Cronologia de Alberto Henschel (1827 – 1882)

Cronologia de Alberto Henschel (1827 – 1882)

cartão Albert Henschel

Identificação de Alberto Henschel / Acervo do IMS

1827 - Em 13 de junho, Alberto Henschel nasceu em Berlim, na Alemanha.

1866 – maio –  Chegou no Recife acompanhado de Karl Heinrich (Carlos Henrique) Gutzlaff no patacho hamburguês Catharine Jane (Diário de Pernambuco, edição de 28 de maio de 1866).

julho – Os dois fotógrafos associaram-se ao maranhense Julio dos Santos Pereira e, com ele, assumiram a direção do estabelecimento Photographia Alberto Henschel & C. , localizado na rua do Imperador, nº 38. No anúncio da abertura do negócio, os proprietários destacaram as photographias coloridas por um novo systema, que reune o brilho da pintura à óleo à pureza da aquarella (Diário de Pernambuco, edição de 7 de julho de 1866). Para atrair clientela, foi realizada no ateliê uma exposição com trabalhos feitos por Henschel na Europa. Foi neste mesmo endereço que entre 1860 e 1865 o fotógrafo A.W. Osborne tinha o estabelecimento fotográfico Galeria Americana (Diário de Pernambuco, de 7 de maio de 1860), comprado por Julio dos Santos Pereira em fevereiro de 1865  (Diário de Pernambuco, 2 de fevereiro de 1865, penúltima coluna), quando Osborne foi para o Rio de Janeiro (Jornal de Recife, 16 de fevereiro de 1865).

outubro – Henschell e Gutzlaff anunciaram o fim da associação com Julio dos Santos Pereira.

novembro – Foi anunciada a reabertura do novo ateliê fotográfico de Henschel, mas agora com o nome de Photographia Allemã e localizado no largo da matriz de Santo Antonio, nº 2 (Diário de Pernambuco, edição de 16 de novembro de 1866, primeira coluna). No anúncio, destacaram-se as qualidades do novo estabelecimento, dentre as quais o fato de possuir uma galeria envidraçada com cristais especiais capazes de atenuar os efeitos da luz forte.

1867 – Em junho, Henschel anunciou uma viagem à Europa, de onde retornou em setembro acompanhado do pintor alemão Karl Ernst (Carlos Ernesto) Papf (1833-1910), no vapor Oneida (Diário de Pernambuco, edições de 2 de junho e de 28 de setembro de 1867 – o sobrenome de Henschel está escrito errado). Já em outubro, foram publicados anúncios participando a volta de Henschel ao Recife e apresentando Papf como membro honorário da Academia Real de Pintura de Dresden (Diário de Pernambuco, edição de 26 de outubro de 1867). Nos anos que se seguiram, Papf trabalhou em todo os ateliês de Henschel, prestando serviços de fotopintura.

1868 – Henschel fez nova viagem à Europa para atualizar seus conhecimentos em fotografia e comprar novos equipamentos. Provavelmente, nesse ano terminou sua associação com Gutzlaff, que fundou em julho a Photographia Internacional, no Recife, na rua do Imperador, nº 38 (Diário de Pernambuco, 6 de junho de 1868, última coluna; e Diário de Pernambuco, 15 de julho de 1868, segunda coluna). . Henschel anunciou a técnica da marfimographia, a contratação de novos profissionais e a iminente abertura de uma filial da Photographia Allemã em Salvador, na Bahia (Jornal de Recife, edição de 21 de julho de 1868, quarta e quinta colunas, no pé da página). O ateliê da capital baiana ficava na rua da Piedade, nº 16. Posteriomente passou a funcionar no largo do Theatro.

1870 - Casou-se com Simy (1851 – 1920), filha do rabino inglês Isaac Amzalak, dono de armazéns e armador bem sucedido. Uma curiosidade: segundo o livro Salões e damas do Segundo Reinado, de Wanderley Pinho, o poeta Castro Alves se inspirou na beleza das três filhas do armador Amzalak para criar o poema Hebreia.

Henschel realizou a série de vistas em Itatiaia.

Foi anunciada a abertura da Photographia Allemã. Alberto Henschel & C., no Rio de Janeiro, sucedendo os fotógrafos Guilherme Mangeon e Van Nyvel. O novo estabelecimento localizava-se na rua dos Ourives, 40, atual rua Miguel Couto. No anúncio, foi informado que Van Nyvel continuaria a trabalhar no ateliê (Jornal do Commercio, edição de 18 de dezembro de 1870).

1871 - Nasceu no Rio de Janeiro o único filho de Henschel e Simy, Maurício, que viria a falecer em 1934.

Anunciada a contratação do  fotógrafo alemão Franz (Francisco) Benque (1841-1921), a quem Henschel foi associado até, provavelmente, 1878 (Diário do Rio de Janeiro de 10 e 11 de abril,  segunda coluna).

1872 – Henschel & Benque participaram da exposição da Academia Imperial de Belas-Artes e expuseram um retrato do poeta Castro Alves (1847 – 1871) Correio do Brazil, edição de 24 de junho de 1872, na coluna Folhetim). Em 23 de setembro, receberam uma visita de Suas Magestades e Altezas Imperiaes na Photographia Allemã ( Correio do Brazil, edição de 25 de setembro de 1872, na quinta coluna).

1873 – Henschel & Benque participaram da Exposição Universal de Viena. Enviaram dois retratos: de uma baiana quitandeira e da família real brasileira (Diário de Pernambuco, 10 de abril de 1873, quinta coluna).  Ganharam a medalha de mérito (A Reforma, edição de 10 de setembro de 1873).

1874 – Ao longo do segundo semestre, foram publicados vários anúncios no Jornal da Bahia anunciando a chegada de um pintor no ateliê de Salvador.

Segundo o artigo Dom Pedro II e a fotografia (2), de Ricardo Martim, pseudônimo de Guilherme Auler (1914-1965), publicado na Tribuna de Petrópolis, de 8 de abril de 1856, a dupla Henschel & Benque foi agraciada com o título de Photographos da Caza Imperial, em 7 de dezembro de 1874.

1875 – Chegada do austríaco Constantino Barza, a bordo do vapor inglês News, vindo da Europa. Ele viria a ser o gerente da Photographia Allemã de Henschel (Jornal de Recife, 26 de fevereiro de 1875, primeira coluna).

Ainda associado a Francisco Benque, Henschel fez a série de vistas de Nova Friburgo e do Jardim Botânico e ambos participaram da exposição da Academia Imperial de Belas-Artes ( Epocha, 15 de dezembro de 1875).

Na coluna “Folhetim da Gazeta de Notícias –  Bellas Artes”, o português Julio Huelva (1840 – 1904), pseudônimo do músico e arquiteto Alfredo Camarate, elogiou a fotografia produzida no Brasil e destacou os trabalhos dos ateliês de José Ferreira Guimarães  (1841 –1924), Joaquim  Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) e de Albert Henchel (1827 – 1892) e Franz (Francisco) Benque (1841-1921). O autor cobrou também a presença de fotógrafos do Rio de Janeiro na Exposição Universal da Filadélfia, que se realizaria em 1876 (Gazeta de Notícias, 21 de dezembro de 1875).

1877 - No estabelecimento A La Glace Elegante, no Rio de Janeiro, exposição de uma tela com os retratos do conde e da condessa d´Eu e do príncipe do Grão Pará, de autoria de  Karl Ernst (Carlos Ernesto) Papf (1833-1910), do estabelecimento de Henschel & Benque. Teria sido uma encomenda da princesa Isabel (Diário do Rio de Janeiro, 6 de novembro de 1877, penúltima coluna).

Em novembro, a Photographia Allemã, no Recife, passou a funcionar na rua do Barão da Victoria, nº52 , devido à construção de prédios na frente da galeria. Os trabalhos do estabelecimento foram interrompidos por 15 dias (Diário de Pernambuco, edição de 26 de novembro de 1877).

1879 – Foi publicado um elogio às fotografias de crianças tiradas por Henschel (Gazeta de Notícias, 11 de março, primeira coluna).

1880 – Constantino Barza, apresentando-se como gerente da Photographia Alemã de Recife, anunciou a chegada do fotógrafo Moritz Lamberg para cuidar da parte técnica e artística do ateliê (Diário de Pernambuco, edição de 30 de janeiro de 1880). Lamberg é apresentado como celebridade europeia e insigne artista, que havia dirigido estabelecimentos em Berlim e Viena e obtido prêmios conquistados em Paris e em Viena nas exposições de 1868 e 1873. Em 1899, Lamberg publicou o livro de fotografias Brazilian.

1881- Participou da Exposição de História do Brasil promovida pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro com vistas urbanas, rurais e retratos.

Foi noticiado um caso envolvendo Henschel e um relojoeiro, de quem, segundo o jornal, ele achava ter sido vítima da esperteza (Gazeta da Tarde, edição de 16 de abril de 1881, terceira coluna)

O fotógrafo Moritz Lamberg fez uma petição à Associação Comercial da Cidade do Recife para que se ordenasse o registro da escritura da compra que fez do estabelecimento denominado Photographia Allemã (Diário de Pernambuco, 19 de setembro de 1881, na quarta coluna).

Vistas do Recife produzidas por Henschel foram elogiadas pela imprensa local como as melhores que conhecemos até hoje dos pontos photographados (Diário de Pernambuco, edição de 18 de outubro de 1881).

Alberto Henschel e Moritz Lamberg convidavam para apreciar os trabalhos de nossa casa, que vão ser exibidos na próxima exposição que terá lugar no Rio de Janeiro (Diário de Pernambuco, 14 de novembro de 1881).

 

 

É possível que neste ano Henschel, ou mesmo antes, Henschel tenha vendido a filial baiana de seu ateliê fotográfico para Waldemar Lange, que se anunciava como seu sucessor  no Almanak da Província da Bahia, 1881, pág. 43.

1882 – Henschel participou da Primeira Exposição Artístico-Industrial promovida pela Imperial Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco e conquistou uma medalha de mérito pelas vistas fotográficas que expôs (Diário de Pernambuco, 17 de janeiro de 1882, segunda coluna).

Foi aberto o ateliê de Henschel em São Paulo, na rua Direita nº 1. A imprensa noticiou que a inauguração desse importante e sumptoso estabelecimento artístico seria mais um signal do crescente desenvolvimento de São Paulo (Correio Paulistano, na edição de 1º de fevereiro de 1882). No anúncio da inauguração, apresentavam-se como fotógrafos da Casa Imperial (Correio Paulistano, edição de 7 de fevereiro de 1882). O gerente da sucursal paulista era o fotógrafo húngaro José Vollsack (1847 – 1927), que, em 1888, tornou-se dono da referida filial. Por já existir na capital paulista uma casa fotográfica com o nome de Photographia Allemã, de propriedade do fotógrafo alemão Carlos Hoenen (18? – ?), a de Henschel ficou conhecida como Photographia Imperial.

Em abril, foi publicada na Revista Illustrada, número 295, na seção Exposição de bellas-artes, uma crítica desfavorável a dois retratos de Henschel.

Morte de Albert Henschel em 30 de junho, no Rio de Janeiro ( Rio News, edição de 5 de julho de 1882 e Gazeta de Notícias, edição de 10 de julho de 1882). Faleceu em sua residência, na rua Barão de Itambi, nº 14, em Botafogo.

1884 – Foi autorizada a venda da filial do Rio de Janeiro por força de alvará judicial (Jornal do Commercio, de 7 de junho de 1884, primeira coluna).

1885 - O austríaco Constantino Barza reassumiu a gerência da  Photographia Alemã (Diário de Pernambuco, 13 de novembro de 1885). Anteriormente, em 1881, havia se associado ao dinarmarquês Niels Olsen (1843 – 1911), em Fortaleza (O Cearense, 26 de janeiro de 1881, quarta coluna) e, depois, no Pará (O Liberal do Pará, 3 de janeiro de 1882, quarta coluna e Almanak Paraense, 1883). Em Belém, o estabelecimento de Olsen e Barza começou a funcionar em 1º de janeiro de 1882 e ficava na rua da Trindade, n° 24, no antigo ateliê do fotógrafo José Thomaz Sabino, que havia falecido.

 

 

1887 – Até esse ano Constantino Barza continuava a anunciar as atividades da Photographia Allemã no Recife. em 1905, Constantino Barza trabalhava como agente de venda dos charutos Poock & C(A Província, 9 de março de 1905).

Além da Biblioteca Nacional e do Instituto Moreira Salles, as outras instituições que possuem importantes acervos de Alberto Henschel são o Arquivo Nacional, a Fundação Joaquim Nabuco e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

 

Para a elaboração da presente cronologia de Alberto Henschel vali-me, especialmente, do Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910), de autoria de Boris Kossoy, e da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>