
Livro do Compromisso da Irmandade, 1756-1757
Em 1710, foi inaugurado um novo templo sobre os mesmos chãos em que Martins da Palma e sua mulher Leonor Gonçalves tinham levantado o seu monumento (O Paiz, 25 de junho de 1898, quinta coluna). Ainda no mesmo século XVIII, no dia 03 de junho de 1775, a Provedoria da Irmandade do Santíssimo Sacramento Candelária autorizou a construção da atual Igreja de Nossa Senhora da Candelária, no lugar da capela já bastante arruinada pela ação do tempo. No dia 06 de junho de 1775, a primeira pedra da igreja a ser construída foi sagrada por dom José Joaquim, provedor da Irmandade. A data foi escolhida por ser aniversário de dom José I, de Portugal. O encarregado pelo projeto foi o engenheiro militar sargento-mor Francisco João do Roscio, que propôs o estilo barroco. O mestre-de-obras foi o português Marcelino Rodrigues de Araújo.
Abaixo, está reproduzido o auto extraído do Livro III dos Termos, com a notícia da sagração da primeira pedra (O Paiz, 26 de julho de 1898, quarta coluna).
As obras prosseguiram até 1811, quando a Mesa Administrativa da Irmandade resolveu inaugurar a parte finalizada da Igreja, que chegava quase até aos arcos das capelas-fundas. A inauguração parcial ocorreu no dia 08 de setembro de 1811 e a primeira missa da nova igreja foi celebrada no altar-mor e essa cerimônia contou com a participação do Príncipe Regente Dom João e de membros da Família Real. Havia apenas uma nave e altares esculpidos por Mestre Valentim (1845 – 1813), importante artista do Brasil Colônia – infelizmente suas obras foram posteriormente substituídas.
Devido à falta de recursos financeiros, as obras prosseguiram, porém em ritmo lento. Enfim, após 123 anos de construção, em 10 de julho de 1898, foi realizada a inauguração solene da igreja com a sagração do bispo do Rio de Janeiro, dom Joaquim Arcoverde (1850 – 1930). Na ocasião, o maestro e compositor Alberto Nepomuceno (1864 – 1920) regeu a Missa em Si bemol, do padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830) (O Paiz, 10 de julho de 1898, quinta coluna; e O Paiz, 11 de julho de 1898, quarta coluna).
A cúpula feita de pedra de lioz portuguesa, concluída em 1877 pelo engenheiro Evaristo Xavier da Veiga, foi durante muito tempo a mais alta construção da cidade. Seu projeto foi do arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Foi instalada acompanhando as oito estátuas esculpidas pelo português José Cesário de Salles. As paredes e colunas foram revestidas de mármore policromado. Os seis painéis no teto da nave, que contam a história da igreja, assim como os painéis da parte de cima da cúpula da Igreja representando personagens do Antigo Testamento, a Virgem Maria e as Sete Virtudes, são do carioca João Zeferino da Costa (1840 – 1915), professor da Academia Imperial de Belas Artes e discípulo de Victor Meirelles (1832 – 1903). Ele teve ajuda dos alunos Giambattista Castagneto (1851 – 1900), Henrique Bernardelli (1857 – 1936) e Oscar Pereira da Silva (1867 – 1939).
Os púlpitos em estilo art nouveau são de autoria do escultor português Rodolfo Pinto do Couto (1888 – 1945). Em 1901, foram instaladas as portas de bronze na entrada da igreja, obra do português Antônio Teixeira Lopes (1866 – 1942), que as produziu na cidade do Porto. Ainda no início do século XX recebeu vitrais alemães. A fachada é em estilo pombalino e o desenho da igreja foi inspirado em obras do barroco português como a Igreja do Convento de Mafra e a Basílica da Estrela, em Lisboa. Sua planta baixa tem o formato de uma cruz latina, que pode ser bem observada na foto abaixo, produzida por S. H. Holland, por volta de 1930. O responsável pela remodelação do altar-mor, entre 1927 e 1928, foi o arquiteto cearense Archimedes Memoria (1893 – 1960).
No centenário da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, o cardeal arcebispo Dom Eugênio Salles celebrou uma missa em ação de graças e a Orquestra Sinfônica Brasileira, a Associação de Canto Coral e solistas executaram a Missa em Si Bemol, do padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), mesma composição que foi, como já mencionado, executada na inauguração da igreja, em 1898. Na ocasião, foi lançada uma medalha comemorativa (Jornal do Brasil, 20 de julho de 1989, primeira coluna).
Em duas edições da revista O Cruzeiro de 1952 foram publicadas fotografias da Igreja da Candelária, de autoria de Marc Ferrez (1843 – 1923) (O Cruzeiro, 25 de agosto de 1951; e O Cruzeiro, 22 de setembro de 1951).
(1) Site Igreja de Nossa Senhora da Candelária
Andrea C. T. Wanderley
Editora e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Fontes:
COARACY, Vivaldo. Coleção Rio 4 séculos, volume 3. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1965.
Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
Machado, Arnaldo. Candelária: aspectos históricos, arquitetônicos e artísticos. Rio de Janeiro: Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, 2017