O Dia Internacional da Menina com registros de Chichico Alkmin e Felipe Augusto Fidanza

Para celebrar o Dia Internacional da Menina, declarada pela Assembleia das Nações Unidas, em 19 de dezembro de 2011, a partir da Resolução 66/170, e comemorada pela primeira vez, em 11 de outubro de 2012, a Brasiliana Fotográfica selecionou três imagens. Duas foram produzidas pelo fotógrafo mineiro Chichico Alkmin (1886 – 1978) e uma é de autoria do português Felipe Augusto Fidanza (1844 – 1903).

 

Chichico Alkmin (1886 – 1978)

 

 

Autodidata, Chichico Alkmin (1886 – 1978) foi o primeiro cronista visual de Diamantina, em Minas Gerais,  pioneiro da fotografia de estúdio na cidade. Atuou na profissão, que adotou em 1907, até 1955. Seu primeiro ateliê foi inaugurado em 1912. A obra de Chichico, que compreende imagens da arquitetura diamantinense, sua religiosidade, costumes, ritos e retratos de seus habitantes, é uma das principais referências da memória visual de Minas Gerais.

Chichico retratou a burguesia e também os trabalhadores ligados ao pequeno garimpo, ao comércio e à indústria. Produziu imagens de casamentos, batizados, funerais, festas populares e religiosas, paisagens e cenas de rua. De 1955, quando parou de  fotografar, até 1978, ano de sua morte, continuou cuidando de seu acervo, que guardava no porão de sua casa.

 

 

Felipe Augusto Fidanza (1844 – 1903)

 

Até hoje pouco se sabe da vida de Felipe Augusto Fidanza (1844 – 1903) antes de sua chegada ao Brasil, em fins da década de 1860. Filho de Fernando Gabriel Fidanza e Maria de Jesus Fidanza, nasceu em 4 de setembro de 1844, em Lisboa. Foi batizado em 5 de outubro de 1844, na paróquia/freguesia de São José, em Lisboa. Era bisneto e neto dos atores italianos Raimondo e Giulio Fidanza, respectivamente, que participaram da cena teatral de Portugal. Raimondo, que também era bailarino, foi empresário teatral na Ilha da Madeira.

Em 1º de janeiro de 1867, o Diario do Gram-Pará publicou o anúncio : “PHOTOGRAPHIA, ao largo das Mercez , nº. 5, Fidanza & Com”, o que prova que nessa época ele já estava estabelecido no Pará. Ainda em 1867, Fidanza realizou seu primeiro trabalho de importância nacional: o registro dos preparativos para a recepção da comitiva de dom Pedro II (1825 – 1891). O imperador foi ao Pará para participar das solenidades da abertura dos portos da Amazônia ao comércio exterior. Segundo o pesquisador Pedro Vasquez, com esse trabalho, Fidanza documentou de forma inovadora e antecipatória o espírito jornalístico.

Destacou-se por sua produção de retratos e também pelo registro das paisagens e documentações do início do desenvolvimento urbano de Belém e de Manaus, ocasionado pela riqueza do ciclo da borracha.  Essas imagens de paisagens urbanas foram divulgadas por álbuns fotográficos encomendados pelos governos do Pará e do Amazonas. A modernização de Belém e do Pará foram registradas nas coleções Álbum do Pará (1899) e Álbum de Belém. Álbum do Amazonas (1902), cujo contrato havia sido assinado por Fidanza para o fornecimento de 6 mil álbuns ilustrados destinados à propaganda para o desenvolvimento daquele estado, foi impresso em Paris sem a supervisão do fotógrafo e continha várias imperfeições, o que gerou uma série de comentários negativos sobre seu caráter. Aparentemente este fato pode ter sido uma das causas de seu suicídio, noticiado pelo Jornal do Brasil de 31 de janeiro de 1903 : Atirou-se ao mar, de bordo do vapor Christiannia, em viagem de Lisboa para esta capital (Belém), o conhecido photographo Felippe FidanzaJornal do Brasil, 31 de janeiro de 1903, na primeira coluna ). Ele havia se jogado ao mar na altura da ilha da Madeira quando retornava de Portugal com a mulher e os filhos.

 

 

O Dia Internacional da Menina

 

Como já mencionado, o Dia Internacional da Menina foi declarado pela Assembleia das Nações Unidas, em 19 de dezembro de 2011, e comemorado pela primeira vez, em 11 de outubro de 2012. Tem a intenção de chamar a atenção para as demandas e necessidades de meninas em diferentes países e de defender que elas tenham assegurados seus direitos de desenvolvimento, além de contribuir para a realização das mudanças necessárias para que elas vivam suas infâncias em igualdade com os meninos, focando no enfrentamento de desafios e na promoção de sua emancipação.

Dois dias antes da primeira celebração do Dia Internacional da Menina, a menina paquistanesa Malala Yousafzai (1997-) sofreu uma tentativa de assassinato por seu ativismo na defesa dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação no nordeste do Paquistão, onde os talibãs impedem que as jovens frequentem escolas. O atentado provocou um movimento de apoio nacional e internacional  à causa de Malala. No ano seguinte, em 11 de outubro de 2013, ela participou de uma cerimônia de celebração do Dia Internacional da Menina, em Washington D.C., capital dos Estados Unidos (Correio Braziliense, 12 de outubro de 2013). Malala tornou-se a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel, quando, em 2014, conquistou o da Paz.

 

 

Dados levantados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) apontam que meninas de 5 a 14 anos passam 160 milhões de horas por dia a mais em atividades domésticas não remuneradas em comparação a meninos na mesma faixa etária.

Site Nações Unidas Brasil

 

Assista aqui a mensagem do secretário-geral da ONU, o português António Manuel de Oliveira Guterres (1949-), no Dia Internacional das Meninas, em 2022.

 

menina1

 

Você sabia?

Quase 1 em cada 5 meninas ainda não conclui o ensino secundário inferior e quase 4 em cada 10 meninas não
conclui o ensino secundário. 

Cerca de 90 por cento das meninas adolescentes e mulheres jovens não utilizam a Internet nos países de baixos
rendimentos, enquanto os seus pares do sexo masculino têm duas vezes mais probabilidades de estarem online. 

Globalmente, as meninas entre os 5 e os 14 anos gastam 160 milhões de horas a mais todos os dias em cuidados
não remunerados e trabalho doméstico do que os rapazes da mesma idade. 

As meninas adolescentes continuam a ser responsáveis ​​por 3 em cada 4 novas infecções por HIV 
entre adolescentes. 

Quase 1 em cada 4 meninas adolescentes casadas/em união de fato com idades compreendidas entre os 15 e os 19
anos sofreu violência física ou sexual por parte de um parceiro íntimo pelo menos uma vez na vida. 

Mesmo antes da pandemia da COVID-19, 100 milhões de meninas corriam o risco de casamento infantil na próxima
década. E agora, nos próximos dez anos, mais 10 milhões de meninas em todo o mundo correrão o risco de casar
ainda crianças devido à pandemia da COVID-19.

Site United Nations

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

FERRAZ, Eucanaã; WANDERLEY, Andrea. O cronista visual de Diamantina: Chichico Alkmim, fotógrafo (1886 – 1978) in Brasiliana Fotográfica, 22 de agosto de 2017.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Site Lunetas

Site Nações Unidas Brasil

Site United Nations

WANDERLEY, Andrea. O suicídio do fotógrafo Felipe Augusto Fidanza (1844 – 1903) in Brasiliana Fotográfica, 31 de janeiro de 2016.

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