Cronologia de Antoine Hercule Romuald Florence (1804 – 1879)

Cronologia de Antoine Hercule Romuald Florence (1804 – 1879)

 

1804 - Antoine Hercule Romuald Florence nasceu, em Nice, na França, em 29 de fevereiro, segundo escreveu em seu diário. Na verdade, essa seria a data de seu batismo. Já o autor William Luret achou a certidão de nascimento de Florence que indicaria o dia 9 de março como a data do nascimento. Foi um erro de leitura. Na verdade, o documento oficial de seu nascimento diz: “Do dia 8 Ventoso (Du Huit Ventôse), ano 12 da República Francesa Certidão de nascimento de Romuald Florence, nascido em Nice esta manhã, duas horas depois da meia-noite, filho de Arna[ud] Florence, professor de desenho em escolas secundárias que mora na rue la raison, e Augustine Vignali…” Du Huit Ventôse ao ser convertido para o calendário atual confirma que a data de nascimento de Hercule Florence é dia 28 de fevereiro de 1804.  Seu nome foi uma homenagem a Port Hercule, como se chamava Mônaco na época. Foi o quinto filho de um médico militar nascido em Toulouse, Arnaud Florence (1749 – 1807), que também foi professor de desenho da Academia de Belas Artes de Toulouse, e de Augustine de Vegnalys (1768 – 1857), de Mônaco. Eles se casaram em 2 de março de 1793 e tiveram seis filhos: Claudine-Herculine (1794 – 1796), Jean-Baptiste (1796 – 1799), Antoine Fortuné (1799 – 1865), Emmanuel (1802 – ?), Antoine Hercule (1804 – 1879) e Célestine (1805 – ?). Com exceção de Claudine-Herculine, que nasceu em Mônaco, todos os filhos do casal nasceram em Nice*.

 

1807 - Com o falecimento de seu pai, mudou-se com a família para Ventimiglia, comuna italiana da região da Ligúria, e depois para Mônaco.

c. 1818 - Trabalhou como desenhista e calígrafo, recebendo encomendas das autoridades de Mônaco.

1820 – Dedicou-se ao estudo de Matemática e Física. Nesta época leu o livro Robinson Crusoé (1719), do escritor inglês Daniel Dafoe (1660 – 1731), que despertou seu desejo de viajar pelos oceanos. Com um dinheiro dado por sua mãe, embarcou para Bruxelas e Antuérpia, onde apresentou na Werbronck House uma carta de recomendação, provavelmente, de um banqueiro. Não conseguiu o emprego e retornou para Mônaco andando. Foi preso porque seu documento monegasco não foi aceito em território francês. Em troca de sua liberdade, pintou os retratos de dois policiais franceses.

1822 - Foi para Nice, onde apresentou-se ao cônsul francês com o intuito de alistar-se na Marinha Real Francesa. Embarcou na galeota francesa La Torche, que seguiu para a cidade de Toulon.

1823 A bordo do navio Marie Thérèze, comandado pelo capitão Claude du Camp de Rosamel, trabalhou a bordo como copista de plantas das fortificações espanholas. Integrava a expedição francesa em apoio a Fernando VII (1784 – 1833), da Espanha, e participou da batalha de bloqueio a Barcelona.

Após a missão, a fragata permaneceu ancorada por aproximadamente quatro meses em Toulon. Durante este período, Florence  realizou exercícios de desenho e alguns retratos.

Idealizou uma bomba para puxar água, que denominou de nória hidrostática.

Em 31 de julho, foi expedido seu passaporte pelo Principado de Mônaco.

1824 - Em fevereiro, zarpou no navio Marie Thérèze, ainda sob o comando do capitão Rosamel, numa viagem pelo mundo e quarenta e cinco dias depois, chegou ao Rio de Janeiro, em abril. O navio partiu do Rio de Janeiro, em 1º de maio de 1824, mas Florence permaneceu na cidade (Império do Brasil – Diário do Governo, 5 de maio de 1824, segunda coluna).

Começou a trabalhar como caixeiro numa casa comercial especializada em roupas, do francês Pierre Dillon, antigo secretário de  Joachim Le Breton (1760 – 1819), chefe da Missão Artística Francesa .

1825 - Trabalhou por cerca de quatro meses na livraria e tipografia do francês Pierre Plancher (1764 – 1844), sendo responsável pela execução de diversas litografias. A tipografia ficava na Rua do Cano, atual Rua Sete de Setembro. Pierre René François Plancher de La Noé havia fugido da França por sua convicção bonapartista, já que a Restauração havia levado Luís XVIII ao trono francês. Instalou-se no Rio de Janeiro, em 1824, para onde trouxe todo o equipamento necessário para montar uma tipografia, além de alguns trabalhadores que sabiam manejar prensas e imprimir livros. Foi Plancher que fundou, em 1827, o Jornal do Commercio. Antes já havia lançado um guia de ruas do Rio de Janeiro, um guia para estrangeiros na cidade, um manual de conversação francês-inglês, o Almanack Plancher, o Spectador Brasileiro, a Revista Brasileira “das ciências, artes e indústria” e o Propagador das Ciências Médicas (Spectador Brasileiro, 4 de julho de 1825).

A partir de um anúncio de jornal, Florence candidatou-se a participar em uma viagem acompanhando um naturalista e, como segundo desenhista, integrou-se à expedição científica de Georg Heinrich von Langsdorff (1774 – 1852). O primeiro desenhista era Adrien Taunay (1803 – 1828) que, durante a expedição, em 1828, morreu afogado quando tentava atravessar a cavalo o rio Guaporé, em Mato Grosso – ele havia substituído Johan Moritz Rugendas (1802 – 1858), que havia participado da expedição entre 1821 e 1824.

 

 

Em 3 de setembro, Florence partiu a bordo da sumaca Aurora, juntamente com Langsdorff, Adrien Taunay , o astrônomo e oficial da marinha russa Nester Rubtsov (1799 – 1874), o zoólogo Christian Hasse (1771 – 1831) e o botânico Lüdwig Riedel (1791 – 1861), tendo como destino a Vila de Santos. Depois de permanecer por aproximadamente 20 dias na cidade separou-se dos demais membros da expedição e seguiu numa piroga para Cubatão. Durante a viagem executou desenhos do litoral paulista (Império do Brasil: Diário Fluminense, 7 de setembro de 1825, primeira coluna).

Em Itu, conheceu as obras do frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764 – 1819) e também as decorações feitas por José Patrício da Silva Manso (c. 1753 – 1801).

1826 – Passou cinco meses na casa do médico e político Francisco Álvares Machado e Vasconcellos (1791 – 1846), em Porto Feliz, quando conheceu sua filha, Maria Angélica (1815 – 1850), com quem viria a se casar, em 1830.

Em 22 de junho, partida da Expedição Langsdorff do porto no Rio Tietê, em Porto Feliz, para o norte do Brasil. Um dos organizadores da viagem foi Francisco Álvares Machado e Vasconcellos, o anfitrião e futuro sogro de Florence. Percorreu os rios Tietê, Paraná, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço, Cuiabá, Preto, Arinos, Juruena, Tapajós e Amazonas. Retornou de Belém, pela costa brasileira, até chegar ao Rio de Janeiro, em 10 de março de 1829. O diário de bordo feito por Florence, Esboço da Viagem feita pelo Sr. Langsdorff ao interior do Brasil, desde setembro de 1825 até março de 1829, foi  traduzido pelo visconde de Taunay (1843 – 1899) e publicado em 1875, pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, sendo que, posteriormente, com o título Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas – 1825- 1829, teve várias edições comerciais.

1827 – A Expedição Langsdorff chegou em Cuiabá em 30 de janeiro, onde ficou até dezembro. No período, Florence desenhou os Bororós, os Guató e outros povos originários.

1828 – A expedição se separou. Florence seguiu com Langsdorff e Rubtsov nos rios Arinos, Juruena e Tapajós. Langsdorff adoeceu. Chegaram em Belém, em 10 de novembro.

1829 - De volta ao Rio de Janeiro, em 19 de março, Florence, como parte de suas Memórias, escreveu os manuscritos de seu tratado intitulado Zoophonia. 

Deu à família de Adrien Taunay (1803 – 1828), o diário que escreveu durante aExpedição Langsdorff.

 

 

 

Convidado por seu amigo, o médico e político Francisco Álvares Machado e Vasconcellos (1791 – 1846), fixou residência na Vila de São Carlos, atual Campinas.

1830 - Passou a dedicar-se aos estudos de impressão com o intuito de publicar seu tratado sobre Zoophonia e cerca de 200 desenhos executados durante a expedição. Nesse processo, descobriu uma nova maneira de obter a impressão, que recebeu o título de Polygraphie – Poligrafia.

No dia 4 de janeiro de 1830, na Igreja da Sé em São Paulo, casou-se com Maria Angélica Vasconcellos, natural de Itu, filha de Francisco Alvares Machado e Vasconcellos. O casal teve 13 filhos, todos nascidos em Campinas: Amador Bueno (1831 – ?), Celestina (1832-?), Adelaide (1834 – 1834), Francisco (1835 – 1836), Francisco (1837 – 1904), Cândida (1839- 1901), Antônio Hércules (1841 – 1916), Arnaldo (1843 – 1845), Angélica (1844 – ?), Arnaldo (1846 – 1872), Paulo (1847 – ?) e Ataliba (1849 – 1849).

Florence, identificado como pintor retratista, residia na rua das Flores, 53. Anunciou aulas de pintura em sua casa ou nas casas das alunas. Também anunciou a venda de retratos de alguns deputados e de vistas de Itu e do Salto de Itu por preços cômodos (O Farol Paulistano, 8 de junho de 1830, na segunda coluna).

Redigiu entre os meses de julho e outubro o manuscrito Etudes de Ciels, À L’usage des jeunes paysagistes.

1831 – Abriu uma loja de tecidos em Campinas. A tipografia R. Orgier, no Rio de Janeiro, publicou o manuscrito do tratado de Zoophonia, Recherche sur la voix des animaux, ou essai d’un nouveau suject d’ètudes, offert aux amis de la nature.

 

‘Mineralogia é estudo da natureza passiva.
Zoologia é estudo da natureza ativa.
Zoofonia é estudo da natureza falante’.

Do Rio de Janeiro, enviou à França, através de Edouard Pontois (Encarregado de Negócios de França), o manuscrito onde detalhava os processos da poligrafia, acompanhado por duas provas poligrafadas.
1832 - De volta à Vila de São Carlos (Campinas), executou trabalhos de pintura, que ele intitulou Tableaux Transparents de Jour. A inovação técnica deste trabalho consistiu na execução de um grande número de furos de minúsculo diâmetro sobre o desenho original nas áreas que representariam luzes ou reflexos na imagem pictórica. Apreciados em um local escuro com a luz solar incidindo através de um foco dirigido, apenas sobre a pintura, resulta numa projeção exata da imagem pictórica original. Foi noticiado: Hercules Florence, inventor de um novo processo Autográfico, participa às pessoas que quiserem ter um certo número de exemplares do seu retratos para repartir entre parentes e amigos, que ele faz o original pelo preço de 3$200 e e imprime os exemplares a 320 rs cada um (O Novo Farol Paulistano, 11 de janeiro de 1832, segunda coluna).
1833 –  Obteve no início do ano, através do uso de uma câmera escura, a primeira fixação de imagem em papel, utilizando o nitrato de prata. Não teria eu iniciado a arte mais do que maravilhosa de desenhar qualquer objeto, sem dar-me ao trabalho de o fazer com a própria mão?, indagou Florence, em 24 de junho de 1833, em seu diário Livre d’annotations et de premiers matériaux, referindo-se a suas pesquisas e experimentos no campo da fotografia, que o haviam levado a inventar, ele também e no Brasil, um processo de criação fotográfica.
1834 –  Também em seu Livre d´annotations et les premiers matériaux, em 1834, Florence usou pela primeira vez o verbo photographier –  cinco anos antes da palavra ser utilizada na Inglaterra, em 1839, por John Frederick William Herschel (1792-1871). Florence deixou uma descrição do procedimento adotado por ele para obter o registro fotográfico, em 1833.
1836 – Em viagem ao Rio de Janeiro, Florence adquiriu uma tipografia para conseguir executar o grande número de encomendas impressas que recebia. Começou suas pesquisas em direção à descoberta do papel inimitável (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1837 -  Executou, a pedido do governo, um mapa itinerário da província de São Paulo, impresso através do sistema de poligrafia.

Entre esse ano e 1859, redigiu sua biografia, intitulada L’Ami des Arts livre à lui-même ou Recherches et découvertes sur différents sujets nouveaux. O texto trazia informações biográficas, notas e ilustrações de seus inventos. O manuscrito, de 423 páginas, foi redigido quase todo em francês e é um compêndio ilustrado da vida e da obra de Florence. Traz a descrição de suas experiências e os fatos principais de sua vida, incluindo a versão mais completa do relato da viagem fluvial empreendida pela Expedição Langsdorff.

1838 -  Instalou no Largo da Matriz a primeira tipografia da Vila de São Carlos.

1839 - Redigiu em março o manuscrito De La Compression du Gaz Hydrogéne, apliquée à la direction des aérostats

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: cerca de 4 meses depois do anúncio da descoberta – em 7 de janeiro de 1839 -, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839. Foi lendo o artigo do Jornal do Commercio que Florence tomou conhecimento da descoberta da fotografia realizada pelo francês Louis Jacques Mandé Daguerre (1787 – 1851).

Florence redigiu, em maio, o manuscrito Sur L’impression des tableaux à huile, ou estampes coloriées. Em junho, redigiu o manuscrito  Fabrication au Métier des Chapeaux du Chili, et toute espèce de chapeaux de paille

Os periódicos Phoenix , 26 de outubro de 1939, e o Observador Paulistano, publicaram um artigo onde Hercule se posicionou diante da descoberta da fotografia na Europa e reafirmou o caráter inventivo de seus trabalhos referentes à poligrafia e à fotografia.  O Jornal do Comércio, 29 de dezembro de 1839, publicou a transcrição do artigo (Jornal do Commercio, 29 de dezembro de 1839, primeira coluna).

1840 – Publicação de uma carta escrita por Hercule Florence onde ele comunicou a descoberta da poligrafia e mencionou a possibilidade de ter sido um dos descobridores da fotografia (Jornal do Commercio, 10 de fevereiro de 1840, na terceira coluna).

 

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                                        Jornal do Commercio, 10 de fevereiro de 1840

 

Foi anunciada a possível publicação de um ensaio sobre a impressão do papel moeda por um processo totalmente inimitável, de autoria de Florence (O Despertador, 29 de fevereiro de 1840, terceira coluna).

Florence convidou os artistas do Rio de Janeiro e todos os amigos das artes que quisessem se certificar da realidade da descoberta da poligrafia para que fossem examinar uma coleção de 23 impressos poligráficos realizados desde o ano de 1831, em exposição na tipografia do Jornal do Commercio. Florence também descreveu o processo e termina afirmando:

Nisto consiste o segredo da importante descoberta da poligrafia: não se sabe qual deve admirar-se mas, se a simplicidade do meio que se emprega, se a grandeza do resultado que se obtém(Jornal do Commercio, 16 de março de 1840, na terceira coluna)

1841 - A tipografia Costa Silveira publicou Ensaio sobre a impressão das Notas de Banco por um processo totalmente inimitável.

1842 - Identificado como italiano, partiu do Rio de Janeiro a bordo do navio Bom Fim, com destino a Santos (Jornal do Commercio, 12 de fevereiro de 1842, na última coluna).

Fundou, em Sorocaba, juntamente com o padre Diogo Antonio Feijó (1784 – 1843), o jornal revolucionário O Paulista. Teve curta duração, tendo sido publicado em 27 e 31 de maio e em 8 e 16 de junho de 1842.

1843 – A Academia de Ciências e Artes de Turim declarou, em sessão realizada em 8 de janeiro, que o processo de impressão de notas bancárias inimitáveis merecia a proteção do governo da Sardenha. A Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em sessão realizada em 22 de novembro, através de uma comissão estabelecida pela Congregação de Lentes da instituição, se pronunciou favoravelmente à descoberta do novo processo de impressão de notas inimitáveis. Compunham esta comissão Auguste-Henri-Victor Grandjean Montigny (1776 – 1880), Zepherino Ferrez (1797 – 1851), pai do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923); e seu aluno José da Silva Santos.

1844 – Há informações de que o periódico O Anuário era impresso nas oficinas de Florence.

Obteve os primeiros ensaios sofríveis do papel inimitável e os remeteu à Academia Brasileira de Belas-Artes, que nomeou uma comissão cujo parecer foi muito animador para Florence (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1848 Desenvolveu um processo de simplificação do trabalho de composição tipográfica, intitulado Typos-syllabas, que se constitui a partir da união de cada uma das consoantes com uma vogal, formando sílabas em um único tipo.

Publicou em sua tipografia um memorial intitulado Emprego dos Typos-syllabas.

Realizou uma impressão que foi um verdadeiro adiantamento no processo do desenvolvimento do papel inimitável (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1849 -  O Ministério do Império remeteu a Bernardo José da Gama, o visconde de Goyana (1782 – 1854), inspetor da Caixa de Amortização, 8 exemplares de um papel descoberto ou inventado por Hercules Florence, morador em Campinas, na província de S. Paulo, para que, depois de examinado o dito papel na caixa de amortização, informe se o acha próprio para os usos a que é destinado, mormente para dele se fazerem notas (Correio Mercantil Instrutivo, Político,Universal, 31 de janeiro de 1849, primeira coluna). A Caixa de Amortização, criada pela Lei Imperial de 15 de novembro de 1827, administrava a dívida interna emitindo, amortizando, resgatando e substituindo apólices, além do pagamento de juros da dívida.

No expediente do Ministério do Império foi avisado que havia sido enviado ao ministro da Fazenda para tomar na consideração que merecer o ofício do presidente da província de S. Paulo, de 13 de janeiro último, não só com 8 exemplares de um papel inimitável que Herculano Florence diz ser sua invenção, e julga ao abrigo de toda falsificação, como também diversos ofícios relativos a este objeto (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 19 de abril de 1849, segunda coluna).

Anunciou a venda de sua parte na sesmaria de seu falecido sogro, Francisco Alvares Machado e Vasconcellos. Quem quiser comprar pode dirigir-se aos srs Eduardo e Henrique Laemmert, no Rio de Janeiro, ou escrever ao anunciante (Correio Mercantil Instrutivo, Politico, Universal, 30 de novembro de 1849).

 

 

1850 – Falecimento de sua esposa, Maria Angélica.

1851 – Florence enviou ao à sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional algumas amostras de papel e letras inimitáveis tiradas de chapas abertas ao acaso, cujas tintas são pelo autor afiançadas como indeléveis. Elas param em mãos da comissão de ensaio e análise química, e a serem reais os resultados que espera seu autor, é uma descoberta digna da atenção, pela segurança de que seu emprego pode vir ao papel moeda, bilhetes e letras dos bancos, e títulos de segurança empregados nos diversos ramos comerciais (O Auxiliador da Indústria Nacional, 1851).

Florence era o agente, em Campinas, do medicamento Salsaparrilha Bristol (Gazeta Mercantil, 28 de agosto de 1851).

1852 - Idealizou uma sexta forma de arquitetura a qual deu o título de Ordem Brasileira ou Palmiana, baseada na utilização das palmeiras brasileiras, cuja aplicação, de acordo com o tipo da palmeira, se daria na constituição de colunas, capitéis, arcadas e abóbodas.

Era assinante do Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1852).

Era, em Campinas, o agente da Fábrica de Produtos Químicos e Farmacêuticos de Matacavallos (Jornal do Commercio, 6 de setembro de 1852).

1853 – Publicou um folheto poligrafado composto de 16 páginas intitulado Descoberta da Poligrafiadatado de 1º de agosto de 1853.

1854 – Casou-se, em 4 de janeiro, com a alemã Carolina Krug (1828 – 1913), nascida na cidade de Cassel, em 21 de março de 1828. Seu nome de solteira era Caroline Mary Catherine. Carolina estudou Pedagogia na Suíça, no Instituto de Madame Niederer, esposa de um antigo colaborador e amigo de Johann Heinrich Pestalozzi (1746 – 1827), já considerado, na época, um grande pedagogo moderno. Ela migrou para o Brasil, em 1852, acompanhada de pai, mãe e dos irmãos Francisco Guilherme, Henrique e Anna. Saíram de Hamburgo em um navio à vela e a viagem durou cerca de dois meses. O irmão mais velho de Carolina, o farmacêutico Jorge Krug (? – 1875), amigo de Florence, estava, desde 1846, muito bem estabelecido em Campinas, o que atraiu o restante da família. Jorge Krug foi durante muito tempo Vice-Cônsul da Suíça em toda a Província de São Paulo.

Minha mãe, eu vos escrevi uma vez que eu me casaria novamente, mas que não deveria ser logo. No dia quatro de janeiro do ano corrente eu me casei com MIle. Caroline Krug, irmã de meu amigo Jorge Krug, farmacêutico estabelecido há oito anos em Campinas. Ela chegou de Cassel, com seu pai sua mãe e seus irmãos e irmã, e eu fui absorvido por suas qualidades, seu talento e suas maneiras distintas. Tendo feito sua educação durante três anos em um Instituto de jovens moças em Genebra, ela adquiriu um perfeito conhecimento de Francês. Ela sabe a história, a geografia, os elementos de matemática, a pintura e a música. Todas as ocupações de seu sexo. Ela saiu do instituto e foi ser professora em Altona, na Suíça-Holstein. Seu objetivo era de se ocupar do ensino e soube aproveitar disso em alto grau (Carta de Hércules Florence para sua mãe, residente em Nice, Campinas, 10/6/1854)

Florence e Caroline tiveram sete filhos, todos nascidos em Campinas: Ataliba (1855 -?), futuro cônsul do Brasil em Dresden; Jorge (1857 – ?), que formou-se em farmácia em Heidelberg na Alemanha; Augusta (1859 – ?), Henrique (1861 -?), que se formou em Engenharia na Alemanha, os gêmeos Guilherme e Paulo Florence (1864 – ?); e Isabel (1867 – ?).

1855 - Pela primeira vez desde sua chegada à América, Florence retornou à Mônaco para rever a família. Entre esse ano e 1856, adquiriu a Fazenda Soledade, onde foi viver com Carolina Krug. Fundou, em fevereiro de 1856, a colônia Florence. Passou a se dedicar à agricultura (Repartição dos Negócio do Império, 1859).

1857 – Publicação de um pequeno perfil da Colônia Florence, que funcionava em sistema de parceria (Jornal do Commercio, 30 de janeiro de 1857, terceira coluna).

Publicação de uma carta de Florence intitulada “Papel Inimitável”, na qual conta a história de sua descoberta do referido papel e explica os quatro sistemas pelo qual poderia ser produzido. Termina a carta afirmando: Limito-me por agora a estas explicações, que não são mais do que alguns dados sobre uma arte que é tão exata c0omo as ciências matemáticas (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1858 - Estava listado como empresário e possuidor de 18 colonos na província de São Paulo, no Mapa Demonstrativo das Colônias do Existentes do Império, publicada no relatório da Repartição dos Negócio do Império, 1858. A colônia Florence funcionava em sistema de parceria regulada pela casa Vergueiro (Jornal do Commercio, 22 de março de 1858, última coluna).

A Tipographia Commercial, G. Delius, publicou um pequeno folheto composto por 10 páginas, intitulado Invenção da Polygraphia, por Hercules Florence.

Conseguiu aprimorar seu invento de impressões inimitáveis através da adição de um sistema que permitia a fusão de cores. As novas impressões inimitáveis foram expostas ao público durante um ano, no Banco Mauá & C., em Campinas.

Imprimiu em sua litografia o Aurora Campineira, primeiro jornal de Campinas.

1859 - Desenvolveu a Estereopintura, processo através do qual se pode obter maior fidelidade luminosa da execução de pinturas a óleo ou aquarela.

No relatório do comissário do governo, Sebastião Machado Nunes, sobre as províncias de São Paulo, publicada na Repartição dos Negócio do Império, 1859, foi feito um comentário a respeito de colonos suíços da fazenda de Florence.

A colônia Florence tinha 19 colonos, de duas famílias suíças. Cada família cuidava de 5 mil pés de café (Repartição dos Negócio do Império, 1859).

Os filhos de Florence, os empresários Amador Bueno e Francisco, pretendiam estabelecer uma linha de carros de quatro rodas para o transporte de café de Campinas a Santos (A Actualidade, 31 de dezembro de 1859, terceira coluna).

1860 - Desenvolveu a Pulvografia, processo que consiste na reprodução de imagens através da ação da poeira, sem a necessidade do emprego de prensa.

 

 

Redigiu o manuscrito Cellographie.

1861 –  Aprimorou a poligrafia criando a possibilidade da sua realização sem a necessidade do emprego de uma prensa.

1862 - Redigiu o manuscrito Les Intérêtes materiéles. 

Foi noticiado no terceiro volume do Année Scientifique, de Louis Figuier, a invenção da neografia, mesmo invento descoberto por Florence anos antes, que ele batizou de poligrafia (Diário do Rio de Janeiro, 16 de abril de 1862, terceira coluna).

 

 

1863 - Em Campinas, fundou, em novembro, juntamente com sua esposa Carolina Krug Florence, o Colégio Florence, situado na Rua José Paulino e dedicado à educação feminina. Hercule executou um desenho retratando o prédio do colégio. Foi professor de desenho da instituição.

1865 Conheceu Alfredo D’Escragnole Taunay (1843 – 1899), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, que o cognominou de Patriarca da Iconografia Paulista. Na época, a caminho da Guerra do Paraguai, Taunay, com apenas 22 anos, impressionou-se com as histórias e conquistas de Florence, já um sexagenário.

Redigiu o manuscrito Aquarrélographie.

1866 -Redigiu o manuscrito Probléme Poly-Photographique.

1867 – O presidente da província de São Paulo, o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho (1816 – 1895) visitou o Colégio Florence, dirigido por Carolina Florence (O Ypiranga, 21 de dezembro de 1867, segunda coluna).

1868 – Foi anunciada a venda de bandeiras brasileiras, na loja dos sr. Pompeu Pacheco C., em Campinas, impressas em ambos os lados pela poligrafia de Hercule Florence, sem prensa, sem pressão alguma, como na fotografia (O Ypiranga, 25 de setembro de 1868, terceira coluna).

1869 – Redigiu o manuscrito Lavis Capillaire. 

Florence foi indicado como um dos procuradores de Otto Rodolfo Kupfer, que partia para a Europa. Ele era marido de Anna Kupfer, irmã de Carolina, esposa de Florence (Correio Paulistano, 21 de abril de 1869, primeira coluna).

Foi anunciada a impressão de papel inimitável na residência de Hercule Florence, na rua das Flores, n. 7, em Campinas (Correio Paulistano, 23 de julho de 1869, primeira coluna).

Em setembro, escreveu uma carta ao poeta Castro Alves (1847 – 1871):

Moro a metade do tempo na roça, e quisera morar sempre, porque aprecio os matos virgens, o ar livre, o nascer e o por do sol. Descobri em 1829 uma ciência nova que chamei Zoofonia. Fiz algumas publicações em francês a este respeito; mas creio que não deixaram mais vestígios que uma pedra que cai num tanque de água. Com as belezas da natureza, eu lia os vossos versos, onde acho a mesma verdade que na criação.’ 

1870 – Escreveu um texto sobre seus trabalhos artísticos e científicos, a pedido do advogado de Campinas, Manuel Ferraz de Campos Sales (1841 – 1913), futuro presidente do estado de São Paulo, de 1896 a 1897, e  quarto presidente da República, entre 1898 e 1902.

 

 

1871 - Florence garantia a superior qualidade do café vendido na loja do srs. Monteiro & Filho. Para isso, cada bote de libra era revestido por uma marca inimitável (Gazeta de Campinas, 2 de março de 1871, primeira coluna).No relatório realizado por João Pedro Carvalho de Moraes para o Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, foi feita uma descrição da Fazenda Soledade, de Florence. Foi destacada a lealdade de Florence a seus colonos (Jornal do Pará, 13 de maio de 1871, segunda coluna).Foi anunciado que Florence havia achado o meio de de tornar o óleo de rícino secativo a ponto de se poder empregar na pintura a óleo, em quadros históricos, retratos e paisagens (Correio Paulistano, 15 de dezembro de 1871, primeira coluna).1872 – Matéria sobre os Typos-syllabas, afirmando a autoria do invento por Florence, em 1848 (Correio do Brazil, 14 de maio de 1872, segunda coluna).Florence foi listado como lavrador de 1ª classe e deveria contribuir com 30$000 para a construção da matriz nova de Campinas (Gazeta de Campinas, 31 de outubro de 1872, primeira coluna).1873 –  Em reunião do Conselho Administrativo da Sociedade Auxiliadora da Indústria, um de seus membros, o sr. Pinto Junior, apresentou algumas mostras do papel inimitável produzido por Hercule Florence, a quem se referiu como um homem muito distinto pelo seu reconhecido e provado talento e gênio investigador... (O Auxiliador da Indústria Nacional, 1873).Estava na lista de lavradores do estado de São Paulo (Almanak da Província de São Paulo, 1873).

O sítio de Florence & Filhos estava contratando colhedores de café. Também foi anunciado que no sítio ensinava-se a juntar as folhas com a ajuda de um ancinho (Gazeta de Campinas, 10 de julho de 1873, e Gazeta de Campinas, 31 de julho de 1873, primeira coluna).

Florence pedia dispensa do pagamento de uma multa por não ter varrido a frente de sua casa do largo da Matriz de Santa Cruz. Alegava que ignorava essa obrigação por residir em um sítio e não na casa (Gazeta de Campinas, 19 de outubro de 1873, primeira coluna).

1875 – Florence foi listado como lavrador de 2ª classe e deveria contribuir com 80$000 para a construção da matriz nova de Campinas (Constitucional, 13 de fevereiro de 1875, última coluna).

Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843 – 1899) traduziu o diário de Florence, Esboço da Viagem feita pelo Sr. Langsdorff ao interior do Brasil, desde setembro de 1825 até março de 1829, originariamente escrito em francês, publicando-o na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro. Taunay encontrou o diário por acaso, entre papeis de sua família. Na verdade, Florence, em 1829, havia dado de presente à família Taunay suas anotações. Adrien Taunay (1803 – 1828), tio de Alfredo Taunay, havia feito parte da expedição Langsdorff como primeiro desenhista e morrido afogado, em 1828 (Diário de São Paulo, 10 de outubro de 1875, quinta coluna).

Florence deveria pagar imposto predial referente a um imóvel na rua Direita, em Campinas (Constitucional, 15 de dezembro de 1875, segunda coluna).

1876 – Florence foi visitado, em Campinas, por d. Pedro II (1825 – 1891).

O aparecimento de notas falsas motivou Florence a reapresentar seu invento de papéis inimitáveis (Diário do Rio de Janeiro, 23 de junho de 1876, primeira coluna).

1877 - Foi admitido como sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, no Rio de Janeiro, tendo apresentado o trabalho intitulado Esboço da viagem feita pelo Sr. De Langsdorff no interior do Brasil, desde setembro de 1825 até março de 1829.

1879 – Morreu, às 3 horas da tardeacometido por uma cruel enfermidade, em 27 de março, em Campinas. Hercule Florence era o tipo completo do homem probo e devotado à religião do trabalho. O féretro saiu da casa em que residia ao largo de Matriz Velha – Praça Bento Quirino, n. 20 – às 5 horas da tarde do dia seguinte. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Campinas, Cemitério da Saudade, sepultura 247 da primeira divisão, quadra n. 10. , e seu enterro foi extraordinariamente concorrido (Correio Paulistano, 29 de março de 1879, terceira coluna, e Gazeta de Notícias, 30 de março de 1879, última coluna).

1900 - Publicação de Hércules Florence: Ensaio Histórico Literário, de autoria do jornalista Estevão Leão Bourroul (1859 – 1914), pela Tipografia Andrade Mello, de São Paulo.

 

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1908 – No artigo A litografia no Brasil, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. XIII, de 1908, seu autor, o jornalista Estevão Leão Bourroul (1859 – 1914), atribuiu a Florence a fundação do primeiro estabelecimento litográfico no Brasil, em 1825 (Revista Brasileira, dezembro de 1943).

1928 - O Museu Paulista através da sua revista publica tradução feita por Alfredo D’Escragnole Taunay (1843 – 1899), do diário de Hercule Florence intitulado Esboço da viagem feita pelo Sr. De Langsdorff no interior do Brasil, desde Septembro de 1825 até março de 1829

1941 - Publicação, pelas Edições Melhoramentos, da 1ª edição da tradução feita por Alfredo D’Escragnole Taunay, do diário de Hercule Florence intitulado Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829

1963 - Inauguração, em Campinas, de um busto de Hercule Florence, executado pelo escultor Larroca.

1972 / 1976 –  O método fotográfico de Florence foi comprovado cientificamente pelo pesquisador brasileiro e emérito historiador da fotografia brasileira Boris Kossoy (1941 – ), entre 1972 e 1976. Em meados de 1976, foi testado, com sucesso, nos laboratórios do Rochester Institute of Technology, nos Estados Unidos, sob a chefia do professor Thomas Hill. Em outubro do mesmo ano, a pesquisa de Kossoy foi apresentada no III Simpósio da História da Fotografia, na George Eastman House, em Rochester.

Ainda em 1976, ano da comemoração dos 150 da realização da Expedição Langsdoff, Francisco Álvares Machado e Vasconcellos Florence traduziram os diários de Florence sob o título de A Célebre Expedição que, em 1826, partiu de Porto Feliz.

1977 – No Museu de Arte de São Paulo (MASP), realização, em novembro de 1977, de uma exposição da obra de Florence. O MASP também publicou o diário completo de Hercule sobre a expedição sob o título Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas: pelas Províncias brasileiras de São Paulo, Mato Grosso e Grão Pará (1825-1829).

1980 – Publicação do livro “1833: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil” (1980), de Boris Kossoy, pela Editora Duas Cidades.

 

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1988 – Entre 29 de setembro e 1º de outubro de 1988, realização do colóquio Les Multiples Inventions de la Photographie, em Cerizy-la-Salle, pelo Ministério de Cultura e Comunicação da França. Florence foi um dos inventores abordados. No ano seguinte, publicação do livro do seminário com um artigo do professor Boris Kossoy, Florence, o inventor no exílio (Centre Culturel International de Cerisy).

1993 – Organizado por Jacques Vieillard, a Editora Universitária da Universidade Federal do Mato Grosso, lançou o livro A Zoophonia de Hercule Florence.

 

A ZOOPHONIA DE HERCULE FLORENCE

 

2006 - Criação do Instituto Hercule Florence – de Estudos da Sociedade e Meio Ambiente do Século XIX Brasileiro. Surgiu do desejo de reunir, preservar e divulgar todo o acervo disponível sobre o artista, viajante e inventor franco-monegasco, que aportou em 1824 no Brasil, onde se estabeleceu, deu origem a uma numerosa família, desenvolveu pesquisas – inclusive as que levaram à descoberta do processo fotográfico – e viveu até a sua morte, em 1879.

2017 - Em Villa Paloma, no Novo Museu Nacional de Mônaco, entre 17 de março e 24 de setembro, realização da exposição Hercule Florence – Le nouveau Robinson. Na ocasião foi lançado um livro homônimo.

2019 – Publicado nos Anais do Museu Paulista de dezembro de 2019 o artigo Revelando Hercule Florence, o Amigo das Artes: análises por fluorescência de raios X.  A física Márcia de Almeida Rizzutto, coordenadora do NAP-Faepah, atestou, com a ajuda do método conhecido como fluorescência de raios X por dispersão de energia (ED-XRF) para detectar a presença de elementos químicos que os manuscritos de Florence descrevem fielmente os processos de produção fotográfica por ele testados em 1833. Segundo Kossoy, foi a comprovação física daquilo que já se sabia do ponto de vista químico.

2023 – Realização, no Instituto Moreira Salles, de São Paulo, nos dias 23 e 24 de maio, do seminário internacional 190 anos dos experimentod fotográficos de Hercule Florence para celebrar o pioneirismo de Florence na descoberta dos processos fotográficos e tem como principal assunto a divulgação dos resultados das análises físico-químicas realizadas em 2022 de três objetos do inventor, por meio de uma parceria inédita entre quatro instituições de três continentes: o IMS e o Instituto Hercule Florence (IHF), de São Paulo, Brasil, o Getty Conservation Institute (GCI), de Los Angeles, EUA, e o Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, Portugal. O encontro abordará também outros assuntos relacionados a Florence (Site do IMS).

 

Esta cronologia foi atualizada em maio de 2023.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

Henrique Rosén (1840 – 1892), um fotógrafo sueco no interior de São Paulo

 

 

A Brasiliana Fotográfica destaca oito imagens produzidas pelo fotógrafo sueco Henrique Rosén (1840 – 1892) para a divulgação publicitária da Olaria, ferraria e oficina mecânica a vapor e água de propriedade de Antônio Carlos Sampaio Peixoto, inaugurada em 2 de dezembro de 1867, em Campinas (Correio Paulistano, 13 de outubro de 1867, primeira coluna; Correio Paulistano, 18 de janeiro de 1868, segunda coluna; Gazeta de Campinas, 1º de dezembro de 1870, primeira coluna; Gazeta de Campinas, 6 de janeiro de 1870, penúltima coluna). No período em que viveu em Campinas, o francês Hercule Florence (1904 – 1879),  inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo, também morava na cidade.

 

 

Acessando o link para as fotografias de Henrique Rosén disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Rosén é considerado um dos mais importantes fotógrafos do interior de São Paulo, no período em que atuou: entre as décadas de 1860 e 1880. Foi, com os franceses Valentin Favreu e Louis Robin e com os brasileiros Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905), Candido Alvares Machado de Vasconcelos e Virgílio Gomes Guimarães, pioneiro da fotografia em São Paulo. Na década de 1860, já atuavam no Brasil os fotógrafos inglês A.W. Osborne (18?-?), o francês Leon Chapelin (18? – ?) e o alemão Alberto Henschel (1827 – 1882), no Recife; o português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) e o brasileiro, filho de franceses, Marc Ferrez (1843 – 1923), no Rio de Janeiro; o português Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903), em Belém; o italiano Luiz Terragno (c. 1831 – 1891), em Porto Alegre; o inglês Benjamin Mulock (1829 – 1863), em Salvador; o alemão Augusto Riedel (1836 – ?), em Alagoas, Bahia, Minas e Sergipe; e o alemão, Pedro Hees (1841 – 1880), em Petrópolis, dentre outros.

Rosén, foi também um dos precursores do uso do ampliador no Brasil, tendo anunciado, em 1875, possuir uma câmara solar, como era então conhecida esta machina de augmentar retratos (Correio Paulistano, 8 de dezembro de 1875). No período em que permaneceu em Campinas, fez algumas viagens à Europa, da onde trazia o que havia de mais moderno para a arte da fotografia.

 

 

Retratou vários membros da aristocracia brasileira como, por exemplo, o fazendeiro Euclides Egídio de Sousa Aranha (1864 – 1929) e Luiza Jacques de Freitas Vale Aranha, pais do futuro ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha (1894 – 1960); e personalidades como o jornalista e político Quintino Bocaiuva (1836 – 1912).

Provavelmente, iniciou sua carreira de fotógrafo no Brasil, em Santos, entre julho e 15 de agosto de 1862.

todos os dias, independente de qualquer tipo, retratos das 8 horas da manhã às 2 da tarde. Durante o tempo de sua estada n’esta trabalhará a preços muito módicos, sendo as suas obras feitas com a maior perfeição e asseio possível; consistem elas em grupos de família, cartões de visita, retratos grandes, ditos pequenos para pulseiras, broches e medalhões, tanto sobre papel e vidro, como sobre encerado; vistas para cartas de 3 a 4$000 etc. As pessoas que quiserem honrá-lo com sua confiança acharão no seu gabinete grande número de amostras e serão servidas a contento“.                                                                              

                                                                                                                        Revista Commercial (Santos), 19 de julho de 1862

 

Voltou à cidade em outras ocasiões, quando montava estúdios provisórios.

Em 1862, transferiu-se para Campinas, na época povoada por fazendeiros abastados e, auxiliado pelo vereador dinamarquês Otto Langaard e pelo dr. Dupfer, conseguiu uma máquina fotográfica e tornou-se fotógrafo ambulante. Neste mesmo ano, um ilustre morador da cidade, o francês Hercule Florence (1804 – 1877), inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo, redigiu o manuscrito Les Intérêtes materiéles. Florence e Rosén conheceram o escritor, engenheiro militar e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Alfredo d´Escragnolle Taunay (1843 – 1899), na ocasião em que ele esteve em Campinas, em 1865, integrando Corpo Expedicionário em Operação no Sul de Mato Grosso, que atuaria na Guerra do Paraguai.

Rosén fundou, ainda em 1862, um dos pioneiros estabelecimentos fotográficos da cidade, a Photographia Campinense, na rua Direita, nº 28. Mas continuava a viajar por outras cidades de São Paulo como, por exemplo, Rio Claro, onde esteve, em 1866 (Correio Paulistano, 25 de agosto de 1866, segunda coluna). Casou-se com Luzia Rosén, que se tornou sua colaboradora. Em 1868, anunciou o Processo Crozat de fotografia em cores e a venda de retratos de indígenas, de Santos e de outras cidades, além de um grande sortimentos de álbuns, quadros e vistas estereocopos (O Ypiranga, 20 de dezembro de 1868, última coluna). Em 1878, contratou o pintor austríaco Ferdinand (Fernando) Piereck  (1844 – 1925) para trabalhar em seu ateliê fotográfico em Campinas. Ferdinand é o pai do fotógrafo Louis Piereck (1880 – 1931).

 

Chama-se, pois, a atenção das pessoas de bom gosto para as seguintes Especialidades: 1o . Retratos de tamanho natural; 2o . Retratos inalteráveis sobre porcelana (não imitação) coloridos ou em cores, transparentes e duma delicadeza excepcional, próprios para presentes em dias de anos, para o natal e ano bom, etc; 3o . Retratos Boudoir e Promenade há pouco tempo introduzidos em Paris, e muito estimados, próprios para as exmas. senhoras e toilettes elegantes; 4o . Retratos de crianças que são tirados instantaneamente, com a maior facilidade, por uma nova combinação química; 5o . Retratos coloridos a pastel, tamanho grande, reproduzidos de qualquer retrato antigo, por mais estragado que esteja; 6o . Grupos grandes de famílias e sociedades, por mais numerosas que sejam, tendo para isso máquinas de construção especial; 7o . Heliominiaturas, por processos aperfeiçoados; 8o . Vistas fotográficas ou desenhadas ou coloridas a aquarela, de fazendas, chácaras, jardins, etc. Os preços serão ao alcance de todos e com 20 por cento de abatimento para as exmas. famílias que preferirem pagar a vista”.

A Província de São Paulo, 3 de novembro de 1880

 

Em janeiro de 1890, Rosén foi nomeado cônsul do Brasil da Suécia e da Noruega (Relatório do Ministério das Relações Exteriores, 1891Jornal do Brasil, 12 de junho de 1891, primeira coluna). Faleceu em 5 de janeiro de 1892.

 

 

 

 

 

Cronologia de Henrique Rosén (1840 – 1892)

 

1840 – Em Vadstena, na região de Gotalândia, na Suécia, nascimento de Henrik Gustaf Jacob Rosén, em 19 de junho filho de Eric Herman Rosén e Sofia Charlotta Falkman.

1862 – Após ficar entre julho e agosto em Santos, o fotógrafo sueco Henrique Rosén inaugurou, em Campinas, a Photographia Campinense, na rua Direita. nº 28.

1865Em abril de 1865, em meio ao clima outonal, a rica população da Campinas dos Barões de Café, de fazendeiros, de comerciantes e de escravos, foi tomada de surpresa e de êxtase com a chegada aos seus longínguos rincões dos soldados imperiais formando o Corpo Expedicionário em Operação no Sul de Mato Grosso. Acabara de eclodir a Guerra do Paraguai e D. Pedro II criara duas forças para enfrentar Solano López. Os expedicionários atacariam pelo flanco Norte, sob o comando do coronel Manuel Pedro Drago. Durante 66 dias, as tropas permaneceram acampadas no Largo Santa Cruz, hoje no bairro do Cambuí, um local sagrado e profano. E traziam no Corpo de Engenheiros a jovem figura heroica e diverida de Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay – o posterior Visconde de Taunay -, que proclama em seu livro A Retirada de Laguna: “A! Campinas”. Foram 66 dias de festas, banquetes, regabofes, bailes e flertes com as moças campineiras. Uma espécie de antessala no céu, antes da dança no inferno da Laguna!”(Retiro antes de Laguna em Campinas).

Nessa ocasião, Rosén conheceu Alfredo d´Escragnolle Taunay (1843 – 1899), escritor, engenheiro militar e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras que muito o impressionou como o mesmo registrou em suas memórias (Correio Paulistano, 11 de abril de 1865, segunda coluna; O Sete de Setembro, 13 de abril de 1865, primeira coluna; Jornal do Brasil, 28 de setembro de 1948, segunda coluna; Suplemento Literário, 15 de outubro de 1960, quarta coluna). Taunay também conheceu, na ocasião, o inventor francês radicado em Campinas, Hercule Florence.

 

 

1866 – Houve um desmoronamento de uma das paredes da matriz nova de Campinas, que estava em obras. Rosén foi um dos homens que participou dos trabalhos de salvamento de operários que ficaram soterrados (Correio Mercantil, e Instructivo, Político, Universal,  7 de fevereiro de 1866, quarta coluna).

Entre maio e junho, esteve na região do rio da Prata, para onde foi e voltou no paquete inglês Arno. Embarcou e desembarcou no porto do Rio de Janeiro (Correio Mercantile Instructivo, Político, Universal,  7 de maio de 1866, quinta coluna; Correio Mercantile Instructivo, Político, Universal,  4 de junho de 1866, quinta coluna).

Esteve em Rio Claro, cidade do interior de São Paulo e despediu-se agradecendo ao modo generoso e obsequioso que foi recebido e prometendo voltar no próximo ano (Correio Paulistano, 25 de agosto de 1866, segunda coluna).

1867 - Anunciou seus serviços, em Santos, inicialmente em um imóvel alugado na rua de Santo Antônio, 27, e depois no Hotel Millon (Revista Comercial (Santos), 12 de outubro de 1867).

1868 – Anunciou o Processo Crozat de fotografia em cores e a venda de retratos de indígenas, de Santos e de outras cidades, além de um grande sortimentos de álbuns, quadros e vistas estereocopos (O Ypiranga, 20 de dezembro de 1868, última coluna).

1869 – Casou-se, no Brasil, em 30 de janeiro, com a sueca Lovisa Mathilda Ladau.

O fotógrafo Joaquim Feliciano Alves Carneiro (18? – 188?), um dos sócios do estabelecimento Carneiro & Gaspar, no Rio de Janeiro e em São Paulo, percorreu o estado de São Paulo e ficou algum tempo em Campinas, quando Rosén pode conhecer o que se usava de mais moderno em termos de fotografia na capital do Brasil. Uma curiosidade: com a morte do português Gaspar Antonio da Silva Guimarães (18? – 1875) e com a venda da parte de Joaquim Feliciano Alves Carneiro, Militão Augusto de Azevedo (1837 – 1905), autor do “Álbum comparativo da cidade de São Paulo 1862-1887″, que era sócio-gerente da Photographia Academica de Carneiro & Gaspar, em São Paulo, tornou-se seu proprietário. Localizava-se na rua da Imperatriz, 58 (Correio Paulistano, 28 de novembro de 1875, segunda coluna).

Produziu a divulgação publicitária da Olaria, ferraria e oficina mecânica a vapor e água de propriedade de Antônio Carlos Sampaio Peixoto, que a Brasiliana Fotográfica destaca neste artigo. A fábrica havia sido inaugurada em 2 de dezembro de 1867, em Campinas (Correio Paulistano, 13 de outubro de 1867, primeira colunaCorreio Paulistano, 18 de janeiro de 1868, segunda coluna; Gazeta de Campinas, 1º de dezembro de 1870, primeira colunaGazeta de Campinas, 6 de janeiro de 1870, penúltima coluna).

1870 – Anunciou que a especialidade da Photographia Campinense, a mais antiga da província, era o processo novo de Crozat, belíssimos retratos a cores. Tira-se retratos todos os dias mesmo nos chuvosos, às horas do costume. (Gazeta de Campinas, 1º de janeiro de 1870, primeira coluna; Gazeta de Campinas, 27 de fevereiro de 1870, segunda coluna).

 

 

1871 - Anunciou a Photographia Campinense como a mais antiga da província (Gazeta de Campinas, 1º de janeiro de 1871, segunda coluna).

 

 

Foi um dos subscritores da obra humanitária em favor dos franceses vítimas da guerra franco-prussiana (Gazeta de Campinas, 19 de março de 1871, última coluna).

Anunciou a produção de retratos Bombés, novo processo, e também a produção de retratos de cavaleiros montados, em qualquer tamanho, tendo para isso os arranjos necessários (Gazeta de Campinas, 6 de abril de 1871, primeira coluna; Gazeta de Campinas, 31 de agosto de 1871, última coluna).

1872 – O retratista e pintor a óleo J. Stewart, de passagem em Campinas, anunciou que provas de seu trabalho estariam disponíveis na Photographia Campinense. O artista estava hospedado no Hotel Oriental (Gazeta de Campinas, 28 de março de 1872, segunda coluna; Gazeta de Campinas, 2 de maio de 1872, primeira coluna).

Rosén anunciou a chegada da Europa de um bonito sortimento de tudo o que pertence à arte fotográfica a seu estabelecimento. Chamava atenção para os retratos em cartão Victoria (Gazeta de Campinas, 19 de maio de 1872, segunda coluna).

 

 

Reproduziu em cartão o retrato a óleo de Joaquim Saldanha Marinho (1816 – 1895), que havia sido governador de São Paulo. O trabalho foi feito pelo sistema mezzo-tinto (Gazeta de Campinas, 15 de setembro de 1872, primeira coluna).

Anunciou uma grande redução nos preços de retratos. Destacava que os processos Victoria e Mezzo-Tinto só eram realizados, em Campinas, no seu estabelecimento  (Gazeta de Campinas, 8 de dezembro de 1872, segunda coluna).  

1873 - Publicou uma mensagem do Consulado Geral da Suécia e da Noruega no Rio de Janeiro: havia sido comissionado para receber de todos os suecos e noruegueses que vivessem em Campinas e em suas redondezas uma declaração de submissão ao rei Oscar II (1829 – 1907), que havia iniciado seu reinado em setembro de 1872. Para tal, dispunha de formulários (Gazeta de Campinas, 10 de janeiro de 1873).

 

 

Foi elogiado por sua inteligência e critério profissionais (Gazeta de Campinas, 1º de novembro de 1873, última coluna).

 

 

1875 – Anunciou que devido aos melhoramentos no salão de vidro da Photographia Campinense seriam tirados retratos das 7 horas da manhã às 5 horas da tarde, sendo preferíveis os dias cobertos e chuvosos. Anunciou também a filial do ateliê em São João do Rio Claro, na rua do Commercio, 20 (Gazeta de Campinas, 6 de janeiro de 1875).

Declarou que não tinha nenhuma dívida e que não se responsabilizaria por nenhuma compra feita em seu nome. Pedia que quem se considerasse seu credor se apresentasse a ele até 15 de maio (Gazeta de Campinas, 9 de maio de 1875, última coluna).

Chegou ao Rio de Janeiro, vindo de Santos, no paquete a vapor Conde d´Eu (Jornal do Commercio, 23 de maio de 1875, última coluna). Foi anunciada sua partida e também a de Augusta Florence (1859 – ?), filha do francês Hercule Florence (1804 – 1877), inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo – que morava em Campinas desde 1829 – e da alemã Carolina Krug (1828 – 1913), para a Europa. Ela iria aperfeiçoar seus estudos na Alemanha (Gazeta de Campinas, 27 de maio de 1875, penúltima coluna).

A Photographia Campinense anunciava a venda de vistas lindíssimas da cidade (Gazeta de Campinas, 1º de agosto de 1875, segunda coluna).

Retornou da Europa no paquete inglês Mondego (O Globo, 20 de novembro de 1875, última coluna). Anunciou que que havia estudados os principais estabelecimentos fotográfico de Londres, Paris e Berlim e que estava prestes a receber “grande sortimento de tudo que pertence à minha arte“. Informava também ter comprado o processo Lambertypie, que produzia “retratos grandes, sem retoques, de um efeito belíssimo” e mencionava todas as técnicas de que dispunha seu ateliê. Outra novidade foi a aquisição de uma câmara solar, como era então conhecida a “machina de augmentar retratos”, que o tornou pioneiro nessa técnica no Brasil. Seu ateliê ficava na rua Direita, nº 50 e possuia numerosas galerias abertas à visitação. Chamava atenção para o fato de que algumas técnicas de que seu ateliê dispunha não haviam sido introduzidas disponíveis na capital do Império. (Correio Paulistano, 8 de dezembro de 1875Almanach Litterario Paulista para 1876, 1875).

 

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1876 – Contratou seu irmão, Carlos Rosén, como auxiliar de seu ateliê.

1878 –  Contratou o pintor austríaco Ferdinand (Fernando) Piereck  (1844 – 1925) para trabalhar em seu ateliê fotográfico em Campinas. Ferdinand é o pai do fotógrafo Louis Piereck (1880 – 1931).

Chegou ao Rio de Janeiro, com sua mulher, Luiza, no vapor alemão Santos (O Cruzeiro, 28 de julho de 1878, terceira coluna).

1879 – O prussiano Jacques Vigier (1839 – ?), que havia chegado no Brasil em 1861, foi  sócio de Rosén, entre esse ano e 1880, quando fundou a Photographia de Jacques Vigier, na mesma rua Direita onde ficava o estabelecimento de Rosén.

1880 – Informava que havia chegado da Europa há pouco tempo. No anúncio, seu estabelecimento ficava na rua Direita, 48, e tinha o nome de Photographia Campineira. O “retrato em tamanho natural” continuava sendo uma das atrações e Rosén também oferecia tecnologia para retratos coletivos e de crianças, além de Retratos Boudoir e Promenade, há pouco introduzidos em Paris, o que conferia a seu estabelecimento uma aura de elegância e modernidade. Prometia a partir da foto-pintura, “retratos coloridos a pastel, tamanho grande, reproduzidos de qualquer retrato antigo, por mais estragado que esteja” (Almanach Campinense, 1880). No mesmo local, Rosén vendia pianos fabricados para o clima do Brasil (Almanach Campinense, 1880).

 

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1881 – Rosén  tornou-se sócio de B. Munchs.

Expôs na Casa Garraux, em São Paulo, uma coleção de retratos da atriz Lucinda (Correio Paulistano, 15 de novembro de 1881, última coluna).

1882 – A Fotografia Campineira abriu uma filial em Santos, nas instalações do estúdio do fotógrado Augusto Pinto de Oliveira (18? – ?) (Diário de Santos, 16 de abril de 1882; Diário de Santos, 7 de maio de 1882). Meses depois, em um anúncio, Rosén agradecia às “as pessoas que honraram com a sua confiança” a permanência de um representante seu na cidade, acrescentando que esperava que “sua volta no próximo ano” tivesse “a mesma aceitação” (Diário de Santos, 5 de setembro de 1882). Uma curiosidade: havia na cidade a chapelaria de Friederich Hempel, cuja vitrine era disputada pelos fotógrafos, dentre eles, Rosén (Diário de Santos, 13 de maio de 1882).

1883 -  B. Munchs foi sucedido pelo alemão Julius Nickelsen na sociedade com Henrique Rosén. Nickelsen havia trabalhado na casa Henschel & Benque, no Rio de Janeiro, entre 1878 e 1883.

 

 

1884 – Nickelsen e o português Bernardino Francisco Ferreira compraram a Photographia Campineira de Rosén e mudaram o nome do estabelecimento para Photographia Campinense. Bernardino havia trabalhado como funcionário do ateliê do fotógrafo açoriano Christiano Junior (1832 – 1902) – entre 1866 e 1870 – e também de Henschel & Benque – entre 1870 e 1884 -, ambos no Rio de Janeiro.

1890 - Em janeiro, Rosén foi nomeado cônsul do Brasil da Suécia e da Noruega e passou a residir em Estocolmo (Relatório do Ministério das Relações Exteriores, 1891Jornal do Brasil, 12 de junho de 1891, primeira coluna). A nomeação deveu-se, provavelmente, ao relacionamento de Rosén com dois campineiros que faziam parte do governo de Deodoro da Fonseca: o ministro da Justiça, Campos Salles (1841 – 1913); e o ministro da Agricultura, Francisco Glicério Cerqueira Leite (1846 – 1916) (Jornal do Brasil, 12 de junho de 1891, primeira coluna).

1891 –  Informou ao ministro da Agricultura que o número de imigrantes da Suécia para o Brasil seria avultado, a seu ver, devido à decisão do governo brasileiro de lhes dar passagens gratuitas  (O Tempo, 22 de maio de 1891, sexta coluna; Jornal do Brasil, 12 de junho de 1891, primeira coluna).

1892 – Falecimento de Rosén, em 5 de janeiro. No mesmo ano, sua mulher, Lovisa Mathilda Ladau, também faleceu.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Enciclopédia Itaú Cultural

FERREIRA, Dirceu Franco. Narrando viagens e invenções. Hercule Florence: amigo das artes na periferia do capitalismo. São Paulo : Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, volume 2, julho/dezembro 2014.

FERREZ, Gilberto. A Fotografia no Brasil: 1840-1900 / Gilberto Ferrez; [prefácio por Pedro Vasquez] – 2ª ed. – Rio de Janeiro: FUNARTE: Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

TAUNAY, Afonso d’Escragnolle. Mémorias de Hércules Florence, in Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 20 janeiro 1946.

KOUTSOUKOS,Sandra Sofia Machado. No estúdio do fotógrafo: representação e autorepresentação de negros livres, forros e escravos no Brasil da segunda metade do século XIX. / Sandra Sofia Machado Koutsoukos . – Campinas, SP: [s.n.], 2006.

LAPA, José Roberto do Amaral Lapa. A cidade: os cantos e os antros : Campinas, 1850-1900. São Paulo ; Editora da Universidade de São Paulo, 1996.

REY, Luis Roberto Saviani. Retiro antes de Laguna em Campinas. Campinas : Ponte Editores, 2013.

Site Fundação Getulio Vargas

Site Novo Milênio

TURAZZI, Maria Inez. Poses e trejeitos: a fotografia e as exposições na era do espetáculo: 1839/1889. Prefácio Pedro Karp Vasquez. Rio de Janeiro: Funarte. Rocco, 1995. 309 p., il. p&b. (Coleção Luz & Reflexão, 4). ISBN 85-85781-08-4.

 

A fotografia abaixo foi um dos fatores que motivou Marco Aurélio de Camargo Marques a pesquisar a genealogia de sua família. Nela, está retratado seu bisavô, Eulalio Augusto Alves de Camargo (1864 – 1940). Marco Aurélio contribuiu para esse artigo com algumas informações biográficas de Rósen: data exata e local de seu nascimento, data de seu casamento e nome completo da cônjuge. A Brasiliana Fotográfica agradece, publica e credita sua colaboração. *

 

Retrato produzido por Henrique Rósen, 1882.  Campinas, SP

Henrique Rósen. Eulalio Augusto Alves de Camargo (sentado) ao lado do cunhado João Franco Bueno, 1882. Campinas, SP

 

* Esse parágrafo foi inserido em 6 de julho de 2021.

O indígena no acervo da Brasiliana Fotográfica

Os indígenas brasileiros foram retratados por diversos fotógrafos do século XIX, muitos deles representados no acervo da Brasiliana Fotográfica que hoje, Dia do Índio, destaca esses registros. São imagens produzidas por Albert Frisch (1840 – 1918)Dana B. Merril (1887 – 19?)Felipe Augusto Fidanza (c.1847 – 1903), Franz Keller  (1835-1890), Hercule Florence (1804 – 1879), Marc Ferrez (1843 – 1923)Vincenzo Pastore (1865 – 1918)Walter Garbe (18? – 19?), e também por fotógrafos ainda não identificados.

Segundo Fernando Tacca, as fotografias dos indígenas brasileiros no século XIX :

‘…demonstram inicialmente uma presença exótica dos nativos nos trópicos, muito similar a muitas outras produções, a uma necessidade de alimentar o gabinete de curiosidades do mundo europeu sobre povos distantes e “primitivos”. Enjaulados em exposições presenciais, foram domesticados pela fotografia de estúdio, na qual o fotógrafo foi o articulador cênico de uma representação deslocada da cultura nativa’.

Também no século XIX, foi produzida por viajantes e expedicionários uma iconografia que revelou à sociedade ocidental um mundo de outras raças. Alguns desses viajantes tinham formação em ciências humanas e naturais e se preocupavam em utilizar a imagem fotográfica das etnias tradicionais dentro do âmbito científico, indo além da simples fetichização do exótico. Segundo Tacca, os fotógrafos do século XIX … transitam entre o exótico distante e uma primeira tentativa de presença etnográfica como informação…

 

Acessando o link para as fotografias de indígenas disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

O Dia do Índio foi instituído no Brasil pelo Decreto-lei nº 5.540, de 02 de junho de 1943, durante o governo de Getulio Vargas (1882 – 1954), tendo sido assinada pelo próprio e pelos ministros Apolônio Sales (1904 – 1982), da Agricultura, e Oswaldo Aranha (1894 – 1960), das Relações Exteriores. Desde então a data é comemorada com solenidades, atividades educacionais e divulgação das culturas indígenas. A primeira celebração da data no Brasil teve sua organização orientada pelo general Cândido Rondon (1865 – 1958) – futuro marechal -, na época presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio (Correio da Manhã, 19 de abril de 1944, última colunaO Cruzeiro, 26 de maio de 1946).

 

 

A data, 19 de abril,  foi escolhida durante o 1º Congresso Indigenista Interamericano, reunido em Patzcuaro, no México, entre 14 e 24 de abril de 1940 (Correio da Manhã, 4 de abril de 1940, quarta coluna). O professor Edgard Roquete Pinto (1884 – 1954) foi o representante do Brasil (Correio da Manhã, 6 de abril de 1940, terceira colunaDiário de Notícias, 26 de maio de 1940, quarta coluna e Jornal do Brasil, 25 de maio de 1940, primeira coluna). Na sessão inaugural do evento foi lida uma carta do presidente dos Estados Unidos, Frank Delano Roosevelt (1882 – 1945). Durante o congresso, cujo objetivo foi a discussão de políticas pelos direitos dos povos indígenas na América, foi aprovada uma recomendação proposta por delegados indígenas de quatro países: Chile, Estados Unidos, México e Panamá.

Essa recomendação, de nº 59, propunha:

1. o estabelecimento do Dia do Índio pelos governos dos países americanos, que seria dedicado ao estudo do problema do índio atual pelas diversas instituições de ensino;

2. que seria adotado o dia 19 de abril para comemorar o Dia do Índio, data em que os delegados indígenas se reuniram pela primeira vez em assembléia no Congresso Indigenista. Todos os países da América foram convidados a participar dessa celebração.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Hemeretoteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002

MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. Estou aqui. Sempre estive. Sempre estarei. Indígenas do Brasil. Suas imagens (1505-1955). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012

Site do Museu do Índio

Site O índio na fotografia brasileira

TACCA, Fernando de. O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio. História, ciências, saúde – Manguinhos – Vol. 18, nº 1, p.191-223. Rio de Janeiro., 2011

O francês Hercule Florence (1804 – 1879), inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo

O fotógrafo, desenhista, tipógrafo e naturalista francês Antoine Hercule Romuald Florence (1904 – 1879) já foi tema da Brasiliana Fotográfica no texto Florence, autor do mais antigo registro fotográfico existente nas Américas, publicado em 17 de junho de 2015. Agora, além de destacar esse fato tão importante na história da fotografia, o portal oferece a seus leitores um perfil e uma cronologia de Florence, desde seu nascimento, em Nice, em 28 de fevereiro de 1804, até sua morte, em Campinas, em 27 de março de 1879. Inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo, Florence foi, certamente, um dos mais interessantes e notáveis estrangeiros que se estabeleceu no Brasil, no século XIX. Viveu no país entre 1824 e 1879, quando faleceu. Segundo seu biógrafo Estevão Leão Bourroul (1859 – 1914), a vida de Florence é a narração singela e comovente das peripécias, das descobertas, das viagens, que constituem uma das páginas mais interessantes dos anais contemporâneos. 

Acessando o link para as imagens de Hercule Florence disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

De fato, o companheiro de Langsdorff e de Adriano Taunay, o continuador de Lacerda e Almeida, o êmulo dos bandeirantes paulistas, o inventor da poligrafia, do papel inimitável, da stereopintura, o descobridor, antes de Niépce e de Daguerre, da fotografia, o artista genial da zoofonia, e da nória hidropneumática ou hidrostática, é um desses vultos surpreendentes cuja originalidade, lhanesa e múltipla capacidade prendem e fixam de modo vivíssimo a atenção do historiador, despertando o entusiasmo do filósofo e do patriota, e são destinados , vencendo o mercantilismo da atualidade, a transpor os umbrais da severa e justa posteridade’ (Bourroul, 1900)

 

Retrato de Hércules Florence

Anônimo. Hercule Florence, c. 1875. Campinas, São Paulo / Coleção de Arnaldo Machado Florence.

 

Florence participou de 1825 a 1829 da Expedição Langsdorff e seus desenhos são considerados excelentes. Registrou a natureza e os índios das regiões que atravessou. O diário minucioso que realizou da viagem traz algumas das mais importantes informações da expedição. A Expedição Langsdorff foi uma expedição russa, chefiada e organizada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff (1774 – 1852). Artistas e cientistas, percorreram, entre 1821 e 1829, mais de 17 mil quilômetros pelo interior do Brasil e realizaram um importante inventário do país. Alguns dos principais participantes foram, além do próprio Langsdorff e Florence, o artista francês Aimé-Adrien Taunay (1803 – 1828) e o alemão Johan Moritz Rugendas (1802 – 1858), os zoólogos francês Edouard Ménétriès (1802 – 1861) e o alemão Christian Friedrich Hasse (1771 – 1831), o astrônomo russo Néster Rubtsov (1799-1874) e o botânico alemão Ludwig Riedel (1790 – 1861).

 

Autorretrato de Hercule Flrence, 1855. Detalhe de um retrato de sua família, em Campinas

Autorretrato de Hercule Florence, 1855. Detalhe de um retrato de sua família, em Campinas

 

O método fotográfico de Florence foi comprovado cientificamente pelo pesquisador brasileiro e emérito historiador da fotografia brasileira Boris Kossoy (1941 – ), entre 1972 e 1976. Em meados de 1976, foi testado, com sucesso, nos laboratórios do Rochester Institute of Technology, nos Estados Unidos, sob a chefia do professor Thomas Hill. Em outubro do mesmo ano, a pesquisa de Kossoy foi apresentada no III Simpósio da História da Fotografia, na George Eastman House, em Rochester. Foi a partir da pesquisa e do teste realizados por Kossoy, aos quais se seguiu a publicação, pelo pesquisador brasileiro, do livro “1833: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil” (1980), que Hercule Florence tornou-se internacionalmente conhecido.

Publicado nos Anais do Museu Paulista de dezembro de 2019 o artigo Revelando Hercule Florence, o Amigo das Artes: análises por fluorescência de raios X.  A física Márcia de Almeida Rizzutto, coordenadora do NAP-Faepah, atestou, com a ajuda do método conhecido como fluorescência de raios X por dispersão de energia (ED-XRF) para detectar a presença de elementos químicos que os manuscritos de Florence descrevem fielmente os processos de produção fotográfica por ele testados em 1833. Segundo Kossoy, foi a comprovação física daquilo que já se sabia do ponto de vista químico.

 

 

A imagem acima, dos rótulos de farmácia, pertencente ao acervo do Instituto Moreira Salles, integra uma pequena série de desenhos impressos fotograficamente produzida por Florence, que são os mais antigos registros fotográficos nas Américas.

 

Cronologia de Antoine Hercule Romuald Florence (1804 – 1879)

 

 

1804 - Antoine Hercule Romuald Florence nasceu, em Nice, na França, em 29 de fevereiro, segundo escreveu em seu diário. Na verdade, essa seria a data de seu batismo. Já o autor William Luret achou a certidão de nascimento de Florence que indicaria o dia 9 de março como a data do nascimento. Foi um erro de leitura. Na verdade, o documento oficial de seu nascimento diz: “Do dia 8 Ventoso (Du Huit Ventôse), ano 12 da República Francesa Certidão de nascimento de Romuald Florence, nascido em Nice esta manhã, duas horas depois da meia-noite, filho de Arna[ud] Florence, professor de desenho em escolas secundárias que mora na rue la raison, e Augustine Vignali…” Du Huit Ventôse ao ser convertido para o calendário atual confirma que a data de nascimento de Hercule Florence é dia 28 de fevereiro de 1804.  Seu nome foi uma homenagem a Port Hercule, como se chamava Mônaco na época. Foi o quinto filho de um médico militar nascido em Toulouse, Arnaud Florence (1749 – 1807), que também foi professor de desenho da Academia de Belas Artes de Toulouse, e de Augustine de Vegnalys (1768 – 1857), de Mônaco. Eles se casaram em 2 de março de 1793 e tiveram seis filhos: Claudine-Herculine (1794 – 1796), Jean-Baptiste (1796 – 1799), Antoine Fortuné (1799 – 1865), Emmanuel (1802 – ?), Antoine Hercule (1804 – 1879) e Célestine (1805 – ?). Com exceção de Claudine-Herculine, que nasceu em Mônaco, todos os filhos do casal nasceram em Nice*.

 

1807 - Com o falecimento de seu pai, mudou-se com a família para Ventimiglia, comuna italiana da região da Ligúria, e depois para Mônaco.

c. 1818 - Trabalhou como desenhista e calígrafo, recebendo encomendas das autoridades de Mônaco.

1820 – Dedicou-se ao estudo de Matemática e Física. Nesta época leu o livro Robinson Crusoé (1719), do escritor inglês Daniel Dafoe (1660 – 1731), que despertou seu desejo de viajar pelos oceanos. Com um dinheiro dado por sua mãe, embarcou para Bruxelas e Antuérpia, onde apresentou na Werbronck House uma carta de recomendação, provavelmente, de um banqueiro. Não conseguiu o emprego e retornou para Mônaco andando. Foi preso porque seu documento monegasco não foi aceito em território francês. Em troca de sua liberdade, pintou os retratos de dois policiais franceses.

1822 - Foi para Nice, onde apresentou-se ao cônsul francês com o intuito de alistar-se na Marinha Real Francesa. Embarcou na galeota francesa La Torche, que seguiu para a cidade de Toulon.

1823 A bordo do navio Marie Thérèze, comandado pelo capitão Claude du Camp de Rosamel, trabalhou a bordo como copista de plantas das fortificações espanholas. Integrava a expedição francesa em apoio a Fernando VII (1784 – 1833), da Espanha, e participou da batalha de bloqueio a Barcelona.

Após a missão, a fragata permaneceu ancorada por aproximadamente quatro meses em Toulon. Durante este período, Florence  realizou exercícios de desenho e alguns retratos.

Idealizou uma bomba para puxar água, que denominou de nória hidrostática.

Em 31 de julho, foi expedido seu passaporte pelo Principado de Mônaco.

1824 - Em fevereiro, zarpou no navio Marie Thérèze, ainda sob o comando do capitão Rosamel, numa viagem pelo mundo e quarenta e cinco dias depois, chegou ao Rio de Janeiro, em abril. O navio partiu do Rio de Janeiro, em 1º de maio de 1824, mas Florence permaneceu na cidade (Império do Brasil – Diário do Governo, 5 de maio de 1824, segunda coluna).

Começou a trabalhar como caixeiro numa casa comercial especializada em roupas, do francês Pierre Dillon, antigo secretário de  Joachim Le Breton (1760 – 1819), chefe da Missão Artística Francesa .

1825 - Trabalhou por cerca de quatro meses na livraria e tipografia do francês Pierre Plancher (1764 – 1844), sendo responsável pela execução de diversas litografias. A tipografia ficava na Rua do Cano, atual Rua Sete de Setembro. Pierre René François Plancher de La Noé havia fugido da França por sua convicção bonapartista, já que a Restauração havia levado Luís XVIII ao trono francês. Instalou-se no Rio de Janeiro, em 1824, para onde trouxe todo o equipamento necessário para montar uma tipografia, além de alguns trabalhadores que sabiam manejar prensas e imprimir livros. Foi Plancher que fundou, em 1827, o Jornal do Commercio. Antes já havia lançado um guia de ruas do Rio de Janeiro, um guia para estrangeiros na cidade, um manual de conversação francês-inglês, o Almanack Plancher, o Spectador Brasileiro, a Revista Brasileira “das ciências, artes e indústria” e o Propagador das Ciências Médicas (Spectador Brasileiro, 4 de julho de 1825).

A partir de um anúncio de jornal, Florence candidatou-se a participar em uma viagem acompanhando um naturalista e, como segundo desenhista, integrou-se à expedição científica de Georg Heinrich von Langsdorff (1774 – 1852). O primeiro desenhista era Adrien Taunay (1803 – 1828) que, durante a expedição, em 1828, morreu afogado quando tentava atravessar a cavalo o rio Guaporé, em Mato Grosso – ele havia substituído Johan Moritz Rugendas (1802 – 1858), que havia participado da expedição entre 1821 e 1824.

 

 

Em 3 de setembro, Florence partiu a bordo da sumaca Aurora, juntamente com Langsdorff, Adrien Taunay , o astrônomo e oficial da marinha russa Nester Rubtsov (1799 – 1874), o zoólogo Christian Hasse (1771 – 1831) e o botânico Lüdwig Riedel (1791 – 1861), tendo como destino a Vila de Santos. Depois de permanecer por aproximadamente 20 dias na cidade separou-se dos demais membros da expedição e seguiu numa piroga para Cubatão. Durante a viagem executou desenhos do litoral paulista (Império do Brasil: Diário Fluminense, 7 de setembro de 1825, primeira coluna).

Em Itu, conheceu as obras do frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764 – 1819) e também as decorações feitas por José Patrício da Silva Manso (c. 1753 – 1801).

1826 – Passou cinco meses na casa do médico e político Francisco Álvares Machado e Vasconcellos (1791 – 1846), em Porto Feliz, quando conheceu sua filha, Maria Angélica (1815 – 1850), com quem viria a se casar, em 1830.

Em 22 de junho, partida da Expedição Langsdorff do porto no Rio Tietê, em Porto Feliz, para o norte do Brasil. Um dos organizadores da viagem foi Francisco Álvares Machado e Vasconcellos, o anfitrião e futuro sogro de Florence. Percorreu os rios Tietê, Paraná, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço, Cuiabá, Preto, Arinos, Juruena, Tapajós e Amazonas. Retornou de Belém, pela costa brasileira, até chegar ao Rio de Janeiro, em 10 de março de 1829. O diário de bordo feito por Florence, Esboço da Viagem feita pelo Sr. Langsdorff ao interior do Brasil, desde setembro de 1825 até março de 1829, foi  traduzido pelo visconde de Taunay (1843 – 1899) e publicado em 1875, pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, sendo que, posteriormente, com o título Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas – 1825- 1829, teve várias edições comerciais.

1827 – A Expedição Langsdorff chegou em Cuiabá em 30 de janeiro, onde ficou até dezembro. No período, Florence desenhou os Bororós, os Guató e outros povos originários.

1828 – A expedição se separou. Florence seguiu com Langsdorff e Rubtsov nos rios Arinos, Juruena e Tapajós. Langsdorff adoeceu. Chegaram em Belém, em 10 de novembro.

1829 - De volta ao Rio de Janeiro, em 19 de março, Florence, como parte de suas Memórias, escreveu os manuscritos de seu tratado intitulado Zoophonia. 

Deu à família de Adrien Taunay (1803 – 1828), o diário que escreveu durante aExpedição Langsdorff.

 

 

 

Convidado por seu amigo, o médico e político Francisco Álvares Machado e Vasconcellos (1791 – 1846), fixou residência na Vila de São Carlos, atual Campinas.

1830 - Passou a dedicar-se aos estudos de impressão com o intuito de publicar seu tratado sobre Zoophonia e cerca de 200 desenhos executados durante a expedição. Nesse processo, descobriu uma nova maneira de obter a impressão, que recebeu o título de Polygraphie – Poligrafia.

No dia 4 de janeiro de 1830, na Igreja da Sé em São Paulo, casou-se com Maria Angélica Vasconcellos, natural de Itu, filha de Francisco Alvares Machado e Vasconcellos. O casal teve 13 filhos, todos nascidos em Campinas: Amador Bueno (1831 – ?), Celestina (1832-?), Adelaide (1834 – 1834), Francisco (1835 – 1836), Francisco (1837 – 1904), Cândida (1839- 1901), Antônio Hércules (1841 – 1916), Arnaldo (1843 – 1845), Angélica (1844 – ?), Arnaldo (1846 – 1872), Paulo (1847 – ?) e Ataliba (1849 – 1849).

Florence, identificado como pintor retratista, residia na rua das Flores, 53. Anunciou aulas de pintura em sua casa ou nas casas das alunas. Também anunciou a venda de retratos de alguns deputados e de vistas de Itu e do Salto de Itu por preços cômodos (O Farol Paulistano, 8 de junho de 1830, na segunda coluna).

Redigiu entre os meses de julho e outubro o manuscrito Etudes de Ciels, À L’usage des jeunes paysagistes.

1831 – Abriu uma loja de tecidos em Campinas. A tipografia R. Orgier, no Rio de Janeiro, publicou o manuscrito do tratado de Zoophonia, Recherche sur la voix des animaux, ou essai d’un nouveau suject d’ètudes, offert aux amis de la nature.

 

‘Mineralogia é estudo da natureza passiva.
Zoologia é estudo da natureza ativa.
Zoofonia é estudo da natureza falante’.

Do Rio de Janeiro, enviou à França, através de Edouard Pontois (Encarregado de Negócios de França), o manuscrito onde detalhava os processos da poligrafia, acompanhado por duas provas poligrafadas.
1832 - De volta à Vila de São Carlos (Campinas), executou trabalhos de pintura, que ele intitulou Tableaux Transparents de Jour. A inovação técnica deste trabalho consistiu na execução de um grande número de furos de minúsculo diâmetro sobre o desenho original nas áreas que representariam luzes ou reflexos na imagem pictórica. Apreciados em um local escuro com a luz solar incidindo através de um foco dirigido, apenas sobre a pintura, resulta numa projeção exata da imagem pictórica original. Foi noticiado: Hercules Florence, inventor de um novo processo Autográfico, participa às pessoas que quiserem ter um certo número de exemplares do seu retratos para repartir entre parentes e amigos, que ele faz o original pelo preço de 3$200 e e imprime os exemplares a 320 rs cada um (O Novo Farol Paulistano, 11 de janeiro de 1832, segunda coluna).
1833 –  Obteve no início do ano, através do uso de uma câmera escura, a primeira fixação de imagem em papel, utilizando o nitrato de prata. Não teria eu iniciado a arte mais do que maravilhosa de desenhar qualquer objeto, sem dar-me ao trabalho de o fazer com a própria mão?, indagou Florence, em 24 de junho de 1833, em seu diário Livre d’annotations et de premiers matériaux, referindo-se a suas pesquisas e experimentos no campo da fotografia, que o haviam levado a inventar, ele também e no Brasil, um processo de criação fotográfica.
1834 –  Também em seu Livre d´annotations et les premiers matériaux, em 1834, Florence usou pela primeira vez o verbo photographier –  cinco anos antes da palavra ser utilizada na Inglaterra, em 1839, por John Frederick William Herschel (1792-1871). Florence deixou uma descrição do procedimento adotado por ele para obter o registro fotográfico, em 1833.
1836 – Em viagem ao Rio de Janeiro, Florence adquiriu uma tipografia para conseguir executar o grande número de encomendas impressas que recebia. Começou suas pesquisas em direção à descoberta do papel inimitável (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1837 -  Executou, a pedido do governo, um mapa itinerário da província de São Paulo, impresso através do sistema de poligrafia.

Entre esse ano e 1859, redigiu sua biografia, intitulada L’Ami des Arts livre à lui-même ou Recherches et découvertes sur différents sujets nouveaux. O texto trazia informações biográficas, notas e ilustrações de seus inventos. O manuscrito, de 423 páginas, foi redigido quase todo em francês e é um compêndio ilustrado da vida e da obra de Florence. Traz a descrição de suas experiências e os fatos principais de sua vida, incluindo a versão mais completa do relato da viagem fluvial empreendida pela Expedição Langsdorff.

1838 -  Instalou no Largo da Matriz a primeira tipografia da Vila de São Carlos.

1839 - Redigiu em março o manuscrito De La Compression du Gaz Hydrogéne, apliquée à la direction des aérostats

A velocidade com que a notícia do invento do daguerreótipo chegou ao Brasil é curiosa: cerca de 4 meses depois do anúncio da descoberta – em 7 de janeiro de 1839 -, foi publicado no Jornal do Commercio, de 1º de maio de 1839, sob o título “Miscellanea”, na segunda coluna, um artigo sobre o assunto – apenas 10 dias após de ter sido o tema de uma carta do inventor norte-americano Samuel F. B. Morse (1791 – 1872), escrita em Paris em 9 de março de 1839, para o editor do New York Observer, que a publicou em 20 de abril de 1839. Foi lendo o artigo do Jornal do Commercio que Florence tomou conhecimento da descoberta da fotografia realizada pelo francês Louis Jacques Mandé Daguerre (1787 – 1851).

Florence redigiu, em maio, o manuscrito Sur L’impression des tableaux à huile, ou estampes coloriées. Em junho, redigiu o manuscrito  Fabrication au Métier des Chapeaux du Chili, et toute espèce de chapeaux de paille

Os periódicos Phoenix , 26 de outubro de 1939, e o Observador Paulistano, publicaram um artigo onde Hercule se posicionou diante da descoberta da fotografia na Europa e reafirmou o caráter inventivo de seus trabalhos referentes à poligrafia e à fotografia.  O Jornal do Comércio, 29 de dezembro de 1839, publicou a transcrição do artigo (Jornal do Commercio, 29 de dezembro de 1839, primeira coluna).

1840 – Publicação de uma carta escrita por Hercule Florence onde ele comunicou a descoberta da poligrafia e mencionou a possibilidade de ter sido um dos descobridores da fotografia (Jornal do Commercio, 10 de fevereiro de 1840, na terceira coluna).

 

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                                        Jornal do Commercio, 10 de fevereiro de 1840

 

Foi anunciada a possível publicação de um ensaio sobre a impressão do papel moeda por um processo totalmente inimitável, de autoria de Florence (O Despertador, 29 de fevereiro de 1840, terceira coluna).

Florence convidou os artistas do Rio de Janeiro e todos os amigos das artes que quisessem se certificar da realidade da descoberta da poligrafia para que fossem examinar uma coleção de 23 impressos poligráficos realizados desde o ano de 1831, em exposição na tipografia do Jornal do Commercio. Florence também descreveu o processo e termina afirmando:

Nisto consiste o segredo da importante descoberta da poligrafia: não se sabe qual deve admirar-se mas, se a simplicidade do meio que se emprega, se a grandeza do resultado que se obtém(Jornal do Commercio, 16 de março de 1840, na terceira coluna)

1841 - A tipografia Costa Silveira publicou Ensaio sobre a impressão das Notas de Banco por um processo totalmente inimitável.

1842 - Identificado como italiano, partiu do Rio de Janeiro a bordo do navio Bom Fim, com destino a Santos (Jornal do Commercio, 12 de fevereiro de 1842, na última coluna).

Fundou, em Sorocaba, juntamente com o padre Diogo Antonio Feijó (1784 – 1843), o jornal revolucionário O Paulista. Teve curta duração, tendo sido publicado em 27 e 31 de maio e em 8 e 16 de junho de 1842.

1843 – A Academia de Ciências e Artes de Turim declarou, em sessão realizada em 8 de janeiro, que o processo de impressão de notas bancárias inimitáveis merecia a proteção do governo da Sardenha. A Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em sessão realizada em 22 de novembro, através de uma comissão estabelecida pela Congregação de Lentes da instituição, se pronunciou favoravelmente à descoberta do novo processo de impressão de notas inimitáveis. Compunham esta comissão Auguste-Henri-Victor Grandjean Montigny (1776 – 1880), Zepherino Ferrez (1797 – 1851), pai do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923); e seu aluno José da Silva Santos.

1844 – Há informações de que o periódico O Anuário era impresso nas oficinas de Florence.

Obteve os primeiros ensaios sofríveis do papel inimitável e os remeteu à Academia Brasileira de Belas-Artes, que nomeou uma comissão cujo parecer foi muito animador para Florence (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1848 Desenvolveu um processo de simplificação do trabalho de composição tipográfica, intitulado Typos-syllabas, que se constitui a partir da união de cada uma das consoantes com uma vogal, formando sílabas em um único tipo.

Publicou em sua tipografia um memorial intitulado Emprego dos Typos-syllabas.

Realizou uma impressão que foi um verdadeiro adiantamento no processo do desenvolvimento do papel inimitável (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1849 -  O Ministério do Império remeteu a Bernardo José da Gama, o visconde de Goyana (1782 – 1854), inspetor da Caixa de Amortização, 8 exemplares de um papel descoberto ou inventado por Hercules Florence, morador em Campinas, na província de S. Paulo, para que, depois de examinado o dito papel na caixa de amortização, informe se o acha próprio para os usos a que é destinado, mormente para dele se fazerem notas (Correio Mercantil Instrutivo, Político,Universal, 31 de janeiro de 1849, primeira coluna). A Caixa de Amortização, criada pela Lei Imperial de 15 de novembro de 1827, administrava a dívida interna emitindo, amortizando, resgatando e substituindo apólices, além do pagamento de juros da dívida.

No expediente do Ministério do Império foi avisado que havia sido enviado ao ministro da Fazenda para tomar na consideração que merecer o ofício do presidente da província de S. Paulo, de 13 de janeiro último, não só com 8 exemplares de um papel inimitável que Herculano Florence diz ser sua invenção, e julga ao abrigo de toda falsificação, como também diversos ofícios relativos a este objeto (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 19 de abril de 1849, segunda coluna).

Anunciou a venda de sua parte na sesmaria de seu falecido sogro, Francisco Alvares Machado e Vasconcellos. Quem quiser comprar pode dirigir-se aos srs Eduardo e Henrique Laemmert, no Rio de Janeiro, ou escrever ao anunciante (Correio Mercantil Instrutivo, Politico, Universal, 30 de novembro de 1849).

 

 

1850 – Falecimento de sua esposa, Maria Angélica.

1851 – Florence enviou ao à sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional algumas amostras de papel e letras inimitáveis tiradas de chapas abertas ao acaso, cujas tintas são pelo autor afiançadas como indeléveis. Elas param em mãos da comissão de ensaio e análise química, e a serem reais os resultados que espera seu autor, é uma descoberta digna da atenção, pela segurança de que seu emprego pode vir ao papel moeda, bilhetes e letras dos bancos, e títulos de segurança empregados nos diversos ramos comerciais (O Auxiliador da Indústria Nacional, 1851).

Florence era o agente, em Campinas, do medicamento Salsaparrilha Bristol (Gazeta Mercantil, 28 de agosto de 1851).

1852 - Idealizou uma sexta forma de arquitetura a qual deu o título de Ordem Brasileira ou Palmiana, baseada na utilização das palmeiras brasileiras, cuja aplicação, de acordo com o tipo da palmeira, se daria na constituição de colunas, capitéis, arcadas e abóbodas.

Era assinante do Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1852).

Era, em Campinas, o agente da Fábrica de Produtos Químicos e Farmacêuticos de Matacavallos (Jornal do Commercio, 6 de setembro de 1852).

1853 – Publicou um folheto poligrafado composto de 16 páginas intitulado Descoberta da Poligrafiadatado de 1º de agosto de 1853.

1854 – Casou-se, em 4 de janeiro, com a alemã Carolina Krug (1828 – 1913), nascida na cidade de Cassel, em 21 de março de 1828. Seu nome de solteira era Caroline Mary Catherine. Carolina estudou Pedagogia na Suíça, no Instituto de Madame Niederer, esposa de um antigo colaborador e amigo de Johann Heinrich Pestalozzi (1746 – 1827), já considerado, na época, um grande pedagogo moderno. Ela migrou para o Brasil, em 1852, acompanhada de pai, mãe e dos irmãos Francisco Guilherme, Henrique e Anna. Saíram de Hamburgo em um navio à vela e a viagem durou cerca de dois meses. O irmão mais velho de Carolina, o farmacêutico Jorge Krug (? – 1875), amigo de Florence, estava, desde 1846, muito bem estabelecido em Campinas, o que atraiu o restante da família. Jorge Krug foi durante muito tempo Vice-Cônsul da Suíça em toda a Província de São Paulo.

Minha mãe, eu vos escrevi uma vez que eu me casaria novamente, mas que não deveria ser logo. No dia quatro de janeiro do ano corrente eu me casei com MIle. Caroline Krug, irmã de meu amigo Jorge Krug, farmacêutico estabelecido há oito anos em Campinas. Ela chegou de Cassel, com seu pai sua mãe e seus irmãos e irmã, e eu fui absorvido por suas qualidades, seu talento e suas maneiras distintas. Tendo feito sua educação durante três anos em um Instituto de jovens moças em Genebra, ela adquiriu um perfeito conhecimento de Francês. Ela sabe a história, a geografia, os elementos de matemática, a pintura e a música. Todas as ocupações de seu sexo. Ela saiu do instituto e foi ser professora em Altona, na Suíça-Holstein. Seu objetivo era de se ocupar do ensino e soube aproveitar disso em alto grau (Carta de Hércules Florence para sua mãe, residente em Nice, Campinas, 10/6/1854)

Florence e Caroline tiveram sete filhos, todos nascidos em Campinas: Ataliba (1855 -?), futuro cônsul do Brasil em Dresden; Jorge (1857 – ?), que formou-se em farmácia em Heidelberg na Alemanha; Augusta (1859 – ?), Henrique (1861 -?), que se formou em Engenharia na Alemanha, os gêmeos Guilherme e Paulo Florence (1864 – ?); e Isabel (1867 – ?).

1855 - Pela primeira vez desde sua chegada à América, Florence retornou à Mônaco para rever a família. Entre esse ano e 1856, adquiriu a Fazenda Soledade, onde foi viver com Carolina Krug. Fundou, em fevereiro de 1856, a colônia Florence. Passou a se dedicar à agricultura (Repartição dos Negócio do Império, 1859).

1857 – Publicação de um pequeno perfil da Colônia Florence, que funcionava em sistema de parceria (Jornal do Commercio, 30 de janeiro de 1857, terceira coluna).

Publicação de uma carta de Florence intitulada “Papel Inimitável”, na qual conta a história de sua descoberta do referido papel e explica os quatro sistemas pelo qual poderia ser produzido. Termina a carta afirmando: Limito-me por agora a estas explicações, que não são mais do que alguns dados sobre uma arte que é tão exata c0omo as ciências matemáticas (Correio Mercantil, Instrutivo, Político, Universal, 5 de novembro de 1857, terceira coluna).

1858 - Estava listado como empresário e possuidor de 18 colonos na província de São Paulo, no Mapa Demonstrativo das Colônias do Existentes do Império, publicada no relatório da Repartição dos Negócio do Império, 1858. A colônia Florence funcionava em sistema de parceria regulada pela casa Vergueiro (Jornal do Commercio, 22 de março de 1858, última coluna).

A Tipographia Commercial, G. Delius, publicou um pequeno folheto composto por 10 páginas, intitulado Invenção da Polygraphia, por Hercules Florence.

Conseguiu aprimorar seu invento de impressões inimitáveis através da adição de um sistema que permitia a fusão de cores. As novas impressões inimitáveis foram expostas ao público durante um ano, no Banco Mauá & C., em Campinas.

Imprimiu em sua litografia o Aurora Campineira, primeiro jornal de Campinas.

1859 - Desenvolveu a Estereopintura, processo através do qual se pode obter maior fidelidade luminosa da execução de pinturas a óleo ou aquarela.

No relatório do comissário do governo, Sebastião Machado Nunes, sobre as províncias de São Paulo, publicada na Repartição dos Negócio do Império, 1859, foi feito um comentário a respeito de colonos suíços da fazenda de Florence.

A colônia Florence tinha 19 colonos, de duas famílias suíças. Cada família cuidava de 5 mil pés de café (Repartição dos Negócio do Império, 1859).

Os filhos de Florence, os empresários Amador Bueno e Francisco, pretendiam estabelecer uma linha de carros de quatro rodas para o transporte de café de Campinas a Santos (A Actualidade, 31 de dezembro de 1859, terceira coluna).

1860 - Desenvolveu a Pulvografia, processo que consiste na reprodução de imagens através da ação da poeira, sem a necessidade do emprego de prensa.

 

 

Redigiu o manuscrito Cellographie.

1861 –  Aprimorou a poligrafia criando a possibilidade da sua realização sem a necessidade do emprego de uma prensa.

1862 - Redigiu o manuscrito Les Intérêtes materiéles. 

Foi noticiado no terceiro volume do Année Scientifique, de Louis Figuier, a invenção da neografia, mesmo invento descoberto por Florence anos antes, que ele batizou de poligrafia (Diário do Rio de Janeiro, 16 de abril de 1862, terceira coluna).

 

 

1863 - Em Campinas, fundou, em novembro, juntamente com sua esposa Carolina Krug Florence, o Colégio Florence, situado na Rua José Paulino e dedicado à educação feminina. Hercule executou um desenho retratando o prédio do colégio. Foi professor de desenho da instituição.

1865 Conheceu Alfredo D’Escragnole Taunay (1843 – 1899), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, que o cognominou de Patriarca da Iconografia Paulista. Na época, a caminho da Guerra do Paraguai, Taunay, com apenas 22 anos, impressionou-se com as histórias e conquistas de Florence, já um sexagenário.

Redigiu o manuscrito Aquarrélographie.

1866 -Redigiu o manuscrito Probléme Poly-Photographique.

1867 – O presidente da província de São Paulo, o conselheiro Joaquim Saldanha Marinho (1816 – 1895) visitou o Colégio Florence, dirigido por Carolina Florence (O Ypiranga, 21 de dezembro de 1867, segunda coluna).

1868 – Foi anunciada a venda de bandeiras brasileiras, na loja dos sr. Pompeu Pacheco C., em Campinas, impressas em ambos os lados pela poligrafia de Hercule Florence, sem prensa, sem pressão alguma, como na fotografia (O Ypiranga, 25 de setembro de 1868, terceira coluna).

1869 – Redigiu o manuscrito Lavis Capillaire. 

Florence foi indicado como um dos procuradores de Otto Rodolfo Kupfer, que partia para a Europa. Ele era marido de Anna Kupfer, irmã de Carolina, esposa de Florence (Correio Paulistano, 21 de abril de 1869, primeira coluna).

Foi anunciada a impressão de papel inimitável na residência de Hercule Florence, na rua das Flores, n. 7, em Campinas (Correio Paulistano, 23 de julho de 1869, primeira coluna).

Em setembro, escreveu uma carta ao poeta Castro Alves (1847 – 1871):

Moro a metade do tempo na roça, e quisera morar sempre, porque aprecio os matos virgens, o ar livre, o nascer e o por do sol. Descobri em 1829 uma ciência nova que chamei Zoofonia. Fiz algumas publicações em francês a este respeito; mas creio que não deixaram mais vestígios que uma pedra que cai num tanque de água. Com as belezas da natureza, eu lia os vossos versos, onde acho a mesma verdade que na criação.’ 

1870 – Escreveu um texto sobre seus trabalhos artísticos e científicos, a pedido do advogado de Campinas, Manuel Ferraz de Campos Sales (1841 – 1913), futuro presidente do estado de São Paulo, de 1896 a 1897, e  quarto presidente da República, entre 1898 e 1902.

 

 

1871 - Florence garantia a superior qualidade do café vendido na loja do srs. Monteiro & Filho. Para isso, cada bote de libra era revestido por uma marca inimitável (Gazeta de Campinas, 2 de março de 1871, primeira coluna).No relatório realizado por João Pedro Carvalho de Moraes para o Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, foi feita uma descrição da Fazenda Soledade, de Florence. Foi destacada a lealdade de Florence a seus colonos (Jornal do Pará, 13 de maio de 1871, segunda coluna).Foi anunciado que Florence havia achado o meio de de tornar o óleo de rícino secativo a ponto de se poder empregar na pintura a óleo, em quadros históricos, retratos e paisagens (Correio Paulistano, 15 de dezembro de 1871, primeira coluna).1872 – Matéria sobre os Typos-syllabas, afirmando a autoria do invento por Florence, em 1848 (Correio do Brazil, 14 de maio de 1872, segunda coluna).Florence foi listado como lavrador de 1ª classe e deveria contribuir com 30$000 para a construção da matriz nova de Campinas (Gazeta de Campinas, 31 de outubro de 1872, primeira coluna).1873 –  Em reunião do Conselho Administrativo da Sociedade Auxiliadora da Indústria, um de seus membros, o sr. Pinto Junior, apresentou algumas mostras do papel inimitável produzido por Hercule Florence, a quem se referiu como um homem muito distinto pelo seu reconhecido e provado talento e gênio investigador... (O Auxiliador da Indústria Nacional, 1873).Estava na lista de lavradores do estado de São Paulo (Almanak da Província de São Paulo, 1873).

O sítio de Florence & Filhos estava contratando colhedores de café. Também foi anunciado que no sítio ensinava-se a juntar as folhas com a ajuda de um ancinho (Gazeta de Campinas, 10 de julho de 1873, e Gazeta de Campinas, 31 de julho de 1873, primeira coluna).

Florence pedia dispensa do pagamento de uma multa por não ter varrido a frente de sua casa do largo da Matriz de Santa Cruz. Alegava que ignorava essa obrigação por residir em um sítio e não na casa (Gazeta de Campinas, 19 de outubro de 1873, primeira coluna).

1875 – Florence foi listado como lavrador de 2ª classe e deveria contribuir com 80$000 para a construção da matriz nova de Campinas (Constitucional, 13 de fevereiro de 1875, última coluna).

Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843 – 1899) traduziu o diário de Florence, Esboço da Viagem feita pelo Sr. Langsdorff ao interior do Brasil, desde setembro de 1825 até março de 1829, originariamente escrito em francês, publicando-o na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro. Taunay encontrou o diário por acaso, entre papeis de sua família. Na verdade, Florence, em 1829, havia dado de presente à família Taunay suas anotações. Adrien Taunay (1803 – 1828), tio de Alfredo Taunay, havia feito parte da expedição Langsdorff como primeiro desenhista e morrido afogado, em 1828 (Diário de São Paulo, 10 de outubro de 1875, quinta coluna).

Florence deveria pagar imposto predial referente a um imóvel na rua Direita, em Campinas (Constitucional, 15 de dezembro de 1875, segunda coluna).

1876 – Florence foi visitado, em Campinas, por d. Pedro II (1825 – 1891).

O aparecimento de notas falsas motivou Florence a reapresentar seu invento de papéis inimitáveis (Diário do Rio de Janeiro, 23 de junho de 1876, primeira coluna).

1877 - Foi admitido como sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, no Rio de Janeiro, tendo apresentado o trabalho intitulado Esboço da viagem feita pelo Sr. De Langsdorff no interior do Brasil, desde setembro de 1825 até março de 1829.

1879 – Morreu, às 3 horas da tardeacometido por uma cruel enfermidade, em 27 de março, em Campinas. Hercule Florence era o tipo completo do homem probo e devotado à religião do trabalho. O féretro saiu da casa em que residia ao largo de Matriz Velha – Praça Bento Quirino, n. 20 – às 5 horas da tarde do dia seguinte. Foi sepultado no Cemitério Municipal de Campinas, Cemitério da Saudade, sepultura 247 da primeira divisão, quadra n. 10. , e seu enterro foi extraordinariamente concorrido (Correio Paulistano, 29 de março de 1879, terceira coluna, e Gazeta de Notícias, 30 de março de 1879, última coluna).

1900 - Publicação de Hércules Florence: Ensaio Histórico Literário, de autoria do jornalista Estevão Leão Bourroul (1859 – 1914), pela Tipografia Andrade Mello, de São Paulo.

 

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1908 – No artigo A litografia no Brasil, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. XIII, de 1908, seu autor, o jornalista Estevão Leão Bourroul (1859 – 1914), atribuiu a Florence a fundação do primeiro estabelecimento litográfico no Brasil, em 1825 (Revista Brasileira, dezembro de 1943).

1928 - O Museu Paulista através da sua revista publica tradução feita por Alfredo D’Escragnole Taunay (1843 – 1899), do diário de Hercule Florence intitulado Esboço da viagem feita pelo Sr. De Langsdorff no interior do Brasil, desde Septembro de 1825 até março de 1829

1941 - Publicação, pelas Edições Melhoramentos, da 1ª edição da tradução feita por Alfredo D’Escragnole Taunay, do diário de Hercule Florence intitulado Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829

1963 - Inauguração, em Campinas, de um busto de Hercule Florence, executado pelo escultor Larroca.

1972 / 1976 –  O método fotográfico de Florence foi comprovado cientificamente pelo pesquisador brasileiro e emérito historiador da fotografia brasileira Boris Kossoy (1941 – ), entre 1972 e 1976. Em meados de 1976, foi testado, com sucesso, nos laboratórios do Rochester Institute of Technology, nos Estados Unidos, sob a chefia do professor Thomas Hill. Em outubro do mesmo ano, a pesquisa de Kossoy foi apresentada no III Simpósio da História da Fotografia, na George Eastman House, em Rochester.

Ainda em 1976, ano da comemoração dos 150 da realização da Expedição Langsdoff, Francisco Álvares Machado e Vasconcellos Florence traduziram os diários de Florence sob o título de A Célebre Expedição que, em 1826, partiu de Porto Feliz.

1977 – No Museu de Arte de São Paulo (MASP), realização, em novembro de 1977, de uma exposição da obra de Florence. O MASP também publicou o diário completo de Hercule sobre a expedição sob o título Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas: pelas Províncias brasileiras de São Paulo, Mato Grosso e Grão Pará (1825-1829).

1980 – Publicação do livro “1833: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil” (1980), de Boris Kossoy, pela Editora Duas Cidades.

 

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1988 – Entre 29 de setembro e 1º de outubro de 1988, realização do colóquio Les Multiples Inventions de la Photographie, em Cerizy-la-Salle, pelo Ministério de Cultura e Comunicação da França. Florence foi um dos inventores abordados. No ano seguinte, publicação do livro do seminário com um artigo do professor Boris Kossoy, Florence, o inventor no exílio (Centre Culturel International de Cerisy).

1993 – Organizado por Jacques Vieillard, a Editora Universitária da Universidade Federal do Mato Grosso, lançou o livro A Zoophonia de Hercule Florence.

 

A ZOOPHONIA DE HERCULE FLORENCE

 

2006 - Criação do Instituto Hercule Florence – de Estudos da Sociedade e Meio Ambiente do Século XIX Brasileiro. Surgiu do desejo de reunir, preservar e divulgar todo o acervo disponível sobre o artista, viajante e inventor franco-monegasco, que aportou em 1824 no Brasil, onde se estabeleceu, deu origem a uma numerosa família, desenvolveu pesquisas – inclusive as que levaram à descoberta do processo fotográfico – e viveu até a sua morte, em 1879.

2017 - Em Villa Paloma, no Novo Museu Nacional de Mônaco, entre 17 de março e 24 de setembro, realização da exposição Hercule Florence – Le nouveau Robinson. Na ocasião foi lançado um livro homônimo.

2019 – Publicado nos Anais do Museu Paulista de dezembro de 2019 o artigo Revelando Hercule Florence, o Amigo das Artes: análises por fluorescência de raios XA física Márcia de Almeida Rizzutto, coordenadora do NAP-Faepah, atestou, com a ajuda do método conhecido como fluorescência de raios X por dispersão de energia (ED-XRF) para detectar a presença de elementos químicos que os manuscritos de Florence descrevem fielmente os processos de produção fotográfica por ele testados em 1833. Segundo Kossoy, foi a comprovação física daquilo que já se sabia do ponto de vista químico.

2023 – Realização, no Instituto Moreira Salles, de São Paulo, nos dias 23 e 24 de maio, do seminário internacional 190 anos dos experimentod fotográficos de Hercule Florence para celebrar o pioneirismo de Florence na descoberta dos processos fotográficos e tem como principal assunto a divulgação dos resultados das análises físico-químicas realizadas em 2022 de três objetos do inventor, por meio de uma parceria inédita entre quatro instituições de três continentes: o IMS e o Instituto Hercule Florence (IHF), de São Paulo, Brasil, o Getty Conservation Institute (GCI), de Los Angeles, EUA, e o Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, Portugal. O encontro abordará também outros assuntos relacionados a Florence (Site do IMS).

 

Leia também Florence, autor do mais antigo registro fotográfico existente nas Américas, publicado em 17 de junho de 2015, na Brasiliana Fotográfica.

Este artigo foi atualizado em maio de 2023.

* Este parágrafo e a data de nascimento de Florence foram alterados em abril de 2024.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BELHASSEN, Thierry. Hercule Florence. São Paulo : Editora Overdrive, 1994.

BOURROUL, Estevam Leão. Hercules Florence (1804-1879): ensaio histórico-literário. São Paulo : Typ. Andrade, Mello, 1900.

BURGI, Sergio. A descoberta de Florence. Rio de Janeiro: IMS, 2014.

CAPRA, Emanuelle (Org). Hercule Florence – Le nouveau Robinson. Mônaco, 2017.

FERREIRA, Dirceu Franco. Narrando viagens e invenções. Hercule Florence: amigo das artes na periferia do capitalismo. São Paulo: Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, vol 2, julho/dezembro de 2014.

FERREIRA, Dirceu Franco; CANTARINO, Nelson Mendes. Um humanista nos trópicos: a singular trajetória de Hercule Florence no Brasil. In: VIDAL, Laurent; LUCA, Tânia Regina de (org.). Franceses no Brasil: séculos XIX-XX. São Paulo: Ed.Unesp, 2009, p.397-420.

FLORENCE, Antoine Hercule Romuald. Livre d’annotations et de premiers matériaux, Vila de São Carlos, 1829. Manuscrito.

FLORENCE, Antoine Hercule Romuald. L’Ami des arts livré a lui même ou Recherches et decouvertes sur différents sujets nouveax, Vila de São Carlos, 1837. Manuscrito

FLORENCE, Antoine Hercule Romuald. Correspondance et Piéces Scientifiques, Vila de São Carlos, s.d. Manuscrito.

FLORENCE, Antoine Hercule Romuald, Decouverte de la Polygraphie Vila de São Carlos, 1853. Impresso em poligrafia.

FLORENCE, Hercule. Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas. São Paulo : Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, 1977.

FLORENCE, Arnaldo Machado. Hercules Florence – o pioneiro da Fotografia. São Paulo: Foto-cine clube Bandeirante, julho de 1948.

FLORENCE, Leila (org.). Hercule Florence e o Brasil. O percurso de um artista-inventor. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2009.

FLORENCE, Leila; COLI, Jorge; ROCHA, Guilherme Masara; VILLELA, Rubens Junqueira (organizadores). Céus / Ciels / Skies – O Teatro Pitoresco-Celeste de Hercule Florence. São Paulo: Editora Florescer, 2010.

Jorge Coli / Guilherme Masara Rocha / Rubens Junqueira Villela

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

KOSSOY, Boris. Hercule Florence: 1833, a descoberta isolada da fotografia no Brasil. 2ª edição. São Paulo: Duas Cidades, 1980.

LAGO, Pedro Correa do Lago. Iconografia Paulistana do século XIX. São paulo: Capivara, 2003.

MARQUESE, Rafael de Bivar. Exílio escravista: Hercule Florence e as fronteiras do açúcar e do café no Oeste paulista (1830-1879). Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, ago.2016.

RIBEIRO, Arilda Ines Miranda. A educação das mulheres no século XIX: o colégio de Carolina e Hércules Florence de Campinas (1863-1889) .

RIZUTTO, Márcia de Almeida; THOMAS, Thierry; LEE, Francis Melvin. Revelando Hercule Florence, o Amigo das Artes: análises por fluorescência de raios XAnais do Museu Paulista: História e Cultura Material vol.27  São Paulo  2019  Epub Dec 05, 2019

SCARPELINI, Rosaelena. O nascimento da imprensa em Campinas. Campinas: Revista Sarao, maio de 2004.

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

Site do Instituto Moreira Salles

Site Hercule Florence – L´ami des arts

Site Hércules Florence – o inventor da fotografia no Brasil

Site Instituto Hercule Florence

SODRÉ, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: MAUAD Editora, 1998

Florence, autor do mais antigo registro fotográfico existente nas Américas

 

“Não teria eu iniciado a arte mais do que maravilhosa de desenhar qualquer objeto, sem dar-me ao trabalho de o fazer com a própria mão?”

A indagação é do fotógrafo, desenhista, tipógrafo e naturalista francês Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879) e foi feita, em 24 de junho de 1833, em seu diário Livre d’annotations et de premiers matériaux.  Ele se referia a suas pesquisas e experimentos no campo da fotografia, que o haviam levado a inventar, ele também e no Brasil, um processo de criação fotográfica.

A Brasiliana Fotográfica destaca um dos mais antigos registros fotográficos existentes no continente americano – feito na vila de São Carlos, atual Campinas, no Estado de São Paulo. Trata-se de um conjunto de rótulos para frascos farmacêuticos produzidos por Hercule Florence, a partir das informações recebidas do boticário Joaquim Corrêa de Mello (1816-1877) sobre as propriedades do nitrato de prata.

A imagem foi feita em um papel sensibilizado fotograficamente com cloreto de prata em contato com um desenho produzido com ponta metálica sobre um vidro previamente enegrecido com fuligem, que foi exposto à luz do sol. Na mesma época da descoberta de Florence no Brasil, os franceses Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833), Hipollyte Bayard (1801-1887) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851) e o inglês William Henry Fox Talbot (1800-1877) faziam experimentos e investigações no campo da fotografia.

Também em seu Livre d´annotations et les premiers matériaux, em 1834, Florence usa pela primeira vez o verbo photographier –  cinco anos antes da palavra ser utilizada na Europa. Florence deixou uma descrição do procedimento adotado por ele para obter o registro fotográfico, em 1833. O método foi comprovado cientificamente por Boris Kossoy entre 1972 e 1976. Em meados de 1976, foi testado, com sucesso, nos laboratórios do Rochester Institute of Technology, nos Estados Unidos, sob a chefia do professor Thomas Hill. Em outubro do mesmo ano, a pesquisa de Kossoy foi apresentada no III Simpósio da História da Fotografia, na George Eastman House, em Rochester.

Acessando o link para as imagens de Hercule Florence disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Foi a partir da pesquisa e do teste realizados por Kossoy, aos quais se seguiu a publicação, pelo pesquisador brasileiro, do livro “1833: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil” (1980), que Hercule Florence tornou-se internacionalmente conhecido. Inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo, Florence nasceu em Nice, em 28 de fevereiro de 1804**, chegou ao Brasil em 1824 e aqui viveu até sua morte, em 27 de março de 1879, em Campinas. Sua vida será tema desse portal em outra ocasião.

A imagem acima, dos rótulos de farmácia, pertencente ao acervo do Instituto Moreira Salles, integra uma pequena  série de desenhos impressos fotograficamente produzida por Florence, que são os mais antigos registros fotográficos nas Américas. Para saber mais sobre a descoberta de Florence, leia o ensaio de Sergio Burgi, um dos curadores do portal Brasiliana Fotográfica e coordenador de Fotografia do Instituto Moreira Salles. Foi escrito para o catálogo da exposição “Brasil Imperial e seus fotógrafos”, ocorrida entre 14 de junho e 4 de setembro de 2005, no Museu D´Orsay, em Paris.

Foi publicado nos Anais do Museu Paulista de dezembro de 2019 o artigo Revelando Hercule Florence, o Amigo das Artes: análises por fluorescência de raios X.  A física Márcia de Almeida Rizzutto, coordenadora do NAP-Faepah, atestou, com a ajuda do método conhecido como fluorescência de raios X por dispersão de energia (ED-XRF) para detectar a presença de elementos químicos que os manuscritos de Florence descrevem fielmente os processos de produção fotográfica por ele testados em 1833. Segundo Boris Kossoy, “é a comprovação física daquilo que já se sabia do ponto de vista químico”.*

 

Leia também O francês Hercule Florence (1804 – 1877), inventor de um dos primeiros métodos de fotografia do mundo, publicado em 7 de março de 2018, na Brasiliana Fotográfica.