A imperatriz Teresa Cristina Maria, a mãe dos brasileiros (Itália, 14/03/1822 – Portugal, 28/12/1889)

A Brasiliana Fotográfica homenageia dona Teresa Cristina Maria (1822 – 1889) com uma seleção de imagens da imperatriz produzidas por alguns dos mais importantes fotógrafos que atuaram no Brasil no século XIX como Abram-Louis Buvelot (1814 – 1888)Alberto Henschel (1827 – 1882), Joaquim Insley Pacheco (c. 1830 – 1912)Marc Ferrez (1843-1923) e Revert Henrique Klumb (c. 1826 – c. 1886), dentre outros. Em vida, Teresa Cristina Maria foi chamada de “mãe dos brasileiros” e, em 1998, quando foi homenageada com uma exposição no Museu Imperial de Petrópolis, foi tratada como “a imperatriz silenciosa”. Ela dá nome a uma das mais importantes coleções de fotografia do século XIX, com cerca de 25 mil fotografias, além de livros, mapas e outros documentos, doada à Biblioteca Nacional por seu marido, dom Pedro II (1825 – 1891), depois do banimento da família real do Brasil e do falecimento da imperatriz, em 1889. Segundo Pedro Vasquez, a Collecção Dona Thereza Christina Maria – a monumental biblioteca de Pedro II – é, até hoje, “o mais diversificado e precioso acervo dos primórdios da fotografia brasileira jamais reunido por um particular, e tampouco por uma instituição pública”.

Teresa Cristina Maria, princesa do Reino das Duas Sicílias, nasceu em Nápoles, na Itália, em 14 de março de 1822,  filha do rei Francisco I (1777 – 1830), do ramo italiano da Casa de Bourbon, e da infanta Maria Isabel da Espanha (1789 – 1848).  Em 30 de maio de 1843, casou-se com dom Pedro II  por procuração, em sua cidade natal. Como eles eram primos, tiveram que obter licença de Roma. Em 3 de setembro, ela chegou ao Rio de Janeiro e eles se encontraram pela primeira vez, a bordo da fragata Constituição (Jornal do Commercio, de 4 de setembro, na última colunae de 5 de setembro de 1843, na primeira coluna, ambas sob o título “Jornal do Commercio”)Dom Pedro II ficou muito decepcionado com a aparência de sua esposa, fato percebido por ela. Segundo José Murilo de Carvalho, no livro D. Pedro II, ele se sentiu “enganado e queixou-se amargamente a Paulo Barbosa e d. Mariana. Chorou nos ombros do mordomo e reclamou da aia: “Enganaram-me, Dadama!””.

Acessando o link para as fotografias da imperatriz Teresa Cristina disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.

 

 

Em 23 de fevereiro de 1845, nasceu o primeiro filho do casal, dom Afonso (Diário de Rio de Janeiro, de 24 de fevereiro de 1845, sob o título “O Diário”), que faleceu em 11 de junho de 1847 (Diário do Rio de Janeiro, de 12 de junho de 1847). Em 29 de julho de 1846, nasceu a princesa Isabel (1846 – 1921) (Diário do Rio de Janeiro, edição de 30 de julho de 1846, sob o título “Parte official”). Cerca de um ano depois, em 13 de julho de 1847, nasceu a princesa Leopoldina (Diário do Rio de Janeiro, de 14 de julho de 1847, sob o título “O Diário”). Em 19 de julho de 1848, nasceu dom Pedro Afonso (Diário do Rio de Janeiro, de 20 de julho de 1848), que faleceu em 10 de janeiro de 1850 (Diário do Rio de Janeiro, de 11 de janeiro de 1848).

Em 15 de novembro de 1889, foi proclamada a República no Brasil, dom Pedro II foi deposto e, dois dias depois, a família real partiu para o exílio, na Europa, a bordo do Alagoas (Gazeta de Notícias, edição de 18 de novembro de 1889, sob o título “O Embarque do Imperador”, na segunda coluna). Chegaram em Lisboa em 7 de dezembro e a imperatriz Teresa Cristina Maria faleceu, em 28 de dezembro, na cidade do Porto (Jornal do Commercio, 2 de janeiro de 1892, na última coluna e 3 de janeiro, na segunda coluna).

 

Teresa Cristina foi uma entusiasta da arqueologia, atividade a qual seus antepassados haviam se dedicado em escavações nas cidades italianas de Herculano e Pompéia. Devido a esse interesse da imperatriz, o Brasil possui a maior coleção de arqueologia clássica da América Latina, com cerca de setecentas peças. Na bagagem que trouxe para o Brasil, encontravam-se várias peças provenientes da região da Campânia, na península itálica, que seriam, posteriormente, o núcleo da coleção que recebeu o seu nome e está em exposição no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Além disso, ela patrocinou escavações nas redondezas de Roma e estabeleceu com seu irmão, Fernando II (1810 – 1859) um intercâmbio entre antiguidades pertencentes ao Real Museu Bourbônico e peças de artesanato indígena.

Uma curiosidade: seu nome completo era Teresa Cristina Maria Josefa Gaspar Baltasar Melchior Januária Rosalía Lúcia Francisca de Assis Isabel Francisca de Pádua Donata Bonosa Andréia de Avelino Rita Liutgarda Gertrude Venância Tadea Spiridione Roca Matilde.

 

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

 

Fontes:

AVELLA, Aniello Angelo. Teresa Cristina Maria de Bourbon, uma imperatriz silenciada. In: Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca. São Paulo, set. 2010.

BESOUCHET, Lídia. Exílio e morte do Imperador. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1975

CARVALHO, José Murilo. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. – Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975. Cinco Vols.

GUIMARAES, Lucia Maria Paschoal. Teresa Cristina de Bourbon (1822-1889): a face oculta da imperatriz silenciosa. In: Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, Jul. 2011.

HARING, Bertita. O Trono do Amazonas – a história dos Braganças no Brasil – José Olympio, RJ, 1944.

PRIORE, Mary Del. Condessa de Barral.  – Rio de janeiro: Objetiva, 2008.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. – 2ª Edição – São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Site da Biblioteca Nacional

Site Rainhas Trágicas

13 pensamentos sobre “A imperatriz Teresa Cristina Maria, a mãe dos brasileiros (Itália, 14/03/1822 – Portugal, 28/12/1889)

  • Pingback: Revert Henrique Klumb, o fotógrafo da família real do Brasil | Brasiliana Fotográfica

  • 26 de março de 2017 em 09:51
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    Sou um apaixonado por história principalmente quando envolve a familia real

    Responder
  • 26 de março de 2017 em 10:45
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    Gostaria de saber se no acervo fotográfico existem fotos do Imperador ou da Imperatriz em eventos científicos como feira dos transportes ou inauguração de linhas de bondes; fotos da famílias em meios de transporte, principalmente entre 1883 e 1885. Obrigado.

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    • 28 de março de 2017 em 10:51
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      Prezado Maximiliam, o senhor pode fazer essa pesquisa no acervo da Brasiliana Fotográfica ou nos acervos das instituições que participam do portal. A Brasiliana agradece seu contato.

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  • 19 de julho de 2017 em 21:29
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    Oi Gente, estou fazendo uma visitinha por aqui.
    Gostei bastante do site, vou ver se acompanho toda semana suas postagens
    Gosto muito desse tipo de conteúdo um Abraço :)

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  • 20 de junho de 2018 em 21:02
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    Eu gostaria de saber se há o registro de uma afilhada da Imperatriz também chamada Tereza Cristina.

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    • 21 de junho de 2018 em 13:56
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      Boa tarde! Prezada Renata, na Brasiliana Fotográfica não há registro desta sobrinha da imperatriz.

      Responder
  • 20 de junho de 2019 em 08:24
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    Consta que a imperatriz seria muito feia.

    Responder
    • 24 de junho de 2019 em 11:56
      Permalink

      Consta que a imperatriz Teresa Cristina seria muito feia.

      Responder
  • 26 de fevereiro de 2022 em 16:21
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    A história passa a ser ainda mais admirável e curiosa qdo passamos a viver em outro país da Europa e que tem a história ligada ao Brasil.
    Como a Áustria onde viveu por algum tempo e morreu a princesa Leopoldina…. ou onde nasceu a primeira Imperatriz do Brasil tbm chamada Leopoldina… E mesmo apaixonante….
    A Globo foi muito feliz com a novela “Nos Tempos do Imperador”…. impecável.. que história linda nossa país tem. E quão triste somos com os políticos já desde o tempo do Império. Quanta articulação contra o Imperador e que apenas prejudicou nosso povo. E isso segue até hoje. A República é um caos….
    Se ao menos tivessem valorizado a educaçao que tanto Dom Pedro sonhou pra o Brasil, quem sabe hoje teríamos um país mais educado.
    Mais culto.
    O tanto que se torna decisivo uma educação de qualidade à vida de uma pessoa!!! Poxa vida!!! Dar aos meus filhos uma educação pública de qualidade era meu sonho. Mas só aqui na Europa isso me está sendo possível. Um sonho pra o Brasil… Parabéns pelo site.

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