A mulher negra de turbante, de Alberto Henschel

A Brasiliana Fotográfica publica hoje, Dia da Abolição da Escravatura, o artigo “A mulher negra de turbante, de Alberto Henschel”. Nele, as autoras, Aline Montenegro Magalhães e Maria do Carmo Rainho, historiadoras, respectivamente, do Museu Histórico Nacional e do Arquivo Nacional, duas instituições parceiras do portal, fazem a análise morfológica do retrato e levantam diversas questões como a representação imagética da mulher negra e a associação frequente da fotografia em questão com Luisa Mahin, mãe do poeta, advogado e abolicionista Luís Gama, e liderança da Revolta dos Malês, um dos maiores levantes de escravizados promovidos no Brasil, em Salvador, em 1835.

 

A mulher negra de turbante, de Alberto Henschel

Aline Montenegro Magalhães e Maria do Carmo Rainho*

 

Dentre tantas imagens produzidas pelo fotógrafo Alberto Henschel[1], na segunda metade do século XIX, nota-se nos últimos anos o fascínio pela fotografia de uma mulher negra portando um turbante estampado. Nos limites deste artigo e, na trilha do historiador Ulpiano Bezerra de Meneses, chamamos a atenção para as qualidades estéticas dessa imagem, sua potência enquanto artefato, sua agência, a capacidade de produzir sentidos, de convocar diferentes apropriações e usos, e, finalmente, seu potencial de iconização.[2] Cabem, assim, algumas perguntas: o que explica a ampla circulação do registro, onipresente em variados meios e produtos? Por que a associação entre esta fotografia e Luiza Mahin? Qual a relação entre o seu uso maciço e a invisibilidade ou a subalternidade imposta a negros e negras em produtos culturais – em especial, em algumas exposições?

 

 

Conforme Joana Flores,[3] em sua análise sobre as exposições de longa duração em museus da cidade de Salvador, pode-se afirmar que, ainda hoje, as mulheres negras são reduzidas a coadjuvantes; suas imagens são apresentadas, em locais como o Museu Henriqueta Catharino, sem referências, legendas ou textos explicativos. Para a autora, não basta estas mulheres estarem presentes em suportes materiais: sem identidade, sem história, sem memória, a presença se traduz em ausência.

Em exposições organizadas em fazendas históricas do Vale do Paraíba, para além da subalternidade – com fotografias de homens e mulheres negros relegados a espaços secundários, uma espécie de porão/senzala, contrapondo-se às casas grandes, lugar exclusivo dos barões e das baronesas – verifica-se uma despreocupação em identificar corretamente os sujeitos. Em uma das fazendas, a São Luiz da Boa Sorte, em Vassouras, Rio de Janeiro, por exemplo, vemos o registro da mulher de turbante, de Henschel, ladeada de outros dois, de homens negros. Em nenhum deles há legendas com o crédito do fotógrafo, a data e o local de produção da imagem e a instituição detentora, como se as fotografias pudessem falar por si, dando margem à imaginação de guias e visitantes. Ali, como em muitas outras instituições de memória e, também em produtos culturais, a mulher é apresentada como Luísa Mahin, mãe do poeta, advogado e abolicionista Luís Gama, e liderança da Revolta dos Malês, um dos maiores levantes de escravizados promovidos no Brasil, em Salvador, em 1835.

Na análise morfológica do retrato em questão, vemos um fundo neutro que apresenta uma mulher em meio busto, com vestido escuro “decotado”, ombros à mostra, brincos e turbante estampado. Nada além disso. Nenhum mobiliário, apoio, utensílio ou instrumento de trabalho ou mesmo qualquer acessório em sua indumentária além dos mencionados. Ela não apresenta marcas. Assim como a maior parte das negras retratadas por Henschel, a mulher de turbante não sorri; ela exibe um olhar firme, quase desafiador.

O fato de existirem poucos elementos na composição da foto; a presença do turbante remetendo aos africanos de origem muçulmana que se rebelaram na Bahia em 1835; o olhar da retratada, são algumas pistas que podem ajudar a entender a associação entre a imagem e Luísa Mahin. Mas, chama a atenção que aquela continue a ser utilizada sem que se atente para a questão de que não há registros fotográficos da Revolta dos Malês nem dos seus participantes, posto que, apenas em 1849, foi anunciada a descoberta da daguerreotipia, processo fotográfico desenvolvido por Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851). Em segundo lugar, conforme informação do Instituto Moreira Salles[4] a fotografia teria sido produzida por volta de 1870, ou seja, trinta e cinco anos após o evento. Levando-se em conta a visível juventude da retratada, não há possibilidade de ser Luísa Mahin, cuja história tornou-se mais conhecida por meio do livro Um defeito de cor de Ana Maria Gonçalves.[5]

A atribuição anacrônica vai sendo difundida graças à ampla circulação da imagem, em especial nos meios eletrônicos, e ao seu uso reiterativo. Uma busca na Internet com as palavras “Luísa Mahin”, “negra de turbante”, “escrava de turbante” e, sobretudo, associando-se estas expressões a Henschel ou Alberto Henschel, nos leva a uma grande quantidade de registros e diferentes usos da fotografia na divulgação de eventos, ilustração de artigos, capas de livros, intervenções urbanas, instalações artísticas e obras de arte, como “As filhas  de Eva” de Rosana Paulino, rótulos de cerveja e até em tatuagens, dentre muitos outros.[6]

Indo além da discussão em torno de um desconhecimento sobre a história da fotografia e sobre a história da Revolta dos Malês e de Luiza Mahin, podemos entender a apropriação dessa imagem como um desejo de dar voz e corpo a uma mulher. Se a própria existência de Luísa Mahin é questionada pela historiografia e sua participação no levante deve ser problematizada, como observa João José Reis,[7] na mesma medida, verifica-se, nas últimas décadas, um processo de mitificação que visa à sua manutenção no imaginário afro-brasileiro. Essa estratégia se deve, em especial, ao feminismo negro que, no intuito de superar a violência simbólica exercida sobre as mulheres negras, “buscou positivar a imagem das afro-brasileiras, recorrendo à reelaboração e valorização das histórias das suas sucessoras.”[8]

A mulher fotografada por Henschel é identificada como Luísa Mahin até mesmo em eventos acadêmicos, como observado em uma apresentação no I Congresso Nacional do PROFHISTÓRIA (Mestrado Profissional em Ensino de História), realizado em Salvador, em 2019. Uma historiadora que trabalha com educação patrimonial nas fazendas do Vale do Paraíba, tendo exibido a fotografia associando-a a mãe de Luís Gama, foi questionada quanto ao seu uso. A resposta foi enfática: uma escolha. Desejo de atribuir um rosto a uma personagem guerreira. É o olhar altivo com que a modelo encara a câmera sintetizando qualidades como força, resistência e coragem que corresponde à imagem desejada para essa mulher.

Nesse sentido e, no nosso entendimento, a mulher negra de turbante acaba contrariando a tese de Manuela Carneiro da Cunha sobre escravizados retratados, quando afirma que “Num retrato pode-se ser visto e pode-se dar a ver […]. Quem encomenda uma fotografia mostra-se, dá-se a conhecer […] como gostaria de ser visto […] É o sujeito do retrato. Aqui o escravo é visto, não se dá a ver.”[9] Certamente não é o caso da modelo fotografada por Henschel. Ela subverte a condição de escravizada e, por isso, objetificada, dando-se a ver como protagonista. E nesse aspecto, as autoras Maria Lafayette Aureliano Hirszman e Sandra Sofia Machado Koutsokos concordariam conosco, segundo a perspectiva de seus estudos sobre os retratos de autoria de Christiano Jr.[10]

Assim, a “negra de turbante” é retirada do sistema de classificação humana, usado para deleite, curiosidade, e principalmente para estudos sobre o “outro”. Estes, baseados em teorias cientificistas, de fundo racista, amplamente difundidas ao longo do século XIX, para as quais os registros fotográficos contribuíram como forma de comprovação de teses, como a de que os negros eram seres inferiores.[11] Deixa de ser vista da forma generalizante com que foi categorizada, um “tipo de negro”[12], exemplar de uma coletividade exótica e pitoresca, muito cara ao romantismo dos estudos de folclore. Entra para a história ao ganhar a singularidade de uma identidade – mesmo que atribuída muitos anos depois de sua própria morte – que a torna protagonista e ícone na construção da memória afro-diaspórica no Brasil.

 

[1] Sobre Henschel, ver, entre outros, HEYNEMANN, Cláudia. “De Berlim às capitais do Império: a experiência fotográfica em Alberto Henschel”. In: BAREL, Ana Beatriz Demarchi e COSTA, Wilma Peres (Orgs.). Cultura e poder entre o Império e a República: Estudos sobre os imaginários brasileiros (1822-1930), São Paulo, Alameda, 2018. HEYNEMANN, Cláudia e RAINHO, Maria do Carmo Teixeira. Retratos Modernos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. VASQUEZ, Pedro. Karp. Fotógrafos alemães no Brasil do século XIX. São Paulo: Metalivros, 2000. WANDERLEY, Andrea C. T. O alemão Alberto Henschel (1827 – 1882), o empresário da fotografia, Brasiliana Fotográfica. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=1138. Acesso em 2 de março de 2020.

[2] MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A fotografia como documento – Robert Capa e o miliciano abatido na Espanha: sugestões para um estudo histórico. Tempo, Rio de Janeiro,n. 14, 2002, p. 131-151.

[3] FLORES, Joana . Mulheres negras e museus de Salvador. Diálogo em branco e preto. Salvador: edição da autora , 2017.

[4] A imagem também pode ser encontrada também no EthnologischesMuseum, de Berlim e na Fundação Joaquim Nabuco.

[5] GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. Rio de Janeiro: Record, 2018.

[6] Ver, entre outros: o material de divulgação da palestra “Autografias Luíza Mahin: um mito libertário no Feminismo Negro”, promovida pelo SESC, em São Paulo, em 2015, disponível em: https://centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br/atividade/luiza-mahin-um-mito-libertario-no-feminismo-negro , acesso em 10 de julho de 2019; do Colóquio Internacional Subjectividades Escravas nos Mundos Ibéricos (Séculos XV-XX), realizado em 2018, promovido pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Portugal, disponível em: https://www.ics.ulisboa.pt/sites/ics.ulisboa.pt/files/events/cartaz/diptico_subjective_hd1.pdf, acesso em 20 de agosto de 2019; as capas dos livros O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado, de Abdias do Nascimento, disponível em: https://www.editoraufv.com.br/produto/o-genocidio-do-negro-brasileiro–processo-de-um-racismo-mascarado-3-edicao/1784951, acesso em 29 de fevereiro de 2020; Ocupação Luiza Mahin, disponível em: http://www.sindipetroba.org.br/2017/noticia/8337/lancamento-do-livro-%E2%80%9Cocupac%C3%A3o-luisa-mahin%E2%80%9D-tem-feijoada-e-m%C3%BAsica, acesso em 20 de agosto de 2019; Luiza Mahin, romance de Armando Avena, disponível em: http://atarde.uol.com.br/coluna/armandoavena/2112050-heroina-negra-luiza-mahin-e-tema-de-livro-de-armando-avena-premium, acesso em 12 de dezembro de 2019; o cartaz do evento “Sarau das Pretas – Luiza Mahin vive!”; disponível em: https://www.londrinatur.com.br/agenda/sarau-das-pretas-luiza-mahin-vive/, acesso em 20 de agosto de 2019; o site do MAR com a divulgação da exposição “Rosana Paulino: a costura da memória”, disponível em: http://museudeartedorio.org.br/programacao/a-costura-da-memoria-2/, acesso em 29 de fevereiro de 2020; a tatuagem apresentada como “Portrait de Luiza Mahin uma das figuras africanas mais importantes da história”, disponível em: http://picdeer.org/thiago.maga.tattoo, acesso em 20 de agosto de 2019; o rótulo da cerveja Mahin, disponível em https://www.facebook.com/1984215361805614/photos/a.1985548531672297/1985548365005647/?type=3&theater, acesso em 20 de agosto de 2019.

[7] “Nenhuma Luíza, aliás, foi incluída em quaisquer listas de presos por envolvimento no levante. A única mulher com esse nome que encontrei em 1835 foi uma liberta, presa provavelmente em novembro para ser deportada por crime não especificado, mas de forma alguma por insurreição. […] O personagem Luíza Mahin, então, resulta de um misto de realidade possível, ficção abusiva e mito libertário. A rigor, o que dela se conhece tem pouca fundamentação histórica. O que mais se aproxima dela é o pouco que sobre ela escreveu o filho Luiz Gama. Do que este revelou, o envolvimento da mãe em 1835 é até possível, embora os documentos sobre a revolta não o confirmem e indiquem como altamente improvável seu papel de liderança.” REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 301-303.

[8] LIMA, Dulcilei da Conceição. Desvendando Luiza Mahin: um mito libertário no cerne do feminismo negro. Dissertação. Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura, São Paulo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2011, p.8.

[9] CUNHA, Manuela Carneiro da. “Olhar escravo, ser olhado”. In: AZEVEDO, Paulo Cesar de e LISSOVSKY, Mauricio [e outros] Escravos brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr. São Paulo: Ed. Ex Libris Ltda., 1988, p. 23. Apud. KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. No estúdio do fotógrafo. Representação e auto-representação de negros livres, forros e escravos no Brasil da segunda metade do século XIX. Tese. Doutorado em Multimeios, Campinas, UNICAMP, 2006, p. 107.

[10] HIRSZMAN, Maria Lafayette Aureliano. Entre o tipo e o sujeito: os retratos de escravos Christiano Jr. Dissertação. Mestrado em Artes, São Paulo, USP. 2011. KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. No estúdio do fotógrafo, op. cit.

[11] KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. ‘Typos de pretos no estúdio do photographo’: Brasil segunda metade do século XIX. Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, v. 39, 2008, p. 455-482.

[12] O “tipo” é uma denominação classificatória das diferenças humanas físicas e culturais, caras aos estudos de história natural dos séculos XVIII e XIX, segundo os quais, a humanidade é parte da natureza e deve ser estudada segundo os mesmos critérios taxonômicos. “Assim, foi-se criando e se afirmando cada vez mais […] um padrão imagético taxonômico cuja expressão mais evidente pode-se chamar de documentação de espécimes – sejam botânicos, animais, ou tipos humanos inseridos em universos sociais”. Cf. SELA, Eneida Maria Mercadante. Modos de ser em modos de ver: ciência e estética em registros de africanos por viajantes europeus (Rio de Janeiro, ca. 1808-1850). Tese. Doutorado em História. Campinas, Unicamp, 2006. p.65. Em outras palavras, a classificação humana como “tipo” era uma forma não apenas de estudar o “outro”, mas também de inferiorizá-lo e dominá-lo, sob a perspectiva de lidar com uma “essência abstrata da variação humana” que é como o “tipo” é definido por Elizabeth Edwards Apud. HIRSZMAN, Maria Lafayette Aureliano. Entre o tipo e o sujeito…, op. cit. p. 48.

 

*Aline Montenegro Magalhães é Doutora em História | Pesquisadora do Museu Histórico Nacional

Maria do Carmo Rainho é Doutora em História | Pesquisadora do Arquivo Nacional

 

O artigo Produção, usos e apropriações de uma imagem: o processo de iconização da fotografia da mulher de turbante, de Alberto Henschel, das mesmas autoras e também sobre esse tema foi publicado da Revista de História da UEG (Universidade Estadual de Goiás), em 14 de julho de 2020. **

Link para o artigo As reencarnações de uma mulher negra: pessoa-coisa-pessoa, de Alexandre Araujo Bispo, publicado em 17 de novembro de 2020, na Revista de Fotografia Zum.***

 

**Esta informação foi acrescentada ao texto em 16 de julho de 2020.

*** Esta informação foi acrescentada ao texto em 17 de março de 2021.

 

 Links para artigos da Brasiliana Fotográfica sobre Alberto Henschel e sobre a escravidão no Brasil

 

cartão Albert Henschel

Photographia Allemã, de Alberto Henschel / Acervo IMS

 

 

 

 

Retratos de escravizados pelo fotógrafo Christiano Junior (1832 – 1902)

No Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, a Brasiliana Fotográfica publica o artigo As fotografias de escravizados de Christiano Junior conservadas no Museu Histórico Nacional, da historiadora Maria Isabel Ribeiro Lenzi. No século XIX, imagens de escravizados eram produzidas por artistas e fotógrafos e vendidas para os estrangeiros de passagem pelo Rio de Janeiro.  O fotógrafo açoriano Christiano Junior (1832 – 1902), aproveitando o filão, produziu “variada coleção de costumes e tipos de pretos, coisa muito própria para quem se retira para a Europa”. O álbum “Photographias de costumes brazileiros”, com 24 imagens, foi apresentada na Exposição Internacional do Porto de 1865. Pertenceu ao rei D. Fernando, de Portugal, e, em 1933,  foi doada por Jorge Olinto ao Museu Histórico Nacional, uma das instituições parceiras do portal.

 

As fotografias de escravizados de Christiano Junior conservadas no Museu Histórico Nacional

Maria Isabel Ribeiro Lenzi *

 

O Brasil durante mais de 300 anos teve a escravidão na base da produção da economia. Escravizaram-se índios nos primeiros anos da colonização portuguesa e, posteriormente, verificou-se que o comércio negreiro era tão ou mais lucrativo do que a transação com o açúcar que era produzido nos engenhos, cuja mão de obra negra marcava a participação africana na política mercantilista.

No Império do Brasil, a escravidão continua sendo a principal fonte de renda, como nos é lembrado quando vemos fotografias de colheitas de café ou da mineração, onde os escravizados são protagonistas. O tráfico negreiro, até 1850, é um grande negócio para o capitalista brasileiro. A escravidão estava em toda parte e mesmo uma pessoa de pequenas posses possuía um escravo de ganho que lhe trazia diariamente o sustento. Deste modo, na capital do Império, circulavam pelas ruas diversos tipos de trabalhadores, a maioria absoluta, negra. Eram carregadores, aguadeiros, vendedores de frutas, cesteiros, barbeiros ambulantes, quituteiras, etc.

Acessando o link para as fotografias de escravizados de Christiano Junior conservadas no MHN disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

O que é muitas vezes esquecido é que da escravidão também advinham recursos indiretos: o comprador de escravizados pagava imposto ao município referente àquela compra; o senhor que gastou dinheiro para adquirir escravizados possuía uma apólice de seguro que garantia o investimento de seu capital; finalmente, devemos lembrar as imagens que eram produzidas por artistas e fotógrafos e vendidas para os estrangeiros de passagem pelo Rio de Janeiro. Provavelmente a pessoa retratada não recebia por direito de imagem, mas seu retrato, vendido como souvenir dos trópicos, respondia à demanda do consumo do exótico e enriquecia algumas pessoas.

 

 

O fotógrafo português Christiano Jr. aproveitou esse filão e produziu “variada coleção de costumes e tipos de pretos, coisa muito própria para quem se retira para a Europa”(1) . A coleção era composta de cerca de 77 fotografias tamanho cartes de visites com retratos de trabalhadores de corpo inteiro e retratos de rostos de pessoas de diferentes sociedades africanas – a função e o tipo de escravizados. Eram vendidas no estabelecimento de Christiano Jr. à Rua da Quitanda e também na Casa Leuzinger. As fotografias tomadas no estúdio de Christiano Jr., feitas para os estrangeiros, não mostram a paisagem, nem a cidade, nem as estradas. Exibem os escravizados. Provavelmente, essas pessoas, ao posarem com seus instrumentos de trabalho, ganharam algum trocado do fotógrafo. Com certeza eram escravizados, pois aqueles que aparecem de corpo inteiro estão, todos, descalços, o que marcava a condição escrava do trabalhador.

 

 

Em 1865, Christiano Jr. apresenta “Photographias de costumes brazileiros” na Exposição Internacional do Porto. São duas molduras, cada uma com 12 fotografias de escravizados das ruas do Rio de Janeiro. Essas 24 imagens foram, depois de expostas, oferecidas a D. Fernando, rei de Portugal pelo fotógrafo e podemos ler nas molduras a dedicatória: “a. s. m. El Rei D. Fernando, Christiano Junior, rua da Quitanda, 45, 2º andar”.

 

molduras

Molduras para as imagens do álbum Photografias de costumes brazileiros, de 1865

 

Das 24 fotografias escolhidas para a exposição, 12 são retratos de rostos africanos e as outras 12 são de trabalhadores de ganho. São cenas de trabalho recriadas no ateliê do fotógrafo, cujo objetivo é mostrar a atividade, não representar o indivíduo. Deste modo, encontramos cesteiros, quitandeiras, barbeiros, carregadores, vendedores de frutas, vendedores de cadeira. Quanto aos tipos, do mesmo modo não buscavam representar a pessoa em si, mas sua origem: Christiano Junior escreveu em baixo de cada rosto, a nação ou o porto africano que os embarcou: Mina Nagô, Cabinda, Angola, Moçambique, Monjolo, Congo.

 

 

 

Esta coleção que pertenceu ao rei D. Fernando foi doada ao Museu Histórico Nacional – MHN – em 1933, por Jorge Olinto, estando, desde então, sob a guarda do museu. Passou pelos cuidados do Centro de Conservação e Preservação da Funarte – CCPF, no final da década de 1980, quando, para melhor conservá-las, as fotografias foram retiradas das molduras (foram higienizadas, estabilizadas, acondicionadas e reproduzidas em negativo). Todavia, foram as molduras preservadas, pois além de guardarem a dedicatória do fotógrafo a D. Fernando revelando por onde essas fotografias passaram antes de vir para o museu, elas trazem consigo a estética de uma época em que as exposições internacionais eram o must no mundo ocidental, ávido para conhecer o exótico e o pitoresco sem precisar viajar para tão longe, o que era possibilitado pela fotografia.

 

(1) Almanaque Laemmert. Apud Gorender, Jacob, A face escrava da corte imperial brasileira. In Azevedo, Paulo César;Lissovsky, Maurício. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr. São Paulo: Ex Libres, 1988.

 

 

*Maria Isabel Ribeiro Lenzi é Doutora em História pela UFF e historiadora do Arquivo Histórico do Museu Histórico Nacional (IBRAM/MinC)

 

Fontes:

CUNHA, Manoela Carneiro da. Olhar Escravo, Ser Olhado. In: Lissovisky, Maurício; Azevedo, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: Ex-Libris, 1988

GORENDER, Jacob. A Face Escrava na Corte Imperial Brasileira. In: Lissovisky, Maurício; Azevedo, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: Ex-Libris, 1988

LEITE, Marcelo Eduardo. Typos de pretos: escravos na fotografia de Christiano Jr. Visualidade, Goiânia, V.9, jan-jun, 2011.

LISSOVISKY, Maurício; AZEVEDO, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: Ex-Libris, 1988

MAGALHÃES, Manuel. Christiano Junior, um açoriano, fotógrafo, na América do Sul. Revelar, Revista de Estudo de Fotografia e Imagem, Porto: Universidade do Porto, V. 1, out. 2016.

SODRÉ, Muniz. À Sombra do Retrato. In: Lissovisky, Maurício; Azevedo, Paulo Cesar. Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., São Paulo: ExLibris, 1988

TURAZZI, Maria Inez. A fotografia e as exposições na era do espetáculo (1839 – 1889). Rio de Janeiro: Funarte/Rocco, 1995.

 

 

 

Cronologia de Christiano Júnior 

Andrea C.T. Wanderley**

 

1832 – O português José Christiano de Freitas Henriques Junior nasceu na Ilha das Flores, no Arquipélago dos Açores, em 21 de julho de 1832.

1855 – Chegou ao Brasil com sua esposa, Maria Jacinta Fraga, e com os dois filhos do casal: os futuros fotógrafos José Virgílio (1851 -?) e Frederico Augusto (1853-?).

1862 – Christiano Junior anunciava, em Maceió, em Alagoas, seus retratos fotográficos sobre vidro, papel, pano e encerado.

Chegou no Rio de Janeiro e em anúncio ofereceu seus serviços de fotógrafo. Seus trabalhos estariam expostos na casa do sr. Bernasconi e chamados escritos deveriam ser enviados para o Hotel Brysson, na rua d´Ajuda, 57 B. Também aceitava pedidos de quadros e cestas de flores e frutas de cera, imitando perfeitamente o natural (Correio Mercantil, e Instrutivo, Político, Universal, 2 de dezembro de 1862, quinta coluna).

1864 - Era um dos proprietários da Photographia do Commercio, na rua São Pedro, 69. Seu sócio era Fernando Antônio de Miranda (Jornal do Commercio, 17 de julho de 1864).

 

1865 - O endereço do estabelecimento fotográfico de Christiano e Miranda mudou para rua da Quitanda, 53 (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1865).

Christiano mudou-se sozinho para a rua da Quitanda, 45. Anunciou que em seu estabelecimento, a Photographia e Pintura, fazia cartões de visita, ambrótipos, cenótipos, fotografias coloridas a óleo, aquarela ou pastel, além de retratos para broches e medalhas. Também anunciou a venda de coleções dos costumes dos pretos nessa corte e no interior da província, em cartões para álbuns, coisa muito própria para quem se retira para a Europa  (Jornal do Commercio, 2 de abril de 1865 e Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1866).

Exposição na Casa Bernasconi de quatro molduras contendo 48 fotografias de autoria de Christiano. Delas 12 costumes de pretos de ganho, vendilhões e outras 12 representam tipos de diferentes nações da raça africana. Essas 24 imagens foram oferecidas a d. Pedro II (1825 – 1891). As outras 24 foram enviadas à eExposição Internacional do Porto e oferecidas a d. Fernando, rei de Portugal (Correio Mercantil, 22 de julho de 1865, penúltima coluna).

Participou da Exposição Internacional do Porto e suas obras, assim como as do fotógrafo Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), foram expostas na seção de Belas-Artes (Jornal do Commercio, de 1865, terceira coluna).

Christiano Jr, identificado como fotógrafo bastante conhecido pelos excelentes trabalhos executados em sua oficina, doou 400 fotografias do falecido cônsul de Portugal, Antonio Emilio Machado Reis, para ajudar à família do diplomata. Houve uma exposição das fotos na sociedade Madrepora, instituída por Machado Reis (Correio Mercantil, 1º de novembro de 1865, terceira coluna).

1866 - Publicação de anúncio da Galeria Photographica e de Pintura na seção de “Notabilidades” do Almanaque Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro. Christiano Junior anunciava que havia reaberto seu estabelecimento fotográfico após uma reforma e oferecia timbres-postes, fotografias em diversas dimensões – até a natural -, podendo ser coloridas por várias técnicas, retratos em cenótipos, fotografias de homens célebres, além de uma variada coleção de costumes e tipos de pretos, coisa muito própria para quem se retira para a Europa.

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Estabelecido na rua da Quitanda, 45, Christiano fez uma exibição de retratos para cartas, uma nova e interessante aplicação da fotografia, realizada a partir de um instrumento que em 15 segundos dá 12 e 24 retratos, pequenos, mas nem por isso menos parecidos. Os retratos seriam usados para marcar o papel de carta, o que anteriormente era feito com a iniciais do remetente (Diário de São Paulo, 4 de fevereiro de 1866, segunda coluna).

 

No verso de uma de suas cartas de visita oferecia retratos em lenço, costumes e tipos de índios, cópias de gravuras de Morgado de Mateus reproduzidas de uma rara edição de Os Lusíadas, retratos em porcelana, e em marfim, retratos em vidro para ver por transparências, vistas para estereoscópios, retratos de homens célebres, monarcas, guerreiros, literatos, etc.

Participou da II Exposição Nacional e o que apresentou foi saudado como excelentes retratos e perfeitíssimas reproduções de uma dúzia de gravuras. Conquistou a medalha de bronze (Semana Ilustrada, 18 de novembro de 1866, segunda coluna e Diário do Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1867, última coluna).

Sobre ele, o pintor Victor Meirelles (1832 – 1903), que assinou em nome do júri do quarto grupo – onde se incluía a fotografia – comentou no Relatório da II Exposição Nacional do Rio de Janeiro:

‘Os trabalhos deste senhor não são menos dignos de atenção por algumas boas qualidades que contêm. As reproduções das gravuras da obra ilustrada: Os Lusíadas, de Camões, publicada em 1817, por D. José Maria de Souza Botelho – Morgado de Mateus, etc, etc, são bem copiadas, e não podemos deixar de louvar tão feliz lembrança, bem como o serviço que presta aos artistas e amadores das belas artes pela propagação dessas belas composições artísticas devidas ao lápis dos célebre pintores Gerard e  Fragonard.       

Christiano Junior participou que, a partir do dia 1º de dezembro de 1866, seu amigo Bernardo José Pacheco passaria a ser seu sócio em seu estabelecimento fotográfico, na rua da Quitanda, 45, que passaria a funcionar com a razão Christiano Junior & Pacheco (Jornal do Commercio, 3 de dezembro de 1866, quarta coluna e Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1867).

 

 

Em torno desse ano, realizou uma série de fotografias médicas.

 

1867 – Christiano Junior estava em Desterro, atual Florianópolis, e abriu um ateliê fotografico na rua Augusta, 26. Anunciou sua pretensão de fazer algumas vistas da cidade e também de vistas para estereoscopos, além de informar que pretendia ficar apenas por um mês na cidade porque estaria de passagem para o rio da Prata (O Despertador, 1º de fevereiro de 1867 e O Mercantil, 28 de fevereiro de 1867).

 

 

 

 

Abriu um ateliê fotográfico, em Mercedes, no Uruguai.

Christiano Junior começou a tentar expandir suas atividades na Argentina. Em 1º de dezembro, em Buenos Aires, inaugurou um bem sucedido estúdio de fotografia, na rua Florida, nº 159. Iniciou uma significativa produção de retratos e, segundo os pesquisadores argentinos Abel Alexander e Luis Priano, que examinaram os álbuns relativos ao seu trabalho que estão depositados no Archivo General de la Nación, estima-se que foram produzidos por ele mais de 4 mil retratos entre 1873 e 1875.

No censo de 1869 de Buenos Aires, constavam os nomes de Christiano e de seus dois filhos. O de sua esposa não, o que indica que provavelmente estavam separados ou ele tinha enviuvado.

1870 - Em um anúncio, Christiano Junior & Pacheco avisavam que à vista dos mesquinhos preços a que alguns de nossos colegas têm reduzido a fotografia, vemo-nos também obrigados a baixar nossos preços. Informava ainda que Christiano Junior havia trazido de sua casa, em Buenos Aires, um novo sistema, a imitação porcelana, por ele introduzida lá e aqui (Jornal da Tarde, 18 de agosto de 1870).

 

 

Em francês, anúncio da venda de um produto de combate à umidade na Maison Christiano Junior & Cia. O produto teria sido descoberto por um associado de Christiano em Paris, o pintor químico M. Regnault. A propaganda foi publicada outras vezes (Ba-Ta-clan, 27 de agosto de 1870).

Christiano Junior & Pacheco anunciavam uma novidade fotográfica, a imitação da porcelana – unicamente se fazem na rua da Quitanda, 45 (Jornal do Commercio, 28 de agosto de 1870, terceira coluna).

Christiano Junior montou um estúdio fotográfico voltado ao público infantil, a Fotografia de la Infancia, na rua de Las Artes, n. 118, em Buenos Aires.

Em torno desse ano, fotografou o Conde d´Eu(1842 – 1922), marido da princesa Isabel (1846 – 1921).

 

 

1871 – Recebeu a medalha de ouro na primeira Exposição Nacional da Argentina, na cidade de Córdoba, com a série de fotos Vistas y costumbres de la Republica Argentina. 

1873 - Publicação de um anúncio da Photographia de Christiano Junior & Pacheco no Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1873 .

 

 

1874 – Christiano Junior & Pacheco eram réus em uma ação movida por Olímpio Militão Vieira na Primeira Vara Cível (Diário do Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1874, primeira coluna).

1875 – O estabelecimento fotográfico de Christiano Junior & Pacheco foi anunciado pela última vez no Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1875, no endereço rua da Quitanda, 39 a 41.

Seu ateliê fotográfico voltado ao público infantil, a Fotografia de La Infância, era, segundo anúncio publicado no jornal La Prensa de 04 de fevereiro de 1875, possuidor de máquinas instantâneas que permitem tirar retratos de criaturas inquietas e travessas. O ateliê foi destruído por um incêndio em março de 1875, e foi reaberto pouco depois, à rua Victoria 296, agora gerenciado por seu filho José Virgílio, que havia sido seu ajudante.

Manoel Garcia Vidal, ex-sócio de Christiano Junior & Pacheco, anunciou a abertura de um estabelecimento fotográfico na rua Sete de Setembro, 76, esquina com Gonçalves Dias (Jornal do Commercio, 17 de março de 1875, sexta coluna).

Um incêndio destruiu o prédio número 41 da rua da Quitanda, de propriedade da Santa Casa de Misericórdia. No segundo andar ficava o estabelecimento Christiano Junior & Pacheco (Jornal de Recife, 29 de março de 1875, segunda coluna). Eles passaram a atender no ateliê do renomado fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924), na rua do Ourives, 38 (Jornal do Commercio, 21 de março de 1875).

A Photographia de Pacheco, Menezes e Irmão era anunciada como sucessora de Christiano Junior & Pacheco, na rua da Quitanda, 39 (Gazeta de Notícias, 10 de agosto de 1875, terceira coluna).

 

 

Christiano tornou-se fotógrafo oficial da Sociedade Rural Argentina e realizou sua primeira exposição pela entidade, da qual se desligaria em 1878.

1876 – Lançou o primeiro volume da coleção intitulada Album de Vistas e Costumes de La Republica Argentina, que trazia 16 imagens de Buenos Aires acompanhadas por textos explicativos em quatro idiomas. Primeiro trabalho com essas características produzido na Argentina, o material foi, em parte, formado pelo aproveitamento de vistas anteriormente colocadas à venda em seu ateliê. Christiano Júnior nesse trabalho mesclou imagens da Argentina colonial e pastoril com as de uma nova nação, representada sobretudo pelas novas construções.

Para introduzir o álbum afirmou: ‘Meu plano é vasto e quando estiver completo a República Argentina não haverá nem pedra nem árvore histórica, do Atlântico até os Andes, que não tenha sido submetido ao foco vivificador da câmara escura.’

 

 

Ganhou a medalha de ouro na segunda exposição anual da Sociedade Científica Argentina.

Participou da Exposição Universal da Filadélfia de 1876.

1877 - Foi lançado o segundo volume de seu trabalho, contando com doze retratos de tipos populares urbanos e com vistas de construções modernas e históricas.

Produziu uma série que retratava a nova penitenciária de Buenos Aires, trabalho que foi vendido de forma avulsa e em álbum encadernado.

No catálogo da primeira exposição do Club Industrial de Buenos Aires, em 1877, na qual participou, Christiano Junior escreveu acerca de suas fotos médicas, realizadas no Brasil, que segundo o parecer dos médicos nacionais e estrangeiros, nenhum fotógrafo, até aquela data [1866] havia tirado do natural um trabalho semelhante.

1878 - Vendeu seu estúdio em Buenos Aires para Witcomb & Mackern. Deixou no arquivo do ateliê um acervo de mais de 170 vistas.

Participou da Exposição Universal de Paris de 1878.

1879 a 1883 – Viajou pelo interior da Argentina, fotografando várias províncias do país, continuando a série de álbuns de Vistas e Costumes da República Argentina. Passou pelas cidades de Rosário, Córdoba, Río Cuarto, Mendoza, San Juan, San Luis, Catamarca, Tucumán, Salta e Jujuy. Antes de chegar às cidades, anuncia nos jornais locais que ali prestará seus serviços. Monta seu estúdio associado a um fotógrafo local e, em alguns casos, acompanhado de seu  filho. Uma vez instalado na localidade, dá início ao trabalho no ateliê e, paralelamente, desenvolve seu projeto maior: os álbuns de vistas.

1882 – Participou da Exposição Continental de Buenos Aires em 1882.

1883 – Anúncio do estabelecimento fotográfico de Menezes & Irmão, sucessores de Christiano Junior & Pacheco (Gazeta da Tarde, 5 de junho de 1883, última coluna).

Christiano Junior desvinculou-se de seu último ateliê, localizado na cidade de Corrientes. Abandonou temporariamente a fotografia, dedicando-se à produção e comércio de vinhos e licores, os quais vendia ao Brasil, à Argentina e ao Paraguai.

1890 – De Buenos Aires, Christiano Junior importou 382 fardos feno, que chegaram no vapor francês Bearn (Jornal do Commercio, 28 de janeiro de 1890, penúltima coluna).

De Buenos Aires, Christiano Junior importou quatro sacos de alpiste, 10 de cevada, 10 de linhaça, seis de milho e 40 caixas de passas e nove de vinho que chegaram no vapor francês Bretagne (Jornal do Commercio, 23 de abril de 1890, quarta coluna).

1892 – Pelo decreto de 21 de dezembro de 1892, foi concedida, por 15 anos, a Christiano Junior, a patente da invenção do processo aperfeiçoado de fabricar vinho de cana (Minas Gerais, Órgão Oficial dos Poderes do Estado, 24 de dezembro de 1992, terceira colunaJornal do Brasil, 26 de dezembro de 1892, quarta coluna, e Relatório do Ministério da Agricultura de 1993).

1899 – Publicação do livro de sua autoria,  Tratado prático de vinicultura, destilaria e licoreria, com prólogo do escritor argentino Eduardo L. Holmberg (1852 – 1937).

1901/1902 – Entre esses anos, Christiano Júnior escreveu ainda oito textos autobiográficos publicados no jornal La Provincia: Sueños raros (14/12/1901); Recuerdos de mi tierra, dedicado a seu neto Augusto (1/1/1902), Tempora mutantur (Buenos Aires de 1866 a 1900), dedicado a sua neta Telma (15, 18, 21, 25/1/1902); Un carnaval en mi tierra, dedicado a Pedro Benjamín Serrano ( 8/2/1902); En los Andes, dedicado a Félix M Gómez (1/3/1902); Informalidad y mentira, dedicado a Manuel V. Figuerero (26/3/1902); Brasil de 1855 a 1870, dedicado a Guillermo Rojas ( 5/4/1902), e De Corrientes (17/5/1902) (Recordando Christiano).

1902 – Christiano Junior faleceu em 19 de novembro, em Assunção, no Paraguai. Seu necrológio foi publicado, em 13 de dezembro de 1902, na revista argentina Caras Y Caretas, página 28 :

Em Assunção do Paraguai, onde vivia retirado há muitos anos pintando fotografias, faleceu na semana passada o velho fotógrafo don Christiano Junior, cuja arte para retratar a antiga família portenha era famosa em seu tempo. Junior foi o antecessor de Witcomb e diante de sua objetiva desfilaram as mais conhecidas damas e cavalheiros daquela época. Morreu pobre, privado quase por completo de sua visão, e deixa uma lembrança agradável em todos os que conheceram.’

 

anuncio12 Caras y Caretas, 13 de dezembro de 1902

 

Posteriormente, seus restos mortais foram levados para Buenos Aires e sepultados no cemitério de Olivos.

 

**Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Seguem os links dos artigos já publicados na Brasiliana Fotográfica sobre a Abolição da Escravatura:

Dia da Abolição da Escravatura

Missa Campal de 17 de maio de 1888

Machado de Assis vai à missa, de autoria de José Murilo de Carvalho

Missa Campal de 17 de maio de 1888 – Novas identificações

Princesa Isabel (RJ, 29 de julho de 1846 – Eu, 14 de novembro de 1921)

Missa Campal de 17 de maio de 1888 – Mais identificações

A Brasiliana Fotográfica, o Dia da Abolição da Escravatura e Machado de Assis na Missa Campal

O retratista português Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 14 de outubro de 1912)

Um dos mais prestigiados e famosos retratistas do Brasil no século XIX, o fotógrafo e pintor português Joaquim José Pacheco, posteriormente Joaquim Insley Pacheco, nasceu em Cabeceiras de Bastos, em 1830. Era muito requisitado pela corte imperial brasileira e, além de ter sido muito procurado para a execução de retratos, era reconhecido por seu trabalho com fotopintura.

Uma crônica do poeta e jornalista Xavier de Novais (1820 – 1869) de 24 de outubro de 1863 chamava atenção para a popularidade de Insley Pacheco no Rio de Janeiro:

“…Pouco distante do meu pouso eleva-se uma casa cuja fachada pintada de cores vivas provoca a atenção dos que passam. É aí o palácio do fotógrafo mais afamado da capital, J. Insley Pacheco, que tem tido a honra de copiar todos os narizes do Rio…”

No fim dos anos 1840, já estava em Fortaleza, capital do Ceará, onde teve contato com a fotografia com o daguerreotipista e mágico irlandês Frederic Walter (18? – 18?), que tornou-se seu mestre. Segundo Mello Moraes Filho, Insley possuía uma natureza em demasia curiosa, índole decidida e aventureira. De acordo com o mesmo autor, Insley foi o introdutor da ambrotipia no Brasil. Ele teria adquirido, de um capitão de navio ancorado no porto do Rio de Janeiro, fórmulas e máquinas do referido processo.

O primeiro estabelecimento de Insley que se tem notícia ficava na rua Formosa, em Fortaleza. Entre 1949 e 1951, viajou pelos Estados Unidos, onde estudou com os fotógrafos Mathew Brady (c.1822 – 1896), Jeremiah Gurney (1812 – 1895) e Henry E. Insley (1811 – 1894). Acredita-se que em homenagem a esse último adotou o sobrenome Insley.

 

Acessando o link para as fotografias de Joaquim Insley Pacheco disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

Em 1851, de volta a Fortaleza, seu estúdio ficava na rua da Palma Unidos (O Cearense, 9 de maio de 1851, na última coluna).  Um ano depois, vendeu por menos de seu valor todos os utensílios pertencentes a sua profissão de retratista (Pedro II, 21 de agosto de 1852, na terceira coluna). Partiu para Sobral (Pedro II, 8 de dezembro de 1852) e depois de uma rápida permanência em Pernambuco, em 1854, onde seu ateliê ficava no Aterro da Boa Vista, nº 4, no Recife, foi para o Rio de Janeiro e anunciava, em 1855, sua Novíssima e esplêndida galeria de retratos pelo sistema cristalotipo, em seu novo estúdio fotográfico, na rua do Ouvidor, nº 31, posteriormente 40 (Jornal do Commercio  7 de fevereiro de 1855 e Correio Mercantil, 9 de fevereiro de 1855 ). Já assinava com o sobrenome Insley. No estabelecimento, também eram comercializados quadros, caixas, molduras e alfinetes (Jornal do Commercio, 2 de agosto de 1855). O ateliê também funcionava, eventualmente, como uma galeria para exposições de artes plásticas.

Insley Pacheco fotografou, em 11 de agosto de 1855, o imperador Pedro II (1825 – 1891), a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1829) e a filha do casal, princesa Leopoldina (1847 – 1871), na Quinta da Boa Vista (Diário do Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1856). Em 22 de dezembro desse ano, foi agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial” (segundo Guilherme Auler (1914-1965), sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, conforme informado no livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez). Tudo isso contribuiu para que seu público fosse consistentemente de representantes da elite e retratos realizados em seu estabelecimento eram presenças constantes em álbuns fotográficos de famílias da alta sociedade do século XIX.

Em 1858, foi anunciado um grande passo na arte fotográfica no ateliê de Insley Pacheco: É o ambrotipo e a pintura dando-se as mãos para reunirem a fidelidade da cópia à duração e à persistência das cores (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na quarta coluna). No mesmo ano, em um anúncio de seu estabelecimento, apresentava-se como primeiro e único retratista em vidro (Jornal do Commercio, 13 de maio de 1858).

Em 1860, a firma Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial abriu um estúdio em Salvador, que fecharia no mesmo ano, e outro em São Luís, fechado em 1861. Em 1863, abriu um novo estabelecimento, na rua do Ouvidor, nº 102, no Rio de Janeiro (Diário do Rio de Janeiro , 1º de abril de 1863, na quarta coluna).

Após diversas tentativas fracassadas, o Ministério do Império, com o decreto 5613, de 25 de abril, concedeu privilégio de cinco anos a Joaquim Insley Pacheco, para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim (Diário do Rio de Janeiro, 15 de maio de 1874, na última coluna).

Insley Pacheco foi condecorado pelo governo português com a Ordem de Cristo  (Semana Ilustrada, 3 de março de 1866) e participou das exposições universais de Paris (1867 e 1889), de Viena (1873), e da Filadéfia (1876) e de outras exposições internacionais como as do Porto (1865), de Santiago do Chile (1875), de Buenos Aires (1882) e de Chicago (1893). No Brasil, esteve presente em diversas exposições nacionais e também em várias exposições da Academia Imperial de Belas Artes.

Em torno de 1892, na folha de proteção sobreposta às suas fotografias, Insley Pacheco identificava-se como Fotógrafo e pintor. Cavaleiro da Real Ordem de Cristo. Premiado com a Menção de Honra nas exposições de Vienna e mais 16 medalhas nas exposições de Philadelphia, Porto, Brazil, Chile, Buenos Aires e Chicago. Novo sistema de platinotipia – Rua dos Ourives, 38 – Rio de Janeiro.

Nas artes plásticas, seu mestre foi o pintor Arsênio da Silva (1833 – 1883) e seus quadros foram muitas vezes premiados. Eram adquiridos por destacadas figuras da sociedade como o Barão do Rio Branco (1845 – 1912). Insley Pacheco foi, em 1903, o primeiro presidente da Associação dos Aquarelistas. Em seu ateliê foram realizadas diversas exposições de pintores como Firmino Monteiro (1855 – 1888) e Pedro Weingarten (1853 – 1929).

Em 14 de outubro de 1912, faleceu Joaquim Insley Pacheco, o fotógrafo tradicional do Rio (Jornal do Brasil, 15 de outubro de 1912 e O Paiz, 16 de outubro de 1912, ambos na penúltima coluna).

 

 

Comentário de Boris Kossoy sobre o retrato acima: …um retrato do imperador, entretanto, datado de 1883, isto é, quando contava 58 anos de idade, é particularmente interessante pelo “clima” tropical criado no ateliê: cenário de natureza “plantada” como fundo para o retrato (bem ao contrário dos tradicionais fundos com paisagens europeias complementados por uma mescla de mobiliário vitoriano e clássico, recursos tão utilizados pelos fotógrafos no século XIX). Com a nova montagem do velho teatro tem-se explicitada a ideologia de uma civilização nos trópicos” (KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.).

 

  Cronologia de Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)

c. 1830 - Provavelmente em março, nascimento de Joaquim José (depois Insley) Pacheco, em Cabeceiras de Basto, em Portugal. Era filho de José Antonio Pacheco e Maria Antonia da Conceição. Joaquim era o mais novo de três irmãos: Bernardo, nascido em 1824, e Joaquina, nascida em 1827. Ficaram órfãos de pai em 1835 e, de mãe, em 1839. 

Anos 1840 -  Provavelmente em fins de 1843 veio para o Brasil juntar-se ao seu irmão Bernardo, que teria partido de Portugal em 1837. Também em torno de 1843 sua irmã Joaquina veio para o Brasil. Joaquim fixou-se em Pernambuco, onde trabalhava como mascate ou caixeiro viajante. Nos últimos anos dessa década, estava em Fortaleza, no Ceará, onde teve contato com a fotografia com o daguerreotipista e mágico irlandês Frederic Walter, que tornou-se seu mestre.

Seu ateliê ficava na rua Formosa e ainda como Joaquim José Pacheco anunciou que havia recebido dos Estados Unidos uma excelente máquina e mais utensílios para tirar retratos pelo daguerreótipo (O Cearense, 17 de maio de 1849, na última coluna).

Provavelmente no período entre 1849 e 1851, viajou pelos Estados Unidos, onde estudou com os fotógrafos Mathew Brady (c. 1822 – 1896), Jeremiah Gurney (1812 – 1895) e Henry E. Insley (1811 – 1894). Acredita-se que em homenagem a esse último adotou o sobrenome Insley.

Anos 1850 – Provavelmente casou-se ao longo dessa década.

1851 - Anunciou que estava de volta à Fortaleza, depois de uma viagem aos Estados Unidos (O Cearense, 9 de maio de 1851, na última coluna). Seu ateliê ficava na rua da Palma.

Tinha um ateliê na rua Nova , 61, no Recife, e anunciava sua despedida da cidade (Diário de Pernambuco, 19 de novembro de 1851, primeira coluna).

1852 – Avisou que havia chegado de uma viagem às províncias do sul e divulgava seus retratos pelo sistema electrotypo (Pedro II, 30 de junho de 1852, na terceira coluna).

Provavelmente a falta de clientela levou-o a vender por menos de seu valor todos os utensílios pertencentes a sua profissão de retratista. Anunciava também possuir uma máquina eletro-magnética, que além de servir para choques contra reumatismo, ou gota, paralisia ou dores e S. Victor e todas as moléstias provenientes de um distúrbio do sistema nervoso tem a vantagem de servir para galvanizar!  (Pedro II, 21 de agosto de 1852, na terceira coluna).

Anunciou sua iminente partida de Fortaleza e aconselhava às pessoas a se deixarem retratar (Pedro II, 21 de setembro de 1852, na primeira coluna).

Partiu para Sobral, no Ceará (Pedro II, 8 de dezembro de 1852).

1854 – Em anúncio, ainda como J. J. Pacheco ou Joaquim José Pacheco, divulgava seu novo estilo de retratar e informava que seu estabelecimento, no Recife, ficava na casa em que havia morado o sr. Augustin Lettarte (Diário de Pernambuco, 23 de março de 1854, na primeira coluna)Seu estabelecimento fotográfico localizava-se a no Aterro da Boa Vista, nº 4 (Diário de Pernambuco, 29 de março de 1854, na terceira coluna). Neste mesmo endereço trabalharam os fotógrafos norte-americano Charles DeForest Fredricks (1823 – 1894), em 1851 (Diário de Pernambuco, 23 de julho de 1851, última coluna), Augustin Lettarte, em 1854 (Diário de Pernambuco, 6 de fevereiro de 1854, segunda coluna), e o pernambucano João Ferreira Villela, de 1856 a 1857 (Diário de Pernambuco, 3 de outubro de 1856, primeira coluna).

Houve entre o primeiro daguerreotipista pernambucano, Cincinato Mavignier (18? -?), e Insley Pacheco, um desentendimento em relação à venda de um daguerreótipo (Diário de Pernambuco, 29 de agosto de 1854, última coluna).

Mudou-se para o Rio de Janeiro.

Thomaz Oxford Smith, futuro sócio de Insley, apresentava-se como um professor de daguerreótipo recém chegado de Nova York  (Jornal do Commercio, 10 de dezembro de 1854).

1855 – Anúncio da Novíssima e esplêndida galeria de retratos pelo sistema cristalotipo, novo estúdio fotográfico de Insley Pacheco na rua do Ouvidor, nº 31, posteriormente 40 (Jornal do Commercio,  7 de fevereiro de 1855 e Correio Mercantil, 9 de fevereiro de 1855 ). Já assinava com o sobrenome Insley. Foi publicada uma propaganda da nova galeria em inglês (Jornal do Commercio, 9 de fevereiro de 1855). No estabelecimento, anunciado como o primeiro a realizar retratos pela técnica mencionada na América Meridional, também eram comercializados quadros, caixas, molduras e alfinetes (Jornal do Commercio, 2 de agosto de 1855). 

Um homem do público o acusa de charlatanismo, questionando o anúncio de retratos em cristotipo em seu novo estúdio fotográfico (Diário do Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1855, na quinta coluna). Insley Pacheco respondeu a seu acusador (Correio Mercantil, 12 de fevereiro de 1855, primeira coluna), que por sua vez replicou (Correio Mercantil, 14 de fevereiro de 1855, na primeira coluna).

Foi publicado um convite para uma exposição à noite na galeria de retratos de Insley Pacheco (Jornal do Commercio, 5 de abril de 1855, na quarta coluna). Elogio à exposição e comentário sobre as duas soberbas molduras destinadas às augustas efígies de SS. MM. II (Jornal do Commercio, 11 de abril de 1855, na sexta coluna).

Foi anunciada a nova iluminação a gás da galeria de Insley Pacheco (Jornal do Commercio, 4 de maio de 1855).

Insley Pacheco fotografou o imperador Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e a filha do casal, princesa Leopoldina (1847 – 1871), na Quinta da Boa Vista, em 11 de agosto (Diário do Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1856).

Propaganda de seu ateliê, agora batizado de Photographia Moderna (Diário do Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1855).

Foi noticiado que o estabelecimento de Insley Pacheco havia recebido dos Estados Unidos um rico e variado sortimento de molduras, caixas, passe-partouts (franceses) e outros produtos (Jornal do Commercio, 20 de dezembro de 1855).

Foi agraciado com o título de “Photographo da Caza Imperial”, em 22 de dezembro de 1855 (segundo Guilherme Auler, sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, conforme informado no livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez).

1856 - Propaganda do estabelecimento de Insley Pacheco, destacando uma técnica que beneficiava a execução de retratos de crianças (Correio Mercantil, 7 de dezembro de 1856).

Nascimento de sua filha Emilia (1856 – 1858), que viria a falecer em 1858.

1857 -  O fotógrafo Thomaz Oxford Smith anunciou o fim de sua sociedade com Insley Pacheco no ateliê fotográfico da rua do Ouvidor, 40 (Gazeta Mercantil, 23 de outubro de 1857, na penúltima coluna). 

Foi noticiado que Insley Pacheco havia sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial” (Diário do Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1857).

Em anúncio de seu estabelecimento fotográfico, apresentava-se como Photografista da augusta Casa Imperial e miniaturista em marfim (Jornal do Commercio, 22 de dezembro de 1857).

1858 -  Foi anunciado um grande passo na arte fotográfica no ateliê de Insley Pacheco: É o ambrotipo e a pintura dando-se as mãos para reunirem a fidelidade da cópia a duração e a persistência das cores (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na quarta coluna). Publicação de uma carta de Insley Pacheco sobre o assunto (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na terceira coluna). Foi feito um elogio a seu trabalho (Correio Mercantil, 17 de março de 1858, na segunda coluna).

De mesenterites, falecimento de Emilia, filha de Insley Pacheco de 18 meses (Correio da Tarde, 22 de abril de 1858, na primeira coluna).

Em anúncio de seu estabelecimento, Insley Pacheco apresentava-se como “primeiro e único retratista em vidro” (Jornal do Commercio, 13 de maio de 1858).

Insley Pacheco ofereceu ao liceu de artes e ofícios da sociedade Propagadora das Belas-Artes material para ser usado nas aulas de desenho (Diário do Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1958).

Na casa do sr. Bernascone, na rua do Ouvidor, nº 143, exposição de um retrato do próprio Insley Pacheco colorido a óleo pelo pintor Giovanni Bruschetti (Jornal do Commercio, 29 de setembro de 1958, na terceira coluna).

Passou a integrar a comissão artística da sociedade Propagadora das Belas Artes (Diário do Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1958, na segunda coluna).

1859 - Insley Pacheco, sua mulher (Edvina?) e dois filhos retornaram de uma viagem ao norte, a bordo do paquete a vapor “Oiapoque” (Correio Mercantil, 26 de junho de 1859, na sexta coluna). Voltou ao comando de seu ateliê (Correio Mercantil, 29 de junho de 1859, na primeira coluna).

Foi anunciada a exposição do retrato de uma dama da sociedade tendo ao fundo um bosque, primeiro trabalho desse gênero obtido pelo sistema ambro-cromo-tipo, inventado pelo sr. J. Insley Pacheco (Correio Mercantil, 10 de outubro de 1859, na segunda coluna).

Tornou-se suplente da comissão artística da sociedade Propagadora das Belas Artes (Correio Mercantil, 10 de dezembro de 1859).

1860 – “Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial” anunciaram sua presença em Salvador, na Ladeira de São Bento, 17 (Jornal da Bahia, 3 de janeiro de 1860). Pouco tempo depois, foi anunciado que o estabelecimento fecharia em junho (Jornal da Bahia, 15 de maio de 1860).

A firma abriu um ateliê em São Luís (Jornal do Commercio, Instrutivo, Agrícola e Recreativo, 7 de setembro de 1860). Provavelmente, foi seu irmão que seguiu para o Maranhão.

O fotógrafo João Ferreira Villela (18? – ?) anunciou sua volta a Recife, depois de temporada no Rio de Janeiro, apresentando-se como único discípulo de Insley Pacheco (Diário de Pernambuco, de 4 de outubro de 1860, na última coluna).

Insley Pacheco foi um dos subscritores de uma carta enviada ao escritor  francês Victor Hugo (1802-1885) na ocasião da construção de um monumento em homenagem ao jornalista e político francês Charles Ribeyrolles (1812-1860) (Courrier du Brésil, 9 de dezembro de 1860, na segunda coluna).

1861 – Anunciou que a “Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial” deixaria São Luís no fim de fevereiro (O Commercio, 2 de fevereiro de 1861, na quarta coluna).

Realização de uma exposição de retratos em cartões de visita na loja de Insley Pacheco, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 27 de abril de 1861, na terceira coluna).

Propaganda de Insley Pacheco anunciando o processo “hallotypo” (Jornal do Commercio, 7 de setembro de 1861).

1862 - Foi agraciado com a medalha de cobre na Exposição Nacional de 1861 / 1862, na qual participou na seção de Belas Artes com retratos da família imperial e com fotopinturas de paisagens (Correio da Tarde, 13 de março de 1862, na última coluna).

1863 - Foi noticiada a abertura do novo estabelecimento de Insley Pacheco, na rua do Ouvidor, nº 102 (Diário do Rio de Janeiro , 1º de abril de 1863, na quarta coluna).

Foi nomeado sócio efetivo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Diário do Rio de Janeiro, 13 de maio de 1863, na quarta coluna).

1864 -  O irmão e sócio de Insley Pacheco, Bernado José Pacheco, chegou da Europa, depois de uma temporada entre Bruxelas, Paris e Londres, onde estudou em diversas oficinas fotográficas (Diário do Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1864, na quarta coluna).

O escritor Machado de Assis (1839 – 1908), que nasceu no mesmo ano em que nasceu a fotografia, 1839, escreveu em sua coluna do Diário do Rio de Janeiro de 7 de agosto de 1864 sobre suas visitas à casa do Pacheco (justamente Insley Pacheco), que definiu como o mais luxuoso Templo de Delos do Rio de Janeiro, exaltando poder ver no mesmo álbum fotográfico os rostos mais belos do Rio de Janeiro, falo dos rostos femininos. Contou também a história da chegada do daguerreótipo na cidade e, em seguida, elogiou o trabalho realizado pelo artista  J.T. da Costa Guimarães, uma miniatura de Diane de Poitiers, exposto no estabelecimento de Insley Pacheco. Finalmente, revelou que havia chegado há pouco tempo no referido ateliê um aparelho fotográfico destinado a reproduzir em ponto grande as fotografias de cartão. Termina seu passeio perguntando-se “Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?”

Um grande temporal ocorrido em 10 de outubro, no Rio de Janeiro, atingiu seriamente o estabelecimento fotográfico de Insley Pacheco (O Paiz, 8 de novembro de 1864, na segunda coluna).

1865 – Na Revista da Semana, de 3 de setembro de 1865, foi publicada uma charge mencionando Insley Pacheco.

Enviou para a Exposição Internacional do Porto diversos retratos de pessoas “notáveis” e da família real, de dom Pedro II, da imperatriz Teresa Cristina, além de duas paisagens e dois estudos (Correio Paulistano, 3 de outubro de 1865, na segunda coluna). Esses trabalhos foram elogiados (O Despertador, 10 de outubro de 1865, na primeira coluna). Ele ganhou uma medalha de primeira classe por suas fotografias (Jornal do Commercio, 7 de novembro de 1865, na segunda coluna).

1866 - Anúncio de seu estabelecimento fotográfico, que já era na rua do Ouvidor, 102 (Índice Alfabético, edição de 1866).

No Club Fluminense, com a presença de dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, realização do Salão Literário e Artístico da Arcadia Fluminense, cuja galeria de arte havia sido arrumada por Insley Pacheco (O Publicador Maranhense, 3 de janeiro de 1866, na terceira coluna sob o título “Arcadia Fluminense”).

Foi publicado um comentário sobre o governo português ter condecorado Insley Pacheco com a Ordem de Cristo (Semana Ilustrada, 3 de março de 1866).

Insley Pacheco foi premiado com a segunda medalha de prata da secão de “Fotografia” na Exposição Nacional de 1866, realizada pela Academia Real de Belas Artes, 19 de outubro a 16 de dezembro de 1866. Pela primeira vez a fotografia apareceu como categoria específica, separando-se do grupo destinado às Belas Artes. Sobre sua participação, o pintor Victor Meirelles (1833-1903) comentou no Relatório sobre a II Exposição Nacional:

“Pelos seus retratos que se recomendam pela perfeição do trabalho, nitidez e beleza das meias tintas, efeitos de luz agradáveis, tornando-se sobretudo notável nessa parte, que é tratada artisticamente, a bela prova fotográfica representando uma senhora, que graciosamente e com bastante naturalidade descansa sobre o espaldar de uma poltrona”.

1867 - Notícia de sua conquista da medalha de prata na Segunda Exposição Nacional, realizada pela Academia Real de Belas Artes, na qual participou com fotografias, retrato de uma senhora e fotopinturas (Diário do Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1867, na última coluna).

Participou da Exposição Universal de Paris com fotopinturas.

Integrava o conselho da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Jornal do Commercio, 16 de outubro de 1867, na segunda coluna).

Foi concedido a Joaquim Insley Pacheco o privilégio do período de cinco anos para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim. Ele havia pedido 20 anos (Jornal do Commercio, 19 de dezembro de 1867, na quinta coluna ).

1868 - O privilégio foi suspenso, impugnado por Carneiro & Gaspar (Jornal do Commercio, 1° de abril de 1868, na sexta coluna).

Na loja do sr. Bernasconi, estavam expostos retratos de dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, de autoria de Insley Pacheco (Diário do Rio de Janeiro, 5 de abril de 1868, na coluna “Folhetim”).

1870 - Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1870, na terceira coluna).

Foi eleito conselheiro da Sociedade Propagadora das Belas Artes (Dezesseis de Julho, de 1870).

1871 -  Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro, 27 de março de 1871, na sexta coluna).

1872 – Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro1º de agosto de 1872, na segunda coluna).

Elogio aos trabalhos expostos no estabelecimento de Insley Pacheco (A Reforma, 25 de setembro de 1872, na quinta coluna).

1873 - Na Terceira Exposição Nacional, participou com pinturas a guache e pastel (fotopinturas) e com paisagens a óleo. Ganhou medalhas de prata e de cobre (Diário do Rio de Janeiro, 13 de março de 1873, na segunda coluna).

Na Exposição Universal de Viena, Insley recebeu uma menção honrosa no grupo das Artes Gráficas (Diário de São Paulo, 13 de setembro de 1873, na quinta coluna)

1874 - O Ministério do Império, com o decreto 5613, de 25 de abril, “concedeu privilégio de cinco anos a Joaquim Insley Pacheco, para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim” (Diário do Rio de Janeiro, 15 de maio de 1874, na última coluna).

Anúncio do ateliê de Insley, já na rua do Ouvidor, 102 (A Vida Fluminense, 3 de julho de 1875, na terceira coluna).

1875 – Foi premiado com medalha de prata e menção honrosa na Terceira Exposição Nacional de 1873 (A Reforma, 12 de janeiro de 1875, nas primeiras e segunda colunas).

Insley Pacheco agradeceu à perícia do capitão Marques Sobrinho no combate a três incêndios ocorridos na rua dos Ourives (Diário do Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1875, na sexta coluna).

No Despertador de 26 de novembro de 1875, transcrição de matéria do jornal O Globo de 13 de novembro do mesmo ano sobre a participação do Brasil na Exposição Internacional de Santiago, mencionando Insley Pacheco.

Participou da Quarta Exposição Nacional com desenhos e pinturas e foi premiado com a medalha de mérito (Diário do Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1876, na segunda coluna).

Na coluna “Folhetim da Gazeta de Notícias –  Bellas Artes”, o português Julio Huelva (1840 – 1904), pseudônimo do arquiteto e músico Alfredo Camarate, elogiou a fotografia produzida no Brasil e destacou os trabalhos dos ateliês de José Ferreira Guimarães  (1841 –1924), Joaquim  Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) e de Albert Henchel (1827 – 1892) e Franz (Francisco) Benque (1841-1921). O autor cobrou também a presença de fotógrafos do Rio de Janeiro na Exposição Universal da Filadélfia, que se realizaria em 1876 (Gazeta de Notícias, 21 de dezembro de 1875).

1876 - Insley Pacheco e o folhetinista Julio Huelva, travaram uma espécie de duelo em torno da questão entre os estilos idealista e realista da arte, entre dezembro de 1875 e janeiro de 1876 (Gazeta de Notícias12 de dezembro de 1875Jornal do Commercio, 1º de janeiro de 1876, sétima colunaGazeta de Notícias6 de janeiro16 de janeiro, 17 de janeiro e 20 de janeiro de 1876). Esse confronto foi refletido em uma caricatura produzidas por Ângelo Agostini (1843 – 1910), para a Revista Illustrada.

 

Elogio às pinturas de paisagens de autoria de Insley Pacheco expostas na Exposição Internacional de Santiago, no Chile (Diário de Maranhão, 13 de janeiro de 1876, sob o título “O Brasil na exposição de Santiago”).

Insley Pacheco recebeu uma medalha na Exposição Universal da Filadélfia por suas fotografias (O Liberal do Pará, 28 de novembro de 1876, na segunda coluna e Diário do Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1876, na sexta coluna).

1877 -  A casa de Insley Pacheco foi atingida por um temporal ocorrido em setembro. Sua esposa, Elvira Laura Garcia Pacheco (c. 1831 – 1877) estava “gravemente enferma (Diário do Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1877, na última colunaO Despertador, 23 de outubro de 1877, na quarta coluna). Ela faleceu de tuberculose, depois de “longos e dolorosos sofrimentos”, em 24 de outubro (Revista Ilustrada, 27 de outubro de 1877 e Diário do Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1877, na quarta coluna).

1882 - Segundo informações dadas em anúncio do fotógrafo, foi premiado na Exposição Continental de Buenos Aires.

1883 - Em 18 de outubro, dom Pedro II visitou a exposição de pinturas de Arsênio da Silva (1833 – 1883), no estabelecimento de Insley Pacheco.

1884 - Insley Pacheco anunciou melhoramentos em seu estúdio fotográfico com a introdução da platinotipia, mencionando que Marc Ferrez (1843 – 1923) também já fazia uso da nova técnica (Jornal do Recife, 11 de maio de 1884, na terceira coluna).

Foi anunciada a exposição do artista plástico Firmino Monteiro (1855 – 1888) no ateliê de Insley Pacheco (Jornal do Recife, 3 de junho de 1884, na sexta coluna).

1885 a 1897 – Entre esses anos, o estabelecimento já pertencia à sociedade Joaquim Insley Pacheco & Filho.

1888 - Em 27 de janeiro, Antônio Parreiras (1860 – 1937) inaugurou uma exposição na Casa Insley Pacheco com 22 estudos de paisagem. Duas foram adquiridas pela própria princesa Isabel: “Ocaso no Arraial” e “Aldeia do Pontal” (O Paiz, 29 de janeiro de 1888, sob o título “Noticiário“, e Revista Illustrada, 4 de fevereiro de 1888).

Também na Casa Insley Pacheco realização da primeira exposição individual do artista plástico Pedro Weingartner (1853 – 1929) (Cidade do Rio, 28 de agosto de 1888, última coluna; Gazeta de tarde, 30 de agosto de 1888, última coluna; Gazeta de Notícias, 3 de outubro de 1888, última coluna).

1891 - Seu ateliê continuava localizado em um sobrado na rua do Ouvidor, 102 (Almanak Laemmert, 1891).

A neta de Insley Pacheco, Maria, faleceu (O Paiz, 18 de janeiro de 1891, na quarta coluna).

No salão nobre do Teatro São Pedro de Alcântara, participou do banquete oferecido por jornalistas e homens das letras ao corpo docente da Escola de Belas Artes para comemorar a inauguração de seus “trabalhos letivos” (Gazeta de Notícias, 17 de junho, na primeira coluna).

Falecimento de dom Pedro II (1825 – 1891), em Paris. Insley Pacheco reproduziu uma das fotografias do post-mortem do imperador, realizada por Felix Nadal (1820 – 1910), e as distribuiu no Brasil no formato carte-cabinet.

 

 

 

1892 - No ateliê de Insley Pacheco, exposição de quadros do artista alemão Breno Treidler (1857 – 1931) (O Tempo, 23 de janeiro de 1892, na última coluna, sob o título “Cabriolas”).

Em torno desse ano, na folha de proteção sobreposta às suas fotografias, Insley Pacheco identificava-se como “Photographo e pintor. Cavaleiro da Real Ordem de Cristo. Premiado com a Menção de Honra nas exposições de Viena e mais 16 medalhas nas exposições de Philadelphia, Porto, Brazil, Chile, Buenos Aires e Chicago. Novo sistema de platinotipia – Rua dos Ourives, 38 – Rio de Janeiro”.

1893 - Com fotografias e pinturas a óleo, Insley participou da Exposição Universal Colombiana de Chicago, que aconteceu em 1893 para celebrar os 400 anos da chegada de Cristóvão Colombo (1451 – 1506) ao Novo Mundo, em 1492 (Gazeta de Notícias, 19 de janeiro de 1893, na última coluna).

Comentário sobre um quadro do pintor espanhol Fortuny (1838 – 1874), de propriedade de Insley (Gazeta de Notícias, 13 de março de 1893, na terceira coluna).

Seu filho, Joaquim Insley Pacheco Junior, casou-se em São João del Rei com Elvira de Oliveira Coelho (O Paiz, 16 de maio de 1893, na última coluna).

1895 – Seu filho, o engenheiro Alfredo Henrique Pacheco (? – 1895), faleceu. Ele era membro do Club de Engenheiros Civis de Londres e trabalhava no 2º distrito de obras públicas do Rio de Janeiro (O Paiz, 16 de fevereiro de 1895, na primeira coluna).

O estabelecimento de Insley Pacheco foi roubado (O Paiz, 10 de dezembro de 1895, na penúltima coluna).

1896 - Seu estabelecimento ficava no endereço Ourives, 40, no segundo andar (Almanak Laemmert, 1896).

Os pintores Augusto Petit (1844 – 1927), Madruga Filho (1882 – 1951) e Insley Pacheco receberam a terceira medalha na Exposição Geral de Belas Artes (Minas Gerais, 10 de outubro de 1896, na última coluna).

Inauguração do Club dos Repórteres em 12 de outubro. Em uma das salas havia uma pintura de Insley (Jornal do Commercio, 14 de outubro, na quarta coluna).

1897 - No toucador principal do Palácio do Catete, o novo palácio do governo no Rio de Janeiro, que seria inaugurado em poucos dias, havia uma aquarela de Insley Pacheco (Diário de Pernambuco, 6 de março de 1897, na terceira coluna).

1898 - O endereço de seu estabelecimento era Ourives, 38, 2º andar (Almanak Laemmert, 1898).

Participou da Exposição Retrospectiva do Centro Artístico expondo um guache de Arsenio Silva (1833 – 1883), uma marinha de Edoardo De Martino (1838 – 1912) , uma paisagem de Henri Langerock (1830 – 1915) e miniaturas de Thomaz da Costa Guimarães. O Centro Artístico, associação de jornalistas e literatos, criada em 1897,  tinha como objetivo a promoção da arte brasileira. A exposição, realizada durante o mês de julho, na Escola Nacional de Belas Artes, foi o primeiro evento organizado pela associação. Reuniu um grande número de objetos de arte, cedidos por proprietários e colecionadores (A Notícia, 28 e 29 de julho de 1898, na quarta coluna e 12 e 13 de agosto de 1898).

Participou com 37 quadros da 5ª Exposição Geral de Belas Artes (Gazeta da Tarde, 1º de setembro de 1898, na penúltima coluna).

1899 - Algumas vezes ao longo desse ano, foram publicados o anúncio: Retratos – Admiráveis pelo novíssimo processo a platina, unicamente feitos por Insley Pacheco a rua do Ourives n.38 (Jornal do Commercio, 17 de janeiro de 1899, na sexta coluna).

Insley Pacheco, Marc Ferrez (1843 – 1923) e José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) foram nomeados para formar a comissão de propaganda da classe de fotografia da Exposição do Quarto Centenário do Brasil, em 1900, promovida pela Sociedade Propagadora das Belas Artes (A Imprensa, 31 de outubro de 1899, na quarta coluna).

Insley Pacheco estava presente na cerimônia de exéquias mandada celebrar pelos alunos da Escola de Belas Artes pelo pintor Almeida Júnior (1850 – 1899), realizada na matriz da Candelária (Jornal do Commercio, 23 de novembro de 1899, na quinta coluna).

1901 - Insley Pacheco foi um dos jurados do 2º concurso entre fotógrafos amadores, promovido pela “afamada fotografia Leterre”. Os outros jurados foram o escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), diretor da Escola Nacional de Belas Artes, e o artista Hilário Teixeira (A Imprensa, 2 de março de 1901, na terceira coluna).

Insley Pacheco exibiu uma fotografia em estereoscópio, reprodução em cores naturais de um vaso de flores , obtida por um processo inteiramente novo, ao que se diz superior ao de Lippman e de outros…A propósito desse processo de fotografia foi apresentado pelos seus inventores A.L. Lumière, um interessante relatório (Jornal do Brasil, 7 de março de 1901,na terceira coluna).

Insley estava presente na inauguração da quinta exposição de paisagens de Antônio Parreiras ( 1860 – 1937) (O Fluminense, 12 de março de 1901, na segunda coluna).

Insley Pacheco foi um dos jurados do 3º concurso entre fotógrafos amadores, promovido pela fotografia Leterre, ocorrido no dia 3 de agosto de 1901. Os outros jurados foram o escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), diretor da Escola Nacional de Belas Artes, e o artista Hilário Teixeira (Jornal do Brasil, 2 de agosto de 1901, na terceira coluna).

Estava presente na Central do Brasil durante o embarque do presidente Prudente de Morais (1841 – 1902) para São Paulo (Jornal do Brasil, 30 de outubro de 1901, na terceira coluna).

1902 – Publicação do “Artigo Infamante – Aos Amadores de Fotografia no Brasil – Aos profissionais e a meus clientes e amigos “, de autoria de A. Laterre em resposta a uma publicação de 5 de abril na Gazeta do Commercio, em Porto Alegre, que relatava que durante uma reunião do Sploro Photo-Club haviam sido feitos protestos contra um artigo publicado pela revista parisiense Photographie Française, de janeiro de 1902, e também protestos contra o fotógrafo sr. A. Leterre, acusado de prejudicar os fotógrafos amadores do Rio Grande nos concursos que promovia. Nele Insley Pacheco, um dos juízes dos concursos, era mencionado (Jornal do Brasil, 20 de abril de 1902).

Integrou a Exposição Geral de Belas Artes com 60 quadros (A Notícia, 30 e 31 de agosto de 1902, na última coluna). Alguns de seus quadros foram adquiridos pelo Barão Sampaio Vianna (O Paiz, 5 de setembro de 1902, na penúltima coluna). Foi um dos participantes da festa dos artistas da exposição, realizada no restaurante do Silvestre (A Notícia, 12 e 13 de setembro de 1902, na quinta coluna, sob o título “Festa entre artistas”).

Insley Pacheco foi à delegacia dar queixa sobre o não pagamento de uma dívida a seu filho Insley Pacheco Júnior pelo estabelecimento Jupiter Almeida & Comp (O Pharol, 12 de outubro de 1902, na penúltima coluna).

Foi um dos organizadores do Rancho das Reisadas (Gazeta de Notícias, 25 de dezembro de 1902).

1903 - Publicação de um daguerreótipo de Ludovina Soares da Costa, “primeira dama trágica do teatro brasileiro”, produzido em 1860 por Insley Pacheco (Brasil-Theatro, 1903).

Em São João del Rei, faleceu a neta de Insley Pacheco, Maria de Lourdes, filha de Joaquim Insley Pacheco Junior (Correio Paulistano, 31 de janeiro de 1903, na segunda coluna).

Ao longo de abril e maio de 1903, foram publicadas quatro colunas no Correio da Manhã, intituladas “Artistas do meu Tempo” – Carlos Kornis e Insley Pacheco, de autoria de Mello Moraes Filho (Correio da Manhã, 5 de abril de 1903, 12 de abril, 19 de abril3 de maio de 1903, quarta coluna).

Em uma reunião de artistas, promovida pelo pintor Rodolfo Amoedo (1857 – 1941), na Escola de Belas Artes, foi fundada a Associação de Aquarelistas e Insley foi eleito para presidi-la. A primeira exposição da associação foi inaugurada em 1º de julho e Insley participou com oito marinhas. Outros artistas que participaram da mostra foram Eliseu Visconti (1866 – 1944), Henrique Bernardelli  (1858 – 1936) e Rodolfo Amoedo, dentre outros (A Notícia, 24 e 25 de abril de 1903, na terceira colunaJornal do Brasil, 2 de julho de 1903, na oitava coluna, e Correio da Manhã, 3 de julho de 1903, quinta coluna).

Na matéria “Problema histórico” sobre o motivo de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746 – 1792), sempre ser representado com a fisionomia de Jesus Cristo, seu autor, Carlos Laet (1847 – 1927), afirmou que Insley Pacheco era responsável pelo fato. Uma das duas filhas de Insley estava copiando uma estampa da coleção Julien de uma cabeça de Cristo quando o estatuário Cândido Caetano de Almeida Reis (1838 – 1889) chegou para uma visita. Durante sua conversa com Insley, mencionou que haviam lhe feito uma encomenda de um busto de Tiradentes e ele não havia encontrado nenhuma representação em que ele pudesse se basear. Foi então que Insley ofertou a ele o desenho de sua filha (Jornal do Brasil, 20 de julho de 1903, na primeira coluna, sob o título “Problema histórico”).

1904 - Participou da Exposição Universal de Saint Louis, realizada entre 30 de abril e 1º de dezembro de 1904, em conjunto com os III Jogos Olímpicos, e obteve a medalha de ouro em fotografia e a de bronze na seção de arte (Almanak Laemmert, 1905).

Insley inaugurou uma exposição de seus últimos trabalhos, em seu ateliê, na rua dos Ourives, 38 (Correio da Manhã, 15 de maio de 1904, na segunda coluna).

O Barão de Rio Branco (1845 – 1912), na época ministro das Relações Exteriores do Brasil, adquiriu uma paisagem de Insley Pacheco, exposta no Club Petrópolis (Correio da Manhã, 24 de março de 1904, na quarta coluna).

A segunda exposição da Associação de Aquarelistas foi realizada na casa 70 da rua Gonçalves Dias e Insley apresentou quatro aquarelas a guache (A Notícia, 15 e 16 de junho de 1904, na segunda coluna).

Em 7 de setembro, reabriu seu ateliê na rua do Ouvidor esquina com Gonçalves Dias (Correio da Manhã, 7 de setembro de 1904, na penúltima coluna).

Participou da Exposição da Escola Nacional de Belas Artes de 1904 com 15 guaches (O Tagarela, 15 de setembro de 1904 e O Paiz, 25 de setembro de 1904, na primeira coluna).

1905 - O estabelecimento de Insley Pacheco ficava na rua do Ouvidor, 124, esquina com Gonçalves Dias, 70 (Almanak Laemmert, 1905).

Foi publicado que os participantes da Exposição de Saint Louis, ocorrida em 1904, podiam retirar os produtos enviados para o evento que lhes pertencessem (Jornal do Brasil, 6 de junho de 1905, na segunda coluna).

Foi noticiado que Insley Pacheco havia conseguido “em fotografia colorida um belo triunfo”  (Gazeta de Notícias, 11 de julho de 1905, na sexta coluna).

Foi um dos jurados da 2ª Exposição Artística do Photo Club (O Paiz, 26 de julho de 1905, na primeira coluna). Foi publicado um artigo de A. Leterre intitulado “Rapto de honra – Fotografia” sobre o resultado da 2ª Exposição Artística do Photo Club (Jornal do Brasil, 19 de agosto de 1905, nas penúltima e última colunas).

Nos “suntuosos salões” do Cassino Fluminense, realização de um baile, no qual Insley era um dos convidados (Jornal do Brasil, 22 de agosto de 1905, na terceira coluna).

1907 - No Palácio Monroe, em 2 de junho, foi realizada a entrega dos prêmios aos participantes brasileiros da Exposição Universal de Saint Louis, de 1904 (O Século, 3 de junho de 1907Relatórios do Ministério da Agricultura, 1908).

Participou da Exposição da Escola Nacional de Belas Artes (Jornal do Brasil, 31 de agosto de 1907, na sexta coluna).

1908 - Na Exposição Nacional de 1908, ganhou a medalha de prata na categoria de pintura e o grande prêmio de fotografia (Almanak Laemmert, 1909).

Insley Pacheco havia “iniciado um processo…para a impressão de clichês à tinta, processo esse que torna indelével a fotografia …” (O Paiz, 13 de outubro de 1908, nas quarta e quinta colunas).

1909 – Seu estabelecimento ficava na rua Gonçalves Dias, 74 (Almanak Laemmert, 1909).

Insley instalou em seu ateliê a tipocromia, “um novíssimo e interessante invento” (A Notícia, 6 e 7 de abril de 1909, nas quarta e quinta colunas , O Século, 7 de abril de 1909, na primeira coluna e O Paiz, 19 de maio de 1909, na segunda coluna).

Participou da Exposição de Belas Artes com uma coleção de guaches (O Paiz, 1º de setembro, na terceira coluna).

1910 - Pela última vez seu estabelecimento foi listado pelo Almanak Laemmert.

Participou da 17ª Exposição Geral de Belas Artes com guaches (A Imprensa, 29 de setembro de 1910).

O comendador Insley Pacheco estava presente ao desembarque do ex-diplomata português Camelo Lampreia, no Cais Pharoux (Gazeta de Notícias, 12 de março de 1911).

1912 - Falecimento de Insley Pacheco, “o fotógrafo tradicional do Rio” (O Século, 15 de outubro de 1912, na sexta colunaJornal do Brasil, 15 de outubro de 1912, na sétima coluna , O Paiz, 16 de outubro de 1912, na penúltima coluna).

1936 - Insley Pacheco foi o biografado da coluna “Figuras do Passado” (O Malho, de 3 de setembro de 1936).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

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KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

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MORAES FILHO, Melo. Artistas do meu tempo. Rio de Janeiro: Garnier, 1904.

PINHO, Wanderley. Salões e Damas do Segundo Reinado. São Paulo:Martins, 1942.

Site da Encilopédia Itaú Cultural

Site O Castro Manco

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. Mestres da fotografia no Brasil. Centro Cultural do Banco do Brasil Rio de Janeiro, 1995.

A Brasiliana Fotográfica também pesquisou em diversos periódicos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.