A imperatriz Teresa Cristina Maria, a mãe dos brasileiros (Itália, 14/03/1822 – Portugal, 28/12/1889)

A Brasiliana Fotográfica homenageia dona Teresa Cristina Maria (1822 – 1889) com uma seleção de imagens da imperatriz produzidas por alguns dos mais importantes fotógrafos que atuaram no Brasil no século XIX como Abram-Louis Buvelot (1814 – 1888)Alberto Henschel (1827 – 1882), Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)Marc Ferrez (1843-1923) e Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), dentre outros. Em vida, Teresa Cristina Maria foi chamada de “mãe dos brasileiros” e, em 1998, quando foi homenageada com uma exposição no Museu Imperial de Petrópolis, foi tratada como “a imperatriz silenciosa”. Ela dá nome a uma das mais importantes coleções de fotografia do século XIX, com cerca de 25 mil fotografias, além de livros, mapas e outros documentos, doada à Biblioteca Nacional por seu marido, dom Pedro II (1825 – 1891), depois do banimento da família real do Brasil e do falecimento da imperatriz, em 1889. Segundo Pedro Vasquez, a Collecção Dona Thereza Christina Maria – a monumental biblioteca de Pedro II – é, até hoje, “o mais diversificado e precioso acervo dos primórdios da fotografia brasileira jamais reunido por um particular, e tampouco por uma instituição pública”.

Teresa Cristina Maria, princesa do Reino das Duas Sicílias, nasceu em Nápoles, na Itália, em 14 de março de 1822,  filha do rei Francisco I (1777 – 1830), do ramo italiano da Casa de Bourbon, e da infanta Maria Isabel da Espanha (1789 – 1848).  Em 30 de maio de 1843, casou-se com dom Pedro II  por procuração, em sua cidade natal. Como eles eram primos, tiveram que obter licença de Roma. Em 3 de setembro, ela chegou ao Rio de Janeiro e eles se encontraram pela primeira vez, a bordo da fragata Constituição (Jornal do Commercio, de 4 de setembro, na última colunae de 5 de setembro de 1843, na primeira coluna, ambas sob o título “Jornal do Commercio”)Dom Pedro II ficou muito decepcionado com a aparência de sua esposa, fato percebido por ela. Segundo José Murilo de Carvalho, no livro D. Pedro II, ele se sentiu “enganado e queixou-se amargamente a Paulo Barbosa e d. Mariana. Chorou nos ombros do mordomo e reclamou da aia: “Enganaram-me, Dadama!””.

Acessando o link para as fotografias da imperatriz Teresa Cristina disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Em 23 de fevereiro de 1845, nasceu o primeiro filho do casal, dom Afonso (Diário de Rio de Janeiro, de 24 de fevereiro de 1845, sob o título “O Diário”), que faleceu em 11 de junho de 1847 (Diário do Rio de Janeiro, de 12 de junho de 1847). Em 29 de julho de 1846, nasceu a princesa Isabel (1846 – 1921) (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1846, sob o título “Parte official”). Cerca de um ano depois, em 13 de julho de 1847, nasceu a princesa Leopoldina (Diário do Rio de Janeiro, de 14 de julho de 1847, sob o título “O Diário”). Em 19 de julho de 1848, nasceu dom Pedro Afonso (Diário do Rio de Janeiro, de 20 de julho de 1848), que faleceu em 10 de janeiro de 1850 (Diário do Rio de Janeiro, de 11 de janeiro de 1848).

Em 15 de novembro de 1889, foi proclamada a República no Brasil, dom Pedro II foi deposto e, dois dias depois, a família real partiu para o exílio, na Europa, a bordo do Alagoas (Gazeta de Notícias, edição de 18 de novembro de 1889, sob o título “O Embarque do Imperador”, na segunda coluna). Chegaram em Lisboa em 7 de dezembro e a imperatriz Teresa Cristina Maria faleceu, em 28 de dezembro, na cidade do Porto (Jornal do Commercio, 2 de janeiro de 1892, na última coluna e 3 de janeiro, na segunda coluna).

 

Teresa Cristina foi uma entusiasta da arqueologia, atividade a qual seus antepassados haviam se dedicado em escavações nas cidades italianas de Herculano e Pompéia. Devido a esse interesse da imperatriz, o Brasil possui a maior coleção de arqueologia clássica da América Latina, com cerca de setecentas peças. Na bagagem que trouxe para o Brasil, encontravam-se várias peças provenientes da região da Campânia, na península itálica, que seriam, posteriormente, o núcleo da coleção que recebeu o seu nome e está em exposição no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Além disso, ela patrocinou escavações nas redondezas de Roma e estabeleceu com seu irmão, Fernando II (1810 – 1859) um intercâmbio entre antiguidades pertencentes ao Real Museu Bourbônico e peças de artesanato indígena.

Uma curiosidade: seu nome completo era Teresa Cristina Maria Josefa Gaspar Baltasar Melchior Januária Rosalía Lúcia Francisca de Assis Isabel Francisca de Pádua Donata Bonosa Andréia de Avelino Rita Liutgarda Gertrude Venância Tadea Spiridione Roca Matilde.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

AVELLA, Aniello Angelo. Teresa Cristina Maria de Bourbon, uma imperatriz silenciada. In: Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca. São Paulo, set. 2010.

BESOUCHET, Lídia. Exílio e morte do Imperador. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1975

CARVALHO, José Murilo. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. – Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975. Cinco Vols.

GUIMARAES, Lucia Maria Paschoal. Teresa Cristina de Bourbon (1822-1889): a face oculta da imperatriz silenciosa. In: Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, Jul. 2011.

HARING, Bertita. O Trono do Amazonas – a história dos Braganças no Brasil – José Olympio, RJ, 1944.

PRIORE, Mary Del. Condessa de Barral.  – Rio de janeiro: Objetiva, 2008.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. – 2ª Edição – São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Site da Biblioteca Nacional

Site Rainhas Trágicas

O retratista português Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 14 de outubro de 1912)

Um dos mais prestigiados e famosos retratistas do Brasil no século XIX, o fotógrafo e pintor português Joaquim José Pacheco, posteriormente Joaquim Insley Pacheco, nasceu em Cabeceiras de Bastos, em 1830. Era muito requisitado pela corte imperial brasileira e, além de ter sido muito procurado para a execução de retratos, era reconhecido por seu trabalho com fotopintura.

Uma crônica do poeta e jornalista Xavier de Novais (1820 – 1869) de 24 de outubro de 1863 chamava atenção para a popularidade de Insley Pacheco no Rio de Janeiro:

“…Pouco distante do meu pouso eleva-se uma casa cuja fachada pintada de cores vivas provoca a atenção dos que passam. É aí o palácio do fotógrafo mais afamado da capital, J. Insley Pacheco, que tem tido a honra de copiar todos os narizes do Rio…”

No fim dos anos 1840, já estava em Fortaleza, capital do Ceará, onde teve contato com a fotografia com o daguerreotipista e mágico irlandês Frederic Walter (18? – 18?), que tornou-se seu mestre. Segundo Mello Moraes Filho, Insley possuía uma natureza em demasia curiosa, índole decidida e aventureira. De acordo com o mesmo autor, Insley foi o introdutor da ambrotipia no Brasil. Ele teria adquirido, de um capitão de navio ancorado no porto do Rio de Janeiro, fórmulas e máquinas do referido processo.

O primeiro estabelecimento de Insley que se tem notícia ficava na rua Formosa, em Fortaleza. Entre 1949 e 1951, viajou pelos Estados Unidos, onde estudou com os fotógrafos Mathew Brady (c.1822 – 1896), Jeremiah Gurney (1812 – 1895) e Henry E. Insley (1811 – 1894). Acredita-se que em homenagem a esse último adotou o sobrenome Insley.

 

Acessando o link para as fotografias de Joaquim Insley Pacheco disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas. 

 

Em 1851, de volta a Fortaleza, seu estúdio ficava na rua da Palma Unidos (O Cearense, 9 de maio de 1851, na última coluna).  Um ano depois, vendeu por menos de seu valor todos os utensílios pertencentes a sua profissão de retratista (Pedro II, 21 de agosto de 1852, na terceira coluna). Partiu para Sobral (Pedro II, 8 de dezembro de 1852) e depois de uma rápida permanência em Pernambuco, em 1854, onde seu ateliê ficava no Aterro da Boa Vista, nº 4, no Recife, foi para o Rio de Janeiro e anunciava, em 1855, sua Novíssima e esplêndida galeria de retratos pelo sistema cristalotipo, em seu novo estúdio fotográfico, na rua do Ouvidor, nº 31, posteriormente 40 (Jornal do Commercio  7 de fevereiro de 1855 e Correio Mercantil, 9 de fevereiro de 1855 ). Já assinava com o sobrenome Insley. No estabelecimento, também eram comercializados quadros, caixas, molduras e alfinetes (Jornal do Commercio, 2 de agosto de 1855). O ateliê também funcionava, eventualmente, como uma galeria para exposições de artes plásticas.

Insley Pacheco fotografou, em 11 de agosto de 1855, o imperador Pedro II (1825 – 1891), a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1829) e a filha do casal, princesa Leopoldina (1847 – 1871), na Quinta da Boa Vista (Diário do Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1856). Em 22 de dezembro desse ano, foi agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial” (segundo Guilherme Auler (1914-1965), sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, conforme informado no livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez). Tudo isso contribuiu para que seu público fosse consistentemente de representantes da elite e retratos realizados em seu estabelecimento eram presenças constantes em álbuns fotográficos de famílias da alta sociedade do século XIX.

Em 1858, foi anunciado um grande passo na arte fotográfica no ateliê de Insley Pacheco: É o ambrotipo e a pintura dando-se as mãos para reunirem a fidelidade da cópia à duração e à persistência das cores (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na quarta coluna). No mesmo ano, em um anúncio de seu estabelecimento, apresentava-se como primeiro e único retratista em vidro (Jornal do Commercio, 13 de maio de 1858).

Em 1860, a firma Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial abriu um estúdio em Salvador, que fecharia no mesmo ano, e outro em São Luís, fechado em 1861. Em 1863, abriu um novo estabelecimento, na rua do Ouvidor, nº 102, no Rio de Janeiro (Diário do Rio de Janeiro , 1º de abril de 1863, na quarta coluna).

Após diversas tentativas fracassadas, o Ministério do Império, com o decreto 5613, de 25 de abril, concedeu privilégio de cinco anos a Joaquim Insley Pacheco, para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim (Diário do Rio de Janeiro, 15 de maio de 1874, na última coluna).

Insley Pacheco foi condecorado pelo governo português com a Ordem de Cristo  (Semana Ilustrada, 3 de março de 1866) e participou das exposições universais de Paris (1867 e 1889), de Viena (1873), e da Filadéfia (1876) e de outras exposições internacionais como as do Porto (1865), de Santiago do Chile (1875), de Buenos Aires (1882) e de Chicago (1893). No Brasil, esteve presente em diversas exposições nacionais e também em várias exposições da Academia Imperial de Belas Artes.

Em torno de 1892, na folha de proteção sobreposta às suas fotografias, Insley Pacheco identificava-se como Fotógrafo e pintor. Cavaleiro da Real Ordem de Cristo. Premiado com a Menção de Honra nas exposições de Vienna e mais 16 medalhas nas exposições de Philadelphia, Porto, Brazil, Chile, Buenos Aires e Chicago. Novo sistema de platinotipia – Rua dos Ourives, 38 – Rio de Janeiro.

Nas artes plásticas, seu mestre foi o pintor Arsênio da Silva (1833 – 1883) e seus quadros foram muitas vezes premiados. Eram adquiridos por destacadas figuras da sociedade como o Barão do Rio Branco (1845 – 1912). Insley Pacheco foi, em 1903, o primeiro presidente da Associação dos Aquarelistas. Em seu ateliê foram realizadas diversas exposições de pintores como Firmino Monteiro (1855 – 1888) e Pedro Weingarten (1853 – 1929).

Em 14 de outubro de 1912, faleceu Joaquim Insley Pacheco, o fotógrafo tradicional do Rio (Jornal do Brasil, 15 de outubro de 1912 e O Paiz, 16 de outubro de 1912, ambos na penúltima coluna).

 

 

Comentário de Boris Kossoy sobre o retrato acima: …um retrato do imperador, entretanto, datado de 1883, isto é, quando contava 58 anos de idade, é particularmente interessante pelo “clima” tropical criado no ateliê: cenário de natureza “plantada” como fundo para o retrato (bem ao contrário dos tradicionais fundos com paisagens europeias complementados por uma mescla de mobiliário vitoriano e clássico, recursos tão utilizados pelos fotógrafos no século XIX). Com a nova montagem do velho teatro tem-se explicitada a ideologia de uma civilização nos trópicos” (KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.).

 

  Cronologia de Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)

c. 1830 - Provavelmente em março, nascimento de Joaquim José (depois Insley) Pacheco, em Cabeceiras de Basto, em Portugal. Era filho de José Antonio Pacheco e Maria Antonia da Conceição. Joaquim era o mais novo de três irmãos: Bernardo, nascido em 1824, e Joaquina, nascida em 1827. Ficaram órfãos de pai em 1835 e, de mãe, em 1839. 

Anos 1840 -  Provavelmente em fins de 1843 veio para o Brasil juntar-se ao seu irmão Bernardo, que teria partido de Portugal em 1837. Também em torno de 1843 sua irmã Joaquina veio para o Brasil. Joaquim fixou-se em Pernambuco, onde trabalhava como mascate ou caixeiro viajante. Nos últimos anos dessa década, estava em Fortaleza, no Ceará, onde teve contato com a fotografia com o daguerreotipista e mágico irlandês Frederic Walter, que tornou-se seu mestre.

Seu ateliê ficava na rua Formosa e ainda como Joaquim José Pacheco anunciou que havia recebido dos Estados Unidos uma excelente máquina e mais utensílios para tirar retratos pelo daguerreótipo (O Cearense, 17 de maio de 1849, na última coluna).

Provavelmente no período entre 1849 e 1851, viajou pelos Estados Unidos, onde estudou com os fotógrafos Mathew Brady (c. 1822 – 1896), Jeremiah Gurney (1812 – 1895) e Henry E. Insley (1811 – 1894). Acredita-se que em homenagem a esse último adotou o sobrenome Insley.

Anos 1850 – Provavelmente casou-se ao longo dessa década.

1851 - Anunciou que estava de volta à Fortaleza, depois de uma viagem aos Estados Unidos (O Cearense, 9 de maio de 1851, na última coluna). Seu ateliê ficava na rua da Palma.

Tinha um ateliê na rua Nova , 61, no Recife, e anunciava sua despedida da cidade (Diário de Pernambuco, 19 de novembro de 1851, primeira coluna).

1852 – Avisou que havia chegado de uma viagem às províncias do sul e divulgava seus retratos pelo sistema electrotypo (Pedro II, 30 de junho de 1852, na terceira coluna).

Provavelmente a falta de clientela levou-o a vender por menos de seu valor todos os utensílios pertencentes a sua profissão de retratista. Anunciava também possuir uma máquina eletro-magnética, que além de servir para choques contra reumatismo, ou gota, paralisia ou dores e S. Victor e todas as moléstias provenientes de um distúrbio do sistema nervoso tem a vantagem de servir para galvanizar!  (Pedro II, 21 de agosto de 1852, na terceira coluna).

Anunciou sua iminente partida de Fortaleza e aconselhava às pessoas a se deixarem retratar (Pedro II, 21 de setembro de 1852, na primeira coluna).

Partiu para Sobral, no Ceará (Pedro II, 8 de dezembro de 1852).

1854 – Em anúncio, ainda como J. J. Pacheco ou Joaquim José Pacheco, divulgava seu novo estilo de retratar e informava que seu estabelecimento, no Recife, ficava na casa em que havia morado o sr. Augustin Lettarte (Diário de Pernambuco, 23 de março de 1854, na primeira coluna)Seu estabelecimento fotográfico localizava-se a no Aterro da Boa Vista, nº 4 (Diário de Pernambuco, 29 de março de 1854, na terceira coluna). Neste mesmo endereço trabalharam os fotógrafos norte-americano Charles DeForest Fredricks (1823 – 1894), em 1851 (Diário de Pernambuco, 23 de julho de 1851, última coluna), Augustin Lettarte, em 1854 (Diário de Pernambuco, 6 de fevereiro de 1854, segunda coluna), e o pernambucano João Ferreira Villela, de 1856 a 1857 (Diário de Pernambuco, 3 de outubro de 1856, primeira coluna).

Houve entre o primeiro daguerreotipista pernambucano, Cincinato Mavignier (18? -?), e Insley Pacheco, um desentendimento em relação à venda de um daguerreótipo (Diário de Pernambuco, 29 de agosto de 1854, última coluna).

Mudou-se para o Rio de Janeiro.

Thomaz Oxford Smith, futuro sócio de Insley, apresentava-se como um professor de daguerreótipo recém chegado de Nova York  (Jornal do Commercio, 10 de dezembro de 1854).

1855 – Anúncio da Novíssima e esplêndida galeria de retratos pelo sistema cristalotipo, novo estúdio fotográfico de Insley Pacheco na rua do Ouvidor, nº 31, posteriormente 40 (Jornal do Commercio,  7 de fevereiro de 1855 e Correio Mercantil, 9 de fevereiro de 1855 ). Já assinava com o sobrenome Insley. Foi publicada uma propaganda da nova galeria em inglês (Jornal do Commercio, 9 de fevereiro de 1855). No estabelecimento, anunciado como o primeiro a realizar retratos pela técnica mencionada na América Meridional, também eram comercializados quadros, caixas, molduras e alfinetes (Jornal do Commercio, 2 de agosto de 1855). 

Um homem do público o acusa de charlatanismo, questionando o anúncio de retratos em cristotipo em seu novo estúdio fotográfico (Diário do Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1855, na quinta coluna). Insley Pacheco respondeu a seu acusador (Correio Mercantil, 12 de fevereiro de 1855, primeira coluna), que por sua vez replicou (Correio Mercantil, 14 de fevereiro de 1855, na primeira coluna).

Foi publicado um convite para uma exposição à noite na galeria de retratos de Insley Pacheco (Jornal do Commercio, 5 de abril de 1855, na quarta coluna). Elogio à exposição e comentário sobre as duas soberbas molduras destinadas às augustas efígies de SS. MM. II (Jornal do Commercio, 11 de abril de 1855, na sexta coluna).

Foi anunciada a nova iluminação a gás da galeria de Insley Pacheco (Jornal do Commercio, 4 de maio de 1855).

Insley Pacheco fotografou o imperador Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e a filha do casal, princesa Leopoldina (1847 – 1871), na Quinta da Boa Vista, em 11 de agosto (Diário do Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1856).

Propaganda de seu ateliê, agora batizado de Photographia Moderna (Diário do Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1855).

Foi noticiado que o estabelecimento de Insley Pacheco havia recebido dos Estados Unidos um rico e variado sortimento de molduras, caixas, passe-partouts (franceses) e outros produtos (Jornal do Commercio, 20 de dezembro de 1855).

Foi agraciado com o título de “Photographo da Caza Imperial”, em 22 de dezembro de 1855 (segundo Guilherme Auler, sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis, em 1º e 8 de abril de 1956, conforme informado no livro O Brasil na fotografia oitocentista, de Pedro Vasquez).

1856 - Propaganda do estabelecimento de Insley Pacheco, destacando uma técnica que beneficiava a execução de retratos de crianças (Correio Mercantil, 7 de dezembro de 1856).

Nascimento de sua filha Emilia (1856 – 1858), que viria a falecer em 1858.

1857 -  O fotógrafo Thomaz Oxford Smith anunciou o fim de sua sociedade com Insley Pacheco no ateliê fotográfico da rua do Ouvidor, 40 (Gazeta Mercantil, 23 de outubro de 1857, na penúltima coluna). 

Foi noticiado que Insley Pacheco havia sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial” (Diário do Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1857).

Em anúncio de seu estabelecimento fotográfico, apresentava-se como Photografista da augusta Casa Imperial e miniaturista em marfim (Jornal do Commercio, 22 de dezembro de 1857).

1858 -  Foi anunciado um grande passo na arte fotográfica no ateliê de Insley Pacheco: É o ambrotipo e a pintura dando-se as mãos para reunirem a fidelidade da cópia a duração e a persistência das cores (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na quarta coluna). Publicação de uma carta de Insley Pacheco sobre o assunto (Diário do Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1858, na terceira coluna). Foi feito um elogio a seu trabalho (Correio Mercantil, 17 de março de 1858, na segunda coluna).

De mesenterites, falecimento de Emilia, filha de Insley Pacheco de 18 meses (Correio da Tarde, 22 de abril de 1858, na primeira coluna).

Em anúncio de seu estabelecimento, Insley Pacheco apresentava-se como “primeiro e único retratista em vidro” (Jornal do Commercio, 13 de maio de 1858).

Insley Pacheco ofereceu ao liceu de artes e ofícios da sociedade Propagadora das Belas-Artes material para ser usado nas aulas de desenho (Diário do Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1958).

Na casa do sr. Bernascone, na rua do Ouvidor, nº 143, exposição de um retrato do próprio Insley Pacheco colorido a óleo pelo pintor Giovanni Bruschetti (Jornal do Commercio, 29 de setembro de 1958, na terceira coluna).

Passou a integrar a comissão artística da sociedade Propagadora das Belas Artes (Diário do Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1958, na segunda coluna).

1859 - Insley Pacheco, sua mulher (Edvina?) e dois filhos retornaram de uma viagem ao norte, a bordo do paquete a vapor “Oiapoque” (Correio Mercantil, 26 de junho de 1859, na sexta coluna). Voltou ao comando de seu ateliê (Correio Mercantil, 29 de junho de 1859, na primeira coluna).

Foi anunciada a exposição do retrato de uma dama da sociedade tendo ao fundo um bosque, primeiro trabalho desse gênero obtido pelo sistema ambro-cromo-tipo, inventado pelo sr. J. Insley Pacheco (Correio Mercantil, 10 de outubro de 1859, na segunda coluna).

Tornou-se suplente da comissão artística da sociedade Propagadora das Belas Artes (Correio Mercantil, 10 de dezembro de 1859).

1860 – “Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial” anunciaram sua presença em Salvador, na Ladeira de São Bento, 17 (Jornal da Bahia, 3 de janeiro de 1860). Pouco tempo depois, foi anunciado que o estabelecimento fecharia em junho (Jornal da Bahia, 15 de maio de 1860).

A firma abriu um ateliê em São Luís (Jornal do Commercio, Instrutivo, Agrícola e Recreativo, 7 de setembro de 1860). Provavelmente, foi seu irmão que seguiu para o Maranhão.

O fotógrafo João Ferreira Villela (18? – ?) anunciou sua volta a Recife, depois de temporada no Rio de Janeiro, apresentando-se como único discípulo de Insley Pacheco (Diário de Pernambuco, de 4 de outubro de 1860, na última coluna).

Insley Pacheco foi um dos subscritores de uma carta enviada ao escritor  francês Victor Hugo (1802-1885) na ocasião da construção de um monumento em homenagem ao jornalista e político francês Charles Ribeyrolles (1812-1860) (Courrier du Brésil, 9 de dezembro de 1860, na segunda coluna).

1861 – Anunciou que a “Pacheco e Irmão Ambrotypista da Augusta Caza Imperial” deixaria São Luís no fim de fevereiro (O Commercio, 2 de fevereiro de 1861, na quarta coluna).

Realização de uma exposição de retratos em cartões de visita na loja de Insley Pacheco, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 27 de abril de 1861, na terceira coluna).

Propaganda de Insley Pacheco anunciando o processo “hallotypo” (Jornal do Commercio, 7 de setembro de 1861).

1862 - Foi agraciado com a medalha de cobre na Exposição Nacional de 1861 / 1862, na qual participou na seção de Belas Artes com retratos da família imperial e com fotopinturas de paisagens (Correio da Tarde, 13 de março de 1862, na última coluna).

1863 - Foi noticiada a abertura do novo estabelecimento de Insley Pacheco, na rua do Ouvidor, nº 102 (Diário do Rio de Janeiro , 1º de abril de 1863, na quarta coluna).

Foi nomeado sócio efetivo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Diário do Rio de Janeiro, 13 de maio de 1863, na quarta coluna).

1864 -  O irmão e sócio de Insley Pacheco, Bernado José Pacheco, chegou da Europa, depois de uma temporada entre Bruxelas, Paris e Londres, onde estudou em diversas oficinas fotográficas (Diário do Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1864, na quarta coluna).

O escritor Machado de Assis (1839 – 1908), que nasceu no mesmo ano em que nasceu a fotografia, 1839, escreveu em sua coluna do Diário do Rio de Janeiro de 7 de agosto de 1864 sobre suas visitas à casa do Pacheco (justamente Insley Pacheco), que definiu como o mais luxuoso Templo de Delos do Rio de Janeiro, exaltando poder ver no mesmo álbum fotográfico os rostos mais belos do Rio de Janeiro, falo dos rostos femininos. Contou também a história da chegada do daguerreótipo na cidade e, em seguida, elogiou o trabalho realizado pelo artista  J.T. da Costa Guimarães, uma miniatura de Diane de Poitiers, exposto no estabelecimento de Insley Pacheco. Finalmente, revelou que havia chegado há pouco tempo no referido ateliê um aparelho fotográfico destinado a reproduzir em ponto grande as fotografias de cartão. Termina seu passeio perguntando-se “Até onde chegará o aperfeiçoamento do invento de Daguerre?”

Um grande temporal ocorrido em 10 de outubro, no Rio de Janeiro, atingiu seriamente o estabelecimento fotográfico de Insley Pacheco (O Paiz, 8 de novembro de 1864, na segunda coluna).

1865 – Na Revista da Semana, de 3 de setembro de 1865, foi publicada uma charge mencionando Insley Pacheco.

Enviou para a Exposição Internacional do Porto diversos retratos de pessoas “notáveis” e da família real, de dom Pedro II, da imperatriz Teresa Cristina, além de duas paisagens e dois estudos (Correio Paulistano, 3 de outubro de 1865, na segunda coluna). Esses trabalhos foram elogiados (O Despertador, 10 de outubro de 1865, na primeira coluna). Ele ganhou uma medalha de primeira classe por suas fotografias (Jornal do Commercio, 7 de novembro de 1865, na segunda coluna).

1866 - Anúncio de seu estabelecimento fotográfico, que já era na rua do Ouvidor, 102 (Índice Alfabético, edição de 1866).

No Club Fluminense, com a presença de dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, realização do Salão Literário e Artístico da Arcadia Fluminense, cuja galeria de arte havia sido arrumada por Insley Pacheco (O Publicador Maranhense, 3 de janeiro de 1866, na terceira coluna sob o título “Arcadia Fluminense”).

Foi publicado um comentário sobre o governo português ter condecorado Insley Pacheco com a Ordem de Cristo (Semana Ilustrada, 3 de março de 1866).

Insley Pacheco foi premiado com a segunda medalha de prata da secão de “Fotografia” na Exposição Nacional de 1866, realizada pela Academia Real de Belas Artes, 19 de outubro a 16 de dezembro de 1866. Pela primeira vez a fotografia apareceu como categoria específica, separando-se do grupo destinado às Belas Artes. Sobre sua participação, o pintor Victor Meirelles (1833-1903) comentou no Relatório sobre a II Exposição Nacional:

“Pelos seus retratos que se recomendam pela perfeição do trabalho, nitidez e beleza das meias tintas, efeitos de luz agradáveis, tornando-se sobretudo notável nessa parte, que é tratada artisticamente, a bela prova fotográfica representando uma senhora, que graciosamente e com bastante naturalidade descansa sobre o espaldar de uma poltrona”.

1867 - Notícia de sua conquista da medalha de prata na Segunda Exposição Nacional, realizada pela Academia Real de Belas Artes, na qual participou com fotografias, retrato de uma senhora e fotopinturas (Diário do Rio de Janeiro, 1º de fevereiro de 1867, na última coluna).

Participou da Exposição Universal de Paris com fotopinturas.

Integrava o conselho da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (Jornal do Commercio, 16 de outubro de 1867, na segunda coluna).

Foi concedido a Joaquim Insley Pacheco o privilégio do período de cinco anos para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim. Ele havia pedido 20 anos (Jornal do Commercio, 19 de dezembro de 1867, na quinta coluna ).

1868 - O privilégio foi suspenso, impugnado por Carneiro & Gaspar (Jornal do Commercio, 1° de abril de 1868, na sexta coluna).

Na loja do sr. Bernasconi, estavam expostos retratos de dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, de autoria de Insley Pacheco (Diário do Rio de Janeiro, 5 de abril de 1868, na coluna “Folhetim”).

1870 - Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1870, na terceira coluna).

Foi eleito conselheiro da Sociedade Propagadora das Belas Artes (Dezesseis de Julho, de 1870).

1871 -  Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro, 27 de março de 1871, na sexta coluna).

1872 – Insley Pacheco foi cumprimentar dom Pedro II (Diário do Rio de Janeiro1º de agosto de 1872, na segunda coluna).

Elogio aos trabalhos expostos no estabelecimento de Insley Pacheco (A Reforma, 25 de setembro de 1872, na quinta coluna).

1873 - Na Terceira Exposição Nacional, participou com pinturas a guache e pastel (fotopinturas) e com paisagens a óleo. Ganhou medalhas de prata e de cobre (Diário do Rio de Janeiro, 13 de março de 1873, na segunda coluna).

Na Exposição Universal de Viena, Insley recebeu uma menção honrosa no grupo das Artes Gráficas (Diário de São Paulo, 13 de setembro de 1873, na quinta coluna)

1874 - O Ministério do Império, com o decreto 5613, de 25 de abril, “concedeu privilégio de cinco anos a Joaquim Insley Pacheco, para fazer fotografias de sua invenção, aplicadas à porcelana, vidro opalino e marfim” (Diário do Rio de Janeiro, 15 de maio de 1874, na última coluna).

Anúncio do ateliê de Insley, já na rua do Ouvidor, 102 (A Vida Fluminense, 3 de julho de 1875, na terceira coluna).

1875 – Foi premiado com medalha de prata e menção honrosa na Terceira Exposição Nacional de 1873 (A Reforma, 12 de janeiro de 1875, nas primeiras e segunda colunas).

Insley Pacheco agradeceu à perícia do capitão Marques Sobrinho no combate a três incêndios ocorridos na rua dos Ourives (Diário do Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1875, na sexta coluna).

No Despertador de 26 de novembro de 1875, transcrição de matéria do jornal O Globo de 13 de novembro do mesmo ano sobre a participação do Brasil na Exposição Internacional de Santiago, mencionando Insley Pacheco.

Participou da Quarta Exposição Nacional com desenhos e pinturas e foi premiado com a medalha de mérito (Diário do Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1876, na segunda coluna).

Na coluna “Folhetim da Gazeta de Notícias –  Bellas Artes”, o português Julio Huelva (1840 – 1904), pseudônimo do arquiteto e músico Alfredo Camarate, elogiou a fotografia produzida no Brasil e destacou os trabalhos dos ateliês de José Ferreira Guimarães  (1841 –1924), Joaquim  Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) e de Albert Henchel (1827 – 1892) e Franz (Francisco) Benque (1841-1921). O autor cobrou também a presença de fotógrafos do Rio de Janeiro na Exposição Universal da Filadélfia, que se realizaria em 1876 (Gazeta de Notícias, 21 de dezembro de 1875).

1876 - Insley Pacheco e o folhetinista Julio Huelva, travaram uma espécie de duelo em torno da questão entre os estilos idealista e realista da arte, entre dezembro de 1875 e janeiro de 1876 (Gazeta de Notícias12 de dezembro de 1875Jornal do Commercio, 1º de janeiro de 1876, sétima colunaGazeta de Notícias6 de janeiro16 de janeiro, 17 de janeiro e 20 de janeiro de 1876). Esse confronto foi refletido em uma caricatura produzidas por Ângelo Agostini (1843 – 1910), para a Revista Illustrada.

 

Elogio às pinturas de paisagens de autoria de Insley Pacheco expostas na Exposição Internacional de Santiago, no Chile (Diário de Maranhão, 13 de janeiro de 1876, sob o título “O Brasil na exposição de Santiago”).

Insley Pacheco recebeu uma medalha na Exposição Universal da Filadélfia por suas fotografias (O Liberal do Pará, 28 de novembro de 1876, na segunda coluna e Diário do Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1876, na sexta coluna).

1877 -  A casa de Insley Pacheco foi atingida por um temporal ocorrido em setembro. Sua esposa, Elvira Laura Garcia Pacheco (c. 1831 – 1877) estava “gravemente enferma (Diário do Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1877, na última colunaO Despertador, 23 de outubro de 1877, na quarta coluna). Ela faleceu de tuberculose, depois de “longos e dolorosos sofrimentos”, em 24 de outubro (Revista Ilustrada, 27 de outubro de 1877 e Diário do Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1877, na quarta coluna).

1882 - Segundo informações dadas em anúncio do fotógrafo, foi premiado na Exposição Continental de Buenos Aires.

1883 - Em 18 de outubro, dom Pedro II visitou a exposição de pinturas de Arsênio da Silva (1833 – 1883), no estabelecimento de Insley Pacheco.

1884 - Insley Pacheco anunciou melhoramentos em seu estúdio fotográfico com a introdução da platinotipia, mencionando que Marc Ferrez (1843 – 1923) também já fazia uso da nova técnica (Jornal do Recife, 11 de maio de 1884, na terceira coluna).

Foi anunciada a exposição do artista plástico Firmino Monteiro (1855 – 1888) no ateliê de Insley Pacheco (Jornal do Recife, 3 de junho de 1884, na sexta coluna).

1885 a 1897 – Entre esses anos, o estabelecimento já pertencia à sociedade Joaquim Insley Pacheco & Filho.

1888 - Em 27 de janeiro, Antônio Parreiras (1860 – 1937) inaugurou uma exposição na Casa Insley Pacheco com 22 estudos de paisagem. Duas foram adquiridas pela própria princesa Isabel: “Ocaso no Arraial” e “Aldeia do Pontal” (O Paiz, 29 de janeiro de 1888, sob o título “Noticiário“, e Revista Illustrada, 4 de fevereiro de 1888).

Também na Casa Insley Pacheco realização da primeira exposição individual do artista plástico Pedro Weingartner (1853 – 1929) (Cidade do Rio, 28 de agosto de 1888, última coluna; Gazeta de tarde, 30 de agosto de 1888, última coluna; Gazeta de Notícias, 3 de outubro de 1888, última coluna).

1891 - Seu ateliê continuava localizado em um sobrado na rua do Ouvidor, 102 (Almanak Laemmert, 1891).

A neta de Insley Pacheco, Maria, faleceu (O Paiz, 18 de janeiro de 1891, na quarta coluna).

No salão nobre do Teatro São Pedro de Alcântara, participou do banquete oferecido por jornalistas e homens das letras ao corpo docente da Escola de Belas Artes para comemorar a inauguração de seus “trabalhos letivos” (Gazeta de Notícias, 17 de junho, na primeira coluna).

Falecimento de dom Pedro II (1825 – 1891), em Paris. Insley Pacheco reproduziu uma das fotografias do post-mortem do imperador, realizada por Felix Nadal (1820 – 1910), e as distribuiu no Brasil no formato carte-cabinet.

 

 

 

1892 - No ateliê de Insley Pacheco, exposição de quadros do artista alemão Breno Treidler (1857 – 1931) (O Tempo, 23 de janeiro de 1892, na última coluna, sob o título “Cabriolas”).

Em torno desse ano, na folha de proteção sobreposta às suas fotografias, Insley Pacheco identificava-se como “Photographo e pintor. Cavaleiro da Real Ordem de Cristo. Premiado com a Menção de Honra nas exposições de Viena e mais 16 medalhas nas exposições de Philadelphia, Porto, Brazil, Chile, Buenos Aires e Chicago. Novo sistema de platinotipia – Rua dos Ourives, 38 – Rio de Janeiro”.

1893 - Com fotografias e pinturas a óleo, Insley participou da Exposição Universal Colombiana de Chicago, que aconteceu em 1893 para celebrar os 400 anos da chegada de Cristóvão Colombo (1451 – 1506) ao Novo Mundo, em 1492 (Gazeta de Notícias, 19 de janeiro de 1893, na última coluna).

Comentário sobre um quadro do pintor espanhol Fortuny (1838 – 1874), de propriedade de Insley (Gazeta de Notícias, 13 de março de 1893, na terceira coluna).

Seu filho, Joaquim Insley Pacheco Junior, casou-se em São João del Rei com Elvira de Oliveira Coelho (O Paiz, 16 de maio de 1893, na última coluna).

1895 – Seu filho, o engenheiro Alfredo Henrique Pacheco (? – 1895), faleceu. Ele era membro do Club de Engenheiros Civis de Londres e trabalhava no 2º distrito de obras públicas do Rio de Janeiro (O Paiz, 16 de fevereiro de 1895, na primeira coluna).

O estabelecimento de Insley Pacheco foi roubado (O Paiz, 10 de dezembro de 1895, na penúltima coluna).

1896 - Seu estabelecimento ficava no endereço Ourives, 40, no segundo andar (Almanak Laemmert, 1896).

Os pintores Augusto Petit (1844 – 1927), Madruga Filho (1882 – 1951) e Insley Pacheco receberam a terceira medalha na Exposição Geral de Belas Artes (Minas Gerais, 10 de outubro de 1896, na última coluna).

Inauguração do Club dos Repórteres em 12 de outubro. Em uma das salas havia uma pintura de Insley (Jornal do Commercio, 14 de outubro, na quarta coluna).

1897 - No toucador principal do Palácio do Catete, o novo palácio do governo no Rio de Janeiro, que seria inaugurado em poucos dias, havia uma aquarela de Insley Pacheco (Diário de Pernambuco, 6 de março de 1897, na terceira coluna).

1898 - O endereço de seu estabelecimento era Ourives, 38, 2º andar (Almanak Laemmert, 1898).

Participou da Exposição Retrospectiva do Centro Artístico expondo um guache de Arsenio Silva (1833 – 1883), uma marinha de Edoardo De Martino (1838 – 1912) , uma paisagem de Henri Langerock (1830 – 1915) e miniaturas de Thomaz da Costa Guimarães. O Centro Artístico, associação de jornalistas e literatos, criada em 1897,  tinha como objetivo a promoção da arte brasileira. A exposição, realizada durante o mês de julho, na Escola Nacional de Belas Artes, foi o primeiro evento organizado pela associação. Reuniu um grande número de objetos de arte, cedidos por proprietários e colecionadores (A Notícia, 28 e 29 de julho de 1898, na quarta coluna e 12 e 13 de agosto de 1898).

Participou com 37 quadros da 5ª Exposição Geral de Belas Artes (Gazeta da Tarde, 1º de setembro de 1898, na penúltima coluna).

1899 - Algumas vezes ao longo desse ano, foram publicados o anúncio: Retratos – Admiráveis pelo novíssimo processo a platina, unicamente feitos por Insley Pacheco a rua do Ourives n.38 (Jornal do Commercio, 17 de janeiro de 1899, na sexta coluna).

Insley Pacheco, Marc Ferrez (1843 – 1923) e José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) foram nomeados para formar a comissão de propaganda da classe de fotografia da Exposição do Quarto Centenário do Brasil, em 1900, promovida pela Sociedade Propagadora das Belas Artes (A Imprensa, 31 de outubro de 1899, na quarta coluna).

Insley Pacheco estava presente na cerimônia de exéquias mandada celebrar pelos alunos da Escola de Belas Artes pelo pintor Almeida Júnior (1850 – 1899), realizada na matriz da Candelária (Jornal do Commercio, 23 de novembro de 1899, na quinta coluna).

1901 - Insley Pacheco foi um dos jurados do 2º concurso entre fotógrafos amadores, promovido pela “afamada fotografia Leterre”. Os outros jurados foram o escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), diretor da Escola Nacional de Belas Artes, e o artista Hilário Teixeira (A Imprensa, 2 de março de 1901, na terceira coluna).

Insley Pacheco exibiu uma fotografia em estereoscópio, reprodução em cores naturais de um vaso de flores , obtida por um processo inteiramente novo, ao que se diz superior ao de Lippman e de outros…A propósito desse processo de fotografia foi apresentado pelos seus inventores A.L. Lumière, um interessante relatório (Jornal do Brasil, 7 de março de 1901,na terceira coluna).

Insley estava presente na inauguração da quinta exposição de paisagens de Antônio Parreiras ( 1860 – 1937) (O Fluminense, 12 de março de 1901, na segunda coluna).

Insley Pacheco foi um dos jurados do 3º concurso entre fotógrafos amadores, promovido pela fotografia Leterre, ocorrido no dia 3 de agosto de 1901. Os outros jurados foram o escultor Rodolfo Bernardelli (1852 – 1931), diretor da Escola Nacional de Belas Artes, e o artista Hilário Teixeira (Jornal do Brasil, 2 de agosto de 1901, na terceira coluna).

Estava presente na Central do Brasil durante o embarque do presidente Prudente de Morais (1841 – 1902) para São Paulo (Jornal do Brasil, 30 de outubro de 1901, na terceira coluna).

1902 – Publicação do “Artigo Infamante – Aos Amadores de Fotografia no Brasil – Aos profissionais e a meus clientes e amigos “, de autoria de A. Laterre em resposta a uma publicação de 5 de abril na Gazeta do Commercio, em Porto Alegre, que relatava que durante uma reunião do Sploro Photo-Club haviam sido feitos protestos contra um artigo publicado pela revista parisiense Photographie Française, de janeiro de 1902, e também protestos contra o fotógrafo sr. A. Leterre, acusado de prejudicar os fotógrafos amadores do Rio Grande nos concursos que promovia. Nele Insley Pacheco, um dos juízes dos concursos, era mencionado (Jornal do Brasil, 20 de abril de 1902).

Integrou a Exposição Geral de Belas Artes com 60 quadros (A Notícia, 30 e 31 de agosto de 1902, na última coluna). Alguns de seus quadros foram adquiridos pelo Barão Sampaio Vianna (O Paiz, 5 de setembro de 1902, na penúltima coluna). Foi um dos participantes da festa dos artistas da exposição, realizada no restaurante do Silvestre (A Notícia, 12 e 13 de setembro de 1902, na quinta coluna, sob o título “Festa entre artistas”).

Insley Pacheco foi à delegacia dar queixa sobre o não pagamento de uma dívida a seu filho Insley Pacheco Júnior pelo estabelecimento Jupiter Almeida & Comp (O Pharol, 12 de outubro de 1902, na penúltima coluna).

Foi um dos organizadores do Rancho das Reisadas (Gazeta de Notícias, 25 de dezembro de 1902).

1903 - Publicação de um daguerreótipo de Ludovina Soares da Costa, “primeira dama trágica do teatro brasileiro”, produzido em 1860 por Insley Pacheco (Brasil-Theatro, 1903).

Em São João del Rei, faleceu a neta de Insley Pacheco, Maria de Lourdes, filha de Joaquim Insley Pacheco Junior (Correio Paulistano, 31 de janeiro de 1903, na segunda coluna).

Ao longo de abril e maio de 1903, foram publicadas quatro colunas no Correio da Manhã, intituladas “Artistas do meu Tempo” – Carlos Kornis e Insley Pacheco, de autoria de Mello Moraes Filho (Correio da Manhã, 5 de abril de 1903, 12 de abril, 19 de abril3 de maio de 1903, quarta coluna).

Em uma reunião de artistas, promovida pelo pintor Rodolfo Amoedo (1857 – 1941), na Escola de Belas Artes, foi fundada a Associação de Aquarelistas e Insley foi eleito para presidi-la. A primeira exposição da associação foi inaugurada em 1º de julho e Insley participou com oito marinhas. Outros artistas que participaram da mostra foram Eliseu Visconti (1866 – 1944), Henrique Bernardelli  (1858 – 1936) e Rodolfo Amoedo, dentre outros (A Notícia, 24 e 25 de abril de 1903, na terceira colunaJornal do Brasil, 2 de julho de 1903, na oitava coluna, e Correio da Manhã, 3 de julho de 1903, quinta coluna).

Na matéria “Problema histórico” sobre o motivo de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746 – 1792), sempre ser representado com a fisionomia de Jesus Cristo, seu autor, Carlos Laet (1847 – 1927), afirmou que Insley Pacheco era responsável pelo fato. Uma das duas filhas de Insley estava copiando uma estampa da coleção Julien de uma cabeça de Cristo quando o estatuário Cândido Caetano de Almeida Reis (1838 – 1889) chegou para uma visita. Durante sua conversa com Insley, mencionou que haviam lhe feito uma encomenda de um busto de Tiradentes e ele não havia encontrado nenhuma representação em que ele pudesse se basear. Foi então que Insley ofertou a ele o desenho de sua filha (Jornal do Brasil, 20 de julho de 1903, na primeira coluna, sob o título “Problema histórico”).

1904 - Participou da Exposição Universal de Saint Louis, realizada entre 30 de abril e 1º de dezembro de 1904, em conjunto com os III Jogos Olímpicos, e obteve a medalha de ouro em fotografia e a de bronze na seção de arte (Almanak Laemmert, 1905).

Insley inaugurou uma exposição de seus últimos trabalhos, em seu ateliê, na rua dos Ourives, 38 (Correio da Manhã, 15 de maio de 1904, na segunda coluna).

O Barão de Rio Branco (1845 – 1912), na época ministro das Relações Exteriores do Brasil, adquiriu uma paisagem de Insley Pacheco, exposta no Club Petrópolis (Correio da Manhã, 24 de março de 1904, na quarta coluna).

A segunda exposição da Associação de Aquarelistas foi realizada na casa 70 da rua Gonçalves Dias e Insley apresentou quatro aquarelas a guache (A Notícia, 15 e 16 de junho de 1904, na segunda coluna).

Em 7 de setembro, reabriu seu ateliê na rua do Ouvidor esquina com Gonçalves Dias (Correio da Manhã, 7 de setembro de 1904, na penúltima coluna).

Participou da Exposição da Escola Nacional de Belas Artes de 1904 com 15 guaches (O Tagarela, 15 de setembro de 1904 e O Paiz, 25 de setembro de 1904, na primeira coluna).

1905 - O estabelecimento de Insley Pacheco ficava na rua do Ouvidor, 124, esquina com Gonçalves Dias, 70 (Almanak Laemmert, 1905).

Foi publicado que os participantes da Exposição de Saint Louis, ocorrida em 1904, podiam retirar os produtos enviados para o evento que lhes pertencessem (Jornal do Brasil, 6 de junho de 1905, na segunda coluna).

Foi noticiado que Insley Pacheco havia conseguido “em fotografia colorida um belo triunfo”  (Gazeta de Notícias, 11 de julho de 1905, na sexta coluna).

Foi um dos jurados da 2ª Exposição Artística do Photo Club (O Paiz, 26 de julho de 1905, na primeira coluna). Foi publicado um artigo de A. Leterre intitulado “Rapto de honra – Fotografia” sobre o resultado da 2ª Exposição Artística do Photo Club (Jornal do Brasil, 19 de agosto de 1905, nas penúltima e última colunas).

Nos “suntuosos salões” do Cassino Fluminense, realização de um baile, no qual Insley era um dos convidados (Jornal do Brasil, 22 de agosto de 1905, na terceira coluna).

1907 - No Palácio Monroe, em 2 de junho, foi realizada a entrega dos prêmios aos participantes brasileiros da Exposição Universal de Saint Louis, de 1904 (O Século, 3 de junho de 1907Relatórios do Ministério da Agricultura, 1908).

Participou da Exposição da Escola Nacional de Belas Artes (Jornal do Brasil, 31 de agosto de 1907, na sexta coluna).

1908 - Na Exposição Nacional de 1908, ganhou a medalha de prata na categoria de pintura e o grande prêmio de fotografia (Almanak Laemmert, 1909).

Insley Pacheco havia “iniciado um processo…para a impressão de clichês à tinta, processo esse que torna indelével a fotografia …” (O Paiz, 13 de outubro de 1908, nas quarta e quinta colunas).

1909 – Seu estabelecimento ficava na rua Gonçalves Dias, 74 (Almanak Laemmert, 1909).

Insley instalou em seu ateliê a tipocromia, “um novíssimo e interessante invento” (A Notícia, 6 e 7 de abril de 1909, nas quarta e quinta colunas , O Século, 7 de abril de 1909, na primeira coluna e O Paiz, 19 de maio de 1909, na segunda coluna).

Participou da Exposição de Belas Artes com uma coleção de guaches (O Paiz, 1º de setembro, na terceira coluna).

1910 - Pela última vez seu estabelecimento foi listado pelo Almanak Laemmert.

Participou da 17ª Exposição Geral de Belas Artes com guaches (A Imprensa, 29 de setembro de 1910).

O comendador Insley Pacheco estava presente ao desembarque do ex-diplomata português Camelo Lampreia, no Cais Pharoux (Gazeta de Notícias, 12 de março de 1911).

1912 - Falecimento de Insley Pacheco, “o fotógrafo tradicional do Rio” (O Século, 15 de outubro de 1912, na sexta colunaJornal do Brasil, 15 de outubro de 1912, na sétima coluna , O Paiz, 16 de outubro de 1912, na penúltima coluna).

1936 - Insley Pacheco foi o biografado da coluna “Figuras do Passado” (O Malho, de 3 de setembro de 1936).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto. A Fotografia no Brasil: 1840-1900 / Gilberto Ferrez; [prefácio por Pedro Vasquez] – 2ª ed. – Rio de Janeiro: FUNARTE: Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

GONÇALVES, Joaquim Castro. O fotógrafo do imperador. O Castro Manco, 9 de fevereiro de 2016.

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

MEIRELLES, Victor. “Photographia” In BRASIL. Exposição Nacional. Relatório da Segunda Exposição Nacional de 1866, publicado […] pelo Dr. Antonio José de Souza Rego, 1o secretário da Commissão Directora. Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1869, 2ª parte, pp. 158-170

MORAES FILHO, Melo. Artistas do meu tempo. Rio de Janeiro: Garnier, 1904.

PINHO, Wanderley. Salões e Damas do Segundo Reinado. São Paulo:Martins, 1942.

Site da Encilopédia Itaú Cultural

Site O Castro Manco

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. Mestres da fotografia no Brasil. Centro Cultural do Banco do Brasil Rio de Janeiro, 1995.

A Brasiliana Fotográfica também pesquisou em diversos periódicos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

O Palácio Real de São Cristóvão

 

A Brasiliana Fotográfica destacou fotografias do Palácio Real de São Cristóvão, que atualmente abriga o Museu Nacional da Universidade do Rio de Janeiro, produzidas por  Augusto Malta (1864 – 1957), Augusto Stahl (1828 – 1877), Georges Leuzinger (1813 – 1892), Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) . O Palácio Real ou Paço Real, localizado no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, havia sido um casarão de um rico comerciante, o traficante de escravos Elias Antônio Lopes, que possuía a área da Quinta da Boa Vista. Devido à carência de espaços residenciais no Rio de Janeiro, Elias doou sua propriedade ao então príncipe regente dom João quando ele chegou ao Brasil, em 1808. A partir de 1817, transformou-se na moradia da família real até 1889, quando foi proclamada a República no Brasil e a família partiu para Portugal (Gazeta de Notícias, edição de 18 de novembro de 1889, sob o título “O Embarque do Imperador”, na segunda coluna). Após a proclamação, o palácio sediou os trabalhos da Assembleia Nacional que resultaram na Constituição Brasileira promulgada em 24 de fevereiro de 1891 (Gazeta de Notícias, 25 de fevereiro de 1891, na primeira coluna).

Em 1892, o Museu Nacional do Brasil, criado em 6 de junho de 1818 por dom João VI e sediado no Campo de Santana, mudou-se para o Palácio da Quinta (O Paiz, 13 de março de 1892, na terceira coluna). Hoje é chamado Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e é um um dos maiores museus de antropologia e de história natural das Américas.

Acessando o link para as fotografias do Palácio Imperial de São Cristóvão disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

O Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a mais antiga instituição científica do Brasil e da própria cultura do país, foi atingido, em 2 de setembro de 2018, por um incêndio de grandes proporções.

Link para o artigo O Museu Nacional, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 3 de setembro de 2018.

Link para a página “Redescobrindo a casa do imperador”, no site do Museu Nacional.

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil

Um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a se estabelecer no Brasil, o francês Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) foi o fotógrafo preferido da família imperial brasileira, tendo sido agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”, em 1861. Um dos pioneiros na produção comercial de imagens sobre papel fotográfico e uso de negativo de vidro em colódio no Brasil, inaugurou seu estabelecimento fotográfico em 1855 ( Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna ). Foi professor de fotografia da princesa Isabel e, provavelmente, o introdutor da técnica estereoscópica no Brasil, com a qual entre os anos de 1855 e 1862 produziu ampla documentação sobre o Rio de Janeiro.

Foi também o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Também foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Dois exemplares estão conservados na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional.

Doze horas em diligência descreve o trajeto  entre Petrópolis e Juiz de Fora, realizado entre seis horas da manhã e seis horas da tarde, duração padrão do percurso nas diligências da Companhia União e Indústria. O fotógrafo dedicou o livro a sua protetora, a imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889): “Quando concebi o projeto de escrever esse pequeno livro, meu primeiro pensamento foi que só a VOSSA MAJESTADE me era permitido dedicar este simples ensaio descritivo de uma das mais belas estradas do Império. Sou talvez muito presunçoso ousando oferecer a Vossa Majestade a dedicatória deste opúsculo; no entanto ouso esperar que VOSSA MAJESTADE me fará a graça insigne de aceital-o, ainda que não fosse mais senão para servir ao sentimento que me inspirou. No benévolo acolhimento de VOSSA MAJESTADE – que já se dignou a fazer tanto por mim – procurarei os meios para realizar trabalhos mais importantes que tenciono fazer no futuro…”.

No prefácio, Klumb afirmou: …Num trabalho feito a galope, não se pode esperar encontrar estilo elegante e florido, mas sim uma ligeira descrição dos lugares notáveis, atravessados por uma estrada magnífica. Essa obra não tem o merecimento senão o de ser: o primeiro guia do viajante, feito no país, guia ilustrado de desenhos copiados da fotografia …

São de autoria de Klumb diversas imagens da família imperial brasileira, que deixam clara sua proximidade com a realeza. No Rio de Janeiro, fotografou tanto a natureza como a paisagem urbana da cidade. Registrou edifícios e logradouros públicos, como o Passeio Público, o Jardim Botânico e a Floresta da Tijuca; monumentos, hotéis e residências, tendo sido pioneiro na realização de uma sistemática e abrangente documentação das paisagens cariocas. Registrou tanto a fábrica de gás como a ferrovia de Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá ( 1813 – 1889 ). Também fotografou a paisagem urbana de Petrópolis, acrescentando efeitos noturnos, uma importante inovação. Essa série é considerada extremamente significativa do ponto de vista estético, formal e dos limites da linguagem na época.

Link para o comentário “Os efeitos de Klumb”,  por Sérgio Burgi, curador do portal Brasiliana Fotográfica e Coordenador de Fotografia do Instituto Moreira Salles.

 

 

Acessando o link para as fotografias de Revert Henrique Klumb disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

Breve cronologia de Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886)

 

c. 1826 – Nascimento de Revert Henry Klumb, no Departamento de Seine e Oise, na França, filho de lavradores-proprietários. Alguns estudiosos afirmam que ele teria nascido em Berlim, na Alemanha. Porém, em um documento que está no Arquivo Nacional, conforme publicado no livro Rio de Janeiro – 1840 -1900 – Uma crônica fotográfica, de 2006, de George Ermakoff, Klumb se reconhece como francês. Também em uma matéria do Jornal do Commercio, de 1859, foi identificado como francês (Jornal do Commercio, de 27 de junho de 1859, na quinta coluna).

1854 – Klumb chegou ao Rio de Janeiro com Affonso Rouel, trazendo uma máquina fotográfica. Eles eram, segundo consta no livro Artistas de meu tempo, de Mello Morais Filho, fugitivos do exército francês. Em algum momento de sua estadia no país, Klumb aportuguesou seu nome do meio para Henrique.

1855 – Anúncio do estabelecimento Photographia de François Rene Moreaux, Klumb e Cia, na rua do Rosário, 134 (Diário de Rio de Janeiro, 16 de março de 1855, na segunda coluna). Klumb e Rouel se associaram a Moreaux e, segundo Melo Moraes Filho em seu livro Artistas do meu tempo, foram os primeiros a produzir fotografias sobre papel no Brasil.

Já em novembro, foi publicado um anúncio da abertura da galeria de exposição de Klumb, na rua dos Ourives, 64 , atual rua Miguel Couto ( Correio Mercantil , de 4 de novembro de 1855, na última coluna, além do anúncio).

 

 

Foi anunciado que um quadro de autoria de Manuel Araujo de Porto Alegre (1806 – 1879), diretor da Academia Imperial de Belas Artes, seria copiado em ponto pequeno na officina photographica do sr. Klumb (A Semana, 8 de dezembro de 1855).

Em anúncio do estabelecimento de Klumb, foi noticiada a presença do artista M. Muller no ateliê, responsável pelos serviços de pintura e desenho (Jornal do Commercio, 10 de julho de 1956, na sexta coluna)

1856 – Anúncio do estabelecimento fotográfico de Klumb, com aprovação do governo imperial (Gazeta Mercantil, de 6 de fevereiro de 1856, na primeira coluna).

Propaganda do estabelecimento fotográfico de Klumb, anunciando a descoberta por ele de um novo processo por meio do qual obtem-se retratos em fumo e coloridos, da mais absoluta perfeição, podendo-se entrega-los depois de um quarto de hora (Gazeta Mercantil, de 18 de julho de 1856, na quarta coluna).

Klumb anunciou a venda do retrato do marquês do Paraná (1801 – 1856), em seu leito de morte, produzido em 3 de setembro de 1856,  que serviu como base para uma litografia de Clement Bernard Louis Thérier (Jornal do Commercio, de 16 de novembro de 1856). Thérier havia chegado ao Rio de Janeiro, em fevereiro de 1853, contratado por Francisco de Paula Brito (1809 – 1861) para trabalhar na Marmota Fluminense.

1857 - Anúncio do leilão da casa de fotografia de Klumb (Jornal do Commercio, de 20 de janeiro de 1857, na última coluna).

Sob o título “Lições de Photographia”, Klumb anunciava-se como professor de fotografia na ladeira do Castello, nº 18, onde residia ( Jornal do Commercio, de 29 de janeiro de 1857, na segunda coluna).

Klumb trabalhou como empregado no estabelecimento do fotógrafo Pierre Benoit Loup, na rua dos Latoeiros, 60 ( Jornal do Commercio, de 7 de março de 1857, na quarta coluna ).

1858 – Klumb embarcou para São João da Barra ( Jornal do Commercio, de 9 de fevereiro de 1858, na terceira coluna, sob o título “Movimento do Porto” )

1859 – Klumb viajou para Campos, e foi identificado como francês (Jornal do Commercio, de 27 de junho de 1859, na quinta coluna ).

1860 -Participou do Salão Imperial da Academia de Belas Artes, inaugurado em 23 de dezembro, expondo 15 fotografias: 6 retratos, duas vistas do dique da Ilha das Cobras, duas reproduções de estátuas em gesso, uma vista da Floresta da Tijuca, uma vista da Cascatinha da Tijuca, uma vista de uma chácara na Tijuca, uma vista de uma chácara às margens do rio Paraíba, em Campos; e um quadro contendo vistas estereocópicas e três retratos no formato carte de visite.  No catálogo do evento constava “Sr. Henrique Klumb, photographo da Academia. Rua dos Latoeiros, nº 44″.

1861 – Foi publicada uma crítica sobre o Salão Imperial da Academia de Belas Artes com elogios a Klumb (Diário do Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 1861 ).

Com a presença de Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, foi realizada a cerimônia de premiação dos artistas que participaram do Salão Imperial da Academia de Belas Artes de 1860. Klumb foi agraciado com uma Menção Honrosa (O Correio da Tarde, 8 de julho de 1861, na segunda coluna).

Em 23 de julho, Klumb documentou a inauguração da estrada União Indústria e as comemorações que se seguiram em Juiz de Fora na casa do construtor Mariano Procópio Ferreira Lage (1821 – 1872), com a presença da família imperial brasileira. A União Indústria foi a primeira estrada de rodagem macadamizada do Brasil, além de ter sido a maior obra de engenharia da América Latina, na época. Na sua construção não foi utilizada mão de obra escrava.

Em 24 de agosto, foi agraciado com o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”.

No segundo semestre, começou a dar aulas de fotografia para a princesa Isabel.

Por encomenda de dom Pedro II, fotografou os interiores do Palácio de São Cristóvão, remodelado pelo decorador italiano Mario Bragaldi ( 1809 – 1873) e pelo arquiteto da Casa Imperial, Teodoro Marx.

1862 - Vendeu vistas estereoscópicas para as princesas Isabel e Leopoldina.

1864 – Anúncio da Photographia Brazileira, de Klumb, na rua São José, 94 e 96 (Jornal do Commercio,  de outubro de 1864, na quarta coluna).

1865 –  A imperatriz Teresa Cristina, uma das melhores clientes de Klumb, gastou 480 mil réis em retratos, vistas e esteoroscopias de sua autoria.

Anúncio da oficina do litógrafo Paul Théodore Robin (? – 1897), dirigida por Klumb, na Rua São José, 96 ( Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, de 1865 ). Foi sucedido no local por Marc Ferrez (1843 – 1923), então com 22 anos.

1865 / 1866 – Klumb foi morar em Petrópolis, na rua dos Artistas, nº 10, em frente à praça Coblenz. Fez uma extensa documentação da paisagem urbana da cidade, inclusive com efeitos noturnos – uma grande inovação na época. Devido a problemas financeiros, no período em que residiu em Petrópolis, também trabalhou no comércio de vinho.

1872 – Anúncio da abertura da Photographia Franceza, de Klumb e outros fotógrafos, na residência do sr. Figueira de Melo, na rua do Ouvidor, nº 49 (Jornal do Commercio, 22 de maio de 1872, na última coluna ).

Foi publicado o livro Doze horas em diligência – Guia do viajante de Petrópolis e Juiz  de Fora, editado na Casa do Editor J.J.da Costa Pereira Braga, na rua Nova do Ouvidor, 25 e 26. Foi um dos primeiros livros de fotografia produzidos no Brasil.

1873 – Crítica ao livro Doze horas em diligência – Guia do viajante de Petrópolis e Juiz  de Fora ( A Vida Fluminense, 19 de julho de 1873, na segunda coluna).

Anúncio da venda do livro Doze horas em diligência – Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Fora (Jornal do Commercio, de 26 de julho de 1873, na última coluna).

 

 

1874 - Publicação do livro Petrópolis e seus arrabaldes, com fotografias produzidas por Klumb.

1875 – Anúncio e crítica da exposição de fotografias de Petrópolis, de autoria de Klumb, em Petrópolis (O Globo, de 10 de janeiro de 1875 , na segunda coluna, O Mercantil, de 6 e 9 janeiro de 1875  e de 6 de fevereiro de 1875).

Dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina visitaram a exposição (O Mercantil, de 10 de janeiro de 1875, na terceira coluna).

Klumb anunciou seus serviços de fotógrafo na cidade Petrópolis aos domingos, segundas, terças e dias santos na rua D. Januária (O Mercantil, de 17 de fevereiro de 1875, na terceira coluna).

A exposição de fotografias de Klumb foi anunciada como uma das atrações de Petrópolis (O Mercantil, de 22 de dezembro de 1875, na primeira coluna).

Entre 1875 e 1886 – Nesse período, de cerca de 10 anos, não há notícias sobre Klumb.

1886Klumb estava em Paris e de lá escreveu à imperatriz Teresa Cristina pedindo que ela financiasse a volta dele e de sua família para o Brasil. Era casado com a baiana Hermelinda Barreto, com quem tinha duas filhas. O pedido foi deferido, e ele e sua família deveriam embarcar para o Brasil em outubro de 1886. Porém, não se sabe se ele chegou a vir para o Brasil. Essa é a última notícia que se tem, até o momento, sobre Klumb.

 1952 – Foi publicado o artigo Segredos e Revelações da História do Brasil – Primeiro Guia Turístico do Brasil, sobre Doze horas em diligência – Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Foraescrito pelo criador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional, Gustavo Barroso (1888-1959) (O Cruzeiro, de 1º de novembro de 1952).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica em torno da obra de Revert Henrique Klumb:

As versões diurna e noturna na fotografia de Revert Henrique Klumb, 28 de dezembro de 2018

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, 16 de março de 2020

“Doze horas em diligência”, o primeiro guia turístico do Brasil, por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), 8 de maio de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, 16 de junho de 2020.

O Hotel Pharoux por Revert Henrique Klumb, em 15 de junho de 2022

 

Fontes:

BRITTO PEREIRA, Cecilia Duprat. Revert Henrique Klumb – Fotógrafo da Família Imperial Brasileira. Rio de Janeiro: Anais da Biblioteca Nacional, 1982.

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

FERREZ, Gilberto. Fotografia no Brasil e um de seus mais dedicados servidores : Marc Ferrez ( 1843 – 1923 ). Rio de Janeiro: Revista do IPHAN, nº 26, 1997.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil(1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. ISBN 85-86707-07-4

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Os Fotógrafos do Império. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. 240p.:il

MARTIM, Ricardo (pseudônimo de Guilherme Auler). Dom Pedro II e a fotografia. Tribuna de Petrópolis. Petrópolis, 1 de abril de 1956.

MORAES FILHO, Alexandre de Mello. Artistas do meu tempo. Rio de Janeiro: Garnier, 1905.

SCARRONE, Marcelo. Doze horas numa diligência. Rio de Janeiro: Revista de História, 14/06/2008.

Site do Instituto Moreira Salles

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

TURAZZI, Maria Inez. Paisagem construída – fotografia e memória dos “melhoramentos urbanos” na cidade do Rio de JaneiroVaria história, vol.22 no.35. Belo Horizonte. Jan/Junho 2006

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Introdução João de Orleans e Bragança. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho : Cis, [1985]. 243 p., fotos p&b.

VASQUEZ, Pedro Karp. Fotógrafos Alemães no Brasil do Século XIX: Deutsche Fotografen des 19. Jahrhunderts in Brasilien. Apresentação Winston Fritsch; prefácio Joaquim Marçal; projeto editorial Pedro Karp Vasquez, Ronaldo Graça Couto; projeto gráfico Victor Burton. São Paulo: Metalivros, 2000. 203 p., il. p&b. ISBN 85-85371-28-5.

VASQUEZ, Pedro Karp. Mestres da fotografia no Brasil: Coleção Gilberto Ferrez. Traducao Bill Gallagher. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995. 272 p., il. p&b. ISBN 85-85688-04-1.

VASQUEZ, Pedro Karp. Revert Henrique Klumb: um alemão na Corte Imperial brasileira. Apresentação Joaquim Marçal, Demosthenes Madureira de Pinho Filho; coordenação de coleção Pedro Corrêa do Lago; coordenação editorial Pedro Corrêa do Lago, Luiz Eduardo Meira de Vasconcellos; design Victor Burton; fotografia César Barreot, Miguel Pacheco e Chaves; pesquisa Pedro Karp Vasquez; tradução Carlos Luís Brown Scavarda. Rio de Janeiro: Capivara, 2001 229p., il. p&b. (Visões do Brasil, 4). ISBN 85-86011-49-5.

VASQUEZ, Pedro Karp. A fotografia no Império. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. 72 p., il. p&b.

Dia dos Pais

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Alberto Henschel. Princesa Isabel, Conde D’Eu e os filhos D. Pedro de Alcântara, príncipe do Grão-Pará, D. Luís Maria e D. Antônio Gastão, c. 1884 / Acervo IMS

Com uma fotografia  do Conde D´Eu (1842-1922), com sua esposa, a Princesa Isabel (1846 – 1921), e com os filhos do casal Dom Pedro de Alcântara, Dom Luís Maria e Dom Antônio Gastão, produzida por Albert Henschel (1827 – 1882) a Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia dos Pais, data que foi comemorada pela primeira vez, em 1910, nos Estados Unidos. No Brasil, a ideia de criar esta data partiu do publicitário Sylvio Bhering e o jornal O Globo começou uma campanha para difundir a efeméride (O Globo, 1º de junho de 1953), festejada pela primeira vez no dia 16 de agosto de 1953 (Jornal do Brasil, 16 de agosto de 1953). Posteriormente, o Dia dos Pais passou a ser comemorado no segundo domingo de agosto.

Gastão de Orleans, o Conde  D´Eu (1842 – 1922), e a Princesa Isabel (1846 – 1921) casaram-se em 15 de outubro de 1864  (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1864). Onze anos depois, em 15 de outubro de 1875, em Petrópolis, nasceu o primeiro filho do casal, Pedro de Orléans e Bragança (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1875, sob o título “Diário do Rio”). Ele faleceu em 29 de janeiro de 1940, na mesma cidade em que nasceu. Em 26 de janeiro de 1878, ocorreu o nascimento do segundo filho, Luis Maria de Orléans e Bragança, em Petrópolis (Diário do Rio de Janeiro, edição de 27 de janeiro de 1878, na segunda coluna). Ele faleceu em Cannes, na França, em março de 1920. Finalmente, em 9 de agosto de 1881, nasceu, em Paris, o terceiro e último filho do casal, Antonio Gastão de Orléans e Bragança (Gazeta de Notícias, edição de 10 de agosto de 1881, na primeira coluna). Ele faleceu em 29 de novembro de 1918, devido a um desastre de avião, em Londres.

Dia das Mães

 

 

Com uma fotografia da Princesa Isabel (1846 – 1921) com seu filho Pedro de Alcântara, ainda bebê, a Brasiliana Fotográfica faz uma homenagem ao Dia das Mães. Também conhecida como “A Redentora”, por ter assinado a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, que acabou com a escravidão no Brasil, Isabel teve três filhos com com Gastão d´Orleans (1842-1922), o conde D´Eu, com quem se casou em 15 de outubro de 1864: Pedro (1875 – 1940), Luis Maria (1878 – 1920) e Antonio Gastão (1881 – 1918).

Na fotografia destacada, ela está segurando seu primeiro filho, Pedro, único que não faleceu antes dela. O registro é da Photographia Alemã, que pertencia aos alemães Alberto Henschel (1827 – 1892) e Francisco Benque (1841 – 1921).

O Dia das Mães é comemorado no Brasil no segundo domingo de maio, de acordo com um decreto assinado pelo presidente Getulio Vargas, em 1932, mas a origem da comemoração remonta à Grécia Antiga, quando a deusa Reia, mãe comum de todos os seres, era homenageada. A celebração tomou um caráter cristão nos primórdios do cristianismo e realizava-se em torno da Virgem Maria, a mãe de Jesus.

 

Acessando o link para as fotografias que remetem ao tema da maternidade disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

Princesa Isabel (RJ, 29 de julho de 1846 – Eu,14 de novembro de 1921)

Ao longo de sua vida, a princesa Isabel foi retratada por diversos e destacados fotógrafos do século XIX. A Brasiliana Fotográfica reuniu alguns desses registros, feitos por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), Marc Ferrez (1843 – 1923)Alberto Henschel(1827 – 1882) & Benque e por anônimos, criando para seus leitores a Galeria de Fotos da Princesa Isabel.

Acessando o link para as fotografias da princesa Isabel disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Por ter assinado a Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravatura no Brasil, ela ficou conhecida como A Redentora. Filha do imperador Pedro II (1825 – 1891), um entusiasta da fotografia, e da imperatriz Teresa Christina Maria (1822 – 1889), formou com seu marido, Gastão d´Orleans (1842 – 1922), o conde D´Eu, uma coleção de fotografias, que se encontra na Europa e representa um importante acervo iconográfico do oitocentos no Brasil. Fazem parte da coleção fotografias de Marc Ferrez (1843 – 1923)Alberto Henschel(1827 – 1882)Augusto Riedel (18? – ?)Augusto Stahl (1828 – 1877)George Leuzinger (1813 – 1892), e Victor Frond (1821 – 1881),  dentre outros, além da imagem da Missa Campal realizada em 17 de maio de 1888, 4 dias após a abolição dos escravizados.

Breve cronologia da vida da Princesa Isabel

 

 

1846 – Em 29 de julho, nascimento da princesa Isabel no Paço Imperial, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, filha do imperador Pedro II (1825 – 1891) e da imperatriz Teresa Cristina Maria (1822 – 1889) (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1846, sob o título “Parte official”).

Em 15 de novembro, realização do batizado da princesa Isabel, que recebeu o nome de Isabel Christina Leopoldina Augusta Michaella Gabriella Raphaela Gonzaga. Seus padrinhos foram Dom Fernando II, rei de Portugal, representado por Manuel Inácio de Andrade Souto Maior Pinto Coelho, o marquês de Itanhaém; e a Sra. Maria Isabel, rainha viúva das Duas Sicílias, representada por Guilhermina Adelaide Carneiro Leão, a marquesa de Maceió (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de novembro de 1846, na coluna O Diário)

1850 – Em 10 de agosto, no Paço do Senado, foi proclamada Herdeira do Trono, pela Assembleia Geral (Correio da Tarde, edição de 9 de agosto de 1850, na primeira coluna, sob o título “Lê-se no Correio Mercantil”).

1860 – Em 29 de julho, quando completou 14 anos, a princesa Isabel prestou juramento de “manter a religião católica, observar a constituição política do País e ser obediente às Leis e ao Imperador” (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1860).

1864 – Em 15 de outubro, casamento da princesa Isabel com Gastão d´Orleans (1842 – 1922), o conde D´Eu, na Capela Imperial, no Rio de Janeiro, celebrado por D. Manoel Joaquim da Silveira, arcebispo da Bahia e primaz do Brasil (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1864). O escritor Machado de Assis escreve na coluna Folhetim uma calorosa descrição do casamento (Diário do Rio de Janeiro, edição de 17 de outubro de 1864). O casal passou a lua de mel em Petrópolis, de onde retornou no dia 24 de outubro.

1871 – De maio desse ano a março de 1872, a princesa Isabel exerceu pela primeira vez a regência do Brasil.

Em 29 de julho, ao completar 25 anos, tornou-se a primeira senadora do Brasil, conforme estabelecido na Constituição Brasileira de 1824: “Art 46. Os Príncipes da Casa Imperial são Senadores por Direito, e terão assento no Senado, logo que chegarem à idade de vinte e cinco anos”.

Em 28 de setembro, promulgou a Lei do Ventre Livre, que concedeu liberdade a todos os filhos de mulheres escravas que nascessem a partir da data de assinatura da lei (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de setembro de 1871).

 

 

1874 – Em 28 de julho, a princesa Isabel deu à luz a uma menina natimorta, Luísa Vitória de Orléans e Bragança (Diário do Rio de Janeiro, edição de 29 de julho de 1874, sob o título “Parte Official”).

1875 – Em 15 de outubro, em Petrópolis, nascimento de seu primeiro filho, Pedro de Orléans e Bragança (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1875, sob o título “Diário do Rio”). Ele faleceu em 29 de janeiro de 1940, na mesma cidade em que nasceu.

1876 – De março desse ano a setembro de 1877, a princesa Isabel exerceu, pela segunda vez, a regência do Brasil. 

1878 – Em 26 de janeiro, nascimento de seu segundo filho, Luis Maria de Orléans e Bragança, em Petrópolis (Diário do Rio de Janeiro, edição de 27 de janeiro de 1878, na segunda coluna). Ele faleceu em Cannes, na França, em março de 1920.

1881 – Em 9 de agosto, nascimento, em Paris, de seu terceiro e último filho, Antonio Gastão de Orléans e Bragança (Gazeta de Notícias, edição de 10 de agosto de 1881, na primeira coluna). Ele faleceu em 29 de novembro de 1918, devido a um desastre de avião, em Londres.

 

 

1887 – De junho desse ano a agosto de 1888, a princesa Isabel exerceu, pela terceira e última vez, a regência do Brasil.

1888 - No chuvoso domingo de Páscoa de 1888, em 1º de abril, o Palácio de Cristal foi todo enfeitado e em seu exterior via-se uma grande cruz também de ramagens e flores com o dístico “Viva a liberdade”. Na ocasião, a princesa Isabel e o conde d´Eu junto a seus filhos, os príncipes Pedro de Alcântara (1875 – 1940) e dom Luis Maria (1878 – 1920), entregaram 127 cartas de alforria a escravizados da cidade Imperial (Jornal do Commercio, 2 de abril de 1888, primeira colunaDiário de Notícias, 2 e 3 de abril de 1888, sétima coluna). A maioria dos senhores desses escravizados foram indenizados a partir de uma grande campanha desenvolvida na cidade pela comissão agenciadora das libertações. Compareceram à cerimônia representantes do gabinete ministerial de João Alfredo, os abolicionistas André Rebouças (1838 – 1898) e José do Patrocínio (1853 – 1905), além dos embaixadores da Argentina, da Bélgica, do Chile, da Espanha, dos Estados Unidos e da Itália, e diplomatas das legações de outros países, dentre outros.

Em 13 de maio, assinou a Lei Áurea, que deu fim oficialmente à escravidão no Brasil (Gazeta de Notícias, edição de 14 de maio de 1888). Por esse ato, em 28 de setembro, recebeu a condecoração Rosa de Ouro, concedida pelo papa Leão XIII, tendo sido saudada pelo bispo do Pará (Gazeta de Notícias, edição de 29 de setembro de 1888).

Foi noticiada a criação da associação que, com o título de Guarda Negra da Redentora, se dedicasse em corpo e alma e em todos os terrenos à defesa do reinado da excelsa senhora que os fez cidadãos (Cidade do Rio, 10 de julho de 1888, segunda coluna).

1889 - Em 17 de novembro, dois dias após a proclamação da República, a família real partiu para o exílio, na Europa (Gazeta de Notícias, edição de 18 de novembro de 1889, sob o título “O Embarque do Imperador”, na segunda coluna).

1890 - A princesa Isabel, seu marido e filhos foram viver na França.

1901 – Durante uma competição em Paris em 13 de julho de 1901, o suprimento de petróleo do balão que Santos Dumont (1873 – 1922) dirigia acabou antes que ele alcançasse a linha de chegada. O balão voou por Paris até cair em uma propriedade da família de banqueiros Rothschild. Segundo o livro Asas da Loucura, de Paulo Hoffman, uma biografia de Dumont, quando soube do acidente, a princesa Isabel, que morava perto do local da queda, pediu que seus criados levassem almoço para o aviador. Além disso, o convidou a visitá-la. Tempos depois, a princesa teria enviado a Dumont uma medalha de ouro, com o seguinte bilhete: “Envio-lhe uma medalha de São Benedito, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente do relógio, na carteira ou no pescoço. Ofereço-lhe pensando na sua boa mãe e pedindo a Deus que o socorra sempre e o ajude a trabalhar para a glória de nossa pátria”. Ele a portou até o fim da vida.

1918 – Falecimento de seu terceiro e último filho, Antonio Gastão de Orléans e Bragança (1881 – 1918), em 29 de novembro de 1918, devido a um desastre de avião, em Londres.

1920 - Em março, falecimento, em Cannes, de seu segundo filho, Luis Maria de Orléans e Bragança (1878 – 1920).

O projeto do deputado mineiro Francisco Valadares (18? – 1933) requerendo a revogação do banimento da família imperial do Brasil, que havia sido apresentado em dezembro de 1919 e arquivado, recebeu em 1920 um parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça e foi rapidamente aprovado no Congresso. Em 3 de setembro de 1920, no Palácio do Catete, o presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942) assinou, com uma caneta de ouro adquirida a partir da arrecadação de dinheiro mediante subscrição pública promovida pelo jornal A Rua, o decreto que revogava o banimento da família imperial. A cerimônia foi realizada com a presença de comissões de instituições importantes como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, a Academia Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de Imprensa. O decreto também autorizava o Poder Executivo, mediante concordância da família do ex-imperador e do governo de Portugal, a trasladar para o Brasil os despojos mortais de dom Pedro II e de dona Teresa Christina (A Rua, 4 de setembro de 1920, primeira coluna).

1921 - A princesa Isabel não chegou a se beneficiar da revogação do banimento da família real do Brasil, tendo falecido em 14 de novembro de 1921 (Gazeta de Notícias, 15 de novembro de 1921).

1922 – O conde d´Eu faleceu, em 28 de agosto de 1922,  justamente quando voltava ao Brasil para celebrar o centenário da independência do país. Estava a bordo do navio Massilia (O Paiz, 29 de agosto de 1922, penúltima coluna).

1938 – Na celebração do cinquentenário da Lei Áurea, um decreto presidencial autorizou o repatriamento dos restos mortais da Princesa Isabel e do Conde d´Eu (O Jornal, 13 de maio de 1938).

 

 

1940 – Em 29 de janeiro, em Petrópolis, falecimento de seu primeiro filho, Pedro de Orléans e Bragança (1875 – 1940).

1953 – Em 6 de julho, chegada no Rio de Janeiro dos restos mortais da princesa Isabel e os de seu marido, o conde D’Eu (Correio da Manhã, edição de 7 de julho de 1953 e O Cruzeiro, 18 de julho de 1953).

1971 – Os restos mortais da princesa Isabel e os de seu marido, o conde D’Eu, foram trasladados da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro para a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Correio da Manhã, edição de 11 de maio de 1971). Finalmente, foram sepultados na Catedral de Petrópolis (Correio da Manhã, edição de 14 de maio de 1971).

 

 

Fontes:

Além da pesquisa em diversos periódicos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, para a elaboração dessa cronologia, a Brasiliana Fotográfica consultou os livros A História da Princesa Isabel, amor, liberdade e exílio, de Regina Echeverria; As Barbas do Imperador – D. Pedro II, um monarca nos trópicos, de Lilia Moritz Schwarcz; O Castelo de Papel, de Mary del Priori; Coleção Princesa Isabel. Fotografia do Século XIX, de Bia e Pedro Corrêa do Lago; e Dom Pedro II, de José Murilo de Carvalho.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Leia também o artigo A princesa Isabel (RJ, 29 de julho de 1846 – Eu, 14 de novembro de 1921) pelas lentes de importantes fotógrafos do século XIX, publicado em