A inauguração do Cristo Redentor, em 12 de outubro de 1931

Um dos mais importantes símbolos e pontos turísticos do Rio de Janeiro e do Brasil, o Cristo Redentor é um dos maiores e mais famosos monumentos em estilo art déco do mundo. Localizado no morro do Corcovado, a 710 metros de altitude, a estátua tem 38 metros de altura e pesa 1.145 toneladas. Foi inaugurada pelo presidente Getulio Vargas (1882-1954) e por Pedro Ernesto (1884-1942), interventor do Distrito Federal (Diário de Notícias, 13 de outubro de 1931 e O Cruzeiro, 17 de outubro de 1931).

Mas foi no século XIX, que o padre Pedro Maria Boss (?-1916), capelão do Colégio Imaculada Conceição,em Botafogo, que chegou ao Rio de Janeiro, em 1859, teve a ideia de erigir na capital do Império do Brasil um monumento que exaltasse a fé cristã. A obra, contudo, só começou em 1926, com dinheiro arrecadado junto à população em eventos esportivos, culturais e sociais.

Porém, ainda no século XIX, pouco depois da Princesa Isabel (1846 – 1921) ter assinado a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888, um grupo de abolicionistas queria homenageá-la com uma estátua no alto do Morro do Corcovado. Ela declinou, em um documento de 2 de agosto de 1888:

“Manda Sua Alteza a Princesa Imperial Regente em Nome de Sua Magestade o Imperador agradecer a oferta da Commição Organizadora constituída da Sociedade Brazileira de Beneficência de Paris, da Cia. Estrada de Ferro do Cosme Velho ao Corcovado e do Jornal O Paiz, para erguer huma estátua em sua honra pela extinção da escravidão no Brasil, e faz mudar a dita homenagem e o projecto, pelo officio de 22 de julho do corrente anno, por huma estátua do Sagrado Coração de Nosso Senhor Jezus Christo, verdadeiro redentor dos homens, que se fará erguer no alto do morro do Corcovado”.

 

 

Os viscondes de Mauá, Irineu Evangelisa de Souza  (1813 – 1889), e de Santa Vitória, Manuel Afonso de Freitas Amorim (1831 – 1906), viajaram a Paris encomendando o projeto e a execução de uma estátua de bronze do Sagrado Coração de Jesus, com 15 metros de altura, mas o monumento nunca foi construído.

Voltando ao século XX. A autorização para a construção do monumento no morro do Corcovado foi concedida em 1º de junho de 1922 por Homero Baptista (1861-1924), ministro da Fazenda (O Paiz, 2 de junho de 1922, na terceira coluna). Em setembro, foi realizada uma cerimônia no local onde o Cristo seria construído, com a presença de várias autoridades (O Paiz, 12 de setembro de 1922, na terceira coluna) e, em outubro, foi lançada a pedra fundamental da obra (O Paiz, 5 de outubro de 1922). No ano seguinte, teve início uma grande campanha de arrecadação de recursos para a construção do monumento (O Paiz, 16 de março de 1923, na sexta coluna). Em setembro de 1923, as comissões já estavam formadas e O Paiz publica uma extensa matéria sobre a realização de uma semana de coleta de doações para a construção do monumento (O Paiz, 2 de setembro de 1923).

Em 21 de setembro de 1923, o Jornal do Brasil publica uma matéria noticiando que, em 22 maio de 1923, o projeto do engenheiro Heitor da Silva Costa (1873-1947) para o monumento havia sido escolhido em assembleia geral da Comissão Executiva do Monumento Nacional ao Cristo Redentor, com a presença do monsenhor Macedo Costa, representando o cardeal Arcoverde, e de Cesario Alvim, representando o ministro da Viação. Os outros concorrentes foram José Agostinho dos Reis e Adolfo Morales de Los Rios. A reportagem também conta toda a história do empreendimento. A mobilização popular em torno da construção do Cristo foi grande (Revista da Semana, 8 de setembro de 1923) e um filme sobre o assunto, “O monumento do Christo Redemptor”, uma produção da Botelho Film, foi exibido no cinema Odeon ( O Paiz, 16 de outubro de 1923, na quinta coluna sob o título “Cinemas e fitas”).

A concepção inicial para o monumento foi modificada: no projeto original, a figura de Jesus Cristo empunharia em sua mão direita um globo e na esquerda uma cruz. 

 

 

Mas o responsável pelo desenho final do monumento foi o italiano Carlos Oswald (1882 – 1971), na época professor de gravura e desenho do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.

Para colaborar no trabalho, Heitor da Silva Costa escolheu um especialista em estatuária, o artista francês, de origem polonesa, Paul Landowsky (1875-1961).  Silva Costa trouxe da Europa uma maquete e algumas peças do monumento (Lar Catholico, 14 de agosto de 1927, primeira coluna). Uma exposição com os modelos de gesso das mãos do Cristo, modeladas por Landowsky, foi realizada no Corcovado (Diário Carioca, 24 de janeiro de 1929, na sexta coluna). Autoridades fizeram uma visita às obras, assunto de uma matéria no Correio da Manhã, de 29 de junho de 1929. Em 25 de abril de 1931, foi publicada uma notícia interessante sobre a construção do Cristo Redentor, na revista A Semana.

No dia da inauguração, foi o físico Guglielmo Marconi (1874-1937), inventor do telégrafo, que, da Itália, ligou os refletores da estátua. Assis Chateaubriand, diretor dos Diários Associados, enviou um telegrama a ele dizendo “No instante em que iluminais o monumento de Jesus Cristo, os católicos brasileiros saúdam em vós a faísca do gênio latino que descobriu e construiu o novo mundo”O Cruzeiro, 17 de outubro de 1931). Segundo o site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, “o sistema não funcionou como o esperado, mas o Cristo foi iluminado graças à habilidade do engenheiro Gustavo Corção e sua equipe, atribui-se a Rinaldo Franco o ato de ter acionado o interruptor responsável pela iluminação”.

 

 

 

Em 1990, o monumento foi restaurado. Em 7 de julho de 2007, o Cristo Redentor foi eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno (Jornal do Brasil, 8 de julho de 2007). Ficou em terceiro lugar, atrás da Muralha da China e da Cidade de Petra, na Jordânia. O resultado foi divulgado pela empresa suíça promotora do concurso, a Fundação New  7 Wonders e o título foi recebido pelo técnico de futebol Luiz Felipe Scolari e pelo embaixador do Brasil em Portugal, Celso de Souza, no Estádio da Luz, sede do clube Benfica, em Lisboa, Portugal.

 

Acessando o link para as fotografias do Cristo Redentor disponíveis na Brasiliana Fotográfica, o leitor poderá magnificar as imagens e verificar todos os dados referentes a elas.  

 

 

Andrea C. T. Wanderley

Editora-assistente  e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica

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