O Dia do Advogado e a criação das Faculdades de Direito de São Paulo e do Recife

O Dia do Advogado (1) é celebrado no dia da criação das duas primeiras faculdades de Direito do Brasil que, além de serem cursos jurídicos, foram também escolas de pensamento onde ideias em torno de temas como o abolicionismo, o conservadorismo e o republicanismo, por exemplo, eram discutidas. Até a década de 1930 o pensamento antropológico, jurídico, histórico, sociológico e a crítica cultural e política era derivada, no Brasil, principamente, dos bacharéis em Direito.

 

 

Em 11 de agosto de 1827, por iniciativa do então ministro da Justiça do Império, o santista José Feliciano Fernandes Pinheiro (1774 – 1847, o visconde de São Leopoldo, foram  criados os “Cursos de Sciencias Jurídicas e Sociaes” por Decreto Imperial de dom Pedro I (1798 – 1834). São as Faculdade de Direito de São Paulo, primeira instituição a integrar a Universidade de São Paulo no momento de sua criação, em 1934, a atual a atual Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), também conhecida por Faculdade de Direito do Largo de São Francisco; e a Faculdade de Olinda, transferida, em 1854, para Recife, a atual Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco.

 

 

Foram criadas em decorrência da proclamação da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. As leis vigentes eram até então as leis portuguesas. Com o novo status, o país precisava desenvolver novas leis e ter profissionais que as estudassem.

Registros da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo foram produzidos pelo fotógrafo carioca Militão Augusto de Azeredo (1837 – 1905) e por Frédéric Manoel (18? – ?), e pertencem,  respectivamente, aos acervos fotográficos do Instituto Moreira Salles e da Biblioteca Nacional, fundadoras da Brasiliana Fotográfica. A imagem da Faculdade de Direito, em Pernambuco, foi realizada pelo fotógrafo amador pernambucano Henrique Martins (1864 – 1933) e pertence à Fundação Joaquim Nabuco, parceira do portal.

Militão e Henrique Martins já foram temas de artigos publicados na Brasiliana Fotográfica. Militão foi um dos precursores da documentação da cidade de São Paulo. O Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887, sua obra-prima, foi o primeiro realizado com o objetivo de mostrar as mudanças ocorridas na capital paulista, devido ao progresso. A fotografia da Academia de São Paulo integra este álbum. O trabalho de Militão Augusto de Azevedo é precioso para o estudo da sociedade e da cidade de São Paulo no século XIX, uma referência para historiadores, fotógrafos e estudiosos. Henrique Martins (1864 – 1933) foi um fotógrafo amador com atuação em Pernambuco nas primeiras décadas do século XX, sendo encontradas menções aos seus trabalhos, na imprensa recifense, a partir de 1903.

 

A Faculdade de Direito de São Paulo

 

A abertura do curso jurídico de São Paulo aconteceu em março de 1828 com o discurso do português naturalizado brasileiro José Maria de Avellar Brotero (1798 – 1873), primeiro professor da faculdade de direito em São Paulo, que lecionou direito natural, direito público, análise da constituição do império, direito das gentes, diplomacia, e a partir do segundo ano, direito eclesiástico (O Farol Paulistano, 8 de março de 1828).

 

 

A inauguração e as primeiras aulas aconteceram na antiga sacristia do convento dos Franciscanos que, em 8 de novembro do mesmo ano, entregaram voluntariamente todo o convento.

 

 

Seu primeiro diretor, que ocupou o cargo até 23 de agosto de 1833, foi o tenente-general José Arouche de Toledo Rendon (1756 – 1834), que cedeu seus vencimentos à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

 

 

Assinaturas dos diretores da Faculdade de Direito de São Paulo de 1827 a 1905

Assinaturas dos diretores da Faculdade de Direito de São Paulo de 1827 a 1905 / São Paulo Antigo e São Paulo Moderno

 

A criação da Faculdade de Direito, que preparava burocratas e políticos para participar na vida pública do país, tornou a cidade de São Paulo em um centro da vida intelectual nacional, uma cidade acadêmica.
Da esquerda para a direita: primeiro estandarte, estandarte em 1906 e estandarte do Antigo Curso Anexo

Da esquerda para a direita: primeiro estandarte, estandarte em 1905 e estandarte do Antigo Curso Anexo / São Paulo Antigo e São Paulo Moderno

 

“Da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco partiram os principais movimentos políticos da História do Brasil, conduzidos por seus estudantes ou egressos, desde o Abolicionismo de Joaquim Nabuco, Pimenta Bueno e Perdigão Malheiro e do Movimento Republicano de Prudente de Moraes, Campos Salles e Bernardino de Campos até a mais recente campanha das Diretas Já!, com Ulysses Guimarães e André Franco Montoro. Ao longo do tempo, dela emergiram presidentes da República, governadores, prefeitos e outras incontáveis autoridades e representantes da Advocacia e da Cidadania.
 
Na fervilhante vida cultural que a Faculdade de Direito introduziu na pequena São Paulo do Século XIX, foi também gestado um sem-número de periódicos, peças teatrais, obras literárias e poéticas, que representam fundamentos da vida intelectual nacional, condensados nas figuras de Álvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varella, poetas românticos cujos nomes, gravados em placas de mármore, encimam o portal de entrada da Faculdade”.

 

 

O convento que sediou a Faculdade de Direito foi construído por volta do ano de 1647 e sofreu um incêndio criminoso, em 1880. Foi remodelado em 1886. O prédio passou por uma grande reforma, na década de 1930, sendo mantida a arquitetura dos arcos em seu pátio central, o relógio e a sepultura do alemão Julius Frank (1808 – 1841), que foi professor do Curso Anexo, preparatório para ingresso na faculdade. Frank foi também o fundador, na década de 1830, da Burschenschaft Paulista, a Buchauma sociedade secreta, liberal e filantrópica que que defendia ideias liberais e republicanas da Faculdade de Direito de São Paulo. Alguns de seus participantes mais ilustres foram o Barão de Rio Branco (1845 – 1912) e Rui Barbosa (1849 – 1923), além de diversos presidentes da República, dentre eles Afonso Pena (1847 – 1909) e Rodrigues Alves (1848 – 1919).

Voltando à reforma do prédio. O projeto, representante da própria criação do estilo neocolonial no Brasil, foi do arquiteto e engenheiro português Ricardo Severo da Fonseca e Costa (1869-1940), sucessor de Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851 – 1928). Lembramos aqui que Ramos de Azevedo, o grande construtor de São Paulo entre a virada do século XIX e as primeiras décadas do século XX, teve diversas de suas obras registradas pelo fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas (c. 1862 – c. 1930).

A trova mais conhecida dos alunos da faculdade é do sergipano Tobias Barreto de Menezes (1839-1889), jurista formado na Faculdade de Recife, e está gravada no Monumento Constitucionalista de 1932, que se encontra no Pateo das Arcadas:

“…quando se sente bater, no peito heroica pancada, deixa-se a folha dobrada, enquanto se vai morrer…”

 

 

A Faculdade de Direito do Recife

 

 

O Curso Jurídico de Olinda originou a Faculdade de Direito do Recife e foi instalado no dia 15 de maio de 1828, no mosteiro de São Bento, funcionando em dependências cedidas pelos monges beneditinos. Quando foi inaugurado aconteceu uma grande solenidade com a presença de autoridades eclesiásicas e civis e a celebração de um Te-Deum em ação de graças. Olinda ficou iluminada durante três dias (Diário de Pernambuco, 31 de maio de 1828). As aulas começaram poucas semanas depois, em 2 de junho. A primeira turma tinha 41 alunos de diferentes estados do Brasil e também de Angola e Portugal. Formaram-se bacharéis em 1832 (Diário de Pernambuco, 2 de setembro de 1832, segunda coluna).

Em 1852, o Curso foi transferido do mosteiro de São Bento para o palácio dos antigos governadores,no alto da Ladeira do Varadouro, em Olinda, que ficou conhecido pelo nome de Academia. Dois anos depois, transferiu-se para o Recife, onde ocupou um casarão na rua do Hospício. Pela inadequação do local, foi apelidado de Pardieiro. Finalmente, em 1912, mudou-se para a Praça Dr. Adolfo Cirne, no bairro da Boavista, onde funciona até hoje. O prédio foi projetado pelo arquiteto francês Gustave Varin (1865 – 1919) e foi construído por José de Almeida Pernambuco. Localiza-se no centro de uma area ajardinada e ocupa uma área de 3.600 metros. Sua pedra fundamental havia sido lançada, em 19 de agosto de 1889, pelo Conde d’Eu (1842 – 1922) (Diário de Pernambuco, 20 de agosto de 1889, penúltima coluna; Jornal de Recife, 21 de agosto de 1889, quarta coluna), e sua construção foi concluída em 1911, ano em que, em 11 de dezembro de 1911, o edifício foi inaugurado. É tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e foi inscrito, em 06 agosto de 1980, no Livro do Tombo Histórico. Além de ser um centro de formação de bacharéis, sempre atuou como uma escola de Filosofia, Ciências e Letras, tornando-se célebre pelas discussões e polêmicas que empolgavam a sociedade da época. 

“Nela nasceu e floresceu o movimento intelectual poético, crítico, filosófico, sociológico e jurídico conhecido como a Escola do Recife, também chamada de “Geração de 1871”, com grande repercussão no Império entre os anos de 1860 e 1880, tendo por líder incontestável o jurista sergipano Tobias Barreto. O movimento se notabilizou pela crítica devastadora ao clericalismo e ao neoescolasticismo vigente nos estudos jurídicos da época, bem como pela introdução da doutrina alemã no pensamento nacional, pela divulgação da obras de autores germânicos até então inéditos na vida intelectual brasileira, como Rudolf Von Jhering”.

Encontra Recife

 

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Alguns de seus ex-alunos notáveis foram: o Barão do Rio Branco, pai da diplomacia brasileira; Joaquim Nabuco, um dos líderes da abolição da escravatura; os ex-presidentes da República Epitácio Pessoa e Nilo Peçanha; os juristas Clóvis Bevilaqua, Tobias Barreto e Ruy Barbosa; o filólogo Aurélio Buarque de Holanda; o jornalista Assis Chateaubriand; os poetas Augusto dos Anjos, Castro Alves, Fagundes Varella, Guimarães Júnior, Carlos Pena Filho e Mauro Mota; os escritores Ariano Suassuna, Franklin Távora, José Lins do Rego e Raul Pompeia; o filósofo Raimundo de Farias Brito; o educador Paulo Freire, os governadores João Pessoa, Marco Maciel e Miguel Arraes; os ensaistas Graça Aranha e Sílvio Romero; o folclorista Câmara Cascudo; o historiador Capistrano de Abreu; o músico Capiba; o crítico literário Álvaro Lins; e o líder revolucionário Francisco Julião.

Em 20 de junho de 1946, foi criada a Universidade do Recife e a Faculdade de Direito e a Faculdade de Medicina do Recife, a Escola de Engenharia de Pernambuco, a Escola de Belas-Artes de Pernambuco e a Escola de Filosofia do Recife passaram a integrá-la (Diário de Pernambuco, 22 de junho de 1946, segunda coluna). Em 1965, a Universidade do Recife se tornaria a Universidade Federal de Pernambuco.

(1) Também é comemorado o Dia do Pendura.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Arcadas.org.br

BEVILAQUA, Clovis. História da Faculdade de Direito do Recife. 2.ed. Brasília: INL; Conselho Federal de Cultura, 1977.

FERNANDES, Cláudio. 11 de agosto – Dia do AdvogadoBrasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-advogado.htm. Acesso em 28 de dezembro de 2022.

Ipatrimônio

PINTO FERREIRA, Luiz. História da Faculdade de Direito do Recife. Recife: UFPE, Ed. Universitária, 1980.

Portal da Câmara dos Deputados

Portal da Faculdade de Direito da USP

Portal da Faculdade Federal de Pernambuco – Centro de Ciências Jurídicas

São Paulo Antigo e São Paulo Moderno – 1554-1904. São Paulo : Editores Vanorden & Cia, 1905.

Site Encontra Recife

Site Fundação Joaquim Nabuco

SiteInfoEnem

Site Projuris

VIOTTI, Dario Abranches. Conselheiro José Maria de Avellar BroteroRevista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, 1974.

Wikipedia

O fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas e o construtor Ramos de Azevedo

 

O fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas (c. 1862 – c. 1930) registrou diversas obras projetadas ou executadas pelo Escritório Técnico Ramos de Azevedo, cujo proprietário, o paulista Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851–  1928) era, entre a virada do século XIX e as primeiras décadas do século XX, o grande construtor de São Paulo. Nesse período, a cidade passou por grandes transformações devido à riqueza gerada pela cafeicultura e pela chegada de levas de imigrantes. As construções de traços coloniais davam lugar às com influência europeia, modernas. A Brasiliana Fotográfica destaca algumas imagens da documentação das obras desse construtor, um dos trabalhos mais importantes produzidos por Quaas, reunidos no Álbum Escritório Técnico do Engenheiro e Arquiteto F. P. Ramos d’Azevedo – São Paulo – Álbum de Construções. Quaas fotografou, dentre vários projetos, palacetes, o portal do Cemitério da Consolação, o Quartel de Polícia, o Hospício dos Alienados e a Escola Politécnica. Sua obra registrou também diversos aspectos da capital e do interior do estado de São Paulo. Quaas foi muito bem sucedido em sua profissão e residia na rua das Palmeiras com sua esposa, Emma Quaas, e três filhos.

 

 

Acessando o link para as fotografias de  Otto Rudolf Quaas disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Breve Cronologia de Otto Rudolph Quaas

c. 1862 – Segundo Boris Kossoy, Otto Rudolph Quaas nasceu na Áustria por volta desse ano.

1895 – Quaas chegou em São Paulo, vindo da Europa, nos primeiros dias de 1895 e estabeleceu seu ateliê fotográfico na rua do Gasômetro, n. 20 (O Commercio de São Paulo, 16 de janeiro de 1895, na quarta coluna).

Chegou num dos últimos dias a essa capital e tomou a direção do atelier fotográfico da rua do Gazometro n. 20, o sr. Otto Rudolf Quaas, que nos dizem ser um artista de muitíssimo merecimento. O público vai ter ocasião de avaliar dos progressos daquela casa, em virtude de tão excelente aquisição (Estado de São Paulo, 16 de janeiro de 1895).

 

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Propaganda da Photographia Artistica, de Otto Rudolf Quaas, no O Estado de São Paulo, 28 de janeiro de 1895

 

Em maio, transferiu-se para o Largo Sete de Setembro, nº 11, casa onde esteve por muito tempo o estabelecimento dos srs. Victor Steidel & C. Neste novo prédio o atelier do sr. Otto, enriquecido como foi ultimamente com novos aparelhos ficará sendo, senão o primeiro, pelo menos um dos primeiros estabelecimentos fotográficos de S. Paulo (Estado de São Paulo, 8 de maio de 1895).

1896 – Mudou-se para a rua de São Bento, n. 30, e inaugurou a nova Photographia Artística, em 26 de fevereiro de 1896 (O Commercio de São Paulo, 26 de fevereiro de 1896, quarta coluna). Ficava defronte do Grande Hotel e estava montada com todo o capricho e com os aperfeiçoamentos mais modernos (Estado de São Paulo, 26 de fevereiro de 1896).

 

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Anúncio da Photographia Artística, na rua de São Bento nº 30, no Estado de São Paulo, 19 de março de 1896

 

1898 – A Photographia Artística transferiu-se para o número 46 da rua de São Bento, em frente a Rotisserie Sportsman.

 

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Anúncio da mudança da Photographia Artística, no O Estado de São Paulo, 2 de julho de 1898

 

No último dia de 1898, foi anunciada uma Grande Inauguração no ateliê de Quaas com a apresentação de um grande repertório de óperas, músicas e cantos. Anunciava como a última novidade a Photographia de Voz. Avisamos especialmente o distinto público que todas as pessoas que tirarem uma dúzia de retratos Imperiais, no atelier fotográfico, têm direito de falar na máquina, podendo ouvir e levar logo depois o cilindro com a sua própria voz gravada eternamente para mandar aos seus afeiçoados.

 

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O Estado de São Paulo, 31 de dezembro de 1898

 

1899 – O tcheco Gustavo Figner (18? – 1934), depositário da Casa Inana, no Rio de Janeiro, e futuro fundador da Casa Edison de São Paulo, anunciou a venda de um fonógrafo de corda na fotografia O. R. Quaas e Cia (Estado de São Paulo, 5 de janeiro de 1899). Ele era irmão de Fred Figner (1866 – 1947), fundador da Casa Edison no Rio de Janeiro e primeiro produtor fonográfico do Brasil.

 

O Estado de São Paulo, de 1899

O Estado de São Paulo, 5 de janeiro de 1899

 

Nesse mesmo ano, o atelier de Quaas, foi uma das lojas que sofreram danos consideráveis causados pelo estampido e pela água, devido a um incêndio na Loja do Japão, na rua de São Bento (O Estado de São Paulo, 6 de julho de 1899). Dias depois, Quaas enviou à redação do jornal Estado de São Paulo uma vista de um trecho da rua S. Bento na ocasião do incêndio (Estado de São Paulo, 11 de julho de 1899).

 

 

1900 – A Photographia Artística enviou à redação do O Estado de São Paulo uma coleção de 15 magníficas fotografias com vistas de diversos pontos da exposição universal de Paris. Essas vistas são reproduzidas no atelier do sr. Quaas e constituem um trabalho que acredita o conhecido estabelecimento artístico (O Estado de São Paulo, 23 de novembro de 1900).

1901 –  Estava exposto em seu ateliê um retrato em grande formato da rainha Vitória (1819 – 1901), do Reino Unido, que havia falecido em 22 de janeiro (O Estado de São Paulo, 24 de janeiro de 1901).

Quaas registrou a visita que o ministro plenipotenciário da Áustria-Hungria, Eugen Kuezyuski, fez à Sociedade Auxiliadora Austro-Húngara (O Estado de São Paulo, 27 de abril de 1901).

Era um dos membros da comissão da Sociedade Auxiliadora Austro-Húngara (O Estado de São Paulo, 24 de setembro de 1901).

Trabalhou para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, tendo fotografado a inauguração do ramal de Rincão a Martinho Prado, em 30 de dezembro de 1901 (Correio Paulistano, 4 de janeiro de 1902, na quarta coluna).

1902 – Quaas presenteou o governador do estado de São Paulo, Rodrigues Alves (1848 – 1919), e outras autoridades com uma coleção de pequenas fotografias da inauguração do ramal ferroviário do Rincão (O Estado de São Paulo, 14 de janeiro de 1902).

Quaas foi eleito vice-presidente da Instituição Imperador Francisco José I (O Estado de São Paulo, 12 de julho de 1902).

No salão de honra da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, Quaas registrou a entrega, realizada pelo cônsul da França, Numa Antigeon, do diploma de Oficial da Academia à superiora da instituição, Maria Arsênia, nome religioso de Anna Berthet (O Estado de São Paulo, 19 de julho de 1902)

Uma comissão de redatoras do periódico Educação escolheu as mais interessantes fotografias tiradas de crianças entre 1 e 7 anos durante o ano de 1902 dos seguintes estúdios fotográficos do centro de São Paulo: o de Quaas & Cia, o de José Vollsack, o de Rodolfo Neuhaus, o de Giovanni Sarracino e o de Valério Vieira (O Commercio de São Paulo, 22 de dezembro de 1902, na segunda coluna).

Quaas foi de novo eleito vice-presidente da instituição Imperador Francisco José I (O Estado de São Paulo, 24 de dezembro de 1902).

1903 – Quaas ofereceu à redação do O Estado de São Paulo uma magnífica fotografia de Santos Dumont (O Estado de São Paulo, 19 de setembro de 1903).

1904 – Na Revista Ilustração Brasileira, de dezembro de 1904, seu trabalho foi elogiado por sua nitidez e fidelidade incríveis. A casa Quass é a única que está habilitada em S. Paulo a trabalhar à noite.

1905 – A Secretaria de Agricultura de São Paulo requisitou um pagamento a Otto Quaas (O Estado de São Paulo, 4 de março de 1905).

Estava envolvido na criação de um Club de Retratos em Cores e anunciou, no O Estado de São Paulo de 19 de maio de 1905, o adiamento do club até segundo aviso.

Os credores da falência de Otto Quaas reuniram-se na segunda vara comercial de São Paulo (O Estado de São Paulo, 13 de julho de 1905).

1907 - Quaas fotografou a Villa Penteado iluminada, na ocasião em que hospedou o ex-presidente da Argentina, general Julio Argentino Roca (1843 – 1914), que havia participado da Guerra do Paraguai (O Estado de São Paulo, 23 de março de 1907).

Fotografou o eclipse solar ocorrido em 10 de julho (O Estado de São Paulo, 12 de julho de 1907).

Foi um dos premiados no concurso de fotógrafos promovido pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (O Estado de São Paulo, 18 de agosto de 1907).

1908 – Seu estabelecimento, a Photographia Quaas, ficava na rua Barra Funda, 149 (O Estado de São Paulo, 25 de novembro de 1908).

Participou da Exposição Nacional, com 24 quadros com fotografias, pinturas a pastel, sepiotipias, aumentos, platinotipia e fotografia em alto relevo, tendo recebido uma das medalhas de ouro da seção de fotografias. Outro fotógrafo agraciado com uma medalha de ouro foi Guilherme Gaensly (1843 – 1928). Os grandes prêmios foram conquistados por Valério Vieira (1862 – 1941) e Giovanni Sarracino (O Estado de São Paulo, 23 de novembro de 1908 e Catálogo da Exposição, 1908).

 

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Anúncio da Photographia Quaas, no O Estado de São Paulo, 18 de dezembro de 1908

 

1910 - Quaas participou da comemoração pelo octagésimo aniversário de Francisco José I, rei da Áustria-Hungria, realizada no consulado do país, em São Paulo (O Estado de São Paulo, 19 de agosto de 1910).

1911 – A Photographia Quaas publicou um anúncio para a contratação de um bom impressor com prática de atelier, de um ajudante com bastante prática e de um aprendiz de fotógrafo. Ainda se localizava na rua Barra funda, 149 (O Estado de São Paulo, 19 de março, 3 de de junho e 25 de setembro de 1911).

Participou da Exposição de Turime ganhou a medalha de prata.

1912 – A Photographia Quaas publicou um anúncio para a contratação de um bom impressor e retocador (O Estado de São Paulo, 6 de janeiro de 1912).

1913 – Seu estabelecimento ficava na rua das Palmeiras, 59, onde residia com sua família.

1920 – Em uma matéria sobre a história da Casa Edison de São Paulo, cujo proprietário era Gustavo Figner (? – 1934), foi relembrado que em fins do século XIX, um fonógrafo do empresário esteve em exposição no estabelecimento de Quaas, na época localizado na rua São Bento (O Estado de São Paulo, 13 de junho de 1920).

 

O Estado de São Paulo, 13 de junho de 1920

O Estado de São Paulo, 13 de junho de 1920

 

1926 – Fotografou a inauguração da pista de atletismo do Sport Club Germânia, atual Esporte Clube Pinheiros (Revista do Esporte Clube Pinheiros, março de 2014). Também do Germânia, fotografou, no fim da década de 20, panoramas do rio com os cochos, a casa de barcos e a figueira de tronco duplo, além das festas ao ar livre e também no salão da Rua Dom José de Barros (Site do Esporte Clube Pinheiros).

1929 / 1930 – Segundo depoimento de Vicentina Mello Cunha concedido a Boris Kossoy, Quaas faleceu por volta de 1929 e 1930, com cerca de 68 anos.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Acervo de O Estado de São Paulo

Acessa SP

Efedeportes.com

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

NASCIMENTO, Ana Paula. Engenharia e sociabilidade – a trajetória de Samuel das Neves no Rio de Janeiro. 19&20, Rio de Janeiro, v. XII, n. 1, jan./jun. 2017.

SÃO PAULO 450 Anos: a imagem e a memória da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles. São Paulo: Bei Editora,agosto 2004.

Site da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo

Site do Esporte Clube Pinheiros

Site Enciclopedia Itaú Cultural