O Dia Mundial da Educação

Para celebrar o Dia Mundial da Educação, a Brasiliana Fotográfica destaca uma imagem do acervo do Museu da República, uma das instituições parceiras do portal. O registro é de 1910 e foi realizado em uma sala de aula d0 curso da Escola de Aprendizes e Artífices, em Maceió, em Alagoas. As Escolas de Aprendizes e Artífices foram criadas, em 1909, durante o governo do presidente Nilo Peçanha (1867  – 1924). Ofereciam ensino primário e profissional para menores de idade pobres, com a finalidade de formá-los em operários e contramestres para a indústria.

 

 

O Dia Mundial da Educação foi estabelecido durante o Fórum Mundial da Educação, organizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que aconteceu em Dacar, capital do Senegal, entre 26 e 28 de abril de 2000, com a participação de cerca de mil representantes de 181 países. A representante do Brasil foi Maria Helena Guimarães de Castro. A Declaração de Dacar, firmada no último dia do fórum, estabeleceu um pacto pelo desenvolvimento e pela implementação de medidas para garantir que toda criança e adolescente tivesse acesso à Educação Básica e Secundária.

A data celebrada hoje é um “marco simbólico”, pois nunca foi devidamente aprovada como data oficial, seguindo os trâmites regimentais da ONU –  Organização das Nações Unidas -, que escolheu, após uma assembleia realizada em 3 de dezembro de 2018, o dia 24 de janeiro como o Dia Internacional da Educação.

 

Andrea C. T. Wanderley

Pesquisadora e editora da Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Blog UNINASSAU

CORRÊA, Paulo Celso. Escola de Aprendizes e Artífices de Alagoas, 1910 in Brasiliana Fotorgráfica, 26 de março de 2020.

Fundacred

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

O Estado de São Paulo, 27 e 29 de abril de 2000

Portal do Ministério da Educação

Portal UOL

O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

Com a publicação de fotografias de crianças de diferentes etnias, a Brasiliana Fotográfica celebra o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. As imagens escolhidas são de autoria do berlinense Alberto Henschel (1827 – 1892) e do português Felipe Augusto Fidanza (1844 – 1903). Pertencem ao Arquivo Nacional e ao Leibniz-Institut für Länderkunde, ambas instituições parceiras do portal.

“O racismo continua a envenenar instituições, estruturas sociais e o cotidiano de toda a sociedade”. 

António Guterres (1949-), secretário-geral da ONU, em 21 de março de 2022

 

Henschel foi um dos mais importantes fotógrafos que atuaram no Brasil na segunda metade do século XIX. Chegou no Recife, em 1866, e, ao longo de 16 anos, teve uma intensa atividade no país. Segundo o historiador Boris Kossoy (1941 – ), Henschel pode ser considerado pioneiro no Brasil como empresário da fotografia, pois chegou a ter quatro estabelecimentos: o primeiro no Recife (1866), o segundo em Salvador (provavelmente em 1868) e os últimos no Rio de Janeiro (1870) e em São Paulo (1882).

 

 

 

Fidanza foi também fotógrafo de destaque, tendo trabalhado no norte do Brasil no século XIX e no início do século XX. Chegou ao  país em fins da década de 1860 e, em seu estúdio, retratou tipos diversos no formato carte de visite. Para tornar essas fotografias, que vendia, exóticas, utilizava adereços e construía cenários. Além de produzir estes retratos, registrou as paisagens e documentou o início do desenvolvimento urbano de Belém e de Manaus, ocasionado pela riqueza do ciclo da borracha.

 

 

Breve história do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial 

 

“Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública”

 Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,

20 de novembro de 1963

 

O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial foi criado pela Organização das Nações Unidas, ONU, em 26 de outubro de 1966 (Portal da UNESCO). É uma referência ao Massacre de Sharperville, ocorrido em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul. Neste dia, milhares de pessoas faziam um protesto pacífico contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha seus dados pessoais e os locais onde era permitida sua circulação. A polícia do regime do apartheid atacou os manifestantes, matando 69 e deixando cerca de 180 feridos (Correio da Manhã, 22 de março de 1960Jornal do  Brasil, 23 de março de 1960).

 

 

Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -, no dia 22 de julho de 2022, cujos dados integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Características Gerais dos Moradores 2021, o perfil da população brasileira  de acordo com cor ou raça é a seguinte: 99,90 milhões de pardos, 91,47 milhões de brancos, 19,30 milhões de negros e 1,98 de indígenas, amarelos ou sem declaração (Folha de São Paulo, 22 de julho de 2022). No Brasil, o crime de racismo está previsto na Constituição Federal, é inafiançável e imprescritível. A Lei n° 7.716/1989 tipifica a discriminação racial como crime.

O Brasil é um dos países signatários do acordo que a ONU que estabeleceu os anos entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2024 como a Década Internacional das Pessoas Afrodescentes com o objetivo de reduzir as desigualdades e exclusões as quais eles estão submetidos (Portal da ONU; Americas Quarterly).

 

International Decade For People of African Descent Logo in Portuguese

 

“Africanos e pessoas afrodescendentes, asiáticos e pessoas de descendência asiática, comunidades minoritárias, pessoas indígenas, migrantes, refugiados e tantos outros – todos continuam a enfrentar estigmatização, culpabilização, discriminação e violência”.

Acesse aqui o discurso de António Guterres, secretário-geral da ONU, proferido no Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.em 21 de março de 2022.

Em 2023,  o tema da ONU do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial é o foco na urgência no combate ao racismo e à discriinação racial 75 anos após a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos (Portal da ONU).

 

Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé

 

Em 6 de janeiro de 2023, foi sancionada a Lei 14.519/2023, que instituiu o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, que será celebrado anualmente também no dia 21 de março.

Lembramos aqui a reportagem As noivas dos deuses sanguinários sobre o candomblé, que tornou-se histórica. Foi realizada pelo repórter Arlindo Silva (1924 – 2011) e pelo fotógrafo José Medeiros (1921 – 1990) e publicada na revista O Cruzeiro, de 15 de setembro de 1951. Tratava-se de uma documentação fotográfica inédita e foi uma resposta à publicação na revista Paris-Match, de 15 de maio de 1951, da matéria Les possédées de Bahia, com fotografias produzidas pelo cineasta francês Henri Georges-Clouzot (1907 – 1977) e escrita na terceira pessoa. A reportagem foi considerada etnocêntrica e arrogante.

Com a ajuda de um motorista de táxi de Salvador, o fotógrafo Medeiros localizou um terreiro e pagou pelos animais que seriam sacrificados no ritual. Na hora da realização da reportagem, o cabo do sincronismo do flash se rompeu e ele teve de ajustar o anel do obturador de sua Rolleiflex para enfrentar a escuridão do terreiro. A reprodução total ou parcial da matéria publicada no Cruzeiro era absolutamente interdita. O tom sensacionalista da reportagem foi criticado. Seis anos depois, Medeiros relançou as fotografias no livro Candomblé, primeiro sobre essa religião no Brasil e o material passou a ser considerado importante do ponto de vista etnográfico. O Instituto Moreira Salles, que em agosto de 2005 adquiriu sua obra completa com aproximadamente 20 mil negativos, relançou o livro em 2011.

 

Andrea C. T. Wanderley

Pesquisadora e editora da Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

Folha de São Paulo

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Portal da BBC

Portal da ONU

Portal da ONU – Direitos Humanos

Portal da Presidência da República – Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos

Portal do Senado Federal

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