A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, marco da “Era do Rádio” no Brasil

Alô! Alô! Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro! Com essa frase o locutor paulista Celso Guimarães (1907 – 1996) inaugurou a PRE-8, a Rádio Nacional, às 21h, do dia 12 de setembro de 1936. Presente na memória afetiva dos brasileiros e um marco na Era do Rádio no país, foi um veículo de massa de grande influência em sua época e é, assim como a revista O Cruzeiro e a TV Globo, um dos maiores fenômenos de comunicação do Brasil. Uma referência de programação popular e diversificada, a Rádio Nacional marcou a história da radiodifusão e da própria cultura brasileira.

Ela é, na realidade, responsável pelas matrizes que formam hoje o Rádio brasileiro: a música, a informação, o humor, a dramaturgia, o esporte e os programas de auditório.

Site da Rádio Nacional

 

 

“É preciso que se diga que, desde a revolução de 30 – ou, como sugere Diegues, referindo-se aos pontos extremos de seu filme (Joana Francesa): de Carmen Miranda a Brasília, de Getúlio Vargas à televisão ou de Francisco Alves a Caetano Veloso – a Radio Nacional foio canal exlusivo de informação e formação cultural do povo brasileiro, fazendo deste vazio tropical a primeira grande “aldeia global” dos gtempos modernos”

Tristes Tropiques, por Sérgio Augusto,

Pasquim, 14 a 20 de agosto de 1973

 

Com fotografias do Instituto Moreira Salles e do Museu Aeroespacial,  instituições fundadora e parceira do portal, respectivamente, a Brasiliana Fotográfica, conta um pouco desta história. As fotos do IMS são de sua Coordenadoria de Música e pertencem à Coleção José Ramos Tinhorão e ao Arquivo Walter Silva.

 

Acessando o link para as fotografias da Rádio Nacional disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

Bandeira Rádio Nacional por Heitor dos Prazeres, s/d. Coleção Família Heitor dos Prazeres

Bandeira Escola de Samba da Rádio Nacional por Heitor dos Prazeres, s/d. Coleção Família Heitor dos Prazeres

 

Nos anos 20, quando houve a primeira grande transmissão de rádio no Brasil, os aparelhos eram caros e seu proprietários tinham que pagar uma taxa para acessar o receptor. Além disso, a programação concentrava-se na transmisssão de música clássica e de óperas. Foi na década de 30, quando Getúlio Vargas (1882 – 1954) assumiu a presidência do Brasil, que a rádio entrou numa nova fase no país. O governo iniciou, em 1931, a regulamentação da radiodifusão e aboliu as já mencionadas taxas. Em 1932, a veiculação de anúncios comerciais foi liberada no rádio e assim as emissoras foram se popularizando. De 1932 a 1937, foram inauguradas 42 novas estações de rádio, passando o país a possuir 63, quantidade que pulou para 111 em 1945, ano do fim o Estado Novo.

 

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Foi neste cenário que surgiu, no dia 12 de setembro de 1936, a Rádio Nacional, na freqüência da antiga rádio Philips. Foi criada pelo grupo A Noite, que teve como proprietário, no final dos anos 20, o empresário Geraldo Rocha. Devido a maus negócios e a suas divergências com o governo federal, ele buscou financiamento com grupos estrangeiros. A Brazil Railway Company, proprietária da Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, que pertencia ao polêmico empresário norte-americano Percival Farquhar (1864 – 1953)*, incorporou os jornais A Noite e A Manhã (SP) e as revistas Noite IlustradaCarioca e Vamos Ler. Comprou o sinal da antiga Rádio Philips e batizou a sua estação de rádio de Sociedade Civil Brasileira Rádio Nacional (O Jornal, 24 de setembro de 1936, terceira coluna).

 

 

 

A nova emissora radiofônica foi  instalada no prédio do jornal A Noite, o primeiro arranha-céu carioca e, então, o mais alto da América Latina, que havia sido inaugurado anos antes, em 1929, projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire (1872 – 1933).

 

 

 

 

Após a já mencionada saudação de Celso Guimarães (1907 – 1996), Alô! Alô! Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!, a Orquestra do Teatro Municipal executou o Hino Nacional. Então o primeiro presidente da Sociedade Rádio Nacional, Cauby de Araújo, após um pequeno pronunciamento, convidou o presidente do Senado, Medeiros Netto (1887 – 1948), que inaugurou a nova emissora:

“Aqui se levanta mais uma voz pela paz e pela defesa de todos quantos souberem, nesta hora terível para a humanidade, compreender que ela é mais uma garantia de que, na nossa pátria, a liberdade terá sempre um culto. A estação que neste momento se inaugura nasce sob a proteção de uma empresa que em todos os tempos tem sido arauto das grandes aspirações do povo – A Noite. Está inaugurada a grande estação da Sociedade Rádio Nacional”.

Em seguida, do Palácio São Joaquim, na Glória, o cardeal do Rio de Janeiro, dom Sebastião Leme (1882 – 1942), abençoou a emissora, protagonizando a primeira transmissão externa da Rádio Nacional.

Seguiram-se, diretamente do estúdio da nova emissora, diversos pronunciamentos, dentre eles o dos embaixadores de Portugal, da França e do Japão, do ministro da Educação, Gustavo Capanema (1900 – 1985); de Nelson Dantas, presidente da Confederação Brasileira de Radiodifusão; Herbert Moses (1884 – 1972), presidente da Associação Brasileira de Imprensa; e de Castelar de Carvalho, que falou em nome de A Noite; e, finalmente de Cauby Araújo. Também estavam presentes na inauguração outras autoridades como o presidente da Câmara Municipal, Ernani Cardoso (1888 – 1950); Lourival Fontes (1899 – 1967), então diretor do Departamento de Propaganda e Difusão Cultural, futuro Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), representando o prefeito do Distrito Federal; e Agamenon Magalhães (1893 – 1952), ministro do Trabalho. O técnico responsável pela instalaçao da emissora foi Armando Langoni.

 

 

Foi estatizada, assim como as outras empresas do grupo A Noite, pelo governo federal, em 8 de março de 1940, pelo Decreto-Lei nº 2.073, sob a justificativa de dívidas contraídas junto ao Patrimônio Nacional. O coronel Luiz Carlos da Costa Netto foi designado Superintendente das Empresas Incorporadas ao Patrimônio. Para a direção da Rádio Nacional foi nomeado Gilberto de Andrade (1894 – 1949), que a dirigiu até 1946. Segundo Paulo Tapajós, ali Gilberto, que era promotor do Tribunal de Segurança, ex-diretor das revistas Sintonia e A Voz do Rádio, além de organizador da censura ao teatro, apesar de já ter escrito 23 peças encenadas, iniciou a escalada rumo ao Himalaia dos índices de audiência.

Com a aquisição da Rádio Nacional, o governo passou a ter a seu serviço um veículo de grande penetração popular no país, fortalecendo ainda mais o elo com a população…Todo o faturamento comercial era reinvestido na própria emissora. É que apesar de transformá-la numa empresa estatal, com verbas e benefícios da máquina do Estado Novo, a emissora manteve a atuação na esfera comercial, com direito a continuar vendendo anúncios, somando assim fontes de captação na receita da empresa, como descreve Luiz Mendes (2005).

A Nacional, ao contrário das privadas, não precisava sobreviver de sua receita. Vivia de verba pública. Com isso, tudo o que faturava – e olha que era a que mais faturava – era investido nela própria, já que o governo não fazia retirada do lucro. 

Luiz André Ferreira de Oliveira

in Getúlio Vargas e o desenvolvimento do rádio no país: um estudo do rádio de 1930 a 1945.

 

Tornou-se a principal emissora da América Latina e uma das cinco melhores do mundo. Em 1942, ano em que passou por uma reforma, era a líder absoluta de audiência. Seu auditório, localizado no topo do edifício mais alto do país, passou a ter 600 lugares e o local passou a ser um dos cartões-postais do Rio de Janeiro. Ainda neste ano, em 15 de novembro, seus transmissores foram transferidos para o bairro de Parada de Lucas, melhorando a qualidade das transmissões. Em 31 de dezembro, a emissora inaugurou um transmissor de ondas curtas RCA Victor de 50kw e um sistema de cinco antenas direcionais, que deveriam transmitir para a América, Ásia, África e Europa e para todo o território brasileiro.

A Rádio Nacional contava com um elenco de importantes locutores como Aurélio de Andrade (1917 – 1997) e Oduvaldo Cozzi (1915 – 1978), compositores do calibre de Lamartine Babo (1904 – 1963) e Heitor dos Prazeres (1898 – 1966), maestros como Radamés Gnatalli (1906 – 1988) e cantores como Aracy de Almeida (1914- 1988), Carlos Galhardo (1913 – 1985), Francisco Alves (1898 – 1952), Orlando Silva (1915 – 1978) e Silvio Caldas (1908 – 1998). Oito diretores comandavam cerca de 240 funcionários.

 

 

A Rádio Nacional foi responsável direta ou indiretamente pelo lançamento de ídolos nacionais como Ângela Maria (1929 – 2018), Cauby Peixoto (1931- 2016), Ivon Curi (1928 – 1995), Emilinha Borba (1923 – 2005) e Marlene (1922 – 2014). Essas duas últimas protagonizaram uma guerra entre fãs clubes, na década de 50.

 

 

Apresentou programas de sucesso em torno de música, informação, humor, dramaturgia, esporte. Alguns exemplos são o Repórter EssoPiadas do ManducaUm Milhão de Melodias, PRK-30, Balança mas não cai, Curiosidades Musicais, o programa de calouros, Papel Carbono, de Renato Murce, o Programa Paulo Gracindo e Programa César de Alencar, segundo o próprio, possivelmente o primeiro programa de auditório do Brasil, organizado com princípio, meio e fim. 

 

Abertura do Programa César de Alencar

Esta canção nasceu para quem quiser cantar
Canta você, cantamos nós, até cansar
Até bater
E decorar
Pra recordar vou repetir o seu refrão
Prepara a mão
Bate outra vez
Este programa pertence a vocês

 

Pioneira, transmitiu, a primeira radionovela brasileira, Em busca da Felicidadeescrita pelo cubano Leandro Blanco e adaptada por Gilberto Martins, que atingiu altos índices de audiência e durou cerca de 2 anos.

Sua estreia foi anunciada, em 5 de junho de 1941, por Aurélio Andrade:

Senhoras e Senhores, o famoso Creme Dental Colgate apresenta… o primeiro capítulo da empolgante novela de Leandro Blanco, em adaptação de Gilberto Martins… Em busca da felicidade.

Era irradiada às segundas, quartas e sextas-feiras, às 10:30. Foi dirigida por Victor Costa (1907 – 1959) e Maria Helena era a locutora e narradora que resumia os principais acontecimentos dos capítulos anteriores. No elenco, Rodolfo Mayer 91910 – 1985) , Zezé Fonseca (1915 – 1962), Floriano Faissal (1907 – 1986), Lourdes Mayer (1920 – 1998), Brandão Filho (1910 – 1998) e Yara Salles, dentre outros.

 

 

A radionovela mais famosa estreou também na Rádio Nacional, em 8 de janeiro de 1951. Irradiada às segundas, quartas e sextas-feiras, no horário de 20 horas às 20:25h, O direito de nascer ficou em cartaz até setembro de 1952.

Em 28 de agosto de 1941, foi de novo pioneira, desta vez no radiojornalismo, com a estreia, às 12:45, do Repórter Esso, ícone do radiojornalismo nacional. O locutor Romeu Fernandes anunciou o ataque aéreo da Alemanha na Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez um noticiário de rádio não era feito a partir da leitura de notícias recortadas dos jornais. As matérias eram produzidas pela agência internacional de notícias United Press Associations (UPA) e seu conteúdo era supervisionado pela agência de publicidade McCann-Erickson. O Repórter Esso foi produto de comunicação da Standart Oil Company of Brazil, companhia norte-americana de petróleo que dava nome ao radiojornal. Seus slogans mais famosos foram O Primeiro a Dar as Últimas e Testemunha Ocular da História. O Repórter Esso terminou suas transmissões em 31 de dezembro de 1968.

 

 

Ainda em 1941, quando comemorava seu quinto aniversário, a Rádio Nacional lançou um concurso para selecionar para a canção Happy Birthday to You uma letra brasileira. Parabéns pra você , letra de Berta Celeste Homem de Melo, cujo pseudônimo era Léa Magalhães, a vencedora do concurso, foi apresentada pela primeira vez em um programa de Almirante (1908 – 1980), regida por Radamés Gnatalli.

Em 1956, quando completou 20 anos, a Rádio Nacional ocupava os quatro últimos andares do Edifício A Noite, tinha seis estúdios e um auditório com 496 lugares no 21º andar.

Na década de 60, o impacto do crescimento da televisão no Brasil fez com que o rádio entrasse em declínio e o sucesso da Rádio Nacional diminuiu consideravelmente. Em 1972, todo o seu acervo estava abandonado no terraço do prédio. Por iniciativa da professora Neusa Fernandes, diretora do Museu da Imagem e do Som, o acervo foi transferido para esta instituição e totalmente organizado: são 383 discos, 357. 985 partituras e 1.312 scripts de diversos programas da Rádio Nacional.

Atualmente, a Rádio Nacional faz parte das emissoras da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), tem emissoras e transmite para Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Tabatinga, São Luís do Maranhão, Recife e Amazônia, e mantém uma programação dedicada ao jornalismo, ao esporte e à música popular brasileira.

Em 3 de agosto de 2021, foi inaugurado o Museu da Rádio Nacional, na Lapa, no Rio de Janeiro.

 

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Uma história contada pelo jornalista Sérgio Cabral (1937-), publicada em seu livro A Rádio Nacional…, ilustra o poder desta emissora radiofônica nos anos de seu sucesso:

Em 1951, a tripulação de um avião da Força Aérea Brasileira, daqueles que eram chamados de “fortaleza voadora”, dava início às providências para a aterrissagem na cidade de Campo Grande, quando foi surpreendida por um “apagão”no aeroporto local. Voando desde Manaus, a tripulação sabia que a reserva de combustível não era suficiente nem para pro curar o aeroporto mais próximo (situado a centenas de quilômetros de distância) nem para esperar muito tempo pela volta da luz. O comandante do avião comunicou-se com o responsável pela unidade da FAB de Campo Grande, a quem transmitiu o drama que estava vivendo. A comunicação seguinte foi feita de Campo Grande para a Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que, por sua vez, entrou em contato com a Rádio Nacional, situada na Praça Mauá, no Centro do Rio, para pedir ajuda. Minutos depois, um locutor transmitia aos ouvintes de Campo Grande – portanto, a mais de dois mil quilômetros de distância – a seguinte mensagem.

“Atenção, Campo Grande, Mato Grosso! Uma fortaleza voadora da FAB precisa aterrissar e o campo de pouso está às escuras. Apelamos aos proprietários de automóveis que se desloquem imediatamente para o aeroporto a fim de que a pista de aterrissagem seja iluminada pelos faróis dos seus automóveis.”

O apelo foi repetido várias vezes, até que a Rádio Nacional foi informada de que o problema estava resolvido. Às 23h45, o avião pousava no aeroporto de Campo Grande iluminado pelos faróis de centenas de automóveis.

 

Os primórdios do rádio no Brasil, a primeira grande transmissão pública no país, em 1922, e a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, considerada a primeira emissora radiofônica brasileira, cujo centenário celebra-se em 2023

 

 

Na abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência, foi realizada a primeira grande transmissão pública de rádio do Brasil. Outras transmissões radiofônicas já haviam sido realizadas no país – pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura (1861 – 1928), em 16 de julho de 1899, em São Paulo (Commercio de São Paulo, 17 de julho de 1899, terceira coluna); e pela Rádio Clube de Pernambuco, fundada em 6 de abril de 1919 (Jornal do Recife, 25 de abril de 1919, última coluna).

 

 

 

Mas esta, realizada em 7 de setembro de 1922, é considerada a primeira transmissão radiofônica oficial brasileira.

Em maio de 1922, a Delegação dos Estados Unidos para a Exposição de 1922 já anunciava as demonstrações que seriam realizadas por empresas norte-americanas (A Noite, 20 de maio de 1922, terceira coluna). Uma estação de 500 watts, montada no alto do Corcovado pela Westinghouse Eletric International em combinação com a Companhia Telefônica Brasileira, irradiou o discurso do presidente Epitácio Pessoa  (1865 – 1942), surpreendendo os visitantes da Exposição Internacional do Rio de Janeiro, através de 80 receptores vindos dos Estados Unidos, instalados em pontos centrais da cidade. A transmissão também foi realizada para Niterói, Petrópolis e São Paulo. Pelo mesmo sistema, à noite, a ópera O Guarany, de Carlos Gomes, encenada no Teatro Municipal, também foi irradiada (Correio da Manhã, 8 de setembro de 1922, quinta colunaA União (RJ), 14 de setembro de 1922, quarta coluna).

 

 

A Western Electric Company em colaboração com a Companhia Telefônica também esteve presente à exposição onde fez demonstrações do telefone Alto-Falante que funcionando em comum com a radiofonia possibilitava ouvir-se trechos de música e de óperas executados a considerável distância (Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1922, sexta coluna).

 

 

Segundo Edgar Roquette Pinto (1884 – 1954), considerado o pai da radiofusão no Brasil, durante a Exposição de 1922:

“… muito pouca gente se interessou pelas demonstrações experimentais de radiotelefonia então realizadas pelas companhias norte-americanas Westinghouse, na estação do Corcovado, e Western Electric, na Praia Vermelha. […]. Creio que a causa desse desinteresse foram os alto-falantes instalados na exposição. Ouvindo discurso e música reproduzidos no meio de um barulho infernal, tudo distorcido, arranhando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores consequências”. (BBC, 1988).

 

 

O fato é que no ano seguinte foi fundada, em 20 de abril de 1923, aquela que é considerada a primeira emissora radiofônica do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por inúmeros associados influenciador pelo engenheiro e astrônomo Henrique Morize (1860 -1930), com quem o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923) havia no final do século XIX realizado experiências cinematográficas e radiográficas; e por seu principal idealizador, justamente Edgar Roquette-Pinto. Seu o slogan era “Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”. Em caráter experimental, a primeira transmissão da Rádio Sociedade aconteceu em 1º de maio de 1923, Dia do Trabalho, utilizando o prefixo PR1– A e, após, PRA-A e PRA-2. Em 1936, foi doada ao governo por Roquette-Pinto e, em 1953, virou Rádio Ministério da Educação, com a criação da pasta. Referência em programação cultural a Rádio MEC está, desde 1983, também na banda FM. Ao longo de sua existência, formou, segundo seu atual gerente executivo Thiago Regotto, gerações de ouvintes oferecendo não só música clássica, mas ciência, literatura, dramaturgia, jazz, o conceito dos Concertos para a Juventude – que eram transmitidos do Cinema Rex, com a Sinfônica Brasileira –, a manutenção de grupos musicais e da Orquestra criada em 1961 por Edino Krieger. Isso sem falar na colaboração de nomes da arte, desde Pixinguinha, nos anos 1940, Jacob do Bandolim, na década de 1970, Altamiro Carrinho nos 2000, até Fernanda Montenegro.

 

 

“É surpreendente descobrir que o cineasta Humberto Mauro fez programas radiofônicos sobre cinema em 1943; que Otto Maria Carpeaux produzia Vida e Romance – encontro com a Literatura; ou que o programa Quadrante trazia crônicas especialmente escritas por Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiróz, Fernando Sabino, Manuel Bandeira e Rubem Braga. Ou ainda que Música Viva apresentava primeiras audições brasileiras de obras de compositores do século XX“.

Luciana Medeiros, no artigo

Rádio MEC completa 100 anos com programação especial de aniversário

 

*Além da ferrovia Madeira-Mamoré (The Brazilian Review, 18 de julho de 1911), o empresário Percival Farquhar foi responsável pelo arrendamento da ferrovia Sorocabana (Correio Paulistano, 17 de agosto de 1907, quarta coluna), pela criação da Sorocabana Railway Company (The Brazilian Review, 30 de julho de 1907) e pela construção do porto de Belém (Relatório do Ministério da Agricultura, 1907 The Brazilian Review, 27 de outubro de 1908), e pelo controle da Companhia de Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande (O Século, 28 de fevereiro de 1907, penúltima coluna), entre outros empreendimentos. Foi presidente da Rio de Janeiro Trampway Light Power Company (Almanaque Garnier, 1908) e fez parte da diretoria da Brazil Railways Company (The Brazilian Review, 15 de fevereiro de 1910). Segundo o New York Times, 22 de setembro de 1912, no artigo Two New Yorkers Try to ‘Harrimanize’ South America, o sonho de Farquhar era dominar todo o transporte ferroviário da América Latina. Ele nasceu em York, na Pensilvânia, em 1864, e faleceu em Nova York, em 4 de agosto de 1953. Uma curiosidade: Farquhar morou na cobertura do Edifíco Biarritz, uma das mais belas edificações art decó do Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo, assim como o Edifício A Noite, projetado pelo francês Joseph Gire.

 

 *percival

 

A Brasililiana Fotográfica agradece a colaboração de Bia Paes Leme, coordenadora de Música do Instituto Moreira Salles, e a de Euler Gouvêa, músico e assistente da Coordenadoria de Música do Instituto Moreira Salles, para a publicação desse artigo.

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agência Brasil

CABRAL, Sérgio. A Rádio Nacional…

Dicionário de Verbetes do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

OLIVEIRA, Luiz André Ferreira de. Getúlio Vargas e o desenvolvimento do rádio no país: um estudo do rádio de 1930 a 1945. Dissertação (Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais) – FGV – Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2006.

MELLO, Zuza Homem de. Enciclopédia da Música Brasileira. São Paulo: Publifolha, 2000.

PINHEIRO, Claudia. A Rádio Nacional. Rio de Janeiro : Editora Nova Fronteira, 2005.

SAROLDI, Luiz Carlos; MOREIRA, Sonia Virgínia. Rádio Nacional o Brasil em Sintonia. Rio de Janeiro : Editora Zahar, 2015.

Site A Crítica

Site Câmara dos Deputados

Site Elenco Brasileiro

Site Rádio Nacional

Wikipedia

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