O Automóvel Club do Brasil
O prédio do Automóvel Club do Brasil, localizado na Rua do Passeio, nº 90, no Centro do Rio de Janeiro, foi originalmente projetado, em meados do século XIX, por Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879), para ser uma residência.
Em 1845, o prédio foi alugado para abrigar o recém criado Cassino Fluminense, um dos mais importantes salões da capital do Império, palco dos principais bailes de corte (Diário do Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1845, segunda coluna; Diário do Rio de Janeiro, 27 de maio de 1846, terceira coluna). Com o sucesso do empreendimento, em 1854, o imóvel foi comprado em definitivo, passando por uma reforma realizada pelo arquiteto Luís Hoske (? – ?), que a dotou de dois pavimentos, com linhas neoclássicas (Jornal do Commercio, 30 de janeiro de 1855, sexta coluna).
O baile inaugural do Cassino Fluminense, realizado em 12 de setembro de 1860, contou com a presença de dom Pedro II (1825 – 1891).
Cerca de um ano após a Proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889, o Congresso, durante as sessões preparatórias da Assembleia Constituinte Republicana, se instalou no Cassino Fluminense.
Em 1900, o imóvel passou a sediar o Clube dos Diários, formado pelos pouquíssimos proprietários de carros do Rio de Janeiro. Em 1910, iniciou-se uma reforma sob o comando do arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933), executada pela construtora Januzzi, responsável tanto pela instalação da port-couche metálica na portada principal assim como pela ornamentação de estilo eclético.
Em 1907, foi fundado o Automóvel Club do Brasil, instalado no antigo Clube Guanabara, na Praia de Botafogo. Era presidido por Fernando Mendes de Almeida (1845 – 1921), redator-chefe do Jornal do Brasil (Jornal do Brasil, 22 de maio de 1907, segunda coluna).
Em 1924, o Clube dos Diários se fundiu com o Automóvel Club do Brasil (O Paiz, 9 de setembro de 1924, primeira coluna). Novas reformas foram realizadas por Gire no prédio da Rua do Passeio – a construção do Jardim de Inverno e seus salões laterais (Automóvel Club – RJ, dezembro de 1925). E o edifício passou a sediar o Automóvel Club do Brasil.
O prédio foi palco do último comício do ex-presidente João Goulart (1919 – 1976), em 30 de março de 1964, considerado por historiadores como um dos estopins do golpe militar (Jornal do Brasil, 31 de março de 1964). Por sua importância arquitetônica, cultural e histórica, foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, em 24 de julho de 1965.
Durante os anos 1990 ainda assumiu a função de posto do Detran-RJ. Em 1994, foi alugado para a instalação, no imóvel, do Bingo Imperial (Jornal do Brasil, 17 de dezembro de 1994). A população protestou e o imóvel e seu patrimônio móvel foram leiloados e arrematados pelo município do Rio de Janeiro que, em 2003, desativou o bingo e o imóvel voltou a ser administrado pelo Automóvel Club do Brasil. No ano seguinte, o edifício foi esvaziado e desde então encontra-se fechado.
Em 2023, foi anunciado que em parceria com a prefeitura do Rio, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ, vai instalar no histórico Automóvel Club do Brasil, na Lapa, um projeto sobre o tema do momento: a inteligência artificial (O GLOBO, 16 de julho de 2023).
O prédio do Automóvel Club está passando por uma reforma de revitalização de suas instalações desde 2023 e segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões, há negociações avançadas para que o edifício sedie a nova Bolda de Valores do Rio de Janeiro (Diário do Rio, 3 de julho de 2024).
Veja aqui diversas fotos do interior do Automóvel Club do Brasil.
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
Jornal Extra, 15 de julho de 2021
Site Governo do Rio de Janeiro – Patrimônio