O retrato (ou portrait) é o mais popular dentre todos os gêneros de fotografia, desde os primórdios desta invenção – a tal ponto que a expressão “tirar um retrato” é, ainda hoje, confundida com a expressão “tirar uma fotografia”, de designação bem mais genérica.
Explorado por seus inventores e experimentado em todos os processos e formatos, foi o retrato que celebrizou alguns dos mais importantes nomes da história da fotografia, que dele se valeram para documentar, encenar, idealizar, conhecer e dar a conhecer, provocar e refletir, através das mais diversas estratégias.
Das cartes de visite e dos álbuns de família do século 19 até aos atuais álbuns virtuais da internet, passando pelas suas inúmeras apropriações (nas artes, nas ciências médicas e sociais, no sistema judiciário etc.), há um longo e complexo trajeto a ser passado em revista.
A propensão da câmera fotográfica de combinar verossimilhança com metáfora sempre favoreceu o uso da fotografia no jogo de aparências que define o universo do retrato.
Como indica Gisele Freund em seu livro Fotografia e Sociedade, (Lisboa, Dom Quixote, 1986), se por um lado o advento da fotografia permitiu a democratização do retrato, em função de seus custos reduzidos em relação aos tradicionais retratos de pintura a óleo, muitas camadas da sociedade buscaram também no retrato fotográfico a emulação de um estamento social privilegiado ao qual não pertenciam, através dos trajes, cenários e aparatos de estúdio que constroem a linguagem do retrato naquele período.
Pode-se contra-argumentar, entretanto, que nos retratos fotográficos de estúdio do século XIX, o olhar e a pose do retratado também apresentam, constroem e defendem sua identidade perante o fotógrafo. Ainda não havia ocorrido naquele momento a larga difusão dos processos fotomecânicos que ganharia força na virada do século XIX para o século XX, trazendo a avassaladora presença das revistas ilustradas como principal veículo de comunicação visual de massa, na sociedade do espetáculo que se estruturaria ao longo do século XX. Naquele contexto, a “pose”, – tomada no sentido contemporâneo do processo de construção de uma persona artificial que despista e dissimula a identidade do retratado –, ainda não é a regra nos retratos do século XIX e início do século XX, o que, portanto, permite uma leitura mais direta do olhar e da expressão dos retratados.
Entremeiam-se, assim, poses solenes com olhares espontâneos e diretos. Esses retratos podem, portanto, ser entendidos como registros que lidam simultaneamente com as aparências relacionadas à liturgia dos códigos do retrato de estúdio da época e também com o olhar, expressão e pose que estabelecem a identidade dos indivíduos diante do fotógrafo e do mundo.
Fotógrafos com Joaquim Insley Pacheco, Alberto Henschel, Justiniano José de Barros, entre outros, constituiram o grande grupo de fotógrafos de estúdio na capital do Império que realizaram o registro das primeiras poses dos moradores da cidade. Na passagem do século XIX para o XX, o retrato começaria a ser modificado pela fotografia amadora e seus registros espontâneos de indivíduos e grupos.
Assim, o que propomos aqui é um breve passeio pela nossa “Galeria Virtual de Retratos”, que mescla alguns dos mais apreciados retratos fotográficos de nossa história com outros, nem tão conhecidos mas igualmente significativos para historiar os usos deste gênero, em nosso país.
………………………………………………………………………………………………………………………………………..
Curadoria de Sergio Burgi/IMS e Joaquim Marçal Ferreira de Andrade/FBN
[foogallery id=”244″]
Magnificas imagens, imaginei a determinação na mente de todos, e a perspectiva na cosntrução de um grande país ! Em contraste a desordem, alienação deterioração, corrupção galopante atual… Tente descansar em paz, Brasil….
Se tinham a perspectiva de construir um grande país, conseguiram! Apesar de tudo que o Brasil é hoje – que indiscutivelmente tem suas raízes neste período e até antes dele -, ainda somos uma grande nação.
Excelente iniciativa!
Obrigada por esse compartilhamento da cultura e história através da fotografia.
Magnífico. Difundir nossa história é muito enriquecedor para todos nós.
Ótimo trabalho. Sugestões:
Um link para comentários sobre o site
Botões de compartilhamento com redes sociais
Uma lente de aumento para explorar melhor as fotos. Aliás, nesse quesito (visualização das fotos) o aplicativo é bem fraquinho.
Georreferenciamento das fotos.
Abraços.
Prezado Edmar
Obrigado pelas sugestões. Quanto à magnificação das fotos, entre no banco de imagens através da aba Acervo ou digite uma pesquisa no campo de pesquisa . As imagens disponibilizadas no banco de imagens possuem visualização com zoom. Clique sobre qualquer imagem disponibilizada como resposta de pesquisa e você chegará à imagem com seus dados catalográficos completos, em seguida clique novamente na imagem e você visualizará a mesma com a ferramenta de zoom.
Quanto às suas outras sugestões, serão implementadas em breve.
Abs
Sergio Burgi
adorei o site ,,, sou apaixonado ,,,,por fotografias antigas ,, aqui na minha cidade Piracaia SP ,,,um fotografo (farmaceutico ,portugues do começo do seculo , fez um excelente trabalho ,,, durante mais de 40 anos ,,,sobre nossa cidade ,,, suas fotos estao no arquivo fotografico da Unicamp sp,) .. so nao consegui abri todos albuns deste site tem algum atalho ? abraços.
Fantásticas fotos, parabéns pela iniciativa de mostrar nosso passado e origem, gostaria de poder ver mais.
Só não consegui abrir todos os albuns, tem algum atalho?
Obrigado pelas fotos maravilhosas! Eu estava no Brasil em março de 2014 e se apaixonou por seu país! Da Rússia com amor!
Prezada Andrea
Agradecemos o comentário. A preservação digital é hoje um tema fundamental para a memória e história dos indivíduos e da sociedade. O portal Brasiliana Fotográfica já oferece links para esta temática, localizados na aba superior desta página (“Preservação Digital”). Em breve teremos também textos específicos de especialistas neste campo que serão publicados no portal.
Muito bom o site! Uma pena que algumas estão deterioradas. Existe algum projeto pra restaura-las antes de postar? Abraço.