A construção do Bondinho do Pão de Açúcar sob as lentes de Therezio Mascarenhas

A Brasiliana Fotográfica destaca imagens da construção do Bondinho do Pão de Açúcar realizadas pelo fotógrafo Therezio Mascarenhas (18? – 19?), cuja biografia ainda é pouco conhecida. Na primeira década do século XX, ele morava em Vitória e, provavelmente, conheceu o engenheiro civil Augusto Ferreira Ramos (1860 – 1939), criador e construtor do Bondinho do Pão de Açúcar, em torno de 1909, quando este estava fazendo obras de instalação de água, luz, força e tração, no Espírito Santo.

 

 

Acessando o link para as fotografias do Bondinho do Pão de Açúcar de autoria de Therezio Mascarenhas disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

O Pão de Açúcar com seu bondinho e o Cristo Redentor são os principais pontos turísticos do Brasil, segundo e primeiro  mais visitados do país, e marcas registradas do Rio de Janeiro, seus mais conhecidos cartões-postais.

 

 

O Bondinho do Pão de Açúcar já foi visitado por diversas celebridades, dentre elas o físico Albert Einstein (1879 – 1955), o cantor e compositor Bob Marley (1945-1981), o papa João Paulo II (1920 – 2005); em 1941, pelo futuro presidente dos Estados Unidos, John Kennedy (1917-1963); as atrizes Halle Berry (1966-) e Natalie Portman (1981-), o ator Robert de Niro (1943-), a cantora Tina Turner (1939-) e Malala Yousafzai (1997-), ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2014. Em um dos bondinhos foram filmadas cenas de 007 Contra o Foguete da Morte (1979): em uma das sequências, o agente James Bond, na época interpretado pelo ator Roger Moore (1927 – 2017), se equilibrou, a mais de 500 metros de altura, em seus cabos de aço.

 

 

Um pouco da história do Bondinho do Pão de Açúcar

 

O projeto do bondinho era ousado e grandioso e estava em consonância com as transformações urbanas realizadas no Rio de Janeiro, no começo do século XX, durante a gestão do prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), entre 1903 e 1906. Para sanear e modernizar a cidade diversas demolições foram feitas. Era a política do “bota-abaixo”, como ficou popularmente conhecida, que contribuiu fortemente para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca.

 

 

O criador do Bondinho do Pão de Açúcar, Augusto Ferreira Ramos, nascido em 22 de agosto de 1860, em Cantagalo, no estado do Rio, formou-se, em 1882, na Polytecnica do Império do Brasil, atual Faculdade de Engenharia da UFRJ, e tornou-se sócio do Clube de Engenharia, em 1894, por indicação de Conrado Jacob de Niemeyer (1831 – 1905). Faleceu em 28 de julho de 1939, em sua residência, na rua 5 de julho, nº 130, em Copacabana (O Globo, 29 de julho de 1939).

 

O Globo, 29 de julho de 1939

Augusto Ferreira Ramos / O Globo, 29 de julho de 1939

 

Visionário, ele teve a ideia da criação do bondinho, durante a Exposição Nacional de 1908, na região da Urca, no Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas, inaugurada em 11 de agosto de 1908. Ramos foi um dos coordenadores do pavilhão do estado de São Paulo devido ao café, um dos assuntos de seu interesse, e sobre o qual escreveu tanto sobre o seu cultivo como sobre sua comercialização. O café era, na época, o principal produto da balança comercial do Brasil.

A construção de um caminho aéreo entre os morros da Baía de Guanabara alavancaria o turismo na cidade. Conseguiu capital – entre os investidores estavam Eduardo Guinle (1846-1912)Candido Gaffrée (1845-1919) e Raymundo de Castro Maya (1894 – 1968) – apoio do governo e fundou a Cia Caminho Aéreo Pão de Açúcar.

 

 

As obras foram realizadas entre 1909 e 1912. O teleférico carioca, cujas duas linhas somam 1325 metros, superou os dois que existiam na época: o do Monte Ulia, na Espanha, com extensão de 280 metros; e o de Wetterhorn, na Suíça, com 560 metros. O empreendimento custou uma fortuna, dois milhões de contos de réis, e centenas de operários, além de alpinistas, trabalharam em sua construção.

 

 

Os bondinhos de madeira maciça foram trazidos da Alemanha e fixados nos cabos com o auxílio de guindastes. Foi contratada a empresa alemã J.Pohling, de Colônia, que fabricou e montou os equipamentos.

 

 

Finalmente, em 27 de outubro de 1912, foi inaugurado o caminho aéreo no Rio de Janeiro, entre a Praia Vermelha e o Morro da Urca, que se tornaria o mundialmente famoso Bondinho do Pão de Açúcar (Careta, 5 de outubro de 1912). Alguns dias antes, houve uma visita da imprensa às obras (Correio da Manhã, 10 de outubro de 1912). Em 1º de dezembro, foi inaugurada a iluminação elétrica no caminho aéreo (Jornal do Brasil, 1º de dezembro de 1912, na última coluna).

 

 

O bondinho no segundo trecho, entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, numa extensão de 750 metros e 396 metros de altura, começou a funcionar no dia 18 de janeiro de 1913, completando a ligação até o alto do pico do Pão de Açúcar (O Paiz, 19 de janeiro de 1913, quarta coluna).

 

 

Augusto Ferreira Ramos dirigiu a empresa até 1934, ano em que o industrial e banqueiro Carlos Pinto Monteiro assumiu a administração da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar até 1962, quando o engenheiro Cristóvão Leite de Castro (1904 – 2002) assumiu a direção. Durante sua gestão, em 1969, a Companhia do Pão de Açúcar obteve permissão para duplicar a linha e, após algumas reformas, passou a contar com quatro novos bondinhos, cada um com capacidade para transportar 75 passageiros. Os trabalhos foram completados em 29 de outubro de 1972.

Em 1993, Cristóvão passou o cargo para sua filha, Maria Ercília Leite de Castro, mestre em Administração de Empresas pela COPPEAD. Em 2002, o bondinho passou por outra reforma com a substituição dos oito cabos de aço e na realização de melhorias como nova pintura, iluminação, equipamento de som e placas de sinalização. Foram gastos 852 mil dólares. Entre 2008, foram inaugurados quatro novos bondinhos e a operação do teleférico foi digitalizada.

Em 2022, zerou suas emissões de carbono e ganhou uma nova marca e um novo lema: Parque Bondinho Pão de Açúcar, “Felicidade lá em cima”. Recebeu de presente, em homenagem aos seus 110 anos uma canção, O bondinho, de Roberto Menescal, Alex Moreira e Cris Delanno. É dirigido por Sandro Fernandes.

 

 

Uma curiosidade: em novembro de 2021, Anna Caroline Boyd Martine entrou para a história do cartão postal carioca, tornando-se a primeira mulher a trabalhar como operadora de cabine do teleférico do Parque Bondinho Pão de Açúcar.

 

Acesse aqui um artigo publicado na revista Brazil – Ferro – Carril, número 36, em 1912, onde o projeto do Bondinho do Pão de Açúcar é explicado detalhadamente.

 

 

 

Pequeno perfil e cronologia de Therezio Mascarenhas (18? – 19?)

 

Como já mencionado, pouco se sabe, até hoje, sobre a biografia do fotógrafo Therezio Mascarenhas. A partir da pesquisa na Hemeretoca Digital da Biblioteca Nacional, segue uma pequena cronologia de sua vida, que ajuda a traçar um pouco de seu perfil.

 

 

 

1900 – Procedente do Rio de Janeiro, fazendo quarentena na Ilha Grande, chegada do vapor nacional Pernambuco , em Vitória. Therezio era um dos passageiros (O Estado do Espírito Santo: Ordem e Progresso, 24 de julho de 1900, última coluna).

1908 – Foi um dos convidados de F. Clemetson, superintendente da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo, para viajar para Engenheiro Reeve com o cientista e ministro plenitenciário da França, Charles Wiener (1851–1913), nascido em Viena, que ficou bastante conhecido por suas viagens ao Peru (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 20 de fevereiro de 1908, quarta coluna).

Fotografou indígenas do Rio Doce (Diário da Manhã: Órgão do Partido Conservador (ES), 20 de fevereiro de 1908, segunda coluna).

Identificado como um ativo jovem, Therezio seguiu para o Rio de Janeiro, no paquete Maranhão, em 6 de junho, com a intenção de conversar com o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura sobre a abertura de um estabelecimento de artigos e ferragens para a lavoura. Retornou em julho (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 7 de junho de 1908, quinta colunaCommercio do Espírito Santo, 24 de julho de 1908, segunda coluna).

Foi anunciado que ele abriria, na rua da Alfândega, em Vitória, um depósito para máquinas para a lavoura importados da Europa e da América do Norte (Cachoeirano, 20 de junho de 1908, terceira coluna).

Publicação de uma poesia de sua autoria (O Malho, 8 de agosto de 1908).

1909 - Ele e Casemiro Guimarães tiraram várias diversas fotográficas do piquenique dos sócios do Club de Regatas, realizado na Ilha do Boi, no Espírito Santo (Commercio do Espírito Santo, 22 de março de 1909, primeira coluna).

O engenheiro Augusto Ferreira Ramos (1860 – 1939), criador e construtor do Bondinho do Pão de Açúcar, promoveu uma excursão durante a qual os aplicados amadores Paulo Motta e Therezio Mascarenhas tiraram várias fotografias (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 8 de abril de 1909, última coluna). Provavelmente, em torno deste ano, Augusto e Therezio se conheceram.

Foi publicada na revista Fon-Fon uma fotografia do capor Queen Eleanor de sua autoria. Foi identificado como fotógrafo amador (Fon-Fon, 24 de abril de 1909).

 

 

Praticava tiro ao alvo (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 4 de maio de 1909, primeira coluna).

No Café Globo, em Vitória, houve uma exposição de fotografias de sua autoria dos serviços de abastecimento e luz realizados pelo engenheiro Augusto Ferreira Ramos. Foi identificado como amador e nesses registros Therezio revelava muito bom gosto pela arte (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 24 de maio de 1909, quinta colunaCorreio do Espírito Santo, 26 de maio de 1909, segunda coluna).

Fazia parte da comitiva de Augusto Ferreira Ramos em visitas de obras hidráulicas realizadas pelo engenheiro  (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 10 de julho de 1909, segunda colunaDiário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 13 de julho de 1909, quinta coluna).

Participou da homenagem realizada pelo governo do Espírito Santo ao presidente Afonso Pena (1847 – 1909), na Catedral de Vitória (Commercio do Espírito Santo, 13 de julho de 1909, última coluna).

Foi noticiado seu aniversário, no dia 23 de agosto (Correio do Espírito Santo, 23 de agosto de 1909, primeira coluna).

Produziu várias fotografias durante uma excursão ao Jucu promovida pelo engenheiro Augusto Ferreora Ramos, contratante dos serviços de água, luz e esgoto de Vitória, que ofereceu um piquenique à família do político capixaba Torquato Moreira e a outras distintas famílias (Commercio do Espírito Santo, 21 de setembro de 1909, segunda coluna).

Esteve presente na missa de sétimo dia do prefeito de Vitória, Ceciliano Abel de Almeida (Commercio do Espírito Santo, 24 de novembro de 1909, quarta coluna).

Fotografou as festas realizadas na Escola Aprendizes de Marinheiro e foi identificado como um hábil fotógrafo (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 23 de dezembro, segunda coluna).

1910 – Possuia um estabelecimento fotográfico na Villa Moscoso, nº 16, em Vitória, no Espírito Santo (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 26 de fevereiro de 1910, segunda colunaAlmanak Laemmert, 1910, primeira colunaAlmanak Renault, 1912, última coluna).

Estava vendendo artigos  fotográficos (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 10 de março de 1910, última coluna).

 

 

1911 - Chegou no porto de Vitória, procedente do norte no paquete Sattelite (Diário da Manhã: Órgão do Partido Construtor (ES), 18 de outubro de 1911, segunda coluna).

1916 - Seu estabelecimento fotográfico na Villa Moscoso, em Vitória, no Espírito Santo, foi anunciado pela última vez no Almanak Laemmert (Almanak Laemmert, 1916, última coluna).

1927 - Ele e Augusto Ferreira Ramos foram alguns dos subscritores do abaixo-assinado feito por moradores e proprietários na Praia Vermelha, elogiando os melhoramentos realizados pelo prefeito do Rio de Janeiro, Antônio da Silva Prado Junior (1880 – 1955), na remodelação da principal artéria e nas cercanias da região, o que facilitaria a visita ao encantador passeio do Pão de Açúcar (O Paiz, 14 de dezembro de 1927, segunda coluna).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Diário do Rio

Extra, 27 de outubro de 2022

Correio Braziliense, 12 de junho de 2008

Folha de São Paulo, 12 de fevereiro de 2022

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Jackobson, Andrea. O bondinho do Pão de Açúcar. Rio de Janeiro : Editora Andrea Jackobson, 2018.

O GLOBO, 13 de junho de 2011

O GLOBO, 20 de outubro de 2012

Portal Clube de Engenharia

Rezende, Nilza. Pão de Açúcar – A Marca do Rio / Sugar Loaf – Rios Trademark.  Editora Clio.

Revisa EDVD

Serra News

Site Bondinho do Pão de Açúcar

Site Instituto Histórico Geográfico Brasileiro

Superinteressante, 4 de julho de 2018

Aspectos de Poços de Caldas impressos no papel fotográfico fabricado pelo pioneiro Conrado Wessel (1891 – 1993)

A Brasiliana Fotográfica destaca imagens de aspectos da cidade mineira de Poços de Caldas, impressas no papel fotográfico produzido pelo fotógrafo, inventor e empreendedor Conrado Wessel (1891 – 1993), pioneiro da indústria fotográfica no Brasil. Filho do fotógrafo argentino Guilherme Wessel (1862 – 1940), sua vida é um exemplo de desenvolvimento científico e inovação realizados no Brasil. As imagens pertencem ao acervo da Fundação Biblioteca Nacional, uma das fundadoras do portal, e, atrás de todas elas, produzidas em 1929, está escrita a marca do fabricante do papel no verso: “Wessel“. Também foram publicadas na seção “Cronologia de Fotógrafos”, as cronologias de Conrado e Guilherme, a 51ª e 52ª produzidas pelo portal.

 

Acessando o link para as fotografias de Poços de Caldas impressas no papel fotográfico produzido por Conrado Wessel disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

 

 

As trajetórias de Guilherme (1862 – 1940) e Conrado Wessel (1891 – 1993)

 

 

“Contribuiu decisivamente para a implantação da indústria fotográfica no país, pois fundou a primeira indústria de papel fotográfico no Brasil. Utilizou fórmulas e processos segundo sua concepção e auxiliou Valério Vieira na sensibilizaçaodo famoso painel “Panorama da Cidade de São Paulo. Introduziu o papel fotográfico tamanho postal, que se tornou conhecido por “Postaes Wessel Jardim” e que foram largamente consumido pelos lambe-lambe”. Sua indústria foi posteriormente adquirida pela Kodak e durante algum tempo lia-se nas casixas de papel fotográfico a sigla Kodak-Wessel”

Boris Kossoy sobre Conrado Wessel, 1975

 

O nome de batismo de  Conrado Wessel era Ubald Konrad August Wessel e ele nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 16 de fevereiro de 1891, filho do fotógrafo Guilherme Wessel (1862-1940), que havia nascido em Concepcion do Uruguai; e de Nicolina Krieger Wessel (1863 – 1956). Eles se casaram em 3 de março de 1887. A família Wessel, tradicional fabricante de chapéus em Hamburgo, na Alemanha, havia imigrado para a Argentina em meados do século XIX, provavelmente nos primeiros anos da década de 1860. Guilherme foi para Hamburgo onde formou-se em Física, e retornou à Argentina.

Em 1892, Guilherme foi com a família – mulher e dois filhos, Georg Walter (1888 – 1908) e Conrado – para Sorocaba e, depois, para São Paulo, convidado para lecionar na Escola Politécnica, que viria a ser uma das unidades fundadoras da Universidade de São Paulo, em 1934.

Ele abriu em sociedade com Carlos Norder, em 1900, um estabelecimento de artigos de fotografia e de laboratórios químicos, na rua São Bento, 41 A, no centro da capital, Aos Photograhos e Amadores da photographia. Oferecia gratuitamente aos amadores lições práticas e disponibilizavm para todos os fregueses um quarto escuro. Na mesma época, Guilherme Gaensly (1843 – 1928) tinha um ateliê fotográfico, na rua 15 de Novembro, 28 (O Estado de São Paulo, 3 de janeiro de 1900, página 2, sexta coluna; Correio Paulistano, 5 de janeiro de 1900Almanak Laemmert, segunda coluna, 1901)

 

 

 

O Estado de São Paulo, 3 de janeiro de 1900

O Estado de São Paulo, 3 de janeiro de 1900

 

Anunciava em dezembro de 1900 ter recebido grande sortimento de produtos: chapas Lumière, câmaras fotográficas e objetos para fotografia e distribuiu a seus fregueses, em dezembro do ano seguinte, uma carteira com espelho (O Commercio de São Paulo, 21 de dezembro de 1900; O Estado de São Paulo, 1º de janeiro de 1902, página 2, quarta coluna).

 

 

Em 1901, Guilherme já prestava serviços fotográficos para as secretarias da Fazenda, do Interior e da Justiça de São Paulo (O Estado de São Paulo, 6 de março de 1901, página 1, penúltima coluna; Correio Paulistano, 7 e março, quinta coluna; 4 de setembro, segunda coluna, de 1903; Correio Paulistano, 22 de setembro de 1904, última coluna; Correio Paulistano, 6 de janeiro de 1905, sétima coluna). Também tinha uma Casa Importadora de Artigos para Photografia e Aparelhos de Eletricidade, na rua Direita, nº 20 (Almanak Laemmert, primeira coluna, 1903).

 

Illustração Brasileira, 1905

Illustração Brasileira, 1905

 

Em 1904, Guilherme foi um dos doadores para a quermesse em prol do Instituto Pasteur de São Paulo e do Conservatório Dramático Municipal (Correio Paulistano, 11 de março de 1904, primeira coluna). Neste mesmo ano promoveu uma exposição de fotografias no intuito de estimular os amadores (O Commercio de São Paulo, 9 de julho de 1904, primeira coluna).

 

 

Em 1907, Guilherme tinha uma loja de artigos fotográficos na rua Líbero Badaró, 48. Nessa mesma época, Valério Vieira (1862 – 1941)Vincenzo Pastore (1865 – 1918) também possuiam estabelecimentos fotográficos em São Paulo.

 

 

O italiano Pastore, importante cronista visual de São Paulo da segunda metade do século XIX e do início do século XX, e Guilherme foram, provavelmente, amigos, já que Guilherme estava presente a seu enterro, em janeiro em 1918 (Almanak Laemmert, 1907primeira coluna; Almanak Henault, 1909Correio Paulistano, 19 de janeiro de 1918, terceira coluna).

 

 

Guilherme foi contratado pelo Jockey Club de São Paulo para inaugurar o serviço de fotografia de chegadas dos páreos (O Paiz, 23 de fevereiro de 1907, quarta colunaRevista da Semana, 3 de março de 1907).

 

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Trabalhava com seu filho mais velho Georg Walter, que faleceu de tifo, em 26 de dezembro de 1908, e foi enterrado no Cemitério dos Protestantes (Correio Paulistano, 2 de novembro de 1914, primeira coluna). Nesse mesmo ano, por cerca de seis meses, Conrado foi assistente de um cinegrafista da Gaumont, que havia vindo ao Brasil para filmar fazendas de café para a propaganda do produto na Europa, tornando-se um dos primeiros cinegrafistas do Brasil. Estava na folha de pagamentos da Secretaria da Fazenda de São Paulo (Correio Paulistano, 4 de novembro de 1908, sexta coluna).

“O primeiro documento expedido no Brasil atestando a capacidade para o exercício da função de cinegrafista foi fornecido ao químico Conrado Wessel, em 1908, pela Gaumont Films, uma das produtoras mais antigas da França. Wessel (1891-1993) conta em sua carta autobiográfica que recebeu o atestado das mãos de um cinegrafista da Gaumont, Colliot, que veio ao país contratado pela Secretaria de Agricultura de São Paulo.
Por mais de seis meses, ele foi intérprete e ajudante do cinegrafista francês e ambos filmaram várias fazendas de café, colhendo cenas para a propaganda do produto na Europa” (Ana Maria Guariglia, Folha de São Paulo, 2 de março de 1995).

Guilherme fechou a loja e, em 1909, continuou a trabalhar fornecendo fotografias para a Secretaria da Agricultura. Em 1911, recebeu pagamento da secretaria por ter fornecido 20 fotografias ao poeta Olavo Bilac (1865 – 1918). Em 1920, forneceu à Diretoria de Indústria e Comércio uma fita cinematográfica e ampliações fotográficas para a Feira de Lyon (Correio Paulistano, 12 de outubro de 1909, última coluna; Correio Paulistano, 7 de junho de 1911, terceira coluna; Correio Paulistano, 20 de março de 1912, terceira coluna; O Paiz, 21 de agosto de 1912, quinta coluna; O Combate, 3 de dezembro de 1920, última coluna).

 

 

Conrado, que havia feito seus primeiros estudos na Escola Alemã daVila Mariana, participou de um concurso de fotografia, apresentando 25 fotografias em um pavilhão especialmente preparado para a exposição, no Posto Zootécnico de São Paulo (Correio Paulistano, 21 de outubro de 1906, quinta coluna). Já havia conquistado dois prêmios como fotógrafo quando, em 1911, foi para Viena, na Áustria.

 

 

Além de estudar fotoquímica no K.K. Graphischen Lehr und Versuchsanstalt, entre julho de 1911 e dezembro de 1912 ,estagiou na Casa Beissner & Gottlieb, especializada na área gráfica e fotográfica, entre de 10 de julho de 1912 e 8 de fevereiro de 1913. Especializou-se em clichês para jornais e revistas.

 

 

Abaixo, a reprodução do certificado da Casa Beissner & Gottlieb, de Viena, de 8 de fevereiro de 1913, documentando o estágio profissional obrigatório realizado por Conrado Wessel, na conclusão de seus estudos no Instituto K.K. Graphischen Lehr und Versuchsanstalt.

 

 

Tradução: Atestado: Viena, 8 de fevereiro de 1913. O sr. Conrado Wessel, após ter terminado os estudos gráficos da K.K. Graphischen Lehr & Versuchsanstalt, esteve em nosso instituto em atividades práticas desde 10 de julho de 1912 até hoje. Trabalhou em diferentes departamentos e obteve sucesso e muitos bons resultados. Nós atestamos portanto com satisfação que estamos contentes pelo seu desempenho em cada índice, com extremado respeito por suas realizações, e desejamos a ele o maior progresso no futuro”.

Voltou para São Paulo, em 1913, com maquinário para a montagem de uma clicheria com o pai. Guilherme seguia trabalhando para a Secretaria da Fazenda e, em 1914, fez uma proposta para prorrogar por mais um ano o contrato que tinha de fornecimento de fotografias para a entidade (Correio Paulistano, 3 de fevereiro de 1914, quarta colunaCorreio Paulistano, 29 de julho de 1916, quarta coluna; Correio Paulistano, 13 de dezembro de 1917, terceira coluna; Correio Paulistano, 10 de janeiro de 1918, última coluna).

Em 1914, Conrado fotografou o Salto do Paranapanema durante uma visita realizada pelo então secretário da Agricultura de São Paulo, Paulo de Moraes Barros, ao local, quando inaugurou o primeiro trecho do prolongamento da ferrovia Sorocabana Railway na direção do Porto Tibiriçá (Correio Paulistano, 16 de fevereiro de 1914, sexta coluna).

Entre 1915 e 1919, foi aluno ouvinte na Escola Politécnica e também trabalhou como auxiliar no laboratório do professor de bioquímica, físico-química e eletroquímica Roberto Hottinger, no curso de Engenharia Química. Conrado queria criar um papel fotográfico de qualidade equivalente a dos importados – os usados eram da Kodak, da Agfa e da Gevaert – porém com um preço mais baixo.

Segundo o próprio:

“Durante quatro anos fiz de tudo ali. Desde a preparação do nitrato de prata até os estudos das diferentes qualidades de gelatinas. Da ação dos halogênios como o bromo, o cloro, e o iodo sobre o nitrato de prata ao brommeto de potássio. Cheguei à conclusão que a mistura de uma pequena dose de iodo ao bromo dava muito melhor resultado, assim como a adição do iodo ao cloro”.

O entusiasmo de um inventor (2006)

 

Em 1916, Guilherme seguia trabalhando para a Secretaria de Agricultura (A Gazeta (SP), 18 de janeiro de 1916, quarta coluna) e Conrado já estava desenvolvendo uma fórmula para banhar o papel que batizou de Postal Jardim, para atrair os lambe-lambes do Jardim da Luz. Em fevereiro, foi à inauguração da exposição de Levino Fanzeres (1884 – 1956), na rua Líbero Badaró, 66 (O Estado de São Paulo, 28 de fevereiro, página 2, última coluna).

Em 10 de novembro de 1916, Guilherme consultou a empresa International Patent Agency, de Moura & Wilson, que eram agentes de privilégios sediados no Rio de Janeiro, com o objetivo de se informar quanto aos procedimentos de requerimento de uma patente. A empresa respondeu três dias depois, dispondo-se a providenciar a patente mediante ao fornecimento dos documentos necessários e ao pagamento de Rs 220$000.

Em 1917, Guilherme Wessel possuia uma Oficina de Gravura, na Travessa Guaianazes, 155, na Barra Funda. em 1921, o Almanak Laemmert identificava no endereço um estabelecimento fotográfico (Almanak Laemmert, 1917 e 1921, última coluna). Em 1921, um dos funcionários da oficina sofreu um pequeno acidente (O Combate, 12 de maio de 1921, penútima coluna).

 

 

Em 1919, Conrado comprou uma casa na rua K , em Casa Verde (Correio Paulistano, 5 de fevereiro de 1919, quinta coluna).

A fórmula de Conrado, patenteada no início em 1921, em documento assinado pelo presidente da República, Epitácio Pessoa (1865 – 1942), foi descrita como um “novo processo para fabricação de material photographico, sensível à luz, para o processo positivo e negativo, à base de emulsões de saes de prata ou gelatina, albumina ou collodio, servindo de supportes para estas emulsões papel, vidro, celluloide ou qualquer outro supporte que seja appropriado”.

 

 

 

Em 1921, Conrado comprou do professor de Filosofia da Escola Normal, dr. Picarollo, e de seu filho o maquinário necessário, importou papel da Alemanha e começou a trabalhar em um pequeno prédio de seu pai, na Barra Funda. Enquanto aguardava a chegada do papel, um acaso o ajudou a criar uma forma de pendurar o papel emulsionado para a secagem, uma vez que dispunha de pouco espaço. Realizava um trabalho de propaganda para a Tapeçaria Schultz e observou o sistema de cortinas movimentadas por cordas. Achou que um processo semelhante poderia ser usado para secar metros e metros de papel. Mas a experiência foi um desastre. Nem 10 centímetros foram aproveitados dos 10 metros de papel emulsionados. Teria que encontrar outra solução.

 

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Surgia assim, em março de 1921, a primeira fábrica de papel fotográfico da América Latina, a Fábrica Privilegiada de Papéis Fotográficos Wessel, sediada na rua Lopes de Oliveira, em São Paulo.

 

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Apesar da qualidade do papel fotográfico e de ter melhor preço, os consumidores resistiam a utilizar um produto nacional e continuava a utilizar o postal da Ridax e da Gevaert. Foi nessa época que Wessel forjou o lema que o acompanharia por toda a vida: “Insista, não desista”.

Em 1922, foi inaugurada a exposição provisória do Panorama de São Paulo, na rua São Bento, nº 24, do fotógrafo Valério Vieira (1862 – 1941), anunciada como a maior fotografia já realizada no mundo, com 16 metros (Correio Paulistano, 6 de setembro de 1922, na segunda coluna e 7 de setembro, na quarta coluna). O trabalho foi apresentado na Exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, realizada entre 7 de setembro de 1922 e 24 de julho de 1923. Foi Conrado que possibilitou a impressão da foto em uma solução de brometo de sais de prata (O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1998).

 

 

Dois anos depois, um acontecimento histórico ajudou os negócios de Conrado: entre 5 e 28 de julho de 1924, São Paulo ficou sitiada devido à eclosão da Revolução dos Tenentes ou Revolta Paulista, liderada por Isidoro Dias Lopes (1865 – 1949) e motivada pelo descontentamento dos militares com a crise econômica e a concentração de poder nas mãos de políticos de Minas Gerais e de São Paulo. Devido ao violento conflito urbano, faltou papel importado para os fotógrafos que atuavam, principalmente, no Jardim da Luz, e eles passaram a comprar de Wessel. Quando a rebelião terminou, o fornecimento de papel importado foi restabelecido, mas Wessel já havia conquistado uma clientela fiel. Sua empresa começou a prosperar.

Durante a década de 30, Conrado adquiriu vários imóveis e terrenos, dentre eles um terreno e um prédio na alameda Eduardo Prado, nº 18; o prédio da rua Santo Antônio, nº 89; o prédio da rua Anna Cintra, 34; um prédio na rua Lopes de Oliveira; e um prédio na Conselheiro Belisário, 96 (O Estado de São Paulo,12 de outubro de 1931, página 3, segunda coluna; 24 de junho de 1932, página 3, segunda coluna; 15 de agosto de 1934, página 3, quarta coluna; 5 de novembro de 1935, página 7; e 6 de maio de 1936, página 10, penúltima coluna; Correio Paulistano, 29 de setembro de 1934, sexta coluna; 6 de outubro, primeira coluna, de 1934; 23 de fevereiro de 1935, quinta coluna).

Na revista O Malho, de 2 de janeiro de 1932, publicação de uma fotografia de autoria de Conrado Wessel.

 

 

No mesmo ano, o ministro interino do Trabalho declarou caduca a patente de Wessel (Jornal do Commercio, 18 de março de 1932, segunda coluna). Pelo o que se seguiu, tudo indica que essa decisão foi revogada.

 

 

A residência e a fábrica de Conrado ficavam na rua Lopes de Oliveira, 18. Foi roubado um pacote de papel de sua fabricação mas ele conseguiu encontrar o autor do furto (Correio de São Paulo, 30 de novembro de 1933, terceira coluna).

Ainda na década de 30, foram as bobinas de papel produzidas pela firma de Conrado que alimentaram o sistema Photo Rotativo usado pelo fotógrafo Theodor Preising (1883 – 1962). Tratava-se de um mecanismo que produzia fotografias no formato postal e 18 x 24cm para álbuns a partir de até dois negativos.

 

 

Falecimento de Guilherme Wessel, em 25 de janeiro de 1940 (O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 1940, página 4, quinta coluna).

 

O Estado de São Paulo, 28 de janeiro de 1940

O Estado de São Paulo, 28 de janeiro de 1940

 

Em setembro de 1954, conforme acordado, em 1949, tanto a fábrica, construída em Santo Amaro pela Kodak, quanto a patente de Conrado passou a pertencer à empresa norte-americana, na época líder do mercado fotográfico, denominand0-se Kodak – Wessel. Àquela altura, após décadas dirigindo seu negócio, Conrado já havia consolidado seu patrimônio.

 

 

Sua mãe, Nicolina Krieger Wessel, faleceu, em 7 de novembro de 1956, aos 93 anos, em São Paulo (O Estado de São Paulo, 8 de novembro de 1956, página 7, terceira coluna).

 

O Estado de São Paulo, 8 de novembro de 1956

O Estado de São Paulo, 8 de novembro de 1956

 

No Suplemento Literário do O Estado de São Paulo, de 24 de novembro de 1974, foi publicado o artigo O fotógrafo ambulante – a história da fotografia nas praças de São Paulo, do professor Boris Kossoy (1941-), e a importância de Conrado foi destacada.

Conrado Wessel  faleceu, em 23 de maio de 1993, sem herdeiros e em seu testamento, datado de 11 de maio de 1988, foi determinado que seus bens fossem destinados à criação da Fundação Conrado Wessel, fundada, em 20 de maio de 1994, para a difusão da arte, da ciência e da cultura. O primeiro diretor-presidente da fundação foi Antônio Valério Lorenzini, que havia, assim como seu pai, trabalhado anos com Conrado (O Estado de São Paulo, 29 de janeiro de 1999). Em 2003, A Fundação Conrado Wessel passou a distribuir, anualmente, prêmios nas categorias de Arte, Ciência, Cultura e Medicina.

 Link para a Cronologia de Guilherme (1862 – 1940) e Conrado Wessel (1891 – 1993)

 

Poços de Caldas

 

 

Poços de Caldas, em Minas Gerais, foi fundada em 6 de novembro de 1872 e suas águas raras e com poderes de cura foram responsáveis pela prosperidade da cidade. Seu nome tem origem na cidade de Caldas da Rainha, importante terma em Portugal. Como as fontes eram poços usados por animais, o nome da cidade mineira ficou Poços de Caldas.

Em 1886, funcionava em Poços um balneário voltado ao tratamento de doenças de pele, que utilizava as águas sulfurosas que eram captadas pela Fonte Pedro Botelho (O Paiz, 29 de setembro de 1886, quarta coluna).

 

 

Neste ano, foi visitado, em outubro, por Pedro II (1825 – 1891) e por dona Teresa Cristina (1822 – 1889), que ficaram em um chalé feito especialmente para receber o casal, no Hotel da Empreza – Empresa Balneária, que funcionou como concessionária das termas nos anos 1880-, pelo engenheiro alemão Carlos Alberto Maywald e pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Pansini. O casal imperial estava na região devido à inauguração do ramal de Caldas da Estrada de Ferro Mogiana, em 22 de outubro de 1886 (O Paiz, 25 de outubro de 1886, sétima coluna).

 

 

O balneário foi demolido nos anos 20 e substituído pelo conjunto arquitetônico de Eduardo Pederneiras, composto pelo Palace Hotel, de 1923 e reinaugurado em 1929; pelas Thermas Antônio Carlos e pelo Palace Cassino, inaugurados em 29 de março e 31 de março de 1931, respectivamente.

 

 

 

As Thermas Antônio Carlos foi o primeiro estabelecimento termal do Brasil a oferecer uma série de serviços e tratamentos de saúde a partir do uso da água termal. Sua gestão é feita pelo governo de Minas Gerais desde 2018.

O Palace Cassino fez muito sucesso e era frequentado pela aristocracia brasileira e lá aconteciam shows com artistas como Carmen Miranda, Sylvio Caldas e Orlando Silva. Com a assinatura do decreto-lei 9 215, de 30 de abril de 1946, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, determinando a proibição do jogo no país, o cassino fechou suas portas. Muitos anos depois foi restaurado tornando-se patrimônio histórico e arquitetônico da cidade que até hoje é um importante destino turístico.

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Enciclopédia Itaú Cultural

Especial Prêmio Conrado Wessel – Pesquisa Fapesp, 2004

Folha de São Paulo, 6 de junho de 2004

Fundação Conrado Wessel

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

LEMOS, Eric Danze. Fotografia profissional, arquivo e circulação: a produção de Theodor Preising em São Paulo (1920 – 1940).  Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2016

MEGALE. Nilza Botelho. Memórias Históricas de Poços de Caldas. Minas Gerais : Gráfica Dom Bosco, 1990.

MOURÃO, Mário. Poços de Caldas – Synthese Historica e Cronologica, 1933.

Revista Pesquisa Fapesp – O entusiasmo de um inventor

Revista Pesquisa Fapesp – Rumos de um inventor

Revista Pesquisa Fapesp – Trajetória de um inventor

Site Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais

Site Memórias de Poços

Site Palace Cassino

Site Poços.com

O Palácio de Cristal, em Petrópolis, fotografado por Marc Ferrez (1843 – 1923)

A Brasiliana Fotográfica destaca uma imagem do Palácio de Cristal de Petrópolis produzida em torno da época de sua inauguração, em 1884, por Marc Ferrez (1843 – 1923), que realizou cerca da metade de sua produção fotográfica no Rio de Janeiro e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais. Patrimônio histórico tombado pela União, o Palácio de Cristal, localizado na Praça Koblenz ou Praça da Confluência, já abrigou exposições agrícolas, de flores e pássaros, além de eventos culturais como, por exemplo, o Petrópolis Bier Festival. É um monumento importante e simbólico para a história do Brasil e um dos principais pontos turísticos de Petrópolis. Em janeiro de 2020, foi fechado para visitação para a realização de uma reforma, paralisada no mês seguinte pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e retomada no início de outubro de 2020.

 

 

Foi inaugurado em 2 de fevereiro de 1884 (Gazeta de Notícias, 27 de janeiro de 1884, quarta colunaGazeta de Notícias, 5 de fevereiro de 1884, quinta coluna), cinco anos após o lançamento de sua pedra fundalmental, com um grande baile que contou com a presença maciça da família imperial brasileira.

Sobre sua construção e inauguração, foi publicado em Petrópolis, guia de viagem (1885), de José Nicolau Tinoco de Almeida (18? – 1950):

“ Petrópolis – Escrevem-nos dessa cidade:
03 de Fevereiro –  Por telegrama que expedi hontem daqui dei-lhes de noticia do baile com que se inaugurou o palácio de crystal, construído no local do antigo passeio publico, e cuja estufa ostenta agora as suas columnas de ferro e paredes vidro branco.
Se o palacio de crystal há de ser mais conveniente e util a Petropolis dirão os frequentadores desta bella cidade que assistirem às festas que alli se derem. O facto é que o antigo Passeio Público era o recreio das crianças e ponto de reunião de todos.
O palacio de crystal de Petrópolis foi construído nas oficinas da sociedade anonyma de Saint Sauveur les Arraz, para uma associação de horticultura sob a proteção as Sua Alteza Conde d’Eu. Devendo servir de lugar de exposição ou de festas, tem esta enorme estufa uma vasta sala composta de uma parte central e dois corpos lateraes rectangulares, com uma superfície de 224 metros quadrados. Ligão-se ao corpo principal duas meias luas, cada uma com uma superfície de 56 metros quadrados. Espaço suficiente no caso de haver exposição hortícola para receber pequenos volumes e plantas e em reuniões numerosas os necessários acessórios para uma sala de festas. É inconstestavelmente um elegante EDIFÍCIO, solidamente construido pelo engenheiro Eduardo Bonjean.
Como já dissemos, fez-se a inauguração do palacio-estufa com um baile dado em beneficio da Associação. A inauguração da sala foi feita sob as vistas de S.A. a Serenissima Princeza Imperial, o que fez ter maior realce a primeira festa dada no palacio de crystal.
 Às 9 horas da noite já a sala estava cheia de senhoras e cavalheiros, que receberão Suas Majestades e Altezas, dando-se logo depois começo às danças, nas quaes dignou-se S.A. a Sra. Princeza Imperial de tomar parte. Foi uma brilhante reunião tanto pela escolhida sociedade como pela bonita iluminação. Da corte vierão muitas senhoras para este tão falado baile, de cuja direção se encarregou, a convite de S.A. o Sr. Conde d’Eu uma comissão de cavalheiros da nossa sociedade, que se esmerarão no desempenho de tão agradável incumbência.
Mas não foi só para assistir ao baile que veio gente da corte; para fugir do calor e aqui passar dois dias também vierão muitas pessoas. A affluencia desde sexta-feira tem sido extraordinária.
Cerca de 1.000 pessoas vierão para Petrópolis, e sabe Deus que trabalho teve o Dr. Berrini para acomodar os passageiros nos carros da estrada de ferro Principe Grão Pará.
Os hotéis estão cheios que os últimos passageiros tiveram de dormir nos bilhares e salas.
O Hotel d’ Orleans não teve outras acomodações senão a rouparia e o quarto de banho para dar aos dois últimos hospedes que apparecêrão hontem ”

A estrutura pré-montada do Palácio de Cristal foi encomendada pelo conde D´Eu (1842 – 1922), marido da princesa Isabel (1846 – 1921), na época, presidente da Sociedade Agrícola de Petrópolis, às oficinas da Société Anonyme de Saint-Sauveur, na cidade de Arras, na França.

 

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O conde d´Eu e a princesa Isabel haviam se casado cerca de 20 anos antes, em 15 de outubro de 1864, na Capela Imperial, no Rio de Janeiro, em cerimônia celebrada por D. Manoel Joaquim da Silveira, arcebispo da Bahia e primaz do Brasil (Diário do Rio de Janeiro, edição de 16 de outubro de 1864). O escritor Machado de Assis (1839 – 1908) escreveu na coluna Folhetim uma calorosa descrição do evento (Diário do Rio de Janeiro, edição de 17 de outubro de 1864). O casal passou a lua de mel justamente em Petrópolis, de onde retornou no dia 24 de outubro.

 

 

Voltando ao Palácio de Cristal… Sua estrutura, a primeira pré-fabricada ultimada no Brasil, foi montada em Petrópolis pelo engenheiro Eduardo Bonjean (1844 -?),  foi inspirada em duas edificações: o Crystal Palace de Londres e no Palácio de Cristal do Porto. O Crystal Palace, construído no Hyde Park para sediar a Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria de Todas as Nações de 1851, foi inaugurado em 1º de maio de 1851 pela Rainha Vitória (1837 – 1901)  e destruído por um incêndio em 1936. O Palácio de Cristal do Porto, inaugurado em 18 de setembro de 1865 pelo rei dom Luis (1838 0 1889) para abrigar a Exposição Internacional do Porto, foi demolido em 1951 para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos,  atualmente denominado Pavilhão Rosa Mota.

 

Em 20 de abril 1884, com ornamentação do botânico francês Auguste Glaziou (1828 – 1906), que havia sido o responsável pelo embelezamento do Campo de Santana, foi aberta a Quarta Exposição da Sociedade Agrícola e Hortícula de Petrópolis, a primeira no Palácio de Cristal – as três primeiras haviam sido realizadas em 1875, 1876 e 1877, em pequenos pavilhões na mesma Praça Koblenz. A edição de 1884 contou com a presença dom Pedro II, do corpo diplomático e de ministros do Império. O discurso oficial foi proferido pelo Conde d’ Eu e o júri do evento, na seção hortícola, era formado por Glaziou, Ramiz Galvão (1846 – 1938), na ocasião preceptor dos filhos da princesa Isabel; e do bibliotecário José de Saldanha da Gama. Na seção zootécnica, os jurados foram Ferreira Penna e E. P. Wilson (Jornal do Commercio, 21 de abril de 1884, primeira colunaGazeta de Notícias, 22 de abril de 1884, quarta coluna; Gazeta de Notícias, 27 de abril, terceira coluna). Em 12 de abril de 1885 e em 20 de março de 1886, o Palácio de Cristal sediou as edições seguintes do evento. Em maio de 1886, também no palácio, foi realizada a Primeira Exposição Industrial de Petrópolis, organizada pela Câmara Municipal por iniciativa do vereador Henrique Kopke Junior (18? – ?).
No chuvoso domingo de Páscoa de 1888, o Palácio de Cristal foi todo enfeitado e em seu exterior via-se uma grande cruz também de ramagens e flores com o dístico “Viva a liberdade”. Na ocasião, a princesa Isabel e o conde d´Eu junto a seus filhos, os príncipes Pedro de Alcântara (1875 – 1940) e dom Luis Maria (1878 – 1920), entregaram 127 cartas de alforria a escravizados da cidade Imperial (Jornal do Commercio, 2 de abril de 1888, primeira coluna; Diário de Notícias, 2 e 3 de abril de 1888, sétima coluna). A maioria dos senhores desses escravizados foram indenizados a partir de uma grande campanha desenvolvida na cidade pela comissão agenciadora das libertações. Compareceram à cerimônia representantes do gabinete ministerial de João Alfredo, os abolicionistas André Rebouças (1838 – 1898) e José do Patrocínio (1853 – 1905), além dos embaixadores da Argentina, da Bélgica, do Chile, da Espanha, dos Estados Unidos e da Itália, e diplomatas das legações de outros países, dentre outros.
Com a proclamação da República, em 1889, o palácio entrou em decadência e, em 1894 foi doado à Prefeitura de Petrópolis. Foi arrematado em leilçao público por Manorel Buaque de Macedo que o cedeu à Associação Artística e Literária Fluminense. Em 1938, o Palácio de Cristal foi coberto por tijolos e folhas-de-flandres, passando a sediar o Museu Histórico de Petrópolis (MHP), por iniciativa do jornalista e historiador Alcindo de Azevedo Sodré (1895 – 1952). Em 1943, quando Petrópolis comemorava 100 anos de sua fundação, o MHP foi transferido para o Museu Imperial de Petrópolis, inaugurado na antiga residência de veraneio de dom Pedro II (1825 – 1891), do qual Sodré foi o primeiro diretor.
Voltou a pertencer à prefeitura e, em 1957,  durante as comemorações do centenário da elevação de Petrópolis à condição de cidade, foi realizada, no Palácio de Cristal, a Exposição Industrial e Histórica de Petrópolis (Anuário do Museu Imperial, 1957). Em 21 de junho de 1967, o palácio, integrante do conjunto arquitetônico e paisagístico da antiga Praça da Confluência, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Na década de 1970, uma série de restaurações, inclusive em seus jardin, foram iniciadas. No ano de seu centenário, 1984, foi lançado um selo comemorativo em homenagem à data (Jornal do Brasil, 10 de janeiro de 1984, quarta coluna) e ele foi reinaugurado em 2 de fevereiro, coberto por paredes de vidro similares às suas originais, que eram de cristais bisotados importados da Bélgica, com uma mostra de medalhas, uma exposição de esculturas de Maria Martins (1894 – 1973) e um recital de música antiga do Praetorius Emsemble (Jornal do Brasil, 2 de fevereiro de 1984, segunda coluna).
O poeta Carlos Drummond de Andrade dedicou ao Palácio uma crônica, A vária sorte do Palácio de Cristal, no Jornal do Brasil 2 de fevereiro de 1984.

 

 

Nela se refere à história do edifício e também a uma fotografia do trio das inseparáveis amigas – a princesa Isabel e as baronesas de Muritiba (1851 – 1932) e de Loreto (1849 – 1931) -, retratadas dentro do Palácio de Cristal, em 1884, e publicada no Anuário do Museu Imperial de 1958.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Anuário do Museu Imperial

Archivos Pittorescos: semanário illustrado

Diário de Petrópolis, 6 de outubro de 2020

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Portal Iphan

Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

SILVA, Lucas Ventura da. Patrimônio documental sobre escravidão: o elemento servil na Petrópolis do oitocentos. Revista Eletrônica Discente do Curso de História – UFAM, volume 4, número 1, ano 4, 2020

Site Biblioteca do IBGE

Site Cultura Viva

Site e-monument.net

Site Enciclopedia Britannica

Site G1

Site ipatrimonio.org

Site Visite Petrópolis

SODRÉ, Alcindo. Palácio de Cristal. Centenário de Petrópolis, vol. 2, p.103.

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 7 de dezembro de 2023