Princesa Isabel (RJ, 29 de julho de 1846 – Eu,14 de novembro de 1921)

Ao longo de sua vida, a princesa Isabel foi retratada por diversos e destacados fotógrafos do século XIX. A Brasiliana Fotográfica reuniu alguns desses registros, feitos por Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), Marc Ferrez (1843 – 1923)Alberto Henschel(1827 – 1882) & Benque e por anônimos, criando para seus leitores a Galeria de Fotos da Princesa Isabel.

Acessando o link para as fotografias da princesa Isabel disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Por ter assinado a Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravatura no Brasil, ela ficou conhecida como A Redentora. Filha do imperador Pedro II (1825 – 1891), um entusiasta da fotografia, e da imperatriz Teresa Christina Maria (1822 – 1889), formou com seu marido, Gastão d´Orleans (1842 – 1922), o conde D´Eu, uma coleção de fotografias, que se encontra na Europa e representa um importante acervo iconográfico do oitocentos no Brasil. Fazem parte da coleção fotografias de Marc Ferrez (1843 – 1923)Alberto Henschel(1827 – 1882)Augusto Riedel (18? – ?)Augusto Stahl (1828 – 1877)George Leuzinger (1813 – 1892), e Victor Frond (1821 – 1881),  dentre outros, além da imagem da Missa Campal realizada em 17 de maio de 1888, 4 dias após a abolição dos escravizados.

Breve cronologia da vida da Princesa Isabel

 

 

1846 – Em 29 de julho, nascimento da princesa Isabel no Paço Imperial, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, filha do imperador Pedro II (1825 – 1891) e da imperatriz Teresa Cristina Maria (1822 – 1889) (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1846, sob o título “Parte official”).

Em 15 de novembro, realização do batizado da princesa Isabel, que recebeu o nome de Isabel Christina Leopoldina Augusta Michaella Gabriella Raphaela Gonzaga. Seus padrinhos foram Dom Fernando II, rei de Portugal, representado por Manuel Inácio de Andrade Souto Maior Pinto Coelho, o marquês de Itanhaém; e a Sra. Maria Isabel, rainha viúva das Duas Sicílias, representada por Guilhermina Adelaide Carneiro Leão, a marquesa de Maceió (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de novembro de 1846, na coluna O Diário)

1850 – Em 10 de agosto, no Paço do Senado, foi proclamada Herdeira do Trono, pela Assembleia Geral (Correio da Tarde, edição de 9 de agosto de 1850, na primeira coluna, sob o título “Lê-se no Correio Mercantil”).

1860 – Em 29 de julho, quando completou 14 anos, a princesa Isabel prestou juramento de “manter a religião católica, observar a constituição política do País e ser obediente às Leis e ao Imperador” (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1860).

1864 – Em 15 de outubro, casamento da princesa Isabel com Gastão d´Orleans (1842 – 1922), o conde D´Eu, na Capela Imperial, no Rio de Janeiro, celebrado por D. Manoel Joaquim da Silveira, arcebispo da Bahia e primaz do Brasil (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1864). O escritor Machado de Assis escreve na coluna Folhetim uma calorosa descrição do casamento (Diário do Rio de Janeiro, edição de 17 de outubro de 1864). O casal passou a lua de mel em Petrópolis, de onde retornou no dia 24 de outubro.

1871 – De maio desse ano a março de 1872, a princesa Isabel exerceu pela primeira vez a regência do Brasil.

Em 29 de julho, ao completar 25 anos, tornou-se a primeira senadora do Brasil, conforme estabelecido na Constituição Brasileira de 1824: “Art 46. Os Príncipes da Casa Imperial são Senadores por Direito, e terão assento no Senado, logo que chegarem à idade de vinte e cinco anos”.

Em 28 de setembro, promulgou a Lei do Ventre Livre, que concedeu liberdade a todos os filhos de mulheres escravas que nascessem a partir da data de assinatura da lei (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de setembro de 1871).

 

 

1874 – Em 28 de julho, a princesa Isabel deu à luz a uma menina natimorta, Luísa Vitória de Orléans e Bragança (Diário do Rio de Janeiro, edição de 29 de julho de 1874, sob o título “Parte Official”).

1875 – Em 15 de outubro, em Petrópolis, nascimento de seu primeiro filho, Pedro de Orléans e Bragança (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1875, sob o título “Diário do Rio”). Ele faleceu em 29 de janeiro de 1940, na mesma cidade em que nasceu.

1876 – De março desse ano a setembro de 1877, a princesa Isabel exerceu, pela segunda vez, a regência do Brasil. 

1878 – Em 26 de janeiro, nascimento de seu segundo filho, Luis Maria de Orléans e Bragança, em Petrópolis (Diário do Rio de Janeiro, edição de 27 de janeiro de 1878, na segunda coluna). Ele faleceu em Cannes, na França, em março de 1920.

1881 – Em 9 de agosto, nascimento, em Paris, de seu terceiro e último filho, Antonio Gastão de Orléans e Bragança (Gazeta de Notícias, edição de 10 de agosto de 1881, na primeira coluna). Ele faleceu em 29 de novembro de 1918, devido a um desastre de avião, em Londres.

 

 

1887 – De junho desse ano a agosto de 1888, a princesa Isabel exerceu, pela terceira e última vez, a regência do Brasil.

1888 - No chuvoso domingo de Páscoa de 1888, em 1º de abril, o Palácio de Cristal foi todo enfeitado e em seu exterior via-se uma grande cruz também de ramagens e flores com o dístico “Viva a liberdade”. Na ocasião, a princesa Isabel e o conde d´Eu junto a seus filhos, os príncipes Pedro de Alcântara (1875 – 1940) e dom Luis Maria (1878 – 1920), entregaram 127 cartas de alforria a escravizados da cidade Imperial (Jornal do Commercio, 2 de abril de 1888, primeira colunaDiário de Notícias, 2 e 3 de abril de 1888, sétima coluna). A maioria dos senhores desses escravizados foram indenizados a partir de uma grande campanha desenvolvida na cidade pela comissão agenciadora das libertações. Compareceram à cerimônia representantes do gabinete ministerial de João Alfredo, os abolicionistas André Rebouças (1838 – 1898) e José do Patrocínio (1853 – 1905), além dos embaixadores da Argentina, da Bélgica, do Chile, da Espanha, dos Estados Unidos e da Itália, e diplomatas das legações de outros países, dentre outros.

Em 13 de maio, assinou a Lei Áurea, que deu fim oficialmente à escravidão no Brasil (Gazeta de Notícias, edição de 14 de maio de 1888). Por esse ato, em 28 de setembro, recebeu a condecoração Rosa de Ouro, concedida pelo papa Leão XIII, tendo sido saudada pelo bispo do Pará (Gazeta de Notícias, edição de 29 de setembro de 1888).

Foi noticiada a criação da associação que, com o título de Guarda Negra da Redentora, se dedicasse em corpo e alma e em todos os terrenos à defesa do reinado da excelsa senhora que os fez cidadãos (Cidade do Rio, 10 de julho de 1888, segunda coluna).

1889 - Em 17 de novembro, dois dias após a proclamação da República, a família real partiu para o exílio, na Europa (Gazeta de Notícias, edição de 18 de novembro de 1889, sob o título “O Embarque do Imperador”, na segunda coluna).

1890 - A princesa Isabel, seu marido e filhos foram viver na França.

1901 – Durante uma competição em Paris em 13 de julho de 1901, o suprimento de petróleo do balão que Santos Dumont (1873 – 1922) dirigia acabou antes que ele alcançasse a linha de chegada. O balão voou por Paris até cair em uma propriedade da família de banqueiros Rothschild. Segundo o livro Asas da Loucura, de Paulo Hoffman, uma biografia de Dumont, quando soube do acidente, a princesa Isabel, que morava perto do local da queda, pediu que seus criados levassem almoço para o aviador. Além disso, o convidou a visitá-la. Tempos depois, a princesa teria enviado a Dumont uma medalha de ouro, com o seguinte bilhete: “Envio-lhe uma medalha de São Benedito, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente do relógio, na carteira ou no pescoço. Ofereço-lhe pensando na sua boa mãe e pedindo a Deus que o socorra sempre e o ajude a trabalhar para a glória de nossa pátria”. Ele a portou até o fim da vida.

1918 – Falecimento de seu terceiro e último filho, Antonio Gastão de Orléans e Bragança (1881 – 1918), em 29 de novembro de 1918, devido a um desastre de avião, em Londres.

1920 - Em março, falecimento, em Cannes, de seu segundo filho, Luis Maria de Orléans e Bragança (1878 – 1920).

O projeto do deputado mineiro Francisco Valadares (18? – 1933) requerendo a revogação do banimento da família imperial do Brasil, que havia sido apresentado em dezembro de 1919 e arquivado, recebeu em 1920 um parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça e foi rapidamente aprovado no Congresso. Em 3 de setembro de 1920, no Palácio do Catete, o presidente Epitácio Pessoa (1865 – 1942) assinou, com uma caneta de ouro adquirida a partir da arrecadação de dinheiro mediante subscrição pública promovida pelo jornal A Rua, o decreto que revogava o banimento da família imperial. A cerimônia foi realizada com a presença de comissões de instituições importantes como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, a Academia Brasileira de Letras e a Associação Brasileira de Imprensa. O decreto também autorizava o Poder Executivo, mediante concordância da família do ex-imperador e do governo de Portugal, a trasladar para o Brasil os despojos mortais de dom Pedro II e de dona Teresa Christina (A Rua, 4 de setembro de 1920, primeira coluna).

1921 - A princesa Isabel não chegou a se beneficiar da revogação do banimento da família real do Brasil, tendo falecido em 14 de novembro de 1921 (Gazeta de Notícias, 15 de novembro de 1921).

1922 – O conde d´Eu faleceu, em 28 de agosto de 1922,  justamente quando voltava ao Brasil para celebrar o centenário da independência do país. Estava a bordo do navio Massilia (O Paiz, 29 de agosto de 1922, penúltima coluna).

1938 – Na celebração do cinquentenário da Lei Áurea, um decreto presidencial autorizou o repatriamento dos restos mortais da Princesa Isabel e do Conde d´Eu (O Jornal, 13 de maio de 1938).

 

 

1940 – Em 29 de janeiro, em Petrópolis, falecimento de seu primeiro filho, Pedro de Orléans e Bragança (1875 – 1940).

1953 – Em 6 de julho, chegada no Rio de Janeiro dos restos mortais da princesa Isabel e os de seu marido, o conde D’Eu (Correio da Manhã, edição de 7 de julho de 1953 e O Cruzeiro, 18 de julho de 1953).

1971 – Os restos mortais da princesa Isabel e os de seu marido, o conde D’Eu, foram trasladados da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro para a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (Correio da Manhã, edição de 11 de maio de 1971). Finalmente, foram sepultados na Catedral de Petrópolis (Correio da Manhã, edição de 14 de maio de 1971).

 

 

Fontes:

Além da pesquisa em diversos periódicos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, para a elaboração dessa cronologia, a Brasiliana Fotográfica consultou os livros A História da Princesa Isabel, amor, liberdade e exílio, de Regina Echeverria; As Barbas do Imperador – D. Pedro II, um monarca nos trópicos, de Lilia Moritz Schwarcz; O Castelo de Papel, de Mary del Priori; Coleção Princesa Isabel. Fotografia do Século XIX, de Bia e Pedro Corrêa do Lago; e Dom Pedro II, de José Murilo de Carvalho.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

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