A fundação da Academia Brasileira de Letras

Somente seis prédios da Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada em 1922, ainda existem e o da atual sede da Academia Brasileira de Letras, que hoje completa 125 anos, é um deles. É uma réplica do Petit Trianon, residência de campo da rainha da França, Maria Antonieta (1775 – 1793), em Versalhes, e abrigou, durante o evento, o Palácio da França (Fon Fon8 de julho 23 de setembro de 1922). Foi edificado sob a chefia do arquiteto Emile Louis Viret (1882 – 1968). Seu adjunto era o também arquiteto Gabriel Marmorat (1882 – 1951). Para celebrar o aniversário da ABL que, segundo seu estatuto tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional, a Brasiliana Fotográfica destaca uma fotografia produzida por Thiele & Kollien, do acervo do Instituto Moreira Salles, uma das instituições fundadoras do portal (*).

 

 

 

A Exposição Internacional do Centenário da Independência, um dos maiores eventos internacionais já realizados no Brasil foi inaugurada no Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1922 e terminou em 24 de julho do ano seguinte (O Paiz, 25 de julho de 1923). Seu fim estava previsto para março de 1923, mas, como algumas construções não estavam concluídas na data de sua inauguração, foi prorrogada até julho. Durante sua realização foi produzido o Álbum Internacional do Centenário da Independência  com fotografias de autoria de Carlos Bippus, Thiele & Kollien e Lopes.

Além do edifício da ABL, cinco prédios da Exposição de 1922 ainda existem. No Rio de Janeiro, são o do Pavilhão da Administração e do Distrito Federal, atualmente uma das sedes do Museu da Imagem e do Som; o do Palácio das Indústrias, atual Museu Histórico Nacional;  o do Pavilhão de Estatística, órgão do Ministério da Saúde, e o do Pavilhão das Indústrias Particulares, o restaurante Albamar. Este último já existia antes da Exposição e abrigava o Mercado Municipal. O Pavilhão das Indústrias de Portugal, foi transferido para Lisboa e é o atual Pavilhão Carlos Lopes.

 

Segundo o site da Academia Brasileira de Letras:

“No fim do século XIX, Afonso Celso Júnior, ainda no Império, e Medeiros e Albuquerque, já na República, manifestaram-se a favor da criação de uma academia literária nacional, nos moldes da Academia Francesa. O êxito social e cultural da Revista Brasileira, de José Veríssimo, daria coesão a um grupo de escritores e, assim, possibilidade à idéia”.

O escritor e poeta Lucio de Mendonça (1854 – 1909) teve a iniciativa de propor uma Academia de Letras, sob a égide do Estado. As primeiras notícias relativas à sua fundação foram divulgadas em novembro de 1896, pela Gazeta de Notícias e pelo Jornal do Commercio (Gazeta de Notícias, 10 de novembro de 1896, quarta coluna; Jornal do Commercio, 11 de novembro de 1896, segunda coluna).

 

 

Até sua fundação, foram realizadas sete sessões preparatórias: a primeira em 15 de dezembro de 1896, e, a última, em 28 de janeiro de 1897, quando foi divulgado o estatuto da instituição. Ambas em uma sala da redação da Revista Brasileira, na Travessa do Ouvidor, nº 31 (Gazeta de Notícias, 16 de dezembro de 1896, quarta coluna; e Gazeta de Notícias, 29 de janeiro de 1897, terceira coluna).

 

 

 

 

A Academia Brasileira de Letras (ABL), inspirada na Academia Francesa, foi, finalmente, fundada em 20 de julho de 1897 e em sua sessão inaugural estavam presentes 16 acadêmicos em uma sala do Museu Pedagogium, na rua do Passeio, Centro do Rio de Janeiro. Seu primeiro presidente foi o escritor Machado de Assis (1839 – 1908). Joaquim Nabuco (1849 – 1910) foi seu primeiro secretário-geral; Rodrigo Otávio (1866 – 1944), 1º secretário; Silva Ramos (1853 – 1930), 2º secretário; e Inglês de Sousa (1853 – 1918), tesoureiro. Desde o início tem 40 membros, os imortais.

 

 

 

Nabuco pronunciou o discurso inaugural. A partir desta data, a Academia passou a realizar reuniões semanais no Pedagogium (Gazeta de Notícias, 22 de julho de 1897, sétima coluna).

 

 

Entre 1905 e 1923, a ABL ocupou o prédio do Silogeu, onde também funcionavam o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Academia de Medicina e o Instituto dos Advogados do Brasil e o Instituto Histórico. Este edifício foi construído durante as reformas do prefeito Pereira Passos (1836 – 1913) e foi demolido no início da década de 1970 para o alargamento da Rua Teixeira de Freitas.

 

 

 

Em 15 de dezembro de 1923, quando comemorava 27 anos de fundação, a ABL mudou-se para seu endereço atual e sua primeira sede própria, no Petit Trianon, doado pelo governo da França, localizado na avenida Presidente Wilson (Jornal do Brasil, 6 de julho de 1923, quinta coluna; 15 de dezembro de 1923, penúltima coluna).  No prédio são realizadas as reuniões regulares dos Acadêmicos e as Sessões Solenes comemorativas e de posse de seus novos membros.

 

 

Neste mesmo ano, havia sido inaugurado, meses antes, um monumento em homenagem a Santos Dumont (1873 – 1932), no Petit Trianon (Jornal do Brasil, 13 de março de 1923).

 

 

Em 20 de julho de 1979, foi inaugurado um edifício ao lado do Petit Trianon, batizado como Palácio Austregésilo de Athayde (1898 – 1993), Acadêmico que ocupou durante 35 anos, de 1958 até sua morte, em 1993, a presidência da instituição. O novo edifício tornou-se importante parte do patrimônio da ABL. A primeira mulher eleita Acadêmica foi a escritora cearense Rachel de Queiroz (1910 – 2003), em 4 de novembro de 1977. Em 1996, a escritora Nélida Piñon (1937 – 2022) foi eleita a primeira mulher presidente da instituição, que é atualmente presidida pelo jornalista Merval Pereira (1949-).

 

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(*) Esse parágrafo foi alterado em 26 de julho de 2022.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Blog Rio Curioso

Cem Anos de Cultura Brasileira. Rio de Janeiro : Academia Brasileira de Letras, 2002

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

O Globo, 20 de julho de 2022

PISA, Daniel. Academia Brasileira de Letras Histórias e Revelações. Editora Fine Books, 2013.

Site Academia Brasileira de Letras

Site Arquivo Arq

Site Histórias e Monumentos