Febre amarela: imagens da produção da vacina no início do século XX

“Tema pungente nos noticiários, a febre amarela é precedida de uma longa história de estudos e frentes de combate desde o início do século XX”. É essa história, contada por Aline Lopes Lacerda, historiadora e chefe do Departamento de Arquivo e Documentação da COC/Fiocruz, uma das instituições parceiras do portal, que a Brasiliana Fotográfica traz hoje para seus leitores. As fotografias que ilustram esse texto contemplam o arquivo da Fundação Rockefeller e estão sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz. A maioria dessas imagens foram produzidas pelos próprios médicos e cientistas, nas décadas de 1930 e 1940, em diversos estados brasileiros, registrando aspectos variados das atividades voltadas para o estudo e combate da febre amarela e malária, então duas das principais doenças endêmicas no país.

Segundo o último levantamento sobre a febre amarela divulgado pelo Ministério da Saúde antes da publicação desse artigo pela Brasiliana Fotográfica, entre os dias 1º de julho de 2017 e 20 de março de 2018, foram confirmados no Brasil 1.098 casos da doença, sendo que 340 resultaram em morte.

 

Febre amarela: imagens da produção da vacina no início do século XX

Aline Lopes de Lacerda*

Tema pungente nos noticiários, a febre amarela é precedida de uma longa história de estudos e frentes de combate desde o início do século XX, quando as atividades de pesquisa em laboratório seguiam paralelas às empreitadas para controle e combate ao vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti. Segundo Benchimol (2001, p. 125), os anos de 1928 a 1932 foram cruciais em termos de transformações ocorridas na forma de abordagem da doença, contribuindo para isso fatores políticos, científicos, sociais, técnicos, epidemiológicos.

 

 

A descoberta da modalidade silvestre da doença – supunha-se que era essencialmente urbana – eliminou a possibilidade de se erradicá-la do país, o que causou uma reviravolta nos estudos epidemiológicos, com novo direcionamento de métodos já empregados e incorporação de novas estratégias para o controle da doença. Do ponto de vista dos trabalhos em laboratório, a infecção do macaco rhesus pelo vírus da febre amarela na África, em 1928, deflagrou um surto de novas pesquisas e novas técnicas aplicáveis a esses trabalhos, inaugurando um novo modelo de combate à moléstia.

Acessando o link para as imagens relativas à fabricação da vacina da febre amarela disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Para ilustrar em parte essa história, apresentamos algumas imagens fotográficas sobre a produção da vacina antiamarílica que contemplam o arquivo da Fundação Rockefeller, uma coleção com cerca de 15 mil registros visuais sobre os trabalhos desempenhados a partir da colaboração entre aquela instituição e o Serviço Nacional de Febre Amarela no combate à febre amarela, bem como à malária. Este acervo, sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz, é composto majoritariamente por fotografias produzidas pelos próprios médicos e cientistas, nas décadas de 1930 e 1940, em diversos estados brasileiros, registrando aspectos variados das atividades voltadas para o estudo e combate da febre amarela e malária, então duas das principais doenças endêmicas no país.

Embora presente no país desde 1916, com a vinda das primeiras comissões médicas, para tratar com o governo brasileiro do combate às várias endemias presentes no país, a Missão Rockefeller intensificou e institucionalizou suas atividades no país a partir de 1930, atuando lado a lado com organismos governamentais e mobilizando esforços especialmente no combate à febre amarela, período que coincide com o início da produção de registros visuais sobre os trabalhos e seu arquivamento. Já em 1931 a missão estabeleceu contrato com o governo brasileiro e passou a atuar através do Serviço Cooperativo de Febre Amarela, organizando campanhas em grande parte do país.

Em 1932, o Serviço de Profilaxia de Febre Amarela foi regulamentado e reorganizado pelo médico americano Fred Lowe Soper (1893 – 1977), funcionário da Fundação Rockefeller, passando a ser subordinado ao Departamento de Saúde Pública. Datam desse período as principais iniciativas em torno da pesquisa e do combate à doença, com a construção de um laboratório para estudo e fabricação da vacina e a sistematização e maior abrangência das campanhas de erradicação do mosquito e do diagnóstico mais preciso da moléstia.

Em 1940 o Serviço de Profilaxia adquire caráter nacional com a criação do Serviço Nacional de Febre Amarela, sob a responsabilidade exclusiva de sanitaristas brasileiros, passando a ser vinculado ao Departamento Nacional de Saúde do Ministério da Educação e Saúde. A partir dessa época, com laboratório já montado e fabricando a vacina antiamarílica, a Fundação Rockefeller vai aos poucos transferindo o controle dessas atividades, de início para o já estruturado Serviço Nacional de Febre Amarela, em 1946, até que, em 1950, quando se retira formalmente do país, o laboratório de pesquisas e de produção da vacina é incorporado ao Instituto Oswaldo Cruz, provavelmente acompanhado pelo conjunto de imagens produzido e acumulado durante mais de vinte anos de atividades, e que, como tudo indica, permaneceu nas instalações do laboratório mais de trinta anos, até seu recolhimento à Casa de Oswaldo Cruz.

As fotografias neste acervo se apresentam na forma de cópias-contato (cópia-contato é uma imagem não ampliada de um negativo fotográfico)  coladas no verso de fichas catalográficas, que contêm informações resumidas de cada imagem registrada, como o número de registro da imagem provavelmente dentro do arquivo institucional que a gerou , o assunto, o nome do fotógrafo autor do registro, a data em que a foto foi tirada ou recebida no arquivo nesse caso, por quem teria sido encaminhada , o tamanho do filme fotográfico etc.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

* Aline Lopes de Lacerda é historiadora e chefe do Departamento de Arquivo e Documentação da COC/Fiocruz

O fotógrafo, botânico e naturalista alemão George Huebner (1862 – 1935)

O fotógrafo, botânico e naturalista alemão George Huebner (1862 – 1935) foi um dos estrangeiros atraídos a Manaus quando a cidade, com o ciclo da borracha, tornou-se um importante pólo econômico. Estabeleceu-se comercialmente em Belém, onde, em 1897, colaborou com o fotógrafo português Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903). Em novembro do mesmo ano, apresentando-se como membro correspondente da Sociedade Geográfica de Dresden, informava a abertura de um ateliê fotográfico em Manaus, a Photographia Allemã, no antigo Hotel Cassina, junto ao palácio do governo. O ateliê mudou algumas vezes de endereço. Como fotógrafo registrou a chegada da modernidade em Belém e em Manaus, etnias indígenas, retratos de personalidades importantes de sua época, a sociedade que surgiu a partir do apogeu da economia da borracha e paisagens da floresta amazônica.

Acessando o link para as fotografias de George Huebner disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

Ao longo de vinte anos, entre 1903 e 1924, Huebner manteve um relacionamento de trabalho e de amizade com o etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg (1872 – 1924). Essa parceria refletiu-se na produção profissional – fotográfica e etnográfica – de ambos. Fotografias e traduções de vocabulários indígenas colhidos por Huebner foram usados por Koch-Grünberg  na ilustração e composição de vários de seus artigos.

Em 1906, Huebner e o professor de Belas-Artes Libânio do Amaral (? – 1920), com quem já estava associado desde 1902, adquiriram, em Belém, o ateliê fotográfico Fidanza, que havia sido o mais tradicional do Pará. Dois anos depois, em 1908, Huebner foi pela primeira vez ao Rio de Janeiro, onde ele e Libânio do Amaral ganharam a medalha de prata e a medalha de ouro pelo Amazonas e o Grande Prêmio pelo Pará, na Exposição Nacional de 1908 (Almanak Laemmert, 1909). Em 1911, foi publicada uma propaganda da Photografia G. Huebner & Amaral informando que seria aberta e estaria à disposição do público para executar qualquer trabalho fotográfico a partir do dia 1º de janeiro de 1911, no Rio de Janeiro. Situava-se no edifício de O Paiz, na esquina da avenida Central com Sete de Setembro (A Notícia, 2 de janeiro de 1911, última coluna).

 

 

Antes, na década de 1880, Huebner veio pela primeira vez para a América do Sul e, em 1888, estabeleceu-se no Peru, onde conheceu o fotógrafo alemão Charles Kroehle (c. 1876 – c. 1902). Durante cerca de três anos e meio, percorreram o território peruano, desde os altiplanos andinos até a costa do Pacífico e a região amazônica. Nessa expedição foram registradas centenas de fotos assinadas pelos dois. Essas imagens são as primeiras de etnias peruanas como os campa, caxibo, cunivo, mayonisha, pito, xipibo, muitas já extintas, de que se tem notícia.

Retornou a Dresden e, em 1894, voltou à Amazônia e fez duas expedições: a primeira, à nascente do rio Orinoco, já na Venezuela, e a outra por um longo trecho do rio Branco, afluente do rio Negro. Nos oito meses em que permaneceu na floresta amazônica, Huebner também aprofundou seus conhecimentos de botânica amazônica, ao coletar e documentar espécimes da flora, especialmente de orquídeas. Dois anos depois, em 1896, ele e o fotógrafo José Gomes Leite (18? – 19?) seguiram no vapor Tabatinga para o Rio Madeira, comissionados pela casa artística do sr, Antonio Luciani, a serviço de suas profissões (Diário Oficial(AM), 25 de janeiro de 1896, última coluna).

 

 

Sobre os registros de indígenas produzidos por Huebner, segundo o site O índio na fotografia brasileira, o fotógrafo tinha uma preocupação em manter preservadas em suas imagens tanto as características que os tornavam indígenas “exóticos” quanto fotografá-los em situações e posições diferentes das habituais. Nos retratos realizados durante suas expedições, o fotógrafo primava pelas expressões de descontração e espontaneidade que extraía de seus retratos, em técnicas e linguagens que evoluíram junto com seu desenvolvimento profissional. Foi dessa forma que, ao fotografar índios Apurinã, Wapixana, Makuxi, Taurepang (ou Menon), Marqueritare e Bindiapá, entre outras, Huebner extraía semblantes que transpareciam as relações de negociação que permeavam os bastidores da captura de imagens de seus modelos.

Além do Instituto Moreira Salles, também possuem fotografias de George Huener em seus acervos o Museu Histórico Nacional, o Musée d´Ethnographie, o Museum Völkerkunde, o Verein für Erdkunde, a Oliveira Lima Library e Boris Kossoy.

 

Breve cronologia do fotógrafo George Huebner (1862 – 1935)

 

George Huebner (na cabeceira) com amigos / Revista Studium da Unicamp.

 

1862 – Nascimento de Georg Hübner, em Dresden, na época, uma das mais importantes cidades da Alemanha. Posteriormente seu nome foi latinizado para George Huebner.

1885 – Huebner realizou sua primeira viagem à América do Sul. Já mantinha contato com sociedades científicas, para as quais iria coletar dados e imagens sobre os povos nativos da região.

1888 - Huebner fez viagens pelo Peru e, estabelecido em Lima, conheceu Charles Kroehle, um fotógrafo alemão. Durante cerca de três anos e meio, percorreram o território peruano, desde os altiplanos andinos até a costa do Pacífico e a região amazônica.

1892 – Huebner retornou a Dresden, publicou textos ilustrados em revistas de ciência popular e de viagens como Globus e Deutsche Rundschau für Geographie und Statistik. Fez palestras em sociedades científicas e forneceu imagens para artigos científicos. Foi sua primeira incursão no meio científico.

1894 – Voltou à Amazônia e fez duas expedições: a primeira, à nascente do Orinoco, já na Venezuela, e a outra por um longo trecho do rio Branco, afluente do rio Negro. Nos oito meses em que permaneceu na Floresta Amazônica, Huebner também aprofundou seus conhecimentos de botânica amazônica, ao coletar e documentar espécimes da flora, especialmente de orquídeas.

1894 /1895 / 1896 – Ao longo desses anos, retornou a Dresden e voltou para o Brasil.

c. 1895 - Coletou o holótipo do lagarto do verme do rio Inirida, que foi posteriormente batizado em sua homenagem como Mesobaena huebneri .

1896 - Foi admitido como naturalista, sócio-correspondente do Verein für Erdkunde (Sociedade de Geografia) de Dresden.

Huebner e o também fotógrafo Gomes Leite seguiram no vapor Tabatinga para o Rio Madeira, comissionados pela casa artística do sr. Antonio Luciani, a serviço de suas profissões (Diário Oficial(AM), 25 de janeiro de 1896, última coluna).

1897 – Em Belém, colaborou com o fotográfo português Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903).

Em novembro, George Huebner, apresentando-se como membro correspondente da Sociedade Geográfica de Dresden, informava a abertura de um ateliê fotográfico em Manaus, a Photographia Allemã, no antigo Hotel Cassina, junto ao palácio do governo (Jornal do Rio Negro, 7 de novembro de 1897).

1899 – Huebner anunciou que seguiria para o rio Juruá e que, durante sua ausência, a Photographia Allemã seria gerenciada por José Gomes Leite (Commercio do Amazonas, 4 de fevereiro de 1899, sexta coluna).

1900 – Huebner anunciou seu estabelecimento fotográfico na rua São Vicente, 23, onde fazia retratos de todos os gêneros e em platinotipia e crayon, diversas vezes ao longo de 1900 (Commercio do Amazonas, 25 de abril de 1900).

 

 

Huebner fotografou a sessão extraordinária do Congresso do Estado do Amazonas (A Federação, orgam do Partido Republicano Federal (AM), 10 de julho de 1900, terceira coluna).

Foi noticiado uma grande afluência de curiosos ao escritório da redação do Commercio do Amazonas para apreciarem as fotografias do sahimento do dr. Eduardo Ribeiro, trabalho do conceituado “atelier” do sr George Huebner . Sahimento é a procissão de condução do cadáver (Commercio do Amazonas, 23 de outubro de 1900, sexta coluna).

Em torno desse ano, foram produzidas as fotografias do Álbum de Vistas de Manaus.

 

 

1902 – Associou-se a Libânio do Amaral (? – 1920), professor de Belas Artes. A Photographia Allemã ficava na rua Eduardo Ribeiro (O Palito, 1º de junho de 1902).

Lindos leques em que se aprecia o primor artístico do exímio desenhista Libânio Amaral da acreditada Photographia Allemã de Huebner & Amaral seriam os mimos para a barraca amazonense (Quo vadis?, 21 de novembro de 1902, última coluna).

Huebner & Amaral fizeram vistas da festa de Natal de 1902 e realizaram uma estereotipia da festa do Christo, em Manaus (Quo vadis?, 28 de dezembro de 1902, quinta coluna).

Huebner forneceu 8 retratos para o Ginásio Amazonense (Mensagens do governador do amazonas para a Assembleia, 1902).

1903 – A delegacia fiscal do Amazonas comprou um retrato do presidente da República, Rodrigues Alves, realizado por Huebner & Amaral (Quo vadis?, 28 de janeiro de 1903, quinta coluna).

O etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg chegou a Manaus para iniciar sua expedição ao alto Rio Negro, patrocinado pelo Museu de Berlim. Dois anos antes havia se apresentado como voluntário do Museu Etnográfico de Berlim e, em 1902, foi contratado como pesquisador assistente trabalhando sob a tutela do pesquisador Karl von den Steinen. Nesse mesmo ano, obteve seu doutoramento na Universidade de Würzburg.

Theodor conheceu Huebner, com quem estabeleceu laços de amizade e uma colaboração profissional de quase 22 anos, que só terminaria com sua morte prematura por malária, em 1924, em Vista Alegre, no atual estado de Roraima. Segundo Andreas Valentin, a parceria entre os dois já se transformara em cumplicidade, que transparecia nas suas cartas. É importante, no entanto, lembrar que Huebner não tivera formação superior de qualquer espécie. Era de se esperar que um homem das ciências, para ser reconhecido como tal, fosse treinado e passasse por todos os trajetos e rituais da Academia. Não foi este o caso de Huebner. A confiança que ele conquistou não só de Koch Grünberg como também de outros cientistas e instituições, principalmente após abandonar o negócio fotográfico, se deve aos seus próprios méritos, como profissional dedicado não apenas à sua atividade-fim, mas também como investigador meticuloso, preciso e sempre em busca do desconhecido. Acrescenta-se, ainda, a postura humanista que eles compartilhavam em sua preocupação com a rápida extinção dos índios.

1904 – O folheto Kautschukgewinnung am Amazonen – Strome, de 15 páginas, sem data, fazia parte da bibliografia do artigo “Chelonios do Brasil”. Foi publicado como texto explicativo de 8 grandes fotografias publicadas pelos srs. G. Huebner & Amaral, de Manaus. Contém uma breve resenha da indústria de borracha no amazonas, com indicações originais sobre as árvores de borracha, os seringais, os processos de extração e preparação e a exportação (Boletim do Museu Paraense de História Natural e Etnografia, 1904 )

Huebner e Amaral ofereceram  à redação do jornal Quo Vadis? duas lindas coleções de bilhetes postais, com fotografias de Manaus e do interior do Amazonas (Quo vadis?, 11 de fevereiro de 1904, segunda coluna). Ao Jornal do Commercio(AM), ofereceram fotografias do edifício do jornal onde funcionavam seus escritórios e oficinas (Jornal do Commercio (AM), 13 de abril de 1904, segunda coluna).

Huebner & Amaral realizaram quadros de 110 cm sobre 86, ampliações de fotografias, em moldura de madeira da terra, das diversas fases do cultivo e do beneficiamento da borracha (Jornal do Commercio, 17 de abril de 1904, segunda coluna).

Huebner chegou em Manaus, vindo de Belém, no vapor Campos Salles (Jornal do Commercio (AM), 14 de junho de 1904, quarta coluna).

O monsenhor Luis Gonzaga de Oliveira e um grupo de seus ex-discípulos foram fotografados no ateliê de Huebner & Amaral. Durante a reunião, o compositor Caetano Briones executou ao piano a música Rio Negro, de sua autoria (Jornal do Commercio (AM), 19 de junho de 1904, quarta coluna).

Huebner estava em Dresden, na Alemanha (Jornal do Commercio (AM), 23 de setembro de 1904, terceira coluna). Em 29 de outubro, já estava de volta em Manaus (Jornal do Commercio (AM), 29 de outubro de 1904, segunda coluna).

O governador do Amazonas, coronel  Constantino Neri (1859 – 1926), foi presenteado com uma fotografia dele produzida por Huebner & Amaral (Jornal do Commercio (AM), 9 de dezembro de 1904, segunda coluna).

O ateliê de Huebner & Amaral é elogiado como o preferido do público devido às incontestáveis provas de competência (Jornal do Commercio (AM), 15 de dezembro de 1904, quarta coluna).

1905 - Exposição de retratos produzidos por Huebner & Amaral dos cinco presidentes do Brasil até então: Deodoro da Fonseca (1827 – 1892), Floriano Peixoto (1839 – 1895), Prudente de Morais (1841 – 1902), Campos Salles (1841 – 1913) e Rodrigues Alves (1848 – 1919) (Jornal do Commercio (AM), 11 de fevereiro de 1905, segunda coluna).

Huebner foi um dos fiscais do carnaval realizado na primeira avenida de Manaus (Jornal do Commercio (AM), 7 de março de 1905, primeira coluna).

Huebner importou artigos fotográficos da Europa (Jornal do Commercio (AM), 9 de junho de 1905, quarta coluna).

Durante uma sessão na Academia de Letras, em Manaus, Huebner teve uma discussão com o fotógrafo italiano Panigal. Amobos fotografavam a ocasião (Jornal do Commercio, 6 de agosto de 1905, última coluna).

1906 – Huebner e Libânio do Amaral adquiriram, em Belém, o ateliê fotográfico Fidanza, que havia sido o mais tradicional do Pará – pertencia ao fotógrafo português Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903), que havia se suicidado três anos antes. O ateliê ficava na rua Conselheiro João Alfredo, 23.

Huebner encontrava-se em Funchal, cidade portuguesa na Ilha da Madeira (Jornal do Commercio, 5 de junho de 1906, quarta coluna). Seguiu para Hamburgo (Jornal do Commercio (AM), 21 de junho de 1906, quarta coluna).

Foi editado durante o governo do coronel Constantino Neri (1859 – 1926) no Amazonas, o álbum Vale do Rio Branco com fotografias produzidas por Huebner. Foi coordenado pelo engenheiro militar Alfredo Ernesto Jacques Ourique (1848 – 1932). Ele e Huebner faziam parte da comitiva da viagem que o governador Neri fez pelo rio Branco, em 1904, a  bordo do Vapor Mararyr. Eles documentaram a vida ribeirinha, as paisagens, as fazendas, as ruínas do Forte São Joaquim, a fronteira do Brasil com a Guiana Inglesa e a população indígena. O álbum Vale do Rio Branco foi editado em Dresden, na Alemanha, ficou pronto, em 1906. Só foi divulgado na Exposição Nacional de 1908, no Rio de Janeiro: todas as gravuras são magníficas, sendo o trabalho do álbum verdadeiramente artístico, feito no estrangeiro (Jornal do Brasil, 24 de junho de 1908, segunda coluna).

Huebner & Amaral fotografaram os assassinos da família Pacoty (Jornal do Commercio (AM), 22 de setembro de 1906, quarta coluna).

1907 – Ao longo desse ano, Huebner importou material fotográfico da Europa.

Na opulenta vitrine da acreditada fotografia de Huebner & Amaral, exposição de retratos do governador Constantino Neri e dos coronéis Antonio Bittencourt e Afonso de Carvalho (Jornal do Commercio (AM), 15 de dezembro de 1907, terceira coluna).

1908 – Um funcionário da Photographia Allemã foi preso, acusado de roubar dinheiro de Huebner (Jornal do Commercio (AM), 10 de janeiro de 1908, última coluna).

A Photographia Allemã inaugurou uma exposição de quadros do artista plástico Ernest Vollbehr (1876 – 1960) (Jornal do Commercio (AM), 18 de fevereiro de 1908, última coluna).

Huebner fotografou o grupo Club Cabocolin, de foliões que se fantasiavam de índios (Jornal do Commercio (AM), 3 de março de 1908, terceira coluna).

Exposição de um retrato da sra. Zuleide de Barros, executado por Huebner, que seria mostrado na Exposição Nacional de 1908, no Rio de Janeiro (Jornal do Commercio (AM), 5 de março de 1908, quinta coluna).

Pela primeira vez, Huebner viajou para o Rio de Janeiro, onde ele e Libânio do Amaral ganharam a medalha de prata e a medalha de ouro pelo Amazonas e o Grande Prêmio pelo Pará, na Exposição Nacional de 1908 (Almanak Laemmert, 1909).

Na gerência do Jornal do Commercio de Manaus, exposição de fotografias de autoria de Huebner realizadas na seção amazonense da Exposição Nacional (Jornal do Commercio (AM), 10 de setembro de 1908, primeira coluna).

Realização de um trabalho sobre os índios Macuchi e Wapishana, por Huebner e pelo etnologista e explorador alemão Theodor Koch Grumberg (1872 – 1924) sobre aspectos dessas tribos, por exemplo, seus vocabulários (Boletim do Museu Paranaense de História Natural e de Etnografia, 1909).

1909 – Exposição de uma fotografia produzida pela casa Huebner & Amaral da passeata da Sociedade do Tiro Brasileiro do Amazonas (Jornal do Commercio (AM), 7 de janeiro de 1909, primeira coluna).

Huebner & Amaral ofereceram ao Jornal do Commercio fotografias da inauguração do Cristo no Tribunal do Juri (Jornal do Commercio (AM), 23 de junho de 1909, segunda coluna)

Huebner participou da expedição para prestar socorro às vítimas da enchente do rio Amazonas. As fotografias foram expostas mostrando a desolação causada pela enchente (Jornal do Commercio (AM), 4 de julho de 1909, quinta coluna, e 5 de julho, quarta coluna).

1910 – Huebner e Libânio do Amaral eram credores do estado do Amazonas pela realização de trabalhos fotográficos para a Comissão de Saneamento e para a Polícia, e também pela publicação da obra Vale do Rio Branco (Relatório dos presidentes dos estados brasileiros (AM), 1910, página 525, página 559 e página 580).

No salão nobre da Photographia Allemã, exposição de um excelente retrato em nítida fotogravura do fundador do Jornal do Commercio de Manaus, o português Joaquim Rocha dos Santos (Jornal do Commercio (AM), 4 de janeiro de 1910, última coluna).

George Huebner e Libânio Amaral estão na Alemanha (Jornal do Commercio (AM), 15 de agosto de 1910, quinta coluna).

1911 – Foi publicada uma propaganda da Photografia G. Huebner & Amaral que estaria à disposição do público para executar qualquer trabalho fotográfico a partir do dia 1º de janeiro de 1911, no Rio de Janeiro. Ficava no edifício de O Paiz, com entrada pela rua Sete de Setembro. O prédio ficava na esquina da avenida Central com Sete de Setembro (A Notícia, 2 de janeiro de 1911, última coluna e  Jornal do Commercio (AM), 27 de janeiro de 1911, penúltima coluna).

Fotografias da extração da borracha e de seu beneficiamento realizadas por Huebner & Amaral ganharam a medalha de ouro na exposição de borracha anexa ao Congresso Comercial, Industrial e Agrícola realizada em Manaus em fevereiro de 1911 (Jornal do Commercio (AM), 18 de março de 1911, terceira coluna e 19 de março de 1911, última coluna).

A revista Fon Fon publica uma matéria elogiando o ateliê de Huebner & Amaral. A fotografia junta patenteará aos nosso leitores o conforto e a sóbria elegância desse atelier, cujos trabalhos são verdadeiras maravilhas (Fon-Fon, 22 de abril de 1911).

 

 

Reputado estabelecimento de arte, a Photographia Allemã passou por várias reformas (Jornal do Commercio (AM), 24 de dezembro de 1911, segunda coluna e 25 de dezembro, primeira coluna).

1912 – Huebner e Libânio do Amaral ofereceram ao Centro Cívico Sete de Setembro uma fotografia do barão do Rio Branco (A Imprensa, 20 de março de 1912, terceira coluna).

O endereço do estabelecimento dos fotógrafos passou a ser avenida Rio Branco, 128 – com a morte do barão do Rio Branco, a avenida Central passou a se chamar avenida Rio Branco.

Huebner chegou ao Maranhão, vindo do Rio de Janeiro (Jornal do Commercio (AM), 20 de abril de 1912, pen~ultima coluna).

Huebner e Libânio do Amaral e outros proprietários e empregados de estabelecimentos fotográficos requerem que o governo decrete uma lei que determine o fechamento de suas casas comerciais aos domingos (A Imprensa, 13 de abril de 1912, primeira coluna). O pedido foi indeferido (A Imprensa, 8 de junho de 1912, última coluna).

Notícia de que Huebner e dona Maria Ângela pagaram imposto de transmissão de propriedade. Será ela esposa de Huebner? (Jornal do Commercio (AM), 30 de junho de 1912, segunda coluna).

Huebner & Amaral cobraram do senhor Carlos Simas, empregado do Banco do Brasil, o pagamento de uma encomenda de fotografias (Jornal do Commercio (AM), 8 de julho de 1912, penúltima coluna).

Publicação de uma carta enviada do rio Orinoco do etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg (1872 – 1924) a Huebner na qual ele narra seu encontro com indígenas em dezembro de 1911 (Jornal do Commercio (AM), 11 de julho de 1912, quinta coluna).

Denúncia de tráfico de índios no interior do Amazonas feita Koch-Grünberg, que encaminhou dois indígenas escravizados para a residência de Huebner e Amaral (Jornal do Commercio (AM), 17 de julho de 1912, terceira coluna).

A Photographia Huebner & Amaral reabriu em 11 de setembro, na rua da Assembleia, 100, antigo endereço da Photographia Guimarães, do fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) (Jornal do Commercio, 9 de setembro de 1917).

 

 

1917 – A Photographia Huebner & Amaral reabriu em 11 de setembro, na rua da Assembleia, 100, antigo endereço da Photographia Guimarães, do fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924) (Jornal do Commercio, 9 de setembro de 1917).

A Photographia Huebner & Amaral foi apedrejada por populares em revolta contra a pirataria alemã. Os mostruários do estabelecimento fotográfico foram destruídos (Diário de Pernambuco, 15 de novembro de 1917, quinta coluna).

 

 

1918 – O Almanak Laemmert anunciou o estabelecimento fotográfico G. Huebner, Amaral & Cia, na rua da Assembleia, 100, no Rio de Janeiro.

O estabelecimento fotográfico G. Huebner & Amaral, em Manaus, na avenida Eduardo Ribeiro, foi anunciado pela última vez no Almanak Laemmert.

1919 – O estabelecimento fotográfico G. Huebner & Amaral, de Belém, na rua Conselheiro João Alfredo, foi anunciado pela última vez no Almanak Laemmert.

Foi anunciada a dissolução da sociedade entre George Huebner, Libânio do Amaral e Paulo Erbe, sócio-gerente da firma desde 1912, que passou a ser o único dono do estabelecimento fotográfico G. Huebner, Amaral & Cia (Jornal do Commercio, 23 de novembro de 1919, oitava coluna). Erbe se estabeleceu, posteriormente, na rua República do Peru, nº 100.

 

 

1928 - Foi introduzida no Jardim Botânico do Rio de Janeiro a palmeira Leopoldinia piassaba Wallace, da região do rio Negro, no Amazonas, adquirida de George Huebner, em Manaus (Rodriguésia, junho / setembro de 1936).

1929 – O estabelecimento fotográfico G. Huebner & Amaral, do Rio de Janeiro, na rua República do Peru, 100, foi anunciado pela última vez no Almanak Laemmert.

1930 -  Huebner foi identificado como um incansável estudioso, abrigado infelizmente na mais severa, verídica modéstia, quem primeiramente (da sua chácara perdida num obscuro arrabalde de Manaus) revelou aos meios científicos esse bizarro exemplar da família das palmaceas…a sohnregia excelsa… (Eu sei tudo, maio de 1930).

Foi publicado o artigo As nossas plameiras como elemento de decoração, de autoria de Huebner (O Campo, fevereiro de 1930).

1935 – George Huebner, que em seus últimos anos de vida, vivia em um sítio nos arredores de Manaus coletando espécies vegetais, sobretudo orquídeas, faleceu.

1944 – Apesar de ter sido rebatizado com o nome de Fotografia Artística, o estúdio Photographia Allemã foi depredado devido aos acontecimentos relacionados à Segunda Guerra Mundial, destruindo parte do acervo fotográfico de Huebner.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Beolens, Bo; GRAYSON, Michael; WATKINS, Michael. The Eponym Dictionary of Reptil. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2011.

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1900 – 1930 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

SCHOEPF, Daniel. George Huebner 1862-1935: um fotógrafo em Manaus. São Paulo: Metalivros, 2005.

Site O índio na fotografia brasileira

TACCA, Fernando de. O índio na fotografia brasileira: incursões sobre a imagem e o meio. História, ciências, saúde – Manguinhos – Vol. 18, nº 1, p.191-223. Rio de Janeiro., 2011.

VALENTIM, Andreas. A fotografia amazônica de George Huebner. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2012.

VALENTIM, Andreas. George Huebner e Theodor Koch-Grünberg: diálogos na Amazônia, 1905-1924. Trabalho apresentado na 26ª. Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 1 e 4 de junho de 2008, Porto Seguro, Bahia, Brasil. 

VALENTIM, Andreas. O índio na fotografia de George Huebner.

A construção da Madeira-Mamoré, a “Ferrovia da Morte”, pelas lentes de Dana B. Merrill (c. 1887 – 19?)

O norte-americano Dana B. Merrill (c. 1887 – 19?) foi o autor da documentação da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, na região da floresta Amazônica, no norte do Brasil, entre 1909, quando chegou ao país, até 1910, quando, acredita-se, que partiu. Especula-se que ele tenha produzido aproximadamente 2 mil negativos. Merrill foi contratado pelo engenheiro e empresário norte-americano Percival Farquhar (1864 – 1953) – que comandou a construção da ferrovia, entre Porto Velho e Guajará-Mirim, em Rondônia – para registrar o desenvolvimento da obra. Porém, Merrill foi além disso e, com suas lentes, registrou a vida dos trabalhadores da ferrovia, dos índios e de paisagens da região. Esse legado fotográfico é importante para a compreensão do desenvolvimento industrial e das relações de trabalho no país e do processo de ocupação da região Norte. Seus registros fazem parte do álbum View of reviews or scenes as seen by Engineers, Tropical tourist, Global Trotters, Knights of fortune and Tramps: Madeira-Mamoré Ry. Brazil, South America, que pertence ao acervo da Biblioteca Nacional, uma das fundadoras da Brasiliana Fotográfica.

 

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de Dana B. Merrill disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Milhares de trabalhadores morreram vitimados pela disenteria, pela malária e por outras doenças tropicais durante as obras da ferrovia, que tiveram início em agosto de 1907 (The Aldon Express, inverno de 2013). Devido a essas mortes, a Madeira-Mamoré ganhou o título de Ferrovia da Morte. Foi inaugurada em 1º de agosto de 1912 e desativada em  julho de 1972 (Alto Madeira, 11 de julho de 1981). Com 366 quilômetros de extensão, foi seguidamente sucateada até o início da década de 1980, quando, a partir de ações conjuntas do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) com a comunidade local, ressurgiu como ícone da força de Rondônia. Apesar de seu fracasso econômico e financeiro, a ferrovia foi fundamental na colonização deste estado. Em 2008, a Madeira-Mamoré foi tombada pelo Iphan.

 

 

Breve perfil de Dana B. Merrill  (c. 1887 – 19?) 

 

 

A documentação de obras de engenharia foi uma prática comum desde o início da história da fotografia. As ferrovias, um dos símbolos do progresso, foram bastante fotografadas. Portanto, a contratação de um fotógrafo pelos construtores da Madeira-Mamoré não foi uma novidade. Porém, nem sempre essas imagens constituíram um conjunto tão expressivo como o produzido por Merrill. Segundo o historiador e fotógrafo Pedro Ribeiro, isso deveu-se ao gênio do fotográfo.

 

 

Pouco se sabe até hoje sobre a vida de Dana B. Merril. Acredita-se que ele havia trabalhado, antes de vir para o Brasil, para a prefeitura de Nova York e que para lá teria voltado após fotografar a Madeira-Mamoré. Teria nascido em New Hampshire, servido, em torno de 1900, nas forças navais nas Filipinas e, em 1930, residia em Scarsdale, Westchester, no estado de Nova York com sua esposa, Laura, e um funcionário, Elli Peter. Na década de 30, trabalhou para a revista House & Garden. Fotografias produzidas por ele são vendidas pela Conde Nast Collection. Em torno de 1940, fotografou uma aula de figurino no Pratt Institute, em Nova York. Na Divisão de Arte, Impressos e Fotografias Miriam e Ira  D. Wallach: Coleção de Fotografias, da Biblioteca Pública de Nova York, encontra-se a Coleção Vistas da Estrada de Ferro Madeira e Mamoré – Amazonas & Mato Grosso, Brasil, S.A., com fotografias de autoria de Dana Merril.  Segundo a descrição feita da coleção, as fotografias evocam calor, perigo e trabalho pesado embora numa paisagem de mistério e grande beleza.

Segundo Pedro Ribeiro, Dana B. Merrill foi identificado como autor das fotografias da Madeira-Mamoré devido ao livro The Jungle Route, de Frank Kravigny, o escriturário sobrevivente da construção da ferrovia. Ainda de acordo com Ribeiro:

O equipamento fotográfico usado por Dana Merrill era praticamente o mesmo usado pela maioria dos profissionais de então. O formato 13 x 18 cm, considerado pequeno e leve para sua época, era o que mais se adequava às necessidades de deslocamentos freqüentes, por terrenos de difícil locomoção. Para os negativos, além de placas de vidro, mais comuns, Merrill adotou também o uso dos chassis do tipo film pack, que era uma novidade. Estes eram compostos por placas emulsionadas em bases flexíveis, bem mais leves que o vidro, acondicionadas em pacotes, geralmente de doze unidades. Esta opção permitia ao fotógrafo uma considerável economia de peso no equipamento e mais agilidade na troca das chapas. Contudo, a câmara usada continuava sendo aquela convencional, mais apropriada para a execução das documentações tradicionais, tomadas a média distância, rigorosamente enquadradas e privilegiando a pose, que de certa forma era induzida pelo uso compulsório do tripé‘.

 

 

Como já citado, as imagens produzidas por Dana B. Merrill presentes no acervo da Brasiliana Fotográfica estão no álbum View of reviews or scenes as seen by Engineers, Tropical tourist, Global Trotters, Knights of fortune and Tramps: Madeira-Mamoré Ry. Brazil, South America , disponível na Fundação Biblioteca Nacional (FBN), uma das fundadoras do portal. Além disso, a Coleção Percival Farquhar é custodiada na Divisões de Manuscrito da FBN e é composta por cerca de 2700 documentos manuscritos, fotografias, plantas e mapas, que cobrem as atividades empresariais e a vida pessoal de Farquhar na primeira metade do século XX.

Além da Madeira-Mamoré (The Brazilian Review, 18 de julho de 1911), o empresário Percival Farquhar foi responsável pelo arrendamento da ferrovia Sorocabana (Correio Paulistano, 17 de agosto de 1907, quarta coluna), pela criação da Sorocabana Railway Company (The Brazilian Review, 30 de julho de 1907) e pela construção do porto de Belém (Relatório do Ministério da Agricultura, 1907 The Brazilian Review, 27 de outubro de 1908), e pelo controle da Companhia de Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande (O Século, 28 de fevereiro de 1907, penúltima coluna), entre outros empreendimentos. Foi presidente da Rio de Janeiro Trampway Light Power Company (Almanaque Garnier, 1908) e fez parte da diretoria da Brazil Railways Company (The Brazilian Review, 15 de fevereiro de 1910). Segundo o New York Times, 22 de setembro de 1912, no artigo Two New Yorkers Try to ‘Harrimanize’ South America, o sonho de Farquhar era dominar todo o transporte ferroviário da América Latina. Ele nasceu em York, na Pensilvânia, em 1864, e faleceu em Nova York, em 4 de agosto de 1953. Uma curiosidade: Farquhar morou na cobertura do Edifíco Biarritz, uma das mais belas edificações art decó do Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo.

 

 

 Um pouco da história da ferrovia Madeira-Mamoré

 

Devido ao alto preço da borracha no mercado mundial, a ocupação do Vale do Guaporé pelos portugueses levou a região do alto Madeira a Mamoré a intensificar a produção da colheita do látex. A ligação que ia do Mato Grosso ao Atlântico, através dos rios Guaporé, Mamoré, Madeira e Amazonas, era o percurso realizado no escoamento da produção comercial do Brasil e da Bolívia. A ideia de construir uma ferrovia surgiu em 1861, mas somente em 1877 é assinada Madeira – Mamoré Railway Co., um empreendimento incorporado pelos irmãos americanos Philips e Thomas Collins. Da Filadélfia, no ano de 1878, partiram engenheiros e demais trabalhadores junto com toneladas de máquinas, ferramentas e carvão mineral. Dada a insalubridade do local aliada à falta de alimentação, o único saldo positivo foi a construção de sete quilômetros de trilhos assentados. Vencidos pelas doenças e pela fome, foram poucos os trabalhadores que sobreviveram. A partir de janeiro de 1879, com a falência da empresa Collins decretada, não havia mais o que fazer. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903 entre a Bolívia e o Brasil, o Estado do Acre, que à época se fazia uma região pertencente à Bolívia, formalizou-se incorporado ao território brasileiro. Com esse acordo, o Brasil pagou à Bolívia dois milhões de libras esterlinas, cedeu algumas terras do Amazonas e se comprometeu com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, com o seu trajeto desde o porto de Santo Antônio, no rio Madeira, até Guajará-Mirim, no Mamoré, com um ramal chegando à Vila Bela, Bolívia, o que permitiria o uso de ambos os países com direito às mesmas franquias e tarifas. O Brasil ficava obrigado a construir a estrada de ferro no prazo máximo de quatro anos. Com a concorrência vendida ao americano Percival Farquhar, foi adotado o mesmo nome usado pelos irmãos Collins: Madeira Mamoré Railway Co.. Saíram de Nova York em 1907. A partir do ano de 1909, quando a ferrovia já contava com 74 km construídos, Dana Merrill, fotógrafo nova-iorquino oficial contratado pela Brazil Railway Company, desembarcou em Porto Velho onde começou os seus primeiros registros dos avanços e percalços no campo das obras ferroviárias. Especula-se a produção de 2 mil chapas em sua estada na Amazônia. Em meio a exemplares da fauna e flora, membros de populações indígenas são registrados em contato com os personagens da obra dominante. Seus registros como cronista do caminho do ferro seguem até o ano de 1910, quando se supõe que Merrill retorna para os Estados Unidos. Sem mais informações sobre a sua vida, Merrill foi revisto no reencontro dos sobreviventes da Exposição Mundial de Nova York, em 1939. A Estrada de Ferro Madeira – Mamoré estava inaugurada em 1912. No entanto a Bolívia, nesse ano, já chegava ao Pacífico por duas ferrovias e estava sendo concluída a sua ligação com o Atlântico, pela Argentina. O canal do Panamá estaria concluído dentro de três anos e, com isso, a Madeira – Mamoré só daria lucro nos dois primeiros anos de atividades, pois a produção ordenada dos seringais do Oriente fariam cair o preço da borracha no comércio internacional. Com a falência de Percival Farquar, os investidores ingleses e canadenses foram obrigados a assumir a administração da ferrovias, o que fizeram até o ano de 1931. Em 1937, Aluízio Pinheiro Ferreira, a mando de Getulio Vargas, assume a direção da ferrovia, que permaneceu em atividade até 1966. Depois de 54 anos de atividade, acumulando prejuízos durante esse tempo, Humberto de Alencar Castelo Branco determina a erradicação da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré que seria substituída por uma rodovia. Atualmente, o que restou da ferrovia é um trecho recuperado que atinge a vila de Teotônio. Por falta de recursos para manutenção, o trem trafega apenas no primeiro trecho, mesmo assim, precariamente‘ (Site da Fundação Biblioteca Nacional).

 

 

Curiosidades

 

Uma curiosidade: na tentativa de conter o avanço das epidemias de malária entre os operários da Madeira-Mamoré, foram contratados, em 1910, pela Madeira Mamoré Railway Company, responsável pela construção da ferrovia, os médicos sanitaristas Belisário Penna (1868 – 1939), que trabalhava na Diretoria Geral de Saúde Pública e Oswaldo Cruz (1872-1917), do então Instituto Soroterápico Federal. Este último dá nome à Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz, uma das instituições parceiras do portal Brasiliana Fotográfica (Jornal do Commercio, 16 de julho de 1910, última coluna, e Agência Fiocruz de Notícias, 26 de janeiro de 2007).

 

 

Outra curiosidade: negativos de vidro e acetato de autoria de Merrill sobre a construção da ferrovia foram entregues ao jornalista Manoel Rodrigues Ferreira, em 1956, pelo repórter fotográfico Ari André, que os havia recebido do filho do engenheiro alemão Rodolfo Kesselring, que havia trabalhado na Madeira-Mamoré. Manoel Rodrigues Ferreira publicou 17 reportagens sobre o assunto no jornal A Gazeta. Após consultar os arquivos da Madeira-Mamoré, que seriam incinerados quando a ferrovia foi desativada, lançou, em 1959, pela editora Melhoramentos o livro A Ferrovia da Morte. A identificação da autoria dos negativos só foi possível, em 1962, quando Manoel conheceu o livro escrito por Frank Kravigny, The Jungle Route, de 1940.

Uma última curiosidade: após uma série de manifestações de entidades culturais contra o abandono da Madeira-Mamoré, o governo decidiu, em 1979, preservar um trecho de 25 quilômetros da ferrovia para uso turístico. O extinto Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Sphan –  atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan – solicitou a Manoel Rodrigues Ferreira o empréstimo dos negativos de autoria de Merrill para reproduzi-los. Os negativos foram, então, duplicados pelo fotógrafo alemão Hans Gunther Flieg (1923 -) que os entregou ao fotógrafo do Sphan, José Romeu Caccione. Esses 189 negativos pertencem ao acervo do Museu Paulista da USP.  A obra de Flieg, composta por cerca de 35 mil negativos em preto e branco, foi adquirida do próprio fotógrafo pelo IMS em julho de 2006.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agência Fiocruz de Notícias

Catálogo da exposição Ferrovia Madeira-Mamoré: Trilhos e Sonhos – Fotografias. O fotógrafo Dana Merrill, de Pedro Ribeiro. BNDES e Museu Paulista da USP, 2002. Cortesia Carlos E. Campanhã.

Catálogo da exposição Ferrovia Madeira-Mamoré: Trilhos e Sonhos – Fotografias. A Coleção Dana Merrill: Momentos decisivos para sua recuperaçãode Silvia Maria do Espírito Santo. BNDES e Museu Paulista da USP, 2002. Cortesia Carlos E. Campanhã.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

FERREIRA, Manoel Rodrigues. A ferrovia do diabo: história de uma estrada de ferro na Amazônia. 3ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

GERODETTI, João Emilio; CORNEJO, Carlos. Railways of Brazil in Postcards and Souvenir Albums. São Paulo: Solaris Edições Culturais, 2015.

KRAVIGNY, Frank. The Jungle Route. Nova York: O. Tremaine Company, 1940.

NEELEMAN, Gary; NEELEMAN, Rose; DAVIS, Wade. Tracks in the Amazon. The Day-to-Day Life of the Workers on the Madeira-Mamoré Railroad. Utah: University of Utah Press, 2013.

Site Bowlers and High Collars

Site da BBC

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

Site da Fundação Biblioteca Nacional

Site do CPDOC

Site do Iphan

O fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 30/01/1924)

 

No Arquivo Nacional, o estúdio de José Ferreira Guimarães

Claudia Beatriz Heynemann e Maria do Carmo Rainho*

 

Uma pequena e significativa série de retratos originados no prestigiado estúdio do fotógrafo José Ferreira Guimarães, instalado na rua dos Ourives ou no endereço da rua Gonçalves Dias, integra a coleção Fotografias Avulsas e o fundo Afonso Pena no Arquivo Nacional. O conjunto, resultado acidental da trajetória do ateliê até a incorporação em um arquivo público, é de todo modo significativo em face de outras séries de fotógrafos oitocentistas com número inferior de exemplares no acervo. Significativa também é a galeria de retratados em que figuram juristas, políticos do Império, alguns identificados na década de 1880, outros que passam aos quadros republicanos, e uma representante feminina, ligada ao declínio monárquico e ao exílio da família imperial. Nesse conjunto de imagens, não figuram crianças, tampouco casais. Os retratos etnográficos, como aqueles produzidos por Marc Ferrez, Alberto Henschel e Cristiano Junior, não eram foco de atenção de Guimarães.

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de José Ferreira Guimarães que pertencem ao acervo do Arquivo Nacional e estão disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Em formato carte de visite, carte cabinet, as imagens deslizam entre os planos da vida pública e da esfera privada, transferidas de sua singularidade no estúdio do Guimarães até sua organização nos arquivos. Entre as funções cumpridas por esses artefatos, a representação social e os laços pessoais confundem-se em dedicatórias e cartas. Assim o retrato de Maria Amanda de Paranaguá Dória, a baronesa de Loreto, é um indexador do lugar da fotografia no âmbito da vida familiar, tal como descrito no estudo de caso desenvolvido pelos historiadores Ana Maria Mauad e Itan Cruz, no qual as cartas e os retratos trocados entre a dama de companhia da princesa Isabel e a imperatriz Tereza Cristina nos permitem identificar a presença da fotografia nas relações sentimentais do século XIX, sobretudo com o crescimento da produção da modalidade carte de visite, a partir dos anos de 1870, na corte do Rio de Janeiro. No período em que as cartas foram trocadas, fotógrafos estabelecidos nas principais capitais do país eram responsáveis por uma produção significativa de retratos em estúdio voltados para a frequência da aristocracia imperial. [1]

 

 

O retrato de Maria Amanda, que se encontra no artigo citado, pertence à coleção da Fundação Joaquim Nabuco e foi realizado no estúdio de José Ferreira Guimarães no Rio de Janeiro, muito provavelmente na mesma sessão em que o exemplar ora apresentado; diferem pelo ângulo, aqui com a cabeça voltada para o lado, no outro, com o olhar dirigido às lentes, ambos nas características molduras em formato oval e com a mesma roupa e penteado.[2] Formava-se de modo mais ou menos evidente uma trama que passava por esse álbum de família estendido, caso de Domingos Farani, outro retratado por Guimarães, que chegou ao Brasil acompanhando a mudança da futura imperatriz, a napolitana d. Teresa Cristina. Joalheiro da Casa Imperial, ele estava entre os amigos mais próximos dos Ribeiro Avelar, viscondessa e visconde de Ubá, na corte, como evidencia a troca de cartas e retratos que eram parte constitutiva dos vínculos mantidos entre esses atores. Como observa a historiadora Mariana Muaze somente [fotos das] crianças pertencentes ao grupo familiar ou filhos de amigos muitíssimos próximos como Domingos Farani, por exemplo, foram colecionadas pela viscondessa.[3] Farani, como era comum no meio, se fez retratar também no endereço de Guimarães à rua Gonçalves Dias em um busto oval que excluía o cenário do estúdio, concentrando-se na fisionomia e expressão dos indivíduos e de insígnias, como a ostentada na lapela, provavelmente relacionada ao título de comendador, e mesmo o alfinete, que ostentava o ofício de origem.

 

 

No ateliê de Guimarães entraram obrigatoriamente bacharéis e políticos do Império e da República, personagens paradigmáticos da passagem do século XIX ao XX, como Saldanha Marinho, pernambucano formado na Faculdade de Direito de Olinda em 1836 e que, entre muitos cargos, foi deputado federal pelo Rio de Janeiro, presidente de província de Minas Gerais e de São Paulo, um dos fundadores do Clube Republicano no Rio de Janeiro, signatário do Manifesto Republicano, redator de A República, firmando-se como um dos protagonistas dos momentos iniciais do novo regime.[4] Saldanha Marinho, fotografado com barba exuberante, não aparada, seguia a tendência dos homens da segunda metade do oitocentos quando o rosto barbeado era visto com suspeição, denotando pouca seriedade. Conforme Gilda de Mello e Souza, o fim do século XVII e o século XVIII talvez por causa das perucas, foram tempos de cara raspada, mas, no princípio do século XIX os bigodes e suíças se espalham pelos exércitos de Napoleão, e já em 1810 Tkackeray nos apresenta aos sensacionais moustachios de Jos Sedley. A moda, durante algum tempo privilégio dos militares e símbolo de ferocidade, difunde-se rapidamente, e em breve o homem se entrega a uma desenfreada decoração capilar.[5]

 

 

Roupas escuras, barba e bigode também compuseram o retrato de Carlos Augusto de Carvalho: formado na faculdade de Direito de São Paulo em 1873, responsável, como presidente de província no Paraná, pela eclosão da Revolta do Vintém, Carvalho iria se destacar como ministro das Relações Exteriores nos anos 1890 reivindicando a ilha de Trindade aos ingleses, contando então com o apoio de Raul Pompeia e de Joaquim Portela, que, na época, eram diretores da Biblioteca Nacional e do Arquivo Público, provendo-o de informações. Em 1904 volta à cena, arbitrando o conflito entre o Brasil e a Bolívia.[6] Nesse retrato, Carlos de Carvalho não se circunscreve ao oval delimitado: está cercado pela névoa indefinida que é também uma das marcas do período, a volta de um tom crepuscular ao qual se referiu Walter Benjamin, em um artifício utilizado para reviver a aura dos primeiros tempos da fotografia, partilhado nos ateliês fotográficos das grandes capitais, superando distâncias de diferentes ordens.

 

 

Pelo estúdio fotográfico de Guimarães também passaram militares como Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire Rohan, o visconde de Beaurepaire, entre outros não identificados, todos com suas fardas e condecorações. Em fotos de busto ou corpo inteiro, nas poses rígidas, como se espera desses retratados, evidencia-se o desejo de registrar para a posteridade o lugar social e, sobretudo, demarcar hierarquias. A fotografia de Beaurepaire, gentil-homem da Imperial Câmara, grã-cruz da Imperial Ordem de Avis, dignitário da Imperial Ordem da Rosa e comendador da Imperial Ordem de Cristo, uniformizado, portando algumas dessas condecorações, como a Imperial Ordem da Rosa e a Ordem de Cristo, nos anos 1890, é exemplar também de alguém que, sob o regime republicano, deixava clara a sua vinculação com o governo imperial.

 

 

Ana Mauad, observa que o sucesso do retrato carte-de-visite deve-se justamente à capacidade de adaptar o cliente a moldes preestabelecidos e de possível escolha através de um catálogo de objetos e situações; o estúdio do fotógrafo passa a ser um depósito de complementos escolhidos para caracterizar diferentes papéis sociais que se quer fabricar. […] O próprio cliente se converteu, ele mesmo, num acessório de estúdio, suas poses obedeciam a padrões estabelecidos e já institucionalizados de acordo com a sua posição social.[7] Nas imagens de busto, como a de Beaurapaire ou no “retrato de homem fardado, dos anos 1880, o fotografado posiciona-se mais próximo da câmera; as expressões faciais ganham destaque, o tronco elevado revela mais claramente elementos como insígnias e condecorações. Já nos retratos de corpo inteiro, como a intitulada “fotografia homem fardado”, além das dragonas e das condecorações, da exibição do conjunto do uniforme, da pose altiva, alguns elementos chamam a atenção como a barretina com penacho apoiada em uma banqueta e a espada e seu fiador em uma das mãos. Os elementos cenográficos, comuns aos retratos de meio corpo ou corpo inteiro são acessórios; não roubam a centralidade do retratado.

Outro registro interessante produzido por Guimarães é a de Lúcio de Mendonça, em 1896. Advogado, jornalista, magistrado, escritor, idealizador da Academia Brasileira de Letras, seu retrato, a começar pelas roupas e pose, denota despojamento e uma despreocupação em perenizar a imagem de homem sofisticado. A ausência de elementos decorativos, adornos, a simplicidade mesma do paletó escuro e camisa branca estão sob medida para um republicano, um burguês que, diferente da aristocracia num passado recente, não necessitava fazer da moda um elemento de distinção. E a dedicatória à Ferreira do Araújo, fundador da Gazeta de Notícias, e por quem Lúcio possuía grande admiração, evidencia a inscrição do fotografado no círculo dos intelectuais da segunda metade do século XIX.

 

 

Além das dedicatórias, algumas das imagens aqui apresentadas, trazem, no verso, dados referentes ao estúdio de Guimarães, sua participação em exposições, seus títulos – Fotógrafo da Casa Imperial, Cavaleiro da Ordem da Rosa – seus prêmios. Como era comum a fotógrafos da sua envergadura, essas informações, ao mesmo tempo em que o distinguia dos concorrentes, o aproximava da sua clientela, homens e mulheres da boa sociedade que aumentavam seu capital simbólico justamente por se darem a ver através das suas lentes.

 

[1] MAUAD, Ana Maria, RAMOS, Itan Cruz. Fotografias de família e os itinerários da intimidade na História. Acervo, Rio de Janeiro, v. 30, n. 1, p. 155-178, jan./jun. 2017, p. 159.

[2] Outro retrato da baronesa de Loreto produzido por Insley Pacheco e igualmente parte da coleção do Arquivo Nacional, pode ser visto neste portal. Disponível em https://brasilianafotografica.bn.gov.br/brasiliana/handle/20.500.12156.1/5027

[3] MUAZE, Mariana de Aguiar F. O império do retrato: família, riqueza e representação social no Brasil oitocentista (1840-1889). Tese de doutorado. Programa de Pós graduação em História da Universidade Federal Fluminensse, 2006, p. 296.

[4] Cf. Alzira Alves de ABREU et al (coords.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930. Rio de Janeiro: CPDOC, 2010. In: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/MARINHO,%20Saldanha.pdf Acesso em: 20/11/2017.

[5] Ver SOUZA, Gilda de Mello e. O espírito das roupas: a moda no século XIX, São Paulo: Cia. das Letras, 1087, p. 75.

[6] Cf. Alzira Alves de ABREU et al (coords.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930. Rio de Janeiro: CPDOC, 2010. In: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/CARVALHO,%20Carlos%20Augusto%20de.pdf Acesso em: 20/11/2017

[7] MAUAD, Ana. Poses e flagrantes: ensaios sobre história e fotografias. Rio de Janeiro: EDUFF, 2008, p. 129-130.

 

*Claudia Beatriz Heynemann – Doutora em História | Pesquisadora do Arquivo Nacional

*Maria do Carmo Rainho – Doutora em História | Pesquisadora do Arquivo Nacional

 

 

Breve perfil e cronologia do fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 30/01/1924)

  Andrea C. T. Wanderley**

 

 

Um dos fotógrafos preferidos da corte brasileira, amigo do imperador d. Pedro II (1825 – 1891), o português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924), nascido em Guimarães, chegou ao Brasil com 11 anos, a bordo de um veleiro carregado de repolhos. Foi lavador de pratos, servente em tascas na beira do porto e vendedor de armarinhos. Começou sua carreira de fotógrafo associando-se a Eduardo Isidoro Van Nyvel, no Rio de Janeiro, em 1862. Quatro anos depois, passou a anunciar-se sozinho no mesmo ateliê na Rua dos Ourives, 40. Em 13 de setembro de 1866, recebeu o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Fez, assim como o fotógrafo Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), fortuna com seus retratos em foto-pintura – retrato ampliado pintado a óleo ou guache ou pastel por um pintor. Guimarães ia frequentemente à Europa e aos Estados Unidos para comprar equipamentos e se atualizar com o que havia de mais moderno no campo da fotografia. Além disso, inventou o Relâmpago Guimarães.

José Ferreira Guimarães foi comendador da Ordem de Cristo e da Ordem da Rosa. Foi premiado com a medalha de prata na Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial de 1865, 1866 e 1867; e na Exposição Nacional de 1866 e de 1873.  Após uma passagem pela rua do Ourives, 38, inaugurou, em 1886, um novo ateliê que, segundo Gilberto Ferrez, era um verdadeiro palácio da fotografia. Foi a maior casa fotográfica brasileira do século XIX e ficava na rua Gonçalves Dias, nº 2, esquina com a rua da Assembleia.

Passava temporadas na Europa mas, foi durante a década de 1910, que, provavelmente, transferiu-se definitivamente para a França, onde morou em um palacete nos arredores de Paris, na rue de La Paix, 21, em Bois Colombe. A casa enorme, apelidada pela esposa de Guimarães, Virginia Prata Guimarães, de Little Castle, foi construída em um estilo acastelado, que tornou-se moda entre os paulistas endinheirados pela cafeicultura, nas primeiras décadas do século XX.

Acessando o link para as fotografias de autoria de José Ferreira Guimarães disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Nas palavras do fotógrafo Benedito Junqueira Duarte (1910 – 1995), seu discípulo e sobrinho neto de sua esposa, José Ferreira Guimarães era um tipo humano raro e versátil, além de ter uma invejável agilidade mental e ser de uma honestidade a toda prova. Era muito bem relacionado e foi amigo íntimo do fotógrafo francês Félix Nadar(1820 – 1910) e também do peruano Léopold-Émile Reutlinger (1863 – 1937). Segundo Junqueira Duarte, Guimarães era vaidoso e tinha longas barbas branquíssimas, sempre impecavelmente aparadas, era ereto e elegante, apesar da idade, e tinha um riso de tolerância e compreensão a esconder-se por detrás de fartos bigodes.

Sobre a obra de Guimarães e a invenção do Relâmpago Guimarães, Junqueira Duarte escreveu:

…Pela qualidade e refinamento de seu trabalho e rigor profissional que manipulava sua obra, do retoque a bico de lápis à apresentação formal de seus retratos, da viragem a ouro à técnica do esmalte a fogo dos medalhões que produzia – pareciam pequenos camafeus colorido a mão – desfrutou de grande prestígio na aristocracia brasileira e fez uma vultosa fortuna…Com José Ferreira Guimarães, desaparecia um homem de inteligência privilegiada, de espírito criador incomum, a quem deve a fotografia de todos os povos uma de suas grandes invenções – o engenho produtor de luz artificial em ambiente fechado, a partir da combustão instantânea do magnésio, própria para impressionar, em fração mínima de segundo, uma chapa fotográfica. A esse aparelho que encenava em si a luz do sol, deu ele o nome sugestivo e profético de Relâmpago Guimarães, apresentado com grande êxito na famosa Exposição Universal de Paris, em 1900. Muitos anos mais tarde, meio que por volta de 1935 ou 36, aperfeiçoado, miniaturizado e industrializado pelos norte-americanos, o engenho de José Ferreira Guimarães, surgiram no comércio fotográfico as lâmpadas (ou bulbos) em todo o mundo e em breve conhecidas sob o nome de Flash, ou seja, Relâmpago.

Não creio que algum historiador da fotografia, da arte e de sua técnica, tenha mencionado em seus livros, como legítimo inventor do processo flash o nome de José Ferreira Guimarães, o pequeno emigrante português que tronou grande sua arte, criador original da enorme gaiola de vidro, munido de grosso tubo exaustor para a saída da fumaça de magnésio e de um ventilador aspirante, destinado a apressar a evacuação dos pesados rolos de fumo produzidos pela incandescência da mistura química geradora de fortíssimo lampejo azulado…

…Que de benefícios trouxe a engenhosa invenção de José Ferreira Guimarães para a Humanidade, no estudo minucioso da Dinâmica dos corpos, na ilustração de variadas pesquisas científicas realizadas com a fotografia feita em curtíssima exposição, como a documentação endoscópica, ou a do fundo do olho, para apenas citar esses dois exemplos, colhidos por entre a incessante atividade dos documentaristas na Medicina e a Cirurgia!…

 

Cronologia de José Ferreira Guimarães

 

 

1841 – Nascimento de José Ferreira Guimarães, em Guimarães, na região do Minho, em Portugal.

c. 1852 – Aos 11 anos, emigrou sozinho para o Brasil, a bordo de um veleiro carregado de repolhos.

1860 – Guimarães radicou-se no Rio de Janeiro.

1862 – Provavelmente, nesse ano iniciou sua trajetória como fotógrafo, associando-se a Eduardo Isidoro Van Nyvel (18? – ?), na rua do Ouvidor, nº 75. Anunciaram que em seu estabelecimento fotográfico, aberto há poucos dias, executava-se retratos pelos sistemas do ambrótipo e cartões de visita (Jornal do Commercio, 9 de setembro de 1862).

1863 – Publicação de uma propaganda do estabelecimento fotográfico de Van Nyvel e Guimarães no qual anunciaram ter recebido de Alexandre Ken, o primeiro fotógrafo do globo, o processo de cartões de visita, além de uma máquina…para fazer oito retratos em um só vidro e outra que com um único tubo tira quatro posições diferentes em um vidro (Jornal do Commercio, 10 de junho de 1863).

 

 

1864 - Van Nyvel e Guimarães mudaram-se para a rua do Ourives, nº 40 (Jornal do Commercio, 22 de março de 1864, primeira coluna).

1865 – Guimarães ganhou a medalha de prata na Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial.

1866 – Passou a anunciar-se sozinho no mesmo endereço, rua do Ourives, nº 40. Em outubro de 1866, Van Nyvel abriu um novo estabelecimento na Rua dos Ouvires, 65 (Jornal do Commercio, 2 de outubro de 1866, terceira coluna).

Foi agraciado por d. Pedro II com o título de fotógrafo da Casa Imperial, em 13 de setembro.

Ganhou a medalha de prata na 2ª Exposição Nacional. Sobre ele, o pintor Victor Meirelles, representando o júri do quarto grupo, onde se incluía a fotografia, escreveu no relatório do evento:

‘1ª Medalha de Prata – José Ferreira Guimarães (1841 – 1924):

Cabe a honra de ser classificado em primeiro lugar, obtendo a medalha de prata, o sr. J. F. Guimarães, estabelecido na rua dos Ourives, nº 40, por seus retratos de cartões de visita, e chapas de diferentes dimensões. Os trabalhos do Sr. Guimarães sobressaem-se pela fineza, nitidez e perfeição dos objetos representados e também pelo vigor dos tons que são bem calculados e de uma cor agradável, posições escolhidas com gosto e naturalidade.’

1867 - Produziu um retrato em tamanho natural no formato de 2 x 1,35 m, a maior fotografia realizada no Brasil até então.

Ganhou a medalha de prata na Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial.

Informava ter partido para a Europa (Jornal do Commercio, 25 de julho de 1867, sexta coluna).

De volta de Paris, anunciou uma exposição de retratos sobre placas de porcelana na casa do Sr. Bernasconi & Moncada (Jornal do Commercio, 15 de novembro de 1867; Correio Mercantil, 15 de novembro de 1867, quinta coluna).

 

 

1869 – Anunciou ter regressado da Europa, aonde havia ido pela terceira vez, e também a abertura de seu novo estabelecimento na rua do Ourives, nº 38, segundo andar (Jornal do Commercio, 10 de outubro de 1869, página 3, Segunda Folha).  

1872 – Fotografou a pintura Combate Naval do Riachuelo, de Victor Meirelles (1832 – 1903), empregando seu sistema de ampliação para fazer reproduções de obras de arte de grande formato. Produziu a fotografia em placa de porcelana pelo processo inalterável…Para execução dessa fotografia serviu-se o habilísssimo fotógrafo José Ferreira Guimarães de placa denominada pelos fotógrafos “negativo”…Foram tirados e distribuídos alguns “positivos” sobre papel albuminado…(Relatório da Repartição dos Negócios do Império, 1882).

1873 – Ganhou a medalha de prata na 3ª Exposição Nacional.

Teria voltado, nesse ano, a sua cidade natal, Guimarães.

1875 - Retratou Marie Caroline Lefebvre (c. 1849 – 1914), mulher do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923).

Na coluna “Folhetim da Gazeta de Notícias –  Bellas Artes”, o português Julio Huelva (1840 – 1904), pseudônimo do músico e arquiteto Alfredo Camarate, elogiou a fotografia produzida no Brasil e destacou os trabalhos dos ateliês de José Ferreira Guimarães  (1841 –1924), Joaquim  Insley Pacheco (c. 1830 – 1912) e de Albert Henchel (1827 – 1892) e Franz (Francisco) Benque (1841-1921). O autor cobrou também a presença de fotógrafos do Rio de Janeiro na Exposição Universal da Filadélfia, que se realizaria em 1876 (Gazeta de Notícias, 21 de dezembro de 1875).

Década de 1880 - Durante esta década, o fotógrafo Valério Vieira (1862 – 1941) trabalhou como assistente no estúdio do fotógrafo José Ferreira Guimarães.

1882 - No Almanack Laemmert, foi veiculado um anúncio de Guimarães: Retratos vitrificados fixados a fogo, como as porcelanas de Sèvres. Perpétua duração, constituindo por isso uma verdadeira e imorredoura relíquia de família (Almanaque Laemmert, 1882).

Segundo relatório do diretor da Academia das Belas Artes, a instituição comprou a fotografia produzida por Guimarães da primeira versão da pintura Combate Naval do Riachuelo, de Victor Meirelles, perdida durante a Exposição Internacional da Filadéfia, em 1876 (Relatório da Repartição dos Negócios do Império, 1882).

Segundo consta em um de seus cartões, foi premiado com a medalha de ouro na Exposição Continental de Buenos Aires, inaugurada em 15 de março de 1882 – a seção brasileira foi inaugurada no dia 1º de abril, ocupando uma área de 600 m2 (Diário de Pernambuco, 10 de julho de 1882, terceira coluna).

1884 – Recebeu o título de Comendador da Ordem da Rosa.

Guimarães anunciou que Waldemar Lange executava fotografias de grupos de família pelo sistema americano de John Carbutt, da Filadélfia (Jornal do Commercio, 17 de julho de 1884, na página 8). Segundo Boris Kossoy, Lange havia sido associado na Bahia ao fotógrafo Guilherme Gaensly (1843 – 1928). Na época, seu ateliê ficava na rua dos Ourives, nº 38.

 

 

Participou da Exposição da Academia de Belas Artes com esmaltes, platinotipos e algumas fotografias instantâneas, obtidas pelo processo denominado gelatino bromureto de prata  (Jornal do Commercio, 26 de setembro de 1884, segunda coluna).

A fotografia produzida por Guimarães da turma do sexto ano dos doutorandos de medicina foi exposta na casa de Narciso & Arthur Napoleão. É um trabalho, como todos os deste artista, muito notável (Diario Portuguez, 20 de dezembro de 1884, segunda coluna).

1885 – Foi encomendado à casa Guimarães um retrato a óleo de Francisco de Assis Mascarenhas. Foi realizado por Victor Meirelles e exposto na galeria Moncada. Os dois artistas foram referidos, na nota do jornal, como comendadores (Jornal do Commercio, 2 de agosto de 1885, sexta coluna).

 

 

1886 – A Casa Guimarães, na rua do Ourives, nº 38, foi substituída pela Photographia Americana, passando a pertencer a Roltgen, antigo retocador da Casa Guimarães, e do sr. Silva, antigo sócio-gerente da fotografia Carneiro & Tavares (O Paiz, 31 de julho de 1886, primeira coluna).

 

 

Guimarães inaugurou um verdadeiro palácio da fotografia, a maior casa fotográfica brasileira do século XIX, na rua Gonçalves Dias, nº 2, esquina com a rua da Assembleia. A casa, de 4 andares, foi durante algum tempo o mais alto prédio do Rio de Janeiro e foi construída expressamente para sediar o estabelecimento fotográfico de Guimarães. Os três primeiros pavimentos abrigavam as diversas seções de fotografia e o último servia de moradia do fotógrafo (Revista do Iphan, 1946, p. 199 e O Rio de Janeiro, 8 de agosto de 1886, quarta coluna).

 

 

Uma menina se acidentou quando passou em frente à casa fotográfica de Guimarães e uma tábua que servia de andaime caiu sobre sua cabeça. O fotógrafo prestou assistência à acidentada e responsabilizou-se pelo ocorrido (O Paiz, 18 de agosto de 1886, na última coluna).

1877 – Guimarães participou com fotografias das obras mais importantes da estrada de D. Pedro II da Exposição Internacional de Caminhos de Ferro no Bois de Vincennes, em Paris, em comemoração ao cinquentenário das ferrovias na França. Essas fotografias e também outras, de autoria de Marc Ferrez (1843 – 1923), foram expostas no Liceu de Artes e Ofícios (O Paiz, 18 de julho de 1887, terceira coluna).

Na casa Chameaux, exposição de uma pintura a óleo, de autoria do artista francês Battu, realizado com muita suavidade a partir de uma fotografia produzida pelo distinto fotógrafo Guimarães de uma menina vestida à moda das camponesas do norte de Portugal (Jornal do Commercio, 26 de julho de 1887, sétima coluna).

1888 – No salão do jornal O Paiz, exposição de um retrato do apregoado atirador Bento Moraes, produzido por Guimarães. Moraes era a primeira figura de uma companhia de variedades que se apresentaria no Polytheama (O Paiz, 13 de março de 1888, sétima coluna).

A Casa Guimarães, na rua de Gonçalves Dias, canto da da Assembleia foi enfeitada para participar dos festejos da cidade pelo retorno do imperador Pedro II (1825 – 1891) e da imperatriz Teresa Cristina (1822 – 1889), que ficaram ausentes do Brasil por quase um ano, na terceira viagem do soberano à Europa. Haviam partido em 30 de junho de 1887 (Diário de Notícias, 23 de agosto de 1888, terceira coluna).

 

 

1890 – Antes de cometer suicídio, o português e guarda-livros José Custódio de Oliveira enviou uma carta a Guimarães (Diário de Notícias, 22 de jumho de 1890, segunda coluna).

1891 - A partir de janeiro, José Ferreira Guimarães estaria até o fim da estação, às segundas e terças-feiras, em seu ateliê de Petrópolis (Jornal do Commercio, 11 de janeiro de 1891).

1894 – A Photographia Guimarães funcionava em Petrópolis, aos domingos, segundas e terças-feiras, em um chalé ao lado do Hotel Orleans (Gazeta de Petrópolis, 7 de março de 1894, terceira coluna).

Estava exposto na casa Palais Royal um quadro com os retratos dos doutorandos de 1894, produzido pela Photographia Guimarães (Gazeta de Notícias, 7 de novembro de 1894, na penúltima coluna).

Alguns membros da comissão da República Oriental do Uruguai, em visita ao Brasil, iriam ser fotografados na Photographia Guimarães (A Notícia, 8 e 9 de novembro de 1894, terceira coluna).

1895 – Na primeira página do Jornal do Brasil, era noticiado que a Photographia Guimarães & C continuava a merecer o favor público pela excelência de seus trabalhos artísticos (Jornal do Brasil, 10 de março de 1895, quarta coluna).

 

 

1896 – Na edição 36 de A Bruxa, foi publicada uma fotografia de F. Guimarães, conhecido proprietário da Photographia Guimarães (Commercio de São Paulo, 13 de outubro de 1896, última coluna). A Bruxa foi uma revista dirigida pelo poeta Olavo Bilac  (1865-1918) e pelo ilustrador português Julião Machado (1863 – 1930), entre 1896 e 1897.

Foi noticiado que a Photographia Guimarães produziria fotografias das salas do Club dos Repórteres com convidados por um processo novo de notável sucesso na arte fotográfica cuja primeira experiência foi realizada ontem (A Notícia, 24 e 25 de outubro de 1896, segunda coluna).

Estava exposto na vitrine da casa Colussi, na rua do Ouvidor, uma fotografia do presidente Prudente de Morais (1841 – 1902), produzida pela Photographia Guimarães. De acordo com a notícia, poderia se dizer que a obra é uma nova descoberta da photographia pois que o retrato…é feito em esmalte photográphico vitrificado a fogo, tão inalterável como as pinturas da porcelana de Sèvres e de Limoges… (Jornal do Brasil, 8 de novembro de 1896, quinta coluna).

1897 – O fotógrafo Alfredo Musso, irmão de Luis Musso, trabalhava na Photographia Guimarães (Jornal do Commercio, 1º de fevereiro de 1897, penúltima coluna).

Luis Musso, sócio da Photographia Guimarães, levou de presente à redação do Jornal do Brasil uma fotografia em platinotipia de um grupo de jornalistas que haviam assistido à inauguração da luz artificial para obter fotografias instantâneas (Jornal do Brasil, 12 de março de 1897, segunda coluna). Luis Musso havia sido o primeiro operador da Companhia Photographica Brazileira, dirigida pelo fotógrafo Juan Gutierrez (c. 1860 – 1897), desde sua fundação, em 1892, até 31 de março de 1894 (Jornal do Commercio, 13 de fevereiro de 1898, na última coluna). Em 1905, os irmãos Musso estavam estabelecidos na rua Uruguayana sob a razão social L. Musso & C, que também se anunciava como Photographia Brazileira.

Foi encomendada à Photographia Guimarães um retrato do engenheiro e primeiro diretor da Estrada de Ferro Pedro II, Christiano Ottoni (1811 – 1896), que seria ofertado à Escola Naval por seu filho, o industrial Julio Ottoni (Jornal do Brasil, 17 de setembro, sétima coluna).

1898 – Herrero Vargas, empregado da Photographia Guimarães, retratou um grupo da Estudantina do Cassino Espanhol em excursão a Santa Teresa (Gazeta de Notícias, 28 de fevereiro de 1898, primeira coluna).

O presidente da República, Prudente de Morais (1841 – 1902), presenteou o redator-chefe da Cidade do Rio, José do Patrocínio (1854 – 1905), fotografias de sua família produzidas pela Photographia Guimarães (Cidade do Rio, 10 de novembro de 1898, terceira coluna).

Na Casa Merino, estavam expostas três fotografias em platinotipia produzidas pela Photographia Guimarães: do presidente e do vice-presidente da República, Campos Salles (1841 – 1913) e Rosa e Silva (1857 – 1929), respectivamente, e do novo ministério do governo (Jornal do Commercio, 15 de novembro de 1898, sexta coluna).

1899 – O Sr. Musso, da Photografia Guimarães, registraria o cruzador italiano Fieramosca (A Notícia, 5 e 6 de agosto de 1899, segunda coluna).

Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), Marc Ferrez (1843 – 1923) e José Ferreira Guimarães foram nomeados para formar a comissão de propaganda da classe de fotografia da Exposição do Quarto Centenário do Brasil, em 1900, promovida pela Sociedade Propagadora das Belas Artes (A Imprensa, 31 de outubro de 1899, quarta coluna).

1900 – Horacio Garcia Vidal trabalhava na Photographia Guimarães (Cidade do Rio, 24 de janeiro de 1900, na última coluna).

Publicada na Revista da Semana, de 22 de julho de 1900, um instantâneo do Largo da Carioca, tirado do segundo andar da afamada Photographia Guimarães.

Apresentou na Exposição Universal de Paris o Relâmpago Guimarães, uma espécie de flash que permitia tirar fotografias em ambientes obscurecidos ou no período da noite.

A luz produzida por ele é exatamente a necessária para substituir a claridade do dia, suprindo-a em todo o seu vigor, mas permitindo respeitar as nuances do modelo, por mais delicado que seja.

O acolhimento que foi feito na Europa à invenção de nosso compatriota, proprietário da afamada Photographia Guimarães, deve ser muito lisonjeiro para os fotógrafos nacionais‘ (Revista da Semana, 12 de agosto de 1900).

 

 

1901 – Guimarães era sócio de Luis Musso e Julio D. Roltgen (Almanak Laemmert, 1901).

Julio Roltgen, da Photographia Guimarães, foi o autor do registro do “batismo da Salamina”, festa realizada no club de Regatas Botafogo. A imagem foi publicada na revista quinzenal Brasil Náutico, número 4, e foi considerada a nota elegante da edição (A Notícia, 8 e 9 de maio de 1901, terceira coluna).

Um retrato do senador do Império, Cândido Mendes de Almeida (1818 – 1881), executado pela Photographia Guimarães e emoldurado pela fábrica Martins Seabra & C., foi ofertado ao Jornal do Brasil (Jornal do Brasil, 31 de maio de 1901, sétima coluna).

Foi noticiado que o Relâmpago Guimarães havia obtido a medalha de 1ª classe na Exposição Universal de Paris de 1900. A Photographia Guimarães foi referida como admirável estabelecimento da rua Gonçalves Dias, esquina do largo da Carioca e, devido ao Relâmpago Guimarães estava executando trabalhos de inigualável perfeição. Os retratos produzidos na Casa Guimarães eram verdadeiras maravilhas de arte pela naturalidade da pose e pela incomparável nitidez (Gazeta de Notícias, 4 de julho de 1901, sétima coluna).

Por encomenda do presidente da República, Campos Sales (1841 – 1913), a Photographia Guimarães produziu um quadro medindo 1 metro por 80 centímetros com as fotografias do governo provisório da República organizado em 15 de novembro de 1889. O quadro ficaria no salão de despachos do Palácio do Catete (A Notícia, 26 e 27 de novembro de 1901, segunda coluna).

1902 – Na Igreja da Candelária, foi rezada uma missa pela turma de guardas-marinha de 1879. Nove deles estiveram presentes à cerimônia e depois foram retratados na Photographia Guimarães (Gazeta de Notícias, 9 de março de 1902, sétima coluna).

Luis Musso estava na direção da Photographia Guimarães (Jornal do Brasil, 24 de julho, sexta coluna).

1903 – Em anúncio, a Photographia J.F. Guimarães & C afirmava acreditar que nada devia à praça e pedia que, caso houvesse qualquer reclamação, que fosse levada a seu proprietário até o dia 10 de dezembro de 1903 (Jornal do Brasil, 6 de dezembro de 1903, primeira coluna).

1904 – Tendo deixado de trabalhar na Photographia Guimarães, Alfredo e Luis Musso e Julio D. Beltgen anunciaram a abertura de um novo estabelecimento fotográfico, na rua Uruguaiana, nº 10 (Gazeta de Notícias, 21 de fevereiro de 1904, terceira coluna).

Recém chegado da Europa, Guimarães anunciou a reabertura de seus ateliers modelos onde o high life poderia encontrar o chic da fotografia moderna (Jornal do Brasil, 24 de fevereiro de 1904, quinta coluna e Gazeta de Notícias , 21 de fevereiro, terceira coluna).

 

 

1905 – Estava exposta na Photographia Guimarães uma fotografia de Oswaldo Cruz (1872 – 1917), diretor da Saúde Pública, com um tamanho que nunca se fez entre nós (Gazeta de Notícias, 12 de abril, sexta coluna).

A Photographia Guimarães continuava na rua Gonçalves Dias (A Notícia, 10 e 11 de junho de 1905, quarta coluna).

1906 – A Photographia Guimarães funcionava sob a direção de José Ferreira Guimarães e A. Pinto, na rua da Assembleia, 78 (A Notícia, 25 e 26 de outubro, segunda coluna). Novo anúncio, no mês seguinte, só menciona Guimarães na direção do estabelecimento fotográfico (A Notícia, 6 e 7 de novembro de 1906, quinta coluna).

1907 – A Photographia Guimarães informava não ter nem funcionários ambulantes nem filiais pelo Brasil. As encomendas deveriam ser feitas na rua da Assembleia, 78 (A Notícia, 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 1907, segunda coluna).

A turma de formandos em Odontologia e Medicina encomendaram quadros alegóricos na Photographia Guimarães. Seriam feitos em Paris, sob a supervisão do comendador Guimarães, que mais uma vez daria provas de seu bom gosto artístico (A Notícia, 27 e 28 de julho de 1907, quarta coluna).

A Photographia Guimarães anunciou que o funcionário Augusto Cezar Osório não trabalhava mais no estabelecimento (Jornal do Brasil, 14 de setembro de 1907, sétima coluna).

Exposição, na Photographia Guimarães de uma fotografia de Oswaldo Cruz (1872 – 1917), diretor da Saúde Pública (A Notícia, 4 e 5 de novembro de 1907, terceira coluna).

1909 / 1910 / 1911 / 1912 /1913 - A Photographia Guimarães funcionava em um sobrado, na rua da Assembleia, 100 (A Notícia, 22 e 23 de maio de 1909, terceira coluna e Almanak Laemmert, 1911, terceira coluna).

1909 – Publicação na revista Careta, 21 de agosto de 1909, de duas fotografias do escritor Euclides da Cunha (1866 – 1909), produzidas na Photographia Gumarães. Pouco antes de sua morte, o escritor havia oferecido ao jornalista Ernesto Senna (1858-1913) uma fotografia sua produzida na Photographia Guimarães (Correio Paulistano, 17 de agosto de 1909, primeira coluna).

Década de 1910 – Provavelmente, durante essa década, mudou para a França, onde morou em Bois Colombe.

1911 – Publicação de um retrato do cientista Carlos Chagas (1879 – 1934), produzido na Photographia Guimarães (A Noite, 8 de agosto e 9 de agosto de 1911).

1912 – Do terceiro andar da Photographia Guimarães, o comandante Souza Aguiar dirigia o trabalho dos bombeiros para debelar um grande incêndio no coração da cidade (O Paiz, 25 de março de 1912, na última coluna).

Proprietário e empregados de estabelecimentos fotográficos requisitaram que os mesmos não mais abrissem aos domingos. Dois empregados da Photographia Guimarães participaram do abaixo-assinado endereçado aos vereadores da cidade do Rio de Janeiro (A Imprensa, 13 de abril de 1912, segunda coluna).

1913 – Foi roubada uma mercadoria – papel sensibilizado – destinada a José Ferreira Guimarães (Correio da Manhã, 23 de janeiro de 1913, segunda coluna).

Uma dúzia de retratos de Boudoir, última novidade, criação da afamada Photographia Guimarães, seria o 2º Prêmio do Grande Concurso Extraordinário D, promovido pelo semanário O Tico-Tico: Jornal das Crianças (O Tico-Tico, 4 de junho de 1913).

1914 - Pela última vez a Photographia Guimarães foi anunciada no Almanak Laemmert.

Uma dúzia de retratos da Photographia Guimarães foi o 1º prêmio do Grande Concurso Extraordinário K, promovido pelo semanário O Tico-Tico: Jornal das Crianças (O Tico-Tico, 7 de outubro de 1914).

1915 – A capa do Jornal das Moças foi ilustrada com uma imagem de Carolina Pereira dos Santos, filha de um empresário do Rio de Janeiro. O trabalho fotográfico foi da Casa Guimarães e a gravura foi realizada no ateliê de Alois Fabien (Jornal das Moças, 1º de março de 1915).

1916 – Um dos prêmios sorteados pelo semanário O Tico-Tico seriam retratos da Photographia Guimarães (O Tico-Tico, 9 de fevereiro de 1916).

Após longos anos na Europa, José Ferreira Guimarães voltou a dirigir seu estabelecimento fotográfico no
Rio de Janeiro (A Noite, 5 de agosto de 1916, quinta coluna).

 

 

 

1917 – Foi anunciado que o segundo andar da Photographia Guimarães poderia ser alugado para dentista ou negócio de luxo. O prédio, que possuia elevador, foi referido como aristocrático (Jornal do Brasil, 28 de julho de 1917, quarta coluna). Nesse mesmo ano, foi anunciado que A Photographia Huebner & Amaral havia reaberto em 11 de setembro, na rua da Assembleia, 100, antigo endereço da Photographia Guimarães (Jornal do Commercio, 9 de setembro de 1917).

1919 - Neste ano, Maria Aparecida, uma sobrinha neta de sua esposa, foi residir com eles, na França.

1921 – O sobrinho neto de sua mulher, Benedito Junqueira Duarte (1910 – 1995), viajou para Paris, tornando-se discípulo de Guimarães. Posteriormente, Benedito trabalhou na Seção de Fotografia do Departamento de Cultura de São Paulo a convite de Mário de Andrade (1893 – 1945), além de ter sido sócio-fundador do Foto Cine Clube Bandeirante.

1924 – José Ferreira Guimarães faleceu na França, em 30 de janeiro, provavelmente, de infecção pulmonar. Foi enterrado no cemitério de Bois Colombe.

 

**Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

AULER, Guilherme, sob o pseudônimo de Ricardo Martim, em dois artigos publicados na Tribuna de Petrópolis. Petrópolis, 1º e 8 de abril de 1956.

ERMAKOFF , George. Rio de Janeiro 1840 – 1900 – Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006.

DUARTE, Benedito J. José Ferreira Guimarães, fotógrafo da Corte Imperial. O Estado de São Paulo. São Paulo, 4 dez, 1977 (Suplemento Cultural).

FERNANDES JUNIOR, Rubens. B.J. Duarte Invenção e modernidade na fotografia documental.

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840- 1900. Prefácio Pedro Karp Vasquez. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. 248 p. (História da fotografia no Brasil, 1).

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

KOSSOY, Boris. Origens e expansão da fotografia no Brasil : século XIX. Prefácio Boris Kossoy. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. 128 p.

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho: Companhia Internacional de Seguros: Ed. Index, 1985. 243 p.

VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na fotografia oitocentista. São Paulo: Metalivros, 2003.

O fotógrafo português Francisco du Bocage (14/04/1860 – 22/10/1919)

O fotógrafo português Francisco du Bocage (14/04/1860 – 22/10/1919)*

 

oproprio

Francisco du Bocage em primeiro plano. Fotografia de 1907 publicada na página 224 do livro Railways of Brazil in Postcards and Souvenir Albums (2005).

 

Considerado um dos mais importantes fotógrafos que atuava em Pernambuco na virada do século XIX para o XX, pouco se conhece da biografia de Francisco du Bocage (1860 – 1919), que intitulava-se fotógrafo artista, evidenciando sua preocupação com o valor estético de sua produção. Foi autor de uma importante documentação de Olinda e também do Recife. Seus registros, muitos dos quais foram editados como cartões-postais, revelaram a capital pernambucana, a Veneza brasileira, no auge de sua beleza. Documentou, também, obras do porto do Recife durante as administrações dos governadores Herculano Bandeira de Melo (1850 – 1916), Emídio Dantas Barreto (1850 – 1931) e Manuel Borba (1864 – 1928), no período entre 1908 e 1919. Sua obra fotográfica registrou o processo de modernização da cidade. 

 

 

Acessando o link para as fotografias de Francisco du Bocage disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Foi saudado no Jornal do Recife como hábil fotógrafo português (Jornal do Recife, 14 de março de 1895, na quarta coluna), mas algumas publicações se referem a ele como francês. Bocage foi correspondente, no Recife, do Jornal do Brasil e da Revista da Semana. Foi também dono de uma oficina de chapéus para senhoras e crianças e, em um período, ofereceu serviços de massagem e de ginástica médica sueca em seu estabelecimento na rua da Imperatriz, nº 31.

Segundo um documento de identificação expedido em 10 de abril de 1918, no Recife, Bocage era português, naturalizado brasileiro, casado, tinha 1m68 de altura, olhos castanhos escuros, cabelos grisalhos, bigodes brancos, barba raspada e sua profissão era comerciante. Traz ainda uma imagem e a assinatura do fotógrafo. Esse documento foi trazido aos IMS, em fins de 2018, por seu bisneto, Sergio du Bocage.

 

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Documento de identificação de Francisco du Bocage, trazido aos IMS, em fins de 2018, pelo bisneto do fotógrafo, Sergio du Bocage.

 

Sabe-se que foi casado com a alemã Anna du Bocage, com quem teve quatro filhos: Beatriz Augusta, Dinah, Daniel e George. Faleceu em 22 de outubro de 1919, na cidade de Bezerros, no interior de Pernambuco.

 

Cronologia de Francisco du Bocage (1860 – 1919)

 

 

1860 –  Nascimento de Francisco du Bocage, em 14 de abril de 1860, em Portugal, filho de Albino José Pereira e Anna Maria de Oliveira Bocage.

1889 – Francisco du Bocage seria o diretor do curso noturno de Escrituração Mercantil e Línguas, em Salvador, na rua Conselheiro Pedro Luis, n. 38 (Diário do Povo, 15 de maio de 1889, na última coluna). Nesse ano, foi publicado no Almanach Literário um poema , de sua autoria de Francisco Bocage, intitulado “Chromo”. Seria o próprio fotógrafo ou um homônimo?

1892 – Francisco du Bocage chegou no Recife a bordo do vapor nacional Olinda, vindo do sul do Brasil (Diário de Pernambuco, 17 de fevereiro de 1892, na segunda coluna).

No ateliê do fotógrafo, pintor, escultor, músico, colecionador e antiquário Alfredo Ducasble (18? – ?), localizado na rua Barão da Vitória, nº 65, no Recife, Bocage expôs chapéus e capotas (Diário de Pernambuco, 24 de fevereiro de 1892, quarta coluna e Jornal do Recife, 24 de fevereiro de 1892, terceira coluna).

 

 

1894 – Francisco du Bocage declarou, em 11 de janeiro de 1894, a compra da oficina de chapéus para senhoras e crianças do sr. A. Damour, localizada na rua da Imperatriz, 31, que passaria a ser dirigida  pela modista A. du Bocage, sua esposa, Anna. Qualquer reclamação a fazer sobre venda e compra da dita oficina deverá ser dirigida ao signatário deste até o dia 20 do corrente mês, sob pena de nenhum efeito (Diário de Pernambuco, 14 de janeiro de 1894, na terceira coluna).

Nascimento da primeira filha do casal, Beatriz Augusta du Bocage, em 2 de agosto de 1894.

Produziu uma fotografia do cruzador Benjamin Constant, quando o navio esteve no Recife (Jornal do Recife, 13 de setembro de 1894, na sexta coluna).

O Diário de Pernambuco agradeceu o oferecimento feito por Bocage de três esplêndidas fotografias de sua autoria (Diário de Pernambuco, 29 de setembro de 1894, quarta coluna).

 

 

Bocage, do Centro Fotográfico Pernambucano, voltou a presentear o Diário de Pernambuco, dessa vez com duas belíssimas fotografias com cenas movimentadas, tomadas rapidamente, instantaneamente. São ambas de admirável perfeição e dão a exata medida não só da excelência do aparelho fotográfico empregado, mas também da habilidade do operador (Diário de Pernambuco, 17 de outubro de 1894, na quarta coluna).

1895 – Ofereceu ao Jornal do Recife uma fotografia de sua autoria. No agradecimento do jornal, foi saudado como um hábil fotógrafo português (Jornal do Recife, 14 de março de 1895, na quarta coluna).

Bocage colocou à venda retratos de Manoel Ferreira de Assumpção, assassino de Maria Joaquina, personagem de um crime de esquartejamento ocorrido em Pernambuco.

Ofereceu ao Jornal do Recife, fotografias da parte externa do Colégio Salesiano (Jornal do Recife, 4 de julho de 1895, na quinta coluna).

Fotografou a Estrada de Ferro Central de Pernambuco, durante uma visita que várias autoridades e engenheiros fizeram a Caruaru quando os trilhos chegaram à referida cidade (Jornal do Recife, 3 de agosto de 1895, na sétima coluna).

1896 – Foi anunciada a conclusão e a abertura ao público do ateliê da Empresa Centro Artístico Fotográfico, na rua da Imperatriz, 31, sob a direção técnica de Bocage (Jornal do Recife, 5 de janeiro de 1896, na sétima coluna).

 

 

A Recebedoria do Estado de Pernambuco deferiu um pedido de Bocage (Diário de Pernambuco, 21 de abril de 1896,  primeira coluna).

Bocage fotografou sua filha Beatriz com um chapéu formado pelo Jornal do Recife. O registro foi classificado pelo periódico como um esplêndido reclame (Jornal do Recife, 4 de junho de 1896, quarta coluna).

Nascimento de sua filha, Dinah du Bocage, em 12 de junho de 1896.

No mesmo endereço do ateliê da Empresa Centro Artístico Fotográfico, na rua da Imperatriz, 31, Anna du Bocage continuava a modernizar chapéus e capotas, cingindo-se às prescrições dos mais rigorosos figurinos (Jornal do Recife, de outubro de 1896, última coluna). O anúncio é publicado outras vezes ao longo do ano e também em janeiro do ano seguinte.

1898 – Bocage havia importado da França envelopes, cartões, chaminés de vidro e obras de cobre (Jornal do Recife, 21 de abril de 1898, segunda colunaDiário de Pernambuco, 30 de abril de 1898, última coluna).

Nascimento de seu filho, George.

1899 – Bocage estava listado como um dos devedores do imposto das casas comerciais do Recife, no endereço rua da Imperatriz, 31 (Diário de Pernambuco, 3 de julho de 1899, segunda coluna).

1901 – Bocage estava listado como um dos devedores do imposto de bombeiros das casas comerciais do Recife. Seu endereço era ainda rua da Imperatriz, 31 (Jornal do Recife, 3 de janeiro de 1901, quinta coluna).

1904 – O British Colony Photo Club anunciou que tinha uma carta endereçada a Francisco du Bocage, na rua do Apolo, n. 42 (A Província, 12 de março de 1904, primeira coluna).

Bocage fotografou a inauguração do Asilo Magalhães Bastos, na Várzea, no Recife (Jornal Pequeno, 27 de junho de 1904, segunda coluna).

Em Igarassu, Bocage fotografou a inauguração de uma fábrica de cimento da firma Cunha & C. Segundo a notícia, era a primeira fábrica do gênero a funcionar no Brasil (A Província, 17 de novembro de 1904, última coluna).

Foi noticiado que Bocage deu de presente ao jornal A Província uma fotografia da fábrica de cimento São José, em Maria Farinha, e outra da construção do quarto fio telegráfico para Olinda. Na época, o fotógrafo residia na rua Hospital Pedro II, n.5 (A Província, 29 de novembro de 1905, sexta coluna).

1905 – Fotografou a visita de oficiais da canhoneira portuguesa Pátria ao Recife (Diário de Pernambuco, 29 de agosto de 1905, última colunaDiário de Pernambuco, 30 de agosto de 1905, sexta coluna e Jornal do Recife, 30 de agosto de 1905,  última coluna).

Bocage retratou os convidados para o piquenique dos alunos do Colégio 7 de setembro, realizado no engenho Valha-me Deus. Na ocasião, o futuro magnata das comunicações no Brasil, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1892 – 1968), e seu irmão, Oswaldo, recitaram poesias. Seu pai, o sr. Francisco José Chateaubriand Bandeira de Mello, presentou o Jornal do Recife com uma das fotografias do piquenique produzida por Bocage (Jornal do Recife, 10 de setembro de 1905, primeira coluna e Jornal do Recife, 28 de outubro de 1905, última coluna).

1906 - Bocage fotografou a visita do presidente da República eleito Afonso Pena (1847 – 1909) a Carpina, em Pernambuco (A Província, 8 de junho de 1906, sexta coluna).

Era o correspondente em Pernambuco do periódico Jornal do Brasil e da Revista da Semana, ambos do Rio de Janeiro.

Ofertou ao jornal A Província duas fotografias de sua autoria da chegada de Joaquim Nabuco (1849 – 1910) no Recife (A Província, 19 de julho de 1906, quarta coluna).

 

 

Anna Luiza Bocage, esposa de Francisco, foi distinguida com a carta de assistente pelo Hospital Pedro II por ter sido aprovada no curso de obstetrícia (A Província, 26 de novembro de 1906, quinta coluna).

O postal abaixo, publicado no site www.delcampe.net, tem sua produção atribuída a Francisco du Bocage, em 1906. Traz uma imagem do próprio no ato de fotografar.

 

cartao postal

 

1907 – Foram anunciados os serviços da parteira alemã, Mme. A. Luise Hurst du Bocage. Pouco depois, foi anunciada a transferência de sua residência para a rua da Imperatriz, 31. Antes, residia na rua Hospital Pedro II, n. 5 (A Província , 27 de novembro de 1906, segunda coluna). Ainda em 1907, foi anunciada sua nova residência na rua do Dr. Rosa e Silva, 31.  A. Luise Hurst du Bocage é Anna du Bocage, mulher de Francisco (Jornal do Recife, 26 de janeiro de 1907, sexta coluna, Jornal do Recife, 8 de março de 1907, quinta coluna e Jornal do Recife, 12 de março, primeira coluna).

Bocage anunciou seus serviços de massagem e de ginástica médica sueca diversas vezes ao longo de 1907 (Jornal do Recife, 5 de abril de 1907, terceira coluna).

 

 

No anúncio veiculado pelo Jornal do Recife, 4 de julho de 1907, terceira coluna, Bocage explicava seu trabalho como massagista e dos métodos que utilizava em seus exercícios físicos, além de apresentar Mme du Bocage como parteira e massagista.

 

 

 

1908 – Chegou à Alfândega do Recife, proveniente de Hamburgo, na Alemanha, no vapor alemão San Nicola, aparelhos fotográficos importados por Bocage (Diário de Pernambuco, 31 de março de 1908, terceira coluna).

No vapor brasileiro Bahia, chegaram, de novo de Hamburgo, artigos fotográficos para Bocage (Diário de Pernambuco, 26 de julho de 1908, terceira coluna).

Bocage possuía produtos em armazéns da Alfândega do Recife (Jornal do Recife, 8 de agosto de 1908, terceira coluna).

No Recife, Bocage registrou o plantio de aglaias na rua Camarão, obedecendo ao plano traçado pelo ilustre doutor Archimedes de Oliveira, prefeito desta capital  para o embelezamento desta cidade (Diário de Pernambuco, 19 de setembro de 1908, quarta coluna).

1909 – Bocage fotografou a festa realizada pelo Instituto de Proteção à Infância (A Província, 26 de janeiro de 1909,  quinta coluna).

Chegaram ao porto do Recife, a bordo do vapor alemão Corrientes, proveniente de Nova York, placas fotográficas importadas por Bocage (Diário de Pernambuco, 4 de fevereiro de 1908, quinta coluna).

O escriturário Lacerda de Almeida, da Recebedoria do Estado, cientificou ao sr. F. du Bocage, a rua do dr. Rosa e Silva n. 31 a coleta de um imposto no valor de 200$000 (Diário de Pernambuco, 26 de fevereiro de 1909, sexta coluna).

Chegaram ao porto do Recife, provenientes de Hamburgo, na Alemanha, a bordo do vapor alemão Etruria, quatro caixas de artigo para farmácia importadas por Bocage (Diário de Pernambuco, 7 de abril de 1909, terceira coluna).

No vapor alemão Petrópolis, vindo de Hamburgo, na Alemanha, chegaram no porto de Recife 4 caixas de material fotográfico importados por Bocage (Diário de Pernambuco, 24 de julho de 1909, quinta coluna).

Bocage foi um dos autores do serviço fotográfico do Álbum de Pernambuco, organizado pelo jornalista Manuel Monteiro, cuja impressão ficou a cargo da casa do comendador Francisco Pastor. Os outros fotógrafos foram Manuel Tondella, Fernando Piereck, João José de Oliveira, Umbelino Silva, Mario Ribeiro e Luiz Santiago (Diário de Pernambuco, 24 de agosto de 1909, última coluna e Jornal Pequeno, 24 de agosto de 1909, última coluna).

 

 

No vapor alemão São Paulo, chegada de material fotográfico, importado de Hamburgo por Bocage (Diário de Pernambuco, 4 de novembro de 1909, quarta coluna).

Foram enterradas no Cemitério de Santo Amaro, com um intervalo de 9 dias, Beatriz Bocage, de 15 anos, e Carmen du Bocage, de 16 anos. A Brasiliana Fotográfica acredita que, provavelmente, elas eram filhas de Anna e Francisco du Bocage (A Província, 25 de novembro de 1909, segunda coluna A Província, 30 de novembro de 1909, segunda coluna).

1910 – Bocage continuava a importar artigos fotográficos (Diário de Pernambuco, 19 de fevereiro de 1910, quarta coluna;  10 de março de 1910, na quinta coluna; 7 de maio, quinta coluna; 5 de junho, quarta coluna;17 de setembro, quarta coluna; 5 de outubro, sexta coluna).

1911 – A administração dos Correios publicou que Anna e Francisco du Bocage estavam na relação de pessoas que haviam autorizado a entrega de suas correspondências registradas (Jornal do Recife, 21 de julho de 1911, terceira coluna).

Durante o ano, Bocage seguiu fazendo importações de artigos fotográficos (Diário de Pernambuco, 28 de maio de 1911, quarta coluna; 7 de julho, sétima coluna; 8 de junho, terceira coluna; 8 de agosto, quinta coluna; 22 de agosto, quarta coluna; e 20 de outubro, quarta coluna).

Bocage utilizava em seu estabelecimento, a Photographia Industrial e Artística, os filmes Ensign, considerado por ele como superior a qualquer outro (A Província, 14 de setembro de 1911, quarta coluna).

Bocage fotografou a chegada do general Emidio Dantas Barreto (1850 – 1931), futuro governador de Pernambuco, no Recife (A Província, 14 de outubro de 1911, terceira coluna).

1912 – Embarcou no vapor Ilheus rumo a Aracaju, de onde retornou, no vapor Canavieiras (Jornal do Recife, 11 de março de 1912, última coluna, e Jornal do Recife, 23 de março de 1912, última coluna).

A família Porto Carrero fez uma agradecimento a algumas pessoas, dentre elas, Anna du Bocage, pelos cuidados, dedicação e carinho que havia tido com Maria Emilia Uchoa Porto Carrero  (Jornal do Recife, 5 de maio de 1912, quinta coluna).

Francisco du Bocage ofereceu à Biblioteca da Escola Regimental da Força Pública do Estado um grande número de obras de subido valor (Jornal do Recife, 3 de setembro de 1912, sexta coluna).

Chegaram no Recife, a bordo do vapor alemão Queen Eleonora, vindo de Hamburgo, três caixas de material fotográfico importados por Bocage (Jornal do Recife, 20 de novembro de 1912, terceira coluna). Uma caixa de papel fotográfico chegou para ele em um vapor alemão, vindo de Nova York (Jornal do Recife, 9 de dezembro de 1912, quarta coluna).

Bocage fotografou a festa de encerramento das aulas da Escola de Aprendizes Marinheiros (Jornal do Recife, 19 de dezembro de 1912, oitava coluna)

1913 – Seguiam as importações de artigos fotográficos feitas por Bocage (Diário de Pernambuco, 30 de março, quinta coluna).

Embarcou no vapor Pará, rumo a Natal (Diário de Pernambuco, 29 de abril de 1913, última coluna).

Bocage fez o brinde ao dr. Gouveia de Barros, diretor de Higiene do Recife, após uma visita às obras do Matadouro de Peixinhos (Jornal do Recife, 2 de novembro de 1913, segunda coluna).

Seu nome constava em um despacho da prefeitura do Recife (Jornal do Recife, 5 de novembro de 1913, quarta  coluna).

1914 - Bocage foi contratado pelo Jockey Club para registrar as chegadas dos cavalos no fim de cada páreo e, no caso de dúvidas sobre algum resultado, revelar a chapa imediatamente (Jornal do Recife, 19 de abril de 1914, na última coluna).

Anna du Bocage e George, filho do casal Bocage, embarcaram para Bremen, na Alemanha, no vapor alemão Erlangen (Jornal do Recife, 12 de julho de 1914, segunda coluna).

O outro filho do casal Bocage, Daniel, tornou-se conselheiro do recém fundado Riachuelo Football Club (Diário de Pernambuco, 26 de julho de 1914, terceira coluna). Ele estudava no Ginásio Ayres Gama (Diário de Pernambuco, 22 de novembro de 1914, quinta coluna).

1915 – Chegou no Recife, a bordo do vapor inglês Justin, vindo de Nova York, artigos fotográficos, envelopes e produtos químicos para fotografia, importados por Bocage (Jornal do Recife, 2 de julho de 1915, sexta coluna). Dias depois, chegada de papel fotográfico, também importado por ele, vindo de Liverpool, a bordo do vapor inglês Southampton (Jornal do Recife, 25 de julho de 1915, quinta coluna).

Bocage foi convidado a comparecer na 1ª seção dos Correios (Diário de Pernambuco, 24 de novembro, quarta coluna).

Bocage partiu para a Bahia no vapor Olinda e retornou para o Recife no vapor Itapura (A Província, 4 de novembro de 2015, quarta coluna; e Jornal do Recife, 13 de dezembro de 1915, quarta coluna).

1916 - Bocage foi e voltou à Bahia, no vapor Itatinga (A Província, 15 de maio de 1916, primeira coluna; e Jornal do Recife, 28 de agosto de 1916, quarta coluna).

O ministro da Fazenda negou provimento ao recurso ex-oficio interposto pelo Delegado Fiscal de Pernambuco, do seu ato, julgando improcedente o auto lavrado contra Francisco du Bocage, por infração do regulamento dos impostos de consumo (Jornal do Commercio, 6 de junho de 1916, sétima coluna).

1917 – George, filho de Bocage e Anna,  voltou da Europa, a bordo do vapor holandês Hollandia (Jornal do Recife, 5 de janeiro de 1917, primeira coluna).

De volta de uma viagem a Bezerros, Bocage foi saudado como distinto fotógrafo (Diário de Pernambuco, 20 de maio de 1917, primeira coluna).

Acessórios fotográficos e medicamentos importados por Bocage chegaram no Recife a bordo do vapor brasileiro Tapajós, vindo de Nova York (Diário de Pernambuco, 14 de março, terceira coluna e Jornal do Recife, 17 de março de 1917, quarta coluna).

Foi anunciado pela Casa du Bocage, na rua Imperatriz, n. 31, a produção de retratos pelo sistema fotomecânico, perfeitos e inalteráveis…únicos e a preços baratíssimos. O anúncio foi repetido diversas vezes ao longo do ano, mas a partir de julho, o endereço passou a ser rua Imperatriz, n. 13 (Jornal Pequeno, 7 de abril de 1917, primeira coluna e Jornal Pequeno, 5 de julho de 1917, quarta coluna).

Bocage fez uma exposição fotográfica muito elogiada com o tema Maternidade: Pernambuco pode apresentar  Bocage como um grande artista e seus belos trabalhos fotográficos honram qualquer galeria e podem figurar em qualquer certame artístico (A Província, 27 de julho de 1917, primeira coluna).

 

 

1918 – Com o título “Photographia Industrial”, Bocage anunciou não autorizar ninguém a fazer dívidas em seu nome (Diário de Pernambuco, 21 de janeiro de 1918, primeira coluna).

Bocage chegou do Maranhão a bordo do vapor Cururupu (Diário de Pernambuco, 24 de agosto de 1918, segunda coluna).

Após uma viagem ao norte do Brasil, Bocage anunciou o recomeço de seus trabalhos fotográficos, na rua da Imperatriz, 121 (Jornal do Recife, 1º de setembro de 1918, terceira coluna). Dias depois, veiculou uma propaganda de seu estúdio fotográfico (Jornal do Recife de 6 de setembro de 1918).

 

 

1919 – Chegada de material fotográfico importado por Bocage, no vapor inglês Somme, vindo de Londres (Jornal do Recife, 4 de outubro de 1919, terceira coluna).

George du Bocage, filho de Francisco e Anna, estava na relação dos alistados para o serviço militar da cidade do Recife (Diário de Pernambuco, 8 de outubro de 1919, terceira coluna).

Francisco du Bocage faleceu, em 22 de outubro de 1919, na cidade de Bezerros, onde se achava em tratamento de grave enfermidade e onde foi enterrado. Sua esposa, Anna du Bocage, declarou que continuava no mesmo ramo de negócios de seu falecido marido, Francisco du Bocage, à rua da Imperatriz, 121, dedicando-se especialmente ao serviço de amadores postais, vistas, etc, esperando a mesma confiança e boa vontade da parte de seus estimado fregueses ( Jornal Pequeno, 24 de outubro de 1919, terceira coluna; A Rua, 25 de outubro de 1919, quinta coluna; e Jornal do Recife, 26 de outubro de 1919, quarta e sexta colunas).

 

 

 

 

A Casa Bocage anunciou a venda de iluminação à gasolina e de material fotográfico (Diário de Pernambuco, 30 de outubro, na terceira coluna; e 31 de outubro, primeira coluna).

Seu filho, George, tornou-se o proprietário da Casa Bocage (Jornal do Recife, 28 de dezembro de 1919, terceira coluna).

 

 

 

As informações sobre nacionalidade, data de nascimento e filiação de Bocage foram fornecidas por seu bisneto Sergio du Bocage, entre 27 de novembro e 20 de dezembro de 2018.

*Esse artigo foi atualizado em 18 de junho de 2020.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

GERODETTI, João Emilio; CORNEJO, Carlos. Railways of Brazil in Postcards and Souvenir Albums. São Paulo: Solaris Edições Culturais, 2015.

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico Fotográfico Brasileiro. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

O Brasil na máquina do tempo: coleção referencial da história da fotografia brasileira / [Organizadores] Imager – Centro de Estudos da Imagem Fotográfica e Eduardo Castanho. São Paulo: Instituto Cultural  Itaú, 1997.

Site da Enciclopédia Itaú Cultural

Site da Fundação Joaquim Nabuco

Site do IMS

VASQUEZ, Pedro. Três mestres da fotografia brasileira no século XIXAcervo, Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v. 6, n 1-2, jan./dez. 1993, p. 3.

Aquedutos do Rio de Janeiro

 

 

Com uma seleção de fotografias produzidas por Augusto Malta (1864 – 1957)Georges Leuzinger (1813 – 1892)Marc Ferrez (1843 – 1923)Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886) e por Editores & propriedade de Rodrigues & Co, a Brasiliana Fotográfica destaca imagens de aquedutos pertencentes aos acervos do Arquivo Nacional, do Instituto Moreira Salles, da Leibniz-Institut für Länderkunde e da Fundação Biblioteca Nacional, que integram o portal.

O Aqueduto da Carioca, construído no século XVIII e também conhecido como Arcos da Lapa, é um símbolo do Rio de Janeiro antigo e um dos cartões postais da cidade.

 

 

Acessando o link para as fotografias de aquedutos disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Há também, além de registros de outros aquedutos do Rio de Janeiro, imagens daqueles que foram construídos durante a realização de obras de abastecimento de água, ocorridas entre 1877 e a década de 1880, e que foram documentadas pelo fotógrafo Marc Ferrez.

 

 

Acesse também o artigo Arcos da Lapa: de aqueduto a viaduto, publicado na Brasiliana Iconográfica, em 24 de outubro de 2019.

 

 

O fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas e o construtor Ramos de Azevedo

 

O fotógrafo austríaco Otto Rudolf Quaas (c. 1862 – c. 1930) registrou diversas obras projetadas ou executadas pelo Escritório Técnico Ramos de Azevedo, cujo proprietário, o paulista Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851–  1928) era, entre a virada do século XIX e as primeiras décadas do século XX, o grande construtor de São Paulo. Nesse período, a cidade passou por grandes transformações devido à riqueza gerada pela cafeicultura e pela chegada de levas de imigrantes. As construções de traços coloniais davam lugar às com influência europeia, modernas. A Brasiliana Fotográfica destaca algumas imagens da documentação das obras desse construtor, um dos trabalhos mais importantes produzidos por Quaas, reunidos no Álbum Escritório Técnico do Engenheiro e Arquiteto F. P. Ramos d’Azevedo – São Paulo – Álbum de Construções. Quaas fotografou, dentre vários projetos, palacetes, o portal do Cemitério da Consolação, o Quartel de Polícia, o Hospício dos Alienados e a Escola Politécnica. Sua obra registrou também diversos aspectos da capital e do interior do estado de São Paulo. Quaas foi muito bem sucedido em sua profissão e residia na rua das Palmeiras com sua esposa, Emma Quaas, e três filhos.

 

 

Acessando o link para as fotografias de  Otto Rudolf Quaas disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Breve Cronologia de Otto Rudolph Quaas

c. 1862 – Segundo Boris Kossoy, Otto Rudolph Quaas nasceu na Áustria por volta desse ano.

1895 – Quaas chegou em São Paulo, vindo da Europa, nos primeiros dias de 1895 e estabeleceu seu ateliê fotográfico na rua do Gasômetro, n. 20 (O Commercio de São Paulo, 16 de janeiro de 1895, na quarta coluna).

Chegou num dos últimos dias a essa capital e tomou a direção do atelier fotográfico da rua do Gazometro n. 20, o sr. Otto Rudolf Quaas, que nos dizem ser um artista de muitíssimo merecimento. O público vai ter ocasião de avaliar dos progressos daquela casa, em virtude de tão excelente aquisição (Estado de São Paulo, 16 de janeiro de 1895).

 

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Propaganda da Photographia Artistica, de Otto Rudolf Quaas, no O Estado de São Paulo, 28 de janeiro de 1895

 

Em maio, transferiu-se para o Largo Sete de Setembro, nº 11, casa onde esteve por muito tempo o estabelecimento dos srs. Victor Steidel & C. Neste novo prédio o atelier do sr. Otto, enriquecido como foi ultimamente com novos aparelhos ficará sendo, senão o primeiro, pelo menos um dos primeiros estabelecimentos fotográficos de S. Paulo (Estado de São Paulo, 8 de maio de 1895).

1896 – Mudou-se para a rua de São Bento, n. 30, e inaugurou a nova Photographia Artística, em 26 de fevereiro de 1896 (O Commercio de São Paulo, 26 de fevereiro de 1896, quarta coluna). Ficava defronte do Grande Hotel e estava montada com todo o capricho e com os aperfeiçoamentos mais modernos (Estado de São Paulo, 26 de fevereiro de 1896).

 

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Anúncio da Photographia Artística, na rua de São Bento nº 30, no Estado de São Paulo, 19 de março de 1896

 

1898 – A Photographia Artística transferiu-se para o número 46 da rua de São Bento, em frente a Rotisserie Sportsman.

 

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Anúncio da mudança da Photographia Artística, no O Estado de São Paulo, 2 de julho de 1898

 

No último dia de 1898, foi anunciada uma Grande Inauguração no ateliê de Quaas com a apresentação de um grande repertório de óperas, músicas e cantos. Anunciava como a última novidade a Photographia de Voz. Avisamos especialmente o distinto público que todas as pessoas que tirarem uma dúzia de retratos Imperiais, no atelier fotográfico, têm direito de falar na máquina, podendo ouvir e levar logo depois o cilindro com a sua própria voz gravada eternamente para mandar aos seus afeiçoados.

 

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O Estado de São Paulo, 31 de dezembro de 1898

 

1899 – O tcheco Gustavo Figner (18? – 1934), depositário da Casa Inana, no Rio de Janeiro, e futuro fundador da Casa Edison de São Paulo, anunciou a venda de um fonógrafo de corda na fotografia O. R. Quaas e Cia (Estado de São Paulo, 5 de janeiro de 1899). Ele era irmão de Fred Figner (1866 – 1947), fundador da Casa Edison no Rio de Janeiro e primeiro produtor fonográfico do Brasil.

 

O Estado de São Paulo, de 1899

O Estado de São Paulo, 5 de janeiro de 1899

 

Nesse mesmo ano, o atelier de Quaas, foi uma das lojas que sofreram danos consideráveis causados pelo estampido e pela água, devido a um incêndio na Loja do Japão, na rua de São Bento (O Estado de São Paulo, 6 de julho de 1899). Dias depois, Quaas enviou à redação do jornal Estado de São Paulo uma vista de um trecho da rua S. Bento na ocasião do incêndio (Estado de São Paulo, 11 de julho de 1899).

 

 

1900 – A Photographia Artística enviou à redação do O Estado de São Paulo uma coleção de 15 magníficas fotografias com vistas de diversos pontos da exposição universal de Paris. Essas vistas são reproduzidas no atelier do sr. Quaas e constituem um trabalho que acredita o conhecido estabelecimento artístico (O Estado de São Paulo, 23 de novembro de 1900).

1901 –  Estava exposto em seu ateliê um retrato em grande formato da rainha Vitória (1819 – 1901), do Reino Unido, que havia falecido em 22 de janeiro (O Estado de São Paulo, 24 de janeiro de 1901).

Quaas registrou a visita que o ministro plenipotenciário da Áustria-Hungria, Eugen Kuezyuski, fez à Sociedade Auxiliadora Austro-Húngara (O Estado de São Paulo, 27 de abril de 1901).

Era um dos membros da comissão da Sociedade Auxiliadora Austro-Húngara (O Estado de São Paulo, 24 de setembro de 1901).

Trabalhou para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, tendo fotografado a inauguração do ramal de Rincão a Martinho Prado, em 30 de dezembro de 1901 (Correio Paulistano, 4 de janeiro de 1902, na quarta coluna).

1902 – Quaas presenteou o governador do estado de São Paulo, Rodrigues Alves (1848 – 1919), e outras autoridades com uma coleção de pequenas fotografias da inauguração do ramal ferroviário do Rincão (O Estado de São Paulo, 14 de janeiro de 1902).

Quaas foi eleito vice-presidente da Instituição Imperador Francisco José I (O Estado de São Paulo, 12 de julho de 1902).

No salão de honra da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, Quaas registrou a entrega, realizada pelo cônsul da França, Numa Antigeon, do diploma de Oficial da Academia à superiora da instituição, Maria Arsênia, nome religioso de Anna Berthet (O Estado de São Paulo, 19 de julho de 1902)

Uma comissão de redatoras do periódico Educação escolheu as mais interessantes fotografias tiradas de crianças entre 1 e 7 anos durante o ano de 1902 dos seguintes estúdios fotográficos do centro de São Paulo: o de Quaas & Cia, o de José Vollsack, o de Rodolfo Neuhaus, o de Giovanni Sarracino e o de Valério Vieira (O Commercio de São Paulo, 22 de dezembro de 1902, na segunda coluna).

Quaas foi de novo eleito vice-presidente da instituição Imperador Francisco José I (O Estado de São Paulo, 24 de dezembro de 1902).

1903 – Quaas ofereceu à redação do O Estado de São Paulo uma magnífica fotografia de Santos Dumont (O Estado de São Paulo, 19 de setembro de 1903).

1904 – Na Revista Ilustração Brasileira, de dezembro de 1904, seu trabalho foi elogiado por sua nitidez e fidelidade incríveis. A casa Quass é a única que está habilitada em S. Paulo a trabalhar à noite.

1905 – A Secretaria de Agricultura de São Paulo requisitou um pagamento a Otto Quaas (O Estado de São Paulo, 4 de março de 1905).

Estava envolvido na criação de um Club de Retratos em Cores e anunciou, no O Estado de São Paulo de 19 de maio de 1905, o adiamento do club até segundo aviso.

Os credores da falência de Otto Quaas reuniram-se na segunda vara comercial de São Paulo (O Estado de São Paulo, 13 de julho de 1905).

1907 - Quaas fotografou a Villa Penteado iluminada, na ocasião em que hospedou o ex-presidente da Argentina, general Julio Argentino Roca (1843 – 1914), que havia participado da Guerra do Paraguai (O Estado de São Paulo, 23 de março de 1907).

Fotografou o eclipse solar ocorrido em 10 de julho (O Estado de São Paulo, 12 de julho de 1907).

Foi um dos premiados no concurso de fotógrafos promovido pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (O Estado de São Paulo, 18 de agosto de 1907).

1908 – Seu estabelecimento, a Photographia Quaas, ficava na rua Barra Funda, 149 (O Estado de São Paulo, 25 de novembro de 1908).

Participou da Exposição Nacional, com 24 quadros com fotografias, pinturas a pastel, sepiotipias, aumentos, platinotipia e fotografia em alto relevo, tendo recebido uma das medalhas de ouro da seção de fotografias. Outro fotógrafo agraciado com uma medalha de ouro foi Guilherme Gaensly (1843 – 1928). Os grandes prêmios foram conquistados por Valério Vieira (1862 – 1941) e Giovanni Sarracino (O Estado de São Paulo, 23 de novembro de 1908 e Catálogo da Exposição, 1908).

 

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Anúncio da Photographia Quaas, no O Estado de São Paulo, 18 de dezembro de 1908

 

1910 - Quaas participou da comemoração pelo octagésimo aniversário de Francisco José I, rei da Áustria-Hungria, realizada no consulado do país, em São Paulo (O Estado de São Paulo, 19 de agosto de 1910).

1911 – A Photographia Quaas publicou um anúncio para a contratação de um bom impressor com prática de atelier, de um ajudante com bastante prática e de um aprendiz de fotógrafo. Ainda se localizava na rua Barra funda, 149 (O Estado de São Paulo, 19 de março, 3 de de junho e 25 de setembro de 1911).

Participou da Exposição de Turime ganhou a medalha de prata.

1912 – A Photographia Quaas publicou um anúncio para a contratação de um bom impressor e retocador (O Estado de São Paulo, 6 de janeiro de 1912).

1913 – Seu estabelecimento ficava na rua das Palmeiras, 59, onde residia com sua família.

1920 – Em uma matéria sobre a história da Casa Edison de São Paulo, cujo proprietário era Gustavo Figner (? – 1934), foi relembrado que em fins do século XIX, um fonógrafo do empresário esteve em exposição no estabelecimento de Quaas, na época localizado na rua São Bento (O Estado de São Paulo, 13 de junho de 1920).

 

O Estado de São Paulo, 13 de junho de 1920

O Estado de São Paulo, 13 de junho de 1920

 

1926 – Fotografou a inauguração da pista de atletismo do Sport Club Germânia, atual Esporte Clube Pinheiros (Revista do Esporte Clube Pinheiros, março de 2014). Também do Germânia, fotografou, no fim da década de 20, panoramas do rio com os cochos, a casa de barcos e a figueira de tronco duplo, além das festas ao ar livre e também no salão da Rua Dom José de Barros (Site do Esporte Clube Pinheiros).

1929 / 1930 – Segundo depoimento de Vicentina Mello Cunha concedido a Boris Kossoy, Quaas faleceu por volta de 1929 e 1930, com cerca de 68 anos.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Acervo de O Estado de São Paulo

Acessa SP

Efedeportes.com

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

NASCIMENTO, Ana Paula. Engenharia e sociabilidade – a trajetória de Samuel das Neves no Rio de Janeiro. 19&20, Rio de Janeiro, v. XII, n. 1, jan./jun. 2017.

SÃO PAULO 450 Anos: a imagem e a memória da cidade no acervo do Instituto Moreira Salles. São Paulo: Bei Editora,agosto 2004.

Site da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo

Site do Esporte Clube Pinheiros

Site Enciclopedia Itaú Cultural

O cronista visual de Diamantina: Chichico Alkmim, fotógrafo (1886 – 1978)

 

O ateliê é o mundo

Eucanaã Ferraz*

 

As fotografias de Chichico Alkmim (1886 – 1978) são, antes de tudo emocionantes. Mas já o primeiro olhar reconhece o domínio dos recursos técnicos. Aprende a fotografar ainda muito jovem e, em Diamantina, abre seu primeiro estúdio em 1912. Depois de passar por outros endereços, muda-se em 1919 para o beco João Pinto, 86, na parte alta da cidade. Ali, monta seu ateliê definitivo, cujo funcionamento se estenderá até meados de 1950. O pavimento ao nível da rua é destinado ao laboratório fotográfico. Outro cômodo, na parte superior, é adaptado para estúdio, conforme o padrão da época: ampla janela envidraçada em uma das paredes e claraboia; sobre ambas, um cortinado leve, deslizante graças a um sistema de cordas, compondo um mecanismo de controle da luz natural; na parede ao fundo, uma viga de madeira serve como suporte para os painéis pintados com paisagens viçosas e motivos arquitetônicos de gosto classicizante; algum mobiliário – cadeiras, pequenas mesas, apoios para jarros, tapetes, cortina – ajuda a compor os cenários. Vivia-se ainda há pouco na escravidão de homens e mulheres roubados à África. Nas casas de família, tocam-se pianos juvenis. Lá fora, portugueses pobres cantam violões tristíssimos. Os negros fazem festas, vão à igreja. Procissões desfilam em latim enquanto nos cafés os chapéus falam francês. Há muitos padres e carnavais. Há meninos negros de terno em pés descalços. Tudo tão antigo e tão recente esta gente de papel convida a esquecer o tempo – até que a voz de um galo nos acorde.

*Eucanaã Ferraz é poeta e consultor de literatura do Instituto Moreira Salles.

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de Chichico Alkmim disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Pequeno perfil de Chichico Alkmim

 Andrea C. T. Wanderley*

 

 

O mineiro Chichico Alkmim (1886 – 1978), autodidata, pioneiro da fotografia de estúdio em Diamantina, e primeiro cronista visual da cidade, atuou na profissão, que adotou em 1907, até 1955. Seu primeiro ateliê foi inaugurado em 1912. A obra de Chichico, que compreende imagens da arquitetura diamantinense, sua religiosidade, costumes, ritos e retratos de seus habitantes, é uma das principais referências da memória visual de Minas Gerais. Foi o mestre do fotógrafo Assis Horta (1918 – 2018), mineiro de Diamantina, que se tornou conhecido por registrar a classe trabalhadora na era Vargas. Uma curiosidade: a fotografia predileta de Assis Horta foi produzida por Chichico no dia de seu casamento: Eu mesmo levei a máquina para o Chichico fazer o retrato.

Chichico retratou a burguesia e também os trabalhadores ligados ao pequeno garimpo, ao comércio e à indústria. Produziu imagens de casamentos, batizados, funerais, festas populares e religiosas, paisagens e cenas de rua. De 1955, quando parou de  fotografar, até 1978, ano de sua morte, continuou cuidando de seu acervo, que guardava no porão de sua casa.

A gestão do acervo de Chichico Alkmim, de 5.549 negativos de vidro, foi transferida para o Instituto Moreira Salles (IMS), em 2015. Além dos negativos em vidro, existem no acervo alguns poucos negativos flexíveis, documentos, objetos e dezenas de fotografias de época.

Foi inaugurada em 13 de maio e 1º de outubro de 2017, na sede do IMS, no Rio de Janeiro, a exposição “Chichico Alkmim, fotógrafo”, cuja curadoria é do poeta Eucanaã Ferraz (1961-). Será encerrada em 1º de outubro de 2017. Segundo Eucanaã, “Chichico é daqueles fotógrafos que parecem ter o poder de fazer vir ao primeiro plano a vida de seus modelos. E é patente a densidade existencial que se expressa no conjunto de características físicas que chamamos fisionomia, compreendida como a realização momentânea de um destino”.

 

 Cronologia de Chichico Alkmim

 

 

1886 – Filho de Herculano Augusto d’Alkmim e Luiza Gomes d’Alkmim, Francisco Augusto de Alkmim, o Chichico Alkmim, nasceu em 28 de março, na fazenda do Sítio, município de Bocaiuva.

 

1890 – 1900 – Em 7 de abril de 1890, falecimento de sua mãe, em Bocaiuva. Chichico e sua irmã Carmina foram levados para a fazenda do Caeté Mirim, localizada próximo ao distrito de São João da Chapada, das suas tias Tereza de Jesus Gomes Ribeiro e Maria Amélia de Jesus Ribeiro. A irmã mais velha, Amanda, permaneceu em Bocaiuva. Nessa década, na fazenda, foi educado pelas tias, com quem aprendeu a ler e escrever.

1900-1910 – Nesse período, Chichico ajudou nos negócios da fazenda e nos trabalhos de mineração de diamantes empreendidos por suas tias. Realizou várias viagens, a maioria delas em companhia de seu pai, que comercializava gado. Os deslocamentos em tropa davam-se entre Caeté Mirim, São João da Chapada, Diamantina, Bocaiuva, Montes Claros, Buenópolis, Coração de Jesus, Januária, Carinhanha (Bahia) e várias outras localidades do vale do São Francisco, chegando algumas vezes até a Vila de Posse, atual cidade de Posse, em Goiás. Nessas viagens, Chichico vendia jóias e, possivelmente, foi em uma delas que, entre 1900 e 1902, conheceu a fotografia.

1907 – Adotou a profissão de fotógrafo.

1912 - No fim do ano, passou a residir em Diamantina. Sua casa e seu primeiro ateliê ocupavam parte do sobrado situado à praça Francisco Sá, 53, largo do Bonfim (atual sede da Casa da Cultura). Nos anos seguintes, mudou de endereço várias vezes, tendo permanecido por mais tempo em um sobrado localizado no alto da rua da Romana, 37.

1913 – Em 14 de junho, casou-se com Maria Josephina Netto, a Miquita.

1914 – No fim do ano, seu irmão por parte de pai, José Maria Alkmim (1901 – 1974), futuro político e vice-presidente do Brasil, entre 1964 e 1967, passou a residir em sua casa, até completar os estudos em 1921.

1916 - Em 30 de junho, nasceu sua primeira filha, Maria de Jesus Alkmim, que faleceu poucos meses depois.

1917 – Em 20 de agosto, nasceu a segunda filha, Maria Bernadette.

1919 – Em 17 de abril, nasceu a filha Déa Maria.

Em 9 de outubro, Chichico mudou-se para o beco João Pinto, 86, na parte alta da cidade, onde montou seu ateliê definitivo.

1920 – Em 20 de outubro, nasceu a filha Luíza Marilac.

1923 – Em 13 de outubro, nasceu a filha Maria Ruth.

1924 – Em 12 de novembro, nasceu o filho José Antônio.

1955 – Chichico  encerrou a carreira de fotógrafo.

1978 – Faleceu em consequência de um colapso cardíaco, em 22 de agosto.

1980 – Na inauguração do Centro de Documentação e Pesquisa da Casa da Cultura de Diamantina, durante o 16º Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizou-se a primeira exposição de fotografias de Chichico, no Museu do Diamante/Ibram/MinC.

1998 – O acervo fotográfico de Chichico, constituído por aproximadamente 5.500 negativos, começou a ser higienizado, indexado e catalogado na Faculdade de Filosofia e Letras da Fundação Educacional do Vale do Jequitinhonha (Fevale), em projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (Fapemig) e apoio da UFMG.

1999 – Chichico Alkmim foi apresentado como um artista do circuito fotográfico brasileiro na mostra Minas: minas memorial e contemporânea, realizada no MIS-SP, com curadoria do fotógrafo Bernardo Magalhães.

2002 – O acervo fotográfico de Chichico foi doado pelos seus herdeiros à Fevale.

2005 – Foi lançado o livro O olhar eterno de Chichico Alkmim, pela Editora B, organizado por Flander de Sousa e Verônica Alkmim França.

2008 – Foi realizada a exposição Chichico Alkmim, na galeria da Escola Guignard, Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), em Belo Horizonte.

2010 – Com a extinção da Fevale, o acervo fotográfico retornou aos herdeiros.

2013 - Foi realizada a exposição Paisagens humanas — Paisagens urbanas, no Memorial Minas Gerais Vale, em Belo Horizonte.

2015 – O acervo de Chichico Alkmim passou a integrar em regime de comodato o acervo de fotografias do Instituto Moreira Salles.

2017 – Foi aberta a exposição Chichico Alkmim, fotógrafo, no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, em 13 de maio, com curadoria de Eucanaã Ferraz.

 

 

 

 

*Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Esse artigo contou com a colaboração de Gabriella Vieira Moyle, da equipe do IMS.

 

Publicações relacionadas a Chichico Alkmim:

Diamantina, Chichico Alkmim (1886 – 1978) e Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987)

Elegância brasileira, por Carolina Casarin

Família, por Silviano Santiago sobre uma fotografia de autoria de Chichico Alkmim

O anfitrião de Chichico, por Elvia Bezerra.

O retratista de Diamantina, por Manya Millen

Fontes:

Chichico Aklmim, fotógrafo. IMS, 2017.

FRANÇA, Verônica Alkmim; SOUZA, Flander de (orgs). O olhar eterno de Chichico Alkmim. Belo Horizonte: Editora B, 2005.

HARAZIM, Dorrit. O instante certo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Site do Instituto Moreira Salles

Os trinta Valérios, uma fotografia bem-humorada de Valério Vieira (1862 – 1941)

O fotógrafo, pianista e compositor Valério Vieira (1862 – 1941) apresentou na Exposição Universal de Saint Louis, nos Estados Unidos, realizada entre de 30 de abril e 1 de dezembro de 1904, a curiosa e bem-humorada fotografia Os trinta Valérios, que lhe valeu a medalha de prata. O original autorretrato realizado por Valério, uma combinação de dois gêneros da fotografia – o retrato e a fotomontagem – tem caráter teatral e humorístico e é um marco na história da fotografia brasileira. Na imagem, vê-se a apresentação de uma orquestra, onde todos os músicos, além das figuras da plateia, dos garçons, do busto em cima do móvel e dos quadros pendurados na parede são retratos do fotógrafo. Ao todo, são 30 imagens de Valério Vieira.

 

 

Segundo Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica:

“O retrato é um dos mais antigos gêneros de fotografia produzidas no mundo. O francês Daguerre , inventor do daguerreótipo (1839), e o inglês Fox Talbot, inventor do calótipo (1841), – considerados os pais da fotografia – já apontavam esse caminho, entre muitos outros, através de seus retratos. O surgimento de novos processos e formatos nos anos 1850 populariza a produção de retratos fotográficos, num processo crescente e ininterrupto que vem até os nossos dias.

A  fotomontagem é um gênero de fotografia que surge também nessa mesma década. O sueco radicado na Inglaterra Oscar Rejlander apresentou numa exposição, em 1857, uma alegoria intitulada ‘Two Way of Life’, resultado da composição de trinta negativos em papel fotográfico, num trabalho que durou seis semanas para ser realizado; obteve grande sucesso e acabou sendo adquirido pela rainha Vitória.

A combinação desses dois gêneros, o retrato e a fotomontagem, ocorre também nessa época… No Brasil, o fotógrafo Valério Octaviano Rodrigues Vieira se destacou nessa combinação de gêneros…” (Preciosidades do acervo – “Os trinta Valérios”, p. 218, in Anais da Biblioteca Nacional, vol 114, 1994).

Inicialmente, a fotografia Os trinta Valérios, produzida em torno de 1901, chamava-se Valerio Fregoli, possivelmente uma referência ao ator italiano Leopoldo Fregoli (1867 – 1936), que representava diferentes papéis numa mesma encenação, com rápida troca de caracterização.

Nascido em Angra dos Reis, em 16 de novembro de 1862, Valério Otaviano Rodrigues Vieira ficou conhecido por seu senso de humor, inventividade e pela manipulação das imagens fotográficas de sua autoria. Na década de 1880, Valério estabeleceu-se como fotógrafo e atuou em cidades do Vale do Paraíba e em Ouro Preto, após um período de estudo no Rio de Janeiro. Na década seguinte, fixou-se em São Paulo, onde formou uma representativa clientela e tornou-se popular entre os paulistanos. Frequentemente, são identificados retratos de sua autoria em álbuns de família. Elegante e requintado, o estúdio de Valério, na rua Quinze de Novembro nº 19, em São Paulo, era muito frequentado por artistas, políticos e mecenas da sociedade paulistana. Foi, segundo o professor Boris Kossoy (1941 – ), o responsável pelo lançamento, em São Paulo, da moda dos retratos de formatura (O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1998, pagina 141).

Dedicou-se aos portraits e à exploração das possibilidades técnicas e criativas da fotografia como a fotomontagem e os painéis de grandes dimensões. Foi, ao lado de Guilherme Gaensly (1843 – 1928) e Militão Augusto de Azevedo (1837-1905), um dos mais conhecidos e importantes fotógrafos ativos em São Paulo no final do século XIX. Segundo Ricardo Mendes, as imagens realizadas por eles integram o principal núcleo de fotografias remanescentes sobre a cidade de então, registrando uma transformação dramática dos aspectos físicos e humanos.

Além de aplicar a técnica da fotomontagem também em cartões de boas festas, produziu os retratos bouquet, que são fotografias mostrando o rosto da mesma pessoa em sete poses diferentes. Também inventou o Degradador Valério. Apresentou na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, realizada entre 11 de agosto e 15 de novembro de 1908, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos, o Panorama de São Paulo, anunciado como a maior fotografia do mundo, com 11 x 1.43 metros. Mereceu grande atenção do público e da crítica e obteve o Grande Prêmio do Grupo de Fotografia do estado de São Paulo (Almanak Laemmert, 1909 e O Commercio de São Paulo, 23 de novembro de 1908, na quarta coluna).

Valério era também compositor e pianista. Suas partituras foram editadas por Buschmann & Guimarães, no Rio de Janeiro, e pela Casa Levy, em São Paulo, onde se apresentava em saraus. Dentre suas composições mais famosas estão as valsas Vivi, Adamastor e As tuas lágrimas, as polcas Ai! Ai!Catita, Polca-Tango e Paulista, além da cake walk Capoeira. Na capa da partitura desta última, Valério aparecia representado várias vezes, como na fotomontagem “Os trinta Valérios”. Não raramente dedicava suas composições a seus amigos e esposas e algumas de suas músicas têm títulos relacionados à fotografia: Photographica, Photovalsa e Retratista.

 

 

 

Cronologia de Valério Vieira (1862 – 1941)

 

 

1862 - Em 16 de novembro, nascimento de Valério Octaviano Rodrigues Vieira, em Angra dos Reis, filho dos imigrantes portugueses Octaviano, fazendeiro de café, e Anna Rodrigues Vieira.

1869 / 1874 – Provavelmente, estudou na Escola do Convento do Carmo, em Angra dos Reis.

1875 – Transferiu-se para o Rio de Janeiro com seu único irmão, Luiz Delfino, vinte anos mais velho e médico na Corte Imperial. De acordo com o catálogo da mostra Memória Paulistana, realizada no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, em 1975, fez isso contra a vontade de seus pais.

1876 / 1884 – Provavelmente, frequentou nesse período a Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, como aluno ouvinte.

Década de 1880 – Casou-se com Irene Maria Moura e trabalhou como assistente no estúdio do fotógrafo português José Ferreira Guimarães (1841 – 1924), profissional de muito prestígio, agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Real, em 13 de setembro de 1866.

1886 - Falecimento de sua esposa Irene Maria, no Rio de Janeiro. Foi enterrada no cemitério São João Batista. A ela, Valério dedicou, no ano seguinte, a composição La Irenita (Diário de Notícias, 27 de setembro de 1887, na segunda coluna).

1887 –  Valério mudou-se para Pindamonhangaba, onde abriu seu primeiro estúdio fotográfico, especializado em retratos.

A habanera La Irenita, composição de Valério, foi anunciada como uma das novidades musicais à venda na Casa Buschmann & Guimarães, no número 52, na rua do Ourives, atual rua Miguel Couto, no Rio de Janeiro (O Programma Avisador, 16 de outubro de 1887). O anúncio foi repetido diversas vezes ao longo do ano.

Pelos mesmos editores, foi publicada a polca Catita, de autoria de Valério (Jornal do Commercio, 27 de outubro de 1887, na penúltima coluna).

1889 – Casou-se em Taubaté com Carmen Augusta Vieira, em 16 de maio. O casal teve quatro filhos: José do Patrocínio (26/04/1891 – 12/07/1911), Maria Catarina (02/09/1892 – 1918), Roque (1893 – 03/1977) e Francisco (1900 – 1971).

 

 

O casal mudou-se para Ouro Preto, onde Valério montou a Photographia União, em sociedade com Riberi, na rua Bobadela, posteriormente rua Direita.

Fotografou a inauguração do início dos trabalhos do traçado final da ferrovia entre Ubatuba e Taubaté. Estavam presentes na cerimônia o concessionário da ferrovia, Francisco de Moura Escobar, e os senadores Leão Veloso (1828 – 1902) e Joaquim Floriano de Godoy (1826 – 1907), dentre outros (Gl´Italiani in San Paulo, 21/22 de março de 1889, na última coluna).

Década de 1890 – Valério fixou-se em São Paulo, onde formou uma representativa clientela e tornou-se popular entre os paulistanos. Frequentemente são identificados retratos de sua autoria em álbuns de famílias da cidade.

1890 – Os editores Buschmann & Guimarães enviaram para o periódico A Republica a polca tango Ai!Ai!, de autoria de Valério Vieira (A Republica, 24 de novembro de 1890, na última coluna).

1891 – Já era o único proprietário da Photographia União, em Ouro Preto.

Em 26 de abril, nascimento do primeiro filho do casal, José do Patrocínio, batizado em homenagem ao abolicionista de mesmo nome.

Por volta desse ano, tornou-se muito amigo do jornalista e artista francês Émile Rouéde (1848 – 1908), que viveu em Ouro Preto entre 1890 e 1894. Rouéde foi também amigo dos escritores e irmãos Aluísio (1857 – 1913) e Artur Azevedo (1865 -1908), de Coelho Netto (1864 – 1934), José do Patrocínio (1854 – 1905) e Olavo Bilac (1865 – 1918).

Anunciou que, após uma viagem a Caxambu e ao Rio de Janeiro, estava de volta ao seu estabelecimento fotográfico, a Photographia União (Jornal de Minas, 20 de abril de 1891).

Os editores Buschmann & Guimarães enviaram para o periódico O Vassourense a valsa Tuas Lágrimas, de autoria de Valério Vieira (O Vassourense, 1º de fevereiro de 1891, na última coluna).

 

 

Foi o autor do quadro com todos os membros do Congresso Mineiro (A Ordem, 11 de julho de 1891, na primeira coluna).

Seu pedido de exoneração do cargo de professor de desenho do Externato do Ginásio Mineiro foi concedido, em 1º de setembro (Minas Gerais, 2 de julho de 1892, na segunda coluna).

1892 – Em 2 de setembro, nascimento da única filha do casal, Maria Catarina (O Estado de São Paulo, 2 de setembro de 1910, página 7, na sétima coluna).

Em um dos artigos da série “Na terra do ouro”, a Photographia União foi citada como um dos estabelecimentos que atestavam o adiantamento da cidade de Ouro Preto, sendo dirigido com muita perícia e gosto pelo sr. Valério Vieira (O Paiz, 15 de janeiro de 1892, na terceira coluna).

 

 

Foi noticiado que ele se encontrava em São Paulo e que na casa Aguiar, na rua São Bento, estava exposto um grande quadro da cidade mineira de Caxambu de sua autoria. Mencionava-se que Valério gostaria de se fixar em São Paulo (Diário Popular, 24 de julho de 1892, página 2).

1893 – Nascimento de Roque, o terceiro filho do casal.

1894 - Com a mudança de sua família, estabeleceu-se definitivamente em São Paulo.

1895 - No salão do periódico O Paiz, exposição de uma fotografia do ator baiano Xisto Bahia (1841 – 1894) em seu leito de morte, produzida por Valério Vieira, em Caxambu. O retrato foi oferecido ao jornalista e dramaturgo Artur de Azevedo (1855 – 1908) por Paulo da Fonseca (O Paiz, 16 de janeiro de 1895, na sexta coluna).

Valério fotografou a decoração do refeitório do Colégio de Ytu na ocasião da festa realizada em homenagem ao padroeiro do estabelecimento, São Luiz Gonzaga (Jornal do Brasil, 10 de julho de 1895, na terceira coluna).

Abertura de seu estúdio fotográfico na rua Quinze de Novembro, nº 19, em São Paulo. Essa data é baseada em uma notícia, reproduzida abaixo, publicada no O Estado de São Paulo, de 30 de outubro de 1909, na página 7, na sétima coluna, informando sobre a comemoração dos 14 anos do ateliê de Valério em São Paulo. Algumas fontes apontam 1892 ou 1893 como os anos de fundação do ateliê de Valério.

 

!4 anos do atelê de Valério em São Paulo / O Estado de São Paulo, 30 de outubro de 1909.

Notícia sobre a comemoração dos 14 anos do ateliê de Valério Vieira em São Paulo / O Estado de São Paulo, 30 de outubro de 1909.

 

1896 – Iniciou a sociedade com Aguiar, no estúdio Photographia Valério & Aguiar.

1897 – Foi publicado o seguinte anúncio na edição de janeiro de 1897, da revista A Música para todos:

“Photographia. – Valerio e Aguiar, na rua Quinze de Novembro, 19 – Casa de primeira ordem – Recomendamos esta casa pela elegância e solicitude dos trabalhos. Todos os artistas antes de irem em qualquer outro lugar, devem visitar o elegante atelier do simpático sr. Valério, que há poucos dias acabou o grande tableau alegórico do Veloce Club Olympico Paulista.”

Estavam em exposição na vitrine do escritório do jornal Correio Paulistano algumas fotografias da passagem do 1º Batalhão de Polícia pelas ruas de São Paulo e da missa campal que se realizou na Praça da República, produzidas pelos sócios Valério e Aguiar. O trabalho exposto se recomenda por sua nitidez e perfeição (Correio Paulistano, 30 de outubro de 1897, na quarta coluna).

1898 – Valério participou da inauguração do Hotel Internacional, em Santos (Correio Paulistano, 4 de outubro de 1898, na primeira coluna).

Em novembro de 1898, Valério & Aguiar expuseram no pavimento térreo do Banco União sete quadros executados por diferentes processos. Fora muito elogiados, principalmente os quadros da srta. Bulcão e a do sábio Vastecer e a matéria termina com a afirmação: já temos photographias em São Paulo (Correio Paulistano, 19 de novembro de 1898, na última coluna). A senhorita Bulcão era Isabel Bulcão, que havia vencido um concurso de beleza em São Paulo, realizado pela Revista do Brasil.

Foi noticiado o falecimento de Antonio Ribeiro Netto, concunhado do distinto fotógrafo Valério Vieira (Correio Paulistano, 1º de dezembro de 1898, na sexta coluna).

Durante um almoço no salão nobre da Rotisserie, oferecido aos oficiais do cruzador português Adamastor, Valério tocou ao piano sua valsa homônima e foi muito aplaudido (O Commercio de São Paulo, 8 de dezembro de 1898, na quarta coluna).

1899 – Provavelmente, a sociedade Valério & Aguiar terminou nesse ano como indica a nota sobre uma exposição na Charutaria Neumann de “um grande quadro com retratos dos membros da câmara dos deputados do Estado.”, obra que “muito recomenda a Photographia Valerio…” (Diário Popular, 05 de agosto de 1899, página 1). Alguns autores indicam 1900 como o ano do fim da sociedade.

Valério foi um dos participantes da reunião para deliberar sobre a realização de homenagens ao pintor José Ferraz de Almeida Júnior (1850 – 1899), no Club Internacional, em São Paulo. O pintor havia sido vítima de um crime passional (Cidade do Rio, 18 de novembro de 1899, na quinta coluna). Valério ofereceu-se para fotografar gratuitamente todos os quadros de Almeida Júnior (Jornal do Commercio, 21 de novembro de 1899, na segunda coluna ).

1900 – Nascimento de seu quarto filho, Raymundo Nonato.

Realizou um painel retratando os membros que formavam o senado no Congresso Paulista.

Valério estava na folha de pagamento da Secretaria do Interior de São Paulo (Lavoura e Commercio, 20 de março de 1900, na primeira coluna).

Expôs na rua Quinze de Novembro, nº 44, vários trabalhos de sua autoria, dentre eles um retrato da senhorita Edith Reis, belo trabalho de miniatura a ponto, pintado com lente, segundo o processo de Meissonier, fotografias aquareladas (fotocromia), entre as quais uma da senhorita Bulcão, vários retratos em tamanho natural pelo processo de platinotipia e bem assim variada coleção de retratos bebés, última novidade no gênero... (Correio Paulistano, 21 de março de 1900, na quarta coluna).

Foram enviadas pela Casa Levy & Irmão à redação do jornal O Estado de São Paulo as partituras das polcas Photographica e Paixão recolhida , ambas de Valério Vieira (O Estado de São Paulo, 5 de abril de 1900, página 2, na quinta coluna).

Em Rio Claro, no interior do estado de São Paulo, Valério fotografou um almoço oferecido pela Companhia Elétrica com a presença de políticos e autoridades da cidade (O Estado de São Paulo, 4 de junho de 1900, página 1, na sétima coluna).

Mostrou no salão do jornal O Paiz, no Rio de Janeiro, fotografias em relevo, que no dia seguinte poderiam ser vistas em exposição no Liceu de Artes e Ofícios. Eram fotografias pintadas a aquarela e diversos tipos de retratos (O Paiz, 26 de julho de 1900, na terceira coluna).

Fotografou a abertura da Galeria de Cristal, em São Paulo, inaugurada com uma exposição de seus trabalhos e com as presenças do governador de São Paulo, Rodrigues Alves (1848 – 1919), e de outras autoridades. A galeria, de Christiano Webendorf, ligava a rua Quinze de Novembro à Boa Vista (O Paiz, 15 de novembro de 1900, na quarta colunaA Imprensa, 16 de novembro de 1900, na primeira coluna).

O seu estúdio, que passou a chamar-se Photographia Valério, continuava à rua Quinze de Novembro, nº 19. Oferecia  retratos convencionais, além de imagens coloridas com aquarela e pastel, ou ampliadas em materiais como espelho, porcelana e marfim. No número 28 da mesma rua, havia o ateliê de Guilherme Gaensly (1843 – 1928). O estabelecimento de Valério era um dos estúdios mais frequentados por artistas, políticos e intelectuais, dentre eles o deputado Rodolfo Miranda (1882 – 1954), o político Lins de Vasconcelos (1853 – 1916), o fotógrafo Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) e o mecenas José Freitas do Valle (1870 – 1958) (Almanak Laemmert, 1901).

1901 – Em torno desse ano, realizou a fotomontagem “Os trinta Valérios”, inicialmente batizada de “Valerio Fregoli”. É também dessa época a fotomontagem Tribunal de Justiça de São Paulo, na qual foi retratado o conselheiro Duarte de Azevedo (1831 – 1912) discursando na tribuna. 

Nascimento de seu filho caçula, Francisco.

No atelier de Valério, exposição de um quadro de todos os senadores do estado de São Paulo (Commercio de São Paulo, 30 de junho de 1901, na segunda coluna).

Na Galeria Cristal, foi inaugurada uma exposição de trabalhos fotográficos do conceituado artista Valério Vieira, que ali expôs, além de alguns retratos à aquarela, que são primorosamente trabalhados, dois grandes quadros de admirável confecção artística – um com os retratos dos bacharelando em Direito de nossa Faculdade, e outro, do Senado Paulista (O Commercio de São Paulo, 13 de agosto de 1901, na quinta coluna).

Foi noticiado que João Berniles e A. Bueno, representantes da Photographia Valerio Vieira, haviam seguido para o interior (O Commercio de São Paulo, 21 de setembro de 1901, na quarta coluna).

Fotografou a conclusão das obras na Estação da Luz e exibiu a imagem na porta de seu estúdio fato que, segundo Boris Kossoy, gerou uma confusão matrimonial : …Um senhor que por ali passava, ao examinar a fotografia reconheceu sua esposa presente à inauguração de mãos dadas com um estranho. Pode se prever o que se seguiu, procura de satisfações e grande pancadaria… (Artigo de Boris Kossoy publicado no O Estado de São Paulo, 4 de março de 1973, na página 5 do “Suplemento Literário”)

Conforme descrito por Antônio Francisco Bandeira Junior no livro A Indústria de São Paulo em 1901, páginas 116 e 117, Valério havia inventado o Degradador Valério: um pequeno aparelho que se adapta em qualquer máquina, sendo sua principal qualidade abreviar 8 procedimentos dando maior realce à fotografia, saindo a chapa da máquina quase concluída. Esse invento trouxe um grande aperfeiçoamento à arte da fotografia.

1902 – Valério era aguardado na Pensão Mineira, em Caxambu (Gazeta de Notícias, 7 de março de 1902, na penúltima coluna).

Na notícia da reabertura do estabelecimento de Valério, na rua Quinze de Novembro, em 8 de março, há uma longa descrição dos trabalhos expostos e menções às obras Fé, esperança e caridade e Os trinta Valérios, sob o nome de Valério Fregoli – possivelmente uma referência ao ator italiano Leopoldo Fregoli (1867 – 1936), que representava diferentes papéis numa mesma encenação com rápida troca de caracterização. Na ocasião, estavas expostas esplêndidos processos como sejam a l´Art Noveau, fototipia, aquarelas, pastel, óleo, carvão, miniaturas, alto relevo e geminatura, novidade em São Paulo, isto é: gravação de retratos sobre cristal de espelho (O Commercio de São Paulo, 9 de março de 1902, na sétima coluna).

Valério anunciou que estava estudando um novo processo de fotografia sobre porcelana e que tinha a intenção de fazer uma exposição com os frutos desses estudos e também com o Álbum de fotografias, de paisagens, marinhas, panoramas e curiosidades artísticas do estado de São Paulo, que estava em execução (O Commercio de São Paulo, 11 de setembro de 1902, na quinta coluna).

O sr. Valério Vieira, proprietário da Photographia Artística exibiu na redação de O Estado de São Paulo retratos produzidos por grapho photo, processo inteiramente novo, que o hábil artista conseguiu aplicar a photographia, de modo a dar-lhe um aspecto lindíssimo (O Estado de São Paulo, 4 de novembro de 1902, página 2, na quinta coluna).

Valério comemorou seu aniversário com um reunião em sua residência (O Estado de São Paulo, 16 de novembro de 1902, página 3, na quinta coluna).

Uma comissão de redatoras do periódico Educação escolheu as mais interessantes fotografias tiradas de crianças entre 1 e 7 anos durante o ano de 1902 dos seguintes estúdios fotográficos do centro de São Paulo: o de Valério, o de José Vollsack, o de Rodolfo Neuhaus, o de Giovanni Sarracino e o Quaas & Cia (O Commercio de São Paulo, 22 de dezembro de 1902, na segunda coluna).

1903 – Foi noticiada a intenção de Valério de mandar construir uma câmara de 1 metro e 50 centímetros por 80 centímetros, a primeira que nessas condições se tem até hoje fabricado. Com ela pretendia fotografar vistas do Brasil para apresentá-las no exterior (Correio Paulistano, 5 de maio de 1903, na última coluna).

Anunciou ter regressado da Europa, tendo trazido novos aparelhos e materiais. Anunciou também uma liquidação em seu estabelecimento (O Commercio de São Paulo, 6 de outubro de 1903, na quarta coluna). Seu retorno foi registrado com uma charge na revista Vida Paulista, de 10 de outubro de 1903.

 

 

Valério foi um dos subscritos para participar da exposição preparatória de Saint Louis (Correio Paulistano, 29 de outubro de 1903, na sexta coluna).

Distribuiu um cartão de Boas Festas para seus clientes, onde seu rosto aparecia no lugar das flores em um buquê.

 

  

1904 – Notícia sobre a Exposição Universal de Saint Louis, nos Estados Unidos (O Commercio de São Paulo, 21 de janeiro de 1904, na primeira coluna). Com sua obra mais conhecida, Os trinta Valérios, ganhou a medalha de prata. Na mesma exposição, o pintor Eliseu Visconti (1866 – 1944) ganhou a medalha de ouro na Seção de Arte – Pintura e Desenho (Almanak Laemmert, 1905).

Nas vitrines do Mundo Elegante, exposição de duas fotografias de autoria de Valério Vieira, uma do deputado Eugenio Egas (1863 – 1956) e outra do coronel Argemiro Sampaio. As fotografias seriam posteriormente colocadas na sala da música da banda da força policial de São Paulo (O Estado de São Paulo, 3 de março de 1904, página 2, na quarta coluna).

Era anunciada a venda da partitura do cakewalk Capoeira, em elegante edição, composição de Valério, na Casa di Franco, em São Paulo (Correio Paulistano, 3 de dezembro de 1904, na primeira coluna).

No artigo “A Fotografia em São Paulo”, o jornalista Múcio Teixeira (1857 -1926) elogiou a obra de Valério:

“…Esse moço é uma das mais completas organizações artísticas da atualidade; apto para os mais arrojados cometimentos, de uma coragem heróica, de uma tenacidade japonesa, não trepida em sacrificar os haveres e a própria saúde numa elaboração perseverante e prolongada, no intuito exclusivo de desbravar caminhos por outros não trilhado…”(Correio Paulistano, 18 de dezembro de 1904, na segunda coluna).

1905 – Na edição de 8 de janeiro do Correio Paulistano foi publicado um clichê tirado de uma fotografia do conselheiro Antônio da Silva Prado (1840 – 1929), de autoria de Valério (Correio Paulistano, 9 de janeiro de 1905, na primeira coluna).

A colônia síria de São Paulo ofereceu ao prefeito de São Paulo, conselheiro Antônio da Silva Prado (1840 – 1929), um retrato a óleo pintado por Valério Vieira (O Paiz, 9 de janeiro de 1905, na quarta coluna). Dias depois, Valério foi um dos convidados do baile em homenagem ao prefeito (O Commercio de São Paulo, 15 de janeiro de 1905, na quarta coluna).

Valério foi um dos retratados na edição comemorativa do primeiro aniversário da Folha Nova (A Republica, 18 de janeiro de 1905, na última coluna).

Em São Paulo, era discutida a fundação de uma nova revista sob a direção artística de Valério Vieira e direção literária de Múcio Teixeira (1857 -1926) (O Pharol, 19 de janeiro de 1905, na terceira coluna).

O atelier dos fotógrafo Guilherme Gaensly (1843 – 1928) era vizinho do de Valério. Ficava na rua Quinze de Novembro, nº 28 (Correio Paulistano, 4 de fevereiro de 1905, na sétima coluna).

No Teatro Sant´Anna, como parte das homenagens ao trigésimo dia de morte de José do Patrocínio (1853 – 1905), foi exposta uma alegoria do abolicionista, de autoria do artista fotógrafo Valério Vieira (O Commercio de São Paulo, 25 de fevereiro de 1905, na quarta coluna). O filho primogênito de Valério chamava-se José do Patrocínio em homenagem ao abolicionista.

A fotomontagem Tribunal de Justiça de São Paulo, na qual foi retratado o conselheiro Duarte de Azevedo (1831 – 1912) discursando na tribuna, foi publicada na segunda edição de 1905 do periódico Archivo Illustrado e seus integrantes foram nomeados.

Em um dos intervalos do vaudeville O Lambe Feras, em cartaz no Teatro Polytheama, era executada a valsa Aeronave, de autoria de Valério (O Commercio de São Paulo, 29 de março de 1905).

Foi anunciado na “Crônica social” o aniversário de José do Patrocínio, primogênito de Valério (Correio Paulistano, 26 de abril de 1905, na última coluna).

A fotografia do Panorama de São Paulo foi tirada em 1º de julho em um esplêndido dia de sol a 1 hora da tarde, a partir do Santuário do Sagrado Coração de Jesus. Foram cinco chapas perfeitas (O Commercio de São Paulo, 19 de novembro de 1905).

Requereu à Câmara Municipal de São Paulo uma ajuda de seis contos de réis para a conclusão do grande painel fotográfico que estava realizando da cidade de São Paulo (O Pharol, 5 de agosto de 1905, na primeira coluna).

Valério foi nomeado um dos peritos em um caso de investigação de falsificação de dinheiro no bairro de Perdizes, em São Paulo (Jornal do Commercio, 12 de novembro de 1905, na segunda coluna).

Em entrevista, Valério Vieira explicou a realização do Grande Panorama de São Paulo, anunciada como a maior fotografia do mundo, com 11 x 1.43 metros, batendo o recorde anterior que pertenceria a um registro de um fotógrafo alemão. Este sucesso extraordinário, este notável acontecimento na arte fotográfica deve 0 São Paulo aos esforços, à perícia, à coragem e ao apaixonado sentimento artístico de um distinto conterrâneo nosso, o exímio fotógrafo sr. Valério Vieira (O Commercio de São Paulo, 19 de novembro de 1905).

Lauro Müller (1863 – 1926), ministro da Indústria, em visita a São Paulo, foi ver o panorama da cidade que estava sendo executado por Valério (Correio Paulistano, 30 de novembro de 1905, na segunda coluna).

Um leitor rebateu a informação de que o Panorama de São Paulo fosse a maior fotografia do mundo. Segundo ele, havia sido apresentado na Exposição de Saint Louis um registro do Panorama da Baía de Nápoles, produzida pela Companhia Fotográfica de Hamburgo, com 12 metros por 1 metro e 50 (O Commercio de São Paulo, 14 de dezembro de 1905, na última coluna).

Valério promoveu uma exposição individual no Salão Progredior, de propriedade do conde de Prates (1860 – 1928), e o mais elegante da belle époque paulistana. A inauguração contou com cerca de quatro mil visitantes e foi um grande acontecimento social e cultural. Os convidados recebiam, ao chegar, o catálogo da exposição, um exemplar do cakewalk Capoeira, composição de Valério, e cartões postais com os retratos do governador e dos secretários do estado de São Paulo. Entre 10 de dezembro e 06 de janeiro, foram expostos 54 trabalhos, dentre eles o Panorama da Fazenda Santa Gertrudes, em Rio Claro, propriedade do conde de Prates,  Os trinta Valérios, José do Patrocínio, Palácio do Governo e a primeira versão do Panorama de São Paulo, com cerca de de 11 metros de comprimento por 2 metros de largura, o clou da exposição. A exposição deste panorama foi autorizado pela prefeitura de São Paulo (Correio Paulistano, 8 de dezembro de 1905, na quinta coluna). A imagem havia sido realizada em maio de 1905,  tomada da torre da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no bairro dos Campos Elíseos, e cobria um amplo arco indo do Bom Retiro, a leste, até Higienópolis, a oeste (Correio Paulistano, 11 de dezembro de 1905, na última coluna).

 

Exposição do 'Panorama nº 1' de Valério Vieira no Salão Progredior, em São Paulo, no ano de 1905 (Foto: Reprodução/Revista Santa Cruz, VI (4), São Paulo, 1906)

Exposição do ‘Panorama nº 1 de Valério Vieira no Salão Progredior, em São Paulo, 1905 / Reprodução de fotografia publicada na edição de janeiro de 1906 da Revista Santa Cruz

 

Foi noticiado que Valério estava planejando a execução de um panorama do Rio de Janeiro nos moldes do que realizou de São Paulo (Jornal do Brasil, 20 de dezembro de 1905, sétima coluna).

Foi noticiado que iria figurar na próxima exposição de Milão de 1906 um panorama de São Paulo, a maior cópia fotográfica que se tem feito no mundo. Para a realização da obra, seu autor, Valério Vieira, pediu à prefeitura de São Paulo uma ajuda financeira (A Federação, 23 de dezembro de 1905, na quinta coluna)

O ministro do Interior e da Justica, J.J. Seabra (1855 – 1942), e outras autoridades visitaram a exposição de Valério no Salão Progredior (O Commercio de São Paulo, 27 de dezembro de 1905, na quarta coluna). No dia seguinte o governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), visitou a exposição (Gazeta de Notícias, 28 de dezembro de 1905, na terceira coluna).

1906 – A edição de janeiro da revista Santa Cruz trazia um extenso artigo, assinado por Vera-Cruz, sobre a exposição no Salão Progredior. Relacionava as obras e as técnicas empregadas, além de trazer, segundo Ricardo Mendes, o mais antigo registro visual conhecido de uma exposição fotográfica em São Paulo.

 

Fotógrafo não identificado. Exposição  de Valério Vieira no Salão Progredior, 1905. São Paulo, SP /

Fotógrafo não identificado. Exposição de Valério Vieira no Salão Progredior, 1905. São Paulo, SP / Reprodução de fotografia publicada na edição de janeiro de 1906 da Revista Santa Cruz

 

O sucesso da exposição do Salão Progredior foi tão grande que foi prorrogada até dia 6 de janeiro (Correio Paulistano, 1º de janeiro de 1906, na quarta coluna). Foi anunciado que o conde de Prates havia feito um bom donativo para que o artista realizasse outras mostras (O Commercio de São Paulo, 6 de janeiro de 1906). Na mesma data, o Correio Paulistano publicou a matéria O Panorama e o Valério, de autoria de Hilário Freire, que o classificou como uma poderosa síntese fotográfica de quase todo São Paulo.

Foi noticiada a exposição, no Rio de Janeiro, de um grande panorama fotográfico de São Paulo feito pelo sr. Valério Vieira por encomenda do governo daquele estado para figurar na próxima exposição de Milão (Jornal do Commercio, 13 de fevereiro de 1906, na oitava coluna).

No Rio de Janeiro, Valério convidou o ministro do Interior e da Justica, J.J. Seabra (1855 – 1942), para ir à inauguração da exposição do Panorama de São Paulo na Avenida Central, nº 133 (A Notícia, 16 de fevereiro de 1906, na terceira coluna). Foi noticiada a inauguração da exposição: alguns dos trabalhos era feitos por processos inventados por ele, ainda não conhecidos. Apesar da chuva, muitas pessoas compareceram ao evento, inclusive um representante do presidente da República, o capitão-tenente César de Mello. Dentre os 57 quadros expostos estavam o Panorama de São Paulo e Os trinta Valérios. Esse último, segundo a reportagem, já havia sido reproduzido em vários jornais da Inglaterra. Encontravam-se também expostos quadros do presidente da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848 – 1919), e do governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928) (Jornal do Commercio, 18 de fevereiro de 1906, na última coluna). O presidente da República visitou a exposição ( Correio Paulistano, 25 de fevereiro de 1906, na quarta coluna).

Retornou a São Paulo em 29 de março, tendo quase concluído o contrato para a organização do grande panorama do Rio de Janeiro (Correio Paulistano, 30 de março de 1906, na segunda coluna).

O Panorama de São Paulo embarcou para a Europa (Correio Paulistano, 1º de abril de 1906, na sexta coluna).

Valério visitou o sr. Carlos Botelho (1855 – 1942), secretário de Agricultura de São Paulo, para quem mostrou diversas fotografias de fazendas e de estabelecimentos públicos. Anunciou sua breve partida para uma viagem pela Europa (O Commercio de São Paulo, 10 de abril de 1906, na terceira coluna). Na mesma ocasião, apresentou o processo fotográfico a gelo-albuminite de platina que dá a reprodução exata da chapa, conservando com fidelidade absoluta todos os traços fisionômicos da pessoa fotografada (Correio Paulistano, 10 de abril de 1906, na última coluna).

Participou da Exposição Universal de 1906, também conhecida como Exposição Internacional del Sempione, em Milão, realizada entre 28 de abril a 31 de outubro de 1906.

O Cardeal Arcoverde (1850 – 1930) celebrou uma missa na capela do Paço Episcopal de São Paulo, seguida de uma recepção. Em um ateliê improvisado, representando o fundo da vista o interior de uma das dependências do Vaticano, Valério Vieira fotografou o religioso (O Estado de São Paulo, 29 de junho de 1906, página 3, na terceira coluna).

Valério participou da cerimônia de formatura da turma de Engenharia da Escola Politécnica de São Paulo (Correio Paulistano, 30 de junho de 1906, na terceira coluna).

Acompanhou o primeiro cardeal da América Latina, o Cardeal Arcoverde (1850 – 1930), em  Itu, onde se realizavam festejos em torno do religioso (Correio Paulistano, 1º de julho de 1906, na última coluna).

Foi inaugurado, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, um retrato em tamanho natural do governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), de autoria de Valério (Correio Paulistano, 23 de julho de 1906, na penúltima coluna).

Valério fotografou em seu ateliê o presidente da República eleito, Afonso Pena (1847 – 1909) (Correio Paulistano, 2 de agosto de 1906, na última coluna).

Foi noticiado que Valério publicaria em breve o Cicerone Paulista, pequeno guia da capital, que seria editado em uma gráfica alemã (Correio Paulistano, 24 de agosto de 1906, na primeira coluna).

O diplomata Joaquim Nabuco (1849 – 1910), em visita a São Paulo, foi fotografado no ateliê de Valério (Correio Paulistano, 18 de setembro de 1906, na quarta coluna).

Na Casa Bonilha, na rua Quinze de Novembro, exposição de um quadro de Valério Vieira que havia conquistado o primeiro lugar no último garden party realizado no Jardim da Luz. O quadro representava o menino Nonô, filho do sr. Francisco de Castro Júnior (Correio Paulistano, 24 de setembro de 1906, na quinta coluna).

Foi realizada no estúdio de Valério a exposição individual do artista plástico José Joaquim Monteiro França(1876 – 1944) (Correio Paulistano, 24 de novembro de 1906, na sexta coluna).

Exposição na Câmara de Deputados de São Paulo de uma fotografia de autoria de Valério Vieira retratando os deputados da legislatura corrente (O Commercio de São Paulo, 16 de dezembro de 1906, na segunda coluna).

Valério dedicou a composição Valériopolka à imprensa paulista.

No livro Il Brasil e gli Italiani, publicado pelo jornal Fanfulla, em 1906, no segmento Arti e Artistici, metade do espaço foi dedicado à obra de Valério. O Fanfulla, fundado em 1893, era um famoso periódico de imigrantes italianos de São Paulo.

 

Il Brasil e gli Italiani, 1906.

 

1907 - No Salão Progredior, foi inaugurado um gabinete para a exposição permanente da obra de Valério (Correio Paulistano, 5 de maio de 1907, na última coluna).

O tenente La Brousse, da missão francesa, foi levado pelo oficial de gabinete da Secretaria de Justiça e Segurança de São Paulo, Sebastião Pereira Sobrinho, ao atelier de Valério Vieira que, sob a supervisão do tenente, fotografou um cabo do 1º  Batalhão para ilustrar e dar um caráter mais prático às instruções aos soldados da Força Pública (O Commercio de São Paulo, 7 de junho de 1907, na primeira coluna).

Valério expôs no Salão Progredior um retrato do poeta Olavo Bilac (1865 – 1918), de grande tamanho que muito justamente prendeu a atenção do público (Correio Paulistano, 31 de julho de 1907, na segunda coluna).

Foi noticiado que o quadro da turma dos bacharelandos em Ciências e Letras do Ginásio Paulista seria realizado por Valério Vieira (Correio Paulistano, 20 de agosto de 1907, na última coluna).

Os participantes do Sexto Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia foram fotografados por Valério, na Escola Normal (O Commercio de São Paulo, 7 de setembro de 1907, na quarta coluna). Doutorandos de 1885, que participavam do congresso, também foram fotografados por ele (Correio Paulistano, 14 de setembro de 1907, na quarta coluna). Os congressistas membros da seção de Farmacologia, ofereceram, no Parque Antártica, uma recepção a seu presidente, o farmacêutico Vicente Werneck, e Valério fotografou o evento (O Estado de São Paulo, 14 de setembro de 1907, página 1, na última coluna). Foi publicada na primeira página do Correio Paulistano de 15 de setembro de 1907 uma fotografia de autoria de Valério de participantes do congresso médico.

Valério Vieira foi um dos vários que foram ver o vulto imponente do Barão do Rio Branco (1845 – 1912), que estava visitando São Paulo (Correio Paulistano, 5 de outubro de 1907, na quarta coluna).

Valério Vieira assistiu a um concerto de violino de Celina Branco, realizado no salão do jornal Correio Paulistano (Correio Paulistano, 7 de novembro de 1907, na primeira coluna).

O aniversário de Valério foi registrado na coluna “Crônica Social”, do Correio Paulistano de 16 de novembro de 1907.

Valério Vieira estava na folha de pagamentos da Secretaria da Fazenda (O Commercio de São Paulo, 28 de novembro de 1907, na primeira coluna).

1908 – Valério foi o idealizador do quadro que seria executado por Oscar Pereira da Silva (1867 – 1939) simbolizando o estado de São Paulo recebendo Portugal, que seria ofertado pela colônia portuguesa paulista ao rei de Portugal, dom Carlos (1863 – 1908), durante sua visita a São Paulo (A Notícia (PR), 21 de janeiro de 1908, na quarta coluna). A viagem não se realizou devido ao assassinato do monarca.

Foi inaugurado no atelier de Valério um novo salão de exposições. O anfitrião recebeu os convidados com uma composição musical de sua lavra e um copo de cerveja (O Commercio de São Paulo, 23 de fevereiro de 1908, na terceira coluna).

Participou da solenidade promovida pelo Centro de Ciências e Artes de Campinas em homenagem ao cinquentenário da fundação da imprensa campinense (O Commercio de São Paulo, 7 de abril de 1908, na segunda coluna).

No Salão Steinway, foi realizada a quarta audição orquestral da escola de violino do professor Giulio Bastiani, italiano que havia se estabelecido em São Paulo por volta de 1882. Uma composição de Valério Vieira fazia parte do programa (O Commercio de São Paulo, 9 de abril de 1908, na quinta coluna).

Valério estava na folha de pagamentos da Secretaria de Agricultura de São Paulo pelo fornecimento de fotografias para a Exposição preparatória da Exposição Nacional em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos, realizada no Rio de Janeiro (O Commercio de São Paulo, 21 de junho de 1908, na quarta coluna).

Foi noticiada a participação de Valério com seu Panorama de São Paulo na Exposição Nacional do Rio de Janeiro (Correio da Manhã, 26 de julho de 1906, na sexta coluna).

Apresentou na Exposição Nacional do Rio de Janeiro, realizada entre 11 de agosto e 15 de novembro de 1908, em comemoração ao centenário da Abertura dos Portos, o Panorama de São Paulo, que mereceu grande atenção do público e da crítica.

Antonio de Barros Barreto, presidente da comissão executiva do estado de São Paulo na Exposição Nacional recepcionou o ministro da Indústria, Miguel Calmon du Pin e Almeida (1879 – 1935), o secretário de Fazenda de São Paulo, Olavo Egydio (1862 – 1928), outras autoridades e jornalistas em uma visita às seções do estado de São Paulo na exposição. Na ocasião, Valério ofereceu aos visitantes vários quadros fotográficos (Jornal do Commercio Jornal do Brasil, 3 de setembro de 1908, Correio Paulistano, 4 de setembro de 1908, na quinta coluna). O adido da legação argentina no Rio de Janeiro, Ricardo Sollá, visitou a seção paulista da exposição e considerou os trabalhos fotográficos de Valério esplêndidos (A Imprensa, 6 de setembro de 1908, na quinta coluna).

Publicação de uma excelente crítica sobre os trabalhos de Valério Vieira exibidos na Exposição Nacional (O Subúrbio, 3 de outubro de 1908, na última coluna).

Valério obteve o Grande Prêmio do Grupo de Fotografia do estado de São Paulo (Almanak Laemmert, 1909, e O Commercio de São Paulo, 23 de novembro de 1908, na terceira coluna). Foi publicada lista dos premiados do estado de São Paulo. Na categoria Arte Fotográfica, além de Valério, foi premiado o italiano Giovanni Sarracino que apresentou retratos de Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926), Jorge Tibiriçá Piratininga (1855 – 1928), Washington Luís (1869 – 1957) e Olavo Egydio (1862 – 1928), Carlos Botelho (1855 – 1942) e Siqueira Campos (1898 – 1930), entre outros (Correio Paulistano, 24 de novembro de 1908, na sexta coluna).

Diogo José da Silva, a Companhia Clark, Isidoro Nardelli, Dallo & Filhos, Marino del Favero, Francisco Pitoresi e Valério, todos expositores paulistas da Exposição Nacional de 1908, convidavam para uma reunião para deliberações sobre a recepção a Barros Barreto e para a comissão executiva do estado de São Paulo na Exposição Nacional de 1908.  A reunião aconteceu no ateliê de Valério, que foi um dos secretários da assembleia (O Estado de São Paulo, 20 de dezembro de 1908, página 12, na quarta coluna, e Correio Paulistano, 27 de dezembro de 1908, na quarta coluna). A contribuição dos expositores para a compra de um presente e para a realização da recepção deveria ser entregue no ateliê de Valério, na rua Quinze de Novembro, nº 19, sede da comissão formada para organizar os festejos (O Estado de São Paulo, 26 de janeiro de 1909, página 5, na última coluna).

1909 – Valério ofereceu ao secretário da Agricultura, Cândido Rodrigues (1850 – 1934), um quadro representando o pavilhão de São Paulo, na Exposição nacional de 1908 (O Estado de São Paulo, 8 de janeiro de 1909, página 1, na quinta coluna).

Foi enviado à diretoria do Povoamento do Solo um requerimento de Valério Vieira solicitando o envio de algumas fotografias de seu atelier para a Europa a título de propaganda. Elas haviam feito parte da Exposição Nacional (O Paiz, 24 de janeiro de 1909, na terceira coluna).

Foi noticiado que Valério iria contratar com a União o fornecimento de colossais panoramas de vistas de várias cidades do Brasil destinados à propaganda no estrangeiro (Jornal do Brasil, 5 de fevereiro de 1909, na quinta coluna e Gazeta de Notícias, 5 de fevereiro de 1909, na última coluna).

Iria encontrar-se com o ministro da Indústria, Miguel Calmon du Pin e Almeida (1879 – 1935), no Hotel dos Estrangeiros (O Século, 16 de fevereiro de 1909, na quarta coluna). Valério Vieira propôs ao então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, Miguel Calmon (1879 – 1935), a quem visitou no Rio de Janeiro, uma plano para a exposição de panoramas do Brasil na Europa (O Século, 17 de fevereiro, na quarta coluna, e O Commercio de São Paulo, 17 de fevereiro de 1909, na segunda coluna).

Valério foi uma das dezenas de pessoas que foi a gare do Norte, em São Paulo, para recepcionar Antonio de Barros Barreto, presidente da comissão executiva do estado de São Paulo na Exposição Nacional, e seus auxiliares (O Commercio de São Paulo, 8 de fevereiro de 1909, na segunda coluna).

Valério levou ao escritório do ministro da Indústria, Miguel Calmon du Pin Almeida (1879 – 1935), várias ampliações de fotografias, medindo 3 metros de comprimento por 1 de largura, dentre elas da Avenida Beira- Mar e do Pavilhão da Bahia na Exposição Nacional (Jornal do Commercio, 18 de fevereiro de 1909, na sexta coluna e O Paiz, 18 de fevereiro de 1909, na terceira coluna).

Valério foi o fotógrafo oficial da visita do presidente da República, Afonso Penna (1847 – 1909), a São Paulo (Correio Paulistano, 1º de abril de 1909, e Jornal do Commercio, 2 de abril de 1909, na sexta coluna).

Estava no Rio de Janeiro, hospedado no Hotel Avenida (Correio da Manhã, 14 de junho de 1909, na quinta coluna).

Valério foi um dos convidados para participar da viagem de trem do presidente da República, Afonso Penna (1847 – 1909), ao Paraná (Gazeta de Notícias, 9 de maio de 1909, na quarta coluna).

Foi inaugurada uma exposição para comemorar os 14 anos do atelier de Valério (O Commercio de São Paulo, 30 de outubro de 1909, na terceira coluna).

Foi noticiado que Valério fotografaria Rui Barbosa (1849 – 1923) e sua comitiva (O Século, 14 de dezembro de 1909, na primeira coluna). O fotógrafo anunciou que colocaria na frente de seu estabelecimento a fotografia do jurista medindo dois metros e cinquenta centímetros (O Commercio de São Paulo, 14 de dezembro de 1909, na terceira coluna).

Foi noticiado que Valério havia enviado ao Correio Paulistano um criativo cartão de Boas Festas: estampando a pauta musical onde, à guisa de notas, se vêem os retratos do talentoso artista e dos membros de sua exma família (Correio Paulistano, 3 de janeiro de 1910, na quarta coluna).

1910 – No Rio de Janeiro, Valério visitou o ministro da Agricultura, Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda (1862 – 1943). Estava hospedado no Hotel Avenida (A Imprensa, 11 de janeiro de 1910, na penúltima coluna e Gazeta de Notícias, 11 de janeiro de 1910, na terceira coluna). Foi contratado, meses depois, por Rocha Miranda para confeccionar seis grandes panoramas da cidade do Rio de Janeiro e um grande número de cartões postais de várias cidades do Brasil para figurarem nas exposições de Turim e Roma (A Republica, 1º de julho de 1910, na quarta coluna).

Como parte das comemorações do centenário de morte do poeta português Alexandre Herculano (1810 – 1877), foram expostos na Casa Garraux, em São Paulo, retratos do homenageado, primoroso trabalho de Valério Vieira. Seu ateliê era um dos locais onde foram distribuídos os convites para a aula magna em homenagem a Alexandre Herculano, realizada na Faculdade de Direito de São Paulo (Correio Paulistano, 23 de abril de 1909, na segunda coluna, e A Imprensa, 29 de abril de 1910, na quinta coluna). Retratos do homenageado, de autoria de Valério, foram distribuídos na faculdade (Correio Paulistano, 27 de abril de 1910, na quinta coluna). 

Valério chegou ao Rio de Janeiro para permanecer alguns dias e foi saudado pelo jornal A Imprensa como …uma figura finamente cavalheiresca e o mais completo feitor da arte fotográfica em todo o Brasil…  (A Imprensa, 21 de junho de 1910, na última coluna)

A Secretaria de Agricultura de São Paulo comunicou a aceitação da proposta de Valério para a confecção de um panorama de São Paulo para a Exposição Internacional de Roma e recusando a proposta de realização de cartões-postais e pequenos álbuns com o mesmo fim (Correio Paulistano, 22 de julho de 1910, na primeira coluna).

Quando soube da visita do rei de Portugal, dom Carlos (1863 – 1908), ao Brasil, Valério fez um croquis de sua chegada no Rio de Janeiro e por isso recebeu o título de Comendador de Portugal. A visita não aconteceu porque o rei foi assassinado em 1º de fevereiro de 1908 (Artigo de Boris Kossoy publicado no O Estado de São Paulo, 4 de março de 1973, na página 5 do “Suplemento Literário”). Valério ofertou ao rei de Portugal, dom Manuel (1889 – 1932), o croquis da aquarela que deveria ter sido executada na ocasião da visita do rei dom Carlos ao Brasil, algumas fotografias e uma composição, a valsa “Adamastor”, de sua autoria. Recebeu uma carta de agradecimento do camareiro do rei, o conde de São Lourenço (Jornal de Recife, 19 de agosto de 1910, na quarta coluna). 

Durante o Segundo Congresso Brasileiro de Geografia, o Centro Acadêmico Onze de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, ofereceu ao professor José Lobo D´Ávila Lima (1885 – 1957?), da Universidade de Coimbra, uma fotografia de autoria de Valério, retratando a diretoria da agremiação (Correio Paulistano, 17 de setembro de 1910, na sexta coluna).

Valério fotografou os bispos que participaram da Conferência do Episcopado Sul-Americano para realizar um quadro artístico comemorativo do evento, realizado em São Paulo (O Estado de São Paulo, 8 de outubro de 1910, página 6, na segunda coluna).

Valério comunicou ao ministro da Agricultura, Pedro Manuel de Toledo (1860 – 1935), que o panorama do Rio de Janeiro, que seria exibido na Exposição Internacional de Turim, já estava pronto (O Estado de São Paulo, 14 de dezembro de 1910, página 2, sétima coluna).

1911 - Foi noticiado que Valério havia entregue ao ministro da Agricultura, Pedro Manuel de Toledo (1860 – 1935) o panorama do Rio de Janeiro que seria apresentado na Exposição Internacional de Turim. O panorama seria exposto nos salões do Museu Comercial antes de embarcar para a Itália (O Século, 27 de janeiro de 1911, na sexta coluna).

Valério esteve no Rio de Janeiro (O Estado de São Paulo, 5 de março de 1911, página 1, na segunda coluna)

A Câmara Municipal de São Paulo mandou arquivar o pedido de auxílio feito por Valério Vieira com o fim de confeccionar um grande panorama de São Paulo para a Exposição Internacional de Roma (Correio Paulistano, 20 de abril de 1911, na sexta coluna).

Quatro retratos a óleo, do governador de São Paulo, Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926), do secretário do Interior, Carlos Guimarães (1862 – 1927), do deputado Mario Tavares (1874 – 1958) e do senador Antônio de Lacerda Franco (1853 – 1936), de autoria de Valério e de E. Távola, foram expostos no salão do jornal Correio Paulistano. Foram realizados por encomenda da Câmara Municipal de Pirassununga, para onde serão levados (Correio Paulistano, 27 de abril de 1911, na segunda coluna).

Para distribuição durante as exposições de Roma e Turim, Valério Vieira mandou imprimir, por ordem do Ministério da Agricultura, 776 mil cartões postais de paisagens e edifícios públicos brasileiros. Também por encomenda do governo federal, Valério produziu seis telas reproduzindo aspectos da Exposição Nacional de 1908, da baía de Guanabara, das avenidas Beira-Mar e Central (A Imprensa, 25 de abril de 1911, na quinta colunaO Pharol, 29 de abril de 1911, na quinta coluna). Foram pagos a Valério 12 contos de réis (O Estado de São Paulo, 14 de dezembro de 1911, página 2, sétima coluna).

Segundo artigo de Boris Kossoy, publicado no O Estado de São Paulo, de 4 de março de 1973, Valério participou da Exposição Universal de Turim, realizada entre 29 de abril e 19 de novembro de 1911, durante a qual foi agraciado com a comenda de Cavaleiro da Coroa, concedida pelo rei da Itália, por sua defesa da causa da imigração italiana para o Brasil.

A Câmara Municipal de Bauru encomendou de Valério três retratos para sua sala de honra: do governador de São Paulo, Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926); do secretário da Justiça e da Segurança Pública, Washington Luís (1869 – 1957); e do senador Bernardino José de Campos Júnior (1841 – 1915) (Correio Paulistano, 20 de maio de 1911, na terceira coluna).

Em 12 de julho, seu primogênito, José do Patrocínio, faleceu repentinamente. Sua missa de sétimo dia foi celebrada na igreja de São Gonçalo (Correio Paulistano, 13 de julho de 1911, na terceira coluna e 19 de julho de 1911, na última coluna).

Foi julgada por sentença a desistência requerida por José Paulino Nogueira Filho da ação executiva que movia contra Valério (Correio Paulistano, 5 de agosto de 1911, na segunda coluna).

Foi noticiado que o senhor João de Barros estaria interessado em abrir uma filial do ateliê fotográfico de Valério Vieira no Rio de Janeiro (Diário da Tarde, 31 de agosto de 1911, na quarta coluna). Valério apresentou queixa à polícia contra ele, que também esteve no interior de São Paulo e no Paraná, apresentando-se, falsamente, como representante da Photographia Valério (Correio Paulistano, 7 de setembro de 1911, na quarta coluna).

1912 – Valério fazia parte de um grupo de artistas que fotografou, em Pindamonhangaba, a chegada do governador de São Paulo, Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852 – 1926), e de seus secretários à estação de trem da cidade. A comitiva foi inaugurar o Haras Paulista e o Posto Zootécnico Dr. Francisco Romeiro, além de outros melhoramentos na cidade. Valério também participou do baile oferecido a eles pela Câmara Municipal de Pindamonhangaba, no palacete de Elói Bicudo Varela Lessa (1844 – 1922), o barão de Lessa (Correio Paulistano, 28 de abril, na sexta coluna e 29 de abril, na quarta coluna).

Foi publicado no Correio Paulistano, ao longo de 1912, o seguinte endereço de Valério: Largo de São Paulo, nº 71 (Correio Paulistano, 18 de maio de 1912, na terceira coluna).

Valério esteve em Uberaba (MG), hospedado do Hotel do Comércio e em Igarapava(SP) (O Estado de São Paulo, 23 de setembro de 1912,  página 2, na terceira coluna, e Correio Paulistano, 29 de setembro de 1912, na segunda coluna). Recebeu diversas encomendas de retratos que seriam colocados nos salões do grupo escolar e do Fórum de Igarapava. Para o fórum, seriam fotografias de todos os juízes de Direito da comarca, desde sua instalação. Para o grupo escolar, retratos do ex-deputado Francisco Martins, e de outros políticos (Correio Paulistano, 8 de outubro de 1912, na quarta coluna).

1913 – Valério Vieira estava em Igarapava (SP)(Correio Paulistano, 16 de maio de 1913, na última coluna).

Participou da inauguração da estátua do Regente Feijó (1784 – 1843), na Praça da Liberdade, em São Paulo (Correio Paulistano, 25 de maio de 1913).

1914 – Valério estava visitando Barretos (SP)(Correio Paulistano, 23 de janeiro de 1914, na última coluna). De volta a Barretos, expôs no salão do Central Hotel, onde estava hospedado, vários retratos de pessoas proeminentes da sociedade da cidade (Correio Paulistano, 13 de março de 1914, na quarta coluna).

Foi exposta na Casa Alemã, em Campinas, uma fotografia realizada por Valério dos professorandos de 1914 da Escola Normal da cidade (Correio Paulistano, 12 de dezembro de 1914, na primeira coluna).

1915 - Reabertura do ateliê fotográfico de Valério na rua Quinze de Novembro, nº 43 montado segundo todas as exigências da arte moderna (Correio Paulistano, 11 de fevereiro de 1915, na primeira coluna e 13 de fevereiro, na quinta coluna).

Valério ofereceu uma prenda à barraca da Bélgica, dirigida por Gladys Nisseus de Saint Remy, na quermesse realizada no Jardim da Luz em prol dos flagelados do Norte e dos desamparados da Bélgica (Correio Paulistano, 2 de outubro de 1915, na quarta coluna).

1916 – O ateliê fotográfico de Valério ficava na rua Quinze de Novembro, porém no número 43 (Almanak Laemmert, 1917).

Havia uma letra de câmbio em um cartório na rua da Boa Vista, 58, em São Paulo sacada à vista contra Valério Vieira (O Estado de São Paulo, 28 de fevereiro de 1916, página 9, na quinta coluna).

Fotografou o polêmico médium Carlos Mirabelli (1899 – 1951) (Correio Paulistano, 18 de junho de 1916).

Recebeu pagamento da Secretaria da Fazenda de São Paulo (Correio Paulistano, 6 de julho de 1916, na segunda coluna).

1917 – Realizou o quadro dos bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo de 1917 (Correio Paulistano, 16 de outubro de 1917, na quarta coluna).

Falecimento de Antonio Marjues Teixeira, pai de Augusta, esposa de Valério. Ele era professor público e um dos mais antigos guarda-livros nesta capital (O Estado de São Paulo, 18 de outubro de 1917, página 3, na penúltima coluna).

1918 – Foi representado por seu filho, Roque, no enterro do italiano Vincenzo Pastore (1865 – 1918), fotógrafo que assim como Valério produzia retratos de múltipla exposição, revelando um traço de humor (Correio Paulistano, 19 de janeiro de 1918, na terceira coluna).

Com 26 anos, falecimento da única filha de Valério, Maria Catarina. Deixou uma filha, Lydia (1914 – 1993), que passou a morar com Valério e Augusta.

1921 - Pediu à Prefeitura de São Paulo auxílio para a confecção de uma nova versão do Panorama de São Paulo, apresentado na Exposição de 1908. O trabalho seria exibido na Exposição do Centenário da Independência, em 1922, no Rio de Janeiro (Correio Paulistano, 20 de janeiro de 1921, na quarta coluna30 de janeiro, na segunda coluna, 2 de fevereiro, na segunda coluna). O pedido foi autorizado pelo prefeito Firmiano de Moraes Pinto (1861- 1938) (Correio Paulistano, 18 de fevereiro de 1921).

Valério esteve no Rio de Janeiro (O Estado de São Paulo, 20 de março de 1921, página 4, na sétima coluna)

1922 - Foi inaugurada a exposição provisória do Panorama de São Paulo, na rua São Bento , nº 24, anunciada como a maior fotografia já realizada no mundo, com 16 metros (Correio Paulistano, 6 de setembro de 1922, na segunda coluna e 7 de setembro, na quarta coluna). O trabalho foi apresentado na Exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, realizada entre 7 de setembro de 1922 e 24 de julho de 1923. Foi Conrado Wessel (1891 – 1993) que possibilitou a impressão da foto fornecendo a fórmula da emulsão química, uma solução de brometo de sais de prata que foi aplicada sob luz vermelha, para evitar que a emulsão fosse velada. Amigos e parentes de Vieira providenciaram a água necessária para a revelação do panorama, trazida em baldes e bacias para o antigo cineteatro São Paulo. As imagens do panorama foram obtidas do alto da torre da igreja do Liceu Sagrado Coração de Jesus, em Campos Elíseos. Com um ângulo visual de 180 graus, o registro foi realizado entre 1919 e 1921. Depois de pronta, as imagens em preto-e-branco foram pintadas para destacar os planos entre as ruas e as casas e para dar maior durabilidade da tela (Folha de São Paulo, 2 de março de 1995O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1998, página 140).

O ateliê fotográfico de Valério na rua Quinze de Novembro, nº 43, foi anunciado pela última vez no Almanak Laemmert de 1922.

1923 – Inauguração do Estabelecimento Modelo, novo ateliê e uma escola para fotógrafos amadores de Valério Vieira, na rua Quinze de Novembro, nº 3 (Correio Paulistano, 17 de março de 1923, na sexta coluna e A Gazeta, 19 de março de 1923, na quarta coluna).

Mudou seu estúdio para o Largo São Paulo, 16, no Cambuci.

1924 - De tuberculose, falecimento de seu filho, Raymundo Nonato (Correio Paulistano, 25 de janeiro de 1924, na terceira coluna).

Propôs à Câmara Municipal de São Paulo a execução de um quadro artístico com as fotografias dos vereadores em alto relevo (Correio Paulistano, 23 de setembro de 1924, na quarta coluna).

1925 – Realizou um painel com a legislatura de 1923 a 1926 da Câmara Municipal de São Paulo.

Fechamento definitivo de seu estúdio.

1925 / 1940 – Continuou fotografando São Paulo e estâncias próximas à cidade como Águas de Lindóia e Caxambu.

1929 – Recebeu pagamentos das secretarias da Fazenda e da Agricultura de São Paulo (Correio Paulistano, 2 de julho de 1929, na primeira coluna, e 6 de setembro de 1929, na quinta coluna).

1941 – Valério Vieira faleceu, aos 79 anos, em 26 de julho, de colapso cardíaco, e foi enterrado no cemitério da Consolação (Correio Paulistano, 29 de julho de 1941, na terceira coluna e Estado de São Paulo, 27 de julho de 1941, página 5, na quinta coluna).

1949 – Numa carta enviada por Augusto Nunes, que na época trabalhava no Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, para o compositor, ator e cantor carioca Almirante (1908 – 1980), datada de 18 de fevereiro de 1949, ele se referia a Valério como um ótimo pianista e compositor… solicitado em todos os salões

1971 – Falecimento de seu filho, Francisco.

1972 – O Panorama de São Paulo, de sua autoria, foi exposto nas comemorações do cinquentenário da Semana de Arte Moderna, no Museu de Arte de São Paulo.

1975 – Suas obras foram expostas na mostra Memórias Paulistanas, realizada pelo Museu da Imagem e do Som de São Paulo, entre 26 de fevereiro e 6 de março.

1977 - Em março, falecimento de seu filho Roque (O Estado de São Paulo, 6 de março de 1977, página 56).

1999 – O Panorama de São Paulo foi o grande destaque do 4º mês Internacional da Fotografia realizado no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, entre 19 de maio e 15 de julho de 1999. A exposição Valério Vieira foi organizada pelo fotógrafo Fausto Chermont (1961 -) (O Estado de São Paulo, de 19 de abril de 1999, página D5 do “Caderno 2″).

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ANDRADE, Joaquim Marçal Ferreira de. Preciosidades do acervo – Os trinta Valérios, in Anais da Biblioteca Nacional, vol. 114, p. 218. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1994.

BALADY, Sonia Umburanas. Valério Vieira: um dos pioneiros da experimentação fotográfica no Brasil (dissertação de mestrado). São Paulo:USP, 2012

BANDEIRA JUNIOR, Antonio Francisco. A industria no Estado de São Paulo em 1901 / estudo de Antonio Francisco Bandeira Junior. São Paulo: Typ. do Diario Official, 1901. xxix, 227 p.

G 1 – Valério Vieira e a fotografia no início do século XX

G 1 – G1 recria a ‘maior photographia do mundo’ em 1922, feita no Brasil

GUARIGLIA, Ana Maria. Imagens contam histórias do Rio e de São Paulo. São Paulo, 1993.

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002. 408 p., il. p&b.

KOSSOY, Boris. Origens e Expansão da fotografia no Brasil: século XIX. Rio de Janeiro:Funarte, 1980.

O Estado de São Paulo, 13 de agosto de 1998

MENDES, Ricardo. O Valério cumprimenta-vos: persona e invenção na virada do século. Museu da Imagem e do Som – SP, 2006.

POLETTO, Ana Julia. Escritas de luz: o “noivado” entre palavras e imagens de Osman Lins (dissertação de mestrado). Santa Catarina:Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

Revista da Faculdade de Comunicação da Faap, 2º semestre de 2002.

Site de Alberto de Sampaio

Site do CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de HistóriaContemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas

VALÉRIO Vieira, Rio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Verbete da Enciclopédia.ISBN: 978-85-7979-060-7

Para a elaboração desse texto, a Brasiliana Fotográfica também fez uma extensa pesquisa na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

O carnaval nas primeiras décadas do século XX

 

Com uma seleção de fotografias produzidas nas primeiras décadas do século XX, a Brasiliana Fotográfica convida seus leitores para uma viagem rumo aos carnavais de antigamente. São registros dos festejos carnavalescos feitos por A. Filgueiras, Aliwu, Augusto Malta (1864 – 1957), Guilherme Santos(1871 – 1966) e por fotógrafos ainda não identificados. O carnaval brasileiro é o maior e mais conhecido do mundo. Comemorado em todo o país nas ruas e nos clubes, nos blocos carnavalescos e nos desfiles de escolas de samba, com diversos ritmos musicais, é a festa mais popular do Brasil.

 

 

Apesar de ter origem incerta, acredita-se que o carnaval tenha surgido ainda na Antiguidade, por volta do ano 520 a. C., na Grécia. Era uma festa realizada em torno do deus Dionísio em celebração à chegada da primavera e da fertilidade. Nos primeiros anos da era cristã, a comemoração tornou-se popular na Roma Antiga.

No Brasil, teve início, em torno do século XVII, quando os portugueses introduziram o entrudo, jogo típico da região de Açores e de Cabo Verde: era uma brincadeira em que as pessoas jogavam, uma nas outras, água, ovos e farinha.

Inspirados nos costumes da França, os primeiros bailes mascarados realizados no Brasil – de que se tem notícia até hoje – aconteceram no Rio de Janeiro, em 1835, no Café Neuville, localizado no largo do Paço, e no Hotel D´Italia, na então rua Espírito Santo, perto da Praça Tiradentes ( Jornal do Commercio,  27 de fevereiro de 1835, na segunda coluna, e 5 de junho de 1835, na terceira coluna). Nesses bailes, dançavam-se ritmos não brasileiros como a valsa e a polca. Em 23 de fevereiro de 1846, foi promovido pela cantora lírica Clara Delmastro o primeiro baile mascarado em um teatro (Jornal do Commercio, de 23 de fevereiro de 1846, na primeira coluna). Aconteceu no Theatro de São Januário, que ficava na rua do Cotovelo, no Castelo, onde localiza-se, atualmente, o Palácio da Justiça.

As sociedades carnavalescas, formadas pelas elites, surgiram por volta de 1855, assim como os ranchos e os cordões, estes formados pelas camadas sociais mais populares. Os corsos tornaram-se muito populares no início do século XX: neles as pessoas desfilavam fantasiadas em carros decorados. A festa foi crescendo e, com a ajuda das marchinhas carnavalescas, tornando-se cada vez mais popular e animada.

 

Acessando o link para as fotografias de carnaval disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Links para artigos sobre carnaval já publicados na Brasiliana Fotográfica

 

Imagem relacionada

O carnaval do Cordão da Bola Preta, publicado em 9 de fevereiro de 2018

 

 

As Camélias Japonesas no carnaval de Alagoas pelas lentes do fotógrafo amador Luiz Lavenère Wanderley (1868 – 1966), publicado em 21 de fevereiro de 2020

 

Cenas da folia em Manaus em 1913, publicado em 28 de fevereiro de 2020

 

 

Baile de Carnaval em Santa Teresa – Di Cavalcanti, Klixto e Helios Seelinger, na casa de Raul Pederneiras, publicado em 25 de fevereiro de 2022

 

 

O Rei Momo por Jean Manzon e por outros fotógrafos dos Diários Associados, publicado em 3 de fevereiro de 2023

 

 

Foliões do Carnaval de Diamantina por Chichico Alkmim, publicado em 17 de fevereiro de 2023

 

 

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