Série “Avenidas e ruas do Brasil” I – Avenida Central, atual Rio Branco*
A Brasiliana Fotográfica fez uma seleção de imagens da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, produzidas por fotógrafos ainda não identificados, por Aristógiton Malta (1904-1954), Augusto Malta (1864 – 1957), Marc Ferrez (1843 – 1923), João Martins Torres e pela Phototypia A. Ribeiro. Foram produzidos no início do século XX, quando surgia o Rio de Janeiro da Belle Époque. A abertura da avenida foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca.
Essa reforma urbana tornou o Rio uma cidade cosmopolita, moderna. A Avenida Central inaugurou um novo eixo da cidade em direção ao mar, a orla foi embelezada com a Avenida Beira-Mar, aberta em 1906, e a cidade, antes portuária, incorporou à sua vida urbana as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon. Abria-se, então, o caminho para o litoral da zona oeste através da Avenida Niemeyer, inaugurada oficialmente em 27 de setembro de 1920, pelo rei Alberto I da Bélgica (1875 – 1934) , em visita ao Brasil. Em um período de cerca de 20 anos, o Rio de Janeiro assumia sua identidade de cidade balneária.
Voltando à Avenida Central. É de autoria do fotógrafo Marc Ferrez o Álbum Avenida Central: 8 de março de 1903-15 de novembro de 1906, importante registro da reforma da principal via da então capital federal, onde ele contrapôs reproduções das plantas às fotografias das fachadas de cada edifício documentado. Esse tipo de fotografia foi fundamental para a construção e para a difusão de uma nova imagem do Rio de Janeiro, uma imagem associada aos ideais de civilização e progresso.
A linha central da avenida foi inaugurada pelo presidente Rodrigues Alves (1848 – 1919), em 7 de setembro de 1904 (O Paiz, 8 de setembro de 1904, na sexta coluna, sob o título “Avenida Central” e Gazeta de Notícias, de 8 de setembro de 1904, na última coluna). No ano seguinte, 1905, sob um temporal, a avenida foi aberta oficialmente, em 15 de novembro (O Paiz, 16 de novembro de 1905, na quinta coluna, sob o título “15 de Novembro”). O engenheiro chefe de sua construção foi André Gustavo Paulo de Frontin (1860 – 1933). A Avenida Central, que ligava o novo porto, onde atualmente está a Praça Mauá, à região da Glória, tornou-se logo a principal via de circulação da cidade, e também seu polo econômico e de entretenimento. Seu nome foi mudado, por decreto, em 15 de fevereiro de 1912, para Avenida Rio Branco, uma homenagem ao diplomata e ministro das Relações Exteriores do Brasil, o barão de Rio Branco ( 1845 – 1912 ), que havia falecido cinco dias antes (O Paiz, 16 de fevereiro de 1912, sob o título “Barão do Rio Branco”).
Na época de sua inauguração, a Avenida Central tinha 1.800 metros de extensão e 33 metros de largura. Cerca de 300 casas coloniais foram demolidas para a construção dos novos edifícios, cujas fachadas foram escolhidas por concurso. Alguns dos jurados foram o prefeito Pereira Passos, o engenheiro Paulo de Frontin, Lauro Muller (1863 – 1926), ministro da Viação e Obras Públicas; e Oswaldo Cruz (1872 – 1917), diretor-geral da Saúde Pública. Além de edifícios do governo, ergueram-se, na avenida, jornais, clubes, hotéis e sedes de empresas. O calçamento, em mosaico português, foi feito por artesãos vindos de Portugal. Passear pela Avenida Central era passear pela espinha dorsal do mundo das compras e do lazer dos elegantes, dos negócios e da cultura. Alguns remanescentes da primeira geração de prédios da avenida são o Teatro Municipal, o Clube Naval, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Centro Cultural da Justiça Federal.
*Em junho de 2020, a Brasiliana Fotográfica lançou a série “Avenidas e ruas do Brasil”, mas como já havia essa publicação no portal, consideramos esse artigo o primeiro da série.
Andrea C. T. Wanderley
Editora-assistente e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
Links para as outras publicações da série “Avenidas e ruas do Brasil”
Muito legal as imagens Históricas.
Pingback: O Palácio Monroe | Brasiliana Fotográfica
Pingback: O barão do Rio Branco (1845 – 1912) e o Álbum de vistas do Brasil (1889) | Brasiliana Fotográfica
Pingback: Novos acervos: Arquivo Nacional | Brasiliana Fotográfica
Pingback: O fotógrafo, botânico e naturalista alemão George Huebner (1862 – 1935) | Brasiliana Fotográfica
Pingback: O carnaval do Cordão da Bola Preta | Brasiliana Fotográfica
Pingback: A Exposição Nacional de 1908 na Coleção Família Passos | Brasiliana Fotográfica
Pingback: Novos acervos: Museu da República | Brasiliana Fotográfica