Prédios da Exposição Internacional do Centenário da Independência de 1922 que ainda existem

Ainda existem seis prédios que foram ocupados por atividades da Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada em 1922, no Rio de Janeiro. São eles o Petit Trianon, que abrigou o Pavilhão da França e é a atual sede da Academia Brasileira de Letras; o atual edifício do Museu Histórico Nacional, que foi ampliad e remodelado para abrigar o Pavilhão das Grandes Indústrias (O Paiz, 3 de outubro de 1922, terceira colunaExposição de 1922, dezembro de 1922); o Pavilhão da Estatística, atualmente o prédio do Centro Cultural do Ministério da Saúde (Fon-Fon, 28 de outubro de 1922); o de uma das atuais sedes do Museu da Imagem e do Som, que foi o Pavilhão da Administração e do Distrito Federal; e o prédio do Pavilhão das Indústrias Particulares, que depois sediou o restaurante Albamar, e que já existia antes da Exposição de 1922 e abrigava o Mercado Municipal. Em Lisboa, encontra-se o Pavilhão Carlos Lopes, que foi o Pavilhão das Indústrias de Portugal (Revista da Semana, 23 de maio de 1923).*

Exposição Internacional do Centenário da Independênciaum dos maiores eventos internacionais já realizados no Brasil, foi inaugurada no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1922 e terminou em 24 de julho do ano seguinte (O Paiz, 25 de julho de 1923). Seu fim estava previsto para março de 1923, mas como algumas construções não estavam concluídas na data de sua inauguração, foi prorrogada até julho.

 

Fotografias dos prédios construídos ou usados na Exposição Internacional do Centenário da Independência em 1922, que ainda existem

 

Petit Trianon, que abrigou o Pavilhão da França, edificado sob a chefia do arquiteto Emile Louis Viret (1882 – 1968). Seu adjunto era o também arquiteto Gabriel Marmorat (1882 – 1951). É a atual sede da Academia Brasileira de Letras.

 

 

Atual Museu Histórico Nacional, que abrigou o Pavilhão das Grandes Indústrias. Para integrar a Exposição de 1922, as edificações do antigo Arsenal de Guerra, a Casa do Trem e o Forte Santiago foram ampliadas e remodeladas, com uma decoração característica da arquitetura neocolonial.

 

Uma das atuais sedes do Museu da Imagem e do Som, que foi o Pavilhão da Administração e do Distrito Federal, projeto do arquiteto italiano Sylvio Rebecchi (1882 – 1950). 

 

 

O Pavilhão de Estatística, projetado pelo professor da Escola Nacional de Belas Artes, Gastão da Cunha Bahiana (1879-1959), é atualmente o prédio do Centro Cultural do Ministério da Saúde. Gastão Bahiana escolheu para o edificio a sobriedade do estilo Luís XVI, prejudicada pela cúpula desenhada por seu sócio Nereu Sampaio. Em 1930, a cúpula, após insistência de Gastão Bahiana, foi retirada.

 

 

 Prédio do Pavilhão das Indústrias Particulares, no Mercado Municipal . As obras para a construção do novo Mercado Municipal, todo metálico e construído na Inglaterra e na Bélgica, começaram em 1903 e faziam parte do plano de roformas urbanas do prefeito Pereira Passos. Seu projeto foi do engenheiro português Alfredo Azevedo Marques (18? – 19?) e foi inaugurado, em 14 de dezembro de 1907 (Gazeta de Notícias, 15 de dezembro de 1907, primeira coluna). O material do mercado, feito de ferro, veio da Bélgica. Recebeu, em 1922, um revestimento provisório em estilo neocolonial para integrar a Exposição do Centenário da Independência. A partir de 1933, sediou o restaurante Albamar. Foi demolido em 1962, porém, no mesmo ano, a torre nordeste, onde está o Albamar, havia sido tombada.

 

 

O Pavilhão das Indústrias de Portugal, atual Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. Foi idealizado pelos arquitetos Guilherme (1891 – 1969) e Carlos Rebello de Andrade (1887 – 1971) e Alfredo Assunção Santos (? – 1968). Construído no Brasil para a Exposição de 1922, o pavilhão foi reinaugurado em Lisboa, em 3 de outubro de 1932, com a Grande Esposição Industrial Portuguesa e batizado de Palácio das Exposições. Passou a chamar-se Pavilhão Carlos Lopes, em 1984, em homenagem ao atleta português. Foi fechado em 2003 e reabriu, em 2017, depois de obras de remodelação.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

* Este parágrafo foi reescrito em 10 de abril de 2023.

 

Fontes:

Blog Histórias e Monumentos

FRANÇA, Carolina Rebouças. O desaparecimento do Mercado Municipal Praça XV, fator na formação do espaço público da cidade do Rio de Janeiro. I Encontro Nacional da Associação Nacional e de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 29 de novembro a 3 de dezembro de 2010.

LEVY, Ruth. A exposição do centenário e o meio arquitetônico carioca no início dos anos 1920. Rio de Janeiro : EBA/UFRJ, 2010.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site Centro Cultural Ministério da Saúde

Site Museu Histórico Nacional

Site Rio Memórias

WANDERLEY, Andrea. Série 1922 – Hoje, há 100 anos” VIII – A abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil e o centenário da primeira grande transmissão pública de rádio no país in Brasiliana Fotográfica, 7 de setembo de 2022.

O Pavilhão do Distrito Federal, atualmente uma das sedes do Museu da Imagem e do Som

Ao longo deste ano a Brasiliana Fotográfica publicou onze artigos na Série 1922, Hoje, há 100 anos, criada a partir dos centenários da Semana de Arte Moderna e da Exposição do Centenário da Independência do Brasil. Terminamos 2022 com um artigo relativo a essa última efeméride. É sobre o Pavilhão do Distrito Federal, atualmente uma das sedes do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Seu projeto foi do arquiteto italiano Sylvio Rebecchi (1882 – 1950). Aproveitamos para desejar um Feliz 2023!

Além do edifício do MIS, cinco prédios da Exposição de 1922 ainda existem. No Rio de Janeiro, são o do Pavilhão da França, atualmente sede da Academia Brasileira de Letras; o do Palácio das Indústrias, atual Museu Histórico Nacional;  o do Pavilhão de Estatística, órgão do Ministério da Saúde; e o do Pavilhão das Indústrias Particulares, o restaurante Albamar. Este último já existia antes da Exposição e abrigava o Mercado Municipal. O Pavilhão das Indústrias de Portugal, foi transferido para Lisboa e é o atual Pavilhão Carlos Lopes.

 

O Pavilhão do Distrito Federal, atualmente uma das sedes do Museu da Imagem e do Som

 

 

Projetado pelo arquiteto italiano Sylvio Rebecchi (1882 – 1950) e construído para ser o Pavilhão do Distrito Federal durante a  Exposição do Centenário da Independência do Brasil de 1922, é, desde 1965, uma das sedes do Museu da Imagem e do Som (MIS-RJ), no Centro, na Praça XV.

 

 

 

O MIS-RJ foi inaugurado em 3 de setembro de 1965, como parte das comemorações do IV Centenário da cidade do Rio de Janeiro (Jornal do Brasil, 3 de setembro; 9 de setembro; e 15 de outubro de 1965). Lá se encontra o acervo iconográfico com as fotografias de autoria de Augusto Malta (1864 – 1957), fotógrafo oficial da Prefeitura entre 1903 e 1936, e do fotógrafo amador Guilherme Santos (1871 – 1966), além de boa parte das coleções de partituras de Jacob do Bandolim (1918 – 1969) e Almirante (1908 – 1980). Antes o edifício havia abrigado a administração do Instituto Médico Legal e do Serviço de Registro dos Estrangeiros.

 

 

Sylvio Rebecchi compôs o júri que escolheu o Pavilhão do Brasil na Exposição de Filadélfia de 1926. O vencedor foi o então jovem arquiteto Lúcio Costa (Architectura no Brasil, novembro de 1925; Jornal do Brasil, 11 de novembro de 1925). Em 1926, Rebecchi foi eleito vice-presidente do Instituto Central dos Arquitetos (Architectura no Brasil, junho e julho de 1926). Faleceu em dezembro de 1950 (Tribuna da Imprensa, 7 de dezembro de 1950, última coluna).

 

 

Uma curiosidade: o pai de Sylvio, o italiano comendador Raphael Rebecchi (1844 – 1922), fundador da empresa Rebecchi & Cia, havia sido o responsável, em fins do século XIX, pelo projeto e pela construção da residência de José Baptista Barreira Vianna (1860 – 1925), fotógrafo amador que já foi tema de um artigo da Brasiliana Fotográfica. Foi a primeira casa na praia e uma das primeiras de Ipanema. Barreira Vianna, no final da década de 1890, havia adquirido um terreno do loteamento de José Antônio Moreira Filho (1830-1899), o barão e conde de Ipanema, exatamente na esquina das atuais avenida Vieira Souto e rua Francisco Otaviano, ao lado de onde seria construído, mais tarde, o Colégio São Paulo. Raphael Rebecchi também venceu, em 1904, o concurso de fachadas da Avenida Central, cuja história foi tema de outro artigo do portal (Jornal do Brasil, 27 de março de 1904, sexta coluna; Architectura no Brasil, fevereiro de 1922).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica