O Dia do Cinema Brasileiro

Para celebrar o Dia do Cinema Brasileiro, a Brasiliana Fotográfica destaca artigos já publicados no portal sobre Benjamin Abrahão Calil Botto (1901 – 1938)Jorge Kfuri (1893 – 1965)João Stamato (1886 – 1951), Nicola Parente (1847 – 1911)Marc Ferrez (1843 – 1923) e seus filhos; e Walter Garbe (18? – 19?), fotógrafos que fizeram parte da história do cinema no Brasil. Além disso, há ainda uma seleção de fotografias de salas de cinema disponíveis no acervo fotográfico do portal e um pequeno histórico da escolha do dia 19 de junho como Dia do Cinema Brasileiro.

 

Acessando o link para as fotografias de salas de cinema disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Artigos sobre os fotógrafos que fizeram parte da história do cinema no Brasil:

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (RJ, 07/12/1843 – RJ, 12/01/1923), 7 de dezembro de 2016,  de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

Os índios sob as lentes de Walter Garbe, em 1909, publicado em 23 de maio de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

Lampião e outros cangaceiros sob as lentes de Benjamin Abrahão, publicado em 28 de julho de 2017, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

João Stamato, um fotógrafo nos sertões, publicado em 9 de fevereiro de 2021, de autoria de Ricardo Augusto dos Santos

O fotógrafo italiano Nicola Maria Parente (1847 – 1911) e sua trajetória no Brasil, publicado em 21 de fevereiro dde 2023, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica

 

Uma brevíssima história do início do cinema e da escolha do Dia do Cinema Brasileiro

 

 

Os irmãos Lumière, Louis (1864 – 1948) e Auguste (1862 – 1954), mostraram, em 28 de dezembro de 1895,  pela primeira vez ao público sua invenção, o cinematógrafo, síntese de pesquisas realizadas por muitos cientistas durante o século XIX sobre imagens em movimento. A apresentação foi realizada no salão do Grand Café, no Boulevard des Capucines, em Paris, para um público de 33 pessoas. O sucesso foi tão grande que, em pouco tempo, os Lumière passaram a apresentar 20 sessões diárias de meia hora cada uma, com os filmes O Regador Regado e A Saída dos Operários da Fábrica Lumière. Começava assim o cinema.

 

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Alguns meses depois desta projeção inaugural, realizou-se a primeira sessão pública de cinema no Brasil, na Rua do Ouvidor, 57, em 8 de julho de 1896, às 14h, no Rio de Janeiro, em uma sala especialmente preparada para as projeções do omniógrafo. O invento foi descrito pelo Jornal do Commércio como um “aparelho que projeta sobre uma tela colocada ao fundo da sala diversos espetáculos e cenas animadas, por meio de uma série enorme de fotografias”.

 

 

Em 31 de julho de 1897,  o pernambucano José Roberto Cunha Sales (1840- 1903) e Paschoal Segreto (1868 – 1920) inauguraram a primeira sala cinematográfica do Brasil, o Pariz no Rio Salão de Novidades, na Rua do Ouvidor, 141, que passou a ser um ponto de encontro da sociedade carioca (Gazeta de Notícias, 1º de agosto de 1897). Sales e Segreto romperam a sociedade ainda em 1897. 

 

 

O estabelecimento pegou fogo em 8 de julho de 1898, mas foi reinaugurado em janeiro do ano seguinte (Gazeta de Notícias10 de agosto de 1898, sexta colunaA Notícia, 5 e 6 de janeiro de 1899, primeira coluna) .

 

 

O Dia do Cinema Brasileiro é comemorado em 19 de junho, quando, em 1898, chegou ao Rio de Janeiro, vindo da Europa, o navio Paquebot Brésil. A bordo, encontrava-se o cinegrafista brasileiro de origem italiana Affonso Segreto (1875 – 19?), que retornava de uma viagem para comprar equipamentos de filmagens e conhecer novas técnicas cinematográficas em Nova York e em Paris, onde fez um curso na Pathé Films.

Antes de desembarcar no Rio de Janeiro, Affonso filmou com uma câmara Lumière a entrada da enseada da Baía de Guanabara, as fortalezas e os navios ancorados (Gazeta de Notícias, 20 de junho de 1898, segunda coluna). Teria sido a primeira fita de cinema realizada no Brasil*. O acontecimento deu origem ao Dia do Cinema Brasileiro. Affonso Segreto filmou, posteriormente, aspectos do Rio de Janeiro, além de seus arredores, e também cerimônias e comícios.

 

 

Segundo relato de Domingos Segreto, fiho de Gaetano Segreto, em depoimento publicado no livro Palácios e poeiras, de Alice Gonzaga, ainda inexperiente, Affonso, na sessão marcada para a exibição das vistas, no já mencionado Salão Pariz no Rio, no dia 20 de junho de 1898, na Rua do Ouvidor, abriu erradamente a câmara e o filme foi danificado. Ele então exibiu vistas estrangeiras para o público. Foram convidados para o evento diversas autoridades, dentre elas o presidente da República, Prudente de Morais (1841 – 1902), e o jurista Rui Barbosa (1849 – 1923).

 

“A data de 19 de junho é simbólica da dificuldade que se tem de fazer cinema no Brasil, porque marca um filme que não existiu. Mas também retrata a perseverança”.

Hernani Heffner, Gerente da Cinemateca do MAM-RJ

 

Affonso era irmão de Paschoal (1868 – 1920) e Gaetano Segreto (1866 – 1908), empresários italianos que haviam vindo para o Brasil, em 1883. Trouxeram Affonso para o Brasil na década de 1890. Paschoal tornou-se o ministro das diversões do Rio e Gaetano foi o distribuidor exclusivo do jornal A Notícia e fundou o jornal da comunidade italiana Il Bersagliere. Os irmãos Segreto foram pioneiros da indústria do entretenimento no Brasil, figuras destacadas na cena cultural da Belle Époque do Rio de Janeiro.

 

*Existe uma polêmica em torno do assunto: alguns estudiosos consideram o primeiro filme brasileiro Chegada em Petrópolis devido a uma notícia divulgada pela Gazeta de Petrópolis convidando para uma sessão do filme no dia 1º de maio de 1897, no Theatro Cassino de Petrópolis, organizada pelo napolitano Vittorio di Maio (1852 – 1926). Posteriormente, di Maio vendeu seu projetor e acervo para Paschoal Segreto. Também é de 1897 a vista Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara, do pernambucano José Roberto Cunha Sales (1840- 1903), porém sua nacionalidade brasileira é contestada por historiadores que acreditam que o cinegrafista recortou o filme de uma vista estrangeira. Ancoradouro de pescadores na Baía de Guanabara está acervado no Arquivo Nacional.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Agência Brasil

GONZAGA, Alice. Palácios e Poeiras. Rio de Janeiro : Record, 1996.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

MARTINS, William de Souza Nunes. Paschoal Segreto: “Ministro das Diversões” do Rio de Janeiro (1883 – 1920). Rio de Janeiro, 2004. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

Site do Ministério das Relações Exteriores – Departamento Cultural

MOURA, Roberto. Verbete Afonso Segreto. In: MIRANDA, Luiz Felipe e RAMOS, Fernão Pessoa (org). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Senac, 2000.

O GLOBO, 18 de junho de 2023

Salas de cinema de São Paulo

Site Filmow

 

Outros artigos publicados na Brasiliana Fotográfica sobre teatros e cinemas

 

Série O Rio de Janeiro desaparecido I Salas de cinema do Rio de Janeiro do início do século XXpublicado em 26 de fevereiro de 2016.

Os teatros do Brasil, publicado em 21 de março de 2016

A inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, publicado em 14 de julho de 2017

Cinema no Brasil – a primeira sessão e um pouco da história do Cinema Odeon, publicado em 8 de julho de 2021

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” XII – O Teatro Lírico (Theatro Lyrico), publicado em 16 de setembro de 2021

O Theatro de Santa Isabel, publicado em 28 de outubro de 2021

O Teatro Amazonas (Theatro Amazonas), em Manaus, a “Paris dos Trópicos”, publicado em 28 de dezembro de 2021

O Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no Dia Mundial do Teatro, publicado em 27 de março de 2023

Série O Rio de Janeiro desaparecido XXV – O Theatro Phenix, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 5 de setembro de 2023

O Theatro da Paz, em Belém do Pará, inaugurado em 15 de fevereiro de 1878, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora do portal, publicado em 15 de fevereiro de 2024

No Dia dos Namorados, o álbum “Vistas de Petrópolis” e o fotógrafo alemão Pedro Hees (1841-1880)

No Dia dos Namorados, a Brasiliana Fotográfica traz para seus leitores imagens da bela e romântica Petrópolis, a cidade imperial. Nos últimos anos da década de 1860, o alemão Phillip Peter Hees, que ficou conhecido como Pedro Hees (1841 – 1880), produziu o álbum Vistas de Petrópolis, que pertence à Coleção Thereza Christina, da Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras do portal. O álbum possui 15 fotografias em papel albuminado que mostram aspectos da cidade, sua ocupação e registros de suas construções e natureza. São fotos do Palácio Imperial, da Igreja da Matriz, do cemitério, da Cascata do Itamaraty, da Cascatinha do Retiro e de diversas ruas, dentre elas a rua do Imperador, que foi o tema do segundo artigo da série Avenidas e ruas do Brasil, publicada pelo portal.

 

 

Acessando o link para as fotografias do álbum Vistas de Petrópolis, de autoria de Pedro Hees disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

É de sua autoria um retrato do imperador Pedro II (1825 – 1891), destacado abaixo, que não faz parte do álbum.

 

 

Mas as belezas de Petrópolis também foram retratadas por outros importantes fotógrafos do sécculo XIX.

Entre 1864 e 1865 foi residir na cidade o francês Revert Henrique Klumb ( c.1826 – c.1886), na rua dos Artistas. Ele havia sido agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Imperial, em 1861. Fotografou ruas como a do Imperador, a Tereza e a Joinville; o interior e o exterior do Palácio Imperial, os hotéis Beresford, Brangança e Inglês, o Retiro da Cascatinha, o rio Quitandinha, palacetes e casas, a princesa Isabel (1846 – 1921) e o conde D´Eu (1842 – 1922), além de vistas gerais.  Também fotografou a paisagem urbana de Petrópolis, acrescentando efeitos noturnos, uma importante inovação. Essa série é considerada extremamente significativa do ponto de vista estético, formal e dos limites da linguagem na época. Foi o autor do livro Doze horas em diligência. Guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, publicado em 1872, única obra do Brasil do século XIX a ser idealizada, fotografada, escrita e publicada por uma só pessoa. Foi o primeiro livro de fotografia inteiramente litografado e produzido no país. Pedro Hees era considerado seu maior concorrente.

 

 

Ainda em Petrópolis, foram contemporâneos de Klumb e de Hees, na década de 1860, João Meyer Filho e João Nogueira de Sousa (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1865, segunda coluna).

O fotógrafo e editor suíço Georges Leuzinger (1813 – 1892) também retratou Petrópolis. Em 1865, foi aberto o ateliê de fotografia da Casa Leuzinger, no Rio de Janeiro, especializado em “vistas da cidade, Tijuca, Petrópolis, Teresópolis e rio Amazonas”, como se lê no verso de uma de suas cartes de visite.

Em 1865 montou então Georges Leuzinger um completo ateliê fotográfico, com todos os aparelhos necessários para viagens para o interior do Brasil, tendo para esse fim contratado um habilíssimo artista fotógrafo para dirigi-lo, que em companhia de vários auxiliares fizeram excursões por essa capital, Petrópolis, Teresópolis, etc., tirando fotografias de tudo o que de mais interessante se encontra na pujante natureza daquelas belíssimas regiões“.

Ernesto Senna em O Velho Comércio do Rio de Janeiro

 

 

Outro importante fotógrafo que realizou registros de Petrópolis foi Augusto Stahl (1828 – 1877), também agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Imperial, em 21 de abril de 1862. Entre 1863 e 1870, seu estabelecimento fotográfico ficava no Rio de Janeiro.

 

 

Lembramos que, em torno de 1885, o brasileiro e filho de franceses Marc Ferrez (1843 – 1923) realizou o Álbum Vistas de Petrópolis e Rio de Janeiro, com 30 imagens de Petrópolis seus canais, casarões, escolas, estação de trem, fábricas, jardins, paisagens, palacetes e ruas, além de imagens do Palácio de Cristal, do Palácio do Grão-Pará, da avenida Koeller e da construção de uma ferrovia.

 

 

 Breve perfil de Pedro Hees (1841 – 1880)

 

Nascido na região de Hunsruek, na Alemanha, em 1841, Pedro Hees chegou em Petrópolis com 4 anos de idade, em 1845, com sua mãe, Anne Catharine Michel, e com seu pai, o colono alemão Christian Sebastian Hees, marceneiro e entalhador, que trabalhou na construção do Palácio Imperial da cidade, iniciada em 1845 e concluída em 1862. Eles integraram a primeira leva de colonos alemães que chegaram a Petrópolis.

 

 

Pedro casou-se com a alemã Maria Glasow Hees (1843 – 1928), em 22 de janeiro de 1861, e tiveram 11 filhos: Ana Catarina Hees (1861-1944), Edmundo Frederico Nicolau Hees (1862-1944), Fernando Jacob Hees (1865-1866), Fernando Mauricio Hees (1867-1893), João Batista Hees (1868-1876), Otto Hees (1870-1941), Elisa Matilde Hees (1872-1932), Maria Olga Hees (1872-1958), Joana Teresa Hees (1874-1900), Numa Augusto Hees (1877-1961) e Isabel Emma Hees (1878-1943). No site Sou Petrópolis há uma foto de Maria, realizada em 12 de setembro de 1915, com 27 netos (A Noite, 23 de junho de 1922, quarta colunaSou Petrópolis e Geneanet).

 

 

Antes de se interessar por fotografia, o que aconteceu em meados da década de 1860, Pedro trabalhou no comércio como sapateiro, na rua do Bourbon e na rua dom Affonso. Ambas foram fotografadas por ele e fazem parte do álbum Vistas de Petrópolis (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1962, primeira coluna; Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1964, segunda coluna; Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1965, segunda coluna). Na mesma rua dom Afonso, passou a ter uma ferraria, em 1866 (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1866, segunda coluna).

 

 

 

 

Em 1868,  já possuía um estúdio fotográfico, a Photographia Popular, na Praça Dom Afonso, atual Praça da Liberdade, que tornou-se bastante conhecido e era frequentado pela nobreza, por políticos, diplomatas e também por comerciantes e artesãos imigrantes. Petrópolis era, na época, muito frequentada pela família imperial (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

 

 

Em 1870, Pedro Hees era o secretário da Sociedade Alemã de Beneficência Bruderbund (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

Em março de 1876, faleceu seu filho João Baptista Numa Hees, aos 7 anos, de pleuro-pneumonia (O Mercantil, 29 de março de 1876, terceira coluna). Em 16 de agosto do mesmo ano, tornou-se Fotógrafo da Casa Imperial. Segundo Boris Kossoy, recebeu do conde e da condessa d´Eu “a graça de usar o título de Photographo de sua Imperial Caza e de collocar na porta do seu estabelecimemnto as respectivas armas”. O documento foi assinado por Benedicto Torres, mordomo do conde d’Eu e da princesa Isabel.

Faleceu jovem, aos 39 anos, de entero-mezenterite (O Mercantil, 14 de agosto de 1880, última coluna). Seu estabelecimento fotográfico foi arrendado ao fotógrafo Antonio Henrique da Silva Heitor (18?-?), que, posteriormente, recebeu o título de Fotógrafo da Casa Imperial em 2 de março de 1885, outorgado por dom Pedro II. Sob o nome de Hees & Irmãos, o estúdio foi assumido pelos filhos de Pedro Hees – Numa Augusto  e Otto -, em torno de 1890. Existiu até 1915. Otto foi o autor de uma importante fotografia que tudo indica ter sido o último registro da família imperial antes da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Também fotografou a assinatura do Tratado de Petrópolis, na residência do Barão do Rio Branco, em 1903; e os netos de Pedro II.

 

 

 Acesse aqui a Cronologia de Pedro Hees (1841 – 1880).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

CARMONA, João Sêco. Iconografia do Brasil Imperial. Génese do Museu Imperial de Petrópolis e os registos fotográficos. Anais do 5º Seminário Internacional Museografia e Arquitetura de Museus Fotografia e Memória, 2016.

Enciclopédia Itaú Cultural

FERREZ, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840- 1900. Prefácio Pedro Karp Vasquez. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.

FERREZ, Gilberto. Um passeio a Petrópolis em companhia do fotógrafo Marc Ferrez. Separata do Anuário do Museu Imperial – 1948.

Google Arts & Culture

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

LAGO, Bia Corrêa do. Os fotógrafos do Império: a fotografia brasileira no Século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.

Site Geneanet

Site Library of Congress

Site Museu Imperial de Petrópolis

Tribuna de Petrópolis, 1º de julho de 2016

VASQUEZ, Pedro Karp. Dom Pedro II e a fotografia no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 1985.

Wikipedia

 

Outras publicações da Brasiliana Fotográfica no Dia dos Namorados:

Fotografia e namoro, de autoria de Elvia Bezerra, publicado, em 12 de junho de 2018 .

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” X – No Dia dos Namorados, um pouco da história do Pavilhão Mourisco em Botafogo, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 12 de junho de 2020.

 

Cronologia de Pedro Hees (1841 – 1880)

 

Cronologia de Pedro Hees (1841 – 1880)

 

1841 – Nascimento de Phillip Peter Hees, que ficou conhecido como Pedro Hees, na região de Hunsruek, na Alemanha, filho de Anne Catharine Michel e Christian Sebastian Hees, marceneiro e entalhador.

1845 – Chega a Petrópolis com sua família. Seu pai trabalhou na construção do Palácio Imperial, iniciada justamente em 1845 e concluída em 1862 . Foi o palácio de verão de d. Pedro II (1825 – 1891), hoje Museu Imperial, e a residência predileta do imperador. Foi construído por determinação do monarca e às expensas de sua dotação pessoal. Para dar início à construção, d. Pedro II havia assinado, dois anos antes, um decreto em 16 de março de 1843, criando Petrópolis. Uma grande leva de imigrantes europeus, principalmente alemães, sob o comando do engenheiro e superintendente da Fazenda Imperial, major Julius Friedrich Koeler (1804 – 1847), foi incumbida de levantar a cidade, construir o palácio e colonizar a região. A família Hees integrava a primeira leva de colonos alemães que chegaram à cidade.

 

 

Década de 1860 – Pedro trabalhou no comércio como sapateiro, na rua do Bourbon e na rua dom Affonso. Ambas foram fotografadas por ele e fazem parte do álbum Vistas de Petrópolis (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1962, primeira colunaAlmanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1964, segunda colunaAlmanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1965, segunda coluna). Na mesma rua dom Afonso, passou a ter uma ferraria, em 1866 (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1866, segunda coluna).

1861 –  Pedro casou-se com a alemã Maria Glasow Hees (1843 – 1928), em 22 de janeiro de 1861, e tiveram 11 filhos: Ana Catarina Hees (1861-1944), Edmundo Frederico Nicolau Hees (1862-1944), Fernando Jacob Hees (1865-1866), Fernando Mauricio Hees (1867-1893), João Batista Hees (1868-1876), Otto Hees (1870-1941), Elisa Matilde Hees (1872-1932), Maria Olga Hees (1872-1958), Joana Teresa Hees (1874-1900), Numa Augusto Hees (1877-1961) e Isabel Emma Hees (1878-1943). No site Sou Petrópolis há uma foto de Maria, realizada em 12 de setembro de 1915, com 27 netos (A Noite, 23 de junho de 1922, quarta colunaSou Petrópolis e Geneanet).

 

 

Meados da década – Passou a se interessar por fotografia.

1868 - Possuía um estúdio fotográfico, a Photographia Popular, na Praça Dom Afonso, atual Praça da Liberdade, que tornou-se bastante conhecido e era frequentado pela nobreza, por políticos, diplomatas e também por comerciantes e artesãos imigrantes. Petrópolis era, na época, muito frequentada pela família imperial (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

 

 

Últimos anos da década – Produziu o álbum Vistas de Petrópolis, que pertence à Coleção Thereza Christina, da Biblioteca Nacional, uma das instituições fundadoras da Brasiliana Fotográfica. O álbum possui 15 fotografias em papel albuminado que mostram aspectos da cidade, sua ocupação e registros de suas construções e natureza.

1870 – Pedro Hees era o secretário da Sociedade Alemã de Beneficência Bruderbund (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1868, segunda coluna).

1876 - Em março, falecimento de seu filho João Baptista Numa Hees, aos 7 anos, de pleuro-pneumonia (O Mercantil, 29 de março de 1876, terceira coluna).

Em 16 de agosto, tornou-se Fotógrafo da Casa Imperial. Segundo Boris Kossoy, recebeu do conde e da condessa d´Eu “a graça de usar o título de Photographo de sua Imperial Caza e de collocar na porta do seu estabelecimemnto as respectivas armas”. O documento foi assinado por Benedicto Torres, mordomo do conde d’Eu e da princesa Isabel.

1880 – Faleceu jovem, aos 39 anos, de entero-mezenterite (O Mercantil, 14 de agosto de 1880, última coluna). Seu estabelecimento fotográfico foi arrendado ao fotógrafo Antonio Henrique da Silva Heitor (18?-?), que, posteriormente, recebeu o título de Fotógrafo da Casa Imperial em 2 de março de 1885, outorgado por dom Pedro II.

c. 1890 – Sob o nome de Hees & Irmãos, o estúdio foi assumido pelos filhos de Pedro Hees – Numa Augusto  e Otto. Existiu até 1915. Otto foi o autor de uma importante fotografia que tudo indica ter sido o último registro da família imperial antes da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Também fotografou a assinatura do Tratado de Petrópolis, na residência do Barão do Rio Branco, em 1903; e os netos de Pedro II.

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

 

O fotógrafo amador Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

Pesquisando para escrever sobre a Praia do Russel, tema do 23º artigo da série O Rio de Janeiro desaparecido, publicado em 15 de maio de 2023, aqui na Brasiliana Fotográfica, me deparei com três imagens produzidas, no Rio de Janeiro, durante a década de 1890, por Archanjo Sobrinho. São estereoscopias da já mencionada Praia do Russel, da Enseada da Lapa a partir de adro na Igreja de Nossa Senhora da Glória; e da aléia de palmeiras da Rua Paissandu, no bairro do Flamengo. Muito pouco se sabe até hoje sobre este fotógrafo amador, qualificação que consta em suas imagens.

 

 

A estereoscopia chegou ao Brasil, ainda no século XIX, e foi uma técnica utilizada por fotógrafos renomados como  Revert Henrique Klumb (c.1826 – c. 1886) e Georges Leuzinger (1813 – 1892), ambos europeus e radicados no país. No século XX, destacou-se o estereoscopista amador carioca Guilherme Antônio dos Santos (1871-1966).

 

Acessando o link para as fotografias de Archanjo Sobrinho disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá visualizar e magnificar as imagens.

 

A partir de uma busca na Hemereoteca Digital da Biblioteca Nacional, uma das mais importantes fontes de pesquisa do portal, “descobri” alguns fatos sobre a vida de Archanjo, que partilho com vocês na esperança de que algum ou alguns leitores possam contribuir para adensar o perfil deste fotógrafo tão pouco conhecido até o momento. Infelizmente, ao longo da pesquisa na Hemeroteca, da década de 1880 até a de 1940, já que ele faleceu em 1941, só há duas referências a sua atividade de fotógrafo amador. Mas surgiram diversas informações acerca de sua vida.

 

Cronologia de Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

 

 

18? - Archanjo Correia de Mello Sobrinho nasceu em 24 de junho, no século XIX, em ano ainda desconhecido (Gazeta de Notícias, 24 de junho de 1898, última colunaO Paiz, 24 de junho de 1900, sexta coluna; O Cruzeiro, 22 de junho de 1929).

1890 - Ofereceu uma bolsa de malha de prata com 10 libras esterlinas para o artista Peixoto (? – 1910) que havia se apresentado na peça Mimi Bilonira, encenada no Theatro Variedades. Esteve na missa pela morte do ator, em 1910  (Gazeta de Notícias, 15 de setembro de 1890, penúltima colunaA Imprensa, 4 de março de 1910, penúltima coluna).

 

 

 

1894 a 1901 – Estava na lista de guarda-livros – contador – do Almanak Laemmert e morava na Rua da Misericóridia, nº 80 (Almanak Laemmert1894189518961897189818991900 e 1901). Em 1900, foi noticiado que era proprietário da Papelaria União.

 

1901 – O jornal A Imprensa publicou uma trova na coluna”Ineditoriais”, de Felizardo Ventura, na qual ele era um dos personagens (A Imprensa, 5 de janeiro de 1901).

 

 

1902 / 1903 – Era sócio da firma Fernando Freire e Cia (Correio da Manhã, 24 de junho de 1902, penúltima coluna). A notícia abaixo, de 1903, confirma tratar-se do Anchanjo Sobrinho fotógrafo amador e não um possível homônimo. Também se refere jocosamente a suas dificuldades no início de suas atividades de fotógrafo e informa que ele já havia sido barbeiro e dentista. Parece que gostava de beber e era um ótimo amigo, muito relacionado no Rio de Janeiro. De acordo com o texto, na época, já possuia uma papelaria.

 

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Nasceu, em 1903, Ari, seu filho com Jovina Muniz Barreto Correia de Mello (Jornal do Brasil, 3 de março de 1903, quinta coluna). Em 1906, já tinha também uma filha (Jornal do Brasil, 9 de fevereiro de 1906, penúltima coluna). Suas filhas chamavam-se Semiramis, futura professora municipal; Oswaldina (1892 -?) e Inah (A Tribuna, 21 de setembro de 1911, segunda colunaO Paiz19 de abril de 1917, última coluna13 de maio de 1917, quinta coluna; A Razão, 16 de agosto de 1919, sexta coluna).

1904 – Fez parte da primeira diretoria do Retiro Dramático Fluminense, uma agremiação de atores amadores. A festa inaugural aconteceu no Teatro Lucinda com a encenação da peça O Médico das Crianças, protagonizada por Eugênio de Magalhães. Archanjo estava presente (Jornal do Commercio, 1º de setembro de 1904, sexta coluna; Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1904, terceira coluna; Jornal do Brasil, 20 de setembro de 1904, segunda coluna).

1910 – Ficou ferido em um descarrilamento do bonde onde estava. Morava na rua Visconde de Sapucai (Correio da Manhã, 8 de maio de 1910, penúltima coluna). Foi um dos jurados do julgameno de Nathalino Paes de Barros, que havia assasinado sua mulher. Georgina Reid Paes de Barros (O Paiz, 3 de agosto de 1910, última coluna).

 

 

 

1911 - Esteve presente à encenação da comédia O Diretor, no Teatro Fluminense, no Campo de São Cristóvão (Gazeta de Notícias, 24 de maio de 1911, quarta coluna).

1912 - Constituiu a firma Archanjo e Sobrinho & Cia para explorar a Papelaria Moderna (O Paiz, 13 de janeiro de 1912, quinta coluna).

 

 

Em dezembro, a Papelaria Moderna, que ficava na Rua Marechal Floriano, nº 21, vizinha do Cinema Brasileiro, que sofreu um incêndio, teve alguns prejuízos devido ao acidente (A Imprensa, 9 de dezembro dde 1912, penúltima coluna).

1913 – No ano seguinte, no Almanak Laemmert, a empresa Archanjo Sobrinho & Cia foi noticiada pela primeira vez, listada na seção de “Litografias e Estamparias”, na de “Papelarias”- a dele seria a Papelaria Moderna; e na de “Tipografias”. Ficava na Marechal Floriano, nº 21. Seus sócios eram Manoel Joaquim P. da Fonseca e José Ferreira da Silva. Seguiu, em 1914, na lista de “Litografias e Estamparias” e de “Tipografias”. Residia na Rua Conde de Leopoldina, 85, e a Papelaria Moderna seguiu na Marechal Floriano, 21, até 1918. Em 1922, 1924, 1925 e 1926 foi listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Lobosco, na rua Jorge Rudge, nº 38. Em 1922, a Papelaria Moderna existia ainda na rua Marechal Floriano, mas no número 168. Em 1927, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Cia, na Rua da Misericórdia, 59. Neste mesmo endereço, em 1929, estava listada uma papelaria e uma tipografia em seu nome. Também em 1929, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas, na Rua São Pedro, 21. No ano seguinte e em 1934, estava na mesma Rua São Pedro, mas no número 281 e 269, respectivamente (Almanak Laemmert191319131913191319131914191419141915, 1916191819221922192419241925192619271929192919291930 e 1934).

 

 

1914 – Era também gerente do jornal A Época e sua Papelaria Moderna contribuiu com brindes, cartões de visita com impecável impressão, no concurso promovido pelo jornal. Deixou o cargo em 1915 (A Época24 de junho de 191428 de julho de 1914, terceira coluna18 de agosto de 1915, quarta coluna).

1917 e 1919 - Houve greves dos gráficos e os funcionários da oficina de Archanjo aderiram ao movimento. Na mesma época da greve de 1919, a gráfica de Archanjo foi roubada (O Paiz, 4 de setembro de 1917, última colunaGazeta de Notícias, 3 de setembro de 1919, terceira colunaCorreio da Manhã, 9 de setembro de 1919, quarta coluna). Participou das comemorações do jubileu da vida intelectual do então senador Rui Barbosa (1849 – 1923) (O Paiz, 10 de agosto fe 1918, última coluna).

1919 – Doou uma fotografia da Rua 1º de março, produzida em 1893, para ajudar os flagelados da seca nordestina. Será de sua autoria? É da mesma década de 1890 das fotografias que estão exibidas neste artigo e que pertence ao acervo do Instituto Moreira Salles, uma das instuições fundadoras da Brasiliana Fotográfica.

 

 

1920 – Retirou-se da sociedade da firma Archanjo Sobrinho & Cia.

 

 

1922 a 1926 – Contribuiu para a Obra de Assistência aos Portugueses Desamparados (A Noite, 25 de junho de 1922, terceira coluna). Em 1925, residia na rua Barata Ribeiro, nº 417; e depois na Rua Teófilo Otoni, 118 (A Noite, 16 de abril de 1925, terceira colunaO Paiz, 4 de setembro de 1925, última coluna). No primeiro dia de 1926 foi publicada uma propaganda da Artes Gráficas – Archanjo Sobrinho & Gumarães, na Rua da Misericórdia, nº 59.

 

 

1929 – Retirou-se da sociedade Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas (A Manhã, 25 de julho de 1929, quarta coluna).

1941 – Faleceu, em agosto, no Hospital a Ordem Terceira da Penitência e foi enterrado no cemitério da referida ordem (A Noite, 2 de agosto de 1941).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Cronologia de Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

 

Cronologia de Archanjo Sobrinho (18? – 1941)

A partir de uma busca na Hemereoteca Digital da Biblioteca Nacional, uma das mais importantes fontes de pesquisa do portal, “descobri” alguns fatos sobre a vida de Archanjo, que partilho com vocês na esperança de que algum ou alguns leitores possam contribuir para adensar o perfil deste fotógrafo tão pouco conhecido até o momento. Infelizmente, ao longo da pesquisa na Hemeroteca, da década de 1880 até a de 1940, já que ele faleceu em 1941, só há duas referências a sua atividade de fotógrafo amador. Mas surgiram diversas informações acerca de sua vida.

 

 

18? - Archanjo Correia de Mello Sobrinho nasceu em 24 de junho, no século XIX, em ano ainda desconhecido (Gazeta de Notícias, 24 de junho de 1898, última colunaO Paiz, 24 de junho de 1900, sexta coluna; O Cruzeiro, 22 de junho de 1929).

1890 - Ofereceu uma bolsa de malha de prata com 10 libras esterlinas para o artista Peixoto (? – 1910) que havia se apresentado na peça Mimi Bilonira, encenada no Theatro Variedades. Esteve na missa pela morte do ator, em 1910  (Gazeta de Notícias, 15 de setembro de 1890, penúltima colunaA Imprensa, 4 de março de 1910, penúltima coluna).

 

 

 

1894 a 1901 – Estava na lista de guarda-livros – contador – do Almanak Laemmert e morava na Rua da Misericóridia, nº 80 (Almanak Laemmert1894189518961897189818991900 e 1901). Em 1900, foi noticiado que era proprietário da Papelaria União.

 

 

1901 – O jornal A Imprensa publicou uma trova na coluna”Ineditoriais”, de Felizardo Ventura, na qual ele era um dos personagens (A Imprensa, 5 de janeiro de 1901).

 

 

1902 / 1903 – Era sócio da firma Fernando Freire e Cia (Correio da Manhã, 24 de junho de 1902, penúltima coluna). A notícia abaixo, de 1903, confirma tratar-se do Anchanjo Sobrinho fotógrafo amador e não um possível homônimo. Também se refere jocosamente a suas dificuldades no início de suas atividades de fotógrafo e informa que ele já havia sido barbeiro e dentista. Parece que gostava de beber e era um ótimo amigo, muito relacionado no Rio de Janeiro. De acordo com o texto, na época, já possuia uma papelaria.

 

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Nasceu, em 1903, Ari, seu filho com Jovina Muniz Barreto Correia de Mello (Jornal do Brasil, 3 de março de 1903, quinta coluna). Em 1906, já tinha também uma filha (Jornal do Brasil, 9 de fevereiro de 1906, penúltima coluna). Suas filhas chamavam-se Semiramis, futura professora municipal; Oswaldina (1892 -?) e Inah (A Tribuna, 21 de setembro de 1911, segunda colunaO Paiz19 de abril de 1917, última coluna13 de maio de 1917, quinta coluna; A Razão, 16 de agosto de 1919, sexta coluna).

1904 – Fez parte da primeira diretoria do Retiro Dramático Fluminense, uma agremiação de atores amadores. A festa inaugural aconteceu no Teatro Lucinda com a encenação da peça O Médico das Crianças, protagonizada por Eugênio de Magalhães. Archanjo estava presente (Jornal do Commercio, 1º de setembro de 1904, sexta coluna; Jornal do Brasil, 16 de setembro de 1904, terceira coluna; Jornal do Brasil, 20 de setembro de 1904, segunda coluna).

1910 – Ficou ferido em um descarrilamento do bonde onde estava. Morava na rua Visconde de Sapucai (Correio da Manhã, 8 de maio de 1910, penúltima coluna). Foi um dos jurados do julgameno de Nathalino Paes de Barros, que havia assasinado sua mulher. Georgina Reid Paes de Barros (O Paiz, 3 de agosto de 1910, última coluna).

 

 

 

1911 - Esteve presente à encenação da comédia O Diretor, no Teatro Fluminense, no Campo de São Cristóvão (Gazeta de Notícias, 24 de maio de 1911, quarta coluna).

1912 - Constituiu a firma Archanjo e Sobrinho & Cia para explorar a Papelaria Moderna (O Paiz, 13 de janeiro de 1912, quinta coluna).

 

 

Em dezembro, a Papelaria Moderna, que ficava na Rua Marechal Floriano, nº 21, vizinha do Cinema Brasileiro, que sofreu um incêndio, teve alguns prejuízos devido ao acidente (A Imprensa, 9 de dezembro dde 1912, penúltima coluna).

1913 – No ano seguinte, no Almanak Laemmert, a empresa Archanjo Sobrinho & Cia foi noticiada pela primeira vez, listada na seção de “Litografias e Estamparias”, na de “Papelarias”- a dele seria a Papelaria Moderna; e na de “Tipografias”. Ficava na Marechal Floriano, nº 21. Seus sócios eram Manoel Joaquim P. da Fonseca e José Ferreira da Silva. Seguiu, em 1914, na lista de “Litografias e Estamparias” e de “Tipografias”. Residia na Rua Conde de Leopoldina, 85, e a Papelaria Moderna seguiu na Marechal Floriano, 21, até 1918. Em 1922, 1924, 1925 e 1926 foi listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Lobosco, na rua Jorge Rudge, nº 38. Em 1922, a Papelaria Moderna existia ainda na rua Marechal Floriano, mas no número 168. Em 1927, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Cia, na Rua da Misericórdia, 59. Neste mesmo endereço, em 1929, estava listada uma papelaria e uma tipografia em seu nome. Também em 1929, estava listada a tipografia Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas, na Rua São Pedro, 21. No ano seguinte e em 1934, estava na mesma Rua São Pedro, mas no número 281 e 269, respectivamente (Almanak Laemmert191319131913191319131914191419141915, 1916191819221922192419241925192619271929192919291930 e 1934).

 

 

1914 – Era também gerente do jornal A Época e sua Papelaria Moderna contribuiu com brindes, cartões de visita com impecável impressão, no concurso promovido pelo jornal. Deixou o cargo em 1915 (A Época24 de junho de 191428 de julho de 1914, terceira coluna18 de agosto de 1915, quarta coluna).

1917 e 1919 - Houve greves dos gráficos e os funcionários da oficina de Archanjo aderiram ao movimento. Na mesma época da greve de 1919, a gráfica de Archanjo foi roubada (O Paiz, 4 de setembro de 1917, última colunaGazeta de Notícias, 3 de setembro de 1919, terceira colunaCorreio da Manhã, 9 de setembro de 1919, quarta coluna). Participou das comemorações do jubileu da vida intelectual do então senador Rui Barbosa (1849 – 1923) (O Paiz, 10 de agosto fe 1918, última coluna).

1919 – Doou uma fotografia da Rua 1º de março, produzida em 1893, para ajudar os flagelados da seca nordestina. Será de sua autoria? É da mesma década de 1890 das fotografias que estão exibidas neste artigo e que pertence ao acervo do Instituto Moreira Salles, uma das instuições fundadoras da Brasiliana Fotográfica.

 

 

1920 – Retirou-se da sociedade da firma Archanjo Sobrinho & Cia.

 

 

1922 a 1926 – Contribuiu para a Obra de Assistência aos Portugueses Desamparados (A Noite, 25 de junho de 1922, terceira coluna). Em 1925, residia na rua Barata Ribeiro, nº 417; e depois na Rua Teófilo Otoni, 118 (A Noite, 16 de abril de 1925, terceira colunaO Paiz, 4 de setembro de 1925, última coluna). No primeiro dia de 1926 foi publicada uma propaganda da Artes Gráficas – Archanjo Sobrinho & Gumarães, na Rua da Misericórdia, nº 59.

 

 

1929 – Retirou-se da sociedade Archanjo Sobrinho & Maciel Artes Gráficas (A Manhã, 25 de julho de 1929, quarta coluna).

1941 – Faleceu, em agosto, no Hospital a Ordem Terceira da Penitência e foi enterrado no cemitério da referida ordem (A Noite, 2 de agosto de 1941).

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

No Dia do Imigrante Italiano, a trajetória do fotógrafo Nicola Maria Parente (1847 – 1911) no Brasil

Inspirada pela celebração do Dia Nacional do Imigrante Italiano e pela recente publicação do livro Italianos detrás da câmara: trajetórias e olhares marcantes no florescer da fotografia no Brasil, de autoria de Livia Raponi e Joaquim Marçal, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, escrevo sobre mais um importante fotógrafo italiano que atuou no Brasil no século XIX: Nicola Maria Parente (1847 – 1911), introdutor do cinematógrafo na Paraíba. Em destaque, imagens de sua autoria que pertencem à Fundação Biblioteca Nacional, uma das fundadoras da Brasiliana Fotográfica; e à Fundação Joaquim Nabuco e ao Museu Histórico Nacional, às instituições parceiras do portal.

 

 

Nicola Maria Parente se junta aos também italianos Camillo Vedani (18? – 1888)João Firpo (1839 – 1899) e Elvira (1876 – 1972) e Vincenzo Pastore (1930 – 1918), que já foram temas de artigos publicados no portal.

 

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de Nicola Maria Parente disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Pela importância que a comunidade italiana tem na história do Brasil, a lei nº 11.687, de 2 de junho de 2008 instituiu oficialmente o Dia Nacional do Imigrante Italiano no calendário de todo o território nacional. O dia 21 de fevereiro foi escolhido devido à expedição que Pietro Tabacchi fez ao Espírito Santo, em 1874, marco do início do processo da migração em massa dos italianos para o Brasil. Estima-se que atualmente aproximadamente 30 milhões de descendentes de italianos vivam em terras brasileiras.

 

Bandeira da Itália

Bandeira da Itália

 

Breve perfil do fotógrafo italiano Nicola Maria Parente (1847 – 1911)

 

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A biografia de Nicola Maria Parente ainda tem diversas lacunas. Ele nasceu em Marsico Nuovo, província de Potenza, na região de Basilicata, em 13 de março de 1847, filho de Giovannantonio Parente e Maria Carmela Perci (Site Cápsula do Tempo). Relatos de seus familiares informam que ele teria participado nas lutas de Giuseppe Garibaldi (1807-1882) pela unificação da Itália, mas este fato ainda não foi confirmado.

 

 

Provavelmente veio para o Brasil, em 1865. Também de acordo com relatos de familiares, chegou com seu irmão Carmino, seus primos João, Georgina e Luigi; e com sua esposa Carolina Rotunda e seus filhos Galileu e Margarida. Durante a viagem Carolina teria dado à luz a Garibaldi e teria falecido logo depois do parto. No Porto de Santos, Nicola teria conhecido a italiana Giusephina Calliari, que viajava com dois filhos, Marcella e Giulio. Casaram-se e, posteriormente, tiveram uma filha, Carmelita. Há informações de que teriam se estabelecido em Taquari, no Rio Grande do Sul. Quanto à nacionalidade dos filhos há uma divergência ainda não resolvida pela pesquisa da vida de Nicola: no anúncio de sua morte é dito que todos nasceram no Brasil.

Percorreu alguns estados do Brasil e, o que se sabe, é que, na década de 1880, estabeleceu-se em João Pessoa, que na época chamava-se Parahyba do Norte, onde abriu a Photographia Vesúvio, na rua d´Areia, 73.

 

 

Na Paraíba, foi contemporâneo do italiano João Firpo (1839 – 1899) e do alemão Bruno Bourgard (18? – 19?), dentre outros fotógrafos itinerantes, e da pioneira Roza Augusta (18? -19?).

 

 

 

Também trabalhou como dentista.

 

 

Gênio de artista investigador, Nicola foi, além de fotógrafo e dentista, comerciante e inventor. Foi também ele que apresentou o cinematógrafo aos moradores de João Pessoa, na Paraíba, entre julho e agosto de 1897, durante a Festa das Neves, que homenageia a padroeira da cidade, Nossa Senhora das Neves, e que, na época, era o maior acontecimento social e religioso do estado. Em frente à Photographia Vesúvio, na rua Nova, nº 2, foi colocado um grande cartaz com frases em francês anunciando o espetáculo. Segundo anotações do fotógrafo, cineasta, diretor e pesquisador paraibano Walfredo Rodriguez (1893 – 1973), que estava presente ao acontecimento, em seu Roteiro Sentimental de uma Cidade:

“O autor destas desativadas evocações, recorda-se, ainda, envoltas em névoas das imagens remotas, das fitas ali exibidas, numa Festa das Neves de 1897 – “Chegada de um trem a Gare de Lion”, Um macaco pulando um arco” e “Crianças jogando bolas de neve em Biarritz”.

Parece que Nicola Parente conhecia os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses responsáveis pelo invento do cinematógrafo, cuja primeira exibição pública aconteceu em Paris, em 28 de dezembro de 1895. Em 1896, Parente viajou para a Europa e de lá trouxe a novidade. Segundo o bisneto de Nicola, o jornalista Pedro Parente, seu bisavô teria ido aFrança, em 1900, quando teria sido convidado pelos irmãos Lumière para a Exposição Universal de Paris.

 

 

Nicola itinerou com o cinematógrafo por diversos estados do Nordeste, como Bahia, Ceará, Pará e Rio Grande do Norte; e pelo interior de São Paulo. O organizador do livro A crítica de cinema em Belém, Pedro Veriano, aventa a possibilidade de Nicola ter sido o responsável  pelas primeiras filmagens no Pará, “mas não deixou provas concretas do trabalho” .

 

Em 1899,  transferiu-se para Abaeté, atual Abaetetuba, no Pará, onde criou o estabelecimento comercial Casa Italiana, da firma Nicola Parente & Filhos. Também colaborou com o Jornal da Mata.

Em 19 de maio de 1911, faleceu, vítima da explosão de um novo aparelho gerador de gás oxigênio que pretendia inventar em seu laboratório em Abaeté. De acordo com a notícia veiculada pelo Estado do Pará, era sócio de seu filho Garibaldi na firma comercial Parente & Cia.  Seu outro filho, Galileu, era jornalista, poeta e fotógrafo. Como já mencionado, tinha também duas filhas, Margarida e Carmelita. Foi identificado como muito estimado, honesto e caridoso (Estado do Pará, 29 de maio de 1911, última coluna).

 

Acesse aqui a Cronologia de Nicola Maria Parente (1847 – 1911) 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

ALIPRANDI, E.; MARTINI, V. (orgs.). Gli italiani nel nord del Brasile. Rassegna delle vite e delle opere della stirpe italica negli stati del nord brasiliano. Belém: Tip. da Livraria Gilet, 1932.

BARRO, Máximo. Participação italiana no cinema brasileiro. São Paulo : SESI-SP Editora.

Fotografia Paraibana Revista, 2012, pág 73

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

GOLZIO, Derval Gomes. Utilização Político-Ideológica da Fotografia: estudo das imagens publicadas no jornal A União durante a disputa política no Estado da Paraíba-1930. Dissertação de Mestrado em Multimedios, Unicamp, 1997.

Italianos detrás das câmeras: trajetórias e olhares marcantes no florescer da fotografia no Brasil / Organizado por Joaquim Marçal, Livia Raponi, traduzido por Livia Raponi, Vittorio Cappelli. – São Paulo : Editora Unesp, 2022.

KOSSOY, Boris. Dicionário histórico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

LAPA, José Roberto do Amaral. A cidade: os cantos e os antros : Campinas, 1850-1900. São Paulo : Editora da Universidade de São Paulo, 1996.

LEAL, Wills. O Discurso Cinematográfico dos Paraibanos: a história do cinema na/da Paraíba. João Pessoa: Ed. A União, 1989.

LEITE, Ary Bezerra. Cidade de Fortaleza: 1897-1945: do Cinematógrafo aos Anos de Guerra.

LEITE, Ari Bezerra. História da fotografia no Ceará do século XIX. Edição do autor, 2019.

LEITE, Ary Bezerra. Memória do cinema: os ambulantes do Brasil (Cinema itinerante no Brasil: 1895 – 1914). Fortaleza : Premius, 2011.

PETIT, Pere. Filmes, Cinemas e Documentários no fim da Belle Époque no Pará (1911-1914). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011,

VERIANO, Pedro (coord.). A crítica de cinema em Belém. Belém: Secult/PA, 1983.

SANTOS, Alex. Cinema e Revisionismo. João Pessoa, SEC/PB, 1982.

Site Cápsula do Tempo

Site Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro

Site Crônicas Taipuenses

Site Fatos e Fotos de Natal Antiga

Site Fortaleza Nobre

Site Italian Genealogy

Site Paraíba Criativa

Site Pró-Memória de Campinas – SP

Cronologia de Nicola Maria Parente (1847 – 1911)

Cronologia de Nicola Maria Parente (1847 – 1911) 

 

 

1847 –  Nicola Maria Parente nasceu em Marsico Nuovo, província de Potenza, na região de Basilicata, em 13 de março, filho de Giovannantonio Parente e Maria Carmela Perci  (Site Cápsula do Tempo).

1865 – Provável ano de sua chegada ao Brasil com, segundo relatos de parentes, seu irmão Carmino, seus primos João, Georgina e Luigi; e com sua esposa Carolina Rotunda e seus filhos Galileu e Margarida. Durante a viagem, Carolina teve um filho, Garibaldi, e teria falecido logo depois do parto.

No Porto de Santos, Nicola teria conhecido  a italiana Giusephina Calliari, que viajava com dois filhos, Marcella e Giulio. Casaram-se e, posteriormente, tiveram uma filha, Carmelita. Quanto à nacionalidade dos filhos há uma divergência ainda não resolvida pela pesquisa da vida de Nicola: no anúncio de sua morte é dito que todos nasceram no Brasil. Há informações de que teria se estabelecido em Taquari, no Rio Grande do Sul, com sua família.

1871 – Chegou no Rio de Janeiro, no vapor italiano Expresso, que veio da Europa. Do Rio de Janeiro, seguiu para a Bahia no paquete Cruzeiro do Sul (Diário do Rio de Janeiro, 26 de março de 1871, quarta colunaDiário do Rio de Janeiro, 15 de abril de 1871, primeira coluna).

1886 - Já possuia a Photographia Vesúvio, na rua d´Areia, 73, em João Pessoa, na capital da Paraíba.

1888 – Atuava como dentista em João Pessoa. Viajou para Pedras de Fogo, também na Paraíba; e para Goiana, em Pernambuco, mas retornaria à capital da Paraíba (Gazeta da Parahyba. 12 de outubro de 1888, última coluna).

 

 

1889 – Foi anunciado que ele iria para o sul do país. Na ocasião atuava na arte dentária e na fotografia (Gazeta da Parahyba, 12 de dezembro de 1889, última coluna).

 

 

1895 - Na cidade de Goiana, em Pernambuco, fundou a Photograhia Ítalo-Brasileira, na rua Conde d´Eu, onde oferecia seus serviços como fotógrafo e também como protético.

1896 – Já de volta à Paraíba, agradeceu às pessoas que estiveram presentes ao enterro de Francisco Jorge da S. Parente e convidou para a missa de sétimo dia (A União (PB), 19 de setembro de 1896, terceira coluna).

Agradeceu às pessoas que estiveram presentes ao enterro de Anna Isabel do Sacramento e convidou para a missa de sétimo dia (A União (PB), 27 de setembro de 1896, segunda coluna).

Em novembro, estava no Recife, da onde seguiu para a Paraíba, no vapor Maranhão (Jornal de Recife, 4 de novembro de 1896, terceira coluna).

Viajou à Europa e, na França, adquiriu o cinematógrafo, inventado pelos irmãos Lumière, cuja primeira exibição pública aconteceu em Paris, em 28 de dezembro de 1895.

1897 – Foi o responsável pela apresentação ao paraibanos do cinematógrafo durante a Festa das Neves, que homenageia a padroeira da cidade, Nossa Senhora das Neves (A União (PB), 5 de agosto de 1897, penúltima coluna; e 8 de agosto de 1897, última colunaA Notícia, 9 de agosto de 1897, segunda colunaA República (CE), 20 de setembro de 1897, terceira coluna).

Em frente à Photographia Vesúvio, na rua Nova, nº 2, foi colocado um grande cartaz com frases em francês anunciando o espetáculo. Segundo anotações do fotógrafo, cineasta, diretor e pesquisador paraibano Walfredo Rodriguez (1893 – 1973), em seu Roteiro Sentimental de uma Cidade, que estava presente ao acontecimento:

“O autor destas desativadas evocações, recorda-se, ainda, envoltas em névoas das imagens remotas, das fitas ali exibidas, numa Festa das Neves de 1897 – “Chegada de um Trem a Gare de Lion”, Um macaco pulando um arco” e “Crianças jogando bolas de neve em Biarritz”.

 

 

 

Esteve em Belém, apresentando o cinematógrafo.

Em novembro, apresentou o invento em Fortaleza, no Ceará (A República, 20 de novembro de 1897, quarta coluna).

 

 

1898 – A Photographia Vesúvio foi anunciada pelo filho de Nicola, Garibaldi (A União (PB), 15 de junho de 1898).

 

 

O consultório dentário de Nocola ficava na rua General Osório, 2 (antiga rua Nova), mesmo local da Photographia Vesúvio, em João Pessoa.

 

 

Em abril, Nicola esteve em Natal, onde apresentou o cinematógrafo na rua do Comércio (A República, 19 de abril de 1898):

“Sábado à noite o Sr. Nicolau Parente fez uma excelente exibição do cinematógrafo – mais uma das grandes aplicações da eletricidade, devida ao grande gênio de Edison. O trabalho agradou bastante e é uma das melhores diversões que temos gozado nesta capital”.

Entre julho e outubro, Nicola esteve na Bahia apresentando o cinematógrafo, na rua Carlos Gomes, nº 26 (Jornal de Notícias (BA), 8 de julho de 1898, terceira coluna).

 

 

Em novembro, esteve em Bragança (SP) com o cinematógrafo.

1899 – Em Campinas, exibição regular de sessões de cinema organizadas por Nicola no Cine Teatro Rink.

 

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Propaganda veiculada em 6 de dezembro de 1899 / A cidade: os cantos e os antros : Campinas, 1850-1900, página 31.

 

Transferiu-se para Abaeté, atual Abaetetuba, no Pará, onde criou o estabelecimento comercial Casa Italiana, da firma Nicola Parente & Filhos. Também colaborou com o Jornal da Mata.

1900 – Esteve apresentando o cinematógrafo em Manaus e também em Belém.

Segundo seu bisneto, o jornalista Pedro Parente, viajou para a Europa como convidado especial dos irmãos Lumière para a Exposição Universal de Paris.

1911 – Em 19 de maio, faleceu, vítima da explosão de um novo aparelho gerador de gás oxigênio que pretendia inventar em seu laboratório em Abaeté. De acordo com a notícia veiculada pelo Estado do Pará, era sócio de seu filho Garibaldi na firma comercial Parente & Cia.  Seu outro filho, Galileu, era jornalista, poeta e fotógrafo. Como já mencionado, tinha também duas filhas, Margarida e Carmelita. Foi identificado como muito estimado, honesto e caridoso (Estado do Pará, 29 de maio de 1911, última coluna).

 

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

O fotógrafo amador pernambucano Henrique Martins (1864 – 1933)

O pesquisador Rodrigo Cantarelli, da equipe da Coordenação-Geral de Estudos da História Brasileira (CEHIBRA) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), uma das instituições parceiras da Brasiliana Fotográfica, recentemente identificou a autoria de algumas imagens produzidas por Henrique Martins, que atuou como fotógrafo amador nas primeiras décadas do século XX, em Pernambuco. Sua produção fotográfica está presente em duas coleções integrantes do acervo da Fundação Joaquim Nabuco: a Coleção Franklin Santiago Poggi de Figueiredo e a Coleção Josebias Bandeira. São imagens belíssimas do Recife, de Olinda e de Jaboatão dos Guararapes.

Acessando o link para fotografias de autoria de Henrique Martins disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.  

 

O fotógrafo amador pernambucano Henrique Martins (1864 – 1933)

Rodrigo Cantarelli*

Henrique Martins (1864 – 1933) foi um fotógrafo amador com atuação em Pernambuco nas primeiras décadas do século XX, sendo encontradas menções aos seus trabalhos, na imprensa recifense, a partir de 1903. Filho mais jovem de José Izidoro Martins e Francisca Emilia de Oliveira, Henrique Martins integrou uma família de intelectuais conhecidos no estado, sendo irmão do desembargador Samuel Martins (1862 – 1930) e do jurista Martins Júnior (1860 – 1904).

Henrique Martins se graduou bacharel na Faculdade de Direito do Recife, em 1889, chegando a escrever sobre a utilização da fotografia em processos judiciais, no entanto, não seguiu uma carreira profissional nesse campo, tal qual seus irmãos, ocupando-se do cargo de Secretário da Faculdade de Direito e sócio responsável da empresa Martins & C., que comercializava material fotográfico na capital pernambucana. São encontradas algumas notícias na imprensa local relatando que a Martins & C. produziu pequenos filmes publicitários, com o intuito de serem projetados antes das sessões nos cinemas do Recife, a exemplo do Festival do Jornal do Recife, relatado na notícia de 18 de julho de 1915 do referido jornal, e o Festival d’A Província, também relatado pelo Jornal do Recife, em 17 de agosto do mesmo ano. Ainda são encontrados dois endereços, hoje não mais existentes, onde funcionou a Martins & C., sendo o primeiro na Rua Sigismundo Gonçalves (por vezes rua do Cabugá), n.º 3, 1º andar, e Rua das Laranjeiras, n.º 2, ambos logradouros situados no bairro de Santo Antônio.

 

 

A produção fotográfica de Henrique Martins está presente em duas coleções integrantes do acervo da Fundação Joaquim Nabuco. A primeira delas é a Coleção Franklin Santiago Poggi de Figueiredo, composta exclusivamente por negativos em acetato, datados do começo do século XX. Estes negativos estão quase todos identificados por um código numérico, elaborado pelo autor das imagens, bem como, em alguns casos, datados e com o título da imagem identificando o seu local. Além disso, alguns desses negativos ainda possuem as assinaturas “H.” ou “H.M.”. Não é possível afirmar que todas as imagens desta coleção, composta por 84 documentos, seja de autoria de Henrique Martins, entretanto, tanto a semelhança na caligrafia grafada nos documentos quanto a técnica e a temática dos negativos reforça essa possibilidade.

 

 

 

 

 

 

Já a segunda coleção onde encontramos os trabalho de Henrique Martins é a Josebias Bandeira, composta, quase que exclusivamente, por cartões postais. São diversas as imagens do início do século passado onde, além das assinaturas “H.” e “H.M.” presentes nos negativos que deram origem aos cartões postais, ainda percebemos um pequeno carimbo circular onde lemos “H. Martins”.

 

 

 

 

 

 

 

É importante destacar que alguns dos negativos que deram origem aos postais encontrados na Coleção Josebias Bandeira, estão presentes na Coleção Franklin Santiago Poggi de Figueiredo. Um desses postais, que mostra a igreja Matriz da Boa Vista, no Recife, autentica a autoria da imagem do negativo da Coleção Franklin Poggi, visto que, quando comparamos as duas imagens, podemos perceber que negativo foi danificado e perdeu exatamente a parte da imagem com a assinatura “H.”.

 

 

 

 

 

 

Tais imagens foram expostas e comercializadas em lugares, na cidade do Recife, frequentados por uma elite intelectual pernambucana, a exemplo da Livraria Francesa, da Livraria Universal e da Fábrica da Lafayette. A imprensa local, em diversas ocasiões, ao comentar os trabalhos de Henrique Martins, nos permite reconstituir os mais diversos temas registrados por ele, seja o desembarque de personalidades no Porto do Recife, paisagens urbanas e até mesmo os mais diversos retratos, tendo ele registrado uma imagem do cangaceiro Antônio Silvino (esta, infelizmente não presente nas coleções da Fundação Joaquim Nabuco). No entanto, estes outros temas mencionados estão presentes também nas duas coleções, que mostram desde aspectos do Porto do Recife, sobrecarregado de embarcações em função da 1ª da Guerra Mundial; aos banhos de mar na cidade de Olinda; bem como as novas e as velhas edificações da capital pernambucana, e dos seus arredores, naquele início do século XX.

 

 

 

 

 

 

 

 

Rodrigo Cantarelli é pesquisador da CEHIBRA – FUNDAJ.

 

 

Fontes:

DESEMBARGADOR Samuel Martins. Jornal Pequeno, Recife, 23 de abril 1930.

MARTINS, Henrique. Lista geral dos bacharéis e doutores que tem obtido o respectivo grao na faculdade de direito do Recife desde sua fundação em Olinda, no anno de 1828, ate o anno de 1923. Recife, 1923.

MARTINS, Henrique. Sobre a photographia judiciaria: seu historico e sua applicacao. A Cultura Academica, Recife. a.3, v.3, p.75-86, ago. 1906.

O centenário da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923)

Hoje se completam 100 anos da morte do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), que foi um brilhante cronista visual das paisagens e dos costumes cariocas da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Sua vasta e abrangente obra iconográfica se equipara a dos maiores nomes da fotografia do mundo. Estabeleceu-se como fotógrafo com a firma Marc Ferrez & Cia, em 1867, na rua São José, nº 96, e logo se tornou o mais importante profissional da área no Rio de Janeiro. Cerca de metade da produção fotográfica de Ferrez foi realizada na cidade e em seus arredores, onde registrou, além do patrimônio construído, a exuberância das paisagens naturais. A Brasiliana Fotográfica destaca neste artigo as publicações no portal em torno da obra de Ferrez e as imagens de sua autoria disponíveis em seu acervo fotográfico.

 

 

Acessando o link para as fotografias de Marc Ferrez disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

Marc Ferrez faleceu em 12 de janeiro de 1923, na casa de seu filho Luciano e sua nora Malia Frucht Ferrez (1890 – 1953), no Rio de Janeiro, cidade que ele eternizou com sua arte. Residia na rua Joaquim Murtinho, 177, e foi enterrado no cemitério São João Batista (A Rua, 13 de janeiro de 1923O Paiz, 14 de janeiro de 1923, última notícia da sexta coluna, Gazeta de Notícias, 16 de janeiro de 1923, na última coluna e Fon-Fon, 20 de janeiro de 1923).

Sua missa de sétimo dia foi celebrada na Igreja São Francisco de Paula, em 19 de janeiro, foi muito concorrida e contou com a presença dos engenheiros André Gustavo Paulo de Frontin (1860 – 1933) e Alfredo de Paula Freitas (1855 – 1931); dos cientistas Henrique Morize (1860 – 1930), dos médicos Camillo Fonseca e Rodolpho e José Chapot-Prevost; artistas, como o escultores Benevenuto Berna (1865 – 1940) e Rodolpho Bernardelli (1852 – 1931), além de jornalistas, exibidores e donos das empresas cinematográficas (O Paiz, 20 de janeiro de 1923, na última coluna).

 

 

Publicações da Brasiliana Fotográfica em torno da obra do fotógrafo Marc Ferrez 

 

O Rio de Janeiro de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 30 de junho de 2015

Obras para o abastecimento no Rio de Janeiro por Marc Ferrez , de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 25 de janeiro de 2016

O brilhante cronista visual Marc Ferrez (7/12/1843 – 12/01/1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2016

Do natural ao construído: O Rio de Janeiro na fotografia de Marc Ferrez, de autoria de Sérgio Burgi, um dos curadores da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de dezembro de 2016

No primeiro dia da primavera, as cores de Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 22 de setembro de 2017

Marc Ferrez , a Comissão Geológica do Império (1875 – 1878) e a Exposição Antropológica Brasileira no Museu Nacional (1882), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica,  publicada em 29 de junho de 2018

Série “O Rio de Janeiro desaparecido” V – O quiosque Chopp Berrante no Passeio Público, Ferrez, Malta e Charles Dunlop, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 20 de julho de 2018

Uma homenagem aos 175 anos de Marc Ferrez (7 de dezembro de 1843 – 12 de janeiro de 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de dezembro de 2018 

Pereira Passos e Marc Ferrez: engenharia e fotografia para o desenvolvimento das ferrovias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de abril de 2019

Fotografia e ciência: eclipse solar, Marc Ferrez e Albert Einstein, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 

Os 180 anos da invenção do daguerreótipo – Os álbuns da Comissão Geológica do Império com fotografias de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 19 de agosto de 2019

Celebrando o fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 4 de dezembro de 2019

Uma homenagem da Casa Granado ao imperial sob as lentes de Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicada em 7 de fevereiro de 2020

Ressaca no Rio de Janeiro invade o porão da casa do fotógrafo Marc Ferrez, em 1913, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado 6 de março de 2020

Petrópolis, a Cidade Imperial, pelos fotógrafos Marc Ferrez e Revert Henrique Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 16 de março de 2020

Bambus, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2020

O Baile da Ilha Fiscal: registro raro realizado por Marc Ferrez e retrato de Aurélio de Figueiredo diante de sua obra, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 9 de novembro de 2020

O Palácio de Cristal fotografado por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 2 de fevereiro de 2021

A Estrada de Ferro do Paraná, de Paranaguá a Curitiba, pelos fotógrafos Arthur Wischral (1894 – 1982) e Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 22 de março de 2021

Dia dos Pais – Julio e Luciano, os filhos do fotógrafo Marc Ferrez, e outras famílias, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 6 de agosto de 2021

No Dia da Árvore, mangueiras fotografadas por Ferrez e Leuzinger, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 21 de setembro de 2021

Retratos de Pauline Caroline Lefebvre, sogra do fotógrafo Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 28 de abril de 2022

A Serra dos Órgãos: uma foto aérea e imagens realizadas pelos mestres Ferrez, Leuzinger e Klumb, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 30 de junho de 2022

O Observatório Nacional pelas lentes de Marc Ferrez, amigo de vários cientistas, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 29 de maio de 2023

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a potente imagem da Cachoeira de Paulo Afonso, por Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 5 de junho de 2023

A Fonte Adriano Ramos Pinto por Guilherme Santos e Marc Ferrez, de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 18 de julho de 2023

Os 180 anos de nascimento do fotógrafo Marc Ferrez (1843 – 1923), de autoria de Andrea C. T. Wanderley, editora e pesquisadora da Brasiliana Fotográfica, publicado em 7 de dezembro de 2023

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

Dom Pedro II fotografado pelo italiano Luis Terragno (c. 1831 – 1891), Fotógrafo da Casa Imperial

 

No dia do aniversário de dom Pedro II (1825 – 1891), um entusiasta da fotografia como mecenas e colecionador, a Brasiliana Fotográfica publica um retrato do imperador de autoria do italiano Luigi (Luis) Terragno (c. 1831 – 1891), nascido em Gênova, e um dos pioneiros da fotografia no Rio Grande do Sul, a quem o monarca outorgou o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Terragno foi o fundador da Loja Maçônica Paz e Ordem, em Porto Alegre, e inventou o fixador à base de mandioca, a pistola Terragno, um aparelho para tirar fotografias instantâneas; o Sinete-Terragno e uma máquina para conservar carnes.

A fotografia de Pedro II foi produzida quando ele estava no Rio Grande do Sul durante a Guerra do Paraguai (1864 – 1870). Esse registro é bastante diferente das fotografias que conhecemos do imperador. Nela, ele está sem as vestimentas reais, trajado como um gaúcho, localizado cultural e geograficamente no Brasil. Segundo a crônica O Velho Pinto, de Achylles Porto Alegre (1848 – 1926), no livro Serões de Inverno (1923), …Luiz Terragno, um fotógrafo de nomeada que tivermos aqui. Era realmente um bom artista, mas ficou muito vaidoso por haver retratado D. Pedro II, quando ele esteve aqui na sua ida para Uruguaiana…”

 

Terragno fotografou, entre 1865 e 1867, outros personagens envolvidos no conflito como o Duque de Saxe (1845 – 1907) e o Conde d´Eu (1842 – 1922) que em seu livro, Viagem Militar ao Rio Grande do Sul, assim se referiu ao fotógrafo, em 8 de agosto de 1865: A pedido do fotógrafo de Porto Alegre, um italiano, fui-me retratar de poncho e chapéu mole…

Algumas dessas fotos e outras também de autoria de Terragno, de vistas de Porto Alegre, foram exibidas na Exposição de História do Brasil realizada pela Biblioteca Nacional e aberta por Pedro II, em 2 de dezembro de 1881, dia em que o monarca completava 56 anos. A exposição foi um dos mais importantes eventos da historiografia nacional.

 

Acessando o link para as fotografias de autoria de Luis Terragno disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

No período em que atuou no Rio Grande do Sul, do início da década de 1850 a 1891, Luis Terragno testemunhou o crescimento e desenvolvimento de Porto Alegre que, entre 1820 e 1890, passou de cerca de 12 mil habitantes para pouco mais de 52 mil. Os colonos alemães começaram a chegar a partir de 1824 e, os italianos, a partir de 1875. Foi, no estado, contemporâneo dos fotógrafos Justiniano José de Barros (18? -?), de Madame Reeckel (1837 – 19?), de Rafael Ferrari (18? -?) e de Thomas King, dentre outros. Este último também foi agraciado com o título de Fotógrafo da Casa Imperial.

Ao longo de sua carreira de fotógrafo, Terragno ofereceu diversos serviços e produtos como, por exemplo, cursos e câmeras para amadores, além de ter investido em técnicas como a estereoscopia e, depois, a impressão fotográfica sobre superfícies diversas – borracha, mármore, porcelana, tecido etc. Teve estabelecimentos fotográficos em diversos endereços de Porto Alegre.

 

Faça Chuva ou Faça Sol: fotógrafos em Porto Alegre (1849 - 1909), página 353.

Faça Chuva ou Faça Sol: fotógrafos em Porto Alegre (1849 – 1909), página 353.

 

Em 1850, já estava no Brasil e atuava como fotógrafo itinerante na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Em 1851, atuou em Pelotas. Retornou a Rio Grande, onde permaneceu entre agosto e novembro de 1853, tendo chegado, em Porto Alegre, provavelmente, pouco depois. Casou-se, em 28 de julho de 1855, na Freguesia do Rosário, com Balbina Rita Círio. Tiveram cinco filhos: Luiza (1858-?), Vitor (1861-?), Cândido (1863 – ?), Luís (1867 – ?), Antonio (1875 -?) e Olimpio (18? -?).

 

Passaporte de Terragno 1852 / Acervo AHRS

Passaporte de Luis Terragno,  1852 / Acervo AHRS

 

“Aos vinte e oito dias do mês de julho de mil oitocentos e cinquenta e cinco anos, na casa da residência de João Vicente Bartholomeu Cirio, sita na freguesia de Santa Ana do Rio dos Sinos, em Oratório aprovado para esse fim, pelas oito horaas da tarde, depois de feitas as diligências do estilo, e não havendo impedimento algum na forma do Sagrado Concílio Tridentino, e Cobnstituição do Bispado, por provisão do Excelentíssimo Senhor Cônego Provisor, Vigário Geral deste Bispado Thomé Luiz de Souza, perante mim e das testemunhas Patricio D´Azambuja Cidade, e Luiz Gambarro, se receberam em matrimônio com palavras de presente, e que expressaram no mútuo consentimento os contraentes Luiz Terragno, e D. Balbina Rita Ciro [sic], esta natural desta cidade, filha legítima de João Vicente Bartholomeu [sic], e Dona Rita Joaquina da Conceição, aquele natural da Itália, filho legítimo de Domingos Antônio Terragno, e Angela Maria Peligrinni; receberam as bençãos matrimoniais, e para constar mandei fazer esse termo que assino.

O Vigário José Ignácio de Carvalho e Freitas”

Livro 2º de Casamentos da Freguesia do Rosário (1844 – 1862), folha 16.

Faça Chuva ou Faça Sol: fotógrafos em Porto Alegre (1849 – 1909)

 

Inicialmente, Terragno teve, em Porto Alegre, um estabelecimento fotográfico na Rua do Rosário, esquina coma Rua da Alegria, com o pintor italiano Bernardo Grasselli (? – 1883) que, após passar alguns anos no Uruguai, foi, em 1853, morar, em Porto Alegre. Foi professor de artes e cenógrafo, além de ter colaborado na revista literária O Guaíba. A sociedade duraria cerca de um ano. Deixou de trabalhar com o daguerreótipo e passou a trabalhar com retratos de eletrótipo, um processo mais rápido que permitia fotografar crianças com facilidade.

 

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O Mercantil, 8 de abril de 1854

 

Em 1855, seu estabelecimento ficava na Rua de Bragança, 208, atual Marechal Floriano.

 

O Mercanil, 29 de novembro de 1855

O Mercantil, 29 de novembro de 1855

 

Em 1860, voltou a montar um ateliê onde se localizava seu primeiro estabelecimento. Ao longo dessa década, introduziu, em Porto Alegre, a fotografia estereoscópica.

 

Ateliê de TErragno na rua do Rosário esquina com rua da Alegria, em Porto Alegre, 1862 / Acervo de Carlos Henrique Bertelli

Ateliê de Terragno na Rua do Rosário esquina com Rua da Alegria, em Porto Alegre, 1862 / Acervo de Carlos Henrique Bertelli

 

Neste mesmo ano, trabalhou na cidade de Rio Grande e também em Pelotas, em abril e maio, respectivamente (O Commercial, 4 de abril de 1860; Brado do Sul, 27 de maio de 1860).

Em 1861, divulgou sua invenção: o fixador à base de mandioca. Em 1863, anunciava que em seu estabelecimento tiram-se retratos pelo novo sistema “Alabastrino” cujos retratos são de uma finura e delicadeza superior a tudo o que se tem feito até hoje (O Mercantil, 21 de agosto de 1863).

 

Terragno conquistou a segunda menção honrosa na II Exposição Nacional de 1866, realizada no Palácio da Moeda do Rio de Janeiro entre 19 de outubro e 16 de dezembro de 1866 (Correio Mercantil, 11 de fevereiro de 1867, quarta coluna). O pintor Victor Meirelles (1832 – 1903) foi jurado da seção “Fotografia” e, segundo Tadeu Chiarelli, com o texto que escreveu para o capítulo “Fotografia”, que constou no Relatório sobre exposição, o pintor traçou …aquela que talvez seja a primeira história da fotografia escrita no Brasil (talvez a primeira em língua portuguesa)…

‘A descoberta da fotografia, importante auxiliar das artes e ciências, e que há mais de meio século preocupava o espírito de doutos tornando-se objeto de estudo de alguns sábios da Inglaterra e da França, só nesses últimos tempos atingiu ao grande aperfeiçoamento que apresenta e que bem pouco deixa a desejar’.

O pintor deixou claro seu amplo conhecimento sobre o assunto, desde sua história até as peculiaridades dos processos fotográficos já desenvolvidos. Mostrou-se também entusiasmado com as aplicações da fotografia. Seu julgamento das obras expostas expressava rigor crítico e admiração. Usou em sua avaliação valores e parâmetros que eram, tradicionalmente, utilizados na crítica de pinturas como, por exemplo, os efeitos de luz e a nitidez das imagens. Com sua apreciação, Meirelles incentivou o diálogo entre a fotografia e a pintura.

A classe de “Fotografia” foi dividida entre “panoramas”, “panoramas  diversos para álbuns”, “estereoscópios”, “álbuns” e “retratos”. Foram premiados com medalha de prata José Ferreira Guimarães (1841 – 1924)Joaquim Insley Pacheco (18? – 1912), Carneiro & Gaspar, Augusto Stahl (1828 – 1877) & Germano Wanchaeffer (1832 – ?) e E.J. Van Nyvel; com medalha de bronze Christiano Junior (1832 – 1902), Modesto e Jacy Monteiro & Lobo. Finalmente, além de Terragno, obtiveram menções honrosas José de Melo Arguelles,  João Ferreira Villela (18? – ?) e Leon Chapelin (18? -?). Na categoria “Paisagem”, a medalha de prata foi obtida por Georges Leuzinger (1813 – 1892).

 

 

Sobre Terragno, Meirelles escreveu:

“Não são inteiramente privadas de merecimento as provas fotográficas enviadas por este senhor. Nota-se o retrato de uma senhora que foi também reproduzido sobre fino tecido de um lenço; bem como as outras provas, representando algumas vistas”.

Terragno ofereceu uma doação em dinheiro aos enfermos vítimas da epidemia de cólera, em 1867 (Relatório dos Presidentes das Províncias Brasileiras : Império (RS), 1867). Neste mesmo ano, vendeu todo seu acervo e material, anunciando sua partida ao exterior mas, em 1868, voltou a Porto Alegre e abriu um novo estúdio, na Rua da Ponte, 237.

Era maçom e foi um dos fundadores, em 24 de setembro de 1869, da Loja Luz e Ordem. Foi eleito seu primeiro administrador.

Em 1870, abriu uma filial de seu estabelecimento fotográfico na rua dos Andradas, 433.

Em 28 de setembro de 1872, foi solenizada a promulgação da lei de 28 de setembro de 1871 com uma festa imponente , em que pela primeira vez na província do Rio Grande do Sul se realizou a cerimônia do batismo maçônico conferido a 25 lowtons. O Irmão Luiz Terragno, venerável da Loja Luz e Ordem executou a liturgia e, em seguida, entregou a uma menina de 10 anos sua carta de liberdade (Boletim do Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brazil : Jornal Offical da Maçonaria Brazileira (RJ), abril de 1872). Segundo a Grande Loja Maçônica da Cidade de São Paulo, Lowtons  são “filhos, enteados e netos (de ambos os sexos) de maçons desde que tenham idade entre sete e quatorze anos. Ao serem adotados por uma Loja Maçônica, através de uma cerimônia especial de adoção de Lowtons, a Loja contrai para com eles a obrigação de servir-lhe de tutor e guia na vida social”.

 

 

 

 

Esteve presente à celebração do padroeiro da Loja Maçônica Progresso e Humanidade, em Porto Alegre (Boletim do Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brazil : Jornal Offical da Maçonaria Brazileira (RJ), abril a julho de 1874).

 

 

Participou de uma cerimônia maçônica de juramento de adesão da Loja Luz e Ordem ao Grande Oriente Unido do Brasil, reconhecendo-a como a única potência macônica legítima do Império (O Maçon: órgão da maçonaria (RS), 15 de julho de 1874).

 

 

Foi citado no artigo A emigração para o Brasil, publicado no Giornalle delle Colonie, de Roma (A Nação, 24 de setembro de 1874).

 

 

Como venerável da officina batizou quatro lowtons na celebração do padroeiro São João da Loja Maçônica Luz e Ordem (Boletim do Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brazil : Jornal Offical da Maçonaria Brazileira (RJ), abril a agosto de 1875Maçon: órgão da maçonaria (RS), 1º de julho de 1875, primeira coluna).

Em abril de 1875, foi inaugurada  a segunda Exposição Provincial do Rio Grande do Sul ou Exposição Commercial e Industrial, uma mostra de agricultura, indústria e comércio, realizada no Edifício do Atheneo Rio Grandense, em Porto Alegre. Segundo o historiador Athos Damasceno (1902 – 1975), foi Carlos von Koseritz (1830 – 1890), jornalista, poeta e importante personalidade da colônia alemã no sul do Brasil durante o Segundo Império, quem sugeriu a inclusão na exposição “de uma seção especial destinada a exibição de obras de arte, assim imprimindo no parque um cunho de sensibilidade e cultura…”(Relatórios dos Presidentes das Províncias Brasileiras: Império (RS), 11 de março de 1875).

Dois fotógrafos apresentaram seus trabalhos nesta exposição: Madame Reeckell (1837 – 19?) e Terragno (18? – 1891), que, a esta altura, possuía estabelecimentos fotográficos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina (O Despertador, 19 de novembro de 1875, primeira coluna).

 

 

 

Houve uma polêmica em torno do sistema fotográfico  À luz tangente entre Terragno e a fotógrafa Madame Reeckell (1837 – 19?) que no jornal A Reforma, de 4 de agosto de 1870, publicou:

“Luz Tangente. O sr. Terragno, em a pedido inserto no Riograndense, tratando dos retratos à luz tangente, diz que os não tiro pelo mesmo sistema dos seus. Os retratos chamados pelo sr. Terragno de à luz tangente –  são na minha opinião iguais aos que tiro e tenho anunciado. Quem quiser convencer disso venha à minha casa para ver os retratos que tenho tirado e outros de fotógrafos do Rio de Janeiro, também do mesmo sistema, isto é, preferindo-se os dias escuros para o trabalho dessa qualidade de fotografias. O sr. Terragno é injusto quando atribui-me querer imitá-lo, dando o nome de retratos – à luz tangente – que só s.s. pode tirar, quando é certo que os tiro há muito tempo. Desafia-me a apresentar os aparelhos e ingredientes que são precisos. Poderá vê-los  quem quiser. O sistema é simples e não faço mistério para com as pessoas que, visitando a minha galeria, pedem par ver os aparelhos de que me sirvo. Quanto a supor que usei do emblema seu no meu anúncio publicado na Reforma, declaro que nada tenho com isso. E o sr. Terragno com aquela empresa deve entender-se a respeito. M Reeckell”.

Na IV Exposição Nacional de 1875, inaugurada em 12 de dezembro e finda em 16 de janeiro de 1876, Terragno recebeu uma Medalha de Mérito. Exibiu fotografias do mercado e da estação de bondes de Porto Alegre e quatro retratos no formato carte de visite. Indicando o espírito tecnológico dessa exposição, havia uma classe intitulada Aparelhos e métodos fotográficos, onde Terragno apresentou o fixador à base de mandioca que havia inventado.

“O ácido da mandioca é um produto tóxico de um cheiro característico, e não consta que tenha sido analisado. Em 1861 extrai uma quantidade equivalente mais ou menos a duas onças, fiz algumas aplicações na fotografia e vi que substituía com grande vantagem o ácido acético e ainda o ácido fórmico.

Se ao banho revelador de ferro se substituir o ácido acético pelo da mandioca, pode-se diminuir de metade a exposição (pose), e geralmente o negativo não necessita de reforço.

Este ácido não ataca o ouro nem a prata; ataca porém energicamente o alumínio e o magnésio, e produz sais deliquescentes.

Tendo preparado um sal de ferro, atacando este metal por uma mistura de 1 parte de ácido sulfúrico e dois partes de ácido de mandioca, a cujo sal dou o nome de sulfo-mandiocate de ferro, o qual emprego em lugar do sulfato de ferro: torna-se o revelador por excelência, porque não só permite diminuir muito a exposição, como acusa os mais pequenos (sic) detalhes, mesmo nos lugares em que a ação da luz for muito fraca.

Quando o Sr. d´Ormano foi à Europa “incorporar a Companhia do gás” levou um frasquinho deste ácido para “mandar analisar em Paris”; em consequência da guerra franco-prussiana, e outros inconvenientes, resultou que o senhor d´Ormano na sua volta me devolvesse o ácido sem ter sido analisado.

“As minhas ocupações”, e mesmo “a falta de certos recursos não me têm permitido fazer outras experiências”; creio, porém, que este ácido convenientemente analisado pode ter diversas aplicações nas artes e indústria e mesmo em medicina, e teria a vantagem de se aproveitar de um produto natural, que é deitado fora, pois que ele é extraído da água de mandioca. 

O processo da extração não é difícil, bem que um tanto laborioso”. 

Luis Terragno no Catálogo da Exposição de 1875

 

Dentre outros, também participaram da exposição os fotógrafos Alberto Henschel (1827 – 1892)Augusto de Azevedo Militão (1837 – 1905)Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903) e Georges Leuzinger (1813 – 1892) (Jornal do Commercio, 4 de fevereiro de 1876, segunda colunaDiário do Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 1876, última coluna).

Marc Ferrez (1843 – 1923) apresentou, na seção de Obras Públicas da IV Exposição Nacional, dois álbuns com imagens dos recifes de Pernambuco, do baixo São Francisco e da cachoeira de Paulo Afonso, além de registros de corais e madrepérolas. As imagens, produzidas durante a viagem da Comissão Geológica, foram projetadas por Ferrez durante uma conferência do professor Charles Frederick Hartt (1840 – 1878), chefe da comissão (Diário do Rio de Janeiro, 27 e 28 dezembro de 1875, primeira colunaO Globo, 4 de janeiro de 1876, na penúltima coluna, e Diário do Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 1876, quarta coluna).

Em um anúncio, Terragno informava que não produzia fotos de crianças aos domingos e em dias santos (O Despertador, 9 de novembro de 1875).

 

 

A Grande Loja Maçônica Provincial de Porto Alegre havia sido regularizada em 14 de dezembro de 1875 por Terragno e outros maçons (Boletim do Genrande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brazil : Jornal Offical da Maçonaria Brazileira (RJ), janeiro a abril de 1876). Ele era o segundo grande vigilante da Grande Loja Provincial de São Pedro do Rio Grande do Sul ao oriente de Porto Alegre; e também o athers da Loja Paz e Ordem (Boletim do Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brazil : Jornal Offical da Maçonaria Brazileira (RJ), página 464 e página 495, maio a agosto de 1876).

Em 1876, Terragno e os fotógrafos Marc Ferrez (1843 – 1923)Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), e José Tomás Sabino (18? – c. 1881) participaram da Exposição Internacional da Filadélfia, nos Estados Unidos, aberta em 10 de maio. O New York Commercial Advertiser, de 29 de maio de 1876, publicou um artigo que informava que “riquíssimas fotografias da exploração geológica a cargo do professor Hartt” haviam sido apresentadas pelo Brasil na Exposição Universal da Filadélfia aberta em 10 de maio. Fotografias de Ferrez realizadas para a Comissão Geológica do Império foram premiadas com  medalha (The Rio News, 5 de agosto de 1879). Insley Pacheco também recebeu uma medalha por suas fotografias (O Liberal do Pará, 28 de novembro de 1876, na segunda coluna e Diário do Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1876, na sexta coluna). Uma curiosidade: a comissão de organização da Exposição da Filadéfia modificou as regras da premiação: os ganhadores receberiam um diploma, uma medalha de bronze e uma cópia certificada do parecer do júri, rompendo com o padrão de premiação hierárquica.

Neste mesmo ano, Terragno anunciou a venda de aparelhos fotográficos para amadores. Segundo o anúncio, com essas máquinas qualquer pessoa pode se divertir a tirar retratos e vistas e que para sso bastariam poucas aulas (A Reforma, 24 de novembro de 1876).

Em 1877, anunciou que só em seu estabelecimento, na Praça Conde d´Eu, se tiravam retratos com o novo e magnífico sistema non pareil que conferia à arte fotográfica beleza, delicadeza, suavidade, e o que é mais que tudo uma perfeita conservação, a qual garantimos (A Reforma, 7 de julho de 1877).

Pediu e teve negado pelo presidente da Seção de Geologia Aplicada e Química do Governo Imperial, Antônio Correa de Souza Costa, em 31 de dezembro de 1878, o privilégio para fabricar álcool e um ácido sui generis extraido da mandioca (O Auxiliador da Indústria Nacional, janeiro de 1879; Jornal do Commercio, 30 de janeiro de 1879, segunda coluna).

 

 

Em 1881, anunciou que em seu ateliê, na Praça da Alfândega, 294, oferecia Retratos Victoria em quadros dourados, entregues 5 minutos depois de tirados (Jornal do Commercio (RS), 15 de novembro de 1881).

No mesmo ano, participou da Exposição Provincial Brasileira-Alemã do Rio Grande do Sul. Havia inventado a pistola Terragno, um aparelho para tirar fotografias instantâneas (Gazeta de Notícias, 6 de dezembro de 1881, quarta colunaA Pacotilha (MA), 25 de dezembro de 1881, segunda coluna).

 

 

Como já mencionado, em 1881, Terragno participou da Exposição de História do Brasil realizada pela Biblioteca Nacional, aberta em 2 de dezembro, quando Pedro II completava 56 anos. Foi organizada por Benjamin Franklin de Ramiz Galvão (1846 – 1938), diretor da Biblioteca Nacional de 1870 a 1882.

“…a exposição buscou reunir uma grande massa de publicações sobre a história do país, tendo como objetivos, em primeiro lugar, recolher e localizar documentos que pudessem ajudar a compreender a história brasileira; em segundo lugar, favorecer a organização de um catálogo em que diversos tipos de documentos de vários momentos da história do país poderiam ser localizados, ordenados e divulgados aos estudiosos”.

 Biblioteca Nacional

 

Terragno expôs as seguintes fotografias:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thumbnail

Luis Terragno. Antônio Gomes, soldado paraguaio, 27 de abril de 1867 / Acervvo FBN

 

 

 

 

 

Também na Exposição de História do Brasil da Biblioteca Nacional foi apresentado o álbum Vistas fotográficas da Colônia Dona Francisca, importante conjunto iconográfico da colonização alemã no sul do Brasil, dedicado ao imperador dom Pedro II. As imagens foram produzidas, em 1866, por Johann Otto Louis Niemeyer, fotógrafo, provavelmente, de origem alemã. Imagens produzidas por Augusto Riedel (1836 – ?) também foram expostas (Catálogo da Exposição de História do Brasil 1881-2, vol.2, páginas 1415, 1416, 1422, 1456, 1508 e 1612).

Em 1882, o estabelecimento de Terragno, em Porto Alegre, ficava na Praça da Alfândega.

Em 29 de setembro de 1883, foi naturalizado brasileiro.

Foi noticiado que ele estava no Rio de Janeiro e que havia inventado sinetes foto-metálicos, o Sinete-Terragno, que em vez da firma dão o retrato do dono. Foi concedido a ele, em 1º de setembro, o privilégio de invenção durante 15 anos (Revista de Engenharia, 1883, segunda coluna; Correio Paulistano, 6 de setembro de 1883, última colunaGazeta de Notícias, 5 de outubro de 1883, sexta coluna; A Federação, 24 de julho de 1884, terceira coluna).

 

 

 

Gazeta de Porto Alegre, 27 de setembo de 1883

Gazeta de Porto Alegre, 27 de setembo de 1883

Anunciou ter recebido dos Estados Unidos um novo aparelho, o Megapito, por meio do qual pode, com qualquer tempo, sem auxílio de luz solar, tirar retratos de tamanho natural (O Despertador, 12 de julho de 1884, primeira coluna).

 

 

Leiloou os móveis, livros e material fotográfico de sua moradia e ateliê, na Rua dos Andradas. Em 20 de março de 1885, partiu de Porto Alegre com sua família, a bordo do Victoria. Estabeleceu-se em Pelotas (A Federação (RS), 24 de fevereiro de 1885, última coluna; e A Federação (RS), 27 de fevereiro de 1885, última coluna; A Federação (RS), 21 de março de 1885, segunda coluna; Correio Mercantil, 12 de agosto de 1885).

 

 

Ainda neste ano, escreveu um perfil do jovem Fausto Werner (1863 – 1927), futuro constituinte de 1892 e deputado estadual de Santa Catarina (O Estudante (SC), 1º de outubro de 1885).

Em janeiro de 1887, voltou a Porto Alegre, na Rua de Bragança (A Federação (RS), 4 de março de 1887, última coluna).

Em 1888, um de seus filhos tornou-se seu sócio no estúdio fotográfico, que se mudou para a Rua do General Câmara, nº 46. Este foi,o último endereço de seu ateliê, fechado e vendido, em 1889 para o fotógrafo Ciro José Pedrosa.

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Inventou, em 1890, uma máquina para conservar carnes (A Federação: órgão do Partido Republicano (RS), 18 de junho de 1890, segunda coluna).

 

 

Luis Terragno faleceu, em 16 de setembro de 1891, de angos pectoris (A Federação (RS), 19 de setembro de 1891, última colunaJornal do Commercio, 27 de setembro de 1891, última coluna).

 

 

Sua missa de um ano foi celebrada na Catedral de Porto Alegre (A Federação: órgão do Partido Republicano (RS), 13 de setembro de 1892, última coluna).

 

 

Fotos de autoria de Terragno integraram a exposição A Coleção do Imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX, no Centro Cultural do Banco do Brasil, entre 29 de janeiro e 23 de março de 1997. Outros fotógrafos da mostra foram Albert Frisch (1840 – 1918)Albert Richard Dietze (1838 – 1906)Augusto Riedel (1836-?)Benjamin Robert Mulock (1829 – 1863)Felipe Augusto Fidanza (c. 1847 – 1903)Franz Keller-Leuzinger (1835 – 1890)Georges Leuzinger (1813 – 1892)Henrique Rosen (1840 – 1892)Hercule Florence (1804 – 1879)Jean Victor Frond (1821 – 1881)Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)Louis Niemeyer (18? – ?)Marc Ferrez (1843 – 1923) e Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), dentre outros. A exposição seguiu para a Pinacoteca de São Paulo (20 de abril a 25 de maio de 1997. Em 4 de julho de 1997, foi aberta no Museo Nacional de Bellas Artes, de Buenos Aires, na Argentina, onde ficou em cartaz até o dia 31 do mesmo mês. Entre 8 de junho e 30 de julho de 2000, a exposição foi apresentada no Centro Português de Fotografia, no Porto, em Portugal.

Fotografias de Terragno foram expostas na mostra Retratos do Império e do Exílio, que ficou em cartaz, no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, entre 22 de fevereiro e 29 de maio de 2011. Foi curada pelo fotógrafo dom João de Orleans e Bragança (1954-) e por Sérgio Burgi (1958 -), Coordenador de Fotografia do IMS e um dos curadores da Brasiliana Fotográfica. Outros fotógrafos da exposição foram  Albert Henschel (1827 – 1882)Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912), Félix Nadar (1820 – 1910), Otto Hees (1870 – 1941) e Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886).

 

Acessse aqui a Cronologia de Luis Terragno (c. 1831 – 1891)

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

 

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BRACHER, Andréa; GONÇALVES, Sandra Maria Lucia Pereira. Luiz Terragno: o início da fotografia no Rio Grande do Sul  in Primórdios da Comunicação Midiática no Rio Grande do Sul. Florianópolis: Insular, 2021. 328 p. p. 63-91

CASTRO, Danielle Ribeiro de . Photographos da Casa Imperial: A Nobreza da Fotografia no Brasil do Século XIX. IV Encontro Nacional de Estudos da Imagem e I Encontro Internacional de Estudos da Imagem.  Londrina, PR, 07 a 10 de maio de 2013.

Conde d´Eu. Viagem Militar ao Rio Grande do Sul. Belo Horizonte : Editora Itatianai. São Paulo : Ed. da Universidade de São Paulo, 1981.

DAMASCENO, Athos. Colóquios com a minha cidade. Porto Alegre : Globo, 1974.

DUARTE, Miguel Antônio de Oliveira. Faça chuva ou faça sol: fotógrafos em Porto Alegre (1849-1909). Porto Alegre, RS, 2016.

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MELLO, Bruno Cesar Euphrasio de. A cidade de Porto Alegre entre 1820 e 1890: as transformações físicas da capital a partir das 89 impressões dos viajantes estrangeiros. Dissertação de Mestrado em Planejamento Urbano e Regional – Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

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