O fotógrafo paisagista Camillo Vedani (18?, Itália – 1888, Brasil)

Um dos mais talentosos fotógrafos que atuou no Brasil no século XIX, o italiano Camillo Vedani foi o desenhista da comissão encarregada do estudo do traçado da ferrovia Madeira e Mamoré, em 1883. Identificava-se como “Photographo Paizagista” e no verso do cartão-suporte de suas fotografias apareciam os endereços Rua da Assembleia, 76 e  Rua do Ouvidor, 143. Apresentava-se também como professor de desenho e da língua italiana. Segundo Gilberto Ferrez, no livro A fotografia no Brasil: 1840 – 1900, Vedani estabeleceu-se no Rio de Janeiro, em 1853. Produziu excelentes registros da cidade e também da Bahia, onde residiu entre 1860 e 1865. Na ocasião, trabalhou para a Bahia and São Francisco Railway.  Voltou para o Rio de Janeiro e morou durante um período em Campos.

 

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Verso do cartão-suporte das fotografias de Camillo Vedani

 

Pedro Karp Vasquez considera a fotografia abaixo a obra-prima de Vedani. É uma vista do Largo do Paço “tomada do ângulo oposto ao que seus colegas costumavam utilizar , mostrando a praça a partir da rua Direita, com a fachada lateral do Paço Imperial reduzida a mero elemento auxiliar da composição. Nessa única obra ele soube demonstrar todo o seu talento, afiado em anos de prática do desenho, elaborando uma composição irretocável, em que as linhas diagonais das canaletas embutidas no calçamento dialogam admiravelmente com aquelas formadas pelo prédio do Paço e por outros elementos secundários do enquadramento – uma fotografia que é uma verdadeira aula de perspetiva e composição”.

 

Acessando o link para as fotografias de Camillo Vedani disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Breve Cronologia de Camillo Vedani (18? – 1888)

 

Década de 1850 – O fotógrafo italiano Camillo Vedani se estabeleceu no Rio de Janeiro.

1860 / 1865 – Durante esse período viveu em Salvador, capital da Bahia. Produziu belas vistas da cidade, além de ter trabalhado na Bahia and São Francisco Railway. Provavelmente esteve também em Alagoas e em Sergipe.

1869 – Na Bahia, realizou um trabalho de engenharia: o estabelecimento de uma linha telegráfica que faria a comunicação entre o Palácio da Presidência, o Comando das Armas e a Secretaria de Polícia. Pelo serviço, ganhou  575 réis (Relatório dos Trabalhos do Conselho interino do Governo, 1869).

Década de 1870 – Durante algum tempo, nos últimos anos dessa década, residiu em Campos (RJ), onde trabalhou como engenheiro desenhista na construção da ferrovia do Carangola, cuja pedra fundamental foi lançada em 14 de junho de 1875.

1875 – Em 11 de agosto, Camillo Vedani foi naturalizado brasileiro. Foi identificado como italiano, católico, casado e engenheiro (Diário do Rio de Janeiro, 13 de agosto de 1875, na segunda coluna e Ministério do Império, 1876).

1876 - Notícia de que a esposa de Camillo, dona Antonieta Novelli Vedani, havia embarcado no Rio de Janeiro, em um vapor, com destino a Imbitiba, cidade perto de Campos (O Globo, 22 de maio de 1876, na quarta coluna).

1878 – Vedani participou de uma reunião na casa do sr. Francisco Portella, propagador do Café Liberia (O Monitor Campista, 29 de maio de 1878, na terceira coluna sob o título “Café da Libéria”).

Esclareceu não ser o autor de um pasquim insultando o sr. Biolchini, com quem era brigado (O Monitor Campista, 15 de dezembro de 1878, na terceira coluna sob o título “A pedido”).

A partir de 25 de dezembro, Vedani expôs um presépio de sua autoria, na rua Direita, nº 99, na cidade de Campos. Foi elogiado por sua inteligência e apresentado como engenheiro desenhista da estrada de ferro do Carangola. A renda dos ingressos para apreciar o presépio foi revertido para uma obra beneficente (O Monitor Campista, 28 de dezembro de 1878, na primeira coluna).

1879 - Camillo Vedani, como um dos engenheiros da estrada de ferro do Carangola, assinou uma manifestação em homenagem ao Sr. Julio Barbosa, diretor da construção da ferrovia, que havia sido exonerado da função (O Monitor Campista, 24 de outubro de 1879, na última coluna sob o título “A pedido”).

1880 – Ele e o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923) foram contratados foram contratados para documentar os trabalhos realizados na Estrada de Ferro Central do Brasil.

1882 –  Notícia da formação de uma comissão para estudos do traçado da ferrovia Madeira e Mamoré. Vedani era o desenhista do grupo, que partiria no dia 10 de janeiro de 1883 para efetuar o trabalho, sob a direção do engenheiro-chefe Carlos Morsing ( Revista de Engenharia, 1882).

1883 – Camillo Vedani foi cumprimentar, com os outros membros da comissão para estudos da ferrovia Madeira e Mamoré, suas majestades imperiais, na primeira semana de janeiro ( Gazeta de Notícias, 20 de janeiro de 1883, na quinta coluna).

Notícia com o histórico da construção da ferrovia Madeira e Mamoré (Jornal do Commercio, 9 de janeiro de 1883, na quarta coluna, sob o título “Gazetilha”).

Vedani e sua esposa embarcaram para o Pará no vapor Espírito Santo. Os demais membros da comissão para estudos da ferrovia Madeira e Mamoré também viajaram para o norte (Gazeta de Notícias, 10 de janeiro de 1883, na sexta coluna sob o título “Passageiros” e Jornal do Commercio, 9 de janeiro de 1883, na quarta e quinta colunas, sob a seção “Gazetilha” ).

1884 – Em Manaus, faleceu, em fevereiro, Antonieta Novelli  Vedani, esposa de Camillo, identificado como o desenhista da comissão de estudo do Madeira e Mamoré. Ela teve um ataque cerebral (Diário de Notícias, 16 de fevereiro de 1884, terceira coluna e Gazeta de Notícias, 4 de março de 1884, na segunda coluna).

Notícias de 10 de abril de 1884 sobre a comissão para estudos da ferrovia Madeira e Mamoré: dos 17 que embarcaram no Rio de Janeiro, só dois continuavam no Amazonas: Vedani e o chefe da comissão, o engenheiro Carlos Morsing. Os outros tiveram problemas de saúde (Brazil, 9 de maio de 1884, na terceira coluna).

De volta ao Rio de Janeiro, Vedani mostrou fotografias do Amazonas de sua autoria. Algumas eram de Manaus e da Cachoeira do Xingu (Folha Nova, 30 de abril de 1884, na quinta coluna).

Em reunião do Club de Engenharia, Vedani ofereceu 11 fotografias de sua autoria (Jornal do Commercio, 6 de dezembro de 1884, na terceira coluna, sob o título “Club de Engenharia”)

1888 -  Falecimento de Vedani (Gazeta de Notícias, 13 de maio de 1888, na última coluna). A notícia é que um amigo havia mandado celebrar uma missa pela alma do fotógrafo.

Esse post contou com a colaboração do historiador Rodrigo Bozzetti, do Instituto Moreira Salles.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Enciclopédia Itaú Cultural

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840 – 1900. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória/Funarte, 1985.

Guia Geográfico Salvador Antiga

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: IMS, 2002.

VASQUEZ, Pedro Karp. A fotografia no império. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

 

 

 

 

A fundação de Copacabana

Com uma seleção de fotografias de Copacabana, a Brasiliana Fotográfica homenageia a Princesinha do Mar, um dos bairros mais emblemáticos e bonitos do Rio de Janeiro, que hoje completa 124 anos. São registros produzidos por Antônio Caetano da Costa Ribeiro, Aristogeton Malta (1904-1954)Augusto Malta (1864 – 1957), Jorge Kfuri (1892/3? – 1965), José Baptista Barreira Vianna (1860 – 1925), Marc Ferrez (1843 -1923), Uriel Malta (1910-1994) e por fotógrafos ainda não identificados.

Com a ligação estabelecida entre Copacabana e Botafogo, o bairro começou a se integrar ao resto da cidade. Isso aconteceu em 6 de julho de 1892, quando foi inaugurado pela Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico – atual Light – o Túnel de Real Grandeza, atual Túnel Velho – ligando a rua Real Grandeza, em Botafogo, com a rua do Matoso, atual rua Siqueira Campos. Com a presença do presidente, marechal Floriano Peixoto, foi lavrada uma ata que marcou, oficialmente, o nascimento do bairro de Copacabana (O Paiz, 7 de julho de 1892, na sexta coluna).

 

 

Copacabana é atualmente o bairro mais populoso da Zona Sul carioca com mais de 160 mil moradores. Possui mais de quatro quilômetros de orla e é palco de uma das mais famosas festas de fim de ano no mundo. Além disso, foi a inspiração de várias canções da música popular brasileira como Copacabana , de Alberto Ribeiro e Braguinha, originalmente gravada por Dick Farney, em 1946, e regravada por mais de 20 artistas, dentre eles Sarah Vaughan. Destaca-se também a canção Sábado em Copacabana, de Dorival Caymmi, gravada primeiramente por Lúcio Alves, em 1951. Copacabana foi cenário de enredos de diversos livros de autores como Antônio Olinto, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Fausto Fawcett e Rubem Braga. No cinema, o documentário de Eduardo Coutinho, “Edifício Master” (2002), se passa no bairro, em um edifício da rua Domingos Ferreira. Há ainda o filme Copacabana (2001), de Carla Camuratti, e Copacabana mon amour (1970), de Rogério Sganzela, dentre vários outros.

Link para a matéria do Jornal do Brasil, de 6 de julho de 1992, sobre as comemorações do centenário de Copacabana.

Acessando o link para as fotografias de Copacabana disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

O fotógrafo Juan Gutierrez de Padilla (c. 1860 – 28/6/1897)

 

Juan Gutierrez de Padilla foi um dos mais importantes fotógrafos paisagistas dos oitocentos, no Brasil. Foi, ao lado de Marc Ferrez (1843 – 1923) e George Leuzinger (1813 – 1892), ambos do século XIX, e de Augusto Malta (1864 – 1957), já no século XX, um dos maiores cronistas visuais do Rio de Janeiro. Foi um dos fotógrafos principais da transição da cidade imperial para a cidade republicana. Entre 1892 e 1896, produziu a maior parte de suas fotografias de paisagens do Rio de Janeiro, que eram vendidas para estrangeiros que visitavam a cidade. Registrou a Revolta da Armada, entre 1893 e 1894, e, em 1895, produziu as fotografias do álbum  Recordação das festas nacionais, em homenagem aos cinco anos da proclamação da República brasileira.

 

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Verso do cartão-suporte da Photographia União

 

Em 1889, já trabalhava na Photographia União, localizada na rua da Carioca, nº114 . Nesse mesmo ano, em 3 de agosto, recebeu o título de “Fotógrafo da Casa Imperial. Em 1º de janeiro de 1892,  foi inaugurado o edifício da Companhia Photographica Brazileira, na rua Gonçalves Dias, 40, sob a direção técnica de Juan Gutierrez (Jornal do Commercio, 2 de janeiro de 1892, na sétima coluna sob o título “Companhia Photographica” ). Noticiou-se que, pela primeira vez, fotografias perfeitas eram produzidas no Rio de Janeiro e que isso se devia ao talento e ao trabalho de Gutierrez (O Combate, 27 de fevereiro de 1892, na quinta coluna). Em 17 de junho, a sociedade da Companhia Photographica Brazileira foi dissolvida e o maior credor do empreendimento, o conselheiro Francisco de Paula Mayrink, recebeu os imóveis sociais e demais ativos da empresa. Em 29 de setembro, Gutierrez solicitou à Junta Comercial do Rio de Janeiro permissão para a abertura de uma nova firma, chamada J. Gutierrez, no mesmo endereço da anterior.

 

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Verso do cartão-suporte do ateliê fotográfico J. Gutierrez, sucessor da Companhia Photographica do Brazil

 

Gutierrez foi beneficiado pelos avanços técnicos da fotografia: utilizou as chapas secas de gelatina e prata que permitiam a tomada de instantâneos e eram de manejo mais fácil, além de mais sensíveis que as chapas de colódio úmido. Suas fotografias revelam uma visão única da topografia carioca e, também, de sua natureza. O periódico A Cigarra, de 29 de agosto de 1895 elogiou a arte do fotógrafo: “Que homem este Gutierrez! Tenacidade, talento, amor e trabalho!”.

 

 

Gutierrez registrou a Revolta da Armada ( 1893 – 1894), tornando-se um dos pioneiros da fotografia dos conflitos armados no Brasil. Em 1896, eclodiu o conflito de Canudos e foi por seu entusiamo republicano que, após a derrota da expedição comandada pelo coronel Moreira César (1850 – 1897), decidiu incorporar-se como ajudante de ordens do general João da Silva Barbosa. Foi ferido mortalmente, em 28 de junho de 1897. Sua trágica morte o tornou, talvez, o primeiro repórter fotográfico morto durante um trabalho de campo, no Brasil, apesar de, até hoje, não se conhecer nenhum registro fotográfico que ele tenha feito do conflito.

 

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Juan Gutierrez. Bateria Fonseca Ramos, Revolta da Armada, 1893. NIterói, Rio de Janeiro / Acervo FBN

 

Gutierrez tinha um temperamento boêmio e entre seus amigos estavam alguns dos mais importantes artistas e escritores do Rio de Janeiro, como Olavo Bilac (1865 – 1918) e José do Patrocínio (1854 – 1905). Foi descrito por Artur Azevedo (1855 – 1908) como …Cavalheiroso, insinuante, folgazão e liberal, era uma das figuras mais sympathicas da sociedade fluminense… (A Estação, 31 de julho de 1897, sob o título “Chroniqueta”).

Acessando o link para as fotografias de Juan Gutierrez de Padilla disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Cronologia de Juan Gutierrez de Padilla (c. 1860 – 1897)

 

c. 1860 – O espanhol Juan Gutierrez de Padilla nasceu, provavelmente, nas Antilhas, na época, uma colônia espanhola. Porém, outras fontes afirmam que ele teria nascido em Cuba ou na África.

1885 / 1887- Período provável de sua chegada ao Brasil, vindo da cidade do Porto, Portugal.

1889 – Trabalhava na Photographia União, localizada na rua da Carioca, nº 114.

Em 3 de agosto, recebeu o título de “Fotógrafo da Casa Imperial”.

Participou do movimento pela Proclamação da República como tenente da Guarda Nacional.

Gutierrez naturalizou-se brasileiro, aproveitando o decreto de Deodoro da Fonseca (1827 – 1892), o primeiro presidente do Brasil, que concedeu aos estrangeiros que residiam no país na data de 15 de novembro, quando a República foi proclamada, a nacionalidade brasileira.

1890 – Foi concedida licença para que Gutierrez usasse as armas da República no seu estabelecimento, a Photographia União (Diário de Notícias, 18 de julho de 1890, na quinta coluna, sob o título “Armas da República”).

Em 29 de setembro, foi constituída uma sociedade anônima denominada Companhia Photographica Brazileira, com 31 acionistas. Gutierrez foi eleito diretor técnico do negócio. De um total de cinco mil ações, era proprietário de 100 ações do empreendimento (Jornal do Commercio, 30 de setembro de 1890, na primeira coluna).

Agregou às atividades do estabelecimento, o comércio de produtos e equipamentos fotográficos. Foi anunciada a incorporação da Companhia Photographica Brazileira pelo Banco Constructor (Diário do Commercio, 25 de setembro de 1890).

Foi publicada a ata da instalação da Companhia Photographica Brazileira (Gazeta da Tarde, 24 de outubro de 1894, na primeira coluna).

1891 – Gutierrez anunciou a venda da Photographia União (Jornal do Commercio, 17 de dezembro de 1891, na quarta coluna, sob o título “Photographia à venda“).

1892 – Em 1º de janeiro, foi inaugurado o edifício da Companhia Photographica Brazileira, na rua Gonçalves Dias, 40, sob a direção técnica de Juan Gutierrez (Jornal do Commercio, 2 de janeiro de 1892, na sétima coluna sob o título “Companhia Photographica” ).

Foi noticiada a inauguração das oficinas de fototipia da Companhia Photographica Brazileira. De acordo com a notícia, pela primeira vez fotografias perfeitas eram produzidas no Rio de Janeiro e isso se devia ao talento e ao trabalho de Gutierrez (O Combate, 27 de fevereiro de 1892, na quinta coluna).

Em 17 de junho, a sociedade da Companhia Photographica Brazileira foi dissolvida e o maior credor da empresa, o conselheiro Francisco de Paula Mayrink, recebeu os imóveis sociais e demais ativos do empreendimento.

Em 29 de setembro, Gutierrez solicitou à Junta Comercial do Rio de Janeiro permissão para a abertura de uma nova firma, chamada J. Gutierrez, no mesmo endereço da anterior.

1893 - Foi fundado o semanário O Álbum e Gutierrez tornou-se responsável pelos trabalhos fotográficos. Artur Azevedo (1855 – 1908) era o diretor literário da publicação. Na edição de maio, Castro Soromenho dedicou-lhe o poema “Desegaño”, no qual confessava seu amor pelo fotógrafo. Imediatamente o poeta foi impedido de frequentar a redação de O Álbum e, em 12 de junho, foi definitivamente afastado do periódico.

Em 6 de setembro, início da Revolta da Armada, comandada pelo almirante Custódio de Mello (1840 – 1902), amplamente fotografada por Gutierrez.

1894 - Em 13 de março, fim da Revolta da Armada.

Foi noticiada a exposição, no ateliê de Gutierrez, de um quadro fotográfico retratando o marechal Eneas Galvão (1832 – 1895) rodeado por seus ajudantes de ordem. O quadro seria ofertado ao marechal, que foi ministro da Guerra durante o governo de Floriano Peixoto (1839 – 1895) (O Paiz, 23 de maio de 1894, na segunda coluna).

O primeiro número da publicação quinzenal Illustração Sul-Americana trazia diversos retratos de autoria de Gutierrez: do marechal Floriano Peixoto (1839 – 1895), de Affonso Pena (1847 – 1909), do presidente da República Prudente de Moraes (1841 – 1902), do capitão-tenente José Carlos de Carvalho e do jornalista Artur Azevedo (1855 – 1908) (O Paiz, de 21 de julho de 1894, nas sexta e sétima colunas).

Em 17 de setembro, foi inaugurada a Confeitaria Colombo, ao lado do ateliê de Gutierrez, onde ele, além de trabalhar, residia. Logo a confeitaria tornou-se um dos pontos mais concorridos da cidade, contribuindo para o aumento do movimento em torno da casa fotográfica de Gutierrez.

Em novembro, Gutierrez foi o fotógrafo do álbum Recordação das festas nacionais, em homenagem aos cinco anos da proclamação da República brasileira. Registrou grandes manifestações populares em vários pontos da cidade: banquetes, desfiles militares , além de cerimônias cívicas e inaugurações de monumentos. Esse trabalho pode ser considerado um exemplo precursor da linguagem da fotografia jornalística.

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Foi publicada uma propaganda dos cigarros Bouquet: “em cada carteira contem o retrato de uma das notabilidades brazileiras ou estrangeiras, perfeição, creditadas pela casa J. Gutierrez & C., sucessora da Companhia Photographica. A colecção completa comprehenderá 200 RETRATOS” (O Paiz, 14 de novembro de 1894).

1895 – O periódico A Cigarra, de 29 de agosto de 1895 elogiou a arte do fotógrafo: Que homem este Gutierrez! Tenacidade, talento, amor e trabalho!1896 – Foi publicado um elogio às fotografias produzidas por Gutierrez  pela técnica da platinotipia: “…nada há mais perfeito do que o trabalho de Gutierrez…” (O Paiz, 3 de junho de 1896, na última coluna, sob o título “Commercio, Industria e Arte).

Eclodiu o conflito em Canudos e, após a derrota da expedição comandada pelo coronel Moreira César (1850 – 1897), Gutierrez decidiu incorporar-se como ajudante de ordens do general João da Silva Barbosa.

1897 – Antes de partir para Canudos, Gutierrez lavrou seu testamento e nomeou como testamenteiros e inventariantes Manoel Rodrigues Monteiro de Azevedo, Francisco de Paula Mayrink, José Carlos de Carvalho e José do Patrocínio (1853 – 1905). Suas beneficiárias foram sua mãe, Francisca Vicente Vandrel e sua amiga, a viúva Orlandina Aurora Rosani.

Juan Gutierrez foi promovido de tenente a capitão da Guarda Nacional (O Paiz, 19 de fevereiro de 1897, na sexta coluna).

Desembarcou em Salvador, em 2 de abril, e seguiu para  Canudos.

Sua ida para Canudos foi um dos assuntos da coluna “Semanaes”, de Anselmo Ribas (A Notícia, 10 e 11 de julho de 1897).

Em 28 de junho, foi mortalmente ferido (Jornal do Commercio, 13 de julho de 1897, na terceira coluna sob o título “Expedição de Canudos” e O Paiz, 7 de setembro de 1897, na primeira coluna).

Sua morte foi também noticiada no O Paiz, de 14 de julho de 1897, na primeira página, com um artigo de Luiz Murat (1861 – 1929) em sua homenagem.  No livro Os Sertões, Euclides da Cunha (1866 – 1909) referiu-se a ele como um Oficial honorário, um artista que fora até lá atraído pela estética sombria das batalhas.

Foi publicado o que um dos amigos mais próximos de Gutierrez, o tenente Frederico Luiz da Costa, escreveu a respeito dele (O Paiz, de 23 de julho de 1897, na primeira coluna).

Foram realizadas na Igreja de São Francisco de Paula, as missas em sufrágio da alma de Juan Gutierrez. Foi celebrada pelo monsenhor Amorim, ajudado pelo cônego Polinca e pelos padres Teixeira, Colaço, Próspero, Guimarães e Pitta. Uma multidão lotou a igreja, onde a marcha fúnebre foi executada por uma banda militar. No dia anterior, na mesma igreja, havia sido celebrada uma missa na intenção de Gutierrez por Antônio Costa e Orlandina Aurora Rosani, que recebeu um terço dos bens do fotógrafo (O Paiz, 19 de agosto de 1897, na quarta coluna e 20 de agosto de 1897, na sexta coluna).

Fim da Guerra de Canudos, em 5 de outubro de 1897.

1898 – O ateliê fotográfico de Juan Gutierrez encontrava-se em processo de liquidação (O Paiz, 3 de janeiro de 1898, na última coluna). Havia uma disputa em torno do estabelecimento envolvendo Frederico Luiz da Costa, Alfredo Franco e Luis Musso ( O Paiz, 12 de fevereiro de 1898, na quarta coluna).

A Associação dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro comprou o prédio da Gonçalves Dias, nº 40, onde havia funcionado o ateliê fotográfico de Gutierrez (O Paiz, 15 de junho de 1898, na quinta coluna).

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

BITTENCOURT, José Neves. Em Portugal, Denise (org). O Rio de Janeiro de Juan Gutierrez. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 1997. CD-ROM.

ERMAKOFF, George. Juan Gutierrez. Rio de Janeiro: Editora Capivara, 2001.

FERNANDES JUNIOR, Rubens;LAGO, Pedro Corrêa do.O século XIX na Fotografia Brasileira.Coleção Pedro Corrêa do Lago. São Paulo: Fundação Armando Alvares Penteado, 2000.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: IMS, 2002.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Coleção Princesa Isabel: fotografia do século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2008.432p.:il., retrs.

LAGO, Bia Corrêa do;LAGO, Pedro Corrêa do. Os Fotógrafos do Império. Rio de Janeiro: Capivara, 2005. 240p.:il

VASQUEZ, Pedro. Fotógrafos Pioneiros no Rio de Janeiro: V. Frond, G. Leuzinger, M. Ferrez e J. Gutierrez / por Pedro Vasquez. – Rio de Janeiro: Dazibao, 1990.

 

Link para o artigo O Rio de Janeiro de Juan Gutierrez, publicado na Brasiliana Fotográfica em 1º de março de 2019.

O Paço, a praça e o morro

 

Será inaugurada hoje no Paço Imperial a exposição O paço, a praça e o morro, que reúne imagens que construíram a representação fotográfica do Rio de Janeiro. São 200 registros de grandes mestres da fotografia brasileira do século XIX e das primeiras décadas do século XX, como Augusto Malta, Camillo VedaniGeorges Leuzinger, Guilherme Santos, Juan GutierrezMarc Ferrez, além de trabalhos produzidos por fotógrafos ainda não identificados. As fotografias fazem parte do acervo do Instituto Moreira Salles e a exposição é um desdobramento da mostra Rio, primeiras poses, realizada no centro cultural do IMS na Gávea, ao longo de 2015. Desta vez, o olhar é dirigido especificamente ao território onde a cidade nasceu e a partir do qual se desenvolveu em direção a sua configuração atual de grande metrópole, reconhecida internacionalmente como sítio urbano privilegiado pela conjunção única de paisagem natural e cultural.

As profundas e constantes transformações na região central do Rio de Janeiro nos últimos 120 anos são fundamentais para se compreender a cidade dos dias de hoje. As fotografias de época reunidas nesta exposição permitem que se compreenda o processo de crescimento e expansão urbana do Rio de Janeiro. No ano em que a cidade recebe um dos mais importantes eventos mundiais, a Olimpíada de 2016, revisitar estes marcos fundadores da cidade por meio do olhar de grandes nomes da fotografia brasileira é também um convite à imersão na paisagem e na vida de uma região que novamente passa por um processo de revitalização e transformação.

Além disso, realizar esta exposição no próprio Paço Imperial permite que se lance um olhar privilegiado sobre este importante edifício, de valor referencial único na cidade. Os registros fotográficos aqui reunidos são uma oportunidade de se confrontar in loco a evolução histórica de uma importante região da cidade, formada por este edifício e seu entorno − a praça ou largo do Paço, hoje praça XV de Novembro, e o próprio marco fundador da cidade, o morro do Castelo, removido há quase um século da paisagem e, consequentemente, também da própria memória que se tem da cidade.

Centro da vida econômica, social e política do Rio de Janeiro nos seus primeiros séculos de ocupação, o Paço Imperial, a praça XV e o morro do Castelo moldaram o crescimento da cidade a partir de sua configuração geográfica e urbana original até a virada para o século XX. Nesse momento, o centro do Rio sofreu grandes transformações e intervenções urbanas, associadas às reformas realizadas pelo prefeito Pereira Passos. Os dois grandes marcos dessa transformação foram a abertura da Avenida Central e o início do “bota-abaixo”, processo de expansão, valoração, modernização e gentrificação urbana que levaria ao total desmonte do morro do Castelo no final da década de 1920.

A exposição apresenta imagens que mostram a cidade no período anterior a essas mudanças e outras que documentam e acompanham as reformas urbanas do início do século XX, em registros de fotógrafos profissionais, como Marc Ferrez, Augusto Malta e Guilherme Santos, e amadores. Ferrez e Malta construíram, com seus trabalhos, o principal legado da fotografia para a memória da cidade nesse período. Por meio das imagens aqui expostas, é possível acompanhar o processo de transformação da cidade desde a chegada da daguerreotipia ao Rio de Janeiro em 1840, pouco antes da posse, no ano seguinte, de d. Pedro II como imperador, aos 15 anos, até o final da década de 1920, momento de fortes mudanças econômicas, sociais e políticas que culminariam na revolução de 1930 e lançariam o país e a própria cidade do Rio de Janeiro na modernidade e na contemporaneidade.

Acessando o link para as fotografias do Paço Imperial, da Praça XV e do Morro do Castelo disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

A criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Com uma seleção de fotografias, a Brasiliana Fotográfica homenageia o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado, em 13 de junho de 1808, cerca de três meses após o desembarque da família real portuguesa no Brasil, ocorrido em 8 de março de 1808. São registros feitos por importantes fotógrafos do século XIX e das primeiras décadas do século XX como Alberto Henschel, Antonio Caetano da Costa Ribeiro, Augusto StahlGeorges Leuzinger, Marc Ferrez, Revert Henrique Klumb e também por fotógrafos ainda não identificados. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi inaugurado pelo então príncipe regente português Dom João, que havia decidido instalar no local uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de espécies vegetais originárias de outras partes do mundo.

Acessando o link para as fotografias do Jardim Botânico do Rio de Janeiro disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

 

Link para a notícia da comemoração do centenário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no jornal O Paiz, de 14 de junho de 1908.

 

 

Link para a notícia da comemoração dos 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no Jornal do Brasil de 14 de junho de 2008.

 

 

 

 

Link para fotografias do Jardim Botânico publicada na revista Illustração Brasileira de novembro de 1922.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Novos acervos: Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha

A Marinha do Brasil e os primórdios da fotografia aérea

A Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) tem o propósito de preservar e divulgar o patrimônio histórico e cultural da Marinha, contribuindo para a conservação de sua memória e para o desenvolvimento da consciência marítima brasileira. Além disso, cabe ainda à DPHDM a administração do Arquivo da Marinha, localizado na Praça Barão de Ladário s/n°, Ilha das Cobras, dentro do complexo do Comando do 1º Distrito Naval.

O Arquivo da Marinha é integrante do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR) e reconhecido como Instituição Arquivística Pública, com o acervo tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC). No acervo fotográfico, há imagens do século XIX até os dias atuais. A partir deste mês, passa a integrar o portal Brasiliana Fotográfica, compartilhando valiosas imagens.

Centro da Cidade: Praça Mauá e arredores

A imagem capturada na primeira metade da década de 1920 mostra a atual avenida Rio Branco em toda a sua extensão, da Praça Mauá (em primeiro plano) até a então Praia de Santa Luzia. Ao longo da avenida aparece a arborização, entre as pistas, que resistiu desde a sua inauguração até 1948. Na parte central da imagem, à direita da Avenida Rio Branco, está o Morro da Conceição com seu casario que persiste, até hoje. No lado oposto, junto ao mar, o Armazém do Sal, edificação construída pelos monges beneditinos em meados do século XVIII e hoje preservada como a sede do Comando do Primeiro Distrito Naval.

No canto superior esquerdo está a Igreja da Candelária, ainda cercada de sobrados, antes da abertura da Avenida Presidente Vargas, na primeira metade da década de 1940. Neste mesmo canto, na margem da imagem, vê-se o que parece uma mancha, mas é parte da aeronave da Aviação Naval da Marinha do Brasil onde o fotógrafo Jorge Kfuri registrou diversos locais da então Capital Federal.

Kfuri, como um dos primeiros especialistas na fotografia aérea, até então a serviço do jornal A Noite, foi contratado pela Marinha do Brasil para adestrar as tripulações das aeronaves da Aviação Naval no seu ofício – quando recebeu a patente honorária de Segundo-Tenente.

Acessando o link para as fotografias do acervo da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

 

 

Notícia da viagem do fotógrafo Albert Frisch (31/05/1840 – 30/05/1918) à Amazônia

 

Christoph Albert Frisch (1840 – 1918) foi o fotógrafo responsável pela impressionante e pioneira série de 98 fotografias realizadas em 1867 na Amazônia: foram os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Ele seguiu, comissionado pelo editor e fotógrafo Georges Leuzinger (1813 – 1892), considerado um dos mais importantes fotógrafos e difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país, para quem trabalhava, com os engenheiros alemães Joseph e Franz Keller (1835 – 1890), pai e filho, respectivamente. Este último casou-se, em 1867, com Sabine (1842 -1915), filha de Leuzinger ( 1813 – 1892). Partiram em 15 de novembro de 1867, a bordo do paquete Paraná. Frisch levou um escravizado, e a esposa de Franz e a filha de Joseph também estavam no navio (Diário do Povo, de 15 de novembro de 1867, primeira coluna).

Acessando o link para as fotografias de Christoph Albert Frisch disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Albert Frisch acompanhou os engenheiros somente até Manaus … percorreu 400 léguas pelo rio Amazonas e seus afluentes durante 5 meses…, num barco acompanhado por dois remadores, desde Tabatinga até Manaus. Produziu, na ocasião, uma pioneira série de 98 fotografias com os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana, que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos.

Seu retorno ao sul do Brasil, a bordo do vapor Cruzeiro do Sul, está registrado no Jornal Pedro II, de 24 de novembro de 1868, quarta coluna.

As imagens produzidas por Frisch durante a viagem à Amzônia, copiadas em papel albuminado, foram comercializadas com sucesso pela Casa Leuzinger a partir do catálogo Resultat d’une expédition phographique sur le Solimões ou Alto Amazonas et Rio Negro.

 

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Foi Frisch o autor das primeiras fotografias dos tipos indígenas brasileiros em seu próprio habitat conhecidas até hoje e, em sua produção fotográfica, reforçava a ideia de uma Amazônia selvagem e exótica. Ele anexava às imagens informações tais como relações de parentesco e status social dos líderes indígenas fotografados. Na época, esses registros eram muito valorizados por estudiosos de etnografia europeus e por viajantes estrangeiros em geral.

Segundo Pedro Karp Vasquez (1954 – ), Frisch tinha uma grande habilidade técnica, que usou para contornar problemas impossíveis de serem solucionados com o equipamento de que dispunha na época: obter exposição e focos simultaneamente perfeitos tanto do retratado no primeiro plano quanto da paisagem ribeirinha ao fundo. Segundo Karp, empregando “… um astucioso estratagema para realizar os retratos de índios na região do Alto Solimões…”,  Frisch fotografava seus modelos diante de um fundo neutro e produzia separadamente algumas vistas para compor o segundo plano. Para produzir as cópias fotográficas, combinava os dois negativos, alcançando assim o resultado desejado.

 

 

Como mencionado anteriormente, até hoje as fotografias dos índios da região norte do Brasil produzidas por Frisch são consideradas as primeiras que se conhece, apesar de antes dele, em 1843,  o fotógrafo norte-americano Charles DeForest Fredricks (1823 – 1894) ter viajado pelos rios Orenoco e Amazonas. Nessa expedição, alguns daguerreótipos teriam sido produzidos, porém perdidos. Segundo Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, “… houve ainda o trabalho de fotografia antropométrica, em sua maioria de mestiços da região amazônica, realizado em 1865 – 1866 por Walter Hunnewell em Manaus, a pedido de Louis Agassiz, da Expedição Thayer, hoje arquivados num museu da Universidade de Harvard. O casal Agassiz publicou sua obra A Journey in Brazil em 1868 e dela constam reproduções xilográficas de algumas fotografias de Leuzinger, duas fotos de índios feitas pelo ‘Dr. Gustavo, of Manaos’, mas nenhuma de Frisch”.

Até o final do século XX, o alemão Albert Frisch, que nasceu em Augsburgo, em 31 de maio de 1840, e faleceu em Berlim, em 30 de maio de 1918, era um personagem misterioso na história da fotografia. Segundo o site do Instituto Moreira Salles, “…o estudo dos documentos reunidos pela família Leuzinger, doados ao IMS em 2000, e a posterior localização de Klaus Frisch, neto do fotógrafo, pelo pesquisador Frank Stephan Kohl, permitiram reconstituir a trajetória de Frisch”. Antes de vir para o Rio de Janeiro, em torno de 1864, havia estado em Buenos Aires, na Argentina, e em Asunção, no Paraguai. Voltou definitivamente para a Alemanha, após passagens pela França e pelos Estados Unidos, em 1872.

 

Cronologia de Christoph Albert Frisch (1840 – 1918)

 

1840Christoph Albert Frisch nasceu em Augsburgo, na Baviera, na região sul da Alemanha, em 31 de maio, filho de Johanes Nepomuk Frisch e Auguste Korber. Seu pai possuia uma tecelagem e vários imóveis e era sócio de Eberhard Rugendas, possivelmente parente do desenhista Moritz Rugendas (1802 – 1858), também nascido em Augsburgo, que esteve no Brasil e produziu uma importante obra iconográfica do país.

Nos anos 1840, as empresas de seu pai foram à falência.

1849 – Devido à morte de sua mãe, foi criado, assim como seus irmãos homens, em um orfanato na Francônia. As irmãs foram entregues pelo pai a uma tia materna.

Final da década de 1850 – Foi trabalhar como confeiteiro.

Frisch partiu para Munique, capital da Bavária, onde começou a trabalhar no comércio de arte, na loja de Friedrich Gypen.

1861 – Com o apoio de seu empregador, trabalhou como aprendiz na litografia do impressor e editor Adolphe Goupil (1803 – 1893), em Paris.

Partiu para Buenos Aires, capital da Argentina, onde chegou por volta de 13 de dezembro. Tentou, sem sucesso, se estabelecer como comerciante de estampas de imagens religiosas, inspirado pela grande quantidade de imagens religiosas que goupil exportava para a América do Sul.

 

 

Trabalhou, então, na região dos Pampas, como professor particular e gerente de um criador de gado alsaciano.

1862 – Frisch retornou a Buenos Aires onde, aos 23 anos, começou sua carreira de fotógrafo, quando o alemão W. Raabe, que ele havia conhecido em uma taverna, o recomendou para seu empregador, o norte-americano Arthur Therry, dono de um renomado estúdio fotográfico, na calle Florida, 70,onde a alta sociedade argentina era retratada. As fotografias produzidas por Frisch nesse período não são conhecidas, mas segundo ele, teria retratado as sobrinhas do ditador argentino Juan Manuel Rozas (1793 – 1877).

1863 – Poucos meses depois, Frisch foi para o Paraguai abrir um estúdio fotográfico, em Assunção, a pedido do próprio presidente do país, Solano Lopez (1827- 1870), que havia estado em Buenos Aires, no ano anterior, com sua esposa, a irlandesa Elisa Lynch (1833 – 1866), e seus dois filhos. Na ocasião, havia visitado o estúdio de Terry, onde conheceu Frisch.

c. 1864 – Provavelmente, devido à Guerra do Paraguai, Frisch foi para o Rio de Janeiro.

1865 - Começou a trabalhar no recém-inaugurado setor de fotografia da Casa Leuzinger, no Rio de Janeiro, cujo proprietário era o editor e fotógrafo suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892), considerado um dos mais importantes fotógrafos e difusores para o mundo da fotografia sobre o Brasil no século XIX, além de pioneiro das artes gráficas no país.

1866 - Encontrava-se na Europa.

1867 – Viajou ao Pará, comissionado por Leuzinger para acompanhar uma expedição liderada pelo engenheiro alemão Joseph Keller e por seu filho, o fotógrafo, desenhista e pintor Franz Keller (1835 – 1890) (Diário do Povo, 15 de novembro de 1867, na primeira coluna).  Este último era casado com Sabine Christine (1842 – 1915), filha de Georges Leuzinger ( 1813 – 1892). Transitaram pela região dos rios Madeira e Mamoré, onde o governo imperial pretendia construir uma estrada de ferro.

 

 

Albert Frisch acompanhou os engenheiros somente até Manaus … percorreu 400 léguas pelo rio Amazonas e seus afluentes durante 5 meses…, num barco acompanhado por dois remadores, desde Tabatinga até Manaus. Produziu, na ocasião, uma pioneira série de 98 fotografias com os primeiros registros que chegaram até nós de índios brasileiros da região, além de aspectos de fauna e flora e de barqueiros de origem boliviana, que atuavam como comerciantes itinerantes nos rios amazônicos. Segundo o livro de Ernesto Senna, O velho commercio do Rio de Janeiro, a expedição fotográfica de Frisch à Amazônia foi fruto de uma solicitação feita pelo suíço Louis Agassiz (1807 – 1873) a Leuzinger.

Satisfazendo ao pedido de Agassiz, fez Leuzinger tirar vistas até Tabatinga, na fronteira do Amazonas com a República do Peru, vistas que serviram não só para os trabalhos científicos daqule sábio, como também para ilustrações europeias. Quando o engenheiro Keller foi em comissão explorar os rios Madeira e Mamoré, Georges Leuzinger mandou um fotógrafo da casa acompanhar a expedição, que trouxe depois daquelas incomparáveis regiões graande cópia de clichês, da flora, da fauna, de paisagens, e fotograafias de silvícolas e de suas tabas, aldeamentos, instruentos, armas, etc. Estas coleções, de graande valor para estudos etnográficos, eram muito interessantes sob qualquer ponto de vista e muito procuradas por viajantes estrangeiros”.

Agassiz havia, entre 1865 e 1866, comandado a Comissão Thayer no Brasil, que percorreu boa parte do território brasileiro entre o Rio de Janeiro e a Amazônia, viagem que deu origem ao livro A journey in Brazil, editado em Boston, em 1868. A comissão foi financiada pelo empresário e filantropo norte-americano Nathaniel Thayer, Jr. (1808-1883), ex-aluno de Agassiz no Museu de Zoologia Comparada, em Harvard.

Vale lembrar que Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), o futuro chefe da Comissão Geológica do Império (1875 – 1878), integrada pelo fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923), participou da Comissão ou Expedição Thayer – foi a primeira vez que esteve no Brasil.

1868 – Frisch retornou ao sul do Brasil, a bordo do vapor Cruzeiro do Sul (Jornal Pedro II, de 24 de novembro de 1868, na quarta coluna).

1869 – As imagens produzidas por Frisch durante a expedição pela Amazônia começaram a ser comercializadas a partir de um catálogo publicado pela Casa Leuzinger, Resultat d’une expédition phographique sur le Solimões ou Alto Amazonas et Rio Negro.

 

 

c. 1870 – Foi para Montevidéu e depois para Paris, onde trabalhou na litografia de Lemercier & Cie. Foi expulso do país, devido à guerra entra França e Alemanha (1870-1871), e perdeu tudo.

Retornou à Alemanha e passou a trabalhar com o fotógrafo alemão Joseph Albert (1825 – 1886), que aperfeiçoou a técnica da colotipia, e com quem aprendeu as mais novas tecnologias de impressão fotomecânica da época. Verveer Den Haag, fotógrafo da corte da Holanda, e o mestre da litogravura, o francês Lemercier (1803 – 1887), também eram aprendizes de Joseph Albert.

 

 

1871 - Chegou, em 14 de março, a Nova York, onde instalou o processo de colotipia na empresa Bierstadt & Co. Trabalhando foi envenenado por cromo, tendo que ficar um tempo afastado da colotipia para cuidar da saúde.

1872 – Voltou para a Alemanha, e foi funcionário numa fábrica de água mineral em Bad Homburg vor der Hohe.

1873 – Em Bad Homburg vor der Hohe, abriu a empresa Frisch & Co, que trabalhava com albertotipia, colotipia e fotografia.

1874 – Durante esse ano, Frisch trabalhou por um curto período com o fotógrafo Johannes Nöhring (1834 – 1913), de Lübeck, na empresa Nöhring & Frisch.

1875 – Frisch mudou-se para Berlim e abriu o Kunstanstalt Albert Frisch, especializado na produção de reproduções fotomecânicas de alta qualidade. Depois de sua morte, seu filho, também Albert, continuou o negócio.

1918 – Faleceu em Berlim, em 30 de maio.

1925 – Lançamento de um livro em comemoração dos 50 anos da Casa Frisch, em Berlim, com textos escritos pelo filho do fotógrafo, Albert Frisch Junior.

1930 - Edição de um álbum raríssimo com 109 reproduções de fotografias, sendo 106 imagens de Albert Frisch Senior.

As 106 fotografias reunidas neste álbum são reproduções dos originais, feitos por Albert Frisch sênio (nascido em 13 de maiode 1840 em Augsburg) no Brasil nos anos 60. Elas restaram de um número muito maior de fotografias que foram tiradas por Albert Frisch sênior depois que ingressou na empresa Keller & Leuzinger, Rio de Janeiro. Elas foram feias durante muitos anos em diversas excursões na região do rio Amazonas e em outras regiões do Brasil.”

1942 - Impressão de uma história da família Frisch escrita por Eberhard, filho de Frisch. Nele há um esboço de uma autobiografia redigida pelo próprio Frisch, que revela que ele havia escrito uma autobiografia completa, destuída por ele mesmo no início da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918).

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o acervo da Casa Frisch, em Berlim, foi totalmente destruído.

2019 – Em outubro de 2019, o Instituto Moreira Salles, que já abrigava em seu acervo aproximadamente 40 imagens de Frisch, algumas delas pertencentes à série da Amazônia, arrematou, num leilão da Sotheby’s, em Nova York, um conjunto completo das 98 imagens, tal como editadas e comercializadas por Geroges Leuzinger*.

 

*Esse parágrafo foi acrescentado em dezembro de 2019.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Link para o artigo Os Miranhas e as fotografias de Albert Frish, de Maria Luísa Lucas, publicado no site do Instituto Moreira Salles, em 17 de dezembro de 2019

 

Fontes:

ANDRADE, Joaquim Marçal Ferreira de. As primeiras fotografias da Amazônia. BN Digital, 2013.

FERREZ, Gilberto; NAEF, Weston J.. Pioneer Photographers of Brazil, 1840-1920. New York: Center for Inter-American Relations, 1976.

FRANCESCHI, Antonio Fernando de. Um jovem mestre da fotografia na Casa Leuzinger. Christoph Albert Frisch e sua expedição pela Amazônia in Cadernos de Fotografia: Georges Leuzinger: um pioneiro do século XIX(1813-1892). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2006.

GÂMBERA, José Leonardo Homem de Mello. Fotografia na Amazônia Brasileira: considerações sobre o pioneirismo de Christoph Albert Frisch (1840-1918). Revista de Programa da Pós-Graduação em Arquitetur ae Urbanismo da FAUUSP,dez de 2013

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional 

KOHL, Frank Stephan. Albert Frisch and the first images of the Amazon to go around the world  in Explorers and Entrepreneurs behind the Camera The Stories behind the pictures and photographs from the image archive of the Ibero-American Institute. Berlim: Ibero-American Instituto, 2015.

KOHL, Frank Stephan. Um jovem mestre da fotografia na Casa Leuzinger: Christoph Albert Frisch e sua expedição pela Amazônia. In: Cadernos de fotografia brasileira, 3. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2006.

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002

MARCOLIN, Neldson. Retratos na Selva, Revista Pesquisa Fapesp, setembro de 2014.

MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. Estou aqui. Sempre estive. Sempre estarei. Indígenas do Brasil. Suas imagens (1505/1955). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.

SENNA, Ernesto. O Velho Comércio do Rio de Janeiro. 2ª edição. Rio de Janeiro: G Ermakoff, 2006.

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

Site do Instituto Moreira Salles

Site O Índio na Fotografia Brasileira

TACCA, Fernando de. O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio. História, ciências, saúde – Manguinhos – Vol. 18, nº 1, p.191-223. Rio de Janeiro., 2011

TURAZZI, Maria Inez. Poses e Trejeitos: a fotografia na era do espetáculo (1839 – 1889). Rio de Janeiro: Funarte/Rocco, 1995.

VASQUEZ, Pedro Karp. A. Frisch, ladrão de almas na Amazônia Imperial. Piracema – arte e cultura. Rio de Janeiro, nº1, ano 1, p.90-95, 1993

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

VASQUEZ, Pedro Karp. Fotógrafos alemães no Brasil do século XIX / Deutsche Fotografen des 19. Jahrhunderts in Brasilien. São Paulo: Metalivros, 2000

VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003

 

 

Real Gabinete Português de Leitura

Hoje o Real Gabinete Português de Leitura completa 179 anos. O portal Brasiliana Fotográfica homenageia a instituição com a publicação de uma fotografia produzida por Marc Ferrez (1843 – 1923), o brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX.

Fundado em 14 de maio de 1837, o Real Gabinete Português de Leitura é a mais antiga associação criada pelos portugueses do Brasil após a independência do país, em 1822. Teve sua origem numa reunião realizada por 43 emigrantes portugueses no Rio de Janeiro, dentre eles o advogado e jornalista José Marcelino Rocha Cabral, que iria ser eleito primeiro presidente da instituição. O encontro aconteceu na casa do Dr. Antonio José Coelho Lousada, na antiga rua Direita, nº 20 – hoje rua Primeiro de Março. Na ocasião, o grupo decidiu criar uma biblioteca para uso de seus sócios e dos portugueses residentes no Rio de Janeiro. No dia 28 de maio, duas semanas depois, reuniram-se para discutir os estatutos da recém-fundada instituição cultural (Diário do Rio de Janeiro, de 26 de maio de 1837, na primeira coluna).

A primeira sede do Real Gabinete localizava-se em um sobrado, na rua de São Pedro, número 83. Em 1842, transferiu-se para a rua da Quitanda, e oito anos depois, para a rua dos Beneditinos. A sede atual, construída em estilo neo-manuelino e fotografada por Ferrez, foi projetada pelo arquiteto português Rafael da Silva Castro, inspirado no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa. Em sua fachada, ficam as estátuas de quatro ilustres portugueses: Pedro Álvares Cabral (1467 – 1520), Luis de Camões (1524 – 1580), Infante Dom Henrique (1394 – 1460) e Vasco da Gama (c. 1468 – 1524).

Teve sua pedra inaugural lançada pelo imperador Dom Pedro II (1825 – 1891) em 10 de junho de 1880, data do tricentenário de morte do grande escritor português Luis de Camões (Gazeta de Notícias, de 11 de junho de 1880, na quinta coluna sob o título “Terceiro Centenário de Camões”).  Foi inaugurada em 10 de setembro de 1887 pela Princesa Isabel (1846 – 1921) e por seu marido, o Conde d´Eu (1842 – 1922) (Gazeta de Notícias, de 11 de setembro de 1887, na última coluna). Os monarcas foram recebidos ao som do Hino Nacional, executado por uma orquestra regida por Arthur Napoleão (1843 – 1925). Depois, foi executada a sinfonia “O Guarani”, e Ramalho Ortigão, presidente da diretoria do Real Gabinete, fez um discurso.

 

 

Estão sob a guarda do Real Gabinete Português de Leitura cerca de 350.000 volumes, incluindo milhares de obras raras, dentre elas um exemplar da edição princeps de Os Lusíadas, de Luis de Camões, de 1572, e de Amor de Perdição, obra do escritor português Camilo Castelo Branco. O acervo pode ser consultado por qualquer pessoa pois o Real Gabinete tornou-se biblioteca pública, em 1900. Funciona também como centro de estudos e polo de pesquisas literárias. A biblioteca do Real Gabinete possui a maior coleção de obras portuguesas fora de Portugal. Na biblioteca foram realizadas as cinco primeiras sessões solenes da Academia Brasileira de Letras, sob a presidência de Machado de Assis.

Na edição de 28 de julho de 2014 da Revista Time o Real Gabinete Português de Leitura foi destacado como uma das 20 bibliotecas mais bonitas do mundo. Localiza-se na rua Luís de Camões, 30, no Centro do Rio de Janeiro.

Dia das Mães

 

 

Com uma fotografia da Princesa Isabel (1846 – 1921) com seu filho Pedro de Alcântara, ainda bebê, a Brasiliana Fotográfica faz uma homenagem ao Dia das Mães. Também conhecida como “A Redentora”, por ter assinado a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, que acabou com a escravidão no Brasil, Isabel teve três filhos com com Gastão d´Orleans (1842-1922), o conde D´Eu, com quem se casou em 15 de outubro de 1864: Pedro (1875 – 1940), Luis Maria (1878 – 1920) e Antonio Gastão (1881 – 1918).

Na fotografia destacada, ela está segurando seu primeiro filho, Pedro, único que não faleceu antes dela. O registro é da Photographia Alemã, que pertencia aos alemães Alberto Henschel (1827 – 1892) e Francisco Benque (1841 – 1921).

O Dia das Mães é comemorado no Brasil no segundo domingo de maio, de acordo com um decreto assinado pelo presidente Getulio Vargas, em 1932, mas a origem da comemoração remonta à Grécia Antiga, quando a deusa Reia, mãe comum de todos os seres, era homenageada. A celebração tomou um caráter cristão nos primórdios do cristianismo e realizava-se em torno da Virgem Maria, a mãe de Jesus.

 

Acessando o link para as fotografias que remetem ao tema da maternidade disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

Dia do Ferroviário

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Augusto Stahl. Locomotiva nº 1 da Recife and São Francisco Railway Company, 1858. Recife, Pernambuco / Acervo IMS

A Brasiliana Fotográfica homenageia o Dia do Ferroviário com uma seleção de fotografias de ferrovias, trens e estações do século XIX e do início do século XX. As ferrovias foram registradas por diversos fotógrafos, por Arthur Wischral, Augusto Stahl, Benjamin R. Mulock, D. B. Merrill, Guilherme Gaensly (1843 – 1928)Henschel & Benque, Ignácio F. Mendo, J.S. Trindade, Marc Ferrez, Revert Henrique Klumb e também por fotógrafos ainda não identificados.

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Arthur Wischral. Viaduto do Taquaral – Marumby, 1928. Estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, Paraná. Acervo do IMS

O Dia do Ferroviário é comemorado em 30 de abril pois nesta data, no ano de 1854, foi inaugurada a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis, a primeira linha ferroviária do Brasil, construída por Irineu Evangelista de Sousa (Jornal do Commercio, de 2 de maio de 1854, na quinta coluna). Foi concedido ao empresário o título de Barão de Mauá pelo sucesso desse empreendimento. Essa primeira ferrovia brasileira tinha como objetivo ligar a Baía de Guanabara com a Serra de Petrópolis e a primeira viagem em linha de ferro no Brasil teve a presença do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Tereza Cristina. O primeiro trecho tinha uma extensão de 14 quilômetros e meio e ligava o porto de Mauá à estação de Fragoso. O passeio inaugural foi realizado na locomotiva Baronesa, nome dado em homenagem à esposa do Barão de Mauá, Dona Maria Joaquina.  No dia seguinte, abriu-se o tráfego ao público (Jornal do Commercio, de 30 de abril de 1854, na quarta coluna sob o título “Estrada de Ferro de Petrópolis”). O transporte de cargas iniciou-se somente seis meses mais tarde (Jornal do Commercio, de 13 de novembro de 1854, na quarta coluna). Em 1856, foi inaugurado o trecho até a Raiz da Serra, ficando assim a ferrovia com 16,1 quilômetros de extensão.

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Revert Henrique Klumb; Paulo Robin. Fragozo : Débarcadère du chemin de Fer Mauá, 1860. Fragozo, Magé, RJ / Acervo FBN

Acessando o link para as fotografias de ferrovias disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

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Guilherme Gaensly. S. P. R. Estação da Luz, 1902 (?). São Paulo, SP / Acervo FBN

Contribuiu para esta pesquisa a pesquisadora da arte Jovita Santos (IMS).

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica