê definitivo, cujo funcionamento se estenderá até meados de 1950. O pavimento ao nível da rua é destinado ao laboratório fotográfico. Outro cômodo, na parte superior, é adaptado para estúdio, conforme o padrão da época: ampla janela envidraçada em uma das paredes e claraboia; sobre ambas, um cortinado leve, deslizante graças a um sistema de cordas, compondo um mecanismo de controle da luz natural; na parede ao fundo, uma viga de madeira serve como suporte para os painéis pintados com paisagens viçosas e motivos arquitetônicos de gosto classicizante; algum mobiliário – cadeiras, pequenas mesas, apoios para jarros, tapetes, cortina – ajuda a compor os cenários. Vivia-se ainda há pouco na escravidão de homens e mulheres roubados à África. Nas casas de família, tocam-se pianos juvenis. Lá fora, portugueses pobres cantam violões tristíssimos. Os negros fazem festas, vão à igreja. Procissões desfilam em latim enquanto nos cafés os chapéus falam francês. Há muitos padres e carnavais. Há meninos negros de terno em pés descalços. Tudo tão antigo e tão recente esta gente de papel convida a esquecer o tempo – até que a voz de um galo nos acorde.
*Eucanaã Ferraz é poeta e consultor de literatura do Instituto Moreira Salles.
O mineiro Chichico Alkmim (1886 – 1978), autodidata, pioneiro da fotografia de estúdio em Diamantina, e primeiro cronista visual da cidade, atuou na profissão, que adotou em 1907, até 1955. Seu primeiro ateliê foi inaugurado em 1912. A obra de Chichico, que compreende imagens da arquitetura diamantinense, sua religiosidade, costumes, ritos e retratos de seus habitantes, é uma das principais referências da memória visual de Minas Gerais. Foi o mestre do fotógrafo Assis Horta (1918 – 2018), mineiro de Diamantina, que se tornou conhecido por registrar a classe trabalhadora na era Vargas. Uma curiosidade: a fotografia predileta de Assis Horta foi produzida por Chichico no dia de seu casamento: Eu mesmo levei a máquina para o Chichico fazer o retrato.
Chichico retratou a burguesia e também os trabalhadores ligados ao pequeno garimpo, ao comércio e à indústria. Produziu imagens de casamentos, batizados, funerais, festas populares e religiosas, paisagens e cenas de rua. De 1955, quando parou de fotografar, até 1978, ano de sua morte, continuou cuidando de seu acervo, que guardava no porão de sua casa.
A gestão do acervo de Chichico Alkmim, de 5.549 negativos de vidro, foi transferida para o Instituto Moreira Salles (IMS), em 2015. Além dos negativos em vidro, existem no acervo alguns poucos negativos flexíveis, documentos, objetos e dezenas de fotografias de época.
Foi inaugurada em 13 de maio e 1º de outubro de 2017, na sede do IMS, no Rio de Janeiro, a exposição “Chichico Alkmim, fotógrafo”, cuja curadoria é do poeta Eucanaã Ferraz (1961-). Será encerrada em 1º de outubro de 2017. Segundo Eucanaã, “Chichico é daqueles fotógrafos que parecem ter o poder de fazer vir ao primeiro plano a vida de seus modelos. E é patente a densidade existencial que se expressa no conjunto de características físicas que chamamos fisionomia, compreendida como a realização momentânea de um destino”.
1886 – Filho de Herculano Augusto d’Alkmim e Luiza Gomes d’Alkmim, Francisco Augusto de Alkmim, o Chichico Alkmim, nasceu em 28 de março, na fazenda do Sítio, município de Bocaiuva.
1890 – 1900 – Em 7 de abril de 1890, falecimento de sua mãe, em Bocaiuva. Chichico e sua irmã Carmina foram levados para a fazenda do Caeté Mirim, localizada próximo ao distrito de São João da Chapada, das suas tias Tereza de Jesus Gomes Ribeiro e Maria Amélia de Jesus Ribeiro. A irmã mais velha, Amanda, permaneceu em Bocaiuva. Nessa década, na fazenda, foi educado pelas tias, com quem aprendeu a ler e escrever.
1900-1910 – Nesse período, Chichico ajudou nos negócios da fazenda e nos trabalhos de mineração de diamantes empreendidos por suas tias. Realizou várias viagens, a maioria delas em companhia de seu pai, que comercializava gado. Os deslocamentos em tropa davam-se entre Caeté Mirim, São João da Chapada, Diamantina, Bocaiuva, Montes Claros, Buenópolis, Coração de Jesus, Januária, Carinhanha (Bahia) e várias outras localidades do vale do São Francisco, chegando algumas vezes até a Vila de Posse, atual cidade de Posse, em Goiás. Nessas viagens, Chichico vendia jóias e, possivelmente, foi em uma delas que, entre 1900 e 1902, conheceu a fotografia.
1907 – Adotou a profissão de fotógrafo.
1912- No fim do ano, passou a residir em Diamantina. Sua casa e seu primeiro ateliê ocupavam parte do sobrado situado à praça Francisco Sá, 53, largo do Bonfim (atual sede da Casa da Cultura). Nos anos seguintes, mudou de endereço várias vezes, tendo permanecido por mais tempo em um sobrado localizado no alto da rua da Romana, 37.
1913 – Em 14 de junho, casou-se com Maria Josephina Netto, a Miquita.
1914 – No fim do ano, seu irmão por parte de pai, José Maria Alkmim (1901 – 1974), futuro político e vice-presidente do Brasil, entre 1964 e 1967, passou a residir em sua casa, até completar os estudos em 1921.
1916- Em 30 de junho, nasceu sua primeira filha, Maria de Jesus Alkmim, que faleceu poucos meses depois.
1917 – Em 20 de agosto, nasceu a segunda filha, Maria Bernadette.
1919 – Em 17 de abril, nasceu a filha Déa Maria.
Em 9 de outubro, Chichico mudou-se para o beco João Pinto, 86, na parte alta da cidade, onde montou seu ateliê definitivo.
1920 – Em 20 de outubro, nasceu a filha Luíza Marilac.
1923 – Em 13 de outubro, nasceu a filha Maria Ruth.
1924 – Em 12 de novembro, nasceu o filho José Antônio.
1955 – Chichico encerrou a carreira de fotógrafo.
1978 – Faleceu em consequência de um colapso cardíaco, em 22 de agosto.
1980 – Na inauguração do Centro de Documentação e Pesquisa da Casa da Cultura de Diamantina, durante o 16º Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizou-se a primeira exposição de fotografias de Chichico, no Museu do Diamante/Ibram/MinC.
1998 – O acervo fotográfico de Chichico, constituído por aproximadamente 5.500 negativos, começou a ser higienizado, indexado e catalogado na Faculdade de Filosofia e Letras da Fundação Educacional do Vale do Jequitinhonha (Fevale), em projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (Fapemig) e apoio da UFMG.
1999 – Chichico Alkmim foi apresentado como um artista do circuito fotográfico brasileiro na mostra Minas: minas memorial e contemporânea, realizada no MIS-SP, com curadoria do fotógrafo Bernardo Magalhães.
2002 – O acervo fotográfico de Chichico foi doado pelos seus herdeiros à Fevale.
2005 – Foi lançado o livro O olhar eterno de Chichico Alkmim, pela Editora B, organizado por Flander de Sousa e Verônica Alkmim França.
2008 – Foi realizada a exposição Chichico Alkmim, na galeria da Escola Guignard, Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), em Belo Horizonte.
2010 – Com a extinção da Fevale, o acervo fotográfico retornou aos herdeiros.
2013 - Foi realizada a exposição Paisagens humanas — Paisagens urbanas, no Memorial Minas Gerais Vale, em Belo Horizonte.
2015 – O acervo de Chichico Alkmim passou a integrar em regime de comodato o acervo de fotografias do Instituto Moreira Salles.
2017 – Foi aberta a exposição Chichico Alkmim, fotógrafo, no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, em 13 de maio, com curadoria de Eucanaã Ferraz.
Marc Ferrez (1843 – 1923) foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.
“E é nesse entorno que Ferrez fez muitas das imagens que melhor representam o seu trabalho de um ponto de vista mais pessoal e autoral…”. ¹
Outro segmento de sua obra iconográfica registrou as várias regiões do Brasil – ele foi o único fotógrafo do século XIX que percorreu todas as regiões do país, tendo sido, no referido século, o principal responsável pela divulgação da imagem do país no exterior. Em meados dos anos 1870, integrou a Comissão Geológica do Império. Tornou-se nos anos 1870 Fotógrafo da Marinha Imperial.
De 1877 até o final da década de 1880, foi o responsável pela produção da documentação fotográfica das obras destinadas a melhorar o abastecimento de água no Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, de 28 de junho de 1889, na segunda coluna, sob o título “Águas do rio S. Pedro”). Este trabalho comissionado de Marc Ferrez resultou em oito álbuns com os registros fotográficos das obras de abastecimento de água. Três deles foram presenteados a dom Pedro II, em 1889, último ano do regime imperial no Brasil. Outros três foram dados ao engenheiro Francisco de Paula Bicalho (1847-1919), diretor das Águas da Corte. Entre 1880 e 1890, fotografou as construções ferroviárias no Brasil, quando produziu um grande panorama da paisagem brasileira de sua época.
Sua trajetória profissional foi marcada por uma ligação permanente com atividades culturais e científicas e também por um contato permanente com os principais desenvolvimentos tecnológicos de sua época. Marc Ferrez aumentou suas possibilidades de fotografar paisagens ao adquirir, em 1878, uma câmera Brandon, equipamento de fotografia panorâmica de varredura. Foi o único fotógrafo da década de 1880 a fazer esse tipo de registro em grande formato no Brasil, fato que o levou, mais tarde, a produzir suas magistrais fotografias de arquitetura durante a construção da avenida Central, no Rio de Janeiro, e também a seu envolvimento com a introdução do cinema e da fotografia estereoscópica em cores no Brasil, no início do século XX.
Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de dezembro de 1843, filho de Zépherin (Zeferino) Ferrez (1797 – 1851) e Alexandrine Caroline Chevalier (18? – 1851). Seu pai, um escultor e gravador francês, havia chegado com o irmão Marc (Marcos), no Rio de Janeiro, em 1817. Os dois passaram a integrar a Missão Francesa, que havia se instalado na cidade no ano anterior. Zeferino tornou-se um dos primeiros autores de medalhas comemorativas cunhadas no Brasil e foi também um dos pioneiros nas indústria de fabricação de botões, de canos de ferro e de papel. Seu irmão, o escultor Marcos (1788 – 1850), homônimo do fotógrafo, tornou-se catedrático de escultura da Academia Imperial de Belas Artes.
A maior parte das fontes indica que, depois do falecimento de seus pais em 1851, Marc foi viver em Paris com o gravador de medalhas Joseph Eugène Dubois. De volta ao Brasil, atuou sempre como fotógrafo e faleceu em 12 de janeiro de 1923 na capital que o acolheu e ele eternizou com sua arte ( O Paiz, 14 de janeiro de 1923, última notícia da sexta coluna e Gazeta de Notícias, 16 de janeiro de 1923, na última coluna).
“Há nas suas paisagens…uma nota artística sempre: a escolha do ponto de vista denotava no fotógrafo a existência daquela divina centelha de arte que dá o toque de poesia às frias imagens que a objetiva mecanicamente registra”(Para Todos, na ocasião da morte de Marc Ferrez, em janeiro de 1923).
1 – Rio /Marc Ferrez – São Paulo: IMS; Göttingen: Steidl, 2015, pág. 9.
1843 – O fotógrafo Marc Ferrez nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de dezembro, sexto e último filho de Zépherin (Zeferino) Ferrez (31/07/1797 – 22/07/1851) e Alexandrine Caroline Chevalier (18? – 1851), que se casaram em 16 de junho de 1821, na igreja do Santíssimo Sacramento e passaram a residir na rua do Hospício, 62. Seu pai, o escultor e gravador francês Zeferino, e seu tio Marc (Marcos) Ferrez (14/09/1788 – 31/03/1850), também escultor, chegaram ao Rio de Janeiro, via Nova York, conforme informado nos livros da polícia de Registros Estrangeiros guardados no Arquivo Nacional. Eram formados pela Escola de Belas Artes de Paris e passaram a integrar a Missão Francesa, um dos marcos do desenvolvimento das artes no Brasil, que havia se instalado na cidade em 1816, chefiada por Joachim Le Breton (1760 – 1819) (O Despertador, 7 de março de 1840, na quarta coluna). Os irmãos de Marc Ferrez eram Fanny (1822 – 1902), Isabelle (18? – ?), Augustine Emile (1826 – 1904), afilhada do casal Grandjean de Montigny; Sophie (1831 – 1877) e Maurice (1835 – 1886). Marc não foi registrado na Legação Francesa.
1850 - Falecimento de seu tio, o escultor e seu homônimo, Marc (Marcos) Ferrez, em 31 de março, de febre amarela.
1851- Em 20 de maio, Zeferino obteve a autorização da Secretaria de Polícia para embarcar para a França em “companhia de um filho menor”, Maurice ou Marc Ferrez (Diário do Rio de Janeiro, 21 de maio de 1851, na terceira coluna). Há uma possibilidade dele não ter embarcado porque, segundo especialistas, devido à duração da travessia entre o Brasil e a Europa não haveria tempo hábil para ele estar de volta em meados de julho, quando faleceu no Rio de Janeiro.
Segundo Gilberto Ferrez, seu neto, Marc Ferrez teria ido viver em Paris com o gravador de medalhas Joseph Eugène Dubois (1795 – 1863) e sua esposa Uranie Virginie Béthune. Porém, segundo a revista Palcos e Telas, de 8 de abril de 1920, Marc Ferrez já estaria em Paris quando ficou órfão. Segundo a mesma matéria, Marc Ferrez teria ficado na França até completar 21 anos. Gilberto Ferrez, afirmava que o avô teria retornado ao Brasil com 16 anos. Há muitas informações controversas a respeito da vida de Marc Ferrez no período em que morou em Paris.
Em 11 de agosto de 1951, foi realizado o inventário de Zeferino. Nele constava que o fotógrafo suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892) era o tutor do irmão de Marc Ferrez, Maurice. Apesar de ser suíço, Leuzinger mantinha muitas relações com a colônia francesa do Rio de Janeiro por ter se casado com a francesa Anne Antoinette du Authier (1822 – 1898), conhecida como Eleonore. Também informava que uma das filhas de Zeferino, Isabelle, era casada com Guillaume Keller, sub-rogado no documento como tutor de Marc. Ainda não se sabe se Guillaume era parente de Franz Keller, casado com Sabine, uma das filhas de Georges Leuzinger. Em outro documento, Amedée Poindrelle, marido de sua irmã Fanny, era apontado como o tutor de Marc.
c. 1863 – Marc Ferrez retornou ao Brasil. Segundo seu neto, o historiador Gilberto Ferrez (1908 – 2000), Marc teria aprendido a arte da fotografia com o engenheiro e botânico alemão Franz Keller (1835 – 1890), que trabalharia como fotógrafo no ateliê de Georges Leuzinger, aberto em 1865. Uma carta enviada em 17 de janeiro de 1923 por um amigo de Ferrez, Luiz Carlos Franco, a seus filhos Julio e Luciano após a a morte do fotógrafo, confirma que Ferrez havia trabalhado para Leuzinger. Porém, a participação de Franz Keller no ateliê fotográfico de Leuzinger é questionável. Na verdade, até hoje não foi comprovada, e na década de 1860, Keller fez diversas viagens pelo Brasil com seu pai, Joseph, explorando rios do país, sob contrato do governo imperial.
Foi também por volta dessa data que Ferrez requereu um registro de nascimento e batizado junto à Legação Francesa no Rio de Janeiro, que foi assinada pelo chanceler Théodore Taunay (1797-1881) e pelo próprio Ferrez, emitida em 12 de agosto de 1863.
1865 / 1875 – Durante esse período, provavelmente Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e Ferrez mantiveram uma parceria. A suposição existe devido a exames comparativos dos negativos originais dos fotógrafos que revelam semelhanças de procedimentos e de técnica.
1867 – Em 12 de março, Marc Ferrez enviou requerimento à Câmara Municipal do Rio de Janeiro para obter licença para que seu estabelecimento fotográfico funcionasse na rua São José, 96, sob a razão comercial Marc Ferrez & Cia. Nesse ano, o fotógrafo Oscar Delaporte e o artista gráfico Paul Théodore Robin (? – 1897) anunciavam seus estabelecimentos nesse mesmo endereço. Este último era dirigido pelo fotógrafo Revert Henrique Klumb (Almanak Laemmert, 1867). Durante o século XIX, era comum fotógrafos utilizarem os mesmos espaços anteriormente usados por outros fotógrafos para aproveitar a infraestrutura e o laboratório fotográfico já existente. Segundo Gilberto Ferrez, Marc já teria sua loja desde 1865.
Pela primeira vez, o Almanak Laemmert se referiu a Marc Ferrez na seção “Fotógrafos”. O endereço de seu ateliê era rua São José, 96.
1869 – Publicação de um anúncio, em inglês, do estabelecimento de Ferrez, que ainda usava o nome de Photographia Brazileira, anunciando vistas do Rio de Janeiro e de seus arredores em todas as dimensões (Jornal do Commercio, 6 de junho de 1869, na segunda coluna).
1870- Em 10 de julho, Ferrez fotografou o “Monumento à Deusa da Vitória” e o “Templo da Vitória”, localizados no Campo da Aclamação, durante as comemorações ocorridas no Rio de Janeiro pelo fim da Guerra do Paraguai – foi a primeira festa cívica do império. Uma das imagens das comemorações foi doada a dom Pedro II (Jornal do Commercio, 11 de julho de 1870, na quarta coluna).
Nos versos de seus cartões de montagem e fotografias estava inscrito “Marc Ferrez. Fotógrafo da Marinha Imperial e das construções navais do Rio de Janeiro”. Provavelmente a nomeação de Ferrez como fotógrafo oficial da Marinha relacionava-se com o lançamento do Plano para a Organização da Força Naval do Império que previa a renovação da frota com embarcações de diversos tipos, o que aconteceu nas décadas de 1870 e 1880. Ferrez registrou fotograficamente esses novos navios.
1872 – Ferrez divulgou no Almanak Laemmert sua “especialidade de vistas do Brasil”, indicando que seu estabelecimento ficava na rua São José, 96.
No mês de março, fotografou a comemoração pela chegada do casal imperial ao Brasil, após viagem pela Europa. Foi a primeira viagem ao exterior que dom Pedro II realizou em companhia da imperatriz Teresa Cristina (Diário do Rio de Janeiro, 1º de abril de 1872).
1873 – A comissão de organização da III Exposição Nacional, aberta em 1º de janeiro, encomendou de Ferrez fotografias do edifício da Escola Central da Corte, onde o evento se realizou. Suas fotografias do palácio da exposição e da cascata construída em seu pátio foram enviadas para a Exposição Universal de Viena realizada no mesmo ano sob o tema “Cultura e Educação”.
Ferrez casou-se com a francesa Marie Lefebvre (c. 1849 – 1914) em 16 de agosto. Cerca de um mês antes, em 13 de julho, foram lidas as proclamas do casamento na capela imperial (A República, 20 de julho de 1873, na quarta coluna).
1874 – Viajou para a França, graças à ajuda de seu amigo Júlio Claudio Chaigneau (? – 1894), negociante de artigos fotográficos. Em Paris, adquiriu material para recomeçar sua vida profissional de fotógrafo. Encontrou-se com seu amigo Alfée Dubois (1831 – 1905), de quem o Institut de France havia encomendado a cunhagem de moedas comemorativas de eventos astronômicos. Posteriormente, o Instituto enviou por Marc Ferrez três medalhas para dom Pedro II, em reconhecimento à colaboração do monarca brasileiro à ciência. Foram ofertadas por Jean-Baptiste Dumas (1800-1884), Secretário Perpétuo do Institut de France. As medalhas são relativas à descoberta do centésimo planeta pequeno, à descoberta do processo de observação das protuberâncias do sol e a terceira era uma homenagem ao químico francês Michel Eugène Chevreul (1786 – 1889). Provavelmente as medalhas foram entregues pessoalmente por Ferrez a Pedro II em uma visita que realizou ao Paço Imperial (Diário do Rio de Janeiro, 18 de maio de 1874, na primeira coluna).
1875- Marc ingressou, em fevereiro, na Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, como irmão remido.
Ferrez começou a trabalhar como fotógrafo da Comissão Geológica do Império, chefiada pelo norte-americano Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), que se tornaria diretor da Seção de Geologia do Museu Nacional em 1876. Percorreu os atuais estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e parte da região amazônica numa importante missão científica realizada no Brasil sob os auspícios do governo imperial, que gerou a primeira grande representação fotográfica de diversas regiões do território brasileiro. Segundo Gilberto Ferrez, foi durante essa viagem que Ferrez contraiu uma doença no fígado, da qual nunca se curou.
Carimbo de Marc Ferrez. Rio de Janeiro, c. 1875 / Acervo IMS
Na residência do inspetor do arsenal de Marinha, em Recife, o chefe da Comissão Geológica do Império, Charles Frederick Hartt, fez uma conferência sobre os arrecifes e outros aspectos de Pernambuco como o cabo de Santo Agostinho, praias, o rio São Francisco e a cachoeira de Paulo Afonso, ilustrados com fotografias de Marc Ferrez (Diário do Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1875, nas quinta e sexta coluna. sob o título “Norte do Império”).
Ferrez apresentou na Exposição de Obras Públicas, evento paralelo à IV Exposição Nacional, dois álbuns com imagens dos recifes de Pernambuco, do baixo São Francisco e da cachoeira de Paulo Afonso, além de registros de corais e madrepérolas. As imagens produzidas durante a viagem da Comissão Geológica foram projetadas por Ferrez durante uma conferência do professor Hartt (O Globo, 4 de janeiro de 1876, na penúltima coluna).
A mulher de Ferrez, Marie Lefebvre foi retratada pelo renomado fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924), radicado no Rio de Janeiro.
1876 -O New York Commercial Advertiser, de 29 de maio de 1876, publicou um artigo que informava que “riquíssimas fotografias da exploração geológica a cargo do professor Hartt” haviam sido apresentadas pelo Brasil na Exposição Universal da Filadélfia aberta em 10 de maio. Fotografias de Ferrez realizadas para a Comissão Geológica do Império foram premiadas com medalha (The Rio News, 5 de agosto de 1879). Uma curiosidade: a comissão de organização da Exposição da Filadéfia modificou as regras da premiação: os ganhadores receberiam um diploma, uma medalha de bronze e uma cópia certificada do parecer do júri, rompendo com o padrão de premiação hierárquica.
Foi publicada uma fotografia de autoria de Ferrez da cachoeira de Paulo Afonso na Revista Ilustração Brasileira, 1ºde agosto de 1876, acompanhada por um texto de Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), chefe da Comissão Geológica do Império. Na mesma edição, publicação de matéria sobre a Comissão Geológica do Império.
O livro A Descrição do novo edifício para a Tipografia Nacional, publicado pelo engenheiro Antonio de Paula Freitas (1845 – 1906), foi ilustrado por gravuras baseadas em fotografias de Marc Ferrez.
O governo decretou o fim da Comissão em 1º de julho de 1877 e em janeiro do ano seguinte sua extinção foi efetivada.
Foi anunciada a exposição de quatro fotografias de autoria de Marc Ferrez, na galeria da A la Glacê Elegante, situada na rua do Ouvidor, 138.Eram imagens do “importante estabelecimento hidroterápico e casa de saúde do sr. dr. Fernando Eiras (Jornal do Commercio, 11 de setembro de 1877, na quarta coluna). Na A la Glacê Elegante, outra exposição de fotografias de Ferrez, desta vez do engenho central Quissamã (Gazeta de Notícias. 12 de outubro de 1877, na quarta coluna). Ferrez voltaria a expor várias vezes na A la Glacê Elegante, loja de molduras, que assim como outros estabelecimentos como o Espelho Fiel e a Casa de Wilde, em meio a seus produtos, abriam espaço para exposições de obras de arte ou novidades do mundo artístico-industrial. Por exemplo, em 1878, o artista italiano Nicolau Facchinetti (1824 – 1900) expôs suas pinturas na A la Glacê Elegante.
Publicação de uma matéria sobre o trabalhos da Comissão Geológica do Império e sobre o local onde estavam guardados e onde os membros da comissão cuidavam de sua classificação, estudo e do desenvolvimento, na rua da Constituição, nº 41, visitado pelo imperador Pedro II, no dia 27 de outubro. Foi mencionada a existência de um laboratório fotográfico, “grande e espaçoso…nele estão guardados algumas centenas de clichês , feitos no campo pelos Srs. Ferrez e Brenner e mno laboratório pelo Sr. Ratbunn, que hoje toma conta dessa parte do serviço da comissão“(O Vulgarizador, 3 de novembro de 1877).
1878 – No Almanak Laemmert de 1878, Ferrez foi identificado como fotógrafo da Marinha Imperial e da Comissão Geológica. Seu estabelecimento ficava na rua São José, 88 com depósito na rua do Ouvidor, 55.
Viajou para a França na época da Exposição Universal de Paris, quando apresentou o mesmo panorama do Rio de Janeiro que havia exposto na Exposição Universal da Filadélfia, em 1876. Participou de reuniões da da Sociedade Francesa de Fotografia apresentando imagens de paisagens brasileiras de sua autoria e retratos produzidos pelo fotógrafo Insley Pacheco (c. 1830 – 1912). Ferrez comprou o aparelho panorâmico de varredura, fabricado por David Hunter Brandon (1821 – 1893) sob sua encomenda. Com esse equipamento, que pesava mais de 100 quilos, era possível produzir grandes imagens panorâmicas de até 1 metro e 10 centímetros sem as distorções muitas vezes provocadas pela justaposição de várias fotografias para a formação de uma única imagem.
1879 – Matéria bem humorada sobre o ofício da fotografia. Segundo o autor, “as crianças é que são o pesadelo, a ave agoureira” dos fotógrafos. Devido a elas Ferrez e outros fotógrafos estariam “avelhantados e cheio de cans” (Jornal do Commercio, 20 de janeiro, sob o título “Photographos”).
Em inglês, foram publicados anúncios das fotografias de Ferrez no jornal Rio News de 5 de agosto, de 15 de setembro, 15 de outubro, 5 de novembro, mencionando que ele havia recebido uma medalha na Exposição da Filadélfia e que havia sido fotógrafo da Comissão Geológica do Império. Os anúncios seguiram sendo publicados em 1880 e 1881.
Anos 1880 – Começou a desenvolver a atividade de comerciante e representante de produtos e artigos para fotografia, de onde conseguia boa parte de sua renda. Entre 1880 e 1910, desenvolveu vários projetos em parceria com editores e fotógrafos, dentre eles Henri Gustave Lombaerts (1845-1897), Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) e Gomes Junior.
1880 – No mês de junho, Ferrez fotografou o evento comemorativo do tricentenário de morte do poeta português Luis de Camões (c. 1524 – 1589 ou 1580), a Exposição Camoniana, inaugurada em 10 de junho na Biblioteca Nacional, então denominada Biblioteca Pública. Um desses registros foi oferecido à instituição por dom Pedro II.
Na casa do litógrafo Jules Martin, foi realizada uma exposição de fotografias de Ferrez produzidas no interior de São Paulo e na cidade de Santos, onde havia estado pela primeira vez (Jornal da Tarde, 29 de setembro de 1880, na terceira coluna).
1881- Nascimento do primeiro filho do casal Ferrez, Julio Marc (1881 – 1946), em 14 de abril.
Na Exposição da Indústria Nacional, organizada por Jorge Henrique Leuzinger (1845 -1908), secretário da Associação Industrial e filho do fotógrafo Georges Leuzinger (1813 – 1892), Ferrez apresentou fotografias realizadas com a câmara panorâmica Brandon e ganhou o grande prêmio da mostra (O Binóculo, 23 de dezembro de 1881).
Publicou o folheto Exposição de paisagens fotográficas produtos do artista brasileiro Marc Ferrez Fotógrafo da Marinha Imperial e da Comissão Geológica, onde em 10 páginas divulgava seu trabalho. Nesse folheto declarava que seu estabelecimento, “dedicado especialmente a fazer vistas do Brasil”, havia sido fundado em 1860. Segundo Maria Inez Turazzi, a data coincide com a inauguração da oficina de fotografia e ambrótipo do litógrafo Paul Théodore Robin (? – 1897), com quem Ferrez pode ter trabalhado.
A Coroa imperial comprou, por 200 mil réis, quatro fotografias produzidas por Ferrez do Campo da Aclamação. No local havia sido instaladas as novas lâmpadas de filamento inventadas pelo industrial norte-americano Thomas Edison (1847 – 1931).
1882 – Participou da Exposição Continental de Buenos Aires, inaugurada em 15 de março (a seção brasileira foi inaugurada no dia 1º de abril, ocupando uma área de 600m2), com as fotografias apresentadas na Exposição da Indústria Nacional do ano anterior e foi premiado com uma medalha de prata e um prêmio ao mérito.
Fotografou na Exposição Antropológica Brasileira, inaugurada em 29 de julho de 1882, no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, uma série de registros de objetos e aspectos da vida indígena. Algumas fotografias de sua autoria também foram expostas. A mostra durou três meses e teve muito sucesso, com um público de mais de mil visitantes.
Fotografou as obras da ferrovia Dom Pedro II, em São Paulo e em Minas Gerais, tendo registrado a presença do imperador Pedro II e de sua comitiva na entrada do túnel da Serra da Mantiqueira (Gazeta de Notícias, 27 de junho de 1882, na quarta coluna).
1882 / 1883 – A fotomontagem feita por Ferrez de imagens de Antônio Luiz von Hoonholtz Tezpur, o Barão de Teffé (1837 – 1931), do capitão-tenente Francisco Calheiros da Graça (1849 – 1906) e do tenente Arthur Índio do Brasil e Silva (1856 – 1936) , os três homens encarregados pelo Observatório Imperial do Brasil para observar o trânsito de Vênus sobre o Sol, na ilha de São Tomás nas Antilhas, fez parte da publicação Comissão Astronômica Brasileira – Passagem de Vênus de 6 de dezembro de 1882, álbum comemorativo da participação brasileira no esforço internacional para acompanhar o citado evento astronômico. Com esse objetivo havia sido criado um observatório pelo Observatório Imperial, em homenagem a dom Pedro II (1825 – 1891), na ilha de São Tomás nas Índias Ocidentais Dinamarquesas (atualmente Ilhas Virgens Americanas). Esse trânsitos ofereciam a oportunidade de determinação da distância entre a Terra e o Sol e houve grande interesse científico e público nos trânsitos de 1874 e 1882.
1883 – O Club de Engenharia ofereceu uma recepção ao engenheiro hidráulico holandês J. Dirks, o grande especialista da época em portos e canais, que estava de passagem pelo Rio de Janeiro e seguiria para Valparaíso, no Chile. Na ocasião, foi realizada uma exposição de fotografias das estradas de ferro, de autoria de Marc Ferrez (Revista de Engenharia, 14 de abril de 1883).
Participou da Exposição Internacional de Amsterdam, realizada entre maio e outubro de 1883, com 24 grandes fotografias do Rio de Janeiro, de Santos, de Petrópolis e de outros lugares do interior do Brasil, tendo sido premiado com a medalha de bronze (Jornal do Commercio, 9 de outubro de 1883, na sétima coluna).
c. 1884 – Fotografou as obras da ferrovia do Paraná (Paranaguá – Curitiba). O gerente da firma Société Anonyme des Travaux Dyle et Bacalan, empreiteira belga encarregada pelas obras, o futuro prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), presenteou dom Pedro II com 14 fotografias e um álbum de autoria de Ferrez com registros da ferrovia e da província do Paraná.
1884- Nascimento do segundo filho do casal Ferrez, Luciano José André (1884 – 1955), em 9 de fevereiro.
Exposição, na Notre Dame de Paris, de um retrato do astrônomo belga Louis Ferdinand Cruls (1848 – 1908), diretor do Imperial Observatório do Rio de Janeiro, “trabalho artístico obtido pelo novo sistema de gelatino-bromureto, especialidade do sr. Marc Ferrez, clichê do sr. Insley Pacheco”(Jornal do Commercio, 4 de julho de 1884, na última coluna).
Fotografias de Ferrez ilustravam a matéria escrita por Arthur Barreiros sobre o astrônomo belga Louis Ferdinand Cruls (1848 – 1908), diretor do Imperial Observatório do Rio de Janeiro, publicada na segunda edição da revista Galeria Contemporânea do Brasil (O Cearense, 29 de agosto de 1884, na terceira coluna).
Na primeira edição da revista Galeria Contemporânea do Brasil, publicação de uma fotografia de Machado de Assis, identificada como uma fotografia inalterável de Marc Ferrez e clichê de Insley Pacheco (Revista Ilustrada, 31 de agosto de 1884, na seção “Livros a ler”). Já na época, a Revista Ilustrada comentou o que parecia ser uma imprecisão na identificação da autoria da fotografia de Machado e documentos recentemente localizados na Biblioteca Nacional indicam Insley Pacheco como possível autor desse retrato.
Na “Seção de Fotografia” na Exposição Geral de Belas Artes, exibiu as fotografias Gaúcho do Rio Grande, Fragata Pallas, Fragata inglesa Amethyst, Cruzador brasileiro Almirante Barroso, Passeio pela baía e Amazona e cavaleiro, feitas em gelatino-brometo de prata. Sob o título Vegetação, apresentou fotografias produzidas pelo processo de platina.
1885 – Por volta deste ano, Ferrez produziu uma fotografia de uma vista panorâmica do Rio de Janeiro a partir de Santa Tereza, na qual ele brincava com o ilusionismo proporcionado pela dupla exposição: ele e um amigo apareciam duas vezes na foto.
O imperador Pedro II agraciou Ferrez com o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa, em 7 de março (Publicador Maranhense, 26 de março de 1885, na quarta coluna). Outros que receberam a condecoração na mesma ocasião foram os pintores Antonio Firmino Monteiro (1855 – 1888), Augusto Rodrigues Duarte (1848 – 1888), Francisco Aurélio de Figueiredo e Mello (1856 – 1916), José Ferraz de Almeida Junior (1850 – 1899) , além do músico Vicente Cernicchiaro (1858 – 1928).
Na Exposição Internacional de Beauvais, inaugurada em maio, 30 grandes fotografias de cidades brasileiras, dentre elas, Rio de Janeiro e Petrópolis, de autoria de Ferrez foram expostas. A seção brasileira foi organizada pelo sr. Rodrigues de Oliveira (Jornal do Commercio, 29 de maio de 1885, na sexta coluna).
Ferrez partiu, em outubro, para Paris no vapor Orenoque onde buscaria as últimas novidades sobre técnicas e equipamentos de fotografia (Jornal do Commercio, 21 de outubro de 1885, na sexta coluna, sob o título “Despedida”). Aprimorou, na época, a técnica do ferro prussiano, método utilizado para reprodução rápida de plantas de engenharia e outros desenhos, um dos serviços que oferecia em seu estabelecimento (Revista de Engenharia, 14 de abril de 1886). Para a mesma finalidade, Ferrez também usava a heliografia.
Apresentou na Sociedade Francesa de Fotografia, em Paris, entre 1885 e 1886, uma câmera desenvolvida para a realização de fotografias marinhas e ofereceu à associação provas panorâmicas produzidas no Brasil.
Participou da Exposição Universal da Antuérpia ou Exposição Universal de Anvers, na Bélgica, com Grande coleções de vistas do Rio de Janeiro: 31 fotografias e ganhou a medalha de prata, na classe VII, de “Provas e aparelhos fotográficos”(O Auxiliador da Indústria Nacional, de 1885), informação corroborada no livro Anvers à l´Exposition Universelle 1885, de René Cornelli e Pierre Mussely, publicado no ano seguinte à mostra. Em 14 de outubro, os reis da Bélgica visitaram a exposição e a rainha apreciou muito as fotografias de Ferrez (Jornal do Recife, de 20 de novembro de 1885, na sexta coluna).
O livro Bilder aus Brasilen (Imagens do Brasil), do teuto-brasileiro Carlos von Koseritz (1830 – 1890), publicado em Leipzig por A. W. Sellin foi ilustrado com onze gravuras produzidas a partir de fotografias de Ferrez. Foi traduzido para português, na década de 40, por Afonso Arinos de Melo Franco (1905 – 1990).
1885/1887- Com a reprodução de 12 imagens de Ferrez, a editora milanesa Fratelli Tensi publicou o álbum de fotogravuras Lembrança do Rio de Janeiro.
1886 – O Boletim da Sociedade Francesa de Fotografia registrou a apresentação do equipamento criado por Ferrez para produzir fotografias marinhas.
O engenheiro belga Aimé Durieux (1827 – 1901), representante da Sociedade Anonyma de Trabalhos Dyle & Bacalan, doou à Sociedade de Geografia de Paris, da qual era integrante, um álbum com 26 fotografias de autoria de Ferrez sobre a ferrovia do Paraná. A empresa atuava na construção de veículos ferroviários, navios e aeronaves, bem como em obras públicas.
O militar italiano Carlo de Amezaga (1835 -1899) publicou em Roma os quatro volumes de Viaggio di circumnavigazione della corvetta Caracciolo. No terceiro volume, há duas estampas do Rio de Janeiro baseadas em fotografias de Ferrez.
O engenheiro britânico Hastings Charles Dent (1855 – 1909) publicou A year in Brazil: with notes on the abolition of slavery, the finances of the empire, religion, metereology, natural history, etc com 10 páginas de ilustrações e mapas baseados em registros de Ferrez.
Estava em exposição na A la Glacê Elegante diversos aumentos de retratos pelo sistema inalterável de gelatino-bromure, de autoria de Ferrez, dentre eles uma fotografia do navio Almirante Barroso considerada rara por suas “enormes dimensões”. O sistema era uma especialidade da Casa Marc Ferrez(Jornal do Commercio, 29 de março de 1886, na terceira coluna e 30 de março de 1886, na quarta coluna). Sobre a mesma exposição, Ferrez foi referido como “habilíssimo fotógrafo” que havia chegado da Europa para onde havia ido se aperfeiçoar “nas mais recentes ficelles de l´art, e fez no estabelecimento A la Glacê Elegante uma exposição de positivos ampliados de clichês, e de uma prova de fotografia instantânea representando o cruzador Almirante Barroso. Esta prova é de grandes dimensões, calculamos ser de 1m20 x 0.80m. É escusado dizer que os trabalhos expostos traduzem a costumada e reconhecida perícia do expositor”. Informava também que uma das especialidades do ateliê de Ferrez era a reprodução rápida de plantas e de outros desenhos de engenharia através do processo “ferro prussiato“” (Revista de Engenharia, 14 de abril de 1886, na segunda coluna). Para a mesma finalidade, Ferrez também usava a heliografia.
Propaganda do estabelecimento de Marc Ferrez na rua São José 88 onde era anunciado como Photographia da Marinha Imperial e oferecia material completo para fotógrafos e amadores, chapas instantâneas Clayton, aumento de retratos, reprodução indelével de plantas e vistas de todas as partes do Brasil (O Programa Avisador, 8 de julho de 1886, na última coluna). O anúncio foi publicado diversas vezes ao longo de 1886.
Propaganda do estabelecimento fotográfico de Marc Ferrez, 1886.
Na A la Glacê Elegante, exposição de fotografias produzidas “instantaneamente” por Marc Ferrez com um aparelho de sua invenção construído em Paris sob sua imediata inspeção (Jornal do Commercio, 26 de julho de 1886, na quarta coluna).
Em uma reunião da Sociedade Central de Immigração, da qual faziam parte, entre outros, o astrônomo belga Louis Ferdinand Cruls (1848 – 1908), o pintor italiano Nicolau Facchinetti (1824 – 1900), e o político Alfredo d´Escragnolle Taunay (1843 – 1899), foram apresentadas por esse último, presidente da associação, fotografias da ferrovia do Paraná, de autoria de Ferrez (A Immigração, agosto de 1886).
A estampa que acompanhava o artigo sobre o túnel de ferro corrugado publicado na Revista de Engenharia de 18 de outubro de 1886, foi impressa “por um econômico processo heliográfico, de cujos detalhes o bem conhecido fotógrafo Marc Ferrez adquiriu o conhecimento em sua recente viagem à Europa, e que é eminentemente adaptado pelo seu moderado custo à reprodução de desenhos, quando se precisa apenas de algumas dezenas de exemplares”.
Ferrez fotografou a ferrovia Dom Pedro II, em Juiz de Fora.
Não usava mais a referência da Comissão Geológica em seu currículo profissional. Apresentava-se como “Fotógrafo da Marinha Imperial”.
1887- Ferrez comunicou a chegada de novas chapas gelatino Brumure Clayton, reconhecidas comoas melhores e mais rápidas, de todos os tamanhos, das quais ele era o único depositário (Jornal do Commercio, 27 de fevereiro de 1887).
O antigo gerente do estabelecimento de Ferrez, Albert Breton, tornou-se funcionário da Casa Saturno, “grande atelier de retratos”, localizado na rua 1º de março, 23 (O Programa Avisador, 3 de março de 1887).
O Ministério da Agricultura encomendou a Ferrez dez grandes fotografias da hospedaria da Ilha das Flores, local de passagem obrigatória dos imigrantes estrangeiros que aportavam no Rio de Janeiro (Gazeta da Tarde, 7 de abril de 1887).
Ferrez fotografou a cerimônia de aclamação da Princesa Isabel (1846 – 1921) como regente, pela terceira vez, na Igreja da Sé. A cerimônia de Te Deum ofereceu a ele, provavelmente, a primeira grande ocasião de usar os novos flashes de magnésio que havia recebido recentemente da Europa.
Marc Ferrez. Te Deum na Catedral – aclamação da Princesa Isabel como Regente, 1887. Rio de Janeiro, RJ / Coleção Princesa Isabel
Entre 2 de julho e 2 de agosto, nos salões do Liceu de Artes e Ofícios, por uma iniciativa do Club de Engenharia, realizou-se a Exposição dos Caminhos de Ferro Brasileiros, com a exibição de fotografias de Ferrez (Revista de Engenharia, 14 de agosto de 1887). Estiveram presentes no encerramento da exposição, no dia 2 de agosto, a princesa Isabel(1845 – 1921) e o conde d´Eu (1842 – 1922), além de outras autoridades. O conselheiro Sinimbu (1810 – 1906) leu o relatório do juri da exposição, do qual também fazia parte o visconde de Mauá (1813 – 1889), Pedro Betim Paes Leme (1846 – 1918), Christiano Benedicto Ottoni (1811 – 1896), Carlos Peixoto de Mello (1871 – 1917), Álvaro Joaquim de Oliveira (1840 – 1922) e Manoel José Alves Barbosa (1845 – 1907). Ferrez foi contemplado com uma menção honrosa pelas “magníficas fotografias de importantes trechos de nossas vias férreas, com que concorreu não só para abrilhantar a Exposição como até para suprir algumas lacunas sensíveis de estradas que se não fizeram representar” (Jornal do Commercio, 3 de agosto de 1887, na terceira coluna e Revista de Estradas de Ferro, 31 de agosto de 1887, na primeira coluna).
Ferrez era o secretário-adjunto da Diretoria da Associação Industrial, que enviou ao conselheiro Rodrigo Augusto da Silva (1833 – 1889), ministro e secretário de Estado para os Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, um plano para a realização de uma exposição preparatória para a Exposição Universal de Paris, em 1889 (Revista de Engenharia, 28 de agosto de 1887).
Anúncio da Photographia Marc Ferrez, apresentando-se como depositária das chapas secas de Attout-Taillfer & Clayton, além de oferecer cartões e câmaras de viagem (Jornal do Commercio, 4 de setembro de 1887, quarta e quinta colunas). Propagandas da Casa Marc Ferrez foram veiculadas várias vezes no mesmo jornal ao longo de 1887 e 1888.
No Arsenal de Marinha, foi concluído o faceamento do meteorito de Bendegó com as presenças da princesa Isabel e do conde d´Eu. Ferrez fotografou o meteorito e o grupo com “Suas Altezas, o presidente da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, Marquez de Paranaguá, iniciador da ideia de remoção desse meteorito, o diretor do Museu Nacional, os membros da comissão, e o sr. ministro dos estrangeiros”(Correio Paulistano, 17 de julho de 1888, na quinta coluna, sob o título “Meteorito de Bedengó”). Também no Arsenal de Marinha, cerca de um mês depois, com as presenças de Suas Altezas, da baronesa de Loreto Maria Amanda Paranaguá Dória (1849 – 1931), do barão de Corumbá João Mendes Salgado (1832 – 1894), do marquês de Paranaguá João Lustosa da Cunha Paranaguá (1821 – 1912), e do diretor do Imperial Observatório do Rio de Janeiro, Louis Ferdinand Cruls (1848 – 1908), dentre outros, o meteorito de Bedengó foi coberto com ácido nítrico. Na matéria, foi mencionado que Ferrez fotografaria o meteorito (Gazeta de Notícias, 17 de agosto de 1888, na segunda coluna sob o título “Corte do Bendegó”).
Ferrez fotografou a fachada da tradicional farmácia carioca Casa Granado, tradicional farmácia carioca, enfeitada para as festividades de boas vindas a dom Pedro II e à Imperatriz D. Teresa Cristina, que retornavamde sua viagem à Europa. No passepartout da fotografia, que foi distribuída como brinde pelo estabelecimento e trazia a assinatura de Marc Ferrez, lê-se: “Homenagem da Drogaria Granado ao feliz regresso de SS. MM. Imperiaes. Rio, 22 de agosto de 1888”.
Em uma fotografia produzida dentro da mina da Passagem, em Minas Gerais, Ferrez utilizou, provavelmente, o flash de magnésio. A imagem foi produzida, em setembro, quando Ferrez acompanhou a visita de d. Pedro II a Minas Gerais. Realiziu também registros de Ouro Preto e de Itacolomy.
Em 25 de novembro, foi inaugurado o tráfego entre as estações de Alcântara e Rio do Ouro da estrada de ferro de Maricá. Marc Ferrez fotografou “instantaneamente ” um grupo de convidados da diretoria das estradas na estação Santa Izabel (Revista de Engenharia, 28 de dezembro de 1888, na primeira coluna).
Transcrição, na Gazeta de Notícias, de um artigo escrito pelo jornalista francês Charles (Carlos) Morel, redator chefe do jornal Étoile du Sud, sobre a participação brasileira na Exposição Universal de Paris de 1889. O desenvolvimento da fotografia no Brasil e a exposição de fotografias de Ferrez foram abordados (Gazeta de Notícias, 16 de dezembro de 1888, na sexta coluna).
O Jornal do Commercio noticiou que havia recebido a já mencionada fotografia da Casa Granado, de autoria de Ferrez, por ocasião da volta de dom Pedro II da Europa, ocorrida em 1888 (Jornal do Commercio, 10 de agosto de 1889, na sexta coluna).
Ferrez viajou com seus filhos e mulher para Paris. Apresentou fotografias de vistas do Rio de Janeiro, de vistas marinhas e paisagens na Exposição Universal em Paris, realizada entre 6 maio e 31 de outubro de 1889. De acordo com Maria Inez Turazzi, recebeu a medalha de bronze. Segundo o Auxiliador da Indústria Nacional, ele teria recebido a medalha de prata (O Auxiliador da Indústria Nacional, 1889). Foi nessa exposição que a Torre Eiffel, na época a mais alta estrutura do mundo, foi inaugurada.
Na reportagem “La Révolution au Brésil”, sobre a queda do Império, foi publicado um desenho cuja base foi a fotografia da estátua eqüestre de Dom Pedro I, realizada por Marc Ferrez nos anos 1870 (Le Monde illustrée, 30 de novembro de 1889).
Em maio, Ferrez anunciou a câmara detetive de Steinheil. Comunicou, no mês seguinte, também, que seu estabelecimento possuía um catálogo, que, se solicitado, poderia ser remetido aos clientes. Esta foi, provavelmente, a primeira referência à existência de um catálogo de produtos de sua loja (Jornal do Commercio, 18 de maio de 1890, sétima coluna, e O Paiz, 29 de junho de 1890, última coluna).
Ferrez oferecia em propaganda e desta vez indicando amadores também como potenciais clientes. É uma aposta e uma evidência de que essa nova categoria representava na época uma expansão no mercado de equipamentos e material de fotografia. “Grande especialidade de todas as pertenças para profissionais e amadores photographos. Câmaras objectivas garantidas de Dallmeyer e outros afamados fabricantes, banheiras, lanternas, obturadores, cartões de todos os tamanhos e qualidades etc. Acaba de receber a última novidade: a câmara detetive de Steinheil” (Jornal do Commercio, 1º de junho de 1890, segunda coluna).
Anúncio da série completa de objectivas desse célebre autor (Ferrez), além de chapas de “todos os tamanhos e diversos autores”.
Em setembro, Ferrez integrou a comitiva convidada para a inauguração das obras da ferrovia Benevente-Minas, de Carangola a Benevente, atual Anchieta, no Espírito Santo (Diário de Notícias, 28 de setembro de 1890, quinta coluna).
Na Revista de Engenharia, 28 de dezembro de 1890, foi publicado um anúncio: “Marc Ferrez – Fotógrafo da Marinha Nacional. Especialista de vistas de estradas de ferro e em geral das grandes obras públicas. Reprodução de plantas com traços pretos sobre fundo branco. Rua São José 8″. O mesmo anúncio voltou a ser veiculado na edição de 14 de agosto de 1891.
1891 – Anúncio de venda de produtos fotográficos importados e exclusivos, como “as objetivas Dallmayer, de Londres, e das chapas Wratten-Wamweight”, em seu estabelecimento, situado na rua São José, 88 (Jornal do Commercio, 15 de janeiro e 18 de outubro de 1891).
A Casa Lombaerts & C incorporou-se à Casa Marc Ferrez, sob a firma Lombaerts, Marc Ferrez & C (Diário da Manhã, 9 de março de 1891, na terceira coluna). A firma Lombaerts, Marc Ferrez & C foi a editora e proprietária do jornal quinzenal de moda AEstação (A Estação, 15 de julho de 1891). A sede do jornal ficava na rua dos Ourives, 7 (Almanak Laemmert, última edição de 1892). A firma também publicou postais e, por encomenda da Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária da Capital, publicou o álbum Quadros de história Pátria, com 21 fototipias, e o ensaio do engenheiro e astrônomo Henrique Morize (1860 – 1930), intitulado Esboço de una climatologia do Brasil. A sociedade de Lombaerts e Ferrez foi dissolvida (Diário de Notícias, 15 de dezembro de 1891, quarta coluna).
1892 – O estabelecimento de Marc Ferrez era um dos locais de venda de ingressos para a Festa do 14 de Julho – Festa Nacional da França (Gazeta de Notícias, 11 de julho de 1892).
Foi determinado que nas estradas de ferro subvencionadas pelo governo federal fossem liberados passes de ida e volta para Marc Ferrez e um ajudante para que pudessem “levantar fotografias em diversas localidades para o serviço da Exposição Universal Colombiana de Chicago”, que aconteceu entre 1º de maio e 30 de outubro de 1893 para celebrar os 400 anos da chegada do navegador genovês Cristóvão Colombo (1451 – 1506) ao Novo Mundo, em 1492 (Jornal do Brasil, 21 de agosto de 1892, na quinta coluna).
Ferrez recebeu o pagamento de e 2:284$ pelo material fornecido para a exposição de Chicago e 6:454$ pelos “ trabalhos photographicos para a referida Exposição”, de acordo com a solicitação do Ministério da Justiça em 5 de janeiro, e com o pedido de transferência para o Tesouro Nacional do dia 8 de junho, publicados no Diário Oficial em janeiro e julho de 1893[1]
1893 – O governo autorizou uma encomenda a Marc Ferrez de “fotografias de diversas estradas e ainda os indispensáveis à organização da carta plastográfica” que seria enviada para a Exposição de Chicago. O valor do trabalho foi 6:454$000 (Relatório do Ministério da Agricultura, 1893).
Ferrez registrou as consequências da Revolta da Armada nos navios e instalações da Marinha brasileira.
1894 – Foi para Minas Gerais, onde produziu fotografias para a Comissão Construtora da Nova Capital do Estado.
No Rio de Janeiro, registrou os engenheiros que trabalharam, em 1893, na elaboração da Carta Cadastral do Distrito Federal, encomendada pelo prefeito Cândido Barata Ribeiro (1843 – 1910).
Após quatro décadas de carreira, Marc Ferrez é um fotógrafo consagrado e um comerciante de sucesso. Embora discreto e pacato, goza também de certa notoriedade para além do círculo de seus clientes e amigos. Sua popularidade é bem exemplificada no conto Dor, de Escrangolle Doria, publicado na revista A Semana e vencedor do segundo prêmio de prosa literária do próprio periódico. Seu nome aparece nos parágrafos finais do capítulo derradeiro, quando os dois personagens principais olhando para uma parede, fitam um retrato au crayon, de autoria de Marc Ferrez
O nome de Ferrez apareceu ao final do último capítulo do conto Dor, de Escrangolle Doria, vencedor do segundo prêmio de prosa literária da revista A Semana. Ele é citado quando os dois personagens principais olhavam um retrato au crayon, de autoria de Marc Ferrez (A Semana, 31 de março de 1894, terceira coluna).
Forneceu o material para o laboratório de fotografia da Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC), encarregada do plano urbanístico e da construção dos edifícios públicos de Belo Horizonte, nova capital de Minas Gerais.
Exposição na redação do jornal A República de duas fotografias do couraçado Vinte e Quatro de Maio, ex-Aquidaban, ambas de autoria de Marc Ferrez. O navio havia sido atingido, em 16 de abril de 1894, em Santa Catarina, pela torpedeira Gustavo Sampaio, durante a Revolta da Armada (A República, 29 de agosto de 1894, na última coluna).
Em novembro, fotografou os festejos pela proclamação da República: a inauguração da estátua do general Osório, na Praça XV, em 12 de novembro, e a posse do novo presidente, Prudente de Morais (1841 – 1902), no dia 15 do mesmo mês. Um álbum do qual faziam parte essas imagens foi presenteado ao marechal Floriano Peixoto (1839 – 1895) pela comissão militar encarregada pelas comemorações oficiais do evento. Ferrez divulgava seu trabalho informando que “tendo por ordem do governo tirado fotografias das festas nacionais, tem conseguido magnífico resultado de todas elas” e que “recebia encomendas para coleção completa” (Jornal do Commercio, 18 de novembro de 1894).
1895 – Propaganda da Casa Marc Ferrez anunciavam que o estabelecimento agenciava com exclusividade as objetivas Dallmeyer, Français e Zeiss, além das chapas Wratten e Wanwrigth no Brasil (Jornal do Commercio, 20 de janeiro de 1895).
Publicação da fotografia do funeral do marechal Floriano de Peixoto (1839 – 1895), com crédito para Marc Ferrez (Le Monde Illustré, 3 de agosto de 1895).
Na igreja São Francisco de Paula, Ferrez produziu fotos do templo, ao final da cerimônia das solenes exéquias do almirante Saldanha da Gama (1846 – 1895), um dos líderes da Revolta da Armada (Jornal do Commercio, 4 de julho de 1895, quinta coluna).
Em novembro, Ferrez fotografou, em Búzios, os convidados e a comissão responsável pela construção da Estrada de Ferro Rio de Janeiro-Minas, que uniria o povoado de Búzios a Paquequer, no estado de Minas Gerais (A Notícia, 11 de novembro de 1895, segunda coluna).
1896 – O explorador naturalizado francês Charles Wiener (1851 – 1913) e também cônsul geral encarregado de negócios franceses no Brasil, adquiriu uma coleção de 329 fotografias do Brasil, sendo 92 de autoria de Ferrez. Os três dos quatro álbuns dessas fotografias estão no Ministério das Relações Exteriores da França.
Entusiasta da imigração de europeus para o Brasil, o fotógrafo Maurício Lamberg publicou o livro O Brazil, sobre o qual o historiador Sacramento Blake (1827 – 1903) comentou: “[…] trata da natureza do Brazil e das diversas raças que contém; de sua lavoura, do solo, da imigração e colonização; de suas florestas…”. Para escrever o livro, Lamberg viajou durante anos pelo norte e por parte do sul do país. Escrita originariamente em alemão, a obra, que abrange assuntos como história, geografia, fontes de renda e costumes, foi vertida para o português pelo jornalista e crítico musical Luiz de Castro (1863 – 1920), editado pela Casa Lombaerts e impresso na Tipografia Nunes, com 381 páginas distribuídos em 15 capítulos, com fotos de Lamberg e de outros autores, dentre eles Ferrez.
Em torno desse ano, Ferrez realizava experiências cinematográficas com Henrique Morize (1860 – 1930) e com Tasso Fragoso (1869 – 1945), na época aluno da Escola Militar e posteriormente general. O francês naturalizado brasileiro Henri Charles Morize ou Henrique Morize era engenheiro e astrônomo. Foi diretor do Observatório Nacional entre 1908 e 1929 e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Ciências, de 1916 a 1926.
1898 – Ferrez cedeu dois retratos de família pintados por August Muller (1815 – 1883) para a Exposição Retrospectiva do Centro Artístico, associação de jornalistas e literatos, criada em 1897, que tinha como objetivo a promoção da arte brasileira. A mostra, realizada durante o mês de julho, na Escola Nacional de Belas Artes, foi o primeiro evento organizado pelo Centro Artístico. Reuniu um grande número de objetos de arte cedidos por proprietários e colecionadores (Gazeta da Tarde, 13 de agosto de 1898, na última coluna e Diário de Notícias, 28 de julho de 1898, na penúltima coluna).
1899 – Por volta desse ano, Ferrez realizou, possivelmente em parceria com Gomes Junior, uma série de fotografias de ambulantes, como a de “Jornaleiros” e “Comprador de garrafas”.
No consultório dos doutores Camilo Fonseca e Henrique Morize, foram realizadas experiências radiográficas nas gêmeas siamesas Rosalina e Maria Pinheiro, nascidas em 1893, no Espírito Santo, que chegaram ao Rio de Janeiro em junho (AImprensa, 23 de junho de 1899, na terceira coluna). Elas foram fotografadas por Marc Ferrez em várias posições (O Cachoeirano, 2 de julho de 1899, na última coluna). A cirurgia para separá-las, realizada em 30 de maio de 1900, na Casa de Saúde São Sebastião, no Rio de Janeiro, pelo médico Eduardo Chapot Prevost (1864 – 1907), foi a primeira do gênero que foi bem sucedida em todo o mundo. Maria morreu cinco dias após a cirurgia devido a uma grave infecção e Rosalina viveu até pelo menos 75 anos, tendo casado e tido filhos (AImprensa, 11 de agosto de 1900, na primeira coluna).
1900 – Com seu amigo, o engenheiro Humberto Antunes, participou, a bordo do vapor “Vigilante”, que abrigava membros da Sociedade de Benefcência Portuguesa, da procissão de navios que acompanham a chegada da comitiva portuguesa, vinda para as comemorações do quarto centenário do descobrimento do Brasil (Jornal do Commercio, 30 de abril de 1900, terceira coluna).
Ferrez fotografou alguns eventos dos festejos dos 400 anos da descoberta do Brasil: a missa campal celebrada pelo frei Amor Divino Costa (1830 – 1909), a inauguração do monumento a Pedro Álvares Cabral, de autoria de Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), o desfile das tropas e o arco manuelino na praça da Glória (Gazeta de Notícias, 4 de maio de 1900).
Era um dos integrantes da comissão Exposição Artístico-Industrial Fluminense Comemorativa do IV Centenário do Descobrimento, promovida pela Sociedade Propagadora das Belas-Artes, realizada no Liceu de Artes e Ofícios, na rua da Guarda Velha, atual avenida 13 de Maio (O Paiz, 7 de maio de 1900, na sétima coluna). Ferrez participou com trabalhos fotográficos em transparentes de cristal.
A Casa Marc Ferrez lançou bilhetes-postais com imagens produzidas pelo fotógrafo impressas em fototipia.
Foram lançados os livros O Rio de Janeiro em 1900: vistas e excursões, do militar e jornalista Francisco Ferreira da Rosa (1864 – 1952)e Estados Unidos do Brasil, do geógrafo e anarquista francês Élisée Reclus (1830 – 1905). O primeiro trazia fotografias produzidas por Ferrez e, o segundo, estampas de T. Taylor e A. Slom baseadas em fotos de Ferrez.
Marc Ferrez e sua família foram à exposição da tela histórica de Aurélio Figueiredo (1856 – 1916), O descobrimento do Brasil, no salão da Casa Postal, na rua do Ouvidor (O Paiz, 31 de maio de 1900, na quarta coluna).
A Revista da Semana de 21 de outubro de 1900, publicou uma litogravura da Estação Central da Estrada de Ferro da Central do Brasil baseada em uma fotografia de autoria de Marc Ferrez. A Revista da Semana havia sido lançada em 20 de maio por Álvaro de Tefé.
Perto do fim do ano, teria embarcado para a Europa, onde até o dia 12 de novembro realizou-se a Exposição Universal de Paris. Uma curiosidade: pela primeira vez numa feira internacional foi feita, para efeito de premiação, uma diferença entre fotografia profissional e amadora.
1901 – Em março, Ferrez anunciou seu retorno da temporada europeia e a retomada de suas atividades.
No encerramento da Exposição Artístico-Industrial Fluminense Comemorativa do IV Centenário do Descobrimento, Ferrez recebeu o diploma de honra. A mostra foi promovida pela Sociedade Propagadora das Belas Artes (Jornal do Brasil, 14 de maio de 1901, na sétima coluna).
Ferrez prometeu fazer uma doação para a Associação Nossa Senhora Auxiliadora para “o patrimônio do recolhimento de meninas e moças pobres, órfãs ou abandonadas”. O dinheiro seria parte da quantia devolvida pela Sociedade Propagadora de Belas Artes aos contribuintes das festas de distribuição dos prêmios da Exposição Artístico-Industrial Fluminense (A Notícia, 24 de maio de 1901, na última coluna).
Foi publicada uma fotografia produzida por Marc Ferrez de um grupo presente na garden party oferecida pelo cônsul alemão à oficialidade e a alguns marinheiros do cruzador Vinela, no Sylvestre(Revista da Semana, 4 de agosto de 1901). Na edição seguinte, de 11 de agosto, foi publicada uma fotografia do Vinela, também de autoria de Ferrez.
Fotografias de Marc Ferrez foram publicadas para ilustrar uma matéria sobre “A festa na ilha do Vianna – Experiência oficial de máquinas do cruzador República e da caça-torpedeiro Gustavo Sampaio” (Revista da Semana, 10 de novembro de 1901). Na edição seguinte, foi publicada uma fotografia da baía do Rio de Janeiro por ocasião da revista de tropas de 15 de novembro (Revista da Semana, 24 de novembro de 1901).
1902 – Fotografia de autoria de Marc Ferrez do sr. Armando Darlot (? – 1902), no caixão. Ele havia sido um dos fundadores da empresa de seguros Sul-América (Revista da Semana, 13 de abril de 1902).
O então capitão Tasso Fragoso (1869 – 1945), realizou sua segunda conferência sobre artilharia de campanha de tiro rápido. Foram apresentadas fotografias de projéteis e canhões, expostas em uma lanterna de projeção manejada por Henrique Morize e Marc Ferrez (Jornal do Brasil, 26 de abril de 1902, na nona coluna).
Ferrez registrou a inauguração da estátua do visconde do Rio Branco, na Glória, no dia 13 de maio. A obra, de autoria do escultor Félix Maurice Charpentier (1858 – 1924), fazia parte dos festejos pela comemoração da Abolição da Escravatura (Gazeta de Notícias, 14 de maio de 1902, na quinta coluna, na quarta coluna).
1903 – Fotografias de Ferrez foram publicadas na Revista da Semana: dos navios que haviam partido para o norte do Brasil sob o comando do contra-almirante Alexandrino de Alencar (1848 – 1926) (Revista da Semana, 8 de fevereiro de 1903) e Os Dois irmãos no Sylvestre, Laranjeiras, Entrada da barra do Rio de Janeiro vista por fora e Ilha das Cobras (Revista da Semana, 1º de março de 1903).
Ao longo desse ano e de 1904, foram publicadas, no Correio da Manhã, diversas propagandas dos serviços prestados por Ferrez e ele era identificado como “Fotógrafo da Marinha Nacional” (Correio da Manhã, 3 de outubro de 1903, na terceira coluna).
Em 4 de dezembro, Marc Ferrez assinou o termo de aceitação da proposta de indenização do imóvel que pertencia a ele na rua São José e que seria demolido para a construção da avenida Central. Recebeu 25 contos de réis pela propriedade.
Ele e o fotógrafo Joaquim Insley Pacheco receberam a medalha de ouro na Exposição Universal de Saint Louis, nos Estados Unidos, realizada entre de 30 de abril e 1 de dezembro de 1904 (Almanak Laemmert, 1905). O prédio que sediou o Pavilhão Brasileiro da exposição foi, em 1906, remontado no Rio de Janeiro, e foi batizado de Palácio Monroe.
Foi editada, provavelmente nesse ano, pela Inspeção Geral das Obras Públicas da Capital Federal, a obra Abastecimento d´água do Rio de Janeiro, com o trabalho feito por Ferrez sobre as obras na cidade.
No final do ano, falecimento da irmã de Ferrez, Augustine Emile Cantinot.
1905 – O Guia da cidade do Rio de Janeiro, organizado pelo engenheiro civil Vicente Alves de Paula Pessoa (c. 1857 – 19?), por incumbência da comissão diretora do Terceiro Congresso Científico Latino Americano, publicado pela Editora Beviláqua, foi ilustrado por imagens produzidas por Ferrez. A escolha das ilustrações e outros aspectos da publicação foram elogiados (Jornal do Brasil, na primeira coluna e O Paiz, na quinta coluna, ambos de 18 de agosto de 1905).
Ferrez iniciou a produção do Álbum da Avenida Central, importante registro da reforma da principal via da então capital federal, onde ele contrapôs reproduções das plantas às fotografias das fachadas de cada edifício documentado. As pranchas de desenho foram impressas em zincografia e os prédios foram fotografados em colotipia. Esse álbum foi fundamental para a construção e para a difusão de uma nova imagem do Rio de Janeiro, uma imagem associada aos ideais de civilização e progresso.
Com seu filho Julio obteve a representação da firma francesa Pathé Frères no Brasil. A firma era a maior e melhor fábrica de aparelhos e filmes cinematográficos da Europa.
No final do ano, a Casa Marc Ferrez & Filhos passou a ser a fornecedora exclusiva do cinematógrafo ao ar livre Passeio Público, que existiu entre em 28 de outubro de 1905 e 2 de novembro de 1906, e pertencia ao português Arnaldo Gomes de Souza e ao italiano Vittorio di Maio (1852 – 1926). Passou também a distribuir filmes para outros cinematógrafos ambulantes do Rio de Janeiro.
1906 – No periódico O Commentario, março de 1906, foi publicada a fotografia de um edifício, produzida por Marc Ferrez, 8 minutos após seu desabamento. O prédio estava sendo construído, na avenida Central, por ordem do Club de Engenharia.
Foi publicado um anúncio da Photographia Cinematographica, de Marc Ferrez, anunciando “um imenso sortimento de material para profissionais e amadores a “preços vantajosos”. Também anunciava a “remessa de catálogos” (Jornal do Recife, 29 de março de 1906, na última coluna).
Em dezembro de 1906 e ao longo de 1907, foram publicadas várias vezes propagandas de “Anúncios luminosos”, na avenida Central. “Grande lanterna mágica com várias vistas atraentes. Informações à rua S. José, 88, com Emilio Brondi, casa Marc Ferrez” (Rio Nu, 12 de dezembro de 1906, na última coluna).
1907 – Em 30 de janeiro, Ferrez assinou um contrato com a Comissão Construtora da avenida Central para a impressão do Álbum da Avenida Central.
Seu filho, Julio, casou-se com Claire Poncy Ferrez (1888 – 1980).
Marc Ferrez e Abílio Fontes representaram o comércio em uma comissão arbitral que julgaria o recurso interposto por Eduardo Trindade contra uma decisão da comissão de tarifas. Pela fazenda nacional, compunham a comissão arbitral Mendonça de Carvalho e Miranda Reis (Correio da Manhã, 7 de maio de 1907, na terceira coluna, sob o título “Alfândega”).
Arrendou, em sociedade com Arnaldo Gomes de Souza, os prédios de número 145 e 149 da Avenida Central e inaugurou, em 18 de setembro, o Cinema Pathé, o terceiro da cidade (Gazeta de Notícias, 18 de setembro de 1907, nas sexta e sétima colunas) – o primeiro, Chic, foi inaugurado em 1º de agosto de 1907; o segundo, o Grande Cinematographo Pariziense, foi aberto em 9 de agosto do mesmo ano. A firma de Arnaldo e Ferrez chamava-se Arnaldo & Cia, omitindo a participação de Ferrez, porque Charles Pathé (1863 – 1957), um dos proprietários da Pathé Frères, proibia que seus distribuidores e representantes possuíssem cinematógrafos.
Em primeiro de outubro, foi criada a firma Marc Ferrez & Filhos. Ferrez era dono de 60% das ações, cabendo a Luciano e a Julio 20% do negócio. A empresa Marc Ferrez & C não deixou de existir. Em seu nome eram feitas as importações de material fotográfico enquanto a nova empresa era responsável pelas importações de material para cinema.
A empresa de fotografia de Ferrez passa a ser administrada por Emilio Brondi.
A sociedade de Ferrez com Arnaldo Gomes de Souza foi denunciada pelo concorrente de Ferrez, Jácomo Rosário Staffa (c. 1867 – 1927), proprietário do Grande Cinematographo Pariziense.
A família Ferrez morava na rua Pedro Américo, 121.
Ferrez e Arnaldo Gomes de Souza produziram o filme, Nhô Anastácio chegou de viagem, dirigido por Julio Ferrez. É considerada a primeira comédia cinematográfica brasileira e foi estrelada por Antônio Cataldi, José Gonçalves Leonardo e Ismênia Matteo. Ferrez produziu o curta-metragem A mala sinistra, tambémdirigido por seu filho Julio. Além disso, a Casa Marc Ferrez produziu filmes sobre obras em estradas de ferro do Brasil.
Fotografias de Ferrez e também de outros fotógrafos, dentre eles Augusto Malta (1864 – 1957), foram publicadas na obra organizada pelo engenheiro Luiz Raphael Vieira Souto (1849 – 1922), Notícia sobre o desenvolvimento da indústria fabril no Distrito Federal e sua situação atual.
Fotografias de Ferrez integravam a segunda edição do The new Brazil; its resources and attractions: historical, descriptive and industrial, de Marie Robinson Wright (1866 – 1914), publicada pela editora George Barrie & Son, da Filadélfia.
Ao longo de 1908, foi publicado várias vezes um anúncio da venda de cinematógrafos na sucursal da firma Marc Ferrez & Filhos em São Paulo, o Bijou-Theatre, do empresário espanhol Francisco Serrador (1872-1941) (OCommercio de São Paulo, 15 de fevereiro de 1908, na primeira coluna).
Em um anúncio veiculado pela Associação Geral de Auxílios Mútuos da Estrada de Ferro Central do Brasil, era noticiado um espetáculo de “Música com a expressão das fitas”. Informava também que as “fitas da Estrada são de exclusiva propriedade da Associação, conforme contrato assinado com a Casa Marc Ferrez (Correio da Manhã, 3 de abril de 1908, na quinta coluna).
Fotografou a Exposição Nacional, realizada na Praia Vermelha no Rio de Janeiro, entre 11 de agosto e 15 de novembro, para celebrar o centenário da Abertura dos Portos ao Livre Comércio e, posteriormente, lançou uma série de postais sobre o evento.
Marc Ferrez enviou telegrama de pêsames ao empresário e um dos pioneiros do cinema no Brasil, Paschoal Segreto (1868 – 1920), pelo falecimento de seu irmão, o jornalista Gaetano Segreto (A Imprensa, 29 de junho de 1908, na terceira coluna).
O primeiro aniversário do Cinema Pathé foi comemorado com uma reforma, uma programação “divertida” e uma ceia (Fon-Fon, 26 de setembro de 1908).
Ferrez fez uma doação de 10$000 para ajudar os sobreviventes de um terremoto ocorrido na Itália, nas regiões da Calábria e da Sicília, em 28 de dezembro de 1908. A iniciativa foi de David Romagnoli e as doações seriam entregues a uma comissão organizada pela Associação de Imprensa (A Imprensa, 13 de janeiro de 1909 na sexta coluna e 15 de janeiro na penúltima coluna).
1909- Foi anunciada a exibição do filme “Festival Hermes da Fonseca, fita nova para esta capital, mais completa e perfeita que se apresentou no Rio e foi tirada pela importante Casa Marc Ferrez” (A República, 27 de janeiro de 1909, sob o título “Diversões”).
Um aprendiz de fotografia que trabalhava na Casa Marc Ferrez, o italiano Roviso Pietro, de 19 anos, após ter sido repreendido por seu patrão, tentou se suicidar (O Paiz, 12 de fevereiro de 1909, na quarta coluna).
Foi anunciada pela Casa Marc Ferrez & Filhos a venda de “conjuntos electrogenios para produzir luz elétrica a domicílio por meio do querosene: pequeno consumo e grande força”(Revista da Semana, 11 de abril de 1909).
Na Exposição Nacional de 1908, em comemoração ao centenário do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, realizada entre 11 de agosto e 15 de novembro de 1908 , no Rio de Janeiro (Gazeta de Notícias, 12 de agosto de 1908), Marc Ferrez participou no grupo de Fotografia e ganhou uma medalha de ouro (Almanak Laemmert, 1909).
1910 – Marc Ferrez estava na lista de “Capitalistas, banqueiros, proprietários e pessoas ricas” do Almanak Laemmert de 1910,com o endereço Christóvão Colombo, 23 (futura rua Dois de Dezembro).
O Cinema Royal, em Recife, anunciou um “Majestoso programa remetido do Rio de Janeiro no paquete Alagoas pelo srs. Marc Ferrez & Filhos, agentes em todo o Brasil da Casa Pathé Frères (Jornal do Recife, 14 de janeiro de 1910, na sexta coluna).
A fábrica Pathé Frères de Paris por intermédio de seus representantes exclusivos no Brasil, a Casa Marc Ferrez , negou a autoria da fita cinematográfica “O Guarany”, conforme havia sido noticiado por “má fé” por um cinema de São Paulo (Correio Paulistano, 16 de janeiro de 1910, na quarta coluna).
Marc Ferrez foi um dos subscritores da lista organizada pelos presidentes das sociedades francesas sob os auspícios do cônsul da França para ajudar as vítimas de inundações ocorridas em Paris no mês de janeiro (O Paiz, 11 de fevereiro de 1910, na penúltima coluna).
Foi publicada a lista dos estabelecimentos comerciais com os quais a Empresa Paschoal Segreto havia feito negócios em 1909 e a Casa Marc Ferrez havia sido uma delas (O Paiz, 17 de março de 1910).
José Ignácio Guedes Pereira Filho comunicou que havia firmado um contrato com a firma Marc Ferrez & Filhos para fornecer a ele durante um ano fitas cinematográficas da Pathé Frères (A Província, 27 de março de 1910, na primeira coluna).
O ministro da Fazenda, José Leopoldo de Bulhões Jardim (1856 – 1928), negou “provimento ao recurso de Marc Ferrez e filhos interposto contra a decisão da Alfândega dessa capital, que lhes impôs a multa de 3:756$, tripulo do valor arbitrado para mercadoria submetida a despacho” (A Imprensa, 30 de abril de 1910, na terceira coluna).
A firma Marc Ferrez & Filhos negou que a empresa do Iris Cinema recebia diretamente da Pathé Frères de Paris material cinematográfico para venda, já que os Ferrez eram seus representantes exclusivos e que em São Paulo sua sucursal era o Bijou-Theatre, do empresário Francisco Serrador (Correio Paulistano, 2 de maio de 1910, na segunda coluna, sob o título “Secção Livre”).
No Anuário do Jornal do Brasil, foi veiculada uma propaganda dos Cinematógrafos Pathé Frères cujo representante para todo o Brasil era a firma Marc Ferrez & Filhos.
Foi grande o sucesso do filme “Notre-Dame de Paris”, exibido no Cinema Pathé (Fon-Fon, 4 de novembro de 1911). Ao longo de todo o ano de 1911, vários filmes exibidos pela Casa Marc Ferrez & Filhos foram anunciados na revista.
O ministro da Fazenda, Francisco Antônio de Salles (1863 – 1933), negou provimento ao recurso interposto por Marc Ferrez “do ato da Inspetoria da Alfândega do Rio de Janeiro, mandando classificar como cinematógrafo, para pagamento de 60$ cada um, a mercadoria para a qual os recorrentes pediram classificação prévia” (A Imprensa, 13 de agosto de 1912, na terceira coluna).
Marc Ferrez era um dos integrantes da comitiva do presidente do Brasil, Marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923), que havia ido para Passa Quatro observar o eclipse. Também participaram do evento o então diretor do Observatório Nacional, Henrique Morize (1860 – 1930), o diretor do Jardim Botânico, Graciano dos Santos Neves (1868 – 1922), e astrônomos ingleses, dentre outros (Gazeta de Notícias, 11 de outubro de 1912, na quinta coluna sob o título “Marechal Hermes e o eclipse“).
O sr. Emilio Brondi, sócio da firma Marc Ferrez, ofereceu ao Arquivo Municipal do Rio de Janeiro 28 fotografias de aspectos da cidade (A Noite, 14 de outubro de 1912, na quarta coluna). No ano seguinte, ele fez uma segunda doação, desta vez de 176 fotografias, ao Arquivo Municipal do Rio de Janeiro. Em homenagem ao doador, o Arquivo iria organizar as fotografias em álbuns denominados Coleção Emilio Brondi (O Paiz, 30 de março de 1913, na terceira coluna).
1913 – Em março, uma grande ressaca ocorrida no Rio de Janeiro inundou o porão da casa da família Ferrez, na Dois de Dezembro – antiga rua Christóvão Colombo, 23 – destruindo os exemplares do Álbum da Avenida Central ali guardados (O Paiz, 9 de março de 1913).
Foi publicado Twentieth century impressions of Brazil: its history, people, commerce, industries and resources, uma obra de divulgação do Brasil, com fotografias de Marc Ferrez (Anais da Biblioteca Nacional de 1914).
1914 – O casal Ferrez retornou ao Rio de Janeiro e alugou uma casa na Rua Voluntários da Pátria 50, em Botafogo.
1915 – No Almanak Laemmert, o estabelecimento Emilio Brondi & C.. Casa Marc Ferrez localizava-se na rua Rodrigo Silva, 28.
Em abril, Ferrez viajou para França no navio Frizia em companhia de seu filho Julio – que retornou ao Brasil em agosto. Em junho, Marc foi para Vichy para tratar de dores nas pernas. Ficou hospedado no Hotel Europe. Nos cinco anos que ficou na Europa, Ferrez passou temporadas em Paris e na Suíça. Aderiu às fotografias coloridas.
Em um dos diálogos de “Photo-Mania”, um sainete (peça alegre do teatro espanhol) de autoria de Eustorgio Wanderley (1882 – 1962), a loja de Marc Ferrez foi citada (Revista O Tico-Tico, 1º de dezembro de 1915).
Foi publicado um anúncio informando que a agência geral para os estados do norte da Agência Cinematográfica Marc Ferrez & Filhos situava-se, provisoriamente, na rua Duque de Caxias, 39, em Recife. Eles continuavam como representantes da Casa Pathé Frères(Jornal do Recife, 18 de dezembro de 1915).
A Casa Marc Ferrez & Filhos anunciou “estar aparelhada para atender aos mais exigentes pedidos em toda a América Latina”. O endereço da agência Pathé em Recife era Duque de Caxias, 51 (A Província, 30 de abril de 1916).
1917- Seus filhos, Julio e Luciano, fundaram a Companhia Cinematográfica Brasileira, mais tarde denominada Casa Marc Ferrez Cinemas e Eletricidade Ltda.
1919- Diversos representantes e importadores de filmes, dentre eles Marc Ferrez & Filhos, publicaram um anúncio aos exibidores, comprometendo-se a não recusarem a nenhum deles o fornecimento de filmes nos moldes em que explicitaram na mensagem (Correio da Manhã, 18 de junho de 1919). Dois dias depois, a Fox Film Corporation e a Marc Ferrez & Filhos afirmaram, em outro anúncio, que nunca tiveram prevenção contra a Aliança dos Cinematografistas do Brasil (Correio da Manhã, 20 de junho de 1919).
A polícia proibiu a exibição do filme O Caso Caillaux e Bolo Pachá, no Cinema Pathé. Tratava de um crime de alta traição julgado no Conselho de Guerra de Paris (Correio da Manhã, 31 de julho de 1919).
Julio Ferrez foi um dos fundadores da União dos Importadores Cinematográficos no Brasil (O Imparcial, 8 de dezembro de 1919, na segunda coluna). Foi o primeiro tesoureiro da associação, cujo primeiro presidente foi o empresário Francisco Serrador.
Em 15 de dezembro, Marc Ferrez participou da cerimônia de recepção na recém criada categoria Aplicação das ciências à indústria da Academia Francesa de Ciências a seu amigo Louis Lumière (1864 – 1948) que, com o irmão Auguste Lumière (1862 – 1954), havia inventado o cinematógrafo(Academia Francesa de Ciênciase Palcos e Telas, 8 de abril de 1920).
Os escritórios da empresa Marc Ferrez & Filhos, mudaram-se para a Rua São José 64.
Em 10 de fevereiro, no Palais d´Orsay, Ferrez foi um dos cerca de 500 convidados de um banquete em homenagem aos 25 anos da invenção do cinema e também a seu criador, Louis Lumière, que ingressou na Academia Francesa de Ciências. O evento foi organizado por associações e câmaras sindicais de fotógrafos e cinematografistas franceses.
Foi noticiada a volta de Marc e Luciano Ferrez ao Brasil, a bordo do paquete inglês Orcona (Vida doméstica, abril de 1920). No O Paiz de 22 de março de 1920, foi noticiada a chegada do Orcona ao Rio de Janeiro, mas na lista de passageiros publicada pelo jornal não constavam os nomes de Marc e Luciano Ferrez.
A Casa Marc Ferrez Söndahl Comp. Limited localizava-se na Rua Sachet, 8 – antiga Travessa do Ouvidor – e anunciava-se como a única que dispunha de um técnico para instruir os amadores (Vida doméstica, junho de 1920).
1921 – João Antônio Bruno, diretor das Empresas Cinematográficas Reunidas, defendeu-se da acusação de haver um “trust paulista”. Segundo ele, havia sim uma combinação da Companhia Cinematográfica Brasileira com as firmas Derrico & Bruno e Lopes & Figueiredo”. Afirmou que Marc Ferrez o apoiava (Palcos e Telas, 10 de março de 1921).
Em maio, Ferrez voltou à França e chegou em Bordeaux, em 5 de junho. Em Paris, instalou-se no Hotel Brebant.
Em correspondência a Malia Frucht Ferrez (1890 – 1953), sua nora, Ferrez contou que fez belas fotografias de rosas, em sua visita ao roseiral do Parque de La Bagatelle, no Bois de Boulogne, local que freqüentava enquanto Luciano e Malia estavam com ele em Paris.
Foram publicados dados estatísticos da indústria cinematográfica no Brasil no primeiro semestre de 1921. Em número de filmes, a firma Marc Ferrez & Filhos representava 3,9% (Para Todos, 13 de agosto de 1921). Na mesma revista, em 8 de julho de 1922, foram publicados os dados estatísticos do primeiro semestre de 1922.
Devido ao inverno rigoroso de Paris, em dezembro, Marc viajou para Hyères, na Cote d´Azur.
1922 – Em março, de volta à capital francesa, Marc recebeu a visita de seu amigo, o cientista Henrique Morize, em viagem para Europa em missão oficial do Observatório Nacional.
Em matéria publicada em O Malho, 27 de maio de 1922 sobre a indústria cinematográfica, Marc Ferrez & Filhos foram citados como uma firma que fez fortuna atuando no setor.
Marc Ferrez embarcou no navio Lutetia, em Bordeaux, de volta ao Brasil, em 31 de julho, e chegou ao Rio de Janeiro, em 14 de agosto. O navio fez escala em Boulogne-sur-mer, Vigo e Lisboa. Também viajaram no Lutecia o inventor Alberto Santos Dumont (1873 – 1932), o presidente do Jockey Clube, Linneu de Paula Machado (1880 – 1942); Arnaldo Guinle (1884 – 1963), presidente do Fluminense S.C.; o médico Paulo de Figueiredo Parreiras Horta (1884 – 1961) e os Oito Batutas, grupo musical formado, entre outros, por Pixinguinha (1897 – 1973) e Donga (1890 – 1974) (O Paiz, 15 de agosto de 1922, página 3 e página 4).
Marc realizou fotografias estereoscópicas e autocromos dos diversos pavilhões nacionais e internacionais da Exposição do Centenário da Independência, inaugurado em 7 de setembro, no Rio de Janeiro (O Paiz, 8 e 9 de setembro de 1922).
No Almanak Laemmert, anúncio de Marc Ferrez & Filhos, na rua da Quitanda, 67.
Sua missa de sétimo dia foi celebrada na Igreja São Francisco de Paula, em 19 de janeiro, foi muito concorrida e contou com a presença dos engenheiros André Gustavo Paulo de Frontin (1860 – 1933) e Alfredo de Paula Freitas (1855 – 1931); dos cientistas Henrique Morize (1860 – 1930), dos médicos Camillo Fonseca e Rodolpho e José Chapot-Prevost; artistas, como o escultores Benevenuto Berna (1865 – 1940) e Rodolpho Bernardelli (1852 – 1931), além de jornalistas, exibidores e donos das empresas cinematográficas (O Paiz, 20 de janeiro de 1923, na última coluna).
No periódicoA Scena Muda, 25 de janeiro de 1923, foi publicado um perfil de Ferrez, no qual sua morte foi atribuída a uma enfermidade que ele havia contraído devido ao uso do colódio. Na mesma matéria, foram mencionadas as experiências que fazia com seu amigo, o engenheiro e astrônomo Dr. Henrique Morize, em sua casa na rua São José, 88, com “luz oxi-etherica, luz oxydrica, de gás incandescente de petróleo com mechas concentradas fazendo também na ocasião as primeiras experiências com cinematógrafo com um aparelho Lumière e fitas de 10 e 20 metros…”. Na matéria da Para Todos de janeiro de 1923, o caráter de Ferrez foi exaltado: “A perfeita correção do velho comerciante, sua intransigente honradez, a lisura dos seus processos o tornaram sempre uma figura de destaque nos meios cinematográficos”.
1951 – Na edição de O Cruzeiro, de 25 de agosto de 1951, foi publicada a reportagem Fotografias do Rio Antigo, com texto de Gilberto Ferrez e fotografias produzidas por Marc Ferrez.
1953- Em 1º de junho, falecimento de Malia Frucht Ferrez (1890 – 1953), esposa de Luciano Ferrez (1884 – 1955), segundo filho de Marc Ferrez. Ele e José Fruscht, filho de criação do casal, agradeciam às manifestações de pesar (Correio da Manhã, 7 de junho de 1953).
1980- Falecimento de Claire Poncy Ferrez (1888 – 1980), viúva de Julio Marc (1881 – 1946), primogênito de Marc Ferrez, e mãe de Gilberto, Eduardo e João Luciano Ferrez (O Globo, 15 de novembro de 1980).
2000 – Em maio, falecimento de Gilberto Ferrez (1908 – 2000) (O Globo, 25 de maio de 2000).
O Globo, 25 de maio de 2000
2007 – Na edição de novembro de 2007 do Boletim Informativo da ABI, cujo tema foi o trabalho dos repórteres fotográficos, Marc Ferrez foi homenageado como o precursor do fotojornalismo no Brasil (ABI Boletim Informativo, novembro de 2007).
Para a elaboração dessa cronologia, a Brasiliana Fotográfica pesquisou principalmente em diversos periódicos da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e valeu-se da cronologia de autoria de Maria Inez Turazzi publicada no livro O Brasil de Marc Ferrez, lançado pelo Instituto Moreira Salles em 2005.
Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez
* O artigo foi atualizado em 6 de fevereiro de 2019.
** Este link foi colocado em 9 de setembro de 2020.
Andrea C. T. Wanderley
Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
AZEVEDO, Jussara França de. A proposta política da Associação Industria RJ – O estatuto. Artigo apresentado no VII Encontro de Pós-Graduação em História Econômica e V Conferência Internacional de História Econômica. Universidade Federal Fluminense, Niterói, setembro de 2014.
BARROS, Mariana Gonçalves Monteiro de. Marc Ferrez e o Rio de Janeiro do seu tempo. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social da Cultura do Departamento de História da PUC-Rio, Rio de Janeiro, setembro de 2006.
ERMAKOFF, George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.
FÁBIO, Flávia de Almeida. Insley Pacheco – propagador das artes. Texto integrante dos Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006. Cd-rom.
FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840 – 1900. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória/Funarte, 1975.
FERREZ, Gilberto. O Rio Antigo do fotógrafo Marc Ferrez: paisagens e tipos humanos do Rio de Janeiro, 1865-1918. Rio de Janeiro: João Fortes Engenharia/Editora Ex-Libris, 1984.
FERREZ, Gilberto. Os irmãos Ferrez da Missão Artística Francesa. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1968.
KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.
A Marinha por Marc Ferrez – Coordenação e edição iconográfica de Ronaldo Graça Couto. Rio de Janeiro: Editora Index, 1986
SILVA, R. J. A crítica de arte de Ângelo Agostini e a cultura figurativa do final do Segundo Reinado. Campinas: Dissertação de Mestrado, IFCH/Unicamp, 2005.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Sol do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
SILVA, George Batista da. Telas que se foram. Os antigos cinemas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007.
TURAZZI, Maria Inez. Cronologia. In O Brasil de Marc Ferrez – São Paulo : Instituto Moreira Salles, 2005.
TURAZZI, Maria Inez. Literatura fotográfica e estudos biográficos: algumas reflexões em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez. In: Boletim do Centro de Pesquisa de Arte e Fotografia da Escola de Comunicação e Artes da USP. São Paulo, n°2, 2007.