Novos acervos: Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC

Com muito entusiasmo a Brasiliana Fotográfica em seu oitavo ano de existência – foi criada em 17 de abril de 2015 pela Fundação Biblioteca Nacional e pelo Instituto Moreira Salles – anuncia a entrada em seu acervo fotográfico de uma nova instituição parceira: a Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC. É mais um passo importante para a preservação da memória da história do Brasil e da fotografia. Com imagens de diversos arquivos pessoais, dentre eles os de Getulio Vargas e de Oswaldo Aranha, o artigo de estreia da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC foi escrito por sua Equipe de Documentação e é sobre a Revolução de 1930, marco inicial da Segunda República no Brasil. A FGV CPDOC completa hoje 50 anos. Feliz aniversário e parabéns por todas as valiosas realizações! Seja muito bem-vinda à Brasiliana Fotográfica!

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Além das já mencionadas instituições fundadoras e da nova parceira, integram também o portal o Acervo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, o Arquivo Nacional, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, a Fiocruz, a Fundação Joaquim Nabuco, o Leibniz-Institut fuer Laenderkunde, o Museu Aeroespacial, o Museu da República e o Museu Histórico Nacional.

 

CPDOC 50 ANOS integra-se à Brasiliana Fotográfica

Equipe de Documentação da Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC

 

No ano em que comemora 50 anos de criação, o CPDOC se integra à Brasiliana Fotográfica, participando de uma rede de instituições parceiras, relevantes para a preservação da memória histórica brasileira. Ao longo dos anos, o Centro sempre priorizou o tratamento, a preservação e a consulta a seu acervo – textual, visual, sonoro e audiovisual. Participar da Brasiliana potencializa a visualização e o acesso público a seus registros visuais. Para essa primeira postagem, foram eleitas as fotografias que retratam a Revolução de 1930. A escolha desse conjunto de imagens foi definida por corresponder ao recorte histórico do CPDOC – história contemporânea do Brasil.  A Revolução de 1930, comandada por Getulio Vargas, instala a nova república no país. As fotografias que compõem esse dossiê integram os arquivos pessoais de Getulio Vargas (GV), Antunes Maciel (AM), Cordeiro de Farias (CFa), Cristiano Machado (CM), Epitácio Cavalcanti Albuquerque (ECA), Geraldo Rocha (GR), Haroldo Pereira (HP), João Antonio Mesplé (JAM), João Batista Pereira (JBP), Luiz Simões Lopes (LSL), Mena Barreto (MBM), Oswaldo Aranha (OA), e Pedro Ernesto Batista (PEB). 

 

 

Acessando o link para as fotografias acerca da Revolução de 1930 pertencentes à Escola de Ciências Sociais FGV CPDOC disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

A Revolução de 1930

 

Movimento armado, iniciado em 3 de outubro de 1930, com o objetivo imediato de derrubar o governo Washington Luís e impedir a posse de Júlio Prestes, eleito presidente da República em 1º de março de 1930. O movimento tornou-se vitorioso em 24 de outubro e Getulio Vargas assumiu o cargo de presidente provisório no dia 3 de novembro. As mudanças políticas, sociais e econômicas que tiveram lugar na sociedade brasileira no pós-1930 fizeram com que esse movimento revolucionário fosse considerado o marco inicial da Segunda República no Brasil.

 

 

As origens do movimento revolucionário 

 

A oposição dos jovens oficiais do Exército — os “tenentes” — ao sistema político manifestou-se desde a década de 1920. Nas revoltas dos 18 do Forte (1922), de São Paulo e Rio Grande do Sul (1924), e na Coluna Prestes (1925-1927), os “tenentes” defendiam o equilíbrio entre os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário -, pleiteavam um nacionalismo econômico e a modernização da sociedade.

 

A Aliança Liberal

 

Rompendo com a política do Café com leite, segunda a qual Minas Gerais e São Paulo se revezavam no governo da República, a partir de 1928, o presidente Washington Luís passou a apoiar ostensivamente a candidatura de outro paulista – Júlio Prestes – à sua sucessão. Os presidentes dos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul opunham-se à candidatura de Júlio Prestes e lançaram os nomes de Getulio Vargas, presidente do Rio Grande do Sul, e João Pessoa, presidente da Paraíba, respectivamente à presidência e à vice-presidência da República.

 

 

No início de agosto de 1929, formou-se a Aliança Liberal. Em 12 de setembro, uma convenção dos partidos dominantes de 17 estados, liderados por São Paulo, homologou as candidaturas de Júlio Prestes e Vital Soares à presidência e vice-presidência da República. Pouco depois, em 20 de setembro, a Aliança Liberal aprovou a chapa Vargas-João Pessoa.

 

 

 

Ainda em 1929, a corrente mais radical da Aliança Liberal passou a admitir a hipótese de um movimento armado em caso de derrota nas urnas. Buscou a colaboração dos “tenentes” pelo passado revolucionário, a experiência militar e o prestígio no interior do Exército. Entretanto, os “tenentes” não tinham uma posição homogênea. Juarez Távora, João Alberto Lins de Barros e Antônio de Siqueira Campos aderiram à ideia de colaborar com a Aliança Liberal, enquanto Luís Carlos Prestes mostrava reservas quanto ao movimento.

 

 

Com a campanha eleitoral em andamento, Getulio Vargas, pouco seguro da vitória, estabeleceu um acordo com o presidente Washington Luís estabelecendo, entre outros entendimentos, que, caso derrotado nas eleições, acataria o resultado e passaria a apoiar o governo constituído. Em contrapartida, Washington Luís e Júlio Prestes se comprometiam a não apoiar elementos divergentes da situação no Rio Grande do Sul. Vargas munia-se assim de um instrumento que lhe permitiria uma saída, qualquer que fosse o resultado eleitoral. Em 2 de janeiro de 1930, ao lado de João Pessoa, Vargas lançou sua plataforma de governo, para uma grande multidão concentrada na Esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro.

 

 

 

 

O resultado das eleições em 1º de março de 1930 deu a vitória a Júlio Prestes e Vital Soares, eleitos com 57,7% dos votos, e foi contestado por suspeita de fraude.

 

O movimento eclode

 

Em 19 de março de 1930, o gaúcho Borges de Medeiros, em entrevista publicada no jornal A Noite, reconheceu enfaticamente a vitória de Júlio Prestes. A entrevista provocou forte reação e as articulações para um movimento revolucionário foram retomadas.

 

 

O movimento deveria contar com o apoio de três estados – Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba – e eclodir simultaneamente em todo o Brasil. Em fins de maio, o Congresso aprovou os resultados das eleições, declarando Júlio Prestes presidente eleito. Três momentos impulsionaram o ânimo revolucionário – ainda em maio, a morte em acidente aéreo do ‘tenente’ Siqueira Campos; em junho, o manifesto de Vargas pelos jornais condenando as fraudes eleitorais e as violências pelo governo federal e pelos governos estaduais contra os aliancistas, e o assassinato de João Pessoa em Recife por João Dantas, apoiador do governo federal. Os preparativos militares se aceleraram e a pressão sobre os chefes do movimento.

 

 

 

 

A posição de Vargas, de aparente alheamento ao movimento e muitas vezes contrária à sua deflagração, pode ser interpretada como uma tentativa de não despertar a desconfiança do governo federal. Foi isso exatamente o que ocorreu. O Rio Grande teve condições de preparar o movimento com a quase ignorância do governo federal. Em 25 de setembro, Vargas e Oswaldo Aranha decidiram desencadear a revolução no dia 3 de outubro. Segundo o plano adotado, o movimento deveria irromper simultaneamente no Rio Grande do Sul, Minas e estados do Nordeste. A ação deveria ter início, por escolha de Osvaldo Aranha, às 17h30, no fim do expediente nos quartéis, o que facilitaria a ação militar e a prisão dos oficiais em suas casas.

 

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Bilhete marcando dia e hora da eclosão do movimento revolucionário, assinado por Lindolfo Collor e Oswaldo Aranha. Porto Alegre (RS), 25 de setembro de 1930 / Acervo FGV CPDOC

 

Efetivamente, a revolução eclodiu nesse horário no Rio Grande do Sul com ataque a posições militares de Porto Alegre e avançando pelos demais estados do Sul.

 

 

Em Belo Horizonte, a revolução eclodiu, no mesmo dia e na mesma hora, e boa parte de sua população aderiu aos batalhões de voluntários que logo se formaram em diversas cidades mineiras. O Norte e o Nordeste do país tiveram a Paraíba como sede do movimento revolucionário, mas o movimento eclodiu na madrugada do dia 4 e se alastrou, pelos outros estados, madrugada adentro.

 

 

 

A 11 de outubro, acompanhados de todo o estado-maior civil e militar da revolução, Getulio Vargas e Góis Monteiro seguiram de trem com destino ao norte do Paraná, prevendo choques violentos com as tropas legalistas. O comboio revolucionário estacionou em Ponta Grossa. Vargas e sua comitiva permaneceram em um dos vagões da composição ferroviária.

 

 

Góis montou seu quartel-general numa das dependências do grupo escolar da cidade, planejou o ataque a ser desfechado sobre São Paulo e foi informado sobre as ações exigindo a renúncia do presidente Washington Luís. Ante a negativa deste, no dia 24 de outubro, os militares determinaram o cerco ao Palácio Guanabara e sua prisão.

 

 

Movimento vitorioso

 

Deposto Washington Luis, assume o governo uma Junta Governativa Provisória composta pelos generais Tasso Fragoso e João de Deus Mena Barreto, e pelo almirante Isaías de Noronha. Com a situação na capital sob controle, a Junta enviou telegramas a Vargas propondo a suspensão total das hostilidades em todo o país. Em 28 de outubro, em proclamação ao país, a Junta Governativa comunicou a decisão de transmitir o poder a Vargas.

 

 

Em 31 de outubro, precedido por três mil soldados gaúchos, Vargas desembarcou no Rio de Janeiro (Distrito Federal), sendo recebido por uma manifestação apoteótica de apoio.

 

 

Finalmente, em 3 de novembro de 1930, Vargas tomou posse como chefe do Governo Provisório e governou o país por 15 anos até ser deposto em 1945.

 

 

 

 

(1) Nota da Editora: Esta mesma foto foi publicada no Correio da Manhã, em 1º de novembro de 1930.

 

 

Acesse aqui o vídeo da Sessão Solene em homenagem aos 50 anos do CPDOC, realizada em 21 de junho de 202, no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

O Dia do Cinema Brasileiro

Para celebrar o Dia do Cinema Brasileiro, a Brasiliana Fotográfica destaca artigos já publicados no portal sobre Benjamin Abrahão Calil Botto (1901 – 1938)Jorge Kfuri (1893 – 1965)João Stamato (1886 – 1951), Nicola Parente (1847 – 1911)Marc Ferrez (1843 – 1923) e seus filhos; e Walter Garbe (18? – 19?), fotógrafos que fizeram parte da história do cinema no Brasil. Além disso, há ainda uma seleção de fotografias de salas de cinema disponíveis no acervo fotográfico do portal e um pequeno histórico da escolha do dia 19 de junho como Dia do Cinema Brasileiro.

 

Acessando o link para as fotografias de salas de cinema disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Artigos sobre os fotógrafos que fizeram parte da história do cinema no Brasil:

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (RJ, 07/12/1843 – RJ, 12/01/1923), 7 de dezembro de 2016,  de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

Os índios sob as lentes de Walter Garbe, em 1909, publicado em 23 de maio de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

Lampião e outros cangaceiros sob as lentes de Benjamin Abrahão, publicado em 28 de julho de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

João Stamato, um fotógrafo nos sertões, publicado em 9 de fevereiro de 2021, de autoria de Ricardo Augusto dos Santos

O fotógrafo italiano Nicola Maria Parente (1847 – 1911) e sua trajetória no Brasil, publicado em 21 de fevereiro dde 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

 

Uma brevíssima história do início do cinema e da escolha do Dia do Cinema Brasileiro

 

 

Os irmãos Lumière, Louis (1864 – 1948) e Auguste (1862 – 1954), mostraram, em 28 de dezembro de 1895,  pela primeira vez ao público sua invenção, o cinematógrafo, síntese de pesquisas realizadas por muitos cientistas durante o século XIX sobre imagens em movimento. A apresentação foi realizada no salão do Grand Café, no Boulevard des Capucines, em Paris, para um público de 33 pessoas. O sucesso foi tão grande que, em pouco tempo, os Lumière passaram a apresentar 20 sessões diárias de meia hora cada uma, com os filmes O Regador Regado e A Saída dos Operários da Fábrica Lumière. Começava assim o cinema.

 

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Alguns meses depois desta projeção inaugural, realizou-se a primeira sessão pública de cinema no Brasil, na Rua do Ouvidor, 57, em 8 de julho de 1896, às 14h, no Rio de Janeiro, em uma sala especialmente preparada para as projeções do omniógrafo. O invento foi descrito pelo Jornal do Commércio como um “aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo da sala diversos espetáculos e cenas animadas, por meio de uma série enorme de fotografias”.

 

 

Em 31 de julho de 1897,  o pernambucano José Roberto Cunha Sales (1840- 1903) e Paschoal Segreto (1868 – 1920) inauguraram a primeira sala cinematográfica do Brasil, o Pariz no Rio Salão de Novidades, na Rua do Ouvidor, 141, que passou a ser um ponto de encontro da sociedade carioca (Gazeta de Notícias, 1º de agosto de 1897). Sales e Segreto romperam a sociedade ainda em 1897. 

 

 

O estabelecimento pegou fogo em 8 de julho de 1898, mas foi reinaugurado em janeiro do ano seguinte (Gazeta de Notícias10 de agosto de 1898, sexta colunaA Notícia, 5 e 6 de janeiro de 1899, primeira coluna) .

 

 

O Dia do Cinema Brasileiro é comemorado em 19 de junho, quando, em 1898, chegou ao Rio de Janeiro, vindo da Europa, o navio Paquebot Brésil. A bordo, encontrava-se o cinegrafista brasileiro de origem italiana Affonso Segreto (1875 – 19?), que retornava de uma viagem para comprar equipamentos de filmagens e conhecer novas técnicas cinematográficas em Nova York e em Paris, onde fez um curso na Pathé Films.

Antes de desembarcar no Rio de Janeiro, Affonso filmou com uma câmara Lumière a entrada da enseada da Baía de Guanabara, as fortalezas e os navios ancorados (Gazeta de Notícias, 20 de junho de 1898, segunda coluna). Teria sido a primeira fita de cinema realizada no Brasil*. O acontecimento deu origem ao Dia do Cinema Brasileiro. Affonso Segreto filmou, posteriormente, aspectos do Rio de Janeiro, além de seus arredores, e também cerimônias e comícios.

 

 

Segundo relato de Domingos Segreto, fiho de Gaetano Segreto, em depoimento publicado no livro Palácios e poeiras, de Alice Gonzaga, ainda inexperiente, Affonso, na sessão marcada para a exibição das vistas, no já mencionado Salão Pariz no Rio, no dia 20 de junho de 1898, na Rua do Ouvidor, abriu erradamente a câmara e o filme foi danificado. Ele então exibiu vistas estrangeiras para o público. Foram convidados para o evento diversas autoridades, dentre elas o presidente da República, Prudente de Morais (1841 – 1902), e o jurista Rui Barbosa (1849 – 1923).

 

“A data de 19 de junho é simbólica da dificuldade que se tem de fazer cinema no Brasil, porque marca um filme que não existiu. Mas também retrata a perseverança”.

Hernani Heffner, Gerente da Cinemateca do MAM-RJ

 

Affonso era irmão de Paschoal (1868 – 1920) e Gaetano Segreto (1866 – 1908), empresários italianos que haviam vindo para o Brasil, em 1883. Trouxeram Affonso para o Brasil na década de 1890. Paschoal tornou-se o ministro das diversões do Rio e Gaetano foi o distribuidor exclusivo do jornal A Notícia e fundou o jornal da comunidade italiana Il Bersagliere. Os irmãos Segreto foram pioneiros da indústria do entretenimento no Brasil, figuras destacadas na cena cultural da Belle Époque do Rio de Janeiro.

 

*Existe uma polêmica em torno do assunto: alguns estudiosos consideram o primeiro filme brasileiro Chegada em Petrópolis devido a uma notícia divulgada pela Gazeta de Petrópolis convidando para uma sessão do filme no dia 1º de maio de 1897, no Theatro Cassino de Petrópolis, organizada pelo napolitano Vittorio di Maio (1852 – 1926). Posteriormente, di Maio vendeu seu projetor e acervo para Paschoal Segreto. Também é de 1897 a vista Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara, do pernambucano José Roberto Cunha Sales (1840- 1903), porém sua nacionalidade brasileira é contestada por historiadores que acreditam que o cinegrafista recortou o filme de uma vista estrangeira. Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara está acervado no Arquivo Nacional.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agência Brasil

GONZAGA, Alice. Palácios e Poeiras. Rio de Janeiro : Record, 1996.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARTINS, William de Souza Nunes. Paschoal Segreto: “Ministro das Diversões” do Rio de Janeiro (1883 – 1920). Rio de Janeiro, 2004. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

Site do Ministério das Relações Exteriores – Departamento Cultural

MOURA, Roberto. Verbete Afonso Segreto. In: MIRANDA, Luiz Felipe e RAMOS, Fernão Pessoa (org). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Senac, 2000.

O GLOBO, 18 de junho de 2023

Salas de cinema de São Paulo

Site Filmow

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 2021

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro, publicado em 27 de março de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 5 de setembro de 2023

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 15 de fevereiro de 2024

No Dia dos Namorados, o álbum “Vistas de Petrópolis” e o fotógrafo alemão Pedro Hees (1841-1880)

No Dia dos Namorados, a Brasiliana Fotográfica traz para seus leitores imagens da bela e romântica Petrópolis, a cidade imperial. Nos últimos anos da década de 1860, o alemão Phillip Peter Hees, que ficou conhecido como Pedro Hees (1841 – 1880), produziu o álbum Vistas de Petrópolis, que pertence à Coleção Thereza Christina, da Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras do portal. O álbum possui 15 fotografias em papel albuminado que mostram aspectos da cidade, sua ocupação e registros de suas construções e natureza. São fotos do Palácio Imperial, da Igreja da Matriz, do cemitério, da Cascata do Itamaraty, da Cascatinha do Retiro e de diversas ruas, dentre elas a rua do Imperador, que foi o tema do segundo artigo da série Avenidas e ruas do Brasil, publicada pelo portal.

 

 

Acessando o link para as fotografias do álbum Vistas de Petrópolis, de autoria de Pedro Hees disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

É de sua autoria um retrato do imperador Pedro II (1825 – 1891), destacado abaixo, que não faz parte do álbum.

 

 

Mas as belezas de Petrópolis também foram retratadas por outros importantes fotógrafos do sécculo XIX.

Entre 1864 e 1865 foi residir na cidade o francês Revert Henrique Klumb ( c.1826 – c.1886), na rua dos Artistas. Ele havia sido agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Imperial, em 1861. Fotografou ruas como a do Imperador, a Tereza e a Joinville; o interior e o exterior do Palácio Imperial, os hotéis Beresford, Brangança e Inglês, o Retiro da Cascatinha, o rio Quitandinha, palacetes e casas, a princesa Isabel (1846 – 1921) e o conde D´Eu (1842 – 1922), além de vistas gerais.  Também fotografou a paisagem urbana de Petrópolis, acrescentando efeitos noturnos, uma importante inovação. Essa série é considerada extremamente significativa do ponto de vista estético, formal e dos limites da linguagem na época. Foi o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, publicado em 1872, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Pedro Hees era considerado seu maior concorrente.

 

 

Ainda em Petrópolis, foram contemporâneos de Klumb e de Hees, na década de 1860, João Meyer Filho e João Nogueira de Sousa (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1865, segunda coluna).

O fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892) também retratou Petrópolis. Em 1865, foi aberto o ateliê de fotografia da Casa Leuzinger, no Rio de Janeiro, especializado em “vistas da cidade, Tijuca, Petrópolis, Teresópolis e rio Amazonas”, como se lê no verso de uma de suas cartes de visite.

Em 1865 montou então Georges Leuzinger um completo ateliê fotográfico, com todos os aparelhos necessários para viagens para o interior do Brasil, tendo para esse fim contratado um habilíssimo artista fotógrafo para dirigi-lo, que em companhia de vários auxiliares fizeram excursões por essa capital, Petrópolis, Teresópolis, etc., tirando fotografias de tudo o que de mais interessante se encontra na pujante natureza daquelas belíssimas regiões“.

Ernesto Senna em O Velho Comércio do Rio de Janeiro

 

 

Outro importante fotógrafo que realizou registros de Petrópolis foi Augusto Stahl (1828 – 1877), também agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Imperial, em 21 de abril de 1862. Entre 1863 e 1870, seu estabelecimento fotográfico ficava no Rio de Janeiro.

 

 

Lembramos que, em torno de 1885, o brasileiro e filho de franceses Marc Ferrez (1843 – 1923) realizou o Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro, com 30 imagens de Petrópolis seus canais, casarões, escolas, estação de trem, fábricas, jardins, paisagens, palacetes e ruas, além de imagens do Palácio de Cristal, do Palácio do Grão-Pará, da avenida Koeller e da construção de uma ferrovia.

 

 

 Breve perfil de Pedro Hees (1841 – 1880)

 

Nascido na região de Hunsruek, na Alemanha, em 1841, Pedro Hees chegou em Petrópolis com 4 anos de idade, em 1845, com sua mãe, Anne Catharine Michel, e com seu pai, o colono alemão Christian Sebastian Hees, marceneiro e entalhador, que trabalhou na construção do Palácio Imperial da cidade, iniciada em 1845 e concluída em 1862. Eles integraram a primeira leva de colonos alemães que chegaram a Petrópolis.

 

 

Pedro casou-se com a alemã Maria Glasow Hees (1843 – 1928), em 22 de janeiro de 1861, e tiveram 11 filhos: Ana Catarina Hees (1861-1944), Edmundo Frederico Nicolau Hees (1862-1944), Fernando Jacob Hees (1865-1866), Fernando Mauricio Hees (1867-1893), João Batista Hees (1868-1876), Otto Hees (1870-1941), Elisa Matilde Hees (1872-1932), Maria Olga Hees (1872-1958), Joana Teresa Hees (1874-1900), Numa Augusto Hees (1877-1961) e Isabel Emma Hees (1878-1943). No site Sou Petrópolis há uma foto de Maria, realizada em 12 de setembro de 1915, com 27 netos (A Noite, 23 de junho de 1922, quarta colunaSou Petrópolis e Geneanet).

 

 

Antes de se interessar por fotografia, o que aconteceu em meados da década de 1860, Pedro trabalhou no comércio como sapateiro, na rua do Bourbon e na rua dom Affonso. Ambas foram fotografadas por ele e fazem parte do álbum Vistas de Petrópolis (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1962, primeira coluna; Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1964, segunda coluna; Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1965, segunda coluna). Na mesma rua dom Afonso, passou a ter uma ferraria, em 1866 (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1866, segunda coluna).

 

 

 

 

Em 1868,  já possuía um estúdio fotográfico, a Photographia Popular, na Praça Dom Afonso, atual Praça da Liberdade, que tornou-se bastante conhecido e era frequentado pela nobreza, por políticos, diplomatas e também por comerciantes e artesãos imigrantes. Petrópolis era, na época, muito frequentada pela família imperial (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

 

 

Em 1870, Pedro Hees era o secretário da Sociedade Alemã de Beneficência Bruderbund (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

Em março de 1876, faleceu seu filho João Baptista Numa Hees, aos 7 anos, de pleuro-pneumonia (O Mercantil, 29 de março de 1876, terceira coluna). Em 16 de agosto do mesmo ano, tornou-se Fotógrafo da Casa Imperial. Segundo Boris Kossoy, recebeu do conde e da condessa d´Eu “a graça de usar o título de Photographo de sua Imperial Caza e de collocar na porta do seu estabelecimemnto as respectivas armas”. O documento foi assinado por Benedicto Torres, mordomo do conde d’Eu e da princesa Isabel.

Faleceu jovem, aos 39 anos, de entero-mezenterite (O Mercantil, 14 de agosto de 1880, última coluna). Seu estabelecimento fotográfico foi arrendado ao fotógrafo Antonio Henrique da Silva Heitor (18?-?), que, posteriormente, recebeu o título de Fotógrafo da Casa Imperial em 2 de março de 1885, outorgado por dom Pedro II. Sob o nome de Hees & Irmãos, o estúdio foi assumido pelos filhos de Pedro Hees – Numa Augusto  e Otto -, em torno de 1890. Existiu até 1915. Otto foi o autor de uma importante fotografia que tudo indica ter sido o último registro da família imperial antes da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Também fotografou a assinatura do Tratado de Petrópolis, na residência do Barão do Rio Branco, em 1903; e os netos de Pedro II.

 

 

 Acesse aqui a Cronologia de Pedro Hees (1841 – 1880).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

CARMONA, João Sêco. Iconografia do Brasil Imperial. Génese do Museu Imperial de Petrópolis e os registos fotográficos. Anais do 5º Seminário Internacional Museografia e Arquitetura de Museus Fotografia e Memória, 2016.

Enciclopédia Itaú Cultural

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840- 1900. Prefácio Pedro Karp Vasquez. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.

FERREZ, Gilberto. Um passeio a Petrópolis em companhia do fotógrafo Marc Ferrez. Separata do Anuário do Museu Imperial – 1948.

Google Arts & Culture

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

LAGO, Bia Corrêa do. Os fotógrafos do Império: a fotografia brasileira no Século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.

Site Geneanet

Site Library of Congress

Site Museu Imperial de Petrópolis

Tribuna de Petrópolis, 1º de julho de 2016

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

Wikipedia

 

Outras publicações da Brasiliana Fotográfica no Dia dos Namorados:

Fotografia e namoro, de autoria de Elvia Bezerra, publicado, em 12 de junho de 2018 .

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de junho de 2020.

 

Cronologia de Pedro Hees (1841 – 1880)

 

Cronologia de Pedro Hees (1841 – 1880)

 

1841 – Nascimento de Phillip Peter Hees, que ficou conhecido como Pedro Hees, na região de Hunsruek, na Alemanha, filho de Anne Catharine Michel e Christian Sebastian Hees, marceneiro e entalhador.

1845 – Chega a Petrópolis com sua família. Seu pai trabalhou na construção do Palácio Imperial, iniciada justamente em 1845 e concluída em 1862 . Foi o palácio de verão de d. Pedro II (1825 – 1891), hoje Museu Imperial, e a residência predileta do imperador. Foi construído por determinação do monarca e às expensas de sua dotação pessoal. Para dar início à construção, d. Pedro II havia assinado, dois anos antes, um decreto em 16 de março de 1843, criando Petrópolis. Uma grande leva de imigrantes europeus, principalmente alemães, sob o comando do engenheiro e superintendente da Fazenda Imperial, major Julius Friedrich Koeler (1804 – 1847), foi incumbida de levantar a cidade, construir o palácio e colonizar a região. A família Hees integrava a primeira leva de colonos alemães que chegaram à cidade.

 

 

Década de 1860 – Pedro trabalhou no comércio como sapateiro, na rua do Bourbon e na rua dom Affonso. Ambas foram fotografadas por ele e fazem parte do álbum Vistas de Petrópolis (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1962, primeira colunaAlmanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1964, segunda colunaAlmanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1965, segunda coluna). Na mesma rua dom Afonso, passou a ter uma ferraria, em 1866 (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1866, segunda coluna).

1861 –  Pedro casou-se com a alemã Maria Glasow Hees (1843 – 1928), em 22 de janeiro de 1861, e tiveram 11 filhos: Ana Catarina Hees (1861-1944), Edmundo Frederico Nicolau Hees (1862-1944), Fernando Jacob Hees (1865-1866), Fernando Mauricio Hees (1867-1893), João Batista Hees (1868-1876), Otto Hees (1870-1941), Elisa Matilde Hees (1872-1932), Maria Olga Hees (1872-1958), Joana Teresa Hees (1874-1900), Numa Augusto Hees (1877-1961) e Isabel Emma Hees (1878-1943). No site Sou Petrópolis há uma foto de Maria, realizada em 12 de setembro de 1915, com 27 netos (A Noite, 23 de junho de 1922, quarta colunaSou Petrópolis e Geneanet).

 

 

Meados da década – Passou a se interessar por fotografia.

1868 - Possuía um estúdio fotográfico, a Photographia Popular, na Praça Dom Afonso, atual Praça da Liberdade, que tornou-se bastante conhecido e era frequentado pela nobreza, por políticos, diplomatas e também por comerciantes e artesãos imigrantes. Petrópolis era, na época, muito frequentada pela família imperial (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

 

 

Últimos anos da década – Produziu o álbum Vistas de Petrópolis, que pertence à Coleção Thereza Christina, da Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras da Brasiliana Fotográfica. O álbum possui 15 fotografias em papel albuminado que mostram aspectos da cidade, sua ocupação e registros de suas construções e natureza.

1870 – Pedro Hees era o secretário da Sociedade Alemã de Beneficência Bruderbund (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

1876 - Em março, falecimento de seu filho João Baptista Numa Hees, aos 7 anos, de pleuro-pneumonia (O Mercantil, 29 de março de 1876, terceira coluna).

Em 16 de agosto, tornou-se Fotógrafo da Casa Imperial. Segundo Boris Kossoy, recebeu do conde e da condessa d´Eu “a graça de usar o título de Photographo de sua Imperial Caza e de collocar na porta do seu estabelecimemnto as respectivas armas”. O documento foi assinado por Benedicto Torres, mordomo do conde d’Eu e da princesa Isabel.

1880 – Faleceu jovem, aos 39 anos, de entero-mezenterite (O Mercantil, 14 de agosto de 1880, última coluna). Seu estabelecimento fotográfico foi arrendado ao fotógrafo Antonio Henrique da Silva Heitor (18?-?), que, posteriormente, recebeu o título de Fotógrafo da Casa Imperial em 2 de março de 1885, outorgado por dom Pedro II.

c. 1890 – Sob o nome de Hees & Irmãos, o estúdio foi assumido pelos filhos de Pedro Hees – Numa Augusto  e Otto. Existiu até 1915. Otto foi o autor de uma importante fotografia que tudo indica ter sido o último registro da família imperial antes da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Também fotografou a assinatura do Tratado de Petrópolis, na residência do Barão do Rio Branco, em 1903; e os netos de Pedro II.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez

A exuberante natureza do Brasil não passou despercebida por diversos fotógrafos do século XIX e foi retratada por muitos deles. Hoje, data do cinquentenário do estabelecimento do Dia Mundial do Meio Ambiente, a Brasiliana Fotográfica destaca uma poderosa e linda imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, realizada por Marc Ferrez (1843 – 1923), em torno de 1875, ano em ele começou a trabalhar como fotógrafo da Comissão Geológica do Império, chefiada pelo norte-americano Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), que se tornaria diretor da Seção de Geologia do Museu Nacional, em 1876.

Ferrez percorreu como membro da Comissão Geológica os atuais estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e parte da região amazônica numa importante missão científica realizada no Brasil sob os auspícios do governo imperial, que gerou a primeira grande representação fotográfica de diversas regiões do território brasileiro. A fotografia em destaque, realizada no Rio São Francisco, na Bahia, pertence ao acervo Leibniz-Institut fuer Laenderkunde, uma das instituições parceiras do portal. A grandiosidade da cachoeira tem especial destaque a partir da presença de pessoas, cujas dimensões contrastam com sua extensão e potência.

 

 

O carioca Marc Ferrez, filho de franceses, foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais.

 

Brevíssimo histórico do estabelecimento do Dia Mundial do Meio Ambiente

 

Em dezembro de 1972 a Assembleia Geral da ONU designou o dia 5 de junho como Dia Mundial do Meio Ambiente, que foi  comemorado pela primeira vez em 1973, com o mote “Uma Só Terra”. A data foi escolhida em razão da primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, na Suécia, entre 5 e 16 de junho de 1972. Seu secretário-geral foi o canadense Maurice Strong (1929 – 2015). Considerada a iniciativa mais importante tomada até então no campo da conservação do meio ambiente e da luta contra a poluição, reuniu 1.200 delegados de 114 países e cerca de três mil observadores. Entre os acordos mais importantes selados durante a reunião estão a condenação das experiências nucleares, a proibição da pesca da baleia por dez anos e a redução da produção de materiais sintéticos aumentando paralelamente a manufatura de substitutivos degradáveis não poluentes.

“Desde a primeira vez em que foi celebrado, em 1973, o Dia Mundial do Meio Ambiente se desenvolveu como uma plataforma global de sensibilização e ação para questões urgentes.

Liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nas últimas cinco décadas milhões de pessoas participaram dos Dias Mundiais do Meio Ambiente, ajudando a impulsionar mudanças e a motivar a política ambiental nacional e internacional. Cada comemoração se concentra em um tema específico, que abrange questões como poluição marinha, aquecimento global, consumo sustentável e crimes contra a vida selvagem”.

 Site World Environment Day

 

 

Artigos publicados na Brasiliana Fotográfica no Dia Mundial do Meio Ambiente

 

A Floresta da Tijuca no Dia Mundial do Meio Ambiente, publicado em 5 de junho de 2019

Bambus, por Marc Ferrez, publicado em 5 de junho de 2020

No Dia Mundial do Meio Ambiente, velas abertas na Baía da Guanabara, publicado em 5 de junho de 2022

 

Leia também o artigo Os Augustos, Stahl e Riedel, e a imagem da cachoeira de Paulo Afonso, de minha autoria, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de dezembro de 2019.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 7 de dezembro de 2023

 

 

 

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas

Marc Ferrez (1843 – 1923) fotografou a sede do novo Observatório Nacional, no Morro de São Januário, em São Cristóvão. A ata de lançamento da pedra fundamental do edifício foi assinada em 28 de setembro de 1913 e as estereoscopias que Ferrez produziu das novas instalações mostram os prédios prontos. Ele esteve fora do Brasil entre abril de 1915 e fevereiro de 1920. Voltou à França em maio de 1921 e retornou ao Rio de Janeiro em 14 de agosto de 1922, onde faleceu em 12 de janeiro de 1923. Ou seja, ele pode ter retratado o Observatório entre fevereiro de 1920 e maio de 1921, período mais provável; ou no segundo semestre de 1922.

 

 

Como já mencionado em outros artigos da Brasiliana Fotográfica, a estereoscopia chegou ao Brasil, ainda no século XIX, e foi uma técnica utilizada por fotógrafos renomados como  Revert Henrique Klumb (c.1826 – c. 1886) e Georges Leuzinger (1813 – 1892), ambos europeus e radicados no país. Do século XX, temos em nosso acervo fotógrafico imagens realizadas pelos estereoscopistas amadores Guilherme Antônio dos Santos (187 1- 1966) e Archanjo Sobrinho (18? – 1941). Todos já foram temas de artigos publicados no portal.

 

O Observatório Nacional 

 

O Imperial Observatório do Rio de Janeiro foi criado por D. Pedro I em 15 de outubro de 1827, sendo uma das mais antigas instituições científicas brasileiras (Diário Fluminense, 11 de outubro de 1827, primeira coluna; e 22 de outubro de 1827, segunda colunaDiário da Câmara dos Senadores do Império do Brasil, 27 de setembro de 1927, segunda coluna). Entre suas finalidades estava a orientação e estudos geográficos do território brasileiro e de ensino da navegação.

 

 

Com a Proclamação da República, em 1889, o Imperial Observatório Astronômico passou a denominar-se Observatório Astronômico e, finalmente, ganhou o nome de Observatório Nacional, a partir do Decreto nº 7672, de 18 de novembro de 1909.

Acessando o link para as fotografias do Observatório Nacional realizadas por Marc Ferrez disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Inicialmente, funcionou numa das torres da Escola Militar e seu diretor, entre 1842 e 1844, foi Pedro de Alcântara Bellegarde (1842-1844). A partir de 1846, suas instalações foram transferidas para o prédio de uma antiga igreja jesuita do Morro do Castelo,  apesar da contrariedade de seu então diretor, o belga Eugênio Antônio Fernando Soulier de Sauve (? – 1850), que achava que “o observatório não teria a máxima imobilidade que lhe é necessária e porque, no Castelo, o observatório seria provisório, pois, segundo era corrente, havia projeto em arrasá-lo e, portanto, teria que ser abandonado, o que seria motivo de grandes despesas, razão esta, muito forte, para que não mais se pensasse no referido morro” . (SAUVE, S. de, apud MORIZE, 1987, p. 48).

 

 

 

A inauguração do novo Observatório ocorreu durante a gestão do francês naturalizado brasileiro Henri Charles Morize ou Henrique Morize (1860 – 1930), engenheiro e astrônomo, que esteve à frente da instituição de 27 de junho de 1908 a 1927, quando se afastou da direção por motivos de saúde, tendo nomeado Alix de Lemos (1877–1957) diretor interino. Seu sucessor foi o paraense Sebastião Sodré da Gama (1883 – 1951) (O Paiz, 21 de abril de 1929, quinta colunaO Malho, 29 de março de 1930).

 

Morize era discípulo do astrônomo belga Louis Ferdinand Cruls (1848 – 1908), a quem sucedeu na direção da instituição. Ambos eram muito amigos de Marc Ferrez, que se relacionou com diversos cientistas e pesquisadores no Brasil do século XIX e do início do século XX, dentre eles o geólogo norte-americano Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), que chefiou a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878), da qual fez parte; o médico Camillo Fonseca (18? – 1923), em cujo consultório foram realizadas experiências radiográficas nas gêmeas siamesas Rosalina e Maria Pinheiro, nascidas em 1893, no Espírito Santo; além dos já citados diretores do Observatório Nacional no Rio de Janeiro.

 

 

Uma das diretrizes da gestão de Morize era dotar o Observatório Nacional de instalações adequadas às suas atividades (Correio da Manhã, 20 de março de 1930). Em 28 de setembro de 1913, foi, como anteriormente mencionado, assinada a ata de lançamento da pedra fundamental do novo Observatório Nacional. Finalmente, em 1922, foi transferido do Morro do Castelo, atual Esplanada do Castelo, para o Morro de São Januário, onde permanece funcionando (Illustração Brasileira, 20 de janeiro de 1922).

 

 

 

Na foto, o físico e os astrônomos do Observatório Nacional Foto: Divulgação/Mast

Visita de Albert Einstein, sentado ao centro, ao Observatório Nacional, 9 de maio de 1925 ( O Paiz, 10 de maio de 1925, última coluna). Morize está à direita de Einstein e Alix de Lemos à esquerda / Acervo Museu da Astronomia e Ciências Afins

 

As relações entre o fotógrafo Marc Ferrez e os cientistas Henrique Morize, Louis Ferdinand Cruls e outros

 

 

Desde a década de 1890, Morize e Ferrez se conheciam. Em 1891, a Casa Lombaerts & C incorporou-se à Casa Marc Ferrez, sob a firma Lombaerts, Marc Ferrez & C (Diário da Manhã, 9 de março de 1891, na terceira coluna). A firma publicou postais e, por encomenda da Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária da Capital, publicou o álbum Quadros de história Pátria, com 21 fototipias, e o ensaio de Henrique Morize, intitulado Esboço de uma climatologia do Brasil. No mesmo ano, a sociedade de Lombaerts e Ferrez foi dissolvida (Diário de Notícias, 15 de dezembro de 1891, quarta coluna). Em torno de 1897, Ferrez realizava experiências cinematográficas com Morize e com Tasso Fragoso (1869 – 1945), na época aluno da Escola Militar e, posteriormente, general.

Em 1899, no gabinete dos doutores Camilo Fonseca e de Morize, foram realizadas experiências radiográficas nas gêmeas siamesas Rosalina e Maria Pinheiro, nascidas em 1893, no Espírito Santo, que chegaram ao Rio de Janeiro em junho (A Imprensa, 23 de junho de 1899, na terceira coluna). Elas foram fotografadas por Marc Ferrez em várias posições (O Cachoeirano, 2 de julho de 1899, na última coluna). A cirurgia para separá-las, realizada em 30 de maio de 1900, na Casa de Saúde São Sebastião, no Rio de Janeiro, pelo médico Eduardo Chapot Prevost (1864 – 1907), foi a primeira do gênero que foi bem sucedida em todo o mundo. Maria morreu cinco dias após a cirurgia devido a uma grave infecção e Rosalina viveu até pelo menos 75 anos, tendo casado e tido filhos (A Imprensa, 11 de agosto de 1900, na primeira coluna).

Em 1902, o então capitão Tasso Fragoso realizou sua segunda conferência sobre artilharia de campanha de tiro rápido. Foram apresentadas fotografias de projéteis e canhões, expostas em uma lanterna de projeção manejada por Morize e Ferrez  (Jornal do Brasil, 26 de abril de 1902, nona coluna). Em 1912, Marc Ferrez era um dos integrantes da comitiva do presidente do Brasil, Marechal Hermes da Fonseca (1855 – 1923), que havia ido para Passa Quatro observar o eclipse solar ocorrido em 10 de outubro daquele ano. Também participaram do evento Morize, chefe da comissão brasileira; o diretor do Jardim Botânico, Graciano dos Santos Neves (1868 – 1922), e astrônomos ingleses, dentre outros (Gazeta de Notícias, 11 de outubro de 1912, na quinta coluna sob o título “Marechal Hermes e o eclipse“).

Em 1919, Marc Ferrez morava na França e supõe-se que ele teria, por seu interesse no assunto e por sua proximidade com Henrique Morize, acompanhado à distância os trabalhos dos registros fotográficos do eclipse total do Sol, ocorrido em 29 de maio de 1919, realizados por astrônomos brasileiros do Observatório Nacional e também por cientistas de outros países, em Sobral, no Ceará. A equipe brasileira, liderada por Morize, era formada pelos astrônomos Domingos Fernandes da Costa (1882 – 1956), Allyrio Hugueney de Mattos (1889 – 1975) e Lélio Itapuambyra Gama (1892 – 1981), além do químico Theophilo Henry Lee (1873 – ?), do meteorologista Luís Rodrigues, do mecânico Arthur de Castro Almeida e do carpinteiro Primo Flores. Partiram do Rio de Janeiro no dia 25 de abril de 1919, a bordo do vapor João Alfredo (Jornal do Commercio, 23 de abril de 1919, última coluna). Em março de 1922, em Paris, Marc Ferrez recebeu a visita de Morize, em viagem para Europa em missão oficial do Observatório Nacional. Morize esteve presente à missa de sétimo dia de Ferrez, em janeiro de 1923 (O Paiz, 20 de janeiro de 1923, na última coluna).

Como já mencionado, Morize sucedeu no Observatório Nacional o astrônomo Louis Ferdinand Cruls, que já conhecia Ferrez desde a década de 1880. Cruls dirigiu o Observatório entre 1891 e 1908. O retrato abaixo foi exposto, em 1884, na Notre Dame de Paris, e referido como um “trabalho artístico obtido pelo novo sistema de gelatino-bromureto, especialidade do sr. Marc Ferrez, clichê do sr. Insley Pacheco”(Jornal do Commercio, 4 de julho de 1884, na última coluna).

 

 

Fotografias de Ferrez ilustraram a matéria escrita por Arthur Barreiros sobre Cruls, publicada na segunda edição da revista Galeria Contemporânea do Brasil (O Cearense, 29 de agosto de 1884, na terceira coluna). Em uma reunião da Sociedade Central de Immigração, da qual faziam parte, entre outros, Cruls, o pintor italiano Nicolau Facchinetti (1824 – 1900) e o político Alfredo d´Escragnolle Taunay (1843 – 1899), foram apresentadas por esse último, presidente da associação, fotografias da ferrovia do Paraná, de autoria de Ferrez (A Immigração, agosto de 1886). Em 1888, no Arsenal de Marinha, com as presenças de Suas Altezas, da baronesa de Loreto Maria Amanda Paranaguá Dória (1849 – 1931), do barão de Corumbá João Mendes Salgado (1832 – 1894), do marquês de Paranaguá João Lustosa da Cunha Paranaguá (1821 – 1912), e de Cruls (1848 – 1908), dentre outros, o meteorito de Bedengó foi coberto com ácido nítrico. Na matéria, foi mencionado que Ferrez fotografaria o meteorito (Gazeta de Notícias, 17 de agosto de 1888, na segunda coluna sob o título “Corte do Bendegó”).

 

Um curiosidade: O daguerreótipo chegou ao Brasil no mesmo navio em que Soulier de Sauve (? – 1850), que dirigiu  Observatório Nacional entre 1845 e 1850, e sua esposa, Louise, vieram para o país, a corveta Oriental , que aportou no Rio de Janeiro, em 23 de dezembro de 1839. A embarcação foi identificada como um colégio boiante, um navio-escola que promovia uma expedição didática- científica (Jornal do Commercio, 25 de dezembro de 1839, terceira coluna e Jornal do Commercio, 28 de dezembro de 1839, terceira coluna). No navio havia marinheiros capazes e professores hábeis, reunidos pelo capitão para iniciar os alunos a bordo nas primeiras noções da marinha e do comércio. Dentre eles estava Francisco Sauvage, inventor do phisionotypo, um novo modo de suprir a escultura, Soulier de Sauve e e o abade francês Louis Comte (1798 – 1868) (Correio Mercantil (BA), 13 de dezembro de 1839, terceira coluna). A expedição naval trazia a bordo um daguerreótipo, aparelho capaz de  produzir as primeiras fotografias, cuja invenção devida a Louis Daguerre e Nicéphore Niépce, tinha sido anunciada ao mundo por François Arago na sessão da Academia de Ciências da França de 19 de agosto de 1839. O abade Comte, que havia aprendido com o próprio Daguerre a daguerreotipia, era o encarregado pela assistência intelectual e espiritual e pelo ensino de religião, música e canto durante a viagem. Produziu alguns daguerreótipos, em 16 de janeiro de 1840, no Rio de Janeiro e, alguns dias depois, apresentou o invento a dom Pedro II.

 

 

A partir daí a fotografia tornou-se uma das paixões do futuro imperador. Em março do mesmo ano, d. Pedro II adquiriu um daguerreótipo, provavelmente o primeiro da América do Sul (Jornal do Commercio,  20 de janeiro de 1840, terceira coluna).

 

Andrea C.T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BARRETO, Luiz Muniz. Observatório Nacional: 160 anos de história. Academia brasileira de ciências, Secretaria de ciência e tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1987.

CAMPOS, J.A. Eclipse Solar de 31 de dezembro de 1842: Confronto entre Maximiano da Silva Leite e Soulier de Sauve. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2016.

Eu sei tudo, janeiro de 1928

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

LUZ, Sabina Ferreira. Do Castelo ao Januário: o Observatório Nacional muda de morro. XXVIII Simpósio Nacional de História. Florianópolis, Santa Catarina. 21 a 31 de julho de 2015.

MORIZE, Henrique. Observatório Astronômico, um século de história (1827-1927). Rio de Janeiro : Museu de Astronomia e Ciências afins : Salamandra, 1987.

Portal da Academia Nacional de Engenharia

Portal da Câmara dos Deputados

TURAZZI, Maria Inez. A viagem do Oriental-Hydrographe (1839 – 1840) e a introdução da daguerreotipia no Brasil. Acervo; Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v.23, nº 1, p.45-62, jan-jun 2010.

Site Ministério da Tecnologia

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de janeiro de 2023

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 7 de dezembro de 2023

O fotógrafo amador Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

Pesquisando para escrever sobre a Praia do Russel, tema do 23º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado em 15 de maio de 2023, aqui na Brasiliana Fotográfica, me deparei com três imagens produzidas, no Rio de Janeiro, durante a década de 1890, por Archanjo Sobrinho. São estereoscopias da já mencionada Praia do Russel, da Enseada da Lapa a partir de adro na Igreja de Nossa Senhora da Glória; e da aléia de palmeiras da Rua Paissandu, no bairro do Flamengo. Muito pouco se sabe até hoje sobre este fotógrafo amador, qualificação que consta em suas imagens.

 

 

A estereoscopia chegou ao Brasil, ainda no século XIX, e foi uma técnica utilizada por fotógrafos renomados como  Revert Henrique Klumb (c.1826 – c. 1886) e Georges Leuzinger (1813 – 1892), ambos europeus e radicados no país. No século XX, destacou-se o estereoscopista amador carioca Guilherme Antônio dos Santos (1871-1966).

 

Acessando o link para as fotografias de Archanjo Sobrinho disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

A partir de uma busca na Hemereoteca Digital da Biblioteca Nacional, uma das mais importantes fontes de pesquisa do portal, “descobri” alguns fatos sobre a vida de Archanjo, que partilho com vocês na esperança de que algum ou alguns leitores possam contribuir para adensar o perfil deste fotógrafo tão pouco conhecido até o momento. Infelizmente, ao longo da pesquisa na Hemeroteca, da década de 1880 até a de 1940, já que ele faleceu em 1941, só há duas referências a sua atividade de fotógrafo amador. Mas surgiram diversas informações acerca de sua vida.

 

Cronologia de Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

 

 

18? - Archanjo Correia de Mello Sobrinho nasceu em 24 de junho, no século XIX, em ano ainda desconhecido (Gazeta de Notícias, 24 de junho de 1898, última colunaO Paiz, 24 de junho de 1900, sexta coluna; O Cruzeiro, 22 de junho de 1929).

1890 - Ofereceu uma bolsa de malha de prata com 10 libras esterlinas para o artista Peixoto (? – 1910) que havia se apresentado na peça Mimi Bilonira, encenada no Theatro Variedades. Esteve na missa pela morte do ator, em 1910  (Gazeta de Notícias, 15 de setembro de 1890, penúltima colunaA Imprensa, 4 de março de 1910, penúltima coluna).

 

 

 

1894 a 1901 – Estava na lista de guarda-livros – contador – do Almanak Laemmert e morava na Rua da Misericóridia, nº 80 (Almanak Laemmert1894189518961897189818991900 e 1901). Em 1900, foi noticiado que era proprietário da Papelaria União.

 

1901 – O jornal A Imprensa publicou uma trova na coluna”Ineditoriais”, de Felizardo Ventura, na qual ele era um dos personagens (A Imprensa, 5 de janeiro de 1901).

 

 

1902 / 1903 – Era sócio da firma Fernando Freire e Cia (Correio da Manhã, 24 de junho de 1902, penúltima coluna). A notícia abaixo, de 1903, confirma tratar-se do Anchanjo Sobrinho fotógrafo amador e não um possível homônimo. Também se refere jocosamente a suas dificuldades no início de suas atividades de fotógrafo e informa que ele já havia sido barbeiro e dentista. Parece que gostava de beber e era um ótimo amigo, muito relacionado no Rio de Janeiro. De acordo com o texto, na época, já possuia uma papelaria.

 

archanjo

archanjo1

 

Nasceu, em 1903, Ari, seu filho com Jovina Muniz Barreto Correia de Mello (Jornal do Brasil, 3 de março de 1903, quinta coluna). Em 1906, já tinha também uma filha (Jornal do Brasil, 9 de fevereiro de 1906, penúltima coluna). Suas filhas chamavam-se Semiramis, futura professora municipal; Oswaldina (1892 -?) e Inah (A Tribuna, 21 de setembro de 1911, segunda colunaO Paiz19 de abril de 1917, última coluna13 de maio de 1917, quinta coluna; A Razão, 16 de agosto de 1919, sexta coluna).

1904 – Fez parte da primeira diretoria do Retiro Dramático Fluminense, uma agremiação de atores amadores. A festa inaugural aconteceu no Teatro Lucinda com a encenação da peça O Médico das Crianças, protagonizada por Eugênio de Magalhães. Archanjo estava presente (Jornal do Commercio, 1º de setembro de 1904, sexta coluna; Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1904, terceira coluna; Jornal do Brasil, 20 de setembro de 1904, segunda coluna).

1910 – Ficou ferido em um descarrilamento do bonde onde estava. Morava na rua Visconde de Sapucai (Correio da Manhã, 8 de maio de 1910, penúltima coluna). Foi um dos jurados do julgameno de Nathalino Paes de Barros, que havia assasinado sua mulher. Georgina Reid Paes de Barros (O Paiz, 3 de agosto de 1910, última coluna).

 

 

 

1911 - Esteve presente à encenação da comédia O Diretor, no Teatro Fluminense, no Campo de São Cristóvão (Gazeta de Notícias, 24 de maio de 1911, quarta coluna).

1912 - Constituiu a firma Archanjo e Sobrinho & Cia para explorar a Papelaria Moderna (O Paiz, 13 de janeiro de 1912, quinta coluna).

 

 

Em dezembro, a Papelaria Moderna, que ficava na Rua Marechal Floriano, nº 21, vizinha do Cinema Brasileiro, que sofreu um incêndio, teve alguns prejuízos devido ao acidente (A Imprensa, 9 de dezembro dde 1912, penúltima coluna).

1913 – No ano seguinte, no Almanak Laemmert, a empresa Archanjo Sobrinho & Cia foi noticiada pela primeira vez, listada na seção de “Litografias e Estamparias”, na de “Papelarias”- a dele seria a Papelaria Moderna; e na de “Tipografias”. Ficava na Marechal Floriano, nº 21. Seus sócios eram Manoel Joaquim P. da Fonseca e José Ferreira da Silva. Seguiu, em 1914, na lista de “Litografias e Estamparias” e de “Tipografias”. Residia na Rua Conde de Leopoldina, 85, e a Papelaria Moderna seguiu na Marechal Floriano, 21, até 1918. Em 1922, 1924, 1925 e 1926 foi listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Lobosco, na rua Jorge Rudge, nº 38. Em 1922, a Papelaria Moderna existia ainda na rua Marechal Floriano, mas no número 168. Em 1927, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Cia, na Rua da Misericórdia, 59. Neste mesmo endereço, em 1929, estava listada uma papelaria e uma tipografia em seu nome. Também em 1929, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas, na Rua São Pedro, 21. No ano seguinte e em 1934, estava na mesma Rua São Pedro, mas no número 281 e 269, respectivamente (Almanak Laemmert191319131913191319131914191419141915, 1916191819221922192419241925192619271929192919291930 e 1934).

 

 

1914 – Era também gerente do jornal A Época e sua Papelaria Moderna contribuiu com brindes, cartões de visita com impecável impressão, no concurso promovido pelo jornal. Deixou o cargo em 1915 (A Época24 de junho de 191428 de julho de 1914, terceira coluna18 de agosto de 1915, quarta coluna).

1917 e 1919 - Houve greves dos gráficos e os funcionários da oficina de Archanjo aderiram ao movimento. Na mesma época da greve de 1919, a gráfica de Archanjo foi roubada (O Paiz, 4 de setembro de 1917, última colunaGazeta de Notícias, 3 de setembro de 1919, terceira colunaCorreio da Manhã, 9 de setembro de 1919, quarta coluna). Participou das comemorações do jubileu da vida intelectual do então senador Rui Barbosa (1849 – 1923) (O Paiz, 10 de agosto fe 1918, última coluna).

1919 – Doou uma fotografia da Rua 1º de março, produzida em 1893, para ajudar os flagelados da seca nordestina. Será de sua autoria? É da mesma década de 1890 das fotografias que estão exibidas neste artigo e que pertence ao acervo do Instituto Moreira Salles, uma das instuições fundadoras da Brasiliana Fotográfica.

 

 

1920 – Retirou-se da sociedade da firma Archanjo Sobrinho & Cia.

 

 

1922 a 1926 – Contribuiu para a Obra de Assistência aos Portugueses Desamparados (A Noite, 25 de junho de 1922, terceira coluna). Em 1925, residia na rua Barata Ribeiro, nº 417; e depois na Rua Teófilo Otoni, 118 (A Noite, 16 de abril de 1925, terceira colunaO Paiz, 4 de setembro de 1925, última coluna). No primeiro dia de 1926 foi publicada uma propaganda da Artes Gráficas – Archanjo Sobrinho & Gumarães, na Rua da Misericórdia, nº 59.

 

 

1929 – Retirou-se da sociedade Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas (A Manhã, 25 de julho de 1929, quarta coluna).

1941 – Faleceu, em agosto, no Hospital a Ordem Terceira da Penitência e foi enterrado no cemitério da referida ordem (A Noite, 2 de agosto de 1941).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Cronologia de Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

 

Cronologia de Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

A partir de uma busca na Hemereoteca Digital da Biblioteca Nacional, uma das mais importantes fontes de pesquisa do portal, “descobri” alguns fatos sobre a vida de Archanjo, que partilho com vocês na esperança de que algum ou alguns leitores possam contribuir para adensar o perfil deste fotógrafo tão pouco conhecido até o momento. Infelizmente, ao longo da pesquisa na Hemeroteca, da década de 1880 até a de 1940, já que ele faleceu em 1941, só há duas referências a sua atividade de fotógrafo amador. Mas surgiram diversas informações acerca de sua vida.

 

 

18? - Archanjo Correia de Mello Sobrinho nasceu em 24 de junho, no século XIX, em ano ainda desconhecido (Gazeta de Notícias, 24 de junho de 1898, última colunaO Paiz, 24 de junho de 1900, sexta coluna; O Cruzeiro, 22 de junho de 1929).

1890 - Ofereceu uma bolsa de malha de prata com 10 libras esterlinas para o artista Peixoto (? – 1910) que havia se apresentado na peça Mimi Bilonira, encenada no Theatro Variedades. Esteve na missa pela morte do ator, em 1910  (Gazeta de Notícias, 15 de setembro de 1890, penúltima colunaA Imprensa, 4 de março de 1910, penúltima coluna).

 

 

 

1894 a 1901 – Estava na lista de guarda-livros – contador – do Almanak Laemmert e morava na Rua da Misericóridia, nº 80 (Almanak Laemmert1894189518961897189818991900 e 1901). Em 1900, foi noticiado que era proprietário da Papelaria União.

 

 

1901 – O jornal A Imprensa publicou uma trova na coluna”Ineditoriais”, de Felizardo Ventura, na qual ele era um dos personagens (A Imprensa, 5 de janeiro de 1901).

 

 

1902 / 1903 – Era sócio da firma Fernando Freire e Cia (Correio da Manhã, 24 de junho de 1902, penúltima coluna). A notícia abaixo, de 1903, confirma tratar-se do Anchanjo Sobrinho fotógrafo amador e não um possível homônimo. Também se refere jocosamente a suas dificuldades no início de suas atividades de fotógrafo e informa que ele já havia sido barbeiro e dentista. Parece que gostava de beber e era um ótimo amigo, muito relacionado no Rio de Janeiro. De acordo com o texto, na época, já possuia uma papelaria.

 

archanjo

archanjo1

 

 

Nasceu, em 1903, Ari, seu filho com Jovina Muniz Barreto Correia de Mello (Jornal do Brasil, 3 de março de 1903, quinta coluna). Em 1906, já tinha também uma filha (Jornal do Brasil, 9 de fevereiro de 1906, penúltima coluna). Suas filhas chamavam-se Semiramis, futura professora municipal; Oswaldina (1892 -?) e Inah (A Tribuna, 21 de setembro de 1911, segunda colunaO Paiz19 de abril de 1917, última coluna13 de maio de 1917, quinta coluna; A Razão, 16 de agosto de 1919, sexta coluna).

1904 – Fez parte da primeira diretoria do Retiro Dramático Fluminense, uma agremiação de atores amadores. A festa inaugural aconteceu no Teatro Lucinda com a encenação da peça O Médico das Crianças, protagonizada por Eugênio de Magalhães. Archanjo estava presente (Jornal do Commercio, 1º de setembro de 1904, sexta coluna; Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1904, terceira coluna; Jornal do Brasil, 20 de setembro de 1904, segunda coluna).

1910 – Ficou ferido em um descarrilamento do bonde onde estava. Morava na rua Visconde de Sapucai (Correio da Manhã, 8 de maio de 1910, penúltima coluna). Foi um dos jurados do julgameno de Nathalino Paes de Barros, que havia assasinado sua mulher. Georgina Reid Paes de Barros (O Paiz, 3 de agosto de 1910, última coluna).

 

 

 

1911 - Esteve presente à encenação da comédia O Diretor, no Teatro Fluminense, no Campo de São Cristóvão (Gazeta de Notícias, 24 de maio de 1911, quarta coluna).

1912 - Constituiu a firma Archanjo e Sobrinho & Cia para explorar a Papelaria Moderna (O Paiz, 13 de janeiro de 1912, quinta coluna).

 

 

Em dezembro, a Papelaria Moderna, que ficava na Rua Marechal Floriano, nº 21, vizinha do Cinema Brasileiro, que sofreu um incêndio, teve alguns prejuízos devido ao acidente (A Imprensa, 9 de dezembro dde 1912, penúltima coluna).

1913 – No ano seguinte, no Almanak Laemmert, a empresa Archanjo Sobrinho & Cia foi noticiada pela primeira vez, listada na seção de “Litografias e Estamparias”, na de “Papelarias”- a dele seria a Papelaria Moderna; e na de “Tipografias”. Ficava na Marechal Floriano, nº 21. Seus sócios eram Manoel Joaquim P. da Fonseca e José Ferreira da Silva. Seguiu, em 1914, na lista de “Litografias e Estamparias” e de “Tipografias”. Residia na Rua Conde de Leopoldina, 85, e a Papelaria Moderna seguiu na Marechal Floriano, 21, até 1918. Em 1922, 1924, 1925 e 1926 foi listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Lobosco, na rua Jorge Rudge, nº 38. Em 1922, a Papelaria Moderna existia ainda na rua Marechal Floriano, mas no número 168. Em 1927, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Cia, na Rua da Misericórdia, 59. Neste mesmo endereço, em 1929, estava listada uma papelaria e uma tipografia em seu nome. Também em 1929, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas, na Rua São Pedro, 21. No ano seguinte e em 1934, estava na mesma Rua São Pedro, mas no número 281 e 269, respectivamente (Almanak Laemmert191319131913191319131914191419141915, 1916191819221922192419241925192619271929192919291930 e 1934).

 

 

1914 – Era também gerente do jornal A Época e sua Papelaria Moderna contribuiu com brindes, cartões de visita com impecável impressão, no concurso promovido pelo jornal. Deixou o cargo em 1915 (A Época24 de junho de 191428 de julho de 1914, terceira coluna18 de agosto de 1915, quarta coluna).

1917 e 1919 - Houve greves dos gráficos e os funcionários da oficina de Archanjo aderiram ao movimento. Na mesma época da greve de 1919, a gráfica de Archanjo foi roubada (O Paiz, 4 de setembro de 1917, última colunaGazeta de Notícias, 3 de setembro de 1919, terceira colunaCorreio da Manhã, 9 de setembro de 1919, quarta coluna). Participou das comemorações do jubileu da vida intelectual do então senador Rui Barbosa (1849 – 1923) (O Paiz, 10 de agosto fe 1918, última coluna).

1919 – Doou uma fotografia da Rua 1º de março, produzida em 1893, para ajudar os flagelados da seca nordestina. Será de sua autoria? É da mesma década de 1890 das fotografias que estão exibidas neste artigo e que pertence ao acervo do Instituto Moreira Salles, uma das instuições fundadoras da Brasiliana Fotográfica.

 

 

1920 – Retirou-se da sociedade da firma Archanjo Sobrinho & Cia.

 

 

1922 a 1926 – Contribuiu para a Obra de Assistência aos Portugueses Desamparados (A Noite, 25 de junho de 1922, terceira coluna). Em 1925, residia na rua Barata Ribeiro, nº 417; e depois na Rua Teófilo Otoni, 118 (A Noite, 16 de abril de 1925, terceira colunaO Paiz, 4 de setembro de 1925, última coluna). No primeiro dia de 1926 foi publicada uma propaganda da Artes Gráficas – Archanjo Sobrinho & Gumarães, na Rua da Misericórdia, nº 59.

 

 

1929 – Retirou-se da sociedade Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas (A Manhã, 25 de julho de 1929, quarta coluna).

1941 – Faleceu, em agosto, no Hospital a Ordem Terceira da Penitência e foi enterrado no cemitério da referida ordem (A Noite, 2 de agosto de 1941).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XXIII e Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVII – A Praia e a Rua do Russel, na Glória

A Brasiliana Fotográfica publica o 23º artigo da Série O Rio de Janeiro desaparecido e o 17º da série Avenidas e ruas do Brasil, com o tema Praia e Rua do Russel, na Glória. Grande parte da Praia do Russel foi aterrada, em meados da década de 1900, para a construção da Avenida Beira-Mar, inaugurada, em 1906, cuja abertura foi, assim como a execução da Avenida Central, uma das grandes obras realizadas durante a gestão do prefeito Francisco Pereira Passos (1836 – 1913) (Gazeta de Notícias, 13 de novembro de 1906). A Praia do Russel desapareceu completamente com a criação do Aterro do Flamengo, na década de 1960. A Rua do Russel será durante os próximos quatro anos o local da sede carioca do Instituto Moreira Salles, uma das instituições fundadoras do portal.

 

 

A publicação traz imagens produzidas pelos fotógrafos amadores Archanjo Sobrinho (18? – 19?) e Guilherme Santos (1871 – 1966), por Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), um dos mais importantes fotógrafos paisagistas dos oitocentos, no Brasil; pelo alagoano Augusto Malta (1864 – 1957), fotógrafo da Prefeitura do Rio de Janeiro entre 1903 e 1937; por Jorge Kfuri (1893 – 1965), autor das primeiras fotografias aéreas do Rio de Janeiro, por Georges Leuzinger (1813 – 1892), um dos mais importantes difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país; por Antônio Caetano da Costa Ribeiro (18? – 19?) e por Marc Ferrez (1843 – 1923), cuja vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo.

 

“Russel, a praia é do Russel em nome, porque propriamente falando ela é de El-Rei, do seu povo e dos poetas que ali vão inspirar-se. é uma praia parnaso”.

Diário do Rio de Janeiro, de 12 de setembro de 1871

 

 

O prefeito Pereira Passos promoveu uma significativa reforma urbana no Rio de Janeiro, realizando diversas demolições, conhecidas popularmente como a política do “bota-abaixo”, que contribuiu fortemente para o surgimento do Rio de Janeiro da Belle Époque. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca.

 

 

Acessando o link para as fotografias da Praia do Russel selecionadas e disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

 

Voltando à Praia do Russel. Até os primeiros anos da década de 1860, chamava-se Praia de Pedro I, mas com o início das operações da primeira empresa responsável pelo tratamento do esgoto da cidade, a Rio de Janeiro City Improvements Limited, mudou de nome (Correio Mercantil, 30 de janeiro de 1863, terceira colunaDiário do Rio de Janeiro, 13 de setembro de 1869, terceira coluna).

 

“O leitor conhece a formosa praia que circunda a pitoresca colina da Glória; chamam-na praia do Russel. Aí se vai banhar crescido número de pessoas”. 

Diário do Rio de Janeiro, 6 de abril de 1871

 

A lei n. 719, de 28 de setembro de 1853, aprovada pelo decreto n. 1.929, de 29 de abril de 1857, autorizou o contrato estabelecido entre o governo imperial e os empresários Joaquim Pereira Viana de Lima Júnior e João Frederico Russell (18? – 1888), cujo sobrenome acabou dando nome à praia e a um pequeno bairro entre a Glória e o Flamengo. Ele era engenheiro, filho de ingleses, e morava numa casa, na Praia do Russel, demolida em 1920 para a construção do Hotel Glória, inaugurado em 15 de agosto de 1922. Russel foi o presidente da Companhia Melhoramentos da Cidade de Santos (Correio Mercantil, 30 de janeiro de 1863, terceira coluna).

 

 

 

 

Segundo o contrato, os empresários teriam a exclusividade, durante noventa anos, sobre o serviço de limpeza das casas e do esgoto das águas pluviais da cidade do Rio de Janeiro. A obras começaram em 1862, ano em que o Decreto n. 3.004, de 21 de novembro estabeleceu as condições para a execução de itens presentes no mencionado contrato de 1857, que admitiu a constituição de uma empresa fora do país para realizar as obras de implantação do sistema de esgotamento sanitário. Coube ao membro do Instituto de Engenheiros Civis de Londres, Eduardo Gotto, a elaboração do projeto do sistema contratado, bem como a constituição de uma empresa de capital inglês, a The Rio de Janeiro City Improvements Company Limited, conhecida depois como City, para a qual o contrato de Russel e Lima Junior foi transferido, em maio de 1863 (Correio da Manhã, 15 de novembro de 1940).

 

 

A Rua do Russel teve aprovada essa denominação em 1868. Ficava no prolongamento da Praia do Flamengo e terminava junto às obras do esgoto (Correio Mercantil, 29 de janeiro de 1868, sexta coluna).

 

 

 

 

Uma das primeiras casas construídas no local foi a do hotel-balneário Grand Chalet, do comendador Domingos Moitinho, importante industrial brasileiro (c. 1825 – 1895), que morava num casarão ao lado que foi, posteriorente, transformado no Hotel Russel.

 

 

Também moraram no Russel o poeta Francisco Otaviano (1825 – 1899) e Hugo A. Gruber, autor do livro Método de Ahn, ensino prático de aprender com facilidade a língua francesa (O Sexo Feminino, 6 de junho de 1874).

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agenda Bafafá

Arquivo Nacional

GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2013.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Portal da Cedae

Revista de Engenharia, 14 de março de 1888

 

Links para os outros artigos da Série O Rio de Janeiro desaparecido

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de fevereiro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido II – A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos, de autoria de Carla Costa, historiadora do Museu da República, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 5 de abril de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido III – O Palácio Monroe, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica, em 9 de novembro de 2016.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IV - A via elevada da Perimetral, de autoria da historiadora Beatriz Kushnir, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2017.

Série O Rio de Janeiro desaparecido V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlopde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de julho de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VI – O primeiro Palácio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeirode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de setembro de 2018.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VII – O Morro de Santo Antônio na Casa de Oswaldo Cruzde autoria de historiador Ricardo Augusto dos Santos da Casa de Oswaldo Cruzpublicado na Brasiliana Fotográfica em 5 de fevereiro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido VIII – A demolição do Morro do Castelode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portalpublicado na Brasiliana Fotográfica em 30 de abril de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido IX – Estrada de Ferro Central do Brasil: estação e trilhosde autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de novembro de 2019.

Série O Rio de Janeiro desaparecido X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogode autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de junho de 2020.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XI – A Estrada de Ferro do Corcovado e o mirante Chapéu de Sol, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 22 de julho de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XII – o Teatro Lírico (Theatro Lyrico), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 15 de setembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIII – O Convento da Ajuda, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 12 de outubro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIV – O Conselho Municipal, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de novembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XV – A Praia de Santa Luzia no primeiro dia do verão, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 21 de dezembro de 2021.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVI – O prédio da Academia Imperial de Belas Artes, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, publicado na Brasiliana Fotográfica em 13 de janeiro de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVII – Igreja São Pedro dos Clérigos, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 18 de março de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XVIII – A Praça Onze, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 20 de abril de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XIX – A Igrejinha de Copacabana, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 23 de junho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XX – O Pavilhão dos Estados, futuro prédio do Ministério da Agricultura, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 26 de julho de 2022.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXI – O Chafariz do Largo da Carioca, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 19 de setembro de 2022. 

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXII – A Cadeia Velha que deu lugar ao Palácio Tiradentes, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado na Brasiliana Fotográfica em 11 de abril de 2023.

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXIV – O luxuoso Palace Hotel, na Avenida Rio Branco, uma referência da vanguarda artística no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 4 de julho de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 5 de setembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVI – Conclusão do arrasamento do Morro do Castelo por Augusto Malta, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 14 de dezembro de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXVII e Série Os arquitetos do Rio de Janeiro V – O Jockey Club e o Derby Club, na Avenida Rio Branco e o arquiteto Heitor de Mello (1875 – 1920), de autoria de Andrea c. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, em 15 de janeiro de 2024

 

Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”

 Série “Avenidas e ruas do Brasil” I – Avenida Central, atual Rio Branco, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 7 de setembro de 2016

Série “Avenidas e ruas do Brasil” II – A Rua do Imperador em Petrópolis por Klumb, Leuzinger e Stahl, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 26 de junho de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” III – A Rua do Bom Jesus, no Recife, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 6 de agosto de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IV – A Rua 25 de Março, em São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 1º de setembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” V – A Rua Direita, a Rua das Mercês e a Rua Macau do Meio, em Diamantina, Minas Gerais, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 22 de outubro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VI  – Rua Augusto Ribas e outras, em Ponta Grossa, no Paraná, pelo fotógrafo Luiz Bianchi, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 16 de novembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil” VII – A Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 23 de dezembro de 2020

Série “Avenidas e ruas do Brasil VIII – A Rua da Carioca por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 20 de janeiro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” IX – Ruas e panoramas do bairro do Catete, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de julho de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” X – A Rua da Ajuda, no Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 9 de novembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XI – A Rua da Esperança, em São Paulo, por Vincenzo Pastore, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 14 de dezembro de 2021

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XII – A Avenida Paulista, o coração pulsante da metrópole, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 21 de janeiro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIII – A Rua Buenos Aires no Centro do Rio de Janeiro, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal,  publicada em 19 de julho de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XIV – A Avenida Presidente Vargas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 31 de agosto de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XV – Misericórdia: rua, largo e ladeira, no Rio de Janeiro, por Cássio Loredano, de autoria de Cássio Loredano, publicada em 8 de dezembro de 2022

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVI – Alguma coisa acontece no meu coração, a Avenida São João nos 469 anos de São Paulo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 25 de janeiro de 2023

Série “Avenidas e ruas do Brasil” XVIII – Avenida Beira-Mar, de autoria de Andrea C.T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicada em 22 de janeiro de 2024

 

 

 

 

O Dia do Trabalho

Para celebrar o Dia do Trabalho a Brasiliana Fotográfica destaca diversos registros de trabalhadores no Brasil do século XIX e do início do século XX. São imagens produzidas por Albert Frisch (1840 – 1918), Augusto Malta (1864 – 1957)Christiano Junior (1832 – 1902)Georges Leuzinger (1813 – 1892), Gomes Junior (18? – 19?), Guilherme Gaensly (1843 – 1928) J. Pinto (1884 – 1951), Jorge Kfuri (1893 – 1965)Marc Ferrez (1843 – 1923), Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), Therezio Mascarenhas (18? – 19?), Torres (18? – 19?) e Vincenzo Pastore (1865 – 1918),  dentre outros, além de registros realizados por  fotógrafos até hoje não identificados.

 

 

A galeria contempla trabalhadores rurais e urbanos, e escravizados, trazendo, por um lado, um pouco da história cotidiana brasileira e, por outro, imagens do mundo do trabalho na segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX que ajudam a contextualizar as transformações objetivas e subjetivas que modificaram significativamente as relações sociais, econômicas e políticas no país no período.

Acessando o link para as fotografias selecionadas e relativas ao tema trabalho disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a ela.

 

 

Na seleção feita no acervo fotográfico do portal, há 45 imagens, mas existem mais de 100 relativas ao tema. A Brasiliana Fotográfica convida você, leitor, a fazer sua própria seleção. Basta entrar na página de abertura do portal, selecionar a aba “Acervo” e depois navegar na aba “Assunto”. Aí, colocar no local indicado a palavra-chave “trabalho“, “trabalhadores” e “operário“, por exemplo.

 

 

A primeira comemoração da data que se tem registro no Brasil aconteceu, em 1895, no salão do Partido Operário, em Santos, por iniciativa do Centro Socialista de Santos, em São Paulo, fundado pelo médico e líder social sergipano Silvério Martins Fontes (1858-1928), também fundador do jornal A Questão Social, órgão divulgador do socialismo no Brasil, e autor do Manifesto Socialista. Seu filho foi o poeta José Martins Fontes (1884 – 1937).

 

 

Mas a celebração da data só foi oficializada pelo governo brasileiro, em 26 de setembro de 1924, a partir do Decreto nº 4.859, sancionado pelo então presidente Arthur Bernardes (1875-1955).  Em seu artigo único declarava “feriado nacional o dia 1 de maio, consagrado à confraternidade universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho; revogadas as disposições em contrário”.

 

 

 

O Dia do Trabalho tem sua origem numa homenagem aos trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, que, em 1º de maio de 1886, iniciaram uma série de manifestações por melhores condições de trabalho e especialmente por uma jornada de trabalho de 8 horas. Em 1889, durante uma reunião da Segunda Internacional Socialista, em Paris, a data foi estabelecida.

 

 

Links para as notícias da comemoração do primeiro feriado de 1º de maio no Brasil:

O Paiz – Edição de 02/05/1925

Jornal do Brasil – Edição de 02/05/1925

 

 

Acesse aqui o outro artigo publicado na Brasiliana Fotográfica sobre o Dia do Trabalho.

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Fontes:

COGGIOLA, Osvaldo. Origens do movimento operário e do socialismo no Brasil. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 7, n. 2, p. 51-91, dez. 2015.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site BBC

Site Chicago Detours

Site Novo Milênio

Site Time Magazine