A fundação da Academia Brasileira de Letras

Somente seis prédios da Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada em 1922, ainda existem e o da atual sede da Academia Brasileira de Letras, que hoje completa 125 anos, é um deles. É uma réplica do Petit Trianon, residência de campo da rainha da França, Maria Antonieta (1775 – 1793), em Versalhes, e abrigou, durante o evento, o Palácio da França (Fon Fon8 de julho 23 de setembro de 1922). Foi edificado sob a chefia do arquiteto Emile Louis Viret (1882 – 1968). Seu adjunto era o também arquiteto Gabriel Marmorat (1882 – 1951). Para celebrar o aniversário da ABL que, segundo seu estatuto tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional, a Brasiliana Fotográfica destaca uma fotografia produzida por Thiele & Kollien, do acervo do Instituto Moreira Salles, uma das instituições fundadoras do portal (*).

 

 

 

A Exposição Internacional do Centenário da Independência, um dos maiores eventos internacionais já realizados no Brasil foi inaugurada no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1922 e terminou em 24 de julho do ano seguinte (O Paiz, 25 de julho de 1923). Seu fim estava previsto para março de 1923, mas, como algumas construções não estavam concluídas na data de sua inauguração, foi prorrogada até julho. Durante sua realização foi produzido o Álbum Internacional do Centenário da Independência  com fotografias de autoria de Carlos Bippus, Thiele & Kollien e Lopes.

Além do edifício da ABL, cinco prédios da Exposição de 1922 ainda existem. No Rio de Janeiro, são o do Pavilhão da Administração e do Distrito Federal, atualmente uma das sedes do Museu da Imagem e do Som; o do Palácio das Indústrias, atual Museu Histórico Nacional;  o do Pavilhão de Estatística, órgão do Ministério da Saúde, e o do Pavilhão das Indústrias Particulares, o restaurante Albamar. Este último já existia antes da Exposição e abrigava o Mercado Municipal. O Pavilhão das Indústrias de Portugal, foi transferido para Lisboa e é o atual Pavilhão Carlos Lopes.

 

Segundo o site da Academia Brasileira de Letras:

“No fim do século XIX, Afonso Celso Júnior, ainda no Império, e Medeiros e Albuquerque, já na República, manifestaram-se a favor da criação de uma academia literária nacional, nos moldes da Academia Francesa. O êxito social e cultural da Revista Brasileira, de José Veríssimo, daria coesão a um grupo de escritores e, assim, possibilidade à idéia”.

O escritor e poeta Lucio de Mendonça (1854 – 1909) teve a iniciativa de propor uma Academia de Letras, sob a égide do Estado. As primeiras notícias relativas à sua fundação foram divulgadas em novembro de 1896, pela Gazeta de Notícias e pelo Jornal do Commercio (Gazeta de Notícias, 10 de novembro de 1896, quarta coluna; Jornal do Commercio, 11 de novembro de 1896, segunda coluna).

 

 

Até sua fundação, foram realizadas sete sessões preparatórias: a primeira em 15 de dezembro de 1896, e, a última, em 28 de janeiro de 1897, quando foi divulgado o estatuto da instituição. Ambas em uma sala da redação da Revista Brasileira, na Travessa do Ouvidor, nº 31 (Gazeta de Notícias, 16 de dezembro de 1896, quarta coluna; e Gazeta de Notícias, 29 de janeiro de 1897, terceira coluna).

 

 

 

 

A Academia Brasileira de Letras (ABL), inspirada na Academia Francesa, foi, finalmente, fundada em 20 de julho de 1897 e em sua sessão inaugural estavam presentes 16 acadêmicos em uma sala do Museu Pedagogium, na rua do Passeio, Centro do Rio de Janeiro. Seu primeiro presidente foi o escritor Machado de Assis (1839 – 1908). Joaquim Nabuco (1849 – 1910) foi seu primeiro secretário-geral; Rodrigo Otávio (1866 – 1944), 1º secretário; Silva Ramos (1853 – 1930), 2º secretário; e Inglês de Sousa (1853 – 1918), tesoureiro. Desde o início tem 40 membros, os imortais.

 

 

 

Nabuco pronunciou o discurso inaugural. A partir desta data, a Academia passou a realizar reuniões semanais no Pedagogium (Gazeta de Notícias, 22 de julho de 1897, sétima coluna).

 

 

Entre 1905 e 1923, a ABL ocupou o prédio do Silogeu, onde também funcionavam o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Academia de Medicina e o Instituto dos Advogados do Brasil e o Instituto Histórico. Este edifício foi construído durante as reformas do prefeito Pereira Passos (1836 – 1913) e foi demolido no início da década de 1970 para o alargamento da Rua Teixeira de Freitas.

 

 

 

Em 15 de dezembro de 1923, quando comemorava 27 anos de fundação, a ABL mudou-se para seu endereço atual e sua primeira sede própria, no Petit Trianon, doado pelo governo da França, localizado na avenida Presidente Wilson (Jornal do Brasil, 6 de julho de 1923, quinta coluna; 15 de dezembro de 1923, penúltima coluna).  No prédio são realizadas as reuniões regulares dos Acadêmicos e as Sessões Solenes comemorativas e de posse de seus novos membros.

 

 

Neste mesmo ano, havia sido inaugurado, meses antes, um monumento em homenagem a Santos Dumont (1873 – 1932), no Petit Trianon (Jornal do Brasil, 13 de março de 1923).

 

 

Em 20 de julho de 1979, foi inaugurado um edifício ao lado do Petit Trianon, batizado como Palácio Austregésilo de Athayde (1898 – 1993), Acadêmico que ocupou durante 35 anos, de 1958 até sua morte, em 1993, a presidência da instituição. O novo edifício tornou-se importante parte do patrimônio da ABL. A primeira mulher eleita Acadêmica foi a escritora cearense Rachel de Queiroz (1910 – 2003), em 4 de novembro de 1977. Em 1996, a escritora Nélida Piñon (1937 – 2022) foi eleita a primeira mulher presidente da instituição, que é atualmente presidida pelo jornalista Merval Pereira (1949-).

 

Início

 

 

 

 

(*) Esse parágrafo foi alterado em 26 de julho de 2022.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Blog Rio Curioso

Cem Anos de Cultura Brasileira. Rio de Janeiro : Academia Brasileira de Letras, 2002

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

O Globo, 20 de julho de 2022

PISA, Daniel. Academia Brasileira de Letras Histórias e Revelações. Editora Fine Books, 2013.

Site Academia Brasileira de Letras

Site Arquivo Arq

Site Histórias e Monumentos

A Floresta da Tijuca na Coleção Família Passos

Nesse artigo, o cientista político Paulo Celso Corrêa, do Museu da República, uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica, nos convida a um passeio pela Floresta da Tijuca nos primeiros anos do século XX, a partir de visitas que o ex-prefeito do Distrito Federal, Francisco Franco Pereira Passos (1836-1913), fazia ali com sua família e convidados. A Floresta da Tijuca é uma das principais áreas verdes urbanas do mundo, com 33 km2 e 3.953 hectares. Desde 1961, integra o Parque Nacional que reúne as demais florestas do Maciço da Tijuca, com abrangência sobre as zonas oeste, norte e sul da cidade do Rio de Janeiro.

 

A Floresta da Tijuca na Coleção Família Passos

Paulo Celso Corrêa*

 

O patrimônio natural e histórico da Floresta da Tijuca, produto e testemunha da história da ocupação humana na região, inspirou a produção de diversos registros fotográficos ao longo dos séculos XIX e XX, alguns dos quais já mostrados aqui no portal Brasiliana Fotográfica, no artigo A Floresta da Tijuca no Dia Mundial do Meio Ambiente, publicada em 5 de junho de 2019.

As fotos a seguir ampliam o escopo desses registros ao retratar diferentes aspectos da Floresta da Tijuca durante as visitas que o ex-prefeito do Distrito Federal, Francisco Franco Pereira Passos (1836-1913), fazia ali com sua família e convidados. As fotos são de autoria de Augusto Malta (1864 – 1957), foram produzidas entre 1904 e 1906, e pertencem à Coleção Família Passos do Arquivo Histórico do Museu da República.

 

 

A Floresta da Tijuca é o resultado de uma grande obra de reflorestamento iniciada em 1861 pelos seus primeiros administradores, o major Manuel Gomes Archer (1821 – 1907) e o Barão d’Escragnolle (1821 – 1888). Desde fins do século XVIII, a vegetação original que cobria o Maciço da Tijuca havia sido devastada pelas plantações de café e pelas queimadas para produção de carvão. Com isso, as fontes de água potável da região, que abasteciam a cidade, ficaram ameaçadas de secar. A recuperação da floresta começou com a desapropriação das fazendas de café e o plantio de sementes e mudas de árvores nativas e exóticas. O projeto do paisagista francês Auguste Glaziou (1833 – 1906) transformou a floresta num parque, com a abertura de estradas cavalgáveis, fontes, lagos, pontes e áreas de lazer como o mirante do Excelsior, a gruta Paulo e Virgínia e a Vista do Almirante.

Tão logo o verde voltou a tomar conta dos altos tijucanos, as fazendas de café deram lugar às chácaras de nobres e burgueses, atraídos pelo sossego e clima fresco semelhante ao de Petrópolis. A Floresta da Tijuca se tornou o lugar favorito de quem, a exemplo dos integrantes da Família Real brasileira, buscava “passeios pitorescos e pic-nics restauradores” como os prometidos em um anúncio do Almanak Laemmert, de 1897:

 

 

As ações tomadas pela gestão de Francisco Pereira Passos na prefeitura do Distrito Federal entre 1902 e 1906 buscaram tornar a Floresta da Tijuca melhor sinalizada, transitável e atrativa aos praticantes do que se chamava à época de “excursionismo” – o hábito de sair de casa, na cidade, para apreciar a natureza, fazendo passeios e piqueniques. Antes, como engenheiro, Passos já havia trabalhado em outro projeto relacionado ao aproveitamento das florestas e montanhas do Maciço da Tijuca para fins recreativos e turísticos: a construção da estrada de ferro ligando o Cosme Velho ao Corcovado, inaugurada em 1885.

As primeiras iniciativas da reforma urbana de Passos para a Floresta da Tijuca foram a reconstrução, em saibro, da estrada que ligava a rua Conde de Bonfim ao Alto da Boa Vista e, neste, a criação de uma praça – atual praça Afonso Viseu – com jardim projetado pelo paisagista francês Paul Villon (1841 – 1905). Nela foi construído um coreto de música oferecido pela Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, que operava a linha de bonde do Largo de São Francisco até o Alto da Boa Vista. O quiosque ali existente foi demolido e substituído por um restaurante de arquitetura em estilo norueguês, mais afinado aos critérios burgueses de higiene e bom-gosto. Um dos traços da reforma Passos foi o combate aos quiosques que, servindo comidas e bebidas a trabalhadores, desocupados e demais integrantes das camadas pobres da sociedade, eram qualificados como focos de desordem e sujeira. Agindo de tal modo, o poder público assegurava então que a Floresta da Tijuca continuasse a ser um espaço moldado ao gosto das classes dominantes e que, na esteira das transformações urbanas promovidas na capital federal, fosse capaz de atrair visitantes e turistas. O coreto, o jardim e o restaurante aparecem nesses dois postais, que reproduzem fotos de Augusto Malta.

 

 

 

A inauguração da praça aconteceu em 12 de outubro de 1903 e contou com a presença do presidente Rodrigues Alves, conforme noticiou o Jornal do Brasil na matéria Alto da Boa Vista, publicada no dia seguinte. Na mesma ocasião, foram inauguradas a Mesa do Imperador reformada e o novo pavilhão oriental da Vista Chinesa.

No lugar conhecido como Mesa do Imperador, onde se supõe que a Família Real fazia suas refeições quando passeava pela Tijuca, a prefeitura fez construir um novo caramanchão e grades rústicas para melhor abrigar os piqueniques. A seguir, a foto de Augusto Malta mostra a Mesa do Imperador com essas novidades, em 1903; e o cartão postal (sem data) registra Passos e um grupo majoritariamente feminino, que inclui sua esposa Maria Rita, posando diante de uma placa na qual se lê o nome do lugar, a sua altitude e a sigla PM de “Prefeitura Municipal”.

 

 

 

Mais adiante se chega à Vista Chinesa, lugar assim chamado desde meados do século XIX em alusão aos trabalhadores chineses que cultivavam chá nas antigas fazendas da região. Na gestão de Pereira Passos, foi erguido ali um novo pavilhão em forma de pagode (torre típica dos templos budistas asiáticos), com estrutura de argamassa imitando bambu e uma mesa de piquenique. O projeto foi de autoria do arquiteto Luiz Rey. Desse mirante, inaugurado em 1903, se podia ver o Corcovado (ainda sem o Cristo Redentor), o Pão de Açúcar, a Baía de Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas e um pouco de Niterói. A foto seguinte mostra o pavilhão ainda em um estágio primário de construção.

 

 

As fotos abaixo registram uma visita de Passos à Tijuca, realizada em 19 de abril de 1906, com a finalidade de verificar os reparos feitos nas estradas da região, danificadas após fortes chuvas. A visita foi noticiada na seção “Prefeitura” do Jornal do Brasil de 20 de abril de 1904, na sétima coluna. Também integravam a comitiva Jerônimo Coelho, diretor municipal de Obras e Viação, e Manuel Maria Del Castilho, superintendente do Serviço de Limpeza Pública e Particular. As fotos de Malta mostram o grupo na Estrada da Vista Chinesa, em meio a um corredor de bambus; e na Estrada do Pica-Pau, destacando a presença da Pedra da Gávea ao fundo e alguns aspectos da comunidade local, como um armazém de secos e molhados e uma escola pública.

 

 

 

 

 

Nas fotos a seguir, datadas de 8 de julho de 1906, Passos e um grupo de homens aparecem em passeio à Mesa do Imperador, à Vista Chinesa e ao Rio das Furnas. Na foto abaixo, Malta destacou a Mesa do Imperador com as inovações inauguradas três anos antes. Pereira Passos aparece no canto direito, conversando com dois homens sentados na cerca rústica.

 

 

Posicionado no pavilhão da Vista Chinesa, Augusto Malta fotografou Passos e seus convivas, observados ao fundo por um adulto e uma criança descalços, provavelmente trabalhadores encarregados de manter a estrada em boas condições. O homem à direita de Pereira Passos segura um binóculo, instrumento necessário à melhor contemplação da paisagem oferecida pelo mirante. Na imagem é possível ver a traseira de um automóvel, veículo cada vez mais presente nas ruas das principais cidades brasileiras a partir dos primeiros anos do século XX. O carro, ainda privilégio daqueles com bastante dinheiro para pagar pela sua importação, facilitava subir as estradas da Floresta da Tijuca; por outro lado, também contribuía para este novo acontecimento da vida urbana, o acidente automobilístico, como o que aconteceu nas proximidades da Vista Chinesa, conforme noticiado pela Revista da Semana de 16 de junho de 1907.

 

 

O mesmo grupo de homens aparece noutra foto, produzida no mesmo passeio, à beira do Rio das Furnas.

 

 

Já o cartão postal abaixo foi feito a partir de foto de Augusto Malta do dia 14 de junho de 1904, durante a excursão oferecida pela prefeitura aos delegados brasileiros da Convenção Sanitária Internacional entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai, encerrada no dia anterior. No canto esquerdo da imagem está a esposa do prefeito, Maria Rita Passos,  na Vista Chinesa. A convenção teve a finalidade de unificar protocolos de combate e prevenção à epidemias entre os três países. O sanitarista Oswaldo Cruz (1872 – 1917), então Diretor-Geral de Saúde Pública do Distrito Federal, integrava a delegação brasileira, mas não participou do passeio tijucano. Desde o ano anterior, Cruz vinha aplicando uma série de novas e polêmicas medidas para o combate à febre amarela e à peste bubônica, como os batalhões de mata-mosquitos e a compra de ratos. Naquele momento a cidade passava por um grave surto de varíola, o que em breve levaria o governo federal a propor a lei de vacinação obrigatória contra a doença, episódio que culminaria na Revolta da Vacina, em novembro de 1904.

 

 

Abaixo, os participantes da excursão posam para foto na escadaria do Hotel White, antigo Palacete do Conde de Boa Vista. O Jornal do Brasil do dia 15 de junho deu notícia do acontecimento na matéria No Alto da Boa Vista.

 

 

Situado no Alto da Boa Vista, o Hotel White aparece em várias outras fotos dessa série. Isso porque as recepções oferecidas aos figurões da política, dos negócios e da cultura que visitavam a cidade do Rio de Janeiro costumavam incluir passeios à Floresta da Tijuca e refeições num dos hotéis de luxo existentes na região. O palacete neoclássico que servia como edifício principal do Hotel White foi construído em meados do século XIX para o Conde de Itamaraty, sob projeto do arquiteto José Maria Jacinto Rebelo (1821 – 1871), responsável também por parte do Palácio do Itamaraty, no centro do Rio. Posteriormente, o hotel foi renomeado em homenagem ao primeiro proprietário, como se vê no anúncio publicado na revista Careta de 24 de janeiro de 1914. O palacete é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural desde 1979.

 

 

As fotos abaixo foram produzidas por Augusto Malta no jardim do Hotel White, em 17 de dezembro de 1905. Fazem parte de um pequeno álbum que reúne fotos descontraídas do engenheiro Francisco Oliveira Passos (1878 – 1958), filho do prefeito e então consultor técnico da prefeitura, posando e fumando com um grupo de homens, dentre os quais o escritor e diplomata Graça Aranha (1868 – 1931) e o diretor da Limpeza Pública, Manoel Maria Del Castilho (1856 – 1911). A fotografia do grupo no coreto da praça do Alto da Boa Vista foi depois transformada em postal, enviado a Oliveira Passos pelo próprio Malta no Natal de 1905.

 

 

 

As fotos abaixo, também no Hotel White, mostram cenas da visita de Elihu Root (1845 – 1937), Secretário de Estado dos Estados Unidos, à Floresta da Tijuca. Em agosto de 1906, Root veio ao Rio de Janeiro participar da Terceira Conferência Pan Americana, iniciada em 25 de julho no Palácio Monroe, com a participação de representantes de dezenove países da América. Root chegava ao Brasil como representante da política externa do “Corolário Roosevelt”, oficializada pelo presidente estadunidense Theodore Roosevelt (1858 – 1919), em 1904, que justificava as intervenções militares “preventivas” dos Estados Unidos em outros países no caso de perturbação da ordem e desrespeito aos contratos. O Brasil, no entanto, não se via ameaçado pelo chamado “Grande Porrete”. A política externa brasileira dirigida pelo Barão do Rio Branco (1845 – 1912) considerava o poderio do país norte-americano um fator de proteção contra o intervencionismo europeu e um aliado na promoção dos interesses brasileiros no sul do continente.

As esperanças do governo brasileiro manifestaram-se no entusiasmo com que Root foi recebido no país. Sua despedida da capital federal, no dia 3 de agosto de 1906, foi marcada por um passeio à Floresta da Tijuca, organizado por Pereira Passos e por Joaquim Nabuco (1849 – 1910), embaixador nos Estados Unidos e chefe da delegação brasileira na Conferência. Na primeira foto aparecem Nabuco, Maria Rita Passos e as senhoritas Teixeira Castro num dos automóveis da excursão, que passou pelo Mirante Excelsior, Gruta Paulo e Virgínia, Vista Chinesa, Estrada de Furnas e pelas Furnas de Agassiz. O encontro incluiu um almoço no Hotel White (Jornal do Brasil, 4 de agossto de 1906, sétima coluna).

 

 

 

A vinda de Root, primeira viagem oficial de um secretário de Estado dos Estados Unidos ao exterior, foi interpretada pelos entusiastas da modernidade republicana como indício da inclusão do Brasil no seleto grupo dos países “civilizados”. O mesmo se deu com a chegada ao Rio da turnê internacional de uma prestigiosa atriz do teatro europeu, a italiana Tina Di Lorenzo (1872 – 1930). Ela veio ao Rio com sua companhia teatral apresentar um repertório de peças famosas que incluía Romeu e Julieta, de Shakespeare; Casa Paterna, de Hermann Sudermann e A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, dentre outros sucessos. E, como de costume, ela também foi convidada pelos Passos a conhecer a Floresta da Tijuca, junto de seu marido, o também ator teatral Armando Falconi (1871 – 1954) (Revista da Semana, 3 de junho de 1906).

Nas fotos a seguir, o grupo aparece fotografado diante das Furnas de Agassiz, conjunto de grutas e cavernas cujo nome faz referência ao naturalista suíço Louis Agassiz (1807 – 1873), que as estudou quando viajou pelo Brasil entre 1865 e 1866. Tina e o marido posam juntos diante da gruta principal das Furnas, formada por um conjunto de rochas superpostas. Noutra foto é possível ver os carros que levaram o grupo até o local e, na paisagem ao fundo, a Pedra da Gávea. Outro local visitado durante o passeio foi a Gruta de Paulo e Virgínia, batizada em referência ao romance francês Paulo e Virgínia, de Bernardin de Saint Pierre, muito famoso durante o século XIX (O Malho, 30 de junho de 1906).

 

 

 

 

 

* Paulo Celso Liberato Corrêa é cientista político do Arquivo Histórico e Institucional do Museu da República.

 

Fontes: 

ABREU, Alzira Alves de (coord.). Dicionário Histórico-Biográfico da Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015.

AGASSIZ, Elizabeth Carey & AGASSIZ, Louis. Viagem ao Brasil 1865-1866. Brasília: Senado Federal, 2000.

CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1965.

GERSON, Brasil. História das ruas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Bem-te-vi, 2015.

SEVCENKO, Nicolau. A revolta da vacina. São Paulo: Editora Scipione, 1993.

Nudez na Galeria Ducasble causa polêmica no Recife do século XIX

 

A exposição de uma cópia do quadro Sono de antíope (ao lado), do pintor italiano renascentista Correggio (c. 1439 – 1534), na Galeria Ducasble, causou polêmica no Recife, em 1885. Por ser considerado por parte do público um registro imoral, muitos deixaram de frequentar o estabelecimento. O advogado e ex-presidente das províncias do Piauí, do Ceará e de Pernambuco, Diogo Cavalcanti de Albuquerque (1829 – 1889), publicou, no Diário de Pernambuco de 27 de junho de 1885, uma crítica a esse comportamento, segundo ele, inspirado por uma nudofobia. No mesmo artigo, criticou o pouco incentivo do governo às artes e elogiou a galeria do fotógrafo e antiquário francês Alfred Ducasble (18-? – 19?). Diogo Cavalcanti de Albuquerque foi o Comissário Geral do Império à Exposição Universal de Paris, em 1889, na qual Ducasble participou como delegado oficial da província de Pernambuco e também como autor de fotografias e expositor de quadros, móveis, jóias e antiguidades.

O ateliê de fotografia e galeria de belas artes de Ducasble situava-se à Rua Barão da Vitória, 65 e era conhecido como A. Ducasble & C., Galeria Ducasble e Fotografia Parisiense. Pintores como Aurélio de Figueiredo (1856 – 1916) e José Jerônimo Telles Júnior (1851 – 1914)  expuseram seus trabalhos na galeria.

‘A uma habilidade não comum, que ele tem vantajosamente empregado no aperfeiçoamento dos processos fotográficos junta, como entusiasta e verdadeiro cultor das belas artes, ardente vocação, apurado gosto e inexcedível dedicação a esse gênero de cultura humana; ainda mais: vota particular interesse, liga a maior importância às produções e progresso da arte nacional’ (Diogo Cavalcanti de Albuquerque sobre Ducasble, em 1885).

 

 

Por ter fotografado grande parte da sociedade pernambucana, Ducasble ficou mais conhecido como retratista embora tenha sido também considerado um excelente paisagista. Foi casado com a alagoana e modista Urraca (1837 – 1893), com quem teve filhos: Maria Vitória (1864 – 1902), nascida em Alagoas, e o futuro caixeiro-viajante Alfredo Ducasble Filho (18? – 19?), nascido em Pernambuco.

 

 

 

Acessando o link para as fotografias de Alfredo Duscable disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Pouco se sabe sobre a vinda de Ducasble para o Brasil: teria chegado a Pernambuco em 1873 e atuou na cidade nas décadas de 1870 a 1890. Além de fotógrafo, era colecionador e antiquário. Foi professor de desenho e caligrafia no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Propagadora do Recife e é de sua autoria o livro Curso Prático de Caligrafia. Na década de 1880, participou de exposições no Brasil e no exterior, tendo obtido medalha de prata na Exposição Internacional de Antuérpia, em 1885. Foi possivelmente a primeira pessoa a divulgar internacionalmente o mobiliário colonial brasileiro ao enviar, além de pinturas e jóias, móveis e outras antiguidades de seu acervo para a Exposição Universal de Paris em 1889, da qual foi delegado oficial da província de Pernambuco. Na ocasião, recebeu a medalha de prata por seu panorama de Pernambuco e por retratos expostos. Algumas vistas do Recife de sua autoria foram incluídas no Album de vues du Brésil, que organizado pelo Barão do Rio Branco (1945 – 1912) e lançado em Paris na ocasião da Exposição Universal, fazia parte da segunda edição de Le Brésil, extrato da Grande Enciclopédia, trabalho dirigido pelo geógrafo Émile Levasseur  (1828-1911), para o qual o barão havia colaborado. Nesse mesmo ano, 1889, Ducasble teria ido viver em Paris.

 

 

Desenhos publicados no Album de vues du Brésil baseados em fotografias de Ducasble

(Páginas 53 a 56 do PDF)

 

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Em 1893, ano do falecimento de sua mulher, a Galeria Ducasble do Recife foi vendida para o fotógrafo Ludgero Jardim da Costa (18? – 19?). Em 1900, foi anunciada a existência de uma sucursal da Galeria Ducasble, na Avenue de la Grande Armée, em Paris.

 

Cronologia de Alfredo Ducasble (18? – 19?)

 

1873 – J. A. Ducasble teria chegado em Pernambuco vindo da Europa no vapor Rio Grande (Diário de Pernambuco, 11 de março de 1873, terceira coluna).

1874 – No Recife, A. Ducasble, sua mulher e três filhos embarcaram rumo ao sul do país, no vapor inglês Illimani (A Província – Órgão do Partido Liberal, 27 de janeiro de 1874, primeira coluna).

No Rio de Janeiro, João Alfredo Ducasble, sua senhora e um filho embarcaram no vapor Pará rumo a Pernambuco (Jornal do Commercio, 20 de junho de 1874).

Foi anunciado que Ducasble era consertador de máquinas de costura e que a modista Madame Ducasble havia chegado da corte e convidava as senhoras que desejassem vestir-se elegantemente para a visitarem na rua da Imperatriz, nº 8, mesmo local onde Ducasble atendia (Jornal de Recife, 9 de julho e 13 de julho de 1874).

 

 

 

Foi publicado um anúncio de Ducasble oferecendo aulas de caligrafia e de francês no primeiro andar da rua da Imperatriz, nº 1, onde sua esposa tinha um estabelecimento de moda (Jornal de Recife, 6 de agosto e 11 de agosto de 1874).

 

 

1875 – João Alfredo Ducasble trabalhava como desenhista na Repartição das Obras de Conservação dos Portos da Província (Almanak Administrativo, Mercantil, Industrial e Agrícola (PE), 1875).

Sua esposa, a modista Urraca Ducasble (18? – 1893), participava a mudança de seu estabelecimento de moda para a rua Barão da Vitória, 52, no 1º andar, a partir do dia 12 de julho de 1875 (A Província – Órgão do Partido Liberal, 11 de julho de 1875). Dois anos depois, mudou-se para o número 65 da mesma rua.

1876 - Vindo no navio Rio Grande, o francês Alfred Ducasble, chegou ao Rio de Janeiro (Diário do Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1876, quinta coluna).

1877 - Foi publicado um anúncio onde Ducasble oferecia-se para fazer qualquer levantamento em plantas de engenho, nivelamentos, projetos de casas de campo, chalés e qualquer desenho de arquitetura, mecânico e topográfico (Jornal de Recife, 18 de abril de 1877, quinta coluna). Continuava lecionando caligrafia e desenho em colégios, em casas particulares e em sua casa (Jornal de Recife, 23 de abril de 1877, terceira coluna). Mudou-se para a Rua Barão da Vitória (ex- rua Nova), nº 65, 1º andar (Jornal de Recife, 16 de outubro de 1877, quarta coluna).

Ducasble participou de uma celebração na Escola Filotécnica (Jornal de Recife, 16 de novembro de 1877, quarta coluna).

Imprimiu o Curso Prático de Caligrafia, de sua autoria, aprovado pelo Conselho Superior de Instrução Pública de Pernambuco (Jornal de Recife, 28 de novembro de 1877, última coluna).

1878 - Durante uma reunião do Conselho de Instrução Pública da província da Bahia, foi lido um ofício mandando informar o requerimento de Alfred Ducasble, que se propõe a ensinar em 30 lições a caligrafia nas escolas, nos dois externatos e aos professores públicos, e oferece à venda por 1$500 réis cada exemplar da coleção de seus traslados. A venda não foi realizada (O Monitor, 28 de abril de 1878, terceira coluna e O Monitor, 18 de junho de 1878, sexta coluna).

Em Salvador, Alfredo Ducasble embarcou no vapor francês Niger rumo ao Recife (O Monitor, 20 de junho de 1878, quarta coluna e A Província – Órgão do Partido Liberal, de 1878, 20 de junho de 1878, segunda coluna).

Anunciou seus serviços como professor de caligrafia e de desenho, estabelecendo curtos prazos para ensinar as matérias (Jornal de Recife, 5 de julho de 1878, quinta coluna).

 

No fim dessa década, provavelmente, o alemão Rodolpho Frederico Francisco Lindemann (1852 – 19?)  trabalhava como fotógrafo junto a Alfredo Ducasble.

1880 – Anunciou a realização de Retratos Inalteráveis na Photographia Parisiense pelo processo de cromotipia, na rua Barão da Vitória, 65.

 

 

Em 1º de março, anunciou-se que na Photographia Parisiense, de Alfredo Ducasble & C., fazia-se retratos de pessoas falecidas, de grupos, retratos em domicílio e de paisagens e por todos os sistemas mais modernos. A dúzia de retratos custava 5 $ (Jornal de Recife, 1º de março de 1880).

1881 - Teria pretendido estender sua atuação para a Paraíba onde seria seu representante ou sócio Manoel Bezerra de Mello.

No Liceu de Artes e Ofícios do Recife, Ducasble era professor de caligrafia e de desenho linear. Doou para a biblioteca da instituição 10 exemplares de seu livro Curso de Caligrafia (Diário de Pernambuco, 18 de fevereiro de 1881, segunda coluna e Diário de Pernambuco, 22 de março de 1881, segunda coluna).

Exposição, no estabelecimento fotográfico de M. Alfred Ducasble , que de dia em dia vem caminhando num progresso rápido a ponto de já ser o primeiro da província, de dois quadros do pintor paraibano Aurélio de Figueiredo (1856 – 1916), Saudade e Melancolia (Diário de Pernambuco, 19 de abril de 1881, primeira coluna). Meses depois, por motivos de saúde, o pintor foi para a Paraíba e deixou como contato no Recife a Galeria Ducasble (Diário de Pernambuco, 8 de setembro de 1881, quarta coluna).

Participou da Exposição da Indústria Nacional e da Exposição Provincial de Pernambuco provavelmente com fotografias. Na última conquistou a medalha de mérito.

1882 – Participou da Primeira Exposição Artístico-Industrial promovida pela Imperial Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco e conquistou uma medalha de mérito pelos retratos de seu estabelecimento fotográfico. Alberto Henschel (1827 – 1882) também recebeu uma medalha de mérito pelas vistas fotográficas que expôs (Diário de Pernambuco, 17 de janeiro de 1882, segunda colunaJornal de Recife, 22 de janeiro de 1882, última coluna).

Uma menina de cor preta com aproximadamente 10 anos chamada Josefa foi abandonada na casa do casal Ducasble (Diário de Pernambuco, 14 de março de 1882, quinta coluna).

Ducasble foi laureado com o primeiro prêmio na Exposição Artístico-Industrial do Rio de Janeiro (Jornal de Recife, 14 de maio de 1884, última coluna).

Ducasble doou livros para a Biblioteca do Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco, inaugurada em 11 de dezembro de 1881 e aberta em 10 de abril de 1882 (Jornal de Recife, 4 de maio de 1882, penúltima coluna).

Fazia parte da comissão do Club Abolicionista encarregada de angariar donativos no bairro de Santo Antônio, no Recife (Jornal do Recife, 13 de junho de 1882, penúltima coluna).

Integrava o comitê nomeado pelo Consulado da França para organizar a Festa Nacional de 14 de julho (Jornal de Recife, 28 de junho de 1882, quinta coluna). Foi elogiado pelo trabalho verdadeiramente artístico - uma miniatura que foi ofertada aos participantes da festa (Jornal de Recife, de 16 de julho de 1882, penúltima coluna).

Na comemoração dos 41 anos da Imperial Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco, foi realizada uma exposição com quatro salas. A primeira sala, que era a principal, denominada Galeria Ducasble apresentava um quadro de fotografias produzidas por Ducasble, quadros a óleo do paraibano Aurélio de Figueiredo (1856 – 1916), do francês radicado em Pernambuco  Eugène Lassailly (18? – 19?) e do pernambucano José Jerônimo Telles Júnior (1851 – 1914), além de trabalhos a crayon de Benevenuto Cabral e estudos, também a crayon, de Maria Tasso (Jornal do Recife, 19 de dezembro de 1882, quinta coluna).

1883 – Fotografias porcelana produzidas por Ducasble eram um dos prêmios oferecidos em um sorteio da Livraria e Papelaria de G. Laporte & C. (Jornal de Recife, 4 de fevereiro de 1883, quinta coluna).

Ducasble partiu para a Europa a bordo do vapor inglês La Plata (Diário de Pernambuco, 16 de fevereiro de 1883, segunda coluna).

Na Galeria Ducasble, exposição de um quadro pintado por Leopoldino de Faria (1836 – 1911), retratando o diretor do Arsenal de Marinha (Jornal de Recife, 8 de junho de 1882, penúltima coluna).

Ducasble chegou da Europa a bordo do vapor francês Gironde (Jornal de Recife, 5 de agosto de 1883, última coluna). Publicou que retomava a direção de seu estabelecimento e que estava recuperado de seus incômodos. Informava que havia visitado os melhores estabelecimentos das principais cidades europeias, onde havia praticado com grandes mestres de fotografia e pintura. Anunciou ter trazido modernos equipamentos e que havia se dedicado ao estudo dos processos instantâneos podendo tirar facilmente o retrato de toda e qualquer criança com expressão e semelhança (Jornal de Recife, 10 de agosto de 1883, quinta coluna).

 

 

O pintor francês Lassaily havia chegado da França e anunciava que quem precisasse de seus serviços poderia procurá-lo na Photographia Parisienne (Jornal de Recife, 13 de novembro de 1883, última coluna).

Ducasble anunciou que o quadro dos bachareis do 5º ano encontrava-se em sua galeria e que até o fim do mês receberia o pagamento da segunda prestação (Jornal de Recife, 17 de novembro de 1883, terceira coluna).

1884 - Anúncio da Galeria Ducasble informava que a partir de qualquer fotografia produzia retratos a óleo, crayon e nanquim (Jornal de Recife, 9 de maio de 1884).

Ele, Menna da Costa e Hermina Costa formavam a comissão da Imperial Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais para arrecadação dos impostos devidos por fotógrafos e retratistas (Jornal de Recife, 11 de julho de 1884, última coluna).

Ducasble fez a importação de espelhos, que chegaram no vapor francês Ville de Pernambuco (Jornal de Recife, 11 de julho de 1884, segunda coluna). Ao longo do ano foram noticiadas outras importações.

Na Galeria Ducasble, exposição de um belo retrato a óleo feito na Europa de Laurentino José de Miranda, que iria ornar a sala de sessões da Companhia de Ferrovia de Olinda (Diário de Pernambuco, 16 de maio de 1884). Exposição também de um bonito retrato a óleo do conselheiro Theodoro Machado Freire Pereira da Silva, que seria levado para o salão de honra da Câmara Municipal do Recife (Jornal de Recife, 14 de setembro de 1884, quarta coluna).

 

 

1885 – Estavam expostos na Galeria Ducasble os retratos a óleo dos advogados José Mariano Carneiro da Cunha (1850 – 1912) e Félix de Valois Correia (18? – 19?), encomendados pela Imperial Sociedade de Artistas Mecânicos e Liberais em homenagem aos serviços prestados por eles. Seriam colocados no salão de honra da referida instituição no dia do aniversário da mesma, em 18 de janeiro (Jornal de Recife, 14 de janeiro de 1885, quarta coluna).

Publicou um anúncio intitulado Antiguidades, onde anunciava interesse na compra de objetos antigos como sejam: pratos, cadeiras de sofá, vasos e candelabros de bronze, pinturas antigas e modernas e qualquer objeto artístico (Jornal de Recife, 25 de fevereiro de 1885, sexta coluna e Diário de Pernambuco, 6 de março de 1885). Esse anúncio foi publicado várias vezes ao longo do ano.

 

 

Participou da Exposição Internacional de Antuérpia, realizada entre 2 de maio e 2 de novembro de 1885, e ganhou o diploma de medalha de prata na Classe 7 – Fotografias e seus aparelhos (Diário de Pernambuco, 29 de outubro de 1885, terceira colunaJornal de Recife, 7 de abril de 1887, quinta coluna).

A carta geral do Brasil assim como outra da província de São Paulo não deixam nada a desejar como gravura topográfica. Saíram das oficinas dos senhores Paul Robin & O, do Rio de Janeiro que obtiveram por seus trabalhos uma medalha de prata; a mesma recompensa foi atribuída aos senhores Marc Ferrez e Ducasbles por suas belas fotografias’ (Anvers à l´Exposition Universelle, 1886).

A exposição de uma reprodução do quadro Sono de antíope, do pintor renascentista Correggio (c. 1439 – 1534), na Galeria Ducasble, causou polêmica por ser considerado imoral por parte do público e por essa causa deixou de frequentar o estabelecimento. O advogado e ex-presidente das províncias do Piauí, do Ceará e de Pernambuco Diogo Cavalcanti de Albuquerque (1829 – 1889) publicou uma crítica a esse comportamento, segundo ele, inspirado por uma nudofobia. No mesmo artigo critica o pouco incentivo do governo às artes e elogia o estabelecimento de Ducasble (Diário de Pernambuco, 27 de junho de 1885).

 

 

 

 

Continuava trabalhando como professor do Liceu de Artes e Ofícios (Diário de Pernambuco, 14 de outubro de 1885 e Diário de Pernambuco, 3 de julho de 1886).

Executou o retrato do sr. Epaminondas Gouvêia, que seria colocado na Igreja do Carmo. Foi encomendado pela Irmandade de Nossa Senhora da Luz (Jornal de Recife, 25 de outubro de 1885, quinta coluna).

Participou, na Seção de Fotografia, da 5ª Exposição Artístico-Industrial, promovida pela Imperial Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais, quando obteve o diploma de Progresso (Jornal de Recife, 31 de dezembro de 1885, quinta coluna).

O larápio José Braz da Silva célebre autor do roubo que sofreu a atriz Helena Balsemão foi retratado por Ducasble (Diário de Pernambuco, 3 de julho de 1885, quarta coluna).

Ducasble vendeu à Irmandade de Nossa Senhora da Conceição cadeiras de carvalho revestidas de acentuados desenhos de talha (Jornal de Recife, 9 de dezembro de 1926, primeira coluna).

Participou da quinta Exposição Artístico-Industrial do Liceu de Artes e Ofícios promovida pela Imperial Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais e ganhou o Diploma de Progresso. Na ocasião a fotografa pernambucana Hermina Menna da Costa (18? – 19?) recebeu o Diploma de Mérito (Diário de Pernambuco, 20 de dezembro de 1885).

1886 – Na exposição fotográfica no Palácio de Cristal, na cidade do Porto, em Portugal, Ducasble foi contemplado com uma menção honrosa (Gazeta de Notícias, 27 de junho de 1886, terceira coluna).

Produziu um retrato da atriz portuguesa Lucinda Furtado Coelho (1850 – 1928) que constava de um jornal dedicado a ela (Jornal de Recife, 1º de julho de 1886, penúltima coluna).

Na Galeria Ducasble, exposição de um retrato a óleo de Diogo Cavalcanti de Albuquerque executado em Paris por um brasileiro. Também na galeria, exposição de trabalhos do pintor cearense Irineu de Souza (1850 – 1924) e de uma fotografia do Teatro de Santa Isabel na ocasião da sessão fúnebre promovida União Federal Abolicionista em honra a José Bonifácio (Diário de Pernambuco, 9 de abril de 1886, primeira colunaJornal de Recife, 18 de setembro, quinta coluna e Jornal de Recife, 3 de dezembro de 1886, segunda coluna).

Participou da Exposição Sul-Americana de Berlim e conquistou o primeiro prêmio e a medalha de ouro (Diário de Pernambuco, 21 de agosto de 1886, penúltima colunaJornal do Commercio, 31 de março de 1887, última coluna e Jornal de Recife, 16 de março de 1888)

1887 – Publicação de artigos de Ducasble na quarta, na sexta e na oitava edição da Revista do Norte

Publicação de uma carta do pintor Telles Júnior ao mestre Alfredo Ducasble sobre o artigo escrito sobre os quadros de Barreto Sampaio na Revista do Norte, 10 de fevereiro de 1887. Telles Junior sentiu-se ofendido pela crítica de Ducasble (Jornal de Recife, 14 de março, quinta coluna).

Na Galeria Ducasble, exposição de retratos pintado a óleo por Bannel de Paris (Jornal de Recife, 13 de abril de 1887, quinta coluna).

Ducasble ofertou ao Instituto Arqueológico Geográfico de Pernambuco uma fotografia da inscrição da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, no Monte Guararapes (Jornal de Recife, 20 de abril de 1887, primeira coluna).

Chegada no vapor Ville de Bahia de uma encomenda de quadros feita por Ducasble (Jornal de Recife, 7 de junho de 1887, quarta coluna).

Em uma carta publicada por Feliciano de Azevedo Gomes para a família de Emílio Soares, alfaiate e genro de Ducasble, casado com sua filha Maria Victória, foi revelado que Ducasble sofria dos nervos. Feliciano acusou Ducasble de calúnia no episódio envolvendo um surto de loucura de Soares e o desafiou para um duelo. Ducasble declarou jamais ter caluniado Feliciano, a quem continuava a considerar um cavalheiro muito distinto e honrado (Jornal de Recife, 14 de junho, última coluna;  15 de junho, penúltima coluna; e 18 de junho, terceira coluna).

O escritor português Ramalho Ortigão (1936 – 1915) em sua vista ao Recife foi à Galeria Ducasble onde foi fotografado. Estava com Joaquim Nabuco (Jornal de Recife, 20 de novembro de 1887, segunda coluna).

Na Galeria Ducasble, exposição de um retrato de Adolfo Manta, encomendado por seus ex-escravos, recém libertos por ele (Diário de Pernambuco, 7 de dezembro de 1887, última coluna).

1888 – Publicação de uma propaganda da Galeira Ducasble com lista de prêmios (Jornal de Recife, 16 de março de 1888). Foi publicada diversas vezes ao longo do ano no Jornal de Recife e no Diário de Pernambuco.

 

 

Na Galerie Artistique de Ducasble, exposição de dois bustos a óleo dos abolicionistas pernambucanos Joaquim Nabuco (1849 – 1910) e de José Mariano Carneiro da Cunha (1850 – 1912), realizados por Ducasble (Jornal de Recife, 30 de maio de 1888, quinta coluna).

 

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Joaquim Nabuco e José Mariano Carneiro da Cunha fotografados por Ducasble / Acervo Fundação Joaquim Nabuco

 

 

O artista, pintor e decorador francês Eugène Lassailly  publicou uma propaganda de seus serviços e um dos lugares onde poderia ser contactado era a Galeria Ducasble (Jornal de Recife, 19 de junho de 1888, quarta coluna).

Ducasble foi um dos contribuintes da subscrição agenciada no Recife por Luiz Cintra a fim de serem ofertadas aos médicos que cuidaram da saúde de dom Pedro II (Diário de Pernambuco, 28 de agosto de 1888, quinta coluna).

Participou da Comissão Pernambucana para a representação da província na Exposição Universal de Paris (Diário de Pernambuco, 23 de setembro de 1888, última coluna e Jornal de Recife, 11 de janeiro de 1889, primeira coluna).

Ducasble  lecionava caligrafia na Escola Normal da Sociedade Propagadora de Instrução Pública (Diário de Pernambuco, 23 de novembro de 1888, última coluna).

Em anúncio, Ducasble atestava ter feito com sucesso uso do Elixir Cabeça de Negro sedativo contra o reumatismo, fórmula do dr. Santa Rosa (Jornal do Commercio, 12 de dezembro de 1888).

1889 – Abertura da exposição prévia dos produtos que deveriam ir para a Exposição Universal de Paris, dentre eles objetos artísticos de Ducasble, que recebeu o diploma de 1ª classe (Jornal do Povo, 14 de janeiro de 1889, terceira coluna, Diário de Pernambuco, 15 de janeiro de 1889, quarta coluna; e Diário de Pernambuco, 5 de fevereiro de 1889, segunda coluna).

Foi eleito conselheiro da diretoria da Imperial Sociedade de Artistas Mecânicos e Liberais (Jornal de Recife, 26 de janeiro de 1889, terceira coluna).

Foi de sua autoria a fotografia do projeto do monumento em homenagem à abolição da escravidão que seria erigido em Olinda (Jornal de Recife, 10 de fevereiro de 1889, primeira coluna).

Ducasble foi escolhido delegado da Comissão Pernambucana para a representação da província na Exposição Universal de Paris (Diário de Pernambuco, 3 de maio de 1889, penúltima coluna).

Ducasble produziu uma fotografia do pessoal da Companhia de Bombeiros (Jornal do Povo, 17 de maio de 1889, segunda coluna).

Na Exposição Universal de Paris, realizada entre 6 de maio e 31 de outubro de 1889, ganhou medalha de prata por seu panorama de Pernambuco e por retratos expostos e também por lenços bordados e rendas. Além disso, expôs 5 quadros, móveis, jóias e antiguidades (Diário de Pernambuco, 23 de outubro, quarta coluna, e Jornal de Recife, 24 de outubro de 1889, penúltima coluna). Segunda a Revista do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional de 1946, Ducasble talvez tenha sido o primeiro a enviar peças antigas brasileiras ou luso-brasileiras para serem mostradas fora do país. Nessa mesma exposição, o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923) participou com vistas do Rio de Janeiro, vistas marinhas e paisagens e, de acordo com Maria Inez Turazzi, recebeu a medalha de bronze. Segundo o Auxiliador da Indústria Nacional, ele teria recebido a medalha de prata (O Auxiliador da Indústria Nacional, 1889). O fotógrafo Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903) recebeu uma medalha de bronze. Outros fotógrafos que participaram foram Albert Richard Dietze (1838 – 1906), Rodolpho Lindemann (c. 1852 – 19?), Nicholson & Ferreira, Joaquim Insley Pacheco  (c. 1830 – 1912) e José Ferreira Guimarães (1841 – 1924). Foi também nessa exposição que a Torre Eiffel, na época a mais alta estrutura do mundo, foi inaugurada.

Ducasble estava presente no banquete realizado em 3 de outubro, no restaurante Voisin para a despedida de Visconde de Cavalcanti (1829 – 1899), presidente do Comissariado Geral do Brasil junto à Exposição Universal de Paris, que retornaria ao Rio de Janeiro (Jornal do Commercio, 24 de outubro de 1889, sexta coluna).

Foi um dos fotógrafos incluídos no livro Album de vues du Brésilbarão do Rio Branco (1845-1912) foi o responsável pelo livro, considerado a última peça para a promoção do Brasil imperial, representando um resumo iconográfico do país e de suas riquezas. Foi um dos livros que inaugurou a ilustração fotográfica do Brasil e é considerado por muitos uma espécie de balanço final do período imperial. Nas palavras do barão, o álbum pretendia “mostrar a fisionomia atual das principais cidades do Brasil e seus arredores. Sob esse aspecto, a presente coleção é a mais completa publicada até hoje”. Trazia também fotografias produzidas por Augusto Riedel (1836 -?)Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)Marc Ferrez (1843 – 1923) e Rodolpho Lindemann (c. 1852 – 19?), dentre outros. Foi lançado em Paris na ocasião da Exposição Universal de 1889, e fazia parte da segunda edição de Le Brésil, extrato da Grande Enciclopédia, trabalho dirigido pelo geógrafo Émile Levasseur  (1828-1911), para o qual o barão havia colaborado. O Album de vues du Brésil foi o primeiro do gênero publicado depois do Brasil Pitoresco (1861), primeiro livro de fotografia realizado na América Latina, com imagens de Jean Victor Frond (1821 – 1881) e texto do jornalista e político francês Charles Ribeyrolles (1812-1860), reeditado em 1941.

Sua proposta para a confecção do quadro de retratos da turma do 5º ano da Faculdade de Direito foi vencida pela a de Constantino Barza, sucessor do fotógrafo berlinense Alberto Henschel (1827 – 1882) (Jornal de Recife, 19 de julho de 1889, quinta coluna). Em anúncio, Ducasble convidada os quintanistas que quisessem fazer parte do grupo da Torre Eiffel para irem a sua galeria (Jornal de Recife, 20 de agosto de 1889, terceira coluna).

Na Galeria Ducasble, exposição de estudos cenográficos de um ex-aluno da Imperial Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro (Diário de Pernambuco, 16 de julho de 1889, última coluna).

Ducasble compareceu em Paris à missa celebrada pelo abade , na Igreja de Saint Augustin, em 25 de julho, a mando do Barão de Penedo, em desagravo ao atentado sofrido por d. Pedro II (Gazeta do Norte, 8 de setembro de 1889, terceira coluna).

Escreveu uma carta informando sobre o sucesso dos produtos pernambucanos exibidos na Exposição Universal de Paris (Diário de Pernambuco, 8 de setembro de 1889, quarta coluna).

Estava à venda na Galeria Ducasble fotografias da armação funerária da Igreja da Penha para as exéquias pela morte de dom Luiz I de Portugal (1838 – 1889) celebradas pela colônia portuguesa do Recife (Diário de Pernambuco, 20 de dezembro de 1889, segunda coluna).

Duscable foi viver em Paris e abriu a farmácia Ducasbline, onde vendia remédios que produziu a partir de seus estudos sobre a flora brasileira e conseguindo a custa a custa de pacientes investigações e meticulosas experiências o conhecimento perfeito das propriedades medicinais de muitas plantas, submeteu-as a processos científicos manipulando assim os medicamentos vendidos em seu estabelecimento parisiense. Segundo carta enviada por Ducasble à redação do jornal A Província – Órgão do Partido Liberal, em dezembro de 1900, seus medicamentos eram aconselhados pelo Instituto Médico de Paris e e estavam obtendo resultado maravilhosos em casos de anemia, bronquite e outras doenças (A Província – Órgão do Partido Liberal, 20 de dezembro de 1900, terceira coluna).

1890 – Foi publicada uma cobrança de impostos relativa ao imóvel que seu estabelecimento fotográfico ocupava na Rua Barão da Vitória, 65 (A Província – Órgão do Partido Liberal, 9 de abril de 1890, sexta coluna).

Na Galeria, Ducasble, exposição de pinturas de paisagens de Frederico Desidério de Barros, cenógrafo da Companhia Heller (Jornal de Recife, 6 de julho de 1890, última coluna). Cerca de 2 meses depois, exposição de pinturas de paisagens do hábil amador e acadêmico José de Castro Paes Barreto (Jornal de Recife, 16 de setembro de 1890, quarta coluna).

Madame Ducasble anunciou sua volta ao Brasil após uma temporada em Paris e a reabertura de seu ateliê de moda no Recife. Havia condescendência nos preços (Diário de Pernambuco, 21 de outubro de 1890, segunda coluna).

No ateliê da Photografia Ducasble, exposição de retratos a óleo dos barões de Itapessuna e de Caiará, realizados por Frederico Ramos a partir de pequenas fotografias (A Província – Órgão do Partido Liberal, 14 de novembro de 1890, segunda coluna).

Foi anunciada a existência de uma sucursal da Galeria Ducasble na avenida de La Grande Armée, em Paris, na França. Também anunciava a venda de antiguidades e de objetos que por afluência de artigos tinham deixado de ir para a Exposição Universal de Paris, no ano anterior (Jornal de Recife, 16 de novembro de 1890, terceira coluna).

1891 – Para exportação 30 litros de licor foram embarcados por Madame Ducasble no vapor francês Equateur, que iria para Paris (Diário de Pernambuco, 5 de maio de 1891, terceira coluna).

Publicação de uma denúncia de Ducasble, que estava em Paris, sobre problemas de pagamento com a Comissão de Pernambuco na Exposição Universal em Paris em 1889, do qual havia sido representante diante da Comissão Central de Paris (Jornal de Recife, 7 de maio de 1891, terceira coluna). Dois dias depois, a comissão publicou sua versão dos fatos (Jornal de Recife, 9 de maio de 1891, primeira coluna).

 

 

1892 – Ducasble presenteou o Diário de Pernambuco com uma fotografia do cadafalso ereto na matriz de Boa Vista por ocasião das exéquias em memória de dom Pedro de Alcântara (Diário de Pernambuco, 5 de fevereiro de 1892, primeira coluna).

Foi no ateliê de Ducasble, que o fotógrafo português naturalizado brasileiro Francisco du Bocage (1860 – 1919), recém chegado no Recife a bordo do vapor nacional Olinda, vindo do sul do Brasil (Diário de Pernambuco, 17 de fevereiro de 1892, na segunda coluna) expôs chapéus e capotas (Diário de Pernambuco, 24 de fevereiro de 1892, quarta coluna e Jornal do Recife, 24 de fevereiro de 1892, terceira coluna).

 

 

Publicação de uma propaganda da Galeria Ducasble onde foram destacados os prêmios conferidos a ela e o fato de ter sempre à escolha de seus numerosíssimo fregueses fotografias artísticas onde o belo resplandece ante os efeitos de luz bem combinada e verdadeiros modelos que a crítica mais exigente jamais poderá ferir (Jornal de Recife, 30 de agosto de 1892, quarta coluna).

A Photographia Ducasble registrou no Teatro de Santa Isabel, o pano de anúncios pintado por Libânio do Amaral (? – 1920) para o referido teatro (Jornal de Recife, 28 de outubro de 1892, segunda coluna).

1893 – Falecimento de Urraca, esposa de Ducasble, de meningite. Foi enterrada no Cemitério Público de Santo Amaro e a missa de sétimo dia foi celebrada na matriz da Graça, no Recife (Diário de Pernambuco, 20 de junho de 1893, primeira colunaJornal de Recife, 21 de junho de 1893, sexta coluna; e Diário de Pernambuco, 22 de junho de 1893, penúltima coluna).

A antiga Photographia Ducasble passou a ser dirigida por um fotógrafo de grande prática dispondo para a execução de seus trabalhos de um pessoal técnico competentemente habilitado (Diário de Pernambuco, 3 de outubro de 1893, quinta colunaJornal de Recife, 4 de outubro de 1893). O fotógrafo em questão era Ludgero Jardim da Costa (18? – 19?) (Jornal de Recife, 8 de agosto de 1894, sexta coluna).

 

 

 

 

1894 – Representada pelos parentes presentes e ausentes, foi celebrada uma missa pelo primeiro ano da morte de Urraca Ducasble (Diário de Pernambuco, 17 de junho de 1894, terceira coluna).

1895 – Casamento civil de Alfredo Ducasble Filho com Maria Hermelinda Magalhães (Jornal de Recife, 18 de setembro de 1895, última coluna).

1898 –  Alfredo Ducasble foi aprovado como benfeitor da Sociedade Propagadora Instrução Pública (Diário de Pernambuco, 25 de janeiro de 1898, segunda coluna).

1900 - Alfredo Ducasble Filho era representante da fábrica O Moinho de Ouro, produtora de chocolates, no Rio de Janeiro (A Província – Órgão do Partido Liberal, 20 de abril de 1900, terceira coluna). Posteriomente, passou a ser representante de um laboratório farmacêutico francês e viajante geral do Almanack Laemmert (A Província – Órgão do Partido Liberal, 5 de março de 1901, penúltima coluna; e A Província – Órgão do Partido Liberal, 25 de agosto de 1910, penúltima coluna).

Realização de um leilão na antiga Photographia Ducasble (A Província – Órgão do Partido Liberal, 12 de dezembro de 1900, primeira coluna).

 

Alfredo Ducasble Filho era o representante no Brasil do grupo Pollaion-Ducasble, de produtos farmacêuticos, sediado em Paris (A Província – Órgão do Partido Liberal, 14 de março de 1901, penúltima coluna).

1902 – A leitura do livro de Ducasble, Curso de caligrafia prática, foi indicado aos alunos pela Instrução Pública de Pernambuco (Diário de Pernambuco, 17 de maio de 1902, quinta coluna). Em 1904 e em 1906 foi adotado pelas escolas municipais do Recife.

Faleceu de nefrite a alagoana Maria Victoria Soares, filha de Ducasble e viúva de Emilio Soares. No anúncio de morte, foi mencionado que seu pai residia em Paris (A Província – Órgão do Partido Liberal, 2 de setembro de 1902, primeira coluna e Diário de Pernambuco, 12 de setembro de 1902, sexta coluna).

1904 - No Rio de Janeiro, com pouco menos de 5 anos, falecimento de Adalgisa Ducasble, filha de Ducasble Filho e neta de Alfredo Ducasble (Jornal do Commercio, 9 de abril de 1904, última coluna).

Alfredo Ducasble Filho e sua família viviam no bairro do Encantado, no Rio de Janeiro. Acolheram uma criança que havia sido maltratada por sua mãe adotiva, mas apesar dos cuidados, ela faleceu (Gazeta de Notícias, 18 de maio de 1905, primeira coluna).

1910 – Na primeira página do jornal A Província – Órgão do Partido Liberal, foi publicada uma fotografia de melhoramentos no Porto de Recife com crédito para Ducasble Filho (A Província – Órgão do Partido Liberal, 30 de agosto de 1910)

1917 – Na Sociedade da Cruz Vermelha, no Rio de Janeiro, Maria Magalhães Ducasble, filha de Ducasble Filho, recebeu o diploma de enfermeira (A Época, 4 de maio de 1917).

1923 – Foi doado ao Instituto Arqueológico de Pernambuco uma coleção de cédulas e moedas que o governo do estado havia comprado de Alfredo Ducasble (Diário de Pernambuco, 6 de abril de 1923, segunda coluna).

1928 – Desquite de Ducasble Filho e Maria (O Paiz, 17 de novembro de 1928, segunda coluna).

1931 – Foi ofertada ao Instituto Arqueológico de Pernambuco uma fotografia produzida por Ducasble, em 1888, de Joaquim Nabuco.  A foto havia pertencido a Antônio Machado Gomes da Silva e seu neto, Adolfo da Silva Neto, a doou para a instituição(Diário de Pernambuco, 17 de dezembro de 1931, primeira coluna).

1933 – Em um artigo sobre o pintor alagoano Rosalvo Ribeiro (1865 – 1915), Ducasble foi citado como seu admirador, que teria batizado uma das obras de Rosalvo de L´innocence (O Dia (PR), 8 de outubro de 1933, terceira coluna).

1946 – Em uma matéria sobre a vida do pintor pernambucano José Jerônimo Telles Júnior (1851 – 1914), a Galeria Ducasble foi citada como um dos lugares mais frequentados por ele  (Diário de Pernambuco, 26 de maio de 1946, gunda coluna).

1951 – Nas memórias de Telles Júnior, na ocasião do centenário de seu nascimento, Ducasble foi citado (Diário de Pernambuco, 2 de agosto de 1951, penúltima coluna)

1956 – Fotografias produzidas por Ducasble foram publicadas no livro, Álbum de Pernambuco e seus arrabaldes, organizado por Gilberto Ferrez (Jornal do Brasil, 4 de novembro de 1956).

1977 – Em Washington, capital dos Estados Unidos, fotografias de Ducasble, Insley Pacheco e Alberto Henschel encontradas na coleção Oliveira Lima foram expostas no Instituto Cultural Brasileiro Americano. Essas fotografias foram redescobertas por acaso pelo diretor da citada instituição, José Neinstein, quando ele foi pesquisar um livro raro sobre o Brasil na Biblioteca da Universidade Católica de Washington, em fins de abril de 1977 (Jornal do Brasil, 29 de junho de 1977, última coluna).

1978 – Publicação, no Diário de Pernambuco, de uma fotografia de Joaquim Nabuco, produzida por Ducasble, em 1887 (Diário de Pernambuco, 17 de setembro de 1978).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BECHARA FILHO, Gabriel. Primórdios da fotografia na Paraíba. Correio das Artes – suplemento literário do jornal A União, João Pessoa, 27 de novembro de 1983.

CORNELI, René; MUSSELY, Pierre. Anvers à l´Exposition Universelle. Bruxelles: Typographie et Lithographie Ad Mertens, 1886, pág. 346.

Enciclopédia Itaú Cultural

Guia Geográfico Salvador Antiga

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. Cotia(SP) : Ateliê Editorial, 1999.

Revista do IPHAN, nº 26 – 1997

Site do Arquivo Nacional

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

VASQUEZ, Pedro Karp. A fotografia no Império. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.